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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X ANÁLISE DO GRAU DE ESCOLARIDADE DAS MULHERES NO BRASIL 1 Jamerson Viegas Queiroz 2 Leandro de Almeida Gonçalves 3 Gabriel Nogueira Krüger 4 Resumo: Nos últimos anos, a presença de mulheres em universidades tem crescido fortemente. Todavia, em áreas tecnológicas, esse número ainda é pequeno. Assim, o presente artigo tem como principal objetivo avaliar as diferenças entre os níveis de escolaridade atingidos pelas mulheres e pelos homens no Brasil e nos Estados Unidos, através da aplicação de um estudo comparativo entre as nações. Para tanto, a metodologia de pesquisa será estruturada em três etapas: I) Revisão da literatura; II) Coleta de dados; e III) Análise comparativa. Os resultados evidenciam que, na pós- graduação, há mais mulheres mestres (53,2% do total) que homens com mestrado. Contudo, no quesito doutorado, o sexo masculino ainda está um pouco acima (52,5%). As mestras na área de engenharia são apenas 3,3% e as doutoras também seguem essa baixa participação das mulheres na engenharia (4,8%). Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, as doutoras também são minoria. Sua maior participação (até o ano de 2006) é na área de Ciências Biológicas e da Agricultura, representando, 47,9% do total. Nesse mesmo período, as doutoras correspondiam apenas a 20,2% e 16,6% nas áreas de engenharia e física, respectivamente. Apesar do baixo número de mulheres nestas duas áreas citadas, verificou-se um grande avanço na participação feminina com diploma de doutorado, visto que no ano de 1966 as mulheres representavam somente 0,3% na área de engenharia e 1,9% em física. Palavras-chave: Mulheres", "Gênero", "Pós-Graduação", "Ciência e Tecnologia" Introdução Cada vez mais a mulher assume um papel de protagonista no mercado formal de trabalho, tornando-se uma importante engrenagem no funcionamento da economia local. Diante disso, o aperfeiçoamento educacional, assim como para qualquer profissional, assume um papel de protagonista no seu desenvolvimento. Neste contexto, a luta pelo acesso aos mais diversos âmbitos educacionais é uma das principais vertentes defendida pelo movimento feminista não só no Brasil, como também no mundo. Ao longo da história muito precisou ser feito para que saíssemos de uma sociedade inteiramente patriarcal, na qual reservavam às mulheres apenas o direito de ser boa filha, esposa e mãe, calando-se diante dos homens. Aos olhos dessa sociedade, a educação que cabia às mulheres não abrangia sequer aspectos básicos como, por exemplo, a alfabetização, limitando-se, apenas, aos bons costumes domésticos. 1 ¹Esta pesquisa foi financiada pelo projeto “Mulheres Conquistando Autonomia Econômica: ações para inserção e permanência das mulheres do Rio Grande do Norte no mundo do trabalho” – 692015 – SPM/FUNPEC/UFRN. 2 Doutor em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis, Brasil. 3 Mestrando em Engenharia de Produção, UFRN, Natal, Brasil. 4 Mestrando em Engenharia de Produção, UFRN, Natal, Brasil.

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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

ANÁLISE DO GRAU DE ESCOLARIDADE DAS MULHERES NO BRASIL1

Jamerson Viegas Queiroz2

Leandro de Almeida Gonçalves3

Gabriel Nogueira Krüger4

Resumo: Nos últimos anos, a presença de mulheres em universidades tem crescido fortemente. Todavia, em áreas

tecnológicas, esse número ainda é pequeno. Assim, o presente artigo tem como principal objetivo avaliar as diferenças

entre os níveis de escolaridade atingidos pelas mulheres e pelos homens no Brasil e nos Estados Unidos, através da

aplicação de um estudo comparativo entre as nações. Para tanto, a metodologia de pesquisa será estruturada em três

etapas: I) Revisão da literatura; II) Coleta de dados; e III) Análise comparativa. Os resultados evidenciam que, na pós-

graduação, há mais mulheres mestres (53,2% do total) que homens com mestrado. Contudo, no quesito doutorado, o

sexo masculino ainda está um pouco acima (52,5%). As mestras na área de engenharia são apenas 3,3% e as doutoras

também seguem essa baixa participação das mulheres na engenharia (4,8%). Para efeito de comparação, nos Estados

Unidos, as doutoras também são minoria. Sua maior participação (até o ano de 2006) é na área de Ciências Biológicas e

da Agricultura, representando, 47,9% do total. Nesse mesmo período, as doutoras correspondiam apenas a 20,2% e

16,6% nas áreas de engenharia e física, respectivamente. Apesar do baixo número de mulheres nestas duas áreas

citadas, verificou-se um grande avanço na participação feminina com diploma de doutorado, visto que no ano de 1966

as mulheres representavam somente 0,3% na área de engenharia e 1,9% em física.

Palavras-chave: Mulheres", "Gênero", "Pós-Graduação", "Ciência e Tecnologia"

Introdução

Cada vez mais a mulher assume um papel de protagonista no mercado formal de trabalho,

tornando-se uma importante engrenagem no funcionamento da economia local. Diante disso, o

aperfeiçoamento educacional, assim como para qualquer profissional, assume um papel de

protagonista no seu desenvolvimento. Neste contexto, a luta pelo acesso aos mais diversos âmbitos

educacionais é uma das principais vertentes defendida pelo movimento feminista não só no Brasil,

como também no mundo. Ao longo da história muito precisou ser feito para que saíssemos de uma

sociedade inteiramente patriarcal, na qual reservavam às mulheres apenas o direito de ser boa filha,

esposa e mãe, calando-se diante dos homens.

Aos olhos dessa sociedade, a educação que cabia às mulheres não abrangia sequer aspectos

básicos como, por exemplo, a alfabetização, limitando-se, apenas, aos bons costumes domésticos.

1

¹Esta pesquisa foi financiada pelo projeto “Mulheres Conquistando Autonomia Econômica: ações para inserção e

permanência das mulheres do Rio Grande do Norte no mundo do trabalho” – 692015 – SPM/FUNPEC/UFRN.

2 Doutor em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis, Brasil. 3 Mestrando em Engenharia de Produção, UFRN, Natal, Brasil. 4 Mestrando em Engenharia de Produção, UFRN, Natal, Brasil.

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Contudo, em 1827, surge no Brasil a primeira lei com o intuito de beneficiar a educação da parcela

feminina da sociedade, concedendo às mulheres o direito de frequentar escolas elementares, nas

quais poderiam aprender a ler e a escrever. No entanto, “até então as opções eram uns poucos

conventos, que guardavam as meninas para o casamento, raras escolas particulares nas casas das

professoras, ou o ensino individualizado” (DUARTE, 2003) e o currículo altamente limitado

abrangia apenas “leitura, escrita, quatro operações, gramática, moral cristã, doutrina católica e

prendas domésticas” (MANOEL, 2008, p.25).

Após esta conquista, gradativamente as mulheres foram suplantando muitas outras barreiras

sociais e até mesmo governamentais que lhes foram impostas, até que em 1879 a parcela feminina

da sociedade alcançou a autorização do governo brasileiro para frequentar as Instituições de Ensino

Superior e, assim, a educação passou, de fato, a ser direito de todos os cidadãos brasileiro. Todavia,

estar presente nos mais diversos níveis da educação formal ainda não significa que houve uma

convergência no que se refere à igualdade de gênero.

Assim, o presente artigo tem como principal objetivo avaliar as diferenças entre os níveis de

escolaridade atingidos pelas mulheres e pelos homens, no Brasil e nos Estados Unidos, através da

aplicação de um estudo comparativo entre as nações. Esta temática mostra-se relevante por permitir,

primeiramente, entender o contexto ao qual a sociedade brasileira está inserida em questões

relativas a igualdade de gênero, estudos e oportunidades profissionais, além de possibilitar

diagnosticar o grau de inclusão acadêmica das mulheres em relação aos homens e, através da

comparação com os EUA, entender o posicionamento relativo do Brasil, inferindo-se o quão

próximo ou defasado encontra-se o povo brasileiro e possíveis perspectivas no intuito de mitigar ou

perpetuar o quadro evidenciado.

2 Fundamentação teórica

Em determinados contextos é evidente a existência de uma defasagem educacional entre

gêneros a partir dos 14 anos e observa-se, também, o aumento gradual com o passar dos anos. É

importante destacar, que este comportamento é indiferente a regiões, poder aquisitivo, estrutura

familiar ou ascendência (CID; BERNATZKY, 2015). Neste contexto, para compreender o

comportamento educacional das mulheres brasileiras, subdividiu a fundamentação em duas linhas:

I) Fatores que levam à evasão escolar das Mulheres; e II) Fatores que afetam na escolha profissional

das mulheres.

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2.1 Fatores que levam à evasão escolar das Mulheres

A evasão escolar pode ser definida como o abandono dos estudos sem que este seja

concluído ou ocorra a morte do indivíduo (MUTIA, 2013). Nesta perspectiva um entendimento dos

fatores que levam à ocorrência deste fenômeno mostra-se relevante para este estudo.

Percebe-se que quanto maior é o envolvimento das mulheres com a educação, menor é a

probabilidade que estas engravidem. Todavia, caso ocorra a gravidez, nota-se que caso a maioria

delas tende a imediatamente abandonar os estudos sem, ao menos, tentar conciliar ambos. As

poucas mulheres que persistem nos estudos após a gravidez, dependem consideravelmente do apoio

familiar para lograrem êxito nesta empreitada (BINSTOCK; NASLUND-HADLEY, 2013;

ROSENBERG et al., 2015).

Deve-se destacar que uma série de eventos em cascata, muitas vezes iniciados pela pobreza,

resultando em uma incapacidade de satisfazer as necessidades pessoais ou acadêmicas, causando-

lhes humilhação e vergonha. Assim, no intuito de aliviar suas frustrações procuram a ajuda de

namorados, degringolando ao sexo e aumentando o risco de gravidez ou perda de interesse na

escola (ORUKO et al., 2015).

Entretanto, além do aspecto maternal, pode-se incluir, também, uma manifestação de sua

baixa valorização e falta de interesse no estudo e aspirações de carreira, muito reflexo do contexto

social o qual estão inseridas. Pois, ao avaliar a história individual, destaca-se a existência de um

contexto familiar tradicional e patriarcal (BINSTOCK; NASLUND-HADLEY, 2013).

Outro ponto interessante e atuante no abandono escolar é o aspecto econômico. Pois a falta

de uma estrutura financeira capaz de fornecer a base necessária para sustentar o longo processo

educacional culmina na necessidade da busca por uma atividade laboral e, por consequência, o

abandono escolar. Ademais, a pobreza mostra-se como fator inerente a outras problematizações que

afetam na evasão acadêmica como, por exemplo, a maternidade (MUTIA, 2013; ORUKO et al.,

2015).

2.2 Fatores que afetam na escolha profissional das mulheres

Percebe-se uma diferença entre os aspectos vocacionais das mulheres e dos homens. A

profissional do sexo feminino tende a preferir trabalhar com pessoas enquanto o masculino prefere

atuar com objetos. Neste senário, as atividades com cunho mais cientifico, tecnológico, de

engenharia e matemática tendem a não ser atrativos para elas (SU; ROUNDS; ARMSTRONG,

2009).

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Tangenciando a área da saúde, em área como a enfermagem, percebe-se uma forte interação

social entre o profissional e o objeto de trabalho (PRICE, 2008). Partindo disto, percebe-se que o

público feminino tem uma tendência natural em optar por cursos voltados à saúde. Esta nuance é

mais evidente caso a mulher já se encontre casada e possua filhos (HAUER et al., 2008).

3 Metodologia

Para tanto, a metodologia de pesquisa será estruturada em três etapas: I) Revisão da

literatura; II) Coleta de dados; e III) Análise comparativa.

Na primeira etapa, realizou-se um levantamento dos temas pertinentes à pesquisa, para tanto,

primeiramente, coletou-se artigos sobre a temática em três bases de dados (Scopus, Science Direct e

o Google Scholar), através da aplicação combinada das palavras chaves de pesquisa (Mulheres +

Ensino Superior; Mulheres + Graduação; Gênero + Ensino Superior; e Mulheres + Ciência e

Tecnologia), em seguida, filtrou-se o acervo colhido respeitando-se diversos critérios de

aceitabilidade definidos previamente, tais como: conteúdo da publicação, número de citações da

pesquisa e autores de destaque, por fim, efetuou-se uma leitura detalhada de todo o material

angariado destacando-se os aspectos mais relevantes.

Em um segundo momento, para a coleta de dados, catalogou-se na Plataforma Lattes a

escolaridade e a área de formação dos profissionais lá registrados (mais de 3,4 milhões de

currículos) diferenciando-se os dados de acordo com o gênero informado. Para a análise

comparativa, traçou-se um paralelo entre os dados identificados no Brasil com os destacados por

outras pesquisas semelhantes realizadas nos Estados Unidos, as quais foram coletados através da

primeira etapa da metodologia de pesquisa. Em seguida, avaliou-se criticamente e buscou-se

entender o motivo da disparidade evidenciada. Em um contexto histórico, a inserção das mulheres

no ensino superior é menos valorizada em relação aos homens.

4 Resultados

Nos últimos anos, a presença de estudantes do sexo feminino em universidades tem crescido

fortemente, ao passo de suplantar os do gênero masculino. Quando se observa sob à luz da pós-

graduação (Figura 1), há mais mulheres mestres (44.337 pessoas, representando 53,2% do total) que

homens com mestrado (38.984 pessoas, representando 46,8% do total).

Figura 1 - Quantidade de mestres e mestras no Brasil

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Fonte: Lattes (2016)

Entretanto, caso tangencie-se aspectos como o segmento de atuação, a defasagem é maior

nas linhas mais voltadas à parte tecnológica (Engenharias e Ciências Exatas e da Terra), na qual

possui 28,6% de mestres homens contra 10,9% mulheres (Figura 1). As mestras na área de

engenharia são apenas 3,3% do total, e 7,6% na área de ciências exatas e da terra.

Todavia, no quesito doutorado, este quadro se inverte, no qual o sexo masculino ainda está

um pouco acima (70.567 homens contra 63.853 mulheres, ou, em porcentagem, 52,5% no gênero

masculino contra 47,5% no gênero feminino) (Figura 2).

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000

Ciências Agrárias

Ciências Biológicas

Ciências da Saúde

Ciências Exatas e da Terra

Ciências Humanas

Ciências Sociais Aplicadas

Engenharias

Liguísticas, Letras e Artes

Não informado

Outra

Mestres(as) - Brasil

Homens Mulheres

Total = 83.321

Homens = 46,8%

Mulheres = 53,2%

51,1%

48,9%

37,1%

62,9%

32,5%

67,5%

65,7%

34,3%

51,9%

48,1%

38,3%

61,7%

76,0%

24,0%

34,4%

65,6%

43,5%

56,5%

40,7

59,3%

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Figura 2 – Números de doutores e doutoras no Brasil

Fonte: Lattes (2016)

Assim como o mestrado, as doutoras representam um número inferior na área tecnológica

comparado com o sexo oposto. A Figura 2 evidencia que os doutores são 31,9% nas áreas de

engenharia e ciências exatas e da terra, contra 14,7% doutoras. Na engenharia são apenas 4,8% e na

área de ciências exatas e da terra são 9,9%. Este cenário revela que nas áreas tecnológicas da pós-

graduação as mulheres ainda são minoria.

O número de pesquisadores, mestres e doutores no Brasil tem um bom desempenho no que

diz respeito a diplomação de pesquisadores. Em 2004, foram formados(as) 8.917 mestres(as) (4.293

homens e 4.624 mulheres) e em 2015, 43.739 obtiveram o título de mestre(a) (19.159 homens e

24.580 mulheres), um aumento de 390% nos últimos 11 anos (Figura 3).

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000

Ciências Agrárias

Ciências Biológicas

Ciências da Saúde

Ciências Exatas e da Terra

Ciências Humanas

Ciências Sociais Aplicadas

Engenharias

Liguísticas, Letras e Artes

Não informado

Outra

Doutores(as) - Brasil

Homens Mulheres

Total = 134.420

Homens = 52,5%

Mulheres = 47,5%

59,2%

40,8%

42,6%

57,4%

41,3%

58,7%

67,8%

32,2%

44,1%

55,9%

55,7%

44,3%

75,1%

24,9%

36,6%

63,4%

51,4%

48,6%

53,2%

46,8%

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Figura 3 – Quantidade de mestres(as) formados(as) por ano

Fonte: Lattes (2016)

A Figura 3 retrata que nos últimos anos as mulheres formadas no mestrado são maioria

comparado com os homens. Em 2004, o número de mulheres formada foi 7,1% maior que o sexo

oposto. Já em 2015, a quantidade de mulheres foi ainda maior, 22% a mais que os homens. Este fato

indica o crescimento significativo do sexo feminino na pós-graduação brasileira (mestrado).

Da mesma maneira que obteve-se uma melhoria na formação de mestres (as) no Brasil, os

(as) doutores (as) também tiveram uma expansão satisfatória. Percebe-se na Figura 4 uma

ampliação na formação na pós-graduação (doutorado). Em 2004, 2.550 mulheres e 2.674 homens se

formaram (total de 5.224 pessoas). No ano de 2015, o número de concluintes foi de 18.466 pessoas

(9.847 mulheres e 8.619 homens).

Figura 4 - Quantidade de doutores(as) formados(as) por ano

2000

6000

10000

14000

18000

22000

26000

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Mestres(as) Formados(as) por ano

Homens Mulheres

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Doutores(as) formados(as) por ano

Homens Mulheres

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Fonte: Lattes (2016)

Entre 2004 e 2006, a quantidade de mulheres formadas foi inferior comparando-se com os

homens. No ano de 2007, o número de formadas foi igual ao número de formados (3425 pessoas).

A partir de 2008 a quantidade de doutoras superou o número de doutores, indicando um

crescimento de escolaridade das brasileiras (Figura 4).

A distribuição de mestres(as) e doutores(as) no país reflete as diferentes posições que cada

um dos estados brasileiros apresenta em termos de desenvolvimento científico e tecnológico. Do

total de mestres e doutores, 39,5% e 47,5%, respectivamente, estão concentrados na região sudeste.

Já a região Norte é a aquela na qual se concentra a menor quantidade de pós-graduados. A (Figura

5) demonstra a divisão de mestres e doutores nas cinco regiões brasileiras.

Figura 5 - Distribuição de mestres(as) e doutores(as) no país

Fonte: Lattes (2016)

Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, as doutoras também são minoria. Sua maior

participação (até o ano de 2006) é na área de Ciências Biológicas e da Agricultura, representando

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47,9% do total. Nesse mesmo período, as doutoras correspondiam apenas a 20,2% e 16,6% nas

áreas de engenharia e física, respectivamente (HILL; CORBETT; ROSE, 2010).

O cenário americano não difere do Brasil quando se fala da formação de mulheres nas áreas

tecnológicas. Há mais homens com o título de mestre nas áreas tecnológicas: Engenharia: 31.893

(74,5%) homens e 10.929 (25,5%) mulheres; Ciências da Computação e Matemática: 19.526

(67,6%) homens e 9.341 (32,4%); Ciências da Terra e Física: 4.335(58,4%) homens e 3.083

(41,6%) mulheres (Figura 6).

Figura 6 - - Quantidade de mestres e mestras nos Estados Unidos

Fonte: Okahana, Feaster, & Allum (2016)

O número de doutores americanos titulados também é maior que as doutoras nas áreas

tecnológicas: Engenharia: 7.330 (76,2%) homens e 2.292 (23,8%) mulheres; Ciências da

Computação e Matemática: 2.544 (70,6%) homens e 1.061 (29,4%); Ciências da Terra e Física:

3.576 (64,8%) homens e 1.943 (35,2%) mulheres (Figura 7).

0 15000 30000 45000 60000 75000

Artes e Humanidade

Ciências agricolas e Biologicas

Negócios

Educação

Engenharia

Ciências da Saúde

Ciências da computação e matemática

Ciências da terra e Física

Administração pública e serviços

Ciências comportamentais e sociais

Outros

Mestres(as) - EUA

Homens Mulheres

Total = 462.360

Homens = 41,6%

Mulheres = 58,4%

41,1%

58,9%

43,7%

56,3%

56,1%

43,9%

23,8%

76,2%

74,5%

25,5%

19,9%80,1%

67,6%

32,4%

58,4%

41,6%22,3%

77,7%

37,6%

62,4%

38,4%

61,6%

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Figura 7 - Números de doutores e doutoras nos Estados Unidos

Fonte: Okahana, Feaster, & Allum (2016)

Assim como no Brasil, nos Estados Unidos há uma predominância de estudantes do sexo

masculino nas áreas tecnológicas. Tanto no mestrado como no doutorado a presença feminina ainda

é menor em relação aos homens. Principalmente nos cursos de engenharia, no qual a predominância

é do sexo masculino (Figura 1, Figura 2, Figura 6 e Figura 7).

Apesar do baixo número de mulheres nas áreas tecnológicas, verificou-se um grande avanço

na participação feminina com diploma de doutora, visto que no ano de 1966 as mulheres

representavam somente 0,3% na área de engenharia e 1,9% em física (HILL; CORBETT; ROSE,

2010). Percebe-se, portanto, uma enorme melhora na participação feminina nos últimos 40 anos,

uma vez que a presença de mulheres no ensino superior era muito inferior aos homens e

praticamente nula no que se diz respeito às áreas de Engenharia e Ciências Exatas e da Terra.

Destarte, verifica-se a importância do incentivo a atuação das mulheres nos campos em que

tradicionalmente sua participação é menos efetiva. Também é interessante a expansão deste estudo

com a comparação do objeto com outros país, além do Brasil e Estados Unidos, para um

enriquecimento da pesquisa.

0 2000 4000 6000 8000 10000

Artes e Humanidade

Ciências agricolas e Biologicas

Negócios

Educação

Engenharia

Ciências da Saúde

Ciências da computação e matemática

Ciências da terra e Física

Administração pública e serviços

Ciências comportamentais e sociais

Outros

Doutores(as) - EUA

Homens Mulheres

Total = 68.231

Homens = 48,2%

Mulheres = 51,8%

47,6%

52,4%

47,3%

52,7%

54,8%

45,2%

32,1%

67,9%

76,2%

23,8%

30,3%

69,7%

70,6%

29,4%

64,8%

35,2%

34,5%

65,5%

38,2%

61,8%

49,4%

50,6%

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5 Conclusão

A quantidade de mulheres, no Brasil, com diploma de mestrado supera à dos homens, com

53,20% e 46,80% respectivamente. No quesito doutorado, o sexo masculino passa a ser maioria

com 52,50%. Porém, é notório que, a partir de 2007, as mulheres estão se formando mais que os

homens, demonstrando que, em alguns anos, este cenário pode se inverter, caso esta tendência seja

mantida.

Nos Estados Unidos da América, a circunstância é bastante semelhante com o Brasil,

quando comparado com o mestrado. As mulheres mestras são maioria, 58,40% e 41,60% de modo

respectivo. No nível doutorado, o púbico feminino também é maioria, 51,8% contra 48,2% de

homens.

Percebemos, portanto, o avanço do gênero feminino no mundo acadêmico com uma maior

representação que o sexo oposto no nível de mestrado no Brasil e Estados Unidos e doutorado nos

Estados Unidos. Tal realização é consequência das transformações ocorridas nos últimos anos com

a valorização das mulheres.

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Analysis of the level of brazilian women scholarship

Abstract: In recent years, the presence of women in universities has grown strongly. However, in

technological areas, this number is still small. Thus, the main objective of this article is to evaluate

the differences between levels of schooling reached by women and men, in Brazil and the United

States, through the application of a comparative study among nations. Therefore, the research

methodology will be structured in three stages: I) Review of the literature; II) Data collection; And

III) Comparative analysis. The results show that in post-graduate studies there are more female

masters (53.41% of the total) than men with master’s degree. However, in the doctoral category, the

male sex is still slightly higher (52.52%). The female masters in the engineering area are only

3.23% and the doctors follow this low participation of women in engineering (4.79%). For

comparison, in the United States, doctors are also a minority. Its main participation (up to the year

2006) is in the area of biological sciences and agriculture, representing 47.9% of the total. In the

same period, the doctorates accounted for only 20.2% and 16.6% in the engineering and physics

areas, respectively. Despite the low number of women in these two areas, there was a great advance

in female participation with a doctoral degree, since in 1966 women represented only 0.3% in

engineering and 1.9% in physics.

Keywords: Women. Gender. Higher Education. Undergraduate. Science and Technology.