Análise Do Poema Ignoto Deo de Almeida Garret
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Análise do poema Ignoto Deo de Almeida Garret.
Ignoto Deo
(D. D. D.)
Creio em ti, Deus; a fé viva
De minha alma a ti se eleva.
És: - o que és não sei. Deriva
Meu ser do teu: luz... e treva,
5 Em que - indistintas! - se envolve
Este espírito agitado,
De ti vêm, a ti devolve.
O Nada, a que foi roubado
Pelo sopro criador
10 Tudo o mais, o há-de tragar.
Só vive do eterno ardor
O que está sempre a aspirar
Ao infinito donde veio.
Beleza és tu, luz és tu,
15 Verdade és tu só. Não creio
Senão em ti; o olho nu
Do homem não vê na terra
Mais que a dúvida, a incerteza,
A forma que engana e erra.
20 Essência! a real beleza,
O puro amor - o prazer
Que não fatiga e não gasta...
Só por ti os pode ver
O que, inspirado, se afasta,
25 Ignoto Deo, das ronceiras,
Vulgares turbas: despidos
Das coisas vãs e grosseiras
Sua alma, razão, sentidos,
A ti se dão, em ti vida,
30 E por ti vida têm. Eu, consagrado
A teu altar, me prostro e a combatida
Existência aqui ponho, aqui votado
Fica este livro - confissão sincera
Da alma que a ti voou e em ti só spera.
1. Qual é o tema central do texto?
2. Identifique os actantes.
3. Existem imagens associadas à natureza? Quais? Como elas auxiliam no
desenvolvimento do tema do texto?
Neste poema não há imagens associadas à natureza.
4. Faça um levantamento das figuras de linguagem.
No verso 4 (quatro) há presença de paradoxo devido o uso das palavras luz
e treva.
“Meu ser do teu: luz... e treva,”
No contexto geral do poema há antítese se analisarmos o verso 3 (três)
onde o eu-lírico declara que não sabe o que Deus é, mas nos versos 14 (quatorze) e
15 (quinze) o eu-lírico declara que Deus é beleza, luz , verdade:
“(...)Beleza és tu, luz és tu,
Verdade és tu só. Não creio(...)”
Devido o uso das palavras – tudo, nada - percebe-se também a antítese nos
seguintes trechos (versos 8, 9 e 10):
O Nada, a que foi roubado
Pelo sopro criador
Tudo o mais, o há-de tragar.
5. Identifique as características românticas presentes no texto.
Está presente a subjetividade, o conflito interior do eu-lírico que representa
seu estado de alma extremo e há também o idealismo.
Pode-se reconhecer o idealismo pelo uso das palavras no poema que
remetem o inalcançável: Deus, fé viva, alma, Beleza, luz, verdade, essência, puro
amor, não fatiga. O conjunto das palavras: espírito agitado, aspira ao infinito, dúvida,
forma, incerteza e combatida existência denotam a realidade humana.
O verso 6 (seis) declara o conflito do eu-lírico: “Este espírito agitado”.
As palavras: creio, eleva, aspirar ao infinito, consagrado e votado reforçam a
ideia da busca humana pela perfeição.