Análise Do Protocolo Da Aula Experimental - Segunda Parte

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Análise do Protocolo da Aula Experimental – 2ª Parte P: agora, nós vamos escutar uma música muito boa, ela também fala um pouquinho dessa coisa da festa junina, só que antes tá, nós vamos observar essa música que está escrita aqui no quadro, que a tia acabou de escrever pra vocês, qual é o nome dessa música? AS e P: olha pro céu. P: olha pro céu. Porque que a tia colocou aqui embaixo o nome de uma pessoa? Luiz Gonzaga? A: porque foi ele que inventou. P: ah, porque foi ele que inventou a música. A: ele que fez a história. P: normalmente quando nós lemos a letra de uma música, ou no finalzinho dela ou no inicio, né, entre parêntese, com esses dois sinais aqui, está o nome do autor da música, quem inventou a música, vocês já ouviram falar do Luiz Gonzaga? AS: não. P: você já ouviu falar? O que que você ouviu falar dele? A: é um cantor. P: Ele é um cantor, mas ele nasceu onde? Vocês já ouviram falar onde ele nasceu? A: no Brasil. P: ele nasceu no Brasil, ele nasceu em que estado do Brasil heim? O Luiz Gonzaga gente ele é um cantor que gosta muito de fazer música sobre o sertão, sobre o interior, a gente mora no interior? Sabem o que interior e cidade AS: não. P: a gente mora na cidade não é? AS: é. P: só que os nossos pais os nossos avós vieram de onde, normalmente do interior. A: eu vim do Ceará.

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Análise Do Protocolo Da Aula Experimental

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Análise do Protocolo da Aula Experimental – 2ª Parte

P: agora, nós vamos escutar uma música muito boa, ela também fala um pouquinho dessa coisa da festa junina, só que antes tá, nós vamos observar essa música que está escrita aqui no quadro, que a tia acabou de escrever pra vocês, qual é o nome dessa música?

AS e P: olha pro céu.

P: olha pro céu. Porque que a tia colocou aqui embaixo o nome de uma pessoa? Luiz Gonzaga?

A: porque foi ele que inventou.

P: ah, porque foi ele que inventou a música.

A: ele que fez a história.

P: normalmente quando nós lemos a letra de uma música, ou no finalzinho dela ou no inicio, né, entre parêntese, com esses dois sinais aqui, está o nome do autor da música, quem inventou a música, vocês já ouviram falar do Luiz Gonzaga?

AS: não.

P: você já ouviu falar? O que que você ouviu falar dele?

A: é um cantor.

P: Ele é um cantor, mas ele nasceu onde? Vocês já ouviram falar onde ele nasceu?

A: no Brasil.

P: ele nasceu no Brasil, ele nasceu em que estado do Brasil heim? O Luiz Gonzaga gente ele é um cantor que gosta muito de fazer música sobre o sertão, sobre o interior, a gente mora no interior? Sabem o que interior e cidade

AS: não.

P: a gente mora na cidade não é?

AS: é.

P: só que os nossos pais os nossos avós vieram de onde, normalmente do interior.

A: eu vim do Ceará.

P: você veio do Ceará? Pois é alguns dos nossos pais né, eles vieram do interior e eles gostam muito do Luiz Gonzaga, porque é um musico que fala muito nessas festas que começam no interior, a festa junina é uma festa muito tradicional do interior do Brasil, só que aqui na cidade, como nossos pais vieram do interior né, eles trouxeram esse costume da festa junina, e é por isso que a gente escuta muito Luiz Gonzaga na festa junina, às vezes quando vocês estão dançando quadrilha.

P: então, olha só, eu vou pedir pra que cada um leia tá, uma linhazinha, um verso dessa música, tá certo? Começa por você. Qual é o primeiro verso aqui, M.?

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-A professora inicia fazendo a leitura coletiva da musica que foi escrita no quadro , em letras

no padrão caixa alta.

- Neste momento foram trabalhados o título da música, o autor e a região onde ele viveu. Foi

apresentado aos alunos que a música continha traços da cultura rural.

- Fez-se um paralelo entre os contínuos rural e urbano (Bortoni-Ricardo: 2004), de forma que

os alunos se reconheceram como fazendo parte do contexto urbano, muito embora uma

aluna, no momento da discussão se reconheceu como advinda de um contexto mais rural.

- Após leitura coletiva em forma jogral, foi constado que não houve dificuldade no processo de

decodificação dos fonemas, porém a compreensão do que tratava a música só ficou clara

depois da mediação da professora, que iniciou uma reflexão acerca da música.

P: Quando a gente diz “olha pro céu meu amor vê como ele está lindo, olha praquele balão multicor”. O que é balão multicor?A: é o balão cheio de cor.P: é o balão cheio de cor.AS: colorido.P: vocês já viram balão de São João, aquele que agente faz?P: ele não tem várias cores?A: tem.(...)P: Então havia xote e baião, baião é o que?A: balão?P: baião.A: eu sei, eu sei, é uma comida.P: ah, tem uma comida realmente chamada baião de dois, não é?AS: éA: feita com feijãoP: isso mesmo, arroz com feijão e alguns colocam a carne de sol também, realmente a gente até come baião de dois, só que não é esse baião que o autor tá falando, que o Luiz Gonzaga fala, sabe que baião é esse? É que nem o xote, é uma dança também, tá? É uma dança. É típica também da região nordeste do Brasil.A: E salão é o que gente? Salão é uma sala grande não é? Geralmente no salão agente faz o que?A: arruma cabelo.P: É no salão de beleza realmente. Existem vários salões, tem o salão de beleza e tem o salão de festas não tem?A: tem.P: no salão, nesse caso da música, vocês acham que é um salão de beleza ou um salão de festa?AS: salão de festa.P: ah, porque a gente fala da festa junina não é verdade? Ah, onde vai ser a festa junina de vocês aqui, vai ter um salão de festas?AS: não.A: no pátio.P: vai ser aonde a festa junina da escola?

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AS: no pátio.A: ali.P: ah, vai ser no pátio, então o salão de vocês aqui vai ser o pátio, que é o local onde as pessoas dançam, onde vocês vão apresentar a quadrilha de vocês.

- Neste momento observamos que a professora faz a mediação a respeito das palavras

encontradas no texto. Ocorre, então, uma análise semântica de alguns léxicos. A

plurisignificação das palavras “baião” e “salão”, demostra que o professor pode explorar o

campo semântico dessas palavras com os seus alunos. Por se tratarem de palavras homófonas

e homógrafas os significados de “baião” e “salão” serão obtidos, consoante o contexto em que

se encontram – é uma oportunidade de explorar com as crianças, numa linguagem adequada a

elas, os aspectos semânticos da língua materna.

P: A tia vai mostrar pra vocês agora duas palavrinhas dessa musica e vocês já vão olhando pra essas palavras e pensando um pouquinho também sobre elas ta certo? o que esta escrito aí, gente, nessa primeira que a tia acabou de circular?

AS: pro...

P: e na segunda?

AS: praquele.

P: então eu pergunto pra vocês: quando a gente escreve essas palavrinhas, vocês acham que elas estão certas, que elas estão escritas da maneira como deveria escrever? Olha pro céu meu amor, e olha praquele balão? Quando eu quero dizer pro, eu posso dizer assim, olha para o céu também? Eu falo assim, M., olha para o céu, aí depois eu falo assim, K., olha pro céu, é a mesma coisa?

AS: não.

P: não? Porque?

AS: é.

P: é a mesma coisa? Mas na hora de escrever é igual ou é diferente?

AS: diferente.

P: então, se eu escrever assim olha para o céu meu amor, eu estou dizendo a mesma coisa? Eu tô pedindo pra olhar pro céu, não é? Eu disse a mesma coisa?

AS: não.

P: não? O que que eu disse assim de diferente?

A: olha para o céu.

P: ah sim, fica maior não fica, quando a gente diz assim: olha para o céu meu amor. Agora olha praquele balão multicor, eu poderia falar assim, olha para aquele balão multicor, olha

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para aquele, eu poderia falar assim?

A: não, aí agente não vai saber que que é.

P: ah, entendi, então é assim: eu vou para aquele parquinho de diversões, ou eu falo eu vou praquele parquinho de diversões? Qual é o modo mais rápido de se falar?

AS: pra.

AS: pro.

P: olha praquele balão multicor. Então porque o autor escreveu pro ao invés de para o e praquele ao invés de para aquele?

A: porque combina mais com essa frase.

P: ah muito bem, porque na hora que vocês tiverem escutando, se ele falasse para aquele ia ficar tão demorado que ia perder a graça do verso da música. Então ele teve um objetivo não teve? Então se ele escrevesse conforme, né, bem certinho, para aquele, a musica ia ficar comprida demais, o verso ia ficar comprido e ai ele não ia dar conta de cantar aquele verso todo e ficaria com falta de ar, porque ficaria enormeo verso, tá, então é exatamente por isso.

- Neste momento da aula, a professora faz uma análise linguística dos grupos de forças nas

expressões: “praquele” e “pro”, nas quais ocorre a supressão de” para aquele” e “para o”. São

discutidos com os alunos os porquês deo autor ter utilizado essas formas e não a forma

padrão. Com isso, a professora procurou enfatizar que o autor utilizou a supressão para

conferir ritmo à canção. Houve também a discussão que a supressão é muito mai usuail em

nossa oralidade, não sendo utilizada na escrita.

Agora que a gente já falou de São João, escutamos uma música muito bonita, uma canção muito bonita sobre São João, nós vamos fazer uma coisa que também é para São João, quando a gente dá uma festa, a escola classe 06 que vocês estudam, está dando uma festa não é verdade, essa festa junina que vai ser em que dia mesmo?

AS: sábado.

P: sábado, mas em que dia?

AS: seis.

- Há nesse momento a apresentação do gênero textual calendário e a professora retoma com

os alunos as regras para procurar uma data e se situar no tempo, Trata-se, então de uma

atividade voltada para o letramento.

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P: mas como essas pessoas vão ficar sabendo que a festa vai acontecer?

A: convite.

P: quando convidamos, mas pra agente convidar a gente tem que fazer o quê?

A: dar o convite.

A: convidar a pessoa.

P: dar o convite pra pessoa.

A: escrito o nome.

P: o que mais tem que ter num convite?

A: eu sei.

A: a rua.

P: o local onde a festa vai acontecer, o endereço.

A: o endereço.

P: Isso. E o que mais , como que a pessoa vai saber? Se eu der só o endereço ela já vai pra minha festa na hora certa?

AS: não.

P: então eu preciso colocar o que mais no convite?

A: a hora.

P: a hora que a festa vai acontecer, então temos que colocar o endereço da festa e a hora que essa festa vai começar.

A: E o número da casa.

P: tudo isso, com certeza. E uma outra coisa que tem que ter né gente.

A: um desenho.

P: Uum desenho bonito, porque tem que ser um papel bem elaborado, porque se você der num papel assim feinho alguém vai se animar em ir na festa?

Numa festa eu convido a mãe, o pai, a tia, o tio, o amiguinho da rua, o amiguinho da escola, então eu preciso de quê? Eu tenho que colocar o quê nesse convite?

AS: bolo.

P: Na festa eu preciso de bolo, mas no convite, eu preciso de quê? Eu tenho que colocar o nome da pessoa a quem eu vou enviar o convite, não é verdade? Então olha só gente, nós precisamos fazer um convite pra nossa festa junina não é verdade?

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AS: é.

P: Porque além de convidar o pai de vocês, vocês querem convidar o tio, o padrinho, a madrinha, então, a gente precisa fazer um convite. E aí, que tal fazermos um convite agora pra essa turma, vocês concordam? Agente pode fazer um convite?

AS: Sim

- Nesse excerto a professora apresenta o gênero textual CONVITE e conversa com os alunos

sobre quais são os elementos pertinentes a esse gênero. Tal atitude demostra que o

letramento surge a partir da concepção da leitura/escrita como prática social. Os alunoa

precisam compreender a utilidade social de um convite para depois produzirem um.

Após essa conversa, inicia-se a produção coletiva do convite e a votação do desenho que iria

constar em sua capa.