ANALISE PRELIMINAR DE RISCOS DE ACIDENTES NA INDÚSTRIA … · 2017-10-24 · bolos (11 tipos),...
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ANALISE PRELIMINAR DE RISCOS DE
ACIDENTES NA INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO:
ESTUDO DE CASO EM UMA PADARIA DE
ESMERALDAS - MG
Franciely Helena da Silva (PUC)
Marcia Colamarco Ferreira Resende (PUC)
Fernanda Lacerda de Souza Pedra (PUC)
Matheus Silveira Soares (PUC)
O ambiente de trabalho pode conter inúmeros agentes ou fatores de riscos,
intitulados riscos ocupacionais, definidos pela NR-9 como sendo todos os
agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes de trabalho,
que pode desencadear algum tipo de detrimento à saúde do trabalhador. É
notório que os mesmos sofrem com as condições atuais de trabalho, isso não
se difere no setor de panificação. Diante da diversidade de situações de risco
encontradas na literatura o presente estudo teve como objetivo apontar os
potenciais riscos ocupacionais presentes em uma Panificadora da cidade de
Esmeraldas- MG. Para a análise das informações coletadas e construção de
uma intervenção foi utilizado a Análise Preliminar de Risco (APR). Onde
foram identificados e avaliados 14 riscos sendo, 4 de caráter ergonômicos, 3
físicos, 1 químico e 6 classificados como acidentes. Destes 100% foram
considerados frequentes. Já em relação à Matriz de severidade 78,5% foi
considerado crítico. Com relação à matriz de classificação dos riscos 42,85%
foram classificados como sério. Devido aos potenciais riscos ocupacionais
encontrados, além das recomendações especificas da APR, foi sugerido como
proposta de intervenção a elaboração de um Mapa de risco. Com o objetivo
de conscientizar os trabalhadores quanto aos riscos ocupacionais.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
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Palavras-chave: Indústria da panificação; Riscos ocupacionais; Análise
Preliminar de Riscos; Mapa de Risco.
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avançadas de produção”
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1. Introdução
O ambiente em que um trabalhador é inserido para realizar sua função pode conter
inúmeros agentes ou fatores de riscos. Estes por sua vez são intitulados riscos ocupacionais
(RO) que são “decorrentes dos procedimentos das rotinas de trabalho do processo em que se
insere o trabalhador, bem como dos equipamentos ou máquinas, dos ambientes e das relações
de trabalho” (HAAG E COLABORADORES, 2001). Os riscos ocupacionais são definidos
pela Norma Regulamentadora 9 (NR-9) como sendo “todos os agentes físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e de acidentes de trabalho, que pode desencadear algum tipo de
detrimento à saúde, em função da intensidade, concentração e tempo de exposição” (BRASIL,
2013).
Segundo Mesquita e Vasconcelos, 2010 apud Rocha e colaboradores, (2011) estes
riscos podem ser caracterizados e descritos como:
- De acidente que são os que “atuam em pontos específicos do ambiente de trabalho e
geralmente há manipulação direta pelo operador do agente gerador de risco, o que pode
ocasionar lesões graves e imediatas”;
- Os físicos onde “seus agentes de risco têm a capacidade de modificar as características
físicas do meio ambiente, e normalmente, requerem um meio de transmissão (em geral o ar)
para propagarem a sua nocividade e ocasionam lesões crônicas”;
- Os químicos que “atingem quem não está executando diretamente as atividades e podem ser
encontrados nos estados gasosos, líquido e sólido, ou na forma de partículas suspensas no ar”;
- Os biológicos que “atingem quem não está executando diretamente as atividades e podem
ser encontrados nos estados gasosos, líquido e sólido, ou na forma de partículas suspensas no
ar”;
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- E os ergonômicos que “são aqueles introduzidos nos processos de trabalho por agentes
(maquinário, mobiliário, métodos) inadequados às limitações físicas dos trabalhadores,
provocam, em geral, lesões”;
A Organização Internacional do Trabalho – OIT (2016) estima que cerca de 270
milhões de acidentes do trabalho vem ocorrendo por ano em todo o mundo, além de 160
milhões de doenças profissionais. O que, segundo essa mesma organização, “equivale a 685
mil acidentes do trabalho por dia, 475 por minuto e oito por segundo, dentre os quais
aproximadamente 360 mil são fatais”. Uma pesquisa realizada entre os anos de 2005 a 2007,
pela Associação Brasileira de indústria de panificação (ABIP) (2016) que analisou os riscos
de acidentes ocupacionais na panificação, constatou que as panificadoras mantiveram uma
faixa de 2.700 a 3.200 acidentes de trabalho entre os anos analisados.
As indústrias panificadoras vêm apresentando um crescimento significativo nos
últimos anos. Um levantamento feito pela ABIP apontou um crescimento de 12,61% em
2009, já em 2010 o índice de crescimento atingiu 13,7% com um faturamento de
aproximadamente 56,3 milhões de reais (ABIP, 2016).
Segundo Donipotti e Robazzi (2011) atividade laboral desenvolvida pelos
profissionais da indústria de panificação pode propiciar o aparecimento de doenças, visto que
as atividades desenvolvidas pelo padeiro pode desencadear um quadro de estresse físico e
emocional, pois existem características no ambiente de trabalho que oferecem riscos de
acidentes. Tais como o maquinário, sobrecarga física, inalação de farinha e afins, posturas
forçadas e inadequadas durante a execução da atividade, iluminação deficiente, ruídos
excessivos e temperaturas elevadas. (DENIPOTTI E ROBAZZI, 2011). Observa-se também
uma grande incidência de doenças alérgicas das vias respiratórias devido à exposição à poeira
da farinha (ROCHA E COLABORADORES, 2011).
Diante da diversidade de situações de risco encontradas na literatura o presente estudo
tem como objetivo identificar os potenciais riscos ocupacionais presentes em uma
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Panificadora da cidade de Esmeraldas- MG, e a partir do encontrado propor uma intervenção
para melhorar as condições de trabalho no local.
2. Metodologia
A partir da proposta da disciplina de Ergonomia e saúde do trabalhador do curso de
Fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Campus Betim, que
propõe uma pratica de extensão com o objetivo de identificar as demandas relacionadas à
saúde e segurança no trabalho, foram realizadas visitas em uma Padaria na cidade de
Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte - MG.
A empresa avaliada tinha caráter familiar e está no mercado desde 1940. Seu quadro
de funcionários é composto por 14 funcionários divididos em 06 homens e 08 mulheres. A
distribuição de cargos era feita da seguinte maneira: 6 padeiros, 1 entregador/auxiliar de
padeiro, 1 faxineira, 5 balconistas/caixa e 1 gerente.
Durante as visitas foi feita uma avaliação das condições de trabalho dos padeiros
através de uma observação do ambiente, e de entrevistas onde foi perguntado sobre a
atividade realizada, eventuais queixas e possíveis melhorias do posto de trabalho.
Para a análise das informações coletadas e construção de uma intervenção foi utilizado
a Análise Preliminar de Risco (APR) que “é uma metodologia indutiva estruturada para
identificar os potenciais perigos decorrentes da instalação de novas unidades e sistemas ou da
própria operação da planta que opera com materiais perigosos” (AGUIAR, 2011).
A APR é um recurso que examina a maneira em que a energia ou o material de
processo pode ser liberado de forma desorganizada, identifica os perigos e suas possíveis
causas, além dos seus efeitos sobre os trabalhadores. A partir da APR é possível ainda propor
medidas preventivas e/ou mitigadoras dos riscos, sendo possível assim eliminar as causas, ou
reduzir as consequências dos possíveis acidentes (AGUIAR, 2011).
De acordo com Aguiar (2011) os riscos podem ser classificados em relação a sua
frequência (Probabilidade das Causas) e em relação à sua severidade (Efeito do Perigo).
A frequência é classificada da seguinte forma:
A – Extremamente remota
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B – Remota
C – Improvável
D – Provável
E – Frequente
Já a Severidade é classificada como:
I – Desprezível
II – Marginal
III – Crítica
IV – Catastrófica.
Após realizar a correlação entre frequência e severidade é possível realizar uma matriz
de classificação de riscos, sendo eles: (AGUIAR, 2011).
01 – Desprezível
02 – Menor
03 – Moderado
04 – Sério
05 – Crítico.
3. Resultados
O horário de funcionamento da padaria era das 06:00 às 20:00 horas, porém nos
domingos esse horário era reduzido para 6:30 às 11:30. Era fornecido almoço e lanche para os
funcionários, o horário de lanche era definido pelo próprio trabalhador e o almoço servido às
13h.
O proprietário não relatou absenteísmos relacionados com acidentes ocorridos nas
dependências de seu estabelecimento. No entanto, há relatos de várias escoriações e
queimaduras leves que interferem na saúde dos sujeitos, mas que não levou ao afastamento
deles.
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A padaria avaliada tinha um ambiente limpo e apresentava apenas resquícios de
farinha de trigo no chão e nas bancadas. Devido aos fornos abastecidos com lenha, a
temperatura do ambiente era elevada e os funcionários apresentavam sudorese e vermelhidão
no rosto.
Durante todo o processo o maquinário provocava uma poluição sonora considerável,
os ruídos impediam uma comunicação efetiva entre os funcionários. Possui ainda pouca
iluminação, além de não ser um ambiente arejado, visto que não havia um número suficiente
de janelas e exaustores. Notou-se também que os funcionários envolvidos na produção de
pães não utilizavam equipamentos de proteção individual (EPI’s) como estabelecido pela NR
– 06 (GUIA TRABALHISTA, 2016).
Os funcionários avaliados trabalhavam no setor de produção e preparavam: pão
(doce/sal), broa de queijo (pequena e média) biscoitos de polvilho (9 tipos), pão de queijo,
cubu, biscoitos caseiros (12 tipos), sonho, churrus assado, pãezinhos recheados (3 tipos),
cazulo, croissant (3 tipos), siabata, pão santo Antônio, pão de milho, panhoca, maria mole,
bolos (11 tipos), bolo aniversário (sob encomenda), biscoito frito, pão pizza e bombinha.
Utilizando a farinha de trigo como principal matéria-prima, que são entregues por terceiros,
em sacos de 50 kg, e são armazenadas em cômodo próprio.
A produção de pães é realizada de acordo com a demanda. O processo inicia-se com a
pesagem dos elementos de pequena quantidade (sal, fermento e aditivos), a farinha de trigo é
remanejada do saco de 50 kg para um vasilhame. Após a pesagem, esses ingredientes são
colocados na masseira onde o funcionário realiza o manuseio da massa ainda com o
equipamento ligado. Posteriormente a massa é encaminhada para o cilindro para eliminar
bolhas e gases da fermentação, ao sair do cilindro a massa vai para a divisória onde é cortada
de acordo com o tipo de pão, e é encaminhada para a modeladora onde a estética do pão é
realizada. Alguns pães são modelados manualmente na bancada pelo padeiro. Após esse
processo estes são dispostos nas grades de pães, e são conduzidos para a estufa e
posteriormente para o forno. O preparo das massas leva em torno de 40 a 45 minutos, e no
forno permanecem por 13 a 15 minutos. A seguir os pães são transferidos para um carrinho de
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pães e são expostos nas vitrines, para o consumidor. Esse processo é repetido três vezes ao dia
e pode ser visto na figura 1.
Figura 1: Processo de produção de pães da Padaria
Fonte: Dados do estudo.
3.1 Análise Preliminar de Risco
A análise preliminar de risco (APR) do estabelecimento avaliado disposta na Tabela 2
é composta por uma correlação entre a frequência, e severidade e o nível de risco de cada
atividade, além das recomendações para cada risco encontrado.
Foram identificados e avaliados na APR, 14 riscos sendo, 4 riscos ergonômicos, 3
físicos, 1 químico e 6 classificados como de acidentes. Destes 100% foram considerados
frequentes em relação à probabilidade das causas. Já em relação à Matriz de severidade que
avalia o efeito do perigo 78,5% foi considerado crítico, 14,28% marginal e 7,14%
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catastrófico. Com relação à matriz de classificação dos riscos tem-se 42,85% classificados
como sério, 42,85% como críticos e 14,28% considerados moderados.
Após Análise Preliminar de Risco, constatou-se que os principais riscos físicos
encontrados no ambiente avaliado, dizem respeito às altas temperaturas, ruídos e ventilação
precários. Quanto aos fatores ergonômicos nota-se que os trabalhadores permaneciam por
longos períodos na posição ortostática, realizando movimentos repetitivos, em posições
inadequadas. Além de realizarem transporte de objetos pesados. Situações que podem ser
decorrentes da não adequação das alturas dos maquinários aos trabalhadores, da falta de
revezamentos das posturas adotadas, e da falta de preparo para levantamento e transporte de
cargas. Estes riscos encontrados assemelham-se aos identificados no estudo realizado por
Stoia e Oancea (2008).
Em relação aos fatores químicos, a inalação de farinha de trigo foi o único achado
neste estabelecimento. Sendo responsável por prováveis crises alérgicas além de
complicações relacionadas ao sistema respiratório, relatadas pelos trabalhadores. Estes
achados estão de acordo com o estudo realizado por Jacobs e colaboradores (2008).
No que se refere aos riscos de acidentes destacam-se a escassez de iluminação e a
ausência de EPIs. O primeiro aparece relacionado ao risco de acidentes por causa da baixa
acuidade visual decorrente de ambientes mal iluminados. No local avaliado, isso pode
provocar desde fadiga ocular até erros de produção ao manusear os objetos e maquinários. Já
a ausência de EPIs deixa o trabalhador suscetível a riscos que podem ameaçar a sua segurança
e saúde no local de trabalho (GUIA TRABALHISTA, 2016).
Tabela 2 - Analise preliminar de risco do setor de produção de pães da padaria.
APR 01 - TRANSPORTE DE LENHA
RISCO Ergonômico
CAUSA Transporte manual de cargas pesadas e sem
proteção
EFEITO Lesões nos membros superiores
Lesões na coluna vertebral
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FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 4 – Sério
OBS./RECOMENDAÇÕES - Utilização de EPI's adequados como
estabelecido pela NR 6 – Equipamentos de
Proteção Individual (GUIA TRABALHISTA,
2016).
- Utilização de Carrinhos para transporte,
(“mula”) para a realização do carregamento e
transporte até os fornos.
APR 02 – TRANSPORTE DE ASSADEIRAS
RISCO Ergonômico
CAUSA Transporte manual de cargas pesadas e sem
proteção
EFEITO Lesões nos membros superiores
Lesões na coluna vertebral
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 4 – Sério
OBS./RECOMENDAÇÕES - Utilização de EPI's adequados como
estabelecido pela NR 6 – Equipamentos de
Proteção Individual (GUIA TRABALHISTA,
2016).
- Utilização de Carrinhos para transporte,
(“Mula”) para a realização do carregamento e
transporte até os fornos.
APR 03 – TEMPERATURA
RISCO Físico
CAUSA Altas temperaturas dos fornos, ausência de
janelas e exaustores.
EFEITO Desidratação
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – crítica
NÍVEL DE RISCO 4 – Sério
OBS./RECOMENDAÇÕES - Os fornos para padaria devem ser providos
de sistema de exaustão, como estabelecido
pela NR 12 - Segurança no trabalho
em máquinas e equipamentos. (GUIA
TRABALHISTA, 2016)
.- Instalação de exaustores, e janelas.
APR 04 – ILUMINAÇÃO
RISCO Acidentes
CAUSA Número de lâmpadas e janelas insuficientes.
EFEITO Fadiga ocular
Sobrecarga psíquica
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FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – critica
NÍVEL DE RISCO 4 – Sério
OBS./RECOMENDAÇÕES Trocar as lâmpadas existentes por lâmpadas
econômicas de 46 watts, ou Lâmpadas de led,
e instalação de novas janelas.
APR 05 – RUÍDOS
RISCO Físico
CAUSA Ruído proveniente do maquinário.
EFEITO Os ruídos levam a uma poluição sonora do
espaço e afetam diretamente a comunicação
dos padeiros.
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE II – Marginal
NÍVEL DE RISCO 3 – Moderado
OBS./RECOMENDAÇÕES - Instalação de maquinário com níveis de
ruído de acordo com o estabelecido na NBR
10152, norma brasileira registrada no
INMETRO. (GUIA TRABALHISTA, 2016).
- Utilização de EPI's adequados como
estabelecido pela NR 6 – Equipamentos de
Proteção Individual (GUIA TRABALHISTA,
2016).
APR 06 – VENTILAÇÃO
RISCO Físico
CAUSA Ausência de exaustores, e número de janelas
insuficiente.
EFEITO A elevação da temperatura no local
desencadeia o aumento da temperatura
corporal causando sudorese excessiva.
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE II – Marginal
NÍVEL DE RISCO 3 – Moderado
OBS./RECOMENDAÇÕES Instalação de exaustores, e janelas.
APR 07 – FORNOS PROXIMOS A BACADA
RISCO Acidente
CAUSA Espaço entre bancadas e fornos diminuídos.
EFEITO A proximidade da bancada de manuseio e o
trabalhador pode desencadear queimaduras,
sudorese, desidratação e esbarramento.
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE IV – Catastrófica
NÍVEL DE RISCO 5 – Crítico
OBS./RECOMENDAÇÕES É necessário manter uma determinada
distancia entre as bancadas e os fornos como
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estabelecido pela NR 14 - Fornos. (GUIA
TRABALHISTA, 2016).
APR 08 – ESBARRAMENTO EM MAQUINÁRIO
RISCO Acidente
CAUSA Pouco espaço de transição entre os
maquinários e fornos, devido à má
distribuição espacial dos mesmos.
EFEITO Escoriações, queimaduras.
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 4 – Sério
OBS./RECOMENDAÇÕES - É necessário manter uma determinada
distancia entre as bancadas e os fornos como
estabelecido pela NR 14 – Fornos. (GUIA
TRABALHISTA, 2016).
- Utilização de sinalizações e delimitação das
áreas que podem desencadear riscos aos
trabalhadores conforme estabelecido pela NR
26 - sinalização e segurança. (GUIA
TRABALHISTA, 2016).
APR 09 – CONTATO COM MATERIAIS CORTANTES
RISCO Acidente
CAUSA Manuseio de maquinário sem proteção
EFEITO Lacerações
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 5 – Crítico
OBS./RECOMENDAÇÕES Utilização de EPI's adequados como
estabelecido pela NR 6 – Equipamentos de
Proteção Individual (GUIA TRABALHISTA,
2016).
APR 10 – CONTATO COM MATERIAIS QUENTES
RISCO Acidente
CAUSA Manuseio de assadeiras no forno e uso de
gordura quente para frituras
EFEITO Queimaduras
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 5 – Crítico
OBS./RECOMENDAÇÕES Utilização de EPI's adequados como
estabelecido pela NR 6 – Equipamentos de
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2016).
APR 11 – PRENSAMENTO NA DIVISÓRIA
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RISCO Acidente
CAUSA Prensamento dos membros superiores devido
à falta de treinamento dos trabalhadores para
casos de travamento do maquinário, e
ausência de EPI’s adequados.
EFEITO Lacerações e fraturas
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 5 – Crítico
OBS./RECOMENDAÇÕES - Treinamento dos trabalhadores em casos de
prensamento dos membros superiores nos
maquinários.
- Utilização de EPI's adequados como
estabelecido pela NR 6 – Equipamentos de
Proteção Individual (GUIA TRABALHISTA,
2016).
APR 12 – POSTURA DE PÉ MANTIDA POR PERIODOS PROLONGADOS
RISCO Ergonômico
CAUSA Trabalho exige deslocamento constante, e
manuseio de maquinário que exigem uma
postura ortostática.
EFEITO Sobrecarga ortopédica, com dores na coluna e
nos membros inferiores principalmente.
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 5 – Crítico
OBS./RECOMENDAÇÕES - Realização de pausas programadas para
aliviar a sobrecarga
- utilização de calçados com mecanismos que
minimizem o impacto ortopédico
(amortecedores).
APR 13 – POSTURAS INADEQUADAS
RISCO Ergonômico
CAUSA Manuseio de maquinário e produtos dispostos
em diferentes alturas.
EFEITO Dores na coluna, aumento da cifose torácica e
dores nas articulações, principalmente do
joelho e ombro.
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 5 – Crítico
OBS./RECOMENDAÇÕES - Adequar à altura das bancadas e maquinário
às proporções antropométricas dos
funcionários, como estabelecido pela NR 17 –
Ergonomia. (GUIA TRABALHISTA, 2016).
- Realização de pausas programadas
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- Realização de alongamentos
APR 14 – INALAÇÃO DE FARINHA DE TRIGO
RISCO Químico
CAUSA Manuseio de Farinha de trigo sem utilização
de máscaras.
EFEITO Reações alérgicas, tais como a asma
ocupacional, DPOC e Rinite. (JACOBS E
COLABORADORES (2011), RUSHTON,
(2011), BURDORF E COLABORADORES
(1994) apud DENIPOTTI E ROBAZZI
(2011)).
FREQUÊNCIA E
SEVERIDADE III – Crítica
NÍVEL DE RISCO 4 – Sério
OBS./RECOMENDAÇÕES Utilização de EPI's adequados como
estabelecido pela NR 6 – Equipamentos de
Proteção Individual (GUIA TRABALHISTA,
2016). Fonte: Dados do estudo.
4. Proposta de ação preventiva
Devido aos potenciais riscos ocupacionais encontrados, além das recomendações
especificas da APR, foi sugerido a elaboração de um Mapa de Risco para ficar disponível no
local de trabalho que é um instrumento utilizado para identificar e sinalizar graficamente os
riscos existentes no local de trabalho, com o objetivo de conscientizar e informar os
trabalhadores quanto às ameaças que estão expostos, desencadeando desta forma uma atitude
mais cautelosa por parte deles e contribuindo para a erradicação ou controle dos riscos
identificados (GUIA TRABALHISTA, 2016).
O mesmo foi elaborado com base em uma planta baixa do posto de trabalho avaliado,
onde os riscos foram definidos de acordo com o diâmetro dos círculos, como exemplificado
na Figura 1.
Figura 1 – Diâmetro dos círculos
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Fonte: Guia Trabalhista, 2016.
Os riscos ocupacionais foram representados através de cores onde a cor verde
representa os riscos físicos (ruído, calor, frio, pressões anormais, umidade, vibrações,
radiações ionizantes e não ionizantes), riscos químicos (poeiras, fumos, gases, vapores,
névoas, neblinas, produtos químicos em geral) são representados pela cor vermelha, já cor
vinho representa os riscos biológicos (fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários); a cor
amarela aponta os riscos ergonômicos (levantamento e transporte manual de peso, monotonia,
repetitividade, ritmo excessivo, posturas inadequadas de trabalho, trabalho noturno) e por fim
os riscos relacionados a acidentes (arranjo físico inadequado, iluminação inadequada,
incêndio e explosão, eletricidade, máquinas e equipamentos sem proteção, quedas e animais
peçonhentos) são indicados pela cor azul (GUIA TRABALHISTA, 2016).
Com o intuído de causar um impacto visual nos trabalhadores do setor de panificação
e sensibiliza-los em relação aos riscos ocupacionais a que estão expostos rotineiramente, foi
elaborada uma estratégia de divulgação que foi além da simples fixação do Mapa de Risco no
local de trabalho. Então, antes que os funcionários chegassem para trabalhar, os círculos
referenciados no Mapa de Risco foram fixados no ambiente de trabalho. Ou seja, o próprio
local que propaga o risco foi identificado (Figura 02). Assim que os funcionários chegaram
foi promovida uma discussão sobre o que representavam todos aqueles círculos espalhados no
local de trabalho e a importância de se manter uma cultura de segurança ocupacional.
Somente depois dessa ação o Mapa de Risco foi fixado no local.
Figura 2 –Mapa de Risco da padaria
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5. Considerações finais
Através do trabalho proposto pela disciplina de Ergonomia e Saúde do Trabalhador foi
possível identificar os fatores/agentes de risco ocupacionais presentes no ambiente laboral dos
padeiros de uma padaria da cidade de Esmeraldas e propor uma intervenção que podem
prevenir acidentes no local de trabalho do padeiro.
Diante do exposto é de extrema importância a presença de um profissional
especializado no ambiente de trabalho para realizar as devidas orientações ergonômicas e
corrigir os erros praticados pelos trabalhadores durante sua jornada de trabalho, como as
encontradas na empresa analisada.
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Referências
ABIP – Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria. Disponível em:
<http://www.abip.org.br/ > Acesso em 06 Abr. 2016
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