ANÁLISES DE DEFINIÇÕES DE ROTAS DE … · 1 anÁlises de definiÇÕes de rotas de transporte de...

16
1 ANÁLISES DE DEFINIÇÕES DE ROTAS DE TRANSPORTE DE CARGAS UTILIZANDO A VISUALIZAÇÃO ESPACIAL: ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO DE SOJA DO RIO GRANDE DO SUL ATÉ O PORTO DE RIO GRANDE RESUMO Em virtude da importância do setor de transportes, sendo ele ligado ao deslocamento de passageiros ou, como retratado neste trabalho, relacionado ao transporte de cargas, o modelo aplicado para definição das rotas, ocupa um percentual de destaque no resultado final de uma empresa, onde o leque de informações a serem consideradas e a maneira como estas serão trabalhadas, traduzirão a eficiência do transporte e consequentemente o valor financeiro obtido ao final de toda a operação. Face a essa conjuntura, o método de simulação trabalhado através de um modelo aplicado utilizando a visualização espacial, torna- se uma excelente ferramenta de planejamento em virtude da facilidade de interpretação e do baixo custo envolvido para realizar as análises. Deste modo, o objetivo deste estudo é identificar, através de um estudo de caso do escoamento da produção de soja do estado do Rio Grande do Sul até o porto de Rio Grande, qual a melhor rota a ser utilizada para realizar o transporte da carga. Para isso, são simulações traduzidas através da cartografia computadorizada, de modo a enfatizar a melhor rota a ser utilizada para o transporte de cargas. O resultado final deste estudo busca intensificar a relação entre o método de simulação com o modelo de ilustração através da visualização espacial, de modo que as diferentes rotas resultantes são mais facilmente visualizadas e trabalhadas utilizando recursos geográficos. Palavras-chave: Planejamento de Transportes. Ferramenta de Simulações. Visualização Espacial. 1 INTRODUÇÃO Tendo em vista a dimensão e constituição do território nacional, vê-se aumentar a necessidade de investimentos em infraestruturas de transportes, considerando a integração um fator importante para identificar de que forma a espacialização de dados, visualizados por meio de simulações traduzidas através da cartografia computadorizada, pode enfatizar a melhor rota a ser utilizada para o transporte de cargas. Para exemplificar essa relação entre o conjunto espacial e a rota a ser utilizada para realizar o transporte, foi escolhido o caso da produção de soja do Estado do Rio Grande do Sul até o porto de Rio Grande, principal porto responsável pelas exportações do estado e um de maiores do país quanto ao produto Soja. A partir disso, este trabalho tem como objetivo demonstrar os possíveis cenários de rotas de transportes a serem adotadas, de modo a enfatizar o papel do planejamento através de simulações e do modelo de visualização espacial, em que as informações relevantes são mais facilmente interpretadas e ilustradas utilizando recursos de cartografia básica.

Transcript of ANÁLISES DE DEFINIÇÕES DE ROTAS DE … · 1 anÁlises de definiÇÕes de rotas de transporte de...

1

ANÁLISES DE DEFINIÇÕES DE ROTAS DE TRANSPORTE DE CARGAS UTILIZANDO A VISUALIZAÇÃO ESPACIAL: ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO DE SOJA DO RIO GRANDE DO SUL ATÉ O PORTO DE RIO GRANDE

RESUMO

Em virtude da importância do setor de transportes, sendo ele ligado ao deslocamento de passageiros ou, como retratado neste trabalho, relacionado ao transporte de cargas, o modelo aplicado para definição das rotas, ocupa um percentual de destaque no resultado final de uma empresa, onde o leque de informações a serem consideradas e a maneira como estas serão trabalhadas, traduzirão a eficiência do transporte e consequentemente o valor financeiro obtido ao final de toda a operação. Face a essa conjuntura, o método de simulação trabalhado através de um modelo aplicado utilizando a visualização espacial, torna-se uma excelente ferramenta de planejamento em virtude da facilidade de interpretação e do baixo custo envolvido para realizar as análises. Deste modo, o objetivo deste estudo é identificar, através de um estudo de caso do escoamento da produção de soja do estado do Rio Grande do Sul até o porto de Rio Grande, qual a melhor rota a ser utilizada para realizar o transporte da carga. Para isso, são simulações traduzidas através da cartografia computadorizada, de modo a enfatizar a melhor rota a ser utilizada para o transporte de cargas. O resultado final deste estudo busca intensificar a relação entre o método de simulação com o modelo de ilustração através da visualização espacial, de modo que as diferentes rotas resultantes são mais facilmente visualizadas e trabalhadas utilizando recursos geográficos.

Palavras-chave: Planejamento de Transportes. Ferramenta de Simulações. Visualização Espacial.

1 INTRODUÇÃO

Tendo em vista a dimensão e constituição do território nacional, vê-se aumentar a necessidade de investimentos em infraestruturas de transportes, considerando a integração um fator importante para identificar de que forma a espacialização de dados, visualizados por meio de simulações traduzidas através da cartografia computadorizada, pode enfatizar a melhor rota a ser utilizada para o transporte de cargas.

Para exemplificar essa relação entre o conjunto espacial e a rota a ser utilizada para realizar o transporte, foi escolhido o caso da produção de soja do Estado do Rio Grande do Sul até o porto de Rio Grande, principal porto responsável pelas exportações do estado e um de maiores do país quanto ao produto Soja. A partir disso, este trabalho tem como objetivo demonstrar os possíveis cenários de rotas de transportes a serem adotadas, de modo a enfatizar o papel do planejamento através de simulações e do modelo de visualização espacial, em que as informações relevantes são mais facilmente interpretadas e ilustradas utilizando recursos de cartografia básica.

2

O caso do escoamento da produção de soja no estado do Rio Grande do Sul até o porto de Rio Grande mostra-se favorável a este resultado, pois conta com elementos importantes a serem destacados no setor de transportes do Brasil. Verifica-se no Estado, a presença de todos os modais de transporte, em especial os terrestres que são utilizados neste trabalho e, uma forte influência gerada a partir da importância da produção de soja para o mercado brasileiro, onde o modo como o deslocamento da produção é feito, pode trazer consequências econômicas para o país. Com isso, espera-se que ao tratar deste tema em específico, seja possível evidenciar o modelo de definição de rotas através da espacialização dos dados.

As imagens resultantes para definição de rotas contém os principais traçados da malha ferroviária, hidroviário e rodoviária do estado do Rio Grande do Sul, onde as análises relacionadas ao menor caminho e às diferentes possibilidades de deslocamento, são destacadas por meio de temáticas cartográficas. Desta forma, o recurso do mapeamento destes dados permite visualizar cada uma destas alternativas sem que seja necessário a incorporação de muitas outras informações.

Os dados a serem coletados e trabalhados, necessitam de uma análise preliminar antes de serem realizadas as simulações, onde é importante destacar que não apenas o elemento visual deve ser considerado, mas também toda a sua matemática envolta através de atributos alfanuméricos, os quais irão definir a forma com que cada dado deve ser ilustrado. Assim, este trabalho foi configurado para seguir os padrões estabelecidos pela Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), a qual define os campos que devem constar obrigatoriamente em cada arquivo trabalhado, nesse caso em especial, para os dados de rodovias, ferrovias e hidrovias.

Por meio da utilização de simulações de rotas demonstradas através de elementos retratados espacialmente, espera-se trazer a partir deste trabalho uma alternativa que alie o maior número de informações e possibilidades a um custo relativamente baixo de mercado, visto que existem sistemas disponibilizados para download com um número considerável de ferramentas capazes de suprir as necessidades ligadas à definição de rotas de transportes. Além disso, a visualização espacial tende a facilitar a ilustração de informações qualitativas e quantitativas. Conforme os resultados obtidos, tem-se frente a atual conjuntura do transporte de cargas, um método que reúne a utilização de ferramentas de baixo custo aliada ao cenário de transportes do território nacional.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Com base nos objetivos deste trabalho, tal como na metodologia a ser adotada, o referencial teórico que este trabalho consiste em trabalhos ligados ao setor de planejamento de transportes e simulações de transportes de carga

2.1 Planejamento de Transportes Para a Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Centro de Estudos

em Logística (CEL) do COPPEAD-UFRJ, “sem transportes, produtos essenciais não

3

chegariam às mãos de seus consumidores, indústrias não produziriam, não haveria comércio externo.” Em documento intitulado “TRANSPORTE DE CARGAS NO BRASIL Ameaças e Oportunidades para o Desenvolvimento do País”, o CNT em conjunto com o CEL da Universidade Federal do Rio de Janeiro, descrevem a importância do setor de transportes de cargas, sendo tratado como um “serviço horizontalizado que viabiliza os demais setores, afetando diretamente a segurança, a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico do país”.

Desta forma, para que o setor de transportes tenha base suficiente para suprir as demandas do país, é necessário que haja planejamento, visando atender a atual conjuntura e oferecendo condições suficientes para impulsionar o crescimento. O planejamento pode ser visto como um conjunto de estratégias estabelecidas com o objetivo de prover o desenvolvimento, ou como para Martins (1999) apud Camargo (2005, p.25), seriam as “atividades necessárias para ir do ponto no qual nos encontramos até o objetivo definido”.

Em especial para demandas de transportes de carga, deve-se, segundo Lima (2001), considerar ainda que existem três principais tipos de planejamento, sendo eles Planejamento estratégico, Planejamento tático ou gerencial e Planejamento Operacional.

Quanto ao planejamento estratégico, Lima (2001) refere como sendo os objetivos delimitados pela empresa e as alternativas escolhidas pela mesma para concretizá-los. Trata, portanto, dos investimentos e políticas adotados visando alcançar melhores resultados de operação.

A partir do planejamento estratégico, cabe à empresa preocupar-se em direcionar os recursos disponíveis de forma mais eficiente. Pode ser chamado também de planejamento gerencial, visto que refere-se às decisões a serem tomadas frente a atual conjuntura da empresa.

Por fim, Lima (2001) discorre a respeito do planejamento operacional, em que são estabelecidos mecanismos ligados à coordenação, e controle que “propiciem condições ao sistema atual para alcançar os objetivos do plano estratégico, dentro das limitações estabelecidas no plano tático” (LIMA, 2001, p.3).

Estes três tipos de planejamento, tornam-se essenciais para suprir as necessidades da empresa, em que, segundo Leal Junior (2008, p.2), todos os fatores relacionados devem formar uma “estratégia global coordenada onde estão inclusas todas as ações ligadas a cadeia de suprimentos”. Além disso, o planejamento exerce a função de estabelecer projeções futuras, de acordo com as condições aparentes de mercado, de modo que é necessário atribuir ações a serem realizadas em curto, médio e longo prazo.

Como parte do ambiente competitivo entre as empresas de logística do país, a busca por novas tecnologias capazes de suprir as necessidades ligadas ao setor de transportes, torna-se constante. Nesse contexto, Camargo (2005) dispõe a respeito das revisões periódicas que as empresas, públicas ou privadas, devem realizar para definição de estratégias que visam identificar oportunidades ou mesmo

4

ameaças. Parte destas revisões dizem respeito à busca por novas tecnologias, capazes de otimizar processos, auxiliar na tomada de decisões e diminuir custos.

Para Rodrigue, Comtois e Slack (2006), a tecnologia relacionada ao setor de transportes avança e com ela são trazidas mudanças, as quais podem ser responsáveis pela ascensão ou mesmo enfraquecimento dos métodos atuais, visto que ela pode ser evoluída ou acabar tornando outras tecnologias obsoletas para as novas realidades enfrentadas. Os autores ainda definem que por meio da inovação tecnológica, o fator espaço-tempo é trabalhado para que se atinja um espaço maior numa quantidade de tempo inferior a já alcançada.

No decorrer do tempo, conclui-se que a utilização de recursos tecnológicos voltados ao setor de transportes, contribui para estabelecer o desenvolvimento, visto que a “Evolução tecnológica do setor de transportes está ligada com as fases da economia” e consequentemente com “o desenvolvimento da economia mundial”. (RODRIGUE; COMTOIS; SLACK, 2006).

2.2 Método de simulação como ferramenta de planejamento

O método de simulação computacional consiste na realização de experiências e testes para identificar como um sistema irá se comportar em determinadas situações. Segundo Carvalho (2003, p.4), o processo de modelagem e simulação baseia-se na “experimentação computacional, onde usamos modelos de um sistema real ou idealizado para o estudo de problemas reais de natureza complexa”, onde por meio de inúmeras tentativas sejam definidas diferentes estratégias que proponham “melhores formas de operação que visem à otimização do sistema como um todo”.

Esse método necessita de um mapeamento prévio e de um modelo para sua aplicação, onde o objetivo inicial da simulação deve servir de base para identificação do modo mais adequado para realização dos testes. Leal Junior (2008, p.4), define que após a identificação do objetivo da simulação, é necessário realizar o planejamento do modelo, buscando “os dados necessários, fontes de informações e os meios para obtê-los”. O modelo será, portanto, um padrão a ser seguido para se chegar aos resultados previstos nos objetivos da simulação.

Três passos devem ser seguidos para realizar uma simulação, sendo eles: Construção do modelo, Modelagem Computacional e Experimentação. Para Ceciliano (2007, p.32), a construção do modelo necessita de “doses de empirismo com outras doses técnicas”, onde é preciso de conhecimento técnico e abstração do sistema em conjunto com o objetivo da simulação. Por fim, de acordo com Carvalho (2003), o modelo deriva lógica, através de esquemas e representações gráficas”, em que o programa de modelagem e simulação exerce a função de transformar o modelo lógico em modelo computacional.

O processo de modelagem computacional consiste em transformar os esquemas e representações gráficas definidos na modelagem lógica, em ações que serão determinadas e planejadas por meio da programação matemática, inseridas no software de simulação computacional. Shannon (1995) apud Ceciliano (2007, p.35) conceitua que “um modelo computacional é um programa de computador cujas

5

variáveis apresentam o mesmo comportamento dinâmico e estocástico do sistema real que ele representa”.

Por último, a partir da definição e aplicação do modelo computacional, são realizados os testes utilizando o software de simulação, em que é possível realizar inúmeros experimentos de maneira mais rápida e eficaz, com o uso da tecnologia que garante um processamento mais veloz dos dados. Segundo Filadelfo e Andrade (2007, p.62), “ao utilizar essas ferramentas computacionais, obtêm-se resposta em intervalos de tempos menores do que outras formas tradicionalmente manuais”.

Existem inúmeros programas capazes de realizar simulações computacionais, entretanto, é necessário identificar a que tipo de propósito ele se destina, de modo que a experiência resultante seja satisfatória para se adequar ao objetivo previsto na simulação. Para este caso, aconselha-se a utilização de Sistemas de Informação Geográficos - SIG, em que são manipulados dados com informações espacias, caracterizados pela junção entre atributos alfanuméricos e representações temáticas trabalhados no formato vetorial ou matricial.

3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia utilizada para demonstrar os resultados deste trabalho teve como principal enfoque a utilização de elementos espaciais, representados por meio de primitivas geométricas ponto, linha e polígono. Destacados em mapas, esses elementos devem evidenciar o caminho mínimo entre os municípios produtores de Soja do Rio Grande do Sul e o Porto Organizado de Rio Grande, buscando demonstrar as principais diferenças percebidas entre o método utilizado em empresas de logística e o método de espacialização de dados como ferramenta para tomada de decisão.

Como princípios estabelecidos para concretização desses resultados foram definidos alguns passos:

● Busca por dados referentes à produção de soja no estado do Rio Grande do Sul;

● Aquisição e padronização de dados geoespaciais ligados aos principais modais de transportes terrestres (arquivos shapefiles);

● Definição de um modelo de simulação de rotas de transportes entre municípios produtores de soja do Rio Grande do Sul até o porto de Rio Grande; e

● Criação de imagens para demonstração do modelo utilizado para definição das melhores rotas entre os municípios produtores e o porto de Rio Grande (Concepção de Caminho Mínimo entre dois pontos).

A seguir serão detalhados os princípios metodológicos utilizados neste trabalho.

6

3.1 Dados Gerais Rio Grande do Sul

Tendo como estudo de caso o escoamento da produção de soja do estado do Rio Grande do Sul, foi necessário buscar e manipular os dados da produção municipal do produto, de modo que em conjunto com as informações espacializadas, sejam evidenciadas questões envolvendo a produção e o seu escoamento até o porto de Rio Grande.

Para a obtenção dos dados de produção municipal, foi utilizado o Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA, em que são disponibilizados periodicamente os dados dos censos e outras informações estatísticas, atualizadas ao longo dos anos. No caso da produção de soja, foi gerada uma nova tabela utilizando as informações disponibilizadas da aba “Produção Agrícola Municipal” , tendo como base o ano de 2013.

Visando a melhor apresentação dos dados, optou-se por utilizar os dados dos dez municípios com maior produção de soja, excluindo o restante das informações. A Tabela 1 trás os dez maiores produtores de soja do Rio Grande do Sul.

Tabela 1 - Dez maiores produtores de Soja do Rio Grande do Sul

Município Produção (toneladas)

Tupanciretã 426000

Cachoeira do Sul 289692

Palmeira das Mssões 253350

Cruz Alta 244800

Júlo de Castilho 235470

Santa Bárbara do Sul 198900

Jóia 193800

Dom Pedrito 180900

São Miguel das Missões 180900

São Luiz Gonzaga 166130

Fonte: Adaptado de ALICE WEB (2014)

Como esses dados serão transmitidos em forma de imagens, caso muitos municípios fossem considerados na amostra, poderia haver perda da qualidade dos resultados devido ao excesso de informações representadas.

3.2 Aquisição e manipulação de dados espaciais

O primeiro dado a ser trabalhado refere-se ao arquivo de Limites Políticos de Municípios, disponibilizado pelo IBGE. Este arquivo é responsável por localizar espacialmente os Municípios no globo e serve como base para integrar os dados de

7

produção de soja por meio de um campo de identificação (id), comum à tabela de atributos do shapefile e à planilha criada.

Outros dados além da malha municipal devem ser considerados, pois se tratando de localização, são necessárias algumas referências espaciais para fazer o enquadramento da área trabalhada. Para isso, pode-se utilizar os limites de Estados, Países ou mesmo de Oceanos.

Para realizar as simulações que indicam o caminho mínimo entre os principais municípios produtores de soja e o porto de Rio Grande, são necessários quatro outros arquivos vetoriais além da base de municípios. Estes arquivos representam os três modais de transportes terrestres (hidroviário, rodoviário e ferroviário), além do arquivo contendo a posição geográfica do Porto de Rio Grande.

Os dados de representação dos modais de transportes podem ser obtidos tanto pelo endereço eletrônico do Ministério de Transportes, quanto pelo visualizador WEB do DNIT. Para este caso, foi utilizado o dado disponibilizado pelo DNIT por ter sido atualizado mais recentemente e possivelmente estar mais coerente com a realidade atual.

3.3 Definição de um modelo de simulação via de rotas de transportes entre municípios produtores de soja do Rio Grande do Sul até o porto de Rio Grande

Para Moura, Fontes e Ribeiro (2001, p.2) “A análise de problemas do mundo real, em que a localização espacial da informação desempenha um papel relevante, apoia-se, via de regra, na construção de modelos complexos”. Deste modo, com base nos dados coletados a respeito da produção de soja no do Rio Grande do Sul, o modelo a ser adotado para realização das simulações consiste no mapeamento e espacialização dos elementos, enfatizando os três modais de transportes presentes no estado, os municípios produtores de soja e o porto de Rio Grande, onde através da visualização espacial, é possível identificar facilmente a rota de menor distância a ser utilizada para escoamento da produção.

O modelo consiste em representar todos os elementos supracitados por meio de primitivas geométricas amplamente difundidas através da cartografia, sendo elas Ponto, Linha e Polígono. Para este caso, são utilizados pontos para representar as coordenadas das sedes administrativas dos municípios; linhas para demonstrar a malha de transportes; e polígono para ilustrar as áreas do municípios, países, etc.

Visto que o primeiro critério para definição das rotas, consiste no caminho mais curto entre o município e o porto, o cálculo adotado no modelo deve analisar os links referentes a malha de transportes, localizados nas proximidades do ponto de origem (município) e traçar através da conexão entre eles, a rota de menor distância até o ponto de destino. Dito isso, o cálculo busca a continuidade do traçado, identificando por onde deve ser feito o transporte para que a distância total entre origem e destino seja a menor possível.

8

São trabalhadas duas realidades: uma atual e outra futura, onde num primeiro momento são contemplados os trechos da malha de transportes já existente no estado e também, aqueles que já foram planejados para construção. Ao final das simulações, espera-se demonstrar o cenário de melhor rota atual, mas também as possibilidades de rotas após a conclusão das obras de infraestruturas de transportes.

Visto que o primeiro critério para definição das rotas, traduz o caminho mais curto entre o município e o porto, o cálculo adotado no modelo analisa os links referentes a malha de transportes, localizados nas proximidades do ponto de origem (município) e traçar através da conexão entre eles, a rota de menor distância até o ponto de destino. Dito isso, o cálculo irá analisar a continuidade do traçado, identificando por onde deverá ser feito o transporte para que a distância total entre origem e destino seja a menor possível.

Apesar de serem ressaltadas as rotas de maior eficiência quanto ao critério tempo, o restante da geometria referente às rodovias, ferrovias e hidrovias do estado também são representadas, com o intuito de demonstrar outras possibilidades caso ocorram eventuais contratempos que obriguem a alteração da rota.

Além da definição do caminho mínimo tendo como base os dois cenários, atual e futuro, utiliza-se uma malha que pode ser modificada ao longo da simulação, com o pretexto de se forçar a alteração da rota, buscando alternativas de percurso através dos modais ferroviário e hidroviário, que em geral, apresentam uma menor continuidade territorial e consequentemente uma menor extensão. Ou seja, realizam-se simulações que excluam trechos rodoviários relevantes, de modo que a descontinuidade dos links obrigue a alteração da rota.

Por fim, aplica-se este modelo de modo a ilustrar os elementos espaciais, enfatizando os principais municípios produtores de soja, o porto de Rio Grande e a malha de transportes utilizada para realizar o deslocamento da produção, onde por meio de cálculos de extensão, são definidos os caminhos mínimos entre os pares de origem e destino (município produtor e porto), com base numa realidade atual e futura, além de simular uma situação em que seja preciso optar também pelos modais ferroviários e hidroviários.

3.4 Criação de imagens demonstrando o método de visualização espacial

A partir do modelo definido, foram realizadas simulações e como resultado, geradas imagens detalhando os principais traçados de rotas entre os principais municípios produtores de soja do Rio Grande do Sul e o porto de Rio Grande.

Dois casos são enfatizados nas imagens, o primeiro refere-se a rota entre o município Tupanciretã e o porto, sendo este o município com maior produção do cereal no ano de 2014, e o segundo caso envolve a rota entre o município de Cachoeira de Sul e o porto de Rio Grande, caso este escolhido por se tratar do segundo município com maior produção no ano de 2014 e por trazer melhores

9

possibilidades de demonstração de traçado utilizando os modais ferroviário e hidroviário.

Além destes dois casos, também apresenta-se uma imagem contendo o caminho mínimo com múltiplos caminhos, onde são ilustrados os dez principais produtores de soja do Rio Grande do Sul e os traçados utilizados para realizar o menor caminho até o principal porto de exportação do produto. Com o objetivo de demonstrar o maior número de elementos significativos através da visualização espacial sem perder a qualidade do dado (pois quanto mais itens representados, mais poluída tende a ser a imagem, podendo em alguns casos prejudicar a interpretação das informações), são utilizados métodos de representações temáticas que enfatizam a função dos elementos visuais de modo a facilitar a leitura dos dados.

4 RESULTADOS OBTIDOS NAS SIMULAÇÕES

Com base no modelo que define a menor distância percorrida para ir do município produtor de soja do Rio Grande do Sul até o porto de Rio Grande, foram geradas cinco imagens que ilustram espacialmente a rota a ser utilizada.

4.1 Simulação entre os dez municípios produtores e o porto de Rio Grande

A primeira imagem resultante da simulação consiste na definição de traçado entre os dez municípios com maior produção de soja do Rio Grande do Sul e o porto de Rio Grande. Os municípios foram representados pelas coordenadas de suas respectivas sedes administrativas, por meio da primitiva geométrica ponto. Para ilustrar os maiores valores de produção, optou-se por definir uma classificação temática para apresentação dos pontos, em que o seu tamanho depende do valor de soja produzido no ano de 2014, onde o ponto de maior dimensão refere-se ao município de maior produtividade.

A Figura 1 mostra a simulação de caminho mínimo constando todos os dez municípios produtores.

10

Figura 1 - Simulação entre os dez municípios produtores e o porto de Rio Grande

Nesta simulação, constam apenas os links que representam as rodovias delimitadas pelo caminho mínimo, as ferrovias e as hidrovias existentes e em operação, de modo que a rota definida pode ser realizada atualmente. Em virtude da alta densidade de rodovias, a representação de toda a malha iria ocasionar perda na qualidade do resultado, pois dificultaria a intepretação da rota de menor distância.

Quanto à temática de cores e estilos utilizadas, tem-se os municípios em amarelo, o porto de Rio Grande sendo o losango azul e as rota definidas em vermelho, onde verificou-se que todos os caminhos mínimos entre os pares de origem/destino, foram realizados por meio de rodovias. As linhas em azul referem-se as hidrovias existentes ao longo do território do Rio Grande do Sul e, em verde tracejado, são exibidas as ferrovias em operação.

Verifica-se, portanto, que em vista da extensão rodoviária do estado e também da sua continuidade ao longo do território, o modal rodoviário é atualmente a alternativa que apresenta a menor distância entre cada município produtor e o porto de Rio Grande.

4.2 Simulação entre Tupanciretã e o porto de Rio Grande

Esta segunda simulação foi realizada com o intuito de demonstrar dois cenários, o atual e o futuro, onde a malha utilizada para simulação trazia num

11

primeiro momento, apenas os links de rodovias, ferrovias e hidrovias presentes no estado e, posteriormente, a malha foi alterada para buscar o caminho mínimo independente do link ser referente a vias construídas ou planejadas.

As Figuras 2 e 3 representam o traçado de caminho mínimo entre Tupanciretã e o porto de Rio Grande

Figura 2 - Simulação entre Tupanciretã e o porto de Rio Grande - Sem planejadas

Figura 3 - Simulação entre Tupanciretã e o porto de Rio Grande - Com planejadas

Analisando as duas imagens, percebe-se que o modal responsável pelo transporte da carga, é novamente o rodoviário. Entretanto, na Figura 3 é possível perceber que há uma pequena diferença em relação ao traçado, onde é possível observar que nas proximidades do ponto de referência de origem, o traçado

12

encontra-se mais retilíneo que na simulação onde não constam os trechos planejados. Isso significa que assim que a rodovia for finalizada haverá uma diminuição no percurso mínimo a ser percorrido, variando de 459 quilômetros percorridos no caso um, para 444 quilômetros no caso dois.

Além disso, por meio da visualização espacial da rodovia a ser construída, fica muito mais simples a leitura quanto a diferença de rota a ser utilizada e quanto as possibilidades de alteração de traçado caso haja alguma impedância em algum dos trechos utilizados.

4.3 Simulação entre Cachoeira do Sul e o porto de Rio Grande

Os últimos dois cenários ilustrados, referem-se a simulação entre o município de Cachoeira do Sul, segundo maior produtor de soja do estado, e o porto de Rio Grande, onde são demonstradas duas situações. A primeira trata-se de uma simulação simples, com toda a malha rodoviário, ferroviária e hidroviária existentes no estado, retratando-se apenas o caminho mínimo a ser percorrido. A segunda consiste em modificar o arquivo de malha utilizado para simulação, sendo retirados dois links necessário para execução do caminho mínimo ilustrado no primeiro caso.

Ao retirar estes dois links, referentes a duas rodovias localizadas no entorno do município, fez-se com que a rota de menor distância seja alterada, de modo que foi necessário aplicar a intermodalidade no processo de deslocamento da produção do município de Cachoeira do Sul, até o porto de Rio Grande.

A Figura 4 e a Figura 5 demonstram os traçados gerados.

Figura 4 - Simulação entre Cachoeira do Sul e o porto de Rio Grande - Com toda a malha existente

13

Figura 5 - Simulação entre Cachoeira do Sul e o porto de Rio Grande - Sem dois links de rodovia

Esta simulação visa demonstrar alternativas de transportes que não sejam utilizando apenas rodovias, considerando que em virtude da predominância pelo rodoviarismo no país, essa alternativa apresenta algumas dificuldades, principalmente quanto ao transporte de cargas. Pode-se citar:

● O grande volume de tráfego de veículos, forma por muitas vezes grandes congestionamentos que ocasionam um maior tempo necessário para deslocamento, além de representar um nível de estresse maior para os motoristas;

● O excesso de peso dos caminhões acaba, com o tempo, desgastando as rodovias, acarretando na necessidade de mais obras de infraestrutura que fazem com o trânsito tenha de ser paralisado;

● O número de acidentes em estradas tende a ser maior que em ferrovias e hidrovias; e

● O número de funcionários necessários para função de transporte por rodovias acaba sendo maior, visto que trens e navios tem uma capacidade de transporte maior.

Considerando que a distância inicial da rota entre Cachoeira do Sul e o porto de Rio Grande, foi de 338,14 km e a distância obtida na segunda simulação foi de 364,14 km, cabe além da análise via visualização espacial, uma segunda reflexão para a definição do traçado a ser utilizado, visto que são quase 30 km de diferença entre uma rota e outra. Entretanto, cada situação deve ser julgada particular e conjuntamente, levantando os prós e contras de cada definição, onde a tomada de decisão da rota a ser utilizada necessita de planejamento.

14

5 CONCLUSÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi demonstrar de que forma o método de simulação compuacional, traduzido através do modelo de visualização espacial, poderia otimizar o planejamento de rotas de transporte de carga, utilizando elementos de cartografia temática para ilustrar a melhor rota a ser utilizada.

Assim, o método mostrou-se eficaz para leitura e definição de traçados utilizados para realizar o transportes de cargas, de modo que a interpretação dos dados é facilitada pelos recursos cartográficos sendo traduzidos, sem muita dificuldade, os principais parâmetros para tomada de decisão.

Cabe ainda ressaltar o uso de projeções futuras e alternativas marcadas pelo uso da intermodalidade no processo de transporte, onde o modo de ilustração via representação espacial, auxilia na análise do relacionamento e das conexões estabelecidas entre o mesmo modal ou mesmo entre modais diferentes.

Os arquivos espaciais necessários, os quais já possuem uma tabela de dados organizada e de fácil padronização, em conjunto com a temática aplicada, mostram-se satisfatórios e suficientes para o caso de caminho mínimo e, por conta do avanços das tecnologias, podem ser trabalhados em diferentes sistemas de simulação.

Por fim, verifica-se que o modelo de aplicação e o sistema utilizado para simulação, não requer, neste primeiro momento de análise, o uso de ferramentas muito complexas de planejamento e, ainda assim, trás resultados compensatórios para tomadas de decisões de rotas de transportes de cargas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS. Estatísticas - Anuários. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/portal/Estatisticas_Anuarios.asp>. Acesso em: 20 abr. 2015.

BRASIL. ANTAQ - AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS. Boletim Informativo Portuário: 3º Trimestre/2014. 2014. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/portal/pdf/BoletimPortuario/BoletimPortuarioTerceiroTrimestre2014.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2015.

BRASIL. IBGE. Estados@: Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rs&tema=entorno_censodemog2010>. Acesso em: 20 jun. 2015.

CAMARGO, O. Uma contribuição metodológica para planejamento estratégico de corredores de transporte de carga usando cenários prospectivos. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção)- Programa de Pós-Graduação em

15

Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.

CARVALHO, L. S.. Modelagem e simulação: poderosa ferramenta para a otimização de operações logísticas. Bahia Análise & Dados, Salvador, v. 13, p. 267-274, 2003.

CECILIANO, W. R. A. Aplicação de um método de simulação-otimização na cadeia produtiva de minério de ferro. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Sistemas Logísticos) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

FILADELFO, J. C. N.; ANDRADE, N. P. Otimização de rotas do serviço de atendimento móvel de urgência SAMU através de uma plataforma SIG-T. 2007. (Apresentação de Trabalho/Congresso).

INFRAESTRUTURA NACIONAL DE DADOS ESPACIAIS. NCB-CC/E 0001B08: Especificação Técnica para a Estruturação de Dados Geoespaciais Vetoriais. 3 ed. Brasil, 2008.

LEAL JUNIOR, I. C.; D'AGOSTO, M. A. A Simulação Computacional como Ferramenta para a Tomada de Decisões no Planejamento do Transporte de Cargas. In: V Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia - SEGeT, 2008, Resende. Anais... V Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia - SEGeT, 2008.

LIMA, M. L. P. Uma contribuição metodológica à modelagem da demanda de carga em corredores agrícolas de exportação. Tese (Doutorado)- Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

MOURA, M. C.; FONTES, A. A.; RIBEIRO, C. A. Á. S. Determinação da Melhor Rota para Coleta Seletiva de Lixo no Campus da Universidade Federal de Viçosa utilizando dos Sistemas de Informações Geográficas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 10, 2001, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: Inpe, 2001. p. 1119 - 1125

PORTAL Brasil: Estados. 2015. Disponível em: <https://www.portalbrasil.net/estados_rs.htm>. Acesso em: 18 jun. 2015.

RIO GRANDE DO SUL. Porto do Rio Grande. Antaq. Estatísticas: Movimentação Portuária. 2015. Disponível em: <http://www.portoriogrande.com.br/site/consultas_estatisticas.php>. Acesso em: 12 jun. 2015.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento Regional. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Atlas Socioeconômico do Estado do Rio Grande do Sul: Economia. Disponível em: <http://www.scp.rs.gov.br/atlas/conteudo.asp?cod_menu_filho=819&cod_menu=817&tipo_menu=ECONOMIA&cod_conteudo=1488>. Acesso em: 20 abr. 2015.

16

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento Regional. Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Atlas Socioeconômico do Estado do Rio Grande do Sul: Economia. Disponível em: < http://www.atlassocioeconomico.rs.gov.br/conteudo.asp?cod_menu_filho=818&cod_menu=817&tipo_menu=ECONOMIA&cod_conteudo=1468 >. Acesso em: 20 jun. 2015.

RODRIGUE, J.; COMTOIS, C.; SLACK, B. The Geography of Transport Systems. Londres e Nova Iorque: Routledge, 2006. 297 p.

ROSE, A. Uma avaliação comparativa de alguns sistemas de informação geográfica aplicados aos transportes. 2002. 139 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, de Transportes, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2001.