Anatomia da Cabeça e do Pescoço¡ginas de FINAL 8 -17 x... · O que é avascular na ATM ......

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Anatomia da Cabeça e do Pescoço Sandra de Quadros Uzêda 1. ARTROLOGIA – ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDI- BULAR . 01 . (Prefeitura de Palhoça/SC – 2011 – FEPESE) Sobre a anatomia da articulação tempo- romandibular (ATM), é incorreto afirmar: a) ( ) A cápsula articular é revestida por uma membrana sinovial altamente vascularizada. b) ( ) A ATM é a articulação entre a parte escamosa do osso temporal e o processo condilar da mandíbula. c) ( ) A ATM possui uma superfície articular avascular composta de tecido conjuntivo fibroso em vez de cartilagem hialina. d) ( ) O disco articular é avascular e aneural em sua parte central, mas é vascular e inervado nas áreas periféricas, onde a sustentação de carga é mínima. e) ( ) A lâmina inferior da zona bilaminar ancora a face superior da porção posterior do disco arti- cular à cápsula articular e ao osso temporal no tubérculo articular posterior à parte timpânica. |COMENTÁRIOS|. Grau de dificuldade: INTERMEDIÁRIO Ô DICA DO AUTOR: Em questões que envolvam a anatomia das articulações, principalmente a da arti- culação temporomandibular, é necessário cuidado redobrado, pois esta articulação possui peculiari- dades, que a tornam distinta das demais articula- ções sinoviais do corpo humano. Outra dica é sempre buscar informações sobre esta articulação e sua morfologia e fisiologia em livros e/ou artigos cientí - ficos atuais, visto que muitas e recentes descobertas sobre a ATM ainda não constam nos dados de sites da internet ou em livros mais antigos, o que pode levar a pesquisa e o leitor a encontrar dados que não representam o conhecimento mais atualizado sobre o tema. Alternativa A – VERDADEIRA. A articulação temporo- mandibular (pela nova Terminologia Anatômica é assim a grafia correta) possui uma cápsula articular que é revestida internamente por uma membrana sinovial muito vascularizada, daí vem sua classifi- cação, sendo uma articulação sinovial, subtipo elip- sóidea (devido aos movimentos que realiza; classifi- cação morfofuncional). Alternativa B – VERDADEIRA. A ATM é a articulação entre a parte escamosa do osso temporal e o processo condilar da mandíbula, mas se quisermos ser mais específicos, podemos dizer que a ATM é a articulação entre a cabeça da mandíbula e a fossa mandibular do osso temporal, pois são estas as superfícies anatômicas que, de fato, estão em íntimo contato nesta articulação. Alternativa C – FALSA. A ATM possui uma superfície articular avascular composta de tecido conjuntivo fibroso em vez de cartilagem hialina. Superfície arti - cular, em Anatomia Humana, considera-se a “parte do osso que está em contato com outro dentro em uma articulação”. A ATM é a articulação entre a cabeça da mandíbula e a fossa mandibular do osso temporal, pois são estas as superfícies anatô- micas que, de fato, estão em íntimo contato nesta articulação; sendo ossos, são vascularizados e não avasculares. A ATM possui um disco articular, que é igualmente vascularizado. O que é avascular na ATM é a cartilagem articular, ou cartilagem hialina, que

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Anatomia da Cabeça e do Pescoço

Sandra de Quadros Uzêda

1. ARTROLOGIA – ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDI-BULAR

.01. (Prefeitura de Palhoça/SC – 2011 – FEPESE) Sobre a anatomia da articulação tempo-

romandibular (ATM), é incorreto afirmar:

a) ( ) A cápsula articular é revestida por uma membrana sinovial altamente vascularizada.

b) ( ) A ATM é a articulação entre a parte escamosa do osso temporal e o processo condilar da mandíbula.

c) ( ) A ATM possui uma superfície articular avascular composta de tecido conjuntivo fibroso em vez de cartilagem hialina.

d) ( ) O disco articular é avascular e aneural em sua parte central, mas é vascular e inervado nas áreas periféricas, onde a sustentação de carga é mínima.

e) ( ) A lâmina inferior da zona bilaminar ancora a face superior da porção posterior do disco arti-cular à cápsula articular e ao osso temporal no tubérculo articular posterior à parte timpânica.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: INTERMEDIÁRIO

Ô DICA DO AUTOR: Em questões que envolvam a anatomia das articulações, principalmente a da arti-culação temporomandibular, é necessário cuidado redobrado, pois esta articulação possui peculiari-dades, que a tornam distinta das demais articula-ções sinoviais do corpo humano. Outra dica é sempre buscar informações sobre esta articulação e sua morfologia e fisiologia em livros e/ou artigos cientí-

ficos atuais, visto que muitas e recentes descobertas sobre a ATM ainda não constam nos dados de sites da internet ou em livros mais antigos, o que pode levar a pesquisa e o leitor a encontrar dados que não representam o conhecimento mais atualizado sobre o tema.

Alternativa A – VERDADEIRA. A articulação temporo-mandibular (pela nova Terminologia Anatômica é assim a grafia correta) possui uma cápsula articular que é revestida internamente por uma membrana sinovial muito vascularizada, daí vem sua classifi-cação, sendo uma articulação sinovial, subtipo elip-sóidea (devido aos movimentos que realiza; classifi-cação morfofuncional).

Alternativa B – VERDADEIRA. A ATM é a articulação entre a parte escamosa do osso temporal e o processo condilar da mandíbula, mas se quisermos ser mais específicos, podemos dizer que a ATM é a articulação entre a cabeça da mandíbula e a fossa mandibular do osso temporal, pois são estas as superfícies anatômicas que, de fato, estão em íntimo contato nesta articulação.

Alternativa C – FALSA. A ATM possui uma superfície articular avascular composta de tecido conjuntivo fibroso em vez de cartilagem hialina. Superfície arti-cular, em Anatomia Humana, considera-se a “parte do osso que está em contato com outro dentro em uma articulação”. A ATM é a articulação entre a cabeça da mandíbula e a fossa mandibular do osso temporal, pois são estas as superfícies anatô-micas que, de fato, estão em íntimo contato nesta articulação; sendo ossos, são vascularizados e não avasculares. A ATM possui um disco articular, que é igualmente vascularizado. O que é avascular na ATM é a cartilagem articular, ou cartilagem hialina, que

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reveste as superfícies articulares desta articulação (ou seja, a cabeça da mandíbula e a fossa mandi-bular do osso temporal). Na ATM as superfícies articu-lares são compostas por cartilagem hialina.

Alternativa D – VERDADEIRA. O disco articular é avas-cular e aneural em sua parte central, mas é vascular e inervado nas áreas periféricas, onde a sustentação de carga é mínima. Isso decorre de uma proteção contra a dor e derrames articulares que ocorreriam caso o disco articular da ATM fosse vascular e iner-vado em sua área central, que está sujeita a cargas mecânicas.

Alternativa E – VERDADEIRA. Zona bilaminar: é uma área que está localizada posteriormente ao disco articular. Composta por: Lâmina posterior, que contém fibras elásticas e ancora a face superior da porção posterior do disco articular à cápsula articular e ao osso temporal no tubérculo articular, posterior à parte timpânica do osso temporal.

.02. (Prefeitura de Santa Maria/RS – 2012 – MS-CONCURSOS) O disco articular, constituinte

da articulação temporomandibular, é um bloco oval de tecido conjuntivo fibroso denso, tem a estrutura mais fina no centro do que nas margens e raramen-te pode se tornar perfurado. Sobre as característi-cas do disco articular, assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas nas regiões marginais o disco articular não é vascularizado.

b) O centro do disco é ricamente vascularizado com sangue.

c) O disco articular não é vascularizado em nenhuma região.

d) Todas as regiões do disco articular são ricamente vascularizadas.

e) O centro do disco não tem vascularização sanguínea, mas está ricamente suprido em outras partes.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: INTERMEDIÁRIO

Alternativa A – FALSA. O disco articular é pobremente vascularizado ou avascular em sua zona central e não o contrário, como afirma a alternativa A.

Alternativa B – FALSA. O disco articular é pobremente vascularizado ou avascular em sua zona central, bem como aneural na mesma região. Isso se deve ao fato de que, na zona central, é onde há a maior incidência das forças mecânicas resultantes dos movimentos da ATM, assim sendo, a região central do disco não

poderia ser inervada e nem ricamente vasculari-zada, senão haveria dor e hemorragia intra-articular quando o indivíduo ocluísse com mais intensidade.

Alternativa C – FALSA. O disco articular é vasculari-zado e inervado em suas zonas periféricas, princi-palmente na sua região posterior, conhecida como zona retrodiscal.

Alternativa D – FALSA. Como citado acima, a zona central é avascular.

Alternativa E – VERDADEIRA. O centro do disco não tem vascularização sanguínea, mas está ricamente suprido em outras partes, como em suas zonas marginais e na zona retrodiscal.

.03. (Prefeitura de Santa Maria/RS – 2012 – MS-CONCURSOS) Com relação à anatomia dental,

é importante o conhecimento dos termos utilizados para a identificação das localizações das estruturas do órgão dental. A cúspide pode ser definida como um ponto, ou pico, na face de mastigação dos den-tes molares e pré-molares, e nas margens incisais dos caninos. Os declives/inclinações da cúspide são as faces inclinadas ou cristas que formam um ângulo na extremidade da cúspide quando vista a partir do aspecto facial ou lingual. Como podem ser chama-das essas inclinações da cúspide?

a) Face interna da cúspide e face externa da cúspide.

b) Cristas da cúspide ou ramos da cúspide.

c) Inclinação piramidal oclusal.

d) Ramo da mandíbula.

e) Crista labial e crista bucal.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: INTERMEDIÁRIO

Alternativa A – VERDADEIRA. Existem elementos anatô-micos que são exclusivos dos dentes posteriores, já que estes possuem uma face oclusal (que está em contato com o dente antagonista). As cúspides são os elementos funcionais dos dentes posteriores. Confi-guram-se por vertentes ou faces, arestas, sulcos e ápices. Cada cúspide apresenta faces, internas ou triturantes, e faces externas, ou lisas. Estas são as inclinações que existem na anatomia das cúspides.

Alternativa B – FALSA. As cristas de um dente são saliências de esmalte. Nos dentes anteriores locali-zam-se nas porções proximais da face lingual, esten-dendo-se da borda incisal ao cíngulo. Nos dentes posteriores localizam-se nos terços proximais da face oclusal e unem as cúspides linguais às vestibulares.

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Alternativa C – FALSA. Não é um termo anatômico correto para denominar as faces de um dente.

Alternativa D – FALSA. O ramo da mandíbula não é um elemento anatômico que pertença à unidade dental, é um elemento anatômico ósseo que compõe a mandíbula, sendo uma parte desta.

Alternativa E – FALSA. Já foi explicado o que é deno-minado como crista dental, assim, esta alternativa é falsa.

2. MORFOLOGIA DENTAL

.04. (Prefeitura de Itú/SP – 2011 – MOURA MELLO) Não é um dos fatores que alteram a morfo-

logia das cavidades pulpares:

a) Aumento da cavidade pulpar com o avanço da idade.

b) Reabsorção dentinária interna.

c) Deposição de dentina secundária.

d) Deposição de dentina terciária ou reparativa.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: FÁCIL

Alternativa A – FALSA. O aumento da cavidade pulpar com o avanço da idade é um fator que altera a morfologia da cavidade pulpar de um dente, pois quando o indivíduo chega à senilidade, há uma série de mudanças na morfologia interna e externa das unidades dentais; estas alterações são fisiológicas, porém modificam a anatomia dental. Uma destas mudanças é o aumento do tamanho da cavidade pulpar.

Alternativa B – FALSA. Quando há reabsorção denti-nária interna, há consequente aumento do tamanho da cavidade pulpar do dente, assim sendo, este fator modifica a morfologia da cavidade pulpar.

Alternativa C – FALSA. Deposição de dentina secun-dária é um fator que provoca alteração na morfologia interna das cavidades pulpares, havendo redução do espaço desta cavidade, já que este é preenchido parcialmente por dentina secundária. Esta deposição pode, inclusive, dificultar a execução de procedi-mentos odontológicos, como a endodontia.

Alternativa D – VERDADEIRA. A deposição de dentina terciária ou reparativa não afeta a morfologia interna do dente, pois esta deposição ocorre na superfície dental e não em seu interior. É, em geral, uma resposta reativa do dente à infecção pela cárie dental.

.05. (Prefeitura de Sorriso/MT – 2012 – GRUPO ATAME) Qual componente não faz parte do

periodonto?

a) Cemento radicular.

b) Osso alveolar.

c) Ligamento periodontal.

d) Complexo dentino-pulpar.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: FÁCIL

Alternativa A – FALSA. O cemento radicular é um importante elemento periodontal, revestindo toda a raiz e auxiliando na implantação e suporte da unidade dental. Alternativa B – FALSA. O osso alveolar é o elemento mais importante do periodonto, visto que, por meio deste, a unidade dental fica implantada no osso maxilar ou no mandibular. O osso alveolar e o alvéolo em si, só existem na dependência da existência do dente. A perda do dente leva à reabsorção do osso alveolar correspondente. Alternativa C – FALSA. O ligamento periodontal cons-titui o elemento mais importante da articulação entre o dente e o alvéolo dental, denominada de gonfose. O ligamento periodontal dá suporte ao dente dentro do alvéolo, sendo o elemento de união desta arti-culação.Alternativa D – FALSA. As unidades dentais de número 21 e 11 correspondem, respectivamente, ao incisivo central superior esquerdo e incisivo central superior direito. Estes dentes são anteriores e geralmente não possuem relação de proximidade com o asso-alho do seio maxilar. Alternativa E – VERDADEIRA. O complexo dentino--pulpar está localizado, anatomicamente, dentro da unidade dental, assim sendo, não faz parte do perio-donto (do latim: Peri, ao redor de; donto, dente).

.06. (Prefeitura de Santo André/SP – 2012 – CAI-PIMES) Existe um dente na cavidade oral

que apresenta cinco cúspides (3 vestibulares e 2 linguais). Estamos falando do:a) primeiro molar inferior.b) primeiro molar superior.c) segundo molar inferior.d) segundo molar superior.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: FÁCIL

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Alternativa A – VERDADEIRA. O Primeiro molar inferior é um dente que está inserido na mandíbula, loca-lizado anteriromente ao Segundo molar inferior e posteriormente ao segundo pré-molar inferior, de ambos os lados da arcada, havendo dois primeiros molares inferiores, um esquerdo e um direito, ou falando conforme padrão anatômico, ele localiza-se mesialmente (em relação ao plano médio da face) ao segundo molar inferior e distalmente (também considerando o plano médio da face) ao segundo pré-molar inferior de ambos os lados da boca. A função deste dente é a mesma dos demais molares e consiste em triturar os alimentos. Eles possuem, na maioria dos casos, 5 cúspides bem desenvolvidas: 2 no lado vestibular (mais próximo a bochecha ou vestíbulo), duas cúspides linguais (do lado que toca a língua) e uma cúspide distal (no lado que toca o segundo molar). Como ele está localizado no arco mandibular, normalmente se opõe ao primeiro molar superior e ao segundo molar superior, e conforme a oclusão ideal dos dentes, ele deve ter suas cúspides vestibulares tocando o sulco central dos molares superiores e sua cúspide mésio vestibular tocando o centro do primeiro molar superior e a cúspide disto vestibular tocando o centro do segundo molar, o que forma a chamada chave de oclusão de molares de classe I. Este dente, assim como os demais molares, não possui nenhum dente decíduo ou de leite que o preceda, irrompendo sem que ocorra a perda de nenhum dente.

Alternativa B – FALSA. O primeiro molar superior possui quatro cúspides. O Primeiro molar superior é um dente inserido na maxila. Este dente possui o tubérculo de carabelli, atual tubérculo do primeiro molar superior, que é uma extensão em sua face palatina.

Alternativa C – FALSA. O segundo molar inferior possui quatro cúspides.

Alternativa D – FALSA. O segundo molar superior é menor que o primeiro molar superior. Este dente, numa vista oclusal, descreve formato trapezoidal irregular e por vezes apresenta formato triangular quando há ausência da cúspide disto-lingual, fato não raro. As cúspides, constantemente em número de quatro, são denominadas de: mésio-lingual, mésio--vestibular, disto-lingual e disto-vestibular. O formato individual de uma cúspide é o de uma pirâmide de base quadrangular, com exceções. A cúspide disto--lingual apresenta menor volume que as demais. Os sulcos apresentam-se semelhantes ao primeiro molar superior, verificando-se diferença na presença patente de um sulco unindo as fossetas centrais e dista, dividindo a ponte de esmalte que conectaria

as cúspides mésio-lingual e disto-vestibular. A forma diversa, sem a cúspide disto-lingual, define alteração no desenho dos sulcos, divergindo do formato em H, para formato em T.

.07. (Prefeitura de Santa Maria/RS – 2012 – MS-CONCURSOS) Com relação à morfologia de

uma coroa anatômica, assinale a alternativa que representa o termo para a seguinte definição: “É o aumento ou protuberância no terço cervical da face lingual da coroa nos dentes anteriores”.

a) Sulco.

b) Mamelão.

c) Fossa.

d) Cíngulo.

e) Crista cervical.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: FÁCIL

Alternativa A – FALSA. Os sulcos de um dente são depressões, paralelas ao longo eixo do dente, loca-lizados nas faces vestibulares de dentes anteriores, mais frequentemente, em dentes jovens. Nos dentes posteriores, os sulcos estão na face oclusal.

Alternativa B – FALSA. O mamelão ou mamelões, pois são três, são segmentos das faces vestibulares, deli-mitados pelos sulcos de desenvolvimento. São os mamelões incisais.

Alternativa C – VERDADEIRA. O cíngulo é uma saliência ou protuberância de esmalte localizada no terço cervical, na face lingual ou palatina dos dentes ante-riores.

Alternativa D – FALSA. O ramo da mandíbula não é um elemento anatômico que pertença à unidade dental, é um elemento anatômico ósseo que compõe a mandíbula, sendo uma parte desta.

Alternativa E – FALSA. As cristas de um dente são saliências de esmalte. Nos dentes anteriores locali-zam-se nas porções proximais da face lingual, esten-dendo-se da borda incisal ao cíngulo. Nos dentes posteriores localizam-se nos terços proximais da face oclusal e unem as cúspides linguais às vestibulares.

.08. (Prefeitura de Magé/RJ – 2012 – FUNCAB) Segundo Soares e Goldberg (2011), o dente

mais longo da arcada dentária humana é:

a) canino superior.

b) primeiro pré-molar superior.

c) primeiro molar superior.

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d) primeiro molar inferior.

e) segundo pré-molar superior.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: FÁCIL

Alternativa A – VERDADEIRA. Um humano adulto tem normalmente 32 dentes, dezesseis na mandíbula e dezesseis na maxila. Os quatro incisivos, localizados à frente, cortam pedaços de comida não muito duros. Junto deles, estão os dois caninos, um de cada lado (sendo quatro no total). Por serem pontia-gudos, servem para dilacerar e perfurar. São dentes de anatomia conóide, os caninos superiores são os dentes mais longos da arcada dentária humana. Os incisivos e os caninos preparam uma quantidade de alimento para serem deglutidos. Os quatro pré-mo-lares e os seis molares cumprem as funções de cortar, esmagar e triturar.

Alternativa B – FALSA. Os pré-molares são dentes da mastigação, devido a sua parte oclusal. Possuem forma de pentágono, são menores que o canino, têm as suas bordas convergentes e as arestas mesial e distal são semelhantes. O 1º pré-molar é maior que o 2º pré-molar.

Alternativa C – FALSA. O Primeiro molar superior é um dente inserido no osso maxilar. Possui o tubérculo de carabelli. É um dente quadrado, largo e curto, não tendo raízes longas.

Alternativa D – FALSA. O Primeiro molar inferior é um dente que está inserido na mandíbula localizado à frente do Segundo molar inferior e atrás do segundo pré-molar inferior de ambos os lados da arcada, havendo dois primeiros molares inferiores, um esquerdo e um direito; ele localiza-se mesialmente (em relação ao plano sagital mediano) ao segundo molar inferior e distalmente ao segundo pré-molar inferior de ambos os lados da boca. A função deste dente é a mesma dos demais molares e consiste em triturar os alimentos. Eles possuem, na maioria dos casos, 5 cúspides bem desenvolvidas: 2 no lado vestibular (mais próximo a bochecha ou vestíbulo), duas cúspides linguais (do lado que toca a língua) e uma cúspide distal (no lado que toca o segundo molar). Como está localizado no arco mandibular, normalmente, se opõe ao primeiro molar superior e ao segundo molar superior e conforme a oclusão que estuda o encaixe ideal dos dentes, ele deve ter suas cúspides vestibulares ou do lado da bochecha tocando o sulco central dos molares superiores e sua cúspide mésio vestibular tocando o centro do primeiro molar superior e a cúspide disto vestibular tocando o centro do segundo molar, o que forma

a chamada chave de oclusão de molares de classe I. Este dente assim como os demais molares não possuem nenhum dente decíduo ou de leite que o preceda irrompendo sem que ocorra a perda de nenhum dente

Alternativa E – FALSA. Os pré-molares são dentes da mastigação, devido a sua parte oclusal. Possuem forma de pentágono, são menores que o canino, têm as suas bordas convergentes; as arestas mesial e distal são semelhantes. O 1º pré-molar é maior que o 2º pré-molar.

.09. (Prefeitura de Paranaguá/PR – 2012 – FAUEL) Com relação à musculatura da mastigação,

assinale a alternativa incorreta:

a) A ação do masseter é a de um poderoso elevador da mandíbula, fechando-a e exercendo uma poderosa pressão nos dentes.

b) O músculo pterigóideo lateral é sinergista para o masseter e, portanto, um elevador da mandí-bula.

c) O temporal é um músculo elevador da mandí-bula.

d) O bucinador puxa os cantos da boca, lateral e posteriormente.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: FÁCIL

Ô DICA DO AUTOR: A mastigação é sem dúvida a função mais importante do sistema estomatognático, sendo a fase inicial do processo digestivo, que se inicia na boca. Entende-se por mastigação o conjunto de fenômenos estomatognáticos que visa a degra-dação mecânica dos alimentos, isto é, a trituração e moagem dos alimentos, degradando-os em partí-culas pequenas que, logo após, ligam-se entre si pela ação misturadora da saliva, obtendo o bolo alimentar, apto para ser deglutido. Os músculos prin-cipais da mastigação são inervados pelo 3º ramo do nervo trigêmeo, chamado de ramo mandibular. Músculos e suas inervações:

• Masseter: Nervo masseterino e Nervo temporal profundo anterior

• Temporal: Nervo temporal profundo médio e Nervo temporal profundo posterior

• Pterigóideo medial: Nervo pterigóideo medial

• Pterigóideo lateral: Nervo pterigóideo lateral

Alternativa A – FALSA. Esta assertiva está correta. O masseter é a de um poderoso elevador da mandí-

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bula, fechando-a e exercendo uma poderosa pressão nos dentes. É um músculo carnoso e com dois ventres musculares: um superficial e um profundo.

Alternativa B – FALSA. O músculo pterigóideo lateral é realmente sinergista com o masseter e, portanto, um elevador da mandíbula.

Alternativa C – FALSA. A alternativa está correta. O músculo temporal é um elevador ou levantador (pela terminologia anatômica atual) da mandíbula, conferindo velocidade à mastigação.

Alternativa D – VERDADEIRA. Esta alternativa está incorreta, pois o músculo bucinador é um músculo da mímica ou da expressão facial (não um músculo da mastigação, apesar de auxiliar na mastigação), que tem a função de realizar o movimento de bochecho (com água ou líquidos) e de bocejo (ato de bocejar ao despertar, por exemplo). Ele não traciona os ângulos da boca.

.10. (Prefeitura de Presidente Prudente/SP – 2012 – SELETRIX)A cavidade pulpar situa-se

geralmente no centro dos dentes. Quais fatores po-dem modificar ou não, sua morfologia interna?

a) A idade do paciente não consegue modificar ao volume da câmara pulpar

b) Restauração profunda é fator que não modifica a morfologia interna da cavidade pulpar

c) Somente a cárie e o trauma dental podem modi-ficar a forma da cavidade pulpar

d) Cárie, abrasão e idade do paciente modificam a morfologia da cavidade pulpar.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: INTERMEDIÁRIO

Alternativa A – FALSA. A cavidade pulpar é o espaço no interior dos dentes onde se aloja a polpa. Esta cavidade reproduz a morfologia externa do dente, podendo se distinguir duas porções: uma coro-nária e outra radicular, respectivamente câmara pulpar e canal radicular. A idade do paciente é um fator que modifica o volume da câmara pulpar, pois nos pacientes pediátricos ocorrem constantes mudanças devidas ao processo de desenvolvimento da unidade dental e do individuo. Já nos indivíduos idosos, podem ocorrer mudanças devido ao depó-sito de dentina terciária.

Alternativa B – FALSA. Os principais fatores que modi-ficam a morfologia interna da cavidade pulpar são: deposição de dentina secundária, deposição de dentina terciária, calcificações distróficas, reabsor-

ções dentinárias, dens in dens, fusão/geminação e hipercementose. Restauração profunda é fator que modifica a morfologia interna da cavidade pulpar, pois geralmente leva à deposição de dentina secun-dária.

Alternativa C – FALSA. Como já foi citado anterior-mente, existem muitos fatores que podem modificar a morfologia da cavidade pulpar.

Alternativa D – VERDADEIRA. Cárie, abrasão e a idade do paciente podem modificar a morfologia da cavi-dade pulpar, pois todos estes processos modificam a coroa dental e provocam alterações e reações denti-nárias, assim, podem causar alterações da forma da cavidade pulpar como consequência.

.11. (Prefeitura de Bananeiras/PB – 2012 – EXA-MES) No planejamento de uma exodontia

é muito importante o conhecimento do número de raízes. Qual elemento abaixo é considerado trirra-diculado?

a) 14

b) 33

c) 45

d) 26

e) 36

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: FÁCIL

Ô DICA DO AUTOR: A raiz dentária é a parte de um dente compreendida entre o colo e o ápice. Encon-tra-se inserida no processo alveolar e está revestida por cemento. Uma raiz pode ser única ou dividida em vários ramos, usualmente identificadas pela sua posição relativa, por exemplo, raiz lingual ou raiz vestibular. Os dentes que apresentam uma única raiz são os primeiro e segundo pré-molares mandi-bulares e o segundo pré-molar maxilar. O primeiro pré-molar maxilar apresenta duas raízes na maioria dos casos. Os molares maxilares apresentam três raízes.

Alternativa A – FALSA. O dente 14 é o primeiro pré-molar inferior direito que, normalmente, é unir-radicular.

Alternativa B – FALSA. A unidade dental 33 é o canino inferior esquerdo. Na morfologia normal, os caninos possuem apenas uma raiz, geralmente longa, quando são caninos superiores.

Alternativa C – FALSA. O dente 45 é o segundo pré-molar inferior direito. Os pré-molares inferiores têm, em geral, apenas uma raiz.

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c) A posição mais fechada da maxila em relação à mandíbula é a máxima intercuspidação habitual.

d) A guia canina é um determinante fixo da oclusão.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: DIFÍCIL

Alternativa A – FALSA. A assertiva está correta, pois uma lesão no músculo pterigoideo lateral, poderá causar alterações no movimento de protrusão e lateralidade, já que este músculo é responsável por estes movimentos. Quando há contração bilateral dos pterigoideos laterais, ocorre a protrusão da mandí-bula (outros músculos da mastigação também estão envolvidos neste movimento); quando há contração unilateral deste músculo, ocorre o movimento de lateralidade.

Alternativa B – VERDADEIRA. A assertiva de letra B está incorreta, pois a articulação temporomandibular (ATM) possui a seguinte inervação: inervação sensi-tiva geral (dor, temperatura, pressão, propriocepção) é promovida pelo nervo auriculotemporal (ramo do nervo trigêmeo); a inervação motora é dada pelo nervo mandibular (ramo do nervo trigêmeo que possui componentes motores para os músculos da mastigação). A alternativa B também está incorreta-mente redigida, pois ela afirma que “A ATM é iner-vada pelo mesmo nervo que fornece inervação motora e sensorial aos músculos que controlam o nervo trige-minal”. Não existem músculos que controlam um nervo e, sim, o oposto. Nervos motores comandam o movimento de músculos.

Alternativa C – FALSA. A alternativa C está correta, pois se denomina de máxima intercuspidação a posição mais fechada da maxila em relação à mandíbula, com os dentes em oclusão.

Alternativa D – FALSA. A guia canina é sim um deter-minante fixo da oclusão. No movimento de laterali-dade a ponta da cúspide do canino inferior desliza na superfície palatina do canino superior, até que as pontas dos dois caninos se tocam. Como os caninos são os maiores dentes do arco dental (em sentido cervico-incisal) os demais dentes irão desocluir. Resu-mindo, os caninos guiam a desoclusão dos outros dentes.

12. MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO

.30. (Prefeitura de Paranaguá/PR – 2012 – FAUEL) “Saindo de dentro da porção apical do ca-

nal principal, termina diretamente no pericemento apical”.

O texto acima se refere ao canal:

a) Principal.

b) Adventício.

c) Secundário.

d) Acessório.

|COMENTÁRIOS|.

Grau de dificuldade: INTERMEDIÁRIO

Alternativa A – FALSA. A cavidade pulpar é o espaço no interior dos dentes onde se aloja a polpa. Esta cavidade reproduz a morfologia externa do dente, podendo se distinguir duas porções: uma coronária e outra radicular, respectivamente câmara pulpar e canal radicular. O Canal Radicular é formado por dois cones truncados unidos pelo seu ápice: um dentinário que se abre para cervical e um cemen-tário que se abre para apical. Geralmente seguem o trajeto externo da raiz. A porção apical pode-se abrir na forma de um delta, por onde entra o feixe vásculo-nervoso. Os canais apresentam variações anatômicas. Dependendo da localização, estas ramificações recebem diferentes denominações: canal principal, canal lateral, canal secundário, interconduto, canal cavo e canal recorrente. O canal principal, como diz a questão, é o canal de onde partem os demais tipos de canais, assim sendo, ele não pode sair de si próprio, então a alternativa A está incorreta.

Alternativa B – FALSA. O canal adventício ou lateral é o canal que sai do canal principal e vai em direção ao periodonto adjacente, geralmente em direção à superfície externa do dente.

Alternativa C – VERDADEIRA. O canal secundário é aquele que sai da porção apical do canal principal e desemboca diretamente no pericemento apical.

Alternativa D – FALSA. Canal acessório é aquele que deriva de um canal secundário para terminar na superfície externa do cemento apical.

Ô RESUMO PRÁTICO

Este capítulo, é destinado a responder e comentar questões sobre Anatomia da Cabeça e do Pescoço, como é denominada esta disciplina na maior parte das Faculdades de Odontologia do país. Ao analisar um banco de dados distinto e variado, contendo questões específicas desta disciplina, observamos que alguns tópicos obtiveram maior frequência, sendo estes, em ordem crescente de prevalência nas

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provas de concursos das Secretarias de Saúde para o cargo Dentista:

• Morfologia dental;

• Inervação;

• Osteologia;

• Músculos da mastigação;

• Variações anatômicas e anomalias dentárias;

• Articulação temporomandibular (ATM).

Existiram ainda assuntos menos frequentes, mas não menos relevantes, tais como: esplancnologia (tecidos moles e vísceras), miologia (músculos da expressão facial e supra e infra-hióideos), estrutura do perio-donto, vascularização da cabeça e do pescoço, dentre outros, que serão comentados mais resumi-damente.

MORFOLOGIA DENTAL

A palavra Anatomia é originária do grego ("ana" significando, em partes) e do latim ("tomein" signifi-cando, cortar, incisar). Trata-se da ciência que, tendo por base os métodos de dissecação e corte, estuda a organização estrutural dos seres vivos, por isso também pode ser denominada Morfologia.

A Anatomia Humana é muito abrangente e, portanto possui divisões, dependendo da área da saúde ou especialidade a que seu estudo esteja destinado. Desta maneira, tem-se a Anatomia da Cabeça e do Pescoço, direcionada ao curso de Odontologia, onde é imperativo o domínio do conhecimento a cerca da anatomia como um todo, porém deve ser, ainda mais profundo, o conhecimento da morfologia da cabeça e do pescoço. Dentro da Anatomia da cabeça e do pescoço, temos a Anatomia Oral, referente a esta região da cabeça. Sendo ainda mais específicos, temos a Anatomia Dental ou Morfologia dental, que estuda a forma do elemento dentário e suas varia-ções anatômicas.

Alguns animais possuem uma única dentição, outros possuem várias dentições e existem aqueles animais que, como nós, humanos, possuímos duas denti-ções. Os animais que possuem uma única dentição são denominados monofiodontes (do grego "mónos", 'único’ + "phýo", 'nascer' + "odonto", 'dente') que, como exemplos, poder-se-ia citar baleia, tatu e bicho-preguiça. Os que possuem várias dentições são chamados de polifiodontes (do grego “poli”, ‘muitos’ + "phýo", 'nascer' + "odonto", 'dente'). Entre estes estão, por exemplo, peixes, que, na maioria das espécies, apresentam centenas de dentições e os répteis como os crocodilos que apresentam

cerca de 25 dentições. Os animais que, como nós e os mamíferos domésticos, possuímos duas dentições são conhecidos como difiodontes (do grego “di”, ‘dois’ + "phýo", 'nascer' + "odonto", 'dente').

A primeira dentição, que começa a se formar por volta dos seis meses de idade, completando-se por volta dos três anos, é chamada dentição primária, decídua, temporária, infantil, de leite, entre outros.

O nome popular ‘de leite’ se deve à cor fortemente esbranquiçada destes elementos; e o nome ‘decídua’ é inspirado em certas plantas das florestas tempe-radas, as quais perdem suas folhas anualmente, no outono e inverno, renovando-as na primavera e verão (Do latim "decidùu-", 'que cai; caído'). Nesta dentição existem normalmente 20 dentes (sendo dez na arcada superior e dez na inferior). A segunda dentição, que começa a se formar por volta dos seis anos, completando-se aproximadamente aos treze anos, é denominada dentição permanente ou secundária. Nesta dentição existem, normalmente, 32 dentes sendo dezesseis em cada arcada.

Alguns animais possuem todos os seus dentes morfologicamente semelhantes e são denomi-nados homodontes (do grego “homos”, ‘semelhante’ + “odonto’, ‘dente’); e outros, como nós, temos dentes com formatos variados e somos denomi-nados heterodontes (do grego “hetero”, ‘diferente’ + “odonto’, ‘dente’). Os animais homodontes apre-sentam, portanto, todos os dentes da mesma forma, variando apenas pelo volume. Os dentes, nestes animais, servem para apreender a presa e depois degluti-la. São exemplos de animais homodontes, a maioria dos peixes, os crocodilianos, os ofídios e alguns mamíferos da subordem Odontoceti (golfinho e o cachalote).

OS GRUPOS DENTÁRIOS HUMANOS

Nós humanos, que, como os mamíferos domésticos (gato, cachorro, etc), somos heterodontes, apre-sentamos os dentes morfologicamente diferentes, divididos em grupos, com funções diferentes para cada grupo. Trata-se, portanto, de uma adaptação evolutiva. O ato de mastigar é como uma linha de produção. Cada um de nossos dentes, com suas formas variadas e diferentes, têm funções especí-ficas e distintas neste ato. Uns são responsáveis por cortar em pedaços o alimento; outros são responsá-veis por picar estes pedaços; e, por fim, outros são responsáveis por moer tais pedaços até transformar o alimento triturado em um bolo, o bolo alimentar. A falta de um destes dentes pode levar à dificuldade de formação do bolo alimentar, permitindo que

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parte do alimento seja deglutida em "pedaços", cujas porções internas não sofrerão a ação das enzimas digestivas, sendo descartados pelo corpo com toda a sua riqueza energética desprezada, vitaminas e sais minerais. Assim, há prejuízo para a saúde global do indivíduo quando ele apresenta a perda de um ou mais destes elementos.

Costuma-se considerar dentro das funções dos dentes, quatro aspectos característicos: apreensão, incisão, dilaceração e trituração. Os grupos dentais humanos, especializados nas funções acima, são denominados incisivos, caninos, pré-molares e molares. A incisão dos alimentos, ou ato de cortá-los em partí-culas menores, é realizada pelos dentes situados anteriormente na boca, cujo conjunto é denominado dentes incisivos. Os incisivos são dentes espatulados e cuneiformes, que possuem uma borda cortante e situam-se imediatamente posteriores aos lábios, os quais funcionam como suporte, evitando que os inci-sivos se desloquem anteriormente. A dilaceração dos alimentos, ou o ato de rasgar e reduzir as substâncias alimentares a partículas menos compactas, é reali-zada pelo grupo de quatro dentes: os caninos, que seguem aos incisivos na sequência normal dos dentes nas arcadas dentárias. Os caninos são pontiagudos e tem volume maior que os incisivos. Distinguem-se destes por terem borda cortante, dividida em dois segmentos distintos por uma ponta nítida, que ultra-passa o plano incisal normal dos dentes espatulados. Os dentes anteriores, incisivos e caninos, além das suas funções até agora mencionadas, desempenham função importante na estética orofacial. A perda de parte ou de todos os dentes anteriores ocasiona profundas modificações não só no esqueleto facial, como também nas partes moles que o recobrem. Os lábios e as bochechas se deslocam posteriormente (para a cavidade oral) devido ao fato de perderem seus elementos de suporte, produzindo-se um carac-terístico enrugamento vertical.

A trituração dos alimentos é feita pelos pré-molares e pelos molares. Se a simplicidade de forma, adaptada à função, é uma característica dos dentes anteriores, a complexidade é que se sobressai nos posteriores. A morfologia dos dentes complica-se à medida que retrocedemos na arcada dentária. Este fato deve-se à presença de saliências, sulcos e depressões mais ou menos acentuadas, que tornam os pré-molares e molares aptos a desempenharem suas funções de verdadeiras mós (daí o nome ‘molar’) ou de um pistilo no gral, devido ao ato de reduzirem substân-cias alimentares a partículas mais facilmente deglutí-veis e digeríveis.

AS CINCO FACES DOS DENTES

Na descrição das faces e dos detalhes anatômicos dos dentes é muito usado os conceitos de ângulos diedros e triedros. A palavra diedro vem do grego ("di", 'dois', 'duas vezes' + "hedra", 'plano') signi-ficando "que tem duas faces" e, em geometria, é "ângulo formado por dois semi-planos com reta comum" ou "ângulo de duas faces". Analogamente “triedro é um ângulo formado por três semiplanos com ponto comum”. Os dentes permanentes possuem uma coroa que pode ser inscrita num sólido geomé-trico. Se considerarmos as formas geométricas, que, mais exatidão têm para caracterizar as diferentes formas de coroas, podemos dizer que os anteriores (incisivos e caninos) se enquadram mais em sólidos cuneiformes (figura A da imagem abaixo), enquanto que os pré-molares e molares se enquadram mais nos sólidos rombóides (respectivamente figuras B e C da imagem abaixo).

A face dos dentes pré-molares e molares que ocluem com os da arcada antagônica, é denominadade face oclusal. Nos dentes anteriores (incisivos e caninos) essa face não é tão evidente e, neste caso, é prefe-rível falar em borda ao invés de face para essa aresta cortante (que lembra um diedro) ou ápice de uma cunha. Assim cada coroa de dentes posteriores tem 12 ângulos diedros e 8 ângulos triedros (confira com as figuras B e C acima).

Dessa forma os dentes possuem as seguintes faces:

1. Face vestibular (V): voltada para o vestíbulo da boca e que mantém relação com os lábios e bochechas

2. Face lingual (L): voltada para a cavidade oral propria-mente dita e que mantém relação com a língua (nos dentes superiores essas faces são denominadas face palatina (P) devido às suas relações com o palato

3. Faces proximais: são as faces de contato entre dois dentes vizinhos na arcada dentária, sendo: Face mesial (M): a mais próxima voltada para o plano sagital mediano e Face distal (D): a face oposta à mesial

4. Faces oclusais (O): são as faces que entram em contato quando os dentes entram em oclusão.

Nota: para os dentes anteriores é comum chamar-se as faces oclusais de bordas incisais ou caninas, mas continua-se a representá-las pela letra O.

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DIVISÃO DA COROA EM TERÇOS

As várias faces da coroa dental (e as raízes) são divididas em terços (segmentos), tornando mais fácil a localização de certos acidentes anatômicos, a descrição de lesões, bem como a comunicação falada. Os terços são denominados de acordo com a sua localização. A tabela e a figura abaixo mostram a divisão em terços, em um dente posterior inferior e um dente anterior superior:

a) Face oclusal: no sentido mésio-distal: terços mesial, médio e distal; no sentido vestíbulo-lingual: terços vesti-bular, médio e lingual.

b) Faces vestibular e lingual: no sentido gengivo-oclusal: terços gengival ou cervical, médio e oclusal; no sentido mésio-distal: terços mesial, médio e distal

c) Faces mesial e distal: no sentido gengivo-oclusal: terços gengival ou cervical, médio e lingual; no sentido vestíbulo lingual: terços vestibular, médio e lingual.

d) Raízes: para as raízes só interessa a divisão no sentido vertical, isto é, do longo eixo do dente: no sentido cérvi-co-apical: terços cervical, médio e apical.

FACE OCLUSAL

Para as faces oclusais devemos atentar para as seguintes formações: cúspide, sulco, fosseta e crista que serão agora examinados. Ao olharmos as faces oclusais dos dentes posteriores (pré-molares e molares), constatamos a presença de saliências que são denominadas cúspides. Estas formações são separadas umas das outras por depressões que simulam ‘vales’ denominados sulcos. Ao longo dos trajetos tortuosos dos sulcos encontramos também escavações chamados fossetas. A presença dos sulcos e fossetas tem implicações clínicas: os primeiros dentes a serem cariados são os posteriores (molares e pré-molares) devido a esses relevos que favorecem a instalação de lesões cariosas.

MORFOLOGIA DAS CÚSPIDES

A morfologia das cúspides dá origem à classificação dos dentes em bi, tri, tetra e pentacuspidados, ficando reservado o nome unicuspidados para os dentes caninos, os quais (segundo alguns) têm suas coroas constituídas por essa formação. As faces oclusais são verdadeiras faces de equilíbrio morfo-funcional e uma das responsáveis pela integridade das arcadas dentárias, graças ao engrenamento das cúspides antagônicas na oclusão normal. São elementos funcionalmente valiosos na trituração dos alimentos. As cúspides tomam parte na constituição de uma parte ativa da mastigação, a qual, paulatina-mente, vai-se desgastando.

Cada cúspide é uma pirâmide de base quadran-gular e, assim sendo, tem detalhes bem definidos que devem ser corretamente interpretados: quatro faces ou planos inclinados, que se unem entre si por intermédio de arestas ou bordas, e que convergem para um ponto comum ou ápice, o qual se localiza do lado oposto à base. Quando o dente está em posição anatômica na arcada dentária, é a aresta (e não a face) de cada cúspide que fica voltada para os lados lingual e vestibular.

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CRISTAS MARGINAIS

As cristas são elevações lineares que unem cúspides ou que reforça a periferia de certas faces dos dentes. Podem ser:

• Cristas marginais - Estas se encontram sempre presentes nas faces oclusais dos dentes poste-riores (são as cristas marginais mesial e distal); e nas faces linguais dos dentes anteriores; são quase verticais, localizando-se entre a face lingual e as faces de contato;

• Cristas longitudinais - Estas nem sempre presentes e quando aparecem se situam nas faces oclu-sais unindo as cúspides linguais entre si e/ou as cúspides vestibulares;

• Cristas oblíquas (ou ponte de esmalte). Estas atra-vessam em diagonal as faces oclusais dos molares superiores e unem as cúspides mesiolingual e disto-vestibular.

Legenda

1. Vértica da cúspide

2. Aresta longitudinal

3. Aresta transversal

4. Sulco vestibular

5 Sulco lingual

6. Sulco mésio-distal

7. Crista marginal transversal

8. Sulco secundário de escape

9. Vertente triturante ou oclusal

10. Vertente lisa ou vestibular

11. Esmalte

Divisão anatômica do dente

Anatomicamente, o dente é formado por três partes distintas: coroa, colo e raiz. A coroa dentária é a porção visível e funcional na mastigação e seu aspecto distingue-se de imediato das demais partes. Ela é brilhante e visível clinicamente, dentro da cavi-dade oral. A fixação do dente no osso se dá através da raiz nos alvéolos dentais, no interior do osso alve-olar. Esta implantação, que é uma articulação fibrosa, simula um prego encravado na madeira, ou um pino, é denominada de gonfose (do grego “gonphos” quer dizer ‘prego’). Além de suas funções como elemento fixador, a raiz dentária suporta o impacto das forças mastigatórias, graças às suas relações com as paredes do alvéolo dentário através de fibras do desmodonto (tecido conjuntivo fibroso que une o dente ao alvéolo = articulação fibrosa). A raiz nem sempre é única, assim temos dentes:

Unirradiculares

Birradiculares

Trirradiculares

Polirradiculares (variações anatômicas)

Há muito a ser considerado quando se fala em morfo-logia dentária, contudo, o objetivo deste texto é fazer um resumo dos principais aspectos sobre a anatomia dental. Este tema é recorrente em concursos públicos para cargo de Odontólogo, portanto, recomendamos que o leitor busque sempre revisá-lo.

INERVAÇÃO

Quando pensamos em inervação da cabeça e do pescoço, não podemos nos esquecer dos nervos cranianos (12 pares de nervos que estão conectados diretamente ao encéfalo, mais precisamente ao tronco encefálico). Mas se quisermos ser mais espe-cíficos e pensarmos no suprimento nervoso da face, não podemos deixar de aprofundar a leitura sobre o quinto par craniano, o nervo trigêmeo, conhecido coloquialmente como “o nervo dos dentistas” e sobre o nervo facial (VII par craniano).

Esta parte do resumo pretende abordar a inervação da cabeça e do pescoço, com ênfase na inervação da face (que é a área de atuação do Cirurgião Dentista), mais precisamente relembrando os nervos cranianos, seu território de inervação e aprofundando a temá-tica em relação ao V e ao VII pares cranianos.

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Os nervos cranianos

Nervos cranianos

I. Olfatório

II Óptico

III Oculomotor

IV Troclear

V Trigêmeo

VI Abducente

VII Facial

VIII Vestibulococlear

IX Glossofaríngeo

X. Vago

XI Acessório

XII Hipoglosso

GENERALIDADES

Os nervos cranianos constituem 12 pares de homólogos que estão conectados ao crânio (encéfalo);

Emergem no tronco encefálico, exceto os nervos olfatório e óptico, que emergem respectivamente do telencéfalo e do diencéfalo;

Podem ser motores, sensitivos ou mistos;

Possuem maior complexidade que os nervos espinais, devido à sensibilidade especial;

Possuem uma Origem real e uma origem aparente;

O Nervo trigêmeo

• É formado por três grandes nervos sensitivos: nervo oftálmico (V1), nervo maxilar (V2) e nervo mandibular (V3) e por uma raiz motora;

• É um nervo misto: motor para os músculos da mastigação e sensitivo para a face e parte ante-rior do crânio;

• Possui uma raiz sensitiva (neurônios sensitivos do gânglio trigeminal) e uma raiz motora (neurônios motores no tronco encefálico – na ponte).

Ramos ou divisões do nervo trigêmeo

Nervo oftálmico (sensitivo)

Nervo maxilar (sensitivo)

Nervo mandibular (misto)

Raiz sensitiva do nervo trigêmeo

É a maior porção do V par;

Responsável pela sensibilidade somática geral da cabeça;

Suas fibras conduzem impulsos exteroceptivos, sensibili-dade geral (temperatura, dor, pressão e tato);

Proprioceptivos (proprioceptores localizados nos dentes, nos mm. da mastigação e nas ATM);

Raiz motora do nervo trigêmeo

As suas fibras acompanham o nervo mandibular (misto);

Inerva os músculos da mastigação: masseter, temporal, pterigóideo medial e lateral;

Inerva também o músculo milo-hióideo e o ventre ante-rior do músculo digástrico;

Núcleos do V par

São 4 → 1 motor e 3 sensitivos;

Motor: localizado na ponte, no núcleo motor do nervo trigêmeo;

Sensitivos: núcleo espinal, núcleo principal ou pontino, e núcleo mesencefálico;

Nervo oftálmico (V1)

Penetra na órbita pela fissura orbitária superior;

Inerva as partes superficiais e profundas da região supe-rior da face (globo ocular, glândula lacrimal, conjuntiva, mucosa nasal, região frontal, couro cabeludo, pálpebra sup. e parte do nariz);

Ramos: n. nasociliar, n. frontal e n. lacrimal ;

Nervo maxilar (V2)

Deixa o crânio pelo forame redondo, penetra na fossa pterigopalatina da qual sai pela fissura pterigomaxilar. Penetra na fossa infratemporal e na órbita, pela fissura orbitária inferior e se continua como n. infra-orbital (ramo terminal);

O nervo infra-orbital emerge na face pelo forame infra--orbital e inerva o terço médio da face;

Ramos: n. meníngeos, Nn. alveolares superiores poste-rior, médio e anterior (seio maxilar e dentes superiores), ramos faciais (nariz, pálpebra inferior e lábio superior);