Análise comparativa da utilização de dois equipamentos ... · FERREIRA COSTA, Matheus Henrique...
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR - DES
ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA
ANÁLISE COMPARATIVA D A UTILIZAÇÃO DE DOIS
EQUIPAMENTOS PARA PA RTIDA DIRETA DE MOTORES
ELÉTRICOS TRIFÁSICOS DE INDUÇÃO ROTOR GAI OLA DE
ESQUILO: INVERSORES DE FREQUÊ NCIA X CHAVES DE
PARTIDA ESTÁTICA (SOFT-STARTER)
Matheus Henrique Ferreira Costa
Belo Horizonte, 29 de agosto de 2014
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGIC A DE MINAS GERAIS – Cefet -MG DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERI OR - DES ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA Av. Amazonas, 7675 – Nova Gameleira – Belo Horizonte – MG – Brasi l Telefone: (31) 3319-6838 – E-mai l : ceie@des .cefetmg.br
Matheus Henrique Ferreira Costa
ANÁLISE COMPARATIVA D A UTILIZAÇÃO DE DOIS
EQUIPAMENTOS PARA PA RTIDA DIRETA DE MOTORES
ELÉTRICOS TRIFÁSICOS DE INDUÇÃO ROTOR GAI OLA DE
ESQUILO: INVERSORES DE FREQUÊ NCIA X CHAVES DE
PARTIDA ESTÁTICA (SOFT-STARTER)
Texto do Trabalho de Conclusão de Curso
submetido à banca examinadora designada
pelo Colegiado do Departamento de
Engenharia Elétrica do Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais, como
parte dos requisitos necessários à obtenção
do grau de Bacharel em Engenharia Elétrica.
Área de Concentração: Máquinas Elétricas
Orientador: José Pereira da Silva Neto
Instituição: Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais – Cefet-MG
Belo Horizonte
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
2014
Matheus Henrique Ferreira Costa Texto do Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Elétrica, submetido ao professor da disciplina Prof. PhD. Eduardo Henrique da Rocha Coppoli, e à banca examinadora composta por professores do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – Cefet-MG.
____________________________________________________ Matheus Henrique Ferreira Costa
Aluno
____________________________________________________ Prof. José Pereira da Silva Neto
Professor Orientador
____________________________________________________ Prof. MSc. Marcos Fernando dos Santos
Membro da banca examinadora
____________________________________________________ Prof. PhD. Eduardo Gonzaga da Silveira
Membro da banca examinadora
____________________________________________________ Prof. PhD. Eduardo Henrique da Rocha Coppoli
Professor da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso
FERREIRA COSTA, Matheus Henrique
Análise comparativa da utilização de dois equipamentos para partida direta de motores elétricos trifásicos de indução rotor gaiola de esquilo: inversores de frequência x chaves de partida estática
(soft-starterer)
Orientador: Prof. José Pereira da Silva Neto
Belo Horizonte, agosto de 2014. 82 páginas
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Federal de Educação Tecnológico de Minas Gerais para a obtenção do grau de Bacharel em Engenheira Elétrica.
“Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre os ombros dos gigantes.”
Isaac Newton
Agradecimentos
À Deus, Primeiro Cientista, que convida o homem a participar da imensa obra de
criação e descobrimento do Universo.
Aos meus amigos e irmãos espirituais, por me guiarem ao longo desse meu caminho
terreno e por me proporcionarem sabedoria e evolução.
Aos meus pais, Celma e Adilson, por terem me proporcionado as melhores opções de
ensino, dentro de suas possibilidades, e à minha irmã Ludmila, pela nossa convivência.
À minha esposa Marcele, que sempre me acolheu e me incentivou com muito amor,
carinho e sua doçura inata. E aos seus familiares que tão bem me acolheram também.
Ao meu orientador, o Prof. José Pereira da Silva Neto, pelo profissionalismo,
determinação, amizade e solicitude durante todas as etapas deste trabalho.
Aos amigos de batalha diária no Cefet, pelos momentos vividos, pelas amizades
construídas e pela inegável participação nessa minha conquista.
À todos os colegas profissionais com os quais convivi em todos os lugares que
trabalhei. Serei eternamente grato pelos ensinamentos gratuitos que me foram dados.
Ao sofrido Povo Brasileiro, muitas vezes sem o mínimo direito de acesso à Escola, que
com seu suor e impostos me permitiram atingir este estágio de educação.
i
Resumo
Nos mais diversos ramos do setor industrial, diferentes tipos de acionamento são
necessários para partir e parar as máquinas elétricas. A carga mecânica exige um dado
conjugado mecânico numa dada velocidade que podem variar ao longo do tempo sem
provocar "desconforto" mecânico. Da mesma forma, o motor elétrico deve atender o
comportamento da carga causando o menor "transtorno" possível ao sistema elétrico ao
qual está conectado, com uma preocupação de reduzir perdas para aumentar a eficiência do
conjunto. A escolha do motor e de seus dispositivos de partida e parada, mesmo
influenciada por aspectos ambientais, está diretamente relacionado a carga mecânica a ser
acionada e ao impacto dela no sistema
Para realização dessa partida suave, dois equipamentos destacam-se enormemente: os
inversores de frequência e as chaves de partida estática soft-starter.
Tais equipamentos apresentam efeitos muito benéficos nas aplicações a que se destinam.
Velocidades baixas significam ciclos menores dos rolamentos, ventoinhas e outros
elementos girantes (portanto, fadiga minimizada). A “partida suave” de um motor elimina os
altos esforços causados pela partida direta nos enrolamentos estatóricos e nas barras do
rotor, influenciando positivamente sua vida útil, quando adequadamente aplicada. Apesar
de notório que os inversores de frequência possuem uma maior aplicabilidade se
comparados às chaves de partida soft-starter, em alguns casos esta última apresenta-se
como uma opção economicamente mais viável que a primeira. Todavia, existem alguns
poucos fatores relevantes que devem ser levados em consideração quando do uso de
motores com acionamento, embora sejam fatores bem administráveis e definidos. Ao longo
deste trabalho, discutiremos a importância de cada um deles e procuraremos identificar qual
o melhor equipamento para determinada aplicação e, ao final, esperamos poder minimizar
as dúvidas sobre a aplicação de um ou outro equipamento a partir de uma abordagem
adequada desses fatores já na especificação técnica.
ii
Abstract
In various branches of industry, different types of actuation are necessary to start and stop
the electrical machines. The mechanical load requires a certain mechanical torque at a given
speed that can vary over time without causing "discomfort" mechanic. Likewise the electric
motor must meet the load behavior causing the least possible to the electrical system
"disorder" which is connected with a preoccupation to reduce losses to increase the
efficiency of the whole. The choice of engine and its devices starting and stopping, even
influenced by environmental aspects, is directly related to the mechanical load to be driven
and its impact on the system.
For realization of this soft starter two equipments stand out greatly: AC drives and keys
starting soft-starter.
Such devices have very beneficial effects on the intended applications. Low speeds mean
lower cycles of bearings, fans and other rotating elements (thus minimized fatigue). The
"soft-starter" of a motor eliminates the high stresses caused by direct stator windings and
starting the rotor bars, positively influencing your life, when properly applied. Despite
apparent that the frequency inverters have a wider applicability compared to the keys
starting soft-starter, in some cases the latter presents itself as a more viable option than the
first. However, there are a few important factors that must be considered when using
motors with drive, although they are well defined and manageable factors. Throughout this
paper, we discuss the importance of each of them and try to identify what the best
equipment for a given application and, in the end, we hope to minimize the questions on the
application of one or other equipment from a suitable approach these factors have on
technical specification.
iii
Sumário
Agradecimentos .................................................................................................................... v Resumo .............................................................................................................................. vi Abstract ............................................................................................................................. vii Sumário............................................................................................................................. ..... viii Lista de Figuras......................................................................................................................... xi Lista de Tabelas .................................................................................................................. xii Lista de Símbolos ............................................................................................................... xiii Lista de Abreviações.........................................................................................................xiv
Capítulo 1 - Introdução ........................................................................................................ 16
1.1. Relevância do tema ................................................................................................... 16
1.2. Objetivos do trabalho ................................................................................................ 17
1.3. Organização do texto ................................................................................................. 17
Capítulo 2 – Motores Elétricos ............................................................................................ 18
2.1. Introdução ................................................................................................................. 18
2.2. Tipos de motores elétricos ......................................................................................... 19
2.3. Motores de indução trifásicos rotor gaiola de esquilo ................................................ 20
2.3.1. Funcionamento do motor de indução trifásico .................................................. 22
2.3.2. Análise do campo magnético e das correntes trifásicas ..................................... 24
2.4. Sincronismo de motores ............................................................................................ 26
2.5. Motores de corrente contínua ................................................................................... 27
2.5.1. Análise comparativa: motores CA x motores CC ................................................ 29
2.6. Critérios para seleção de motores ............................................................................. 30
Capítulo 3 – Acionamentos Elétricos ................................................................................... 32
3.1. Introdução ................................................................................................................. 32
3.2. Tipos de acionamentos para motores de indução ...................................................... 32
iv
Capítulo 4 – Inversores de Frequência ................................................................................ 38
4.1. Introdução ................................................................................................................. 38
4.2. Blocos componentes de um inversor de frequência ................................................... 38
4.3. Diagrama de blocos de um inversor de frequência .................................................... 40
4.4. Funcionamento de um inversor de frequência ........................................................... 41
4.4.1. Modulação por largura de pulso (PWM) ............................................................ 42
4.5. Classificação dos inversores de frequência ................................................................ 43
4.5.1. Controle escalar (Volts/Hz) ................................................................................ 44
4.5.1.1. Características do controle escalar ............................................................. 45
4.5.2. Controle vetorial ............................................................................................... 46
4.5.2.1. Características do controle vetorial ............................................................ 47
4.5.2.2. Curvas torque x velocidade e corrente x velocidade .................................. 48
4.5.3. Análise comparativa: controle escalar x controle vetorial .................................. 40
4.6. Funções parametrizáveis de um inversor de frequência ............................................ 50
4.6.1. Tipos de frenagem de um inversor de frequência .............................................. 51
4.7. Aplicação em controle de processos .......................................................................... 54
4.7.1. Aplicação em economia de energia ................................................................... 54
Capítulo 5 – Soft-starter ...................................................................................................... 56
5.1. Introdução ................................................................................................................. 56
5.2. Princípio de funcionamento de uma soft-starter........................................................ 57
5.2.1. Circuito de controle de uma soft-starter............................................................ 60
5.3. Acionamento de uma soft-starter .............................................................................. 61
5.4. Funções parametrizéveis de uma soft-starter ............................................................ 65
5.5. Aplicação em economia de energia ........................................................................... 70
Capítulo 6 – Estudo de caso: comparativo entre aplicações dos inversores de frequência e
chaves de partida estática (soft-starter) ............................................................................. 71
6.1. Introdução ................................................................................................................. 71
6.2. Cargas típicas acionadas por inversores de frequência e soft-starter ........................ 71
6.3. Caracterização das diferenças de aplicação ............................................................... 74
6.4. Cotação de preços .................................................................................................... 75
6.5. Estudos para aplicação dos métodos de partida ....................................................... 77
v
Capítulo 7 - Conclusões ....................................................................................................... 79
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 81
vi
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Tipos de motores elétricos........................................................................................................19
Figura 2.2 – Motor de indução trifásico .......................................................................................................20
Figura 2.3 – Circuito equivalente por fase de uma máquina assíncrona com escorregamento S, com
secundário (rotor) não referido ao primário (estator) ..................................................................................23
Figura 2.4 – Espiras de mesma impedância, defasadas em 120° ...................................................................25
Figura 2.5 – Componentes fasoriais do campo magnético B1, B2, B3, e campo magnético resultante BR ......25
Figura 2.6 – Correntes trifásicas de mesmo módulo, defasadas em 120° ......................................................26
Figura 2.7 – Motor de Corrente Contínua – Alimentação de Armadura e Campo com fontes diferentes .......28
Figura 3.1 – Partida direta de um motor de indução trifásico .......................................................................33
Figura 3.2 – Partida estrela-triângulo de um motor de indução trifásico .......................................................34
Figura 3.3 – Partida compensadora (autotransformador) de um motor de indução trifásico .........................35
Figura 3.4 – Partida série-paralelo de um motor de indução trifásico ...........................................................36
Figura 4.1 – Blocos componentes de um inversor de frequência ..................................................................39
Figura 4.2 – Diagrama de blocos de um inversor de frequência ....................................................................40
Figura 4.3 – Construção eletrônica de um inversor de frequência ................................................................41
Figura 4.4 – Modulação por Largura de Pulso ..............................................................................................42
Figura 4.5 – Curvas características corrente x velocidade e torque x velocidade ...........................................49
Figura 5.1 – Forma de onda de partida de uma soft-starterer.......................................................................57
Figura 5.2 – Motor trifásico com uma fase controlada na partida .................................................................58
Figura 5.3 – Motor trifásico com duas fases controladas na partida .............................................................59
Figura 5.4 – Motor trifásico com três fases controladas na partida ...............................................................59
Figura 5.5 – Curva torque x corrente.Comparativo entre partida direta e soft-starter...................................62
Figura 5.6 – Partida suave com a soft-starter em linha com o motor ............................................................63
Figura 5.7 – Partida suave com a soft-starter inserido no “Δ” do motor .......................................................64
Figura 5.8 – Rampa de aceleração da soft-starter.........................................................................................66
Figura 5.9 – Rampa de desaceleração da soft-starter ...................................................................................67
Figura 5.10 – Pulso de tensão na partida da soft-starter...............................................................................68
vii
Lista de Tabelas
Tabela 4.1 – Comparativo entre tipos de controle de inversor de frequência e conversores CA/CC ....... 49
viii
Lista de Símbolos
θ = teta
ѡn = velocidade nominal
Δ = delta
ix
Lista de Abreviações
kW = kilowatt ............................................................................................................................................ 12
CV = cavalo vapor ...................................................................................................................................... 12
Iw = corrente induzida no rotor ................................................................................................................. 16
F = força .................................................................................................................................................... 16
B = campo magnético ................................................................................................................................ 16
L = comprimento do rotor .......................................................................................................................... 16
I = corrente elétrica ................................................................................................................................... 17
f = frequência ............................................................................................................................................ 18
Ns = velocidade do campo girante ............................................................................................................. 20
p = número de polos do enrolamento rotórico ........................................................................................... 20
kW = kilowatt ............................................................................................................................................ 20
rpm = rotações por minuto ........................................................................................................................ 20
Hz = Hertz.................................................................................................................................................. 20
N = velocidade do rotor ............................................................................................................................ 21
S = escorregamento ................................................................................................................................... 21
ωn = velocidade nominal ........................................................................................................................... 22
CC = corrente contínua .............................................................................................................................. 23
CA = corrente alternada ............................................................................................................................. 23
PID = proporcional integral derivativo ........................................................................................................ 25
V = Volts .................................................................................................................................................... 28
CPU = unidade central de processamento .................................................................................................. 33
IHM = interface homem máquina .............................................................................................................. 33
IGBT = insulated gate bipolar transistor ..................................................................................................... 33
SCR = silicon controlled rectifier ................................................................................................................. 35
HP = horse power ...................................................................................................................................... 35
PWM = pulse with modulation ................................................................................................................... 35
RMS = root mean square ........................................................................................................................... 35
Is = corrente no estator ............................................................................................................................. 40
Ir = corrente no rotor ................................................................................................................................. 40
Im = corrente de magnetização.................................................................................................................. 40
x
CLP = controlador lógico programável ........................................................................................................ 48
Irb = corrente de rotor bloqueado ............................................................................................................. 50
Trb = torque de rotor bloqueado ............................................................................................................... 50
TRIAC = triode for alternating current ........................................................................................................ 52
LED = light-emitting diode.......................................................................................................................... 57
IN = corrente nominal ................................................................................................................................ 57
Icc = corrente de curto circuito .................................................................................................................. 57
16
Capítulo 1
Introdução
1.1. Relevância do tema
Os motores elétricos estão presentes no acionamento das máquinas e dos
equipamentos mecânicos utilizados no setor industrial, e até mesmo no setor de serviços e
residencial. No setor industrial, os motores representam 75% da energia elétrica consumida,
ocupando os motores elétricos trifásicos de indução (motores assíncronos) cerca de 90%
deste consumo. Já os motores elétricos monofásicos com potências de até 5CV são
empregados nas instalações residenciais, principalmente no acionamento de aparelhos
eletrodomésticos e nas motobombas de água de edifícios coletivos, e no acionamento de
pequenas cargas em instalações comerciais e industriais.
A operação de um motor elétrico exige o emprego de equipamentos destinados não
só à proteção do mesmo contra correntes de sobrecarga e de curtos-circuitos, como
também àqueles destinados a controlar a posta em marcha e parada dos mesmos, a
inversão de rotação e, mais modernamente, a partida de forma “suave” do motor e da
máquina acionada, com o uso dos modernos equipamentos de eletrônica de potência. O
conjunto de equipamentos que executam estas funções, para um dado motor elétrico,
constitui-se nos chamados “conjuntos de partida”.
Dentre as várias possibilidades para partidas suaves, dois equipamentos destacam-se
enormemente. São eles, inversores de frequência e as chaves de partida estática soft-
starter. E saber dimensionar corretamente qual equipamento é o ideal para cada situação,
visto que ambos possuem aplicações semelhantes, é uma tarefa cheia de nuances que, vez
por outra, gera dúvidas até mesmo nos engenheiros projetistas mais experientes.
17
1.2. Objetivos do trabalho
Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo comparativo sobre a aplicação
de inversores de frequência e chaves de partida estática soft-starter para uma “partida
suave” de motores elétricos de indução trifásicos rotor gaiola de esquilo.
Inicialmente faremos uma revisão sobre todos os conceitos de acionamento de
motores elétricos, para depois tratarmos especificamente dos equipamentos supracitados.
Abordaremos suas principais características técnicas e aplicabilidade, além de tentarmos
elucidar (através de estudos de caso) o quão “oneroso” para um projeto pode ser uma
aplicação indevida de cada um desses equipamentos.
1.3. Organização do texto
Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este introdutório, sendo
que os demais estão organizados da seguinte forma:
No capítulo 2, apresentamos uma breve descrição dos motores elétricos,
contemplando suas principais características construtivas e de funcionamento.
No capítulo 3, mostramos alguns métodos de partidas convencionais para os motores
de indução, além de discutir as suas vantagens e desvantagens.
No capítulo 4, damos ênfase aos inversores de frequência bem como seus tipos,
princípio de funcionamento, e suas principais características.
No capítulo 5, trazemos as chaves de partida estática soft-starter, bem como seus
tipos, princípio de funcionamento, e suas principais características.
No capítulo 6, fazemos um comparativo entre a aplicação de cada um desses
equipamentos, informando, dentre outras coisas, seus valores de mercado.
No capítulo 7, encontra-se a conclusão deste trabalho.
Ao final, encontra-se a bibliografia consultada.
18
Capítulo 2
Motores Elétricos
2.1. Introdução
Analisando todo o processo histórico necessário para o desenvolvimento da primeira
máquina elétrica, somos levados ao ano de 1600, quando o cientista inglês William Gilbert
publicou a sua obra “De Magnete”, descrevendo a força por atração magnética pela primeira
vez. Quase três séculos depois, no ano 1866, o cientista alemão Werner Siemens inventou o
primeiro gerador de corrente contínua auto-induzido. Em 1889, o engenheiro eletricista
Drobowolsky, da companhia AEG, entrou com um pedido de patente de um motor trifásico
com rotor gaiola. O motor apresentado por ele tinha uma potência de 80W, um rendimento
aproximado de 80% em relação a potência consumida e um excelente conjugado de partida.
As vantagens do motor com rotor de gaiola em relação ao motor de corrente contínua eram
marcantes: construção mais simples, silencioso, menor manutenção e alta segurança em
operação. (Drobowolsky desenvolveu, em 1891, a primeira fabricação em série de motores
assíncronos, nas potências de 0,4 a 7,5kW). [10]
Hoje em dia, os motores elétricos estão presentes no acionamento das máquinas e
dos equipamentos mecânicos utilizados no setor industrial, e até mesmo no setor de
serviços e residencial. No setor industrial, os motores representam 75% da energia elétrica
consumida, sendo os motores elétricos de indução trifásicos (motores assíncronos)
responsáveis por cerca de 90% deste consumo. Já os motores elétricos monofásicos com
potências de até 5CV são empregados nas instalações residenciais, principalmente no
acionamento de aparelhos eletrodomésticos e nas motobombas de água de edifícios
coletivos, e no acionamento de pequenas cargas em instalações comerciais e industriais. [6]
A operação de um motor elétrico exige o emprego de equipamentos destinados não
só a proteção contra correntes de sobrecarga e de curtos-circuitos, como também àqueles
destinados a controlar a colocação em marcha e parada deles, a inversão de rotação e, mais
19
modernamente, a partida de forma “suave” do motor e da máquina acionada, com o uso
dos modernos equipamentos de eletrônica de potência. O conjunto de equipamentos que
executam estas funções, para um dado motor elétrico, constitui-se nos chamados
“conjuntos de partida” e serão abordados pertinentemente ao longo deste trabalho.
2.2. Tipos de motores elétricos
A fabricante brasileira WEG nos apresenta o universo tecnológico dos motores da
seguinte forma:
Figura 2.1 – Tipos de motores elétricos.
Fonte: (Guia de motores elétricos, WEG, 2012).
20
2.3. Motores de indução trifásicos rotor gaiola de esquilo
Por definição, os motores trifásicos de corrente alternada são conversores
eletromagnéticos de energia que convertem energia elétrica em energia mecânica
(operando como motor) e vice-versa (operando como gerador) pela indução
eletromagnética. [5]
Um motor de indução trifásico rotor gaiola de esquilo se caracteriza por ter um
enrolamento primário fixo (ou estator), semelhante ao de um motor síncrono, e por um
enrolamento secundário girante (ou rotor), constituído por barras de material condutor
(cobre ou alumínio) curto-circuitadas nos dois extremos mediante aros expessos. [3]
Figura 2.2 – Motor de indução trifásico. Fonte: (Guia de motores elétricos, WEG, 2012).
21
Construtivamente, ele se divide da seguinte forma:
• estator: carcaça(1), núcleo de chapas(2), enrolamento trifásico(8);
• rotor: eixo(7), núcleo de chapas(3), barras e anéis de curto-circuito(12);
• outras partes: tampas (4), ventilador(5), proteção do ventilador(6), caixa de ligação(9),
terminais(10), rolamentos(11).
Cada uma das partes representa um “componente” eletromecânico do sistema, que
têm suas funções definidas como segue:
• circuito magnético estático: possui uma construção robusta em ferro fundido, aço ou
alumínio injetado, resistente à corrosão e com aletas para a refrigeração;
• estator: chapas ferromagnéticas empilhadas e isoladas entre si;
• carcaça: suporte do conjunto;
• bobinas: localizadas em cavas abertas no estator e alimentadas pela rede;
• rotor: formado por um núcleo ferromagnético, também laminado, sobre o qual se
encontra um enrolamento ou um conjunto de condutores paralelos, nos quais são induzidas
correntes provocadas pela corrente alternada das bobinas do estator.
A parte fixa do motor é o estator. Na carcaça do motor existe um núcleo constituído
de lâminas finas de ferro de cerca de 0,5mm, com ranhuras que abrigam o enrolamento
trifásico. Os enrolamentos de fase e o núcleo do estator são responsáveis por gerar o campo
magnético. A velocidade do motor é determinada pelo número de par de polos. Quando o
motor está ligado na sua frequência nominal, a velocidade do campo magnético é chamada
de velocidade síncrona do motor. [14]
Outra característica construtiva que define os tipos de motores de indução trifásicos
assíncronos está relacionada com o tipo de rotor que os constitui. Eles podem ser do tipo
bobinados ou curto-circuitados.
• rotor bobinado: geralmente é escolhido quando a carga necessita de um torque elevado
de partida; quando o tempo de aceleração é longo devido à grande inércia da carga (ex.:
ventilador); ou quando a carga necessita de partida frequente, e/ou sofre avanço lento e até
mesmo obstrução. Do ponto de vista de preço, confiabilidade e manutenção, este é sempre
preterido se comparado ao rotor curto-circuitado. [8]
22
• os rotores curto-circuitados (com barras em curto-circuito), também chamados de gaiola
de esquilo, são os mais utilizados na indústria. Esse tipo de rotor possui barras de alumínio
que passam através das ranhuras com um anel de alumínio colocado em cada extremidade
do rotor para curto-circuitar as barras. Dessa forma, quando uma barra do rotor é colocada
num campo girante, um polo magnético passa através da barra. O campo magnético do polo
induz uma corrente (Iw) no rotor que é afetada apenas pela força (F). A força resultante é
proporcional à densidade de fluxo (B), à corrente induzida (Iw), ao tamanho do rotor (L), e
ao ângulo (θ) entre a força e a densidade de fluxo. Desta forma temos:
𝐹 = 𝐵. 𝐿. 𝐼𝑤. 𝑠𝑒𝑛(𝜃) (1)
O próximo polo que vai passar pelo rotor tem a polaridade invertida. Isso induz uma
corrente na direção contrária, visto que a direção do campo magnético também mudou, a
força age na mesma direção de antes. [3]
OBS. Quando todo o rotor é colocado no campo girante, a velocidade do rotor não vai atingir
a velocidade do campo girante, posto que na mesma velocidade, nenhuma corrente seria
induzida no rotor.
2.3.1. Funcionamento do motor de indução trifásico
Para um completo entendimento do funcionamento do motor de indução trifásico,
faz-se necessário rever alguns conceitos físicos importantes a respeito da teoria da
eletricidade, especificamente as Leis de Faraday e de Lenz:
• Lei de Faraday (indução): um condutor percorrido por corrente elétrica gera ao seu redor
um campo magnético. A intensidade do campo magnético é proporcional à corrente elétrica
que circula no condutor e o sentido do campo magnético é dado pela regra da mão direita
(na qual o polegar indica o sentido da corrente elétrica e os dedos indicam o campo
magnético).
23
• Lei de Lenz: a corrente induzida ocorre sempre de forma a contrariar a variação da
grandeza que a produziu. Considerando uma bobina, a ação de empurrar o ímã é a alteração
que produz a corrente induzida, que atuará no sentido de opor-se à aproximação; se o ímã
for puxado, a corrente induzida tenderá a opor-se a esse movimento, criando um polo sul
para atrair o ímã. [1]
Aproveitando essa revisão de conceitos vale a pena também pontuar a diferença
entre gerador elétrico e motor elétrico:
• gerador elétrico: baseado na Lei de Faraday: se um condutor é movimentado através de
um campo magnético (B), uma tensão é induzida. Se o condutor é um circuito fechado, uma
corrente (I) irá circular. Quando o condutor é movimentado, uma força (F), que é
perpendicular ao campo magnético, irá agir sobre o condutor.
• motor elétrico: o princípio de indução atua de forma invertida, ou seja, o condutor
conduzindo uma corrente é posicionado dentro de um campo magnético. O condutor é
então influenciado por uma força (F) que o movimenta para fora do campo magnético. [9]
Depois de revermos tais conceitos, podemos agora analisar o circuito elétrico
equivalente a um motor de indução trifásico, conforme ilustra a figura abaixo:
Figura 2.3 – Circuito equivalente por fase de uma máquina assíncrona com escorregamento S, com secundário (rotor) não referido ao primário (estator). Fonte: (Comando e Proteção, WEG, 2009).
24
onde:
R1 - Resistência estatórica;
Xd1 - Reatância estatórica;
R2 - Resistência rotórica;
Xd2 - Reatância rotórica;
X1mag - Reatância de magnetização;
R1p - Resistência de perdas;
E2 - f.e.m. rotórica;
U1 -Tensão estatórica;
I1 - Corrente estatórica;
I1p - Corrente de perdas;
I1mag - Corrente de magnetização;
I2 - Corrente rotórica;
E1 - f.c.e.m. estatórica;
Quando o motor é energizado ele funciona como um transformador com secundário
em curto-circuito, portanto exige da rede uma corrente muito maior do que a nominal,
podendo atingir cerca de sete vezes o valor da corrente nominal. À medida que o campo
girante arrasta o rotor, aumentando sua velocidade, a corrente diminui até atingir a corrente
nominal, no tempo em que a rotação atinge o seu valor nominal.
O valor da corrente elétrica gerada e da tensão a ela associada depende do número
de espiras e da frequência de variação do campo magnético. [15]
2.3.2. Análise do campo magnético e das correntes trifásicas
Imaginando-se três espiras de igual impedância e com igual número de condutores
dispostos sobre uma superfície cilíndrica (estator), com seus eixos de simetria
perpendiculares à superfície cilíndrica estatórica, formando um ângulo de 120° entre cada
uma delas (Figura 2.4),
25
Figura 2.4 – Espiras de mesma impedância, defasadas em 120°. Fonte: (OSE, Partida e Proteção de Motores, 2007, pág. 36).
se as correntes elétricas supridas por uma fonte de alimentação trifásica com frequência “𝑓”
percorrerem estas espiras, resulta num campo de indução “B” com direção e sentidos
representados na Figura 2.5 pelos fasores B1, B2, e B3, cujas intensidades são proporcionais
às correntes que percorrem as bobinas. A composição fasorial dos campos das três bobinas
será o campo resultante BR.
Figura 2.5 – Componentes fasoriais do campo magnético B1, B2, B3, e campo magnético resultante BR
Fonte: (OSE, Partida e Proteção de Motores, 2007, pág. 36)
Como as correntes serão iguais em módulo (espiras de mesma impedância e tensão
trifásica de alimentação constante), o campo resultante também terá módulo constante e
sua direção desloca-se com velocidade angular 𝜔 = 2. 𝜋. 𝑓, e em cada segundo descreve
“𝑓” ciclos, sendo “𝑓” a frequência de alimentação. A transferência de energia entre o estator
26
e o rotor se verifica de forma análoga ao que acontece em um transformador, com a
diferença de que o rotor (secundário) pode girar livremente. É o que se representa na Figura
2.6. [17]
Figura 2.6 – Correntes trifásicas de mesmo módulo, defasadas em 120°. Fonte: (OSE, Partida e Proteção de Motores, 2007, pág. 36).
2.4. Sincronismo dos motores
Denomina-se velocidade de sincronismo ou velocidade síncrona a velocidade de
rotação do campo girante, que depende da maneira como estão distribuídas e conectadas as
espiras no rotor (quantidade de polos) e da frequência da corrente de alimentação do
enrolamento estatórico, valendo a relação:
𝑁𝑠 =60. 𝑓
𝑝
(2)
onde:
• Ns é a velocidade do campo girante (rpm);
• f é a frequência da alimentação (Hz);
• p é a quantidade de pares de polos do enrolamento rotórico.
A velocidade do rotor parte de zero e vai aumentando à medida que vai reduzindo-se
a sua diferença em relação à velocidade do campo girante, mas nunca atingindo a
velocidade síncrona. Ao mesmo tempo o conjugado motor, inicialmente maior que o
27
conjugado da carga e responsável pela aceleração, vai diminuindo até ser atingida a
condição de regime de funcionamento, no qual se verifica:
Cmotor = Cresistente da carga
A diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade do rotor, em termos de
velocidade síncrona, é definida como escorregamento “S” e pode ser representada através
de um valor percentual:
𝑆 =𝑁𝑠 − 𝑁
𝑁𝑠. 100%
(3)
onde:
• NS é a velocidade síncrona (rpm);
• N é a velocidade do rotor (rpm). [8]
Resumindo, quando um enrolamento trifásico é alimentado por correntes trifásicas,
cria-se um campo girante como se houvesse um único par de polos girantes com intensidade
constante. Esse campo girante, criado pelo enrolamento trifásico do estator, induz tensões
nas barras do rotor (linhas de fluxo cortam as barras do rotor) as quais geram corentes e,
consequentemente, campo no rotor de polaridade oposta à do campo girante. Como
campos opostos se atraem e o campo girante do estator é rotativo, o rotor tende a
acompanhar a rotação desse campo, desenvolvendo um conjugado motor que faz com que o
rotor gire.
2.5. Motores de corrente contínua
Os controles de torque e velocidade são efetuados de maneira independente. Para
realizar esses controles os enrolamentos do estator e do rotor são alimentados por duas
fontes de tensão independentes.
28
Figura 2.7 – Motor de Corrente Contínua – Alimentação de Armadura e Campo com fontes diferentes
Fonte: (Máquinas Elétricas e Transformadores, Kosow, 1992, pág. 76).
onde:
Vf é a tensão de campo;
If é a corrente de campo;
Rf é a resistência de campo;
Lf é a indutância de campo;
Va é a tensão de armadura;
Ia é a corrente de armadura;
Ra é a resistência de armadura;
La é a indutância de armadura;
eg é a fcem;
Tm é o torque mecânico;
𝝎n é a velocidade nominal;
29
A velocidade do motor CC pode ser controlada pelo ajuste da tensão de armadura, do
fluxo de campo ou de ambos. Geralmente o fluxo de campo é mantido constante, sendo a
velocidade do motor aumentada pelo aumento da tensão da armadura. Quando a tensão de
armadura tiver alcançado o seu valor de saída máximo, um aumento adicional de velocidade
pode ser obtido pela redução no fluxo de campo. O motor pode desenvolver o seu torque
máximo fora da sua faixa normal de velocidades. Isso é possível porque o torque máximo
não depende da tensão de armadura. O torque máximo é possível em velocidades maiores
que a nominal ou até com o motor parado.
A velocidade do motor está diretamente relacionada à tensão aplicada no estator
(armadura) e o torque é função do fluxo do entreferro. [7]
Entretanto, a aplicação de motores CC apresentam algumas desvantagens se
comparados ao controle vetorial, à saber: possui uma aplicação mais complexa quando
comparado a um conversor CA/CC; necessita encoders para leitura de velocidade (instalação
complexa e alto preço); controle sensorless apresenta menor precisão; a natureza do
inversor (motor com alto torque e baixa velocidade, e para isso, o rotor gaiola de esquilo
necessita de ventilação externa separada); frenagem regenerativa mais difícil de ser
implementada (frenagem resistiva é a mais utilizada).
2.5.1. Análise comparativa: motores CA x motores CC
As vantagens da aplicação dos motores de corrente alternada em relação aos
motores de corrente contínua são inúmeras. Abaixo listaremos algumas delas:
• menor custo, incluindo aquisição e estoque (para manutenção) – o motor CC possui
enrolamentos de campo e armadura, escovas comutadoras, e etc. Já o motor CA utiliza
menos componentes na sua fabricação, ou seja, construção bem mais simples;
• o rebobinamento traz resultados superiores se comparado aos motores CC;
• oferece um melhor rendimento, proporcionando redução no consumo de energia e menor
aquecimento do motor;
• grande disponibilidade de fornecedores e empresas capacitadas, o que torna a compra, a
venda, manutenção bem mais fácil;
30
• tamanhos menores, potências e características técnicas padronizadas, facilitando a escolha
e possível substituição;
• possibilidade de integração por redes industriais de comunicação;
• chaves de partida convencionais (direta, estrela-triângulo, compensadora, soft-starter,
inversor de frequência), enquanto que o motor CC necessita técnicas especiais para
acionamento. [6]
Podemos citar também recursos que não estão disponíveis para os motores CC:
• retomada de velocidade mais suave;
• proteções (sobrecarga, curto-circuito, fuga a terra, falta de fase);
• acionamento com velocidades pré-selecionadas (impedindo operação inadequada por
falha humana);
• sistema PID para controle da variável de um processo ou máquina (pressão, vazão,
temperatura, velocidade, posicionamento, nível, peso, tensão de um fio) entre outros. [5]
Devido aos fatores citados acima, o inversor de frequência, juntamente com o motor
de corrente alternada, tornaram-se a melhor solução para controle e acionamento de
motores em processos industriais.
2.6. Critérios para seleção dos motores
A escolha certa do tipo motor que será utilizado em qualquer aplicação é de
fundamental importância para a performance do sistema, pois o conjunto de acionamentos
de uma determinada carga é totalmente dependente desses parâmetros. Em linhas gerais,
podemos dizer sobre essa escolha que ela deve ser baseada na utilização do motor (carga e
ambiente). Necessário também conhecer o tipo e o tamanho da carga mecânica, suas
necessidades de partida e aceleração, velocidade, regime de serviço, necessidades de parada
e condições ambientais. A escolha do motor entre motor com rotor gaiola de esquilo ou com
rotor bobinado, é relacionando com o tamanho da máquina, o tempo de partida
(determinado pela carga), e o método de partida (determinado pela fonte de alimentação).
31
Os maiores fabricantes disponibilizam até um “checklist” prático para a aquisição de
um motor. Se todos os passos forem seguidos fielmente, dificilmente comprometeremos o
desempenho das nossas instalações/acionamentos. Seguem abaixo as considerações
sugeridas:
• necessidade e tipo de torque da carga;
• tipo de partida;
• tempo de aceleração;
• tipo construtivo do motor (gaiola de esquilo / rotor bobinado);
• condições ambientais (temperatura ambiente, altitude, presença de pó, e ou água);
• grau de proteção do motor;
• classe de isolação;
• proteção do motor;
• tipo de ventilação;
• tipo de montagem (horizontal, vertical);
• cabos de conexão;
• direção de rotação;
• regime de trabalho;
• controle de velocidade;
[16]
32
Capítulo 3
Acionamentos Elétricos
3.1. Introdução
Um acionamento elétrico é um sistema capaz de converter energia elétrica em
energia mecânica, mantendo sob controle tal processo de conversão. Normalmente
utilizados para acionar máquinas ou equipamentos que requerem algum tipo de movimento
controlado, como por exemplo, a velocidade de rotação de uma bomba.
Um acionamento elétrico moderno é formado normalmente por: motor (converte a
energia elétrica em energia mecânica); dispositivo eletrônico (comanda e/ou controla a
potência elétrica entregue ao motor); transmissão mecânica (adapta a velocidade e inércia
entre motor e máquina).
Os motores mais amplamente utilizados nos acionamentos elétricos são os motores
de indução monofásicos e trifásicos. Esses motores, quando alimentados com tensão e
frequência constantes, sempre que não estão operando a plena carga (potência da carga
igual à potência nominal do motor) estão desperdiçando energia.
É importante ressaltar também o fato de que um motor de indução transforma em
energia mecânica aproximadamente 85% de toda a energia elétrica que recebe e que os 15%
restantes são desperdiçados, sendo assim o acionamento elétrico de máquinas um assunto
de extraordinária importância no que se refere a economia de energia. [12]
3.2. Tipos de acionamentos para motores de indução
Elucidaremos em forma de tópicos os quatro métodos de partida mais eficientes,
bem como discutiremos as suas aplicações, vantagens e desvantagens.
33
• partida direta: a maneira mais simples de partir um motor de indução é a chamada partida
direta. Aqui, um motor é ligado diretamente através de um contator, porém, deve-se
observar que para este tipo de partida existem restrições de utilização. Como já foi visto
anteriormente, a corrente de partida de um motor de indução quando ligado diretamente à
tensão da rede é sete vezes maior que a corrente nominal. Por este motivo, e
fundamentalmente para motores de grande porte, a partida direta não é utilizada. [14]
Figura 3.1 – Partida direta de um motor de indução trifásico.
Fonte: (Guia de Aplicação de Inversores de Frequência, WEG, 2012, pág. 36).
vantagens:
- menor custo entre todas as partidas; - simples implementação; - alto torque de partida. desvantagens:
- alta corrente de partida, provocando queda de tensão na rede de alimentação. Em função disto pode provocar interferência em equipamentos da mesma instalação; - é necessário sobredimensionar cabos e contatores; - limitação por números de manobras/hora; - picos de torque.
34
• partida estrela-triângulo: este tipo de partida só pode ser utilizado em motores que
possuam ligação em dupla tensão (por exemplo, 3x220V e 3x380V). A menor tensão deverá
ser igual à tensão da rede e a outra 1,73 vezes maior (ex: 220/380V ou 380/660V). Esta
partida é implementada com dois contatores conforme mostra figura abaixo. Na partida o
motor é ligado na conexão de maior tensão, isto possibilita uma redução de até 1/3 da
corrente de partida do motor. A partida estrela-triângulo poderá ser usada quando a curva
de torque do motor for suficientemente elevada para que possa garantir a aceleração da
máquina com a corrente reduzida, ou seja, o torque resistente da carga não deverá ser
superior ao torque do motor quando o motor estiver em estrela. [14]
Figura 3.2 – Partida estrela-triângulo de um motor de indução trifásico.
Fonte: (Guia de Aplicação de Inversores de Frequência, WEG, 2012, pág. 37).
vantagens: - custo reduzido; - a corrente de partida é reduzida a 1/3 quando comparada com a partida direta; - não existe limitação do número de manobras/hora. desvantagens: - redução do torque de partida a aproximadamente 1/3 do nominal; - são necessários motores com seis terminais; - caso o motor não consiga atingir pelo menos 90% da velocidade nominal, o pico de corrente na comutação de estrela para triângulo é equivalente ao da partida direta;
35
• partida compensadora (autotransformador): esta chave de partida alimenta o motor com
tensão reduzida em suas bobinas, na partida. A redução de tensão nas bobinas (apenas
durante a partida) é feita através da ligação de um autotransformador em série com as
mesmas. Após o motor ter acelerado as bobinas passam a receber tensão nominal. A
redução de corrente depende do TAP em que o autotransformador estiver ligado. A chave
de partida compensadora pode ser usada para motores que partem com alguma carga. Os
motores podem ter tensão única e apenas três cabos disponíveis. [14]
Figura 3.3 – Partida compensadora (autotransformador) de um motor de indução trifásico.
Fonte: (Guia de Aplicação de Inversores de Frequência, WEG, 2012, pág. 38).
vantagens: - capacidade de partir com alguma carga; - possibilidade de algum ajuste de tensão de partida, selecionando o TAP no transformador; - necessário apenas três terminais disponíveis no motor; desvantagens: - tamanho e peso do autotransformador; - número de partidas/hora limitado; - custo adicional do autotransformador.
36
• partida série-paralelo: este tipo de partida também só pode ser utilizado em motores que
possibilitam a ligação em dupla tensão. A menor tensão das duas tensões deve ser a tensão
da rede e a outra deve ser o dobro (ex: 220/440V ou 380/760V). Para tanto, o motor deverá
dispor de 9 ou 12 terminais para ligação para permitir as ligações triângulo série, triângulo
paralelo, estrela série, estrela paralelo.
OBS. No momento da partida a corrente fica reduzida para 25 a 33% da corrente de partida
direta, entretanto o mesmo ocorre com o torque, restringindo o uso desta chave para
partidas em vazio. [14]
Figura 3.4 – Partida série-paralelo de um motor de indução trifásico.
Fonte: (Guia de Aplicação de Soft-starterer, WEG, 2010, pág. 37).
vantagens:
- baixo custo;
- a corrente de partida é reduzida a ¼ quando comparada com a partida direta.
desvantagens:
- redução do torque de partida a aproximadamente ¼ do torque de partida nominal;
- são necessários motores com pelo menos nove bornes (ou seja, a capacidade de fechamento das
bobinas para tensão igual à duas vezes a tensão da rede);
- caso o motor não consiga atingir pelo menos 90% da velocidade nominal, o pico de corrente na
comutação da ligação é equivalente ao da partida direta;
37
Ponderando todas as características supracitadas, além das respectivas vantagens e
desvantagens de cada um dos métodos de partida, fica claro que quanto mais suave é a
partida (arranque) de um motor, menos estresse será gerado a ele e a todo o sistema de
modo geral. Para tanto, observamos que a corrente de partida é o fator principal de
desgaste elétrico e mecânico dos motores, condutores, equipamentos de proteção, e,
portanto, é quem deve ser controlada.
Veremos nos próximos capítulos que os métodos de partida eletrônicos (inversores
de frequência e soft-starter) são os meios mais efetivos para o controle dessa corrente.
Apesar de serem equipamentos com topologias eletrônicas completamente distintas, e com
aplicações também distintas para as mais variadas faixas de potência, ambos executam a
mesma “partida suave”.
38
Capítulo 4
Inversores de Frequência
4.1. Introdução
Há alguns anos, para se ter um controle preciso de velocidade de qualquer sistema
industrial, eram necessários motores de corrente contínua. Entretanto, isso acarretava em
diversos problemas como: custo do motor, necessidade da retificação da tensão,
manutenção, e etc. Com os avanços da eletrônica de potência, e com as necessidades de
aumento de produção, surgiram uma série de equipamentos na área de automação
desenvolvidos para trabalhar com os motores de corrente alternada.
O inversor de frequência é um desses equipamentos. Versátil e dinâmico ele permitiu
o uso de motores de indução para controle de velocidade em substituição aos motores de
corrente contínua.
As razões para controle de velocidade são as mais variadas possíveis. Esse controle
pode ser necessário quando se deseja ajustar a velocidade de um motor elétrico visando a
rapidez do processo, ou talvez ajustar o torque de um conjunto de acordo com as
necessidades do processo, ou ainda reduzir do consumo de energia com aumento de
eficiência.
4.2. Blocos componentes de um inversor de frequência
A figura abaixo ilustra a construção interna de um inversor de frequência.
39
Figura 4.1 – Blocos componentes de um inversor de frequência.
Fonte: (Guia de Aplicação de Inversores de Frequência, WEG, 2010, pág. 37).
Falando especificamente sobre cada um dos seus componentes, temos:
• unidade central de processamento (CPU): formada por um microprocessador ou
microcontrolador (fabricante); bloco onde todas as informações (parâmetros e dados do
sistema) estão armazenadas – na memória integrada; executa a função mais vital para o
funcionamento do inversor: geração dos pulsos de disparo para os IGBT’s;
• interface homem máquina (IHM): podemos visualizar o que está ocorrendo no inversor
(display) e parametrizá-lo de acordo com a aplicação (teclas), como por exemplo: tensão,
corrente, frequência, status de alarme, sentido do giro, modo de operação (local ou
remoto), ligar/desligar, e etc.
• interfaces: dois tipos de sinais (analógicos ou digitais); ex: controle de velocidade = tensão
analógica de controle proveniente do controle numérico computadorizado (CNC)
• etapa de potência: constituída por um circuito retificador, que por meio de um circuito
intermediário denominado “barramento CC” alimenta o circuito de saída inversor (módulo
IGBT); retificador = conversor que transforma CA e CC (entra senoidal, sai semiciclo positivo);
inversor = tipo especial de conversor que converte CC em CA (entra contínua, sai quadrada);
[14]
40
4.3. Diagrama de blocos de um inversor de frequência
A figura abaixo apresenta um inversor de frequência representado por um diagrama
de blocos. Explicaremos detalhadamente a função de cada um desses blocos.
Figura 4.2 – Diagrama de blocos de um inversor de frequência.
Fonte: (Guia de Aplicação de Inversores de Frequência, WEG, 2010, pág. 68).
• retificador: transforma o sinal alternado (onda completa), em um sinal retificado (meia
onda), tendo como valor final 𝑉𝑐𝑐 = 1,41 𝑥 𝑉(𝑟𝑒𝑑𝑒) (valor da tensão CC). Uma tensão
alternada sobre um diodo é convertida em uma tensão CC pulsante, NÃO sendo possível
controlar a intensidade de corrente. O sinal terá a oscilação reduzida por meio de
capacitores de filtro. Esse circuito forma uma fonte de corrente contínua simétrica, devido à
existência de um ponto de terra como referência. Com uma lógica fornecida pelo circuito de
controle, os transistores (IGBT’s) atuam de modo a alternar o sentido de corrente que circula
pelo motor; frequência de chaveamento: 300 Hz – 20 kHz.
• filtro (link CC): tem a função de regular a tensão retificada com armazenamento de energia
por meio de um banco de capacitores.
• sistema de controle: pode ser dividido em 4 partes: controle do inversor, leitura de
velocidade do motor, leitura de corrente, e interfaces (ajuste de parâmetros, I/O analógicas
e digitais).
• inversor: aonde estão os transistores (IGBT’s) responsáveis pela inversão da tensão
contínua proveniente do link CC num sinal alternado, com tensão e frequência variáveis.
- cargas leves: 𝑉𝑐𝑐 = 1,41 𝑥 𝑉(𝑟𝑒𝑑𝑒)
- cargas pesadas (a plena carga): 𝑉𝑐𝑐 = 1,35 𝑥 𝑉(𝑟𝑒𝑑𝑒) [9]
41
4.4. Funcionamento de um inversor de frequência
O inversor de frequência funciona de acordo com o princípio de que a tensão da linha
CA é convertida a uma tensão CC. Esta tensão CC é então convertida em CC pulsada cujo
valor RMS simula uma tensão CA. Normalmente, a frequência de saída desta tensão CA varia
de zero até a frequência da linha de entrada CA. Em algumas aplicações, a frequência pode,
realmente, ultrapassar a frequência da linha. Embora os inversores CA regulados com
corrente e alta performance capazes de operar em “modo de torque” estejam disponíveis, o
inversor volts por hertz é o que predominantemente abordaremos aqui. [10]
O inversor de frequência mais comum produzido atualmente é aquele que utiliza a
modulação por largura de pulso para criar a onda de saída. Os componentes ativos usados
nos inversores são diodos, SCR’s, transistores e IGBT’s. Estes inversores têm três seções
diferentes e distintas de seu circuito de alimentação, conforme mostrado na figura abaixo:
Figura 4.3 – Construção eletrônica de um inversor de frequência.
Fonte: (AC Drives, Allen-Bradley, 2010, pág. 2).
A primeira seção usa uma ponte de SCR’s de onda completa para converter a tensão
de linha CA em CC. A filtragem dessa tensão CC é realizada na segunda seção com um
capacitor para alimentar a ponte inversora com uma tensão CC estável. Um filtro de
barramento CC existe, geralmente, em inversores de 10HP ou mais. A seção final utiliza uma
ponte a IGBT ou transistor para fornecer ao motor uma tensão CC com largura modulada por
pulso (PWM). A tensão RMS efetiva fornecida ao motor é dependente da frequência de
saída fundamental que a ponte inversora está comandando. Isto é o que conduz ao termo
“inversor volts por hertz”.
42
A seção de controle ou lógica do inversor e as configurações programadas do usuário
determinam a saída de frequência do inversor. Durante a aceleração, a frequência variará de
acordo com um algoritmo predeterminado como rampa linear ou curva S, desde o mínimo
ou zero até a velocidade comandada. O inversor também pode ser programado para pular
determinadas frequências que possam causar uma ressonância mecânica. [16]
4.4.1. Modulação por largura de pulso (PWM)
Como os transistores trabalham como chaves “liga ou desliga”, a forma de onda de
saída do inversor de frequência é sempre quadrada. Para obter uma tensão de saída mais
próxima da senoidal, os transistores chaveiam modulando sua largura de pulso através de
uma técnica chamada PWM (Pulse With Modulation).
O IGBT é chaveado por um curto período de tempo, permitindo que somente uma
pequena parcela da corrente chegue até o motor. O IGBT é então ligado por períodos de
tempos maiores, permitindo correntes maiores no motor até que atinja a corrente nominal
do motor. Após isso, o IGBT é ligado por períodos de tempo menores progressivamente,
diminuindo a corrente aplicada ao motor. Quanto mais senoidal for a corrente de saída do
PWM, maior será a redução de pulsações de torque e perdas, assim teremos as seguintes
formas de onda de tensão e de corrente na saída do inversor.
Figura 4.4 – Modulação por Largura de Pulso.
Fonte: (Eletrônica de Potência, Rashid, 2010, pág. 2).
43
Considerações importantes sobre o controle de tensão e frequência:
• em baixas frequências de saída, os dispositivos de chaveamento são ligados por um curto
período de tempo, sendo pequenas as tensões e correntes aplicadas ao motor.
• em altas frequências de saída, uma alta tensão é necessária. Os dispositivos de
chaveamento são ligados por um longo período de tempo, permitindo correntes e tensões
mais elevadas para serem aplicadas ao motor. [7]
Quanto maior for a frequência de chaveamento, mais senoidal será a forma de onda
resultante, embora o ruído seja aumentado significativamente, pois ele é proporcional ao
frequência de chaveamento.
Os inversores devem garantir que a variação da tensão aplicada seja proporcional a
frequência, o que é feito pelo ajuste automático dos disparos dos transistores por sistemas
microprocessados. Para motores de aplicação normal não é necessário um ajuste muito
preciso da velocidade ou do controle de conjugado. Para esses casos, é bastante razoável
uma precisão da carga e de 3 a 5% com variação da carga de até 100% do conjugado
nominal. Usualmente, a faixa de variação da frequência é pequena, algo entre 6 e 100 Hz.
[11]
4.5. Classificação dos inversores de frequência
Os dispositivos de partida que usam PWM como esquema possuem diferentes níveis
de performance baseados em algoritmos de controle. Existem quatro tipos básicos de
controle largamente utilizados: escalar (Volts/Hz), controle vetorial sensorless, controle de
fluxo vetorial e controle de campo orientado.
• controle escalar (V/Hz): é um método básico que provê uma frequência variável para
aplicações como ventiladores e bombas. Proporciona um controle razoável de velocidade de
torque a um baixo custo;
• controle vetorial sensorless: fornece melhor regulação de velocidade e tem a capacidade
de produzir um alto torque de partida;
• controle de fluxo vetorial: possibilita mais precisão de torque e velocidade com resposta
dinâmica;
44
• controle orientado de campo: permite manter velocidade e torque disponíveis para
motores CA, fornecendo performance de corrente contínua para motores em CA. [3]
Os dois últimos tipos são técnicas mais recentes de controle para inversores de
frequência, e devido a uma falta de uma literatura técnica disponível para consulta, serão
sugeridos como tema para estudos futuros.
4.5.1. Controle escalar (Volts/Hz)
Impõe ao motor uma determinada tensão/frequência, visando manter a relação V/f
constante, ou seja, o motor trabalha com fluxo aproximadamente constante; este controle é
aplicado quando não há necessidade de respostas rápidas a comandos de torque e
velocidade; a tensão aumenta até o valor da tensão nominal do motor, e depois só a
frequência segue aumentando.
Essa família de conversores é composta de sistemas cuja exigência se restringe ao
controle de velocidade do motor, sem controle do torque desenvolvido e sem conhecimento
da dinâmica do processo sob controle. São sistemas que imprimem um certo erro de
velocidade que, dada a aplicação, pode ser facilmente assimilado pelo sistema controlado.
Os motores acionados por essa família de conversores têm ou devem atender as exigências
normais, e o controle é feito em malha aberta (sem realimentação), isto é, não existe um
tacogerador instalado no eixo do motor para realimentar a estrutura controlada pelo
conversor. [7]
Para conhecimento, a faixa de frequências operadas vai de 10 a 60 Hz; para o
controle escalar a forma mais simples é o volt / hertz e utiliza a referência de velocidade
através de uma fonte externa, e varia a tensão e a frequência aplicadas ao motor. [12]
45
4.5.1.1. Características do controle escalar
Com a elevação da frequência do sinal imposto à armadura do motor e manutenção
do valor da tensão, a corrente de magnetização da máquina cai proporcionalmente, e, com
ela, o fluxo estabelecido entre o entreferro. Daí, reduzindo-se o fluxo magnético, reduz-se o
conjugado disponibilizado por essa corrente – operação com enfraquecimento de campo.
Algumas das soluções possíveis são: especificar um motor com maior fator de serviço,
aumentando a classe de isolamento para que as bobinas resistam a uma maior temperatura,
ou um motor com uma carcaça maior para que se tenha uma maior área para troca térmica;
em motores com ventilação independente da rotação do seu eixo, dentro de um intervalo
que vai de 10 Hz até a frequência nominal, é possível obter um conjugado de 90% do
nominal. [9]
É preciso tomar um cuidado especial na aplicação de inversores para acionamento de
motores de baixa rotação, pois nesses casos, tipicamente abaixo de 50% da rotação nominal,
o fluxo de ar pela carcaça é deficiente. A retirada de calor é prejudicada e a potência
fornecida pelo motor deve ser reduzida para não ocorrer uma queima dos materiais
isolantes de seu enrolamento da armadura.
Em resumo, podemos fazer as seguintes considerações sobre o controle escalar:
• apresenta um menor custo em relação ao inversor com controle vetorial;
• o controle escalar é utilizado em aplicações normais que não requerem elevada dinâmica
(grandes acelerações e frenagens), elevada precisão nem controle de torque;
• possui precisão de até 0,5% da rotação nominal para sistemas sem variação de carga, e de
3 a 5% com variação de carga de 0 a 100% do torque nominal;
• utilizado em malha aberta, ou seja, sem a leitura de velocidade do motor através de um
sensor, e a precisão da velocidade é função do escorregamento do motor, que varia em
função da carga;
• esse controle não é indicado para motores de baixa velocidade (<5Hz), pois em baixas
velocidades geralmente o torque é pequeno;
• muitos inversores de frequência incluem um torque extra de partida, que permite a
relação V/f seja aumentada na partida para aumentar o fluxo e, consequentemente, o
torque de partida;
46
• alguns modelos possuem funções especiais como a compensação de escorregamento (que
atenua a variação da velocidade em função da carga), e o boost de tensão (aumento da
relação V/f para compensar o efeito da queda de tensão na resistência estatórica), fazendo
com que a capacidade de torque possa ser mantida. [13]
O controle escalar é basicamente utilizado devido à sua simplicidade e também
porque a grande maioria das aplicações não requer alta precisão e/ou rapidez no controle de
velocidade.
4.5.2. Controle vetorial
Recomendado em aplicações em que é necessário alta performance dinâmica,
respostas rápidas e alta precisão de regulação de velocidade. É recomendável que o motor
forneça um controle preciso de torque para uma faixa extensa de condições de operação.
As máquinas de corrente contínua com sistemas de controle em malha fechada já
atendiam a essas solicitações e, no acionamento em potência, tinham total domínio. Elas
eram frequentemente utilizadas devido à proporcionalidade da corrente de armadura, do
fluxo e do torque que permitem um meio direto para o seu controle. Porém, com o avanço
da eletrônica de potência, a aplicação de motores de corrente contínua vem sendo reduzida
drasticamente.
OBS. Justificativa o nome VETOR: a corrente que circula no estator(Is) pode ser dividida em
duas componentes: uma produtora de fluxo(Im) e outra produtora de torque(Ir).
• corrente total: SOMA vetorial de Im e Ir;
• torque total: PRODUTO vetorial de Im e Ir.
E este é o desafio para o controle: distinguir e controlar esses dois vetores de corrente, sem
separá-los em dois circuitos distintos!
47
4.5.2.1. Características do controle vetorial
Existem duas possibilidades para a realização do controle vetorial: em malha aberta
ou em malha fechada. Mostraremos abaixo suas respectivas definições, assim como seus
valores típicos de trabalho.
• com malha aberta (sensorless): mais simples que o controle com sensor, porém apresenta
limitações de torque, principalmente em baixíssimas rotações. Em velocidades maiores é
praticamente tão bom quanto o controle vetorial com realimentação. Assim como o escalar,
opera com um dispositivo de controle de frequência com a compensação do
escorregamento, mantendo a velocidade atual do motor próxima da desejada. O ângulo da
tensão do motor controla a quantidade de corrente que vai para o fluxo do motor habilitado
pelo estimador de torque da corrente. Por meio do controle desse ângulo, a operação em
baixas velocidades e controle de torque é melhorada com relação ao escalar.
- valores típicos para esses inversores:
* regulação de velocidade: 0,1%;
* regulação de torque: NÃO tem;
* torque de partida: 250%;
* torque máximo (não contínuo): 250%;
* controle em malha aberta;
* autossintonia
• com realimentação: As realimentações são feitas por sensores de corrente e posição
(encoders). O controle feito pelo desacoplamento da corrente do estator (Ir e Im). A malha
de controle de velocidade controla a frequência de saída que é proporcional à velocidade. A
malha de torque controla a corrente de entrada no motor que é proporcional ao torque. O
sinal de diferença entre a velocidade desejada e atual torna-se o setpoint para o
controlador. Esse sinal é comparado com o valor da corrente do motor e determina se o
motor necessita ser acelerado ou desacelerado. Existe uma malha de controle separada para
o fluxo de corrente (regulador de corrente). Finalmente o sinal é enviado para a seção de
48
controle PWM, que controla os IGBT’s de forma que a tensão e a frequência desejadas sejam
geradas para a saída de acordo com o algoritmo do PWM.
Vantagens:
* alta performance dinâmica;
* controle de torque linear para aplicações de posição ou tração;
* operação suave em baixa velocidade e sem oscilações de torque, mesmo com variação de
carga.
- valores típicos:
* regulação de velocidade: 0,01%;
* regulação de torque: 0,5%;
* torque máximo de partida: 400%;
* torque máximo (não contínuo): 400%. [12]
4.5.2.2. Curvas torque x velocidade e corrente x velocidade
No acionamento de motores com inversor, a corrente de partida é da ordem da
corrente nominal; e alimentando o motor a partir de 3 ou 4 Hz, podemos obter um torque
de 150% do nominal, suficiente para acionar qualquer carga acoplada ao motor.
Analisando as curvas torque x velocidade e corrente x velocidade disponíveis em
alguns catálogos de fabricantes, podemos fazer as seguintes análises:
• curva torque x velocidade: no momento da partida, quando o motor é diretamente ligado
à rede, o torque será de aproximadamente 2 a 2,5 vezes o torque nominal, sendo reduzido a
medida que a velocidade aumenta, até atingir um valor de 1,5 a 1,7 do torque nominal a
aproximadamente 30% da velocidade nominal. À medida que a velocidade aumenta, o
torque amplia-se novamente até atingir o seu valor máximo (80% da velocidade nominal),
chegando a seu valor nominal na velocidade nominal.
49
• curva torque x velocidade: na partida, a corrente que circula pelo motor será 5 a 6 vezes
maior que a corrente nominal, sendo reduzida à medida que a velocidade aumenta, até
atingir um valor determinado pela carga acoplada ao motor. Se for aplicada a carga nominal
ao motor, a corrente absorvida por ele também será a nominal.
Figura 4.5 – Curvas características corrente x velocidade e torque x velocidade.
Fonte: (WEG, 2004).
4.5.3. Análise comparativa: controle escalar x controle vetorial
• escalar: só considera as amplitudes das grandezas elétricas instantâneas (fluxos, correntes,
tensões) referindo-se ao estator, e seu equacionamento baseia-se no circuito equivalente do
motor, ou seja, são equações de regime permanente;
• vetorial: admite a representação das grandezas elétricas instantâneas por vetores,
baseando-se nas equações dinâmicas da máquina com as grandezas referidas ao fluxo
enlaçado pelo rotor, ou seja, o motor de indução é visto pelo controle vetorial como um
motor de corrente contínua, havendo regulação independente para torque e fluxo.
Inversor escalar Inversor Conversor CC
malha fechada vetorial com tacômetro
Realimentação X Malha fechada Malha aberta X
Torque em velocidade zero Impossível Possível Impossível Possível
Regulação de velocidade Depende do escorregamento 0,01% 0,20% 0,20%
Controle de torque Muito baixo Alto Somente no limite Alto
Tabela 4.1 – Comparativo entre tipos de controle de inversor de frequência e conversores CA/CC.
Fonte: (Acionamentos Elétricos, Clayton, 2012).
50
4.6. Funções parametrizáveis de um inversor de frequência
Existem hoje no mercado diversos fabricantes de inversores de frequência.
Obviamente, cada um apresenta algumas funções exclusivas para diferenciá-los dos seus
concorrentes, porém alguns parâmetros estão presentes em todos eles. Abordaremos
abaixo os mais importantes, além de dedicarmos um pouco mais de tempo nas frenagens.
• tipos de rampa de aceleração e desaceleração:
- linear – mais comumente utilizada;
- rampa S – reduz choques mecânicos nos motores durante as rampas de aceleração e
desaceleração.
• corrente de sobrecarga no motor: a corrente de sobrecarga do motor é o valor da
corrente a partir do qual o inversor verifica se o motor está operando em sobrecarga.
Quanto maior a diferença entre a corrente do motor e a corrente de sobrecarga, mais rápida
será a atuação da proteção do motor através do inversor.
• limitação da corrente máxima de saída: função utilizada para evitar a parada do motor em
sobrecargas instantâneas. Quando a carga no motor aumenta, a sua corrente também
aumenta; se a corrente tentar ultrapassar o valor ajustado nesse parâmetro, a rotação será
reduzida, seguindo a rampa de desaceleração até que a corrente fique abaixo do valor
ajustado. Quando a sobrecarga desaparecer, a rotação voltará ao normal.
• escolha da frequência de chaveamento:
- valores típicos – entre 2,5 kHz e 15 kHz;
- a seleção da frequência de chaveamento resulta num compromisso entre o ruído acústico
no motor e as perdas nos IGBT’s do inversor (aquecimento).
OBS. Altas frequências de chaveamento implicam em menor ruído acústico no motor, porém
aumentam as perdas nos IGBT’s, elevando a temperatura nos componentes e reduzindo sua
vida útil. A redução das frequências de chaveamento colabora com a redução dos problemas
de instabilidade e ressonância que ocorrem em determinadas condições de aplicação, bem
como a emissão de energia eletromagnética pelo inversor; entretanto, tal redução reduz a
qualidade da forma de onda de saída.
• frequências evitadas: evita-se que o motor opere em frequências de saída (velocidade),
em que o sistema mecânico entra em ressonância causando vibração.
51
• rampa de desaceleração: nesse tipo de parada a frequência do inversor diminui até zero,
conforme o tempo de desaceleração especificado pelo usuário, podendo ser empregado
quando os requisitos de parada não são muito rígidos (mais comumente empregado).
• frenagem:
- nas aplicações em que o motor de indução é empregado em processos que exigem paradas
rápidas, há necessidade de um tempo de desaceleração muito pequeno e deve ser
empregado o recurso da frenagem elétrica ou mecânica. Durante a frenagem, a frequência
do rotor é maior que a frequência do estator, o que acarreta um fluxo reverso da energia do
rotor para o estator. O motor passa a funcionar então como um gerador, o que pode
provocar uma sobretensão.
- quando o inversor de frequência é desligado, uma ação de frenagem é necessária para
reduzir a velocidade da carga mecânica. Para reduzir essa energia cinética, é necessário
remover a energia cinética do conjunto que está rodando (motor CA e carga mecânica) e
transformá-la em outra forma de energia para que o sistema possa parar. Essa parada torna-
se mais difícil à medida que o tamanho da carga aumenta.
OBS. Muitos dispositivos de partida de motores e inversores de frequência fazem a parada
do motor através da remoção de sua alimentação (desaceleração natural, adequada para
cargas mecânicas). [2]
4.6.1. Tipos de frenagem de um inversor de frequência
• frenagem elétrica: baseada em um sistema em que o motor é usado no instante da
desaceleração como um gerador acionado pela carga (inversores de frequência).
• frenagem mecânica: a energia cinética é convertida em calor pelo atrito (sistemas antigos;
eficiente, mas com custo de manutenção elevado);
- comparativo: frenagem elétrica x frenagem mecânica:
• redução da manutenção dos elementos responsáveis pela frenagem;
• velocidade melhor controlada durante o processo de frenagem;
• a energia dissipada na frenagem pode ser coletada e retornada para a fonte de
alimentação; [12]
52
A conversão de energia mecânica em elétrica pode ser feita de três maneiras:
1 – frenagem por injeção de corrente contínua:
• dissipa o calor no rotor do motor;
• permite a parada do motor pela aplicação de corrente contínua. A magnitude da corrente
contínua que define o torque de frenagem e o período o qual ela é aplicada são parâmetros
que podem ser especificados pelo usuário. Esse modo é geralmente usado com cargas de
baixa inércia e pode causar um aquecimento excessivo do motor quando os ciclos de parada
são muito repetitivos.
• o princípio básico da frenagem por CC é injetar a corrente CC no estator do motor para
causar um campo magnético estacionário no motor. Isso é obtido pela conexão de duas
fases do motor de indução a uma fonte CC. A corrente injetada deve ser pelo menos igual a
corrente de excitação do motor, ou à corrente a vazio do motor (antes de iniciar a frenagem
por corrente contínua existe um “tempo morto”, quando o motor gira livre, necessário para
a desmagnetização do motor. Esse tempo é função da velocidade do motor em que ocorre a
frenagem CC).
OBS. A frenagem nos inversores de frequência é feita da seguinte maneira: a sequência de
controle do inversor de frequência é modificada de forma que o IGBT em uma fase é
desligado, enquanto as outras duas fases fornecem uma saída com um sinal de corrente
contínua com um controle de magnitude e duração desse sinal. A corrente desenvolvida no
rotor terá amplitude e frequência proporcionais à velocidade, resultando em um torque de
frenagem que é proporcional à velocidade. A energia de frenagem é dissipada como perdas
nos enrolamentos do rotor.
2 – frenagem reostática:
• dissipa o calor em um resistor externo;
• geralmente se utiliza a frenagem reostática para baixar a velocidade até um determinado
valor, a partir do qual se aplica uma corrente contínua no motor, conseguindo uma
frenagem rápida, preservando o inversor.
• módulos de frenagem reostática são bancos de resistores controlados eletronicamente e
conectados ao circuito intermediário (CC), que permite obter até um torque de frenagem
53
próximo ao nominal do motor, assegurando a energia de dissipação de frenagem nessas
resistências externas.
• nessa situação, o motor comporta-se como um gerador, em que a tensão induzida no rotor
tem uma amplitude maior do que a alimentação. Parte da energia é dissipada no motor e
parte na ponte de IGBT’s.
* problema: uma parcela dessa energia retorna pelos IGBT’s de saída para magnetizar o
motor. Desta forma, a tensão nos capacitores sobe até que se atue a proteção de
sobretensão no link CC. Logo, a frenagem reostática consiste em conectar um resistor
externo ao inversor através do link CC, assim, a energia que seria devolvida ao link é
dissipada na forma de calor, sendo então uma solução simples para o problema de
sobretensão no link CC.
3 – frenagem regenerativa:
• retorna energia elétrica à fonte de alimentação (para os casos em que a potência dissipada
é bastante grande);
• similar a frenagem CC, quando ocorre a frenagem é necessário o caminho para o fluxo de
energia do motor para os diodos da ponte retificadora através dos links CC.
* dois métodos:
1 – ponte retificadora com tiristores: a regeneração somente será possível alterando a
polaridade do link CC; isso pode ser obtido através de uma chave entre o retificador e o
capacitor que irá mudar a direção de acordo com o fluxo de energia (é utilizado em
dispositivos de acionamento em que a frenagem é ocasional e a comutação não precisa ser
rápida, como por exemplo, motores de locomotivas elétricas)
2 – ponte retificadora com diodos: são utilizados conjunto de tiristores para extrair a
potência de frenagem
OBS. A principal desvantagem da frenagem regenerativa é o custo inicial comparado com o
retorno da economia de energia. Esse retorno depende do tipo de aplicação, da inércia da
carga e da duração da frenagem requerida. [8]
54
4.7. Aplicação em controle de processos
A precisão do sistema de controle e sua resposta ao comando do operador são
determinadas pelo tipo de controle utilizado.
• controle em malha aberta: em muitas aplicações, o inversor de frequência é simplesmente
usado para controlar a velocidade de uma carga baseado em um valor de ajuste (setpoint)
fornecido por um operador ou controlador de processo (CLP). Os inversores convencionais
controlam a magnitude e a frequência da tensão de saída, já a corrente que circula depende
das condições do motor e da carga, ou seja, não existe nenhuma informação sobre a
velocidade atual para verificar se o motor está rodando na velocidade desejada.
OBS. Esse método é chamado de controle em malha aberta, e é adequado para controlar
cargas que variam pouco em aplicações mais simples, como: bombas centrífugas,
ventiladores, esteiras transportadoras, em que as mudanças de velocidade que possam
ocorrer não acarretam graves consequências para o controle do processo.
• controle em malha fechada: na indústria existem aplicações críticas cuja velocidade /
torque deve ser precisamente e continuamente controlada. Essa precisão requerida no
controle é muito importante e deve ser levada em consideração no momento da escolha de
um inversor de frequência.
OBS. No controle em malha fechada a velocidade/torque é lida continuamente, controlada e
mantida no valor desejado automaticamente.
A maioria dos inversores de frequência dispõem da função reguladora PID, que pode
ser usada para fazer o controle de um processo em malha fechada. Essa função faz o papel
de um regulador proporcional, integral e derivativo, suposto no controle normal de
velocidade do inversor. [6]
55
4.7.1. Aplicação em economia de energia
Uma característica importante da aplicação dos inversores de frequência é a
economia de energia elétrica no processo de controle de vazão. Neste tipo de aplicação, é
possível mudar as características do motor pelo ajuste da tensão e da frequência em valores
suficientes para fornecer as necessidades de potência da carga.
Uma aplicação típica de economia de energia elétrica é a utilização na indústria nas
situações em que os motores não operam a plena carga em grande parte do tempo, como
por exemplo, em ventiladores, bombas, compressores e outros.
- aplicação:
* válvula: caso a vazão seja menor que a desejada, a válvula é aberta para o aumento da
vazão; caso a vazão seja maior, a válvula é fechada – nesta aplicação, temos um controle de
vazão pela perda da carga na válvula, mas com a rotação constante do motor.
* inversor: valor abaixo do desejado, é aumentada a rotação do motor; valor acima do
desejado, é diminuída a rotação do motor – desta maneira, quando a velocidade precisa ser
reduzida, reduzem-se a frequência e a tensão aplicadas ao motor, o que ocasiona uma
significativa redução do consumo do motor, e por consequência, uma economia de energia
elétrica.
Economia de energia: não são completamente notados pelo usuário, mas destacam-se em
aplicações que envolvam bombas centrífugas e ventiladores, em que o torque da carga
aumenta com o quadrado da velocidade, e o consumo de energia aumenta com o cubo da
velocidade. [10]
56
Capítulo 5
Soft-starter
5.1. Introdução
O avanço da eletrônica de potência permitiu a criação da chave de partida a estado
sólido, a qual consiste de um conjunto de pares de tiristores (SCR, ou combinação de
tiristores/diodos), um em cada borne de potência do motor. Daí, surgiram as chaves
eletrônicas para partida suave, ora chamadas chaves de partida estática soft-starter.
Soft-starter são equipamentos eletrônicos destinados ao controle da velocidade de
partida de motores elétricos de corrente alternada. Quando partimos um motor através da
conexão direta da fonte de alimentação com valores nominais, inicialmente ele drena a
corrente de rotor bloqueado (IRB) e produz um torque de rotor bloqueado (TRB). Assim que
o motor acelera, a corrente cai e o torque aumenta antes de cair para seus valores nominais
na velocidade nominal. Ambos, a magnitude e o formato das curvas de torque e corrente
dependem do projeto do motor.
Além da vantagem do controle de tensão (e consequentemente o controle de
corrente) durante a partida, a chave eletrônica apresenta também a vantagem de não
possuir partes móveis ou que gerem arco elétrico, como as chaves mecânicas. Este é um dos
pontos fortes das chaves eletrônicas, pois sua vida útil é bem mais longa (até centenas de
milhões de manobras). [14]
57
5.2. Princípio de funcionamento de uma soft-starter
O princípio de funcionamento de uma chave de partida estática soft-starter é
baseado na utilização de SCR’s (tiristores) na configuração antiparalelo, que é comandada
por uma placa eletrônica de controle, a fim de ajustar a tensão de saída conforme
programação feita pelo usuário. Variando o ângulo de disparo do circuito de potência
constituído por SCR’s, variamos o valor eficaz de tensão aplicada ao motor.
A chave de partida estática soft-starter não muda a frequência ou a velocidade como
uma unidade. Inicialmente, a tensão para o motor é tão baixa que é apenas capaz de ajustar
a folga entre as rodas de engrenagem ou alongamento de condução cintos, e etc., para
evitar solavancos repentinos durante o início. Aos poucos, a tensão e o torque aumentam,
de modo que a máquina começa a acelerar. Um dos benefícios com este método é a
possibilidade de iniciar para ajustar o torque com a necessidade exata, se o motor está
carregado ou não. Usando uma partida suave, irá se reduzir o ponto de partida atual e,
assim, evitar quedas de tensão em a rede. Ela também reduz o ponto de partida torque e
estresse mecânico sobre o equipamento, resultando na redução da necessidade de serviço e
manutenção. Assim como para partir uma unidade, a soft-starter pode realizar uma parada
suave (soft-stop), eliminando assim picos de pressão no bombeamento sistemas, e evitando
danos ao frágil o material em correias transportadoras. [11]
Figura 5.1 – Forma de onda de partida de uma soft-starter.
Fonte: (Comandos Elétricos, IFTC-SC, 2009, pág. 17).
Ao contrário do que todo mundo pensa, nem toda soft-starter controla as três fases.
Vamos ver essas três possibilidades.
58
• uma fase controlada: há modelos no mercado que controlam apenas uma das três fases
na partida. Com certeza esse modelos são mais baratos, porém, por razões óbvias, mais
limitados. A fase controlada, aliás, é de fato controlada apenas na janela de tempo de
partida. Quando o motor atinge a rotação nominal, a soft-starter funciona como um
contator, ligando-o diretamente à rede elétrica. A única função que permanece nessa função
é a proteção térmica.
A figura abaixo nosso primeiro tipo onde apenas a fase R é controlada através de um
circuito que adianta ou atrasa o ângulo de disparo, e cujos pulsos de disparo são enviados a
um TRIAC. Notem que a medida que o tempo passa (inércia sendo vencida), o ângulo de
disparo vai diminuindo. Conforme o ângulo de disparo reduz, o de condução aumenta,
permitindo que uma maior parcela da senóide chegue a carga. Então, com maior tensão
temos maior corrente e, consequentemente, mais torque.
Figura 5.2 – Motor trifásico com uma fase controlada na partida.
Fonte: (Comandos Elétricos, IFTC-SC, 2009, pág. 17).
• duas fases controladas: essa é a arquitetura mais popular no mercado. A figura abaixo
ilustra como R e T são controladas enquanto S vai diretamente ao motor. O circuito de
controle não foi mostrado, pois é comum a esses modelos mudando apenas a sua
complexidade em função do número de pulsos de disparo necessário para cada arquitetura.
59
Figura 5.3 – Motor trifásico com duas fases controladas na partida.
Fonte: (Comandos Elétricos, IFTC-SC, 2009, pág. 18).
• três fases controladas: a última e melhor arquitetura, onde as três fases R, S e T são
controladas, pode ser vista na figura abaixo. Esse é a melhor chave de partida estática soft-
starter em termos de performance, uma vez que temos o controle mais preciso e maior
simetria entre as potências nas três fases. [7]
Figura 5.4 – Motor trifásico com três fases controladas na partida.
Fonte: (Comandos Elétricos, IFTC-SC, 2009, pág. 19).
60
5.2.1. Circuito de controle de uma soft-starter
No circuito de controle de uma soft-starter estão contidos os circuitos responsáveis
pelo comando, monitoração e proteção dos componentes do circuito de potência, bem
como os circuitos utilizados para comando, sinalização e interface homem-máquina que
serão configurados pelo usuário em função da aplicação.
• controladores de torque: promovem apenas a redução do torque de partida. Dependendo
do tipo, eles podem controlar apenas uma ou duas fases. Como consequência, não existe
controle sobre a corrente de partida como é conseguido com os tipos mais modernos de
soft-starter. Controladores de torque com apenas uma fase devem ser utilizados com
contator e relé de sobrecarga. Eles são apropriados para aplicações pequenas. O controle
trifásico deve ser usado para partidas frequentes ou com cargas de alta inércia, pois os
controladores monofásicos causam um aquecimento extra na partida. Isso acontece porque
as bobinas que não são controladas ficam sob a tensão nominal. Essa corrente circula por
um período maior do que durante uma partida direta resultando num sobre aquecimento do
motor. Controladores com duas fases devem ser usados com um relé de sobrecarga, mas
podem partir e parar o motor sem um contator. Entretanto, a tensão continua presente no
motor mesmo que ele não esteja rodando. Se instalado dessa maneira, é importante
assegurar medidas de segurança.
• controladores de tensão em malha aberta: controlam todas as três fases e têm todos os
benefícios fornecidos pelas chaves de partida estática soft-starter. Esses sistemas controlam
a tensão aplicada no motor de maneira pré-configurada, e não tem nenhuma realimentação
de corrente. A performance da partida é conseguida configurando-se parâmetros como
tensão inicial, tempo de rampa e tempo de rampa duplo. A parada suave também está
disponível. Controladores de tensão em malha aberta também devem ser usados com relés
de sobrecarga e com contatores, se requerido. Dessa forma, são componentes que devem
estar agregados a outros componentes para formar um sistema de partida do motor.
• controladores de tensão em malha fechada: são uma variante do sistema de malha
aberta. Eles recebem realimentação da corrente de partida do motor e usam essa
informação para cessar a rampa de partida do motor quando a corrente de limite
configurada pelo usuário é atingida. O usuário tem as mesmas configurações do sistema de
61
malha aberta com a adição do limite de corrente. A informação da corrente do motor
também é normalmente utilizada para fornecer uma variedade de proteções baseadas na
corrente. Essas funções incluem, sobrecarga, desbalanceamento de fases, subcorrente, etc.
Esses são sistemas completos de partida, e ambos fornecem controle sobre a partida /
parada e proteções para o motor.
• controladores de corrente em malha fechada: é o mais avançado de todos.
Diferentemente do sistema de tensão em malha fechada, eles usam a corrente como
referência principal. As vantagens dessa aproximação são controle preciso da corrente de
partida, e fácil ajuste. Muitos ajustes do usuário podem ser feitos automaticamente por
sistemas baseados em corrente. [4]
5.3. Acionamento de uma soft-starter
As chaves de partida estática soft-starter encontradas no mercado oferecem uma
extensa variedade de funções integradas que podem ser parametrizáveis, embora nem
todas estejam presentes nas linhas de fabricação de todos os fabricantes. Algumas dessas
funções são:
• controle da corrente de partida;
• seleção das curvas (rampas) de partida e de parada;
• limitação do nível de sobrecarga;
• função “energy saver” (redução da tensão nos períodos de subcarga dos motores);
• seleção do tempo de frenagem;
• proteção por sobrecarga na saída e por falta de fase na entrada;
• proteção contra curtos-circuitos na saída.
– partida eletrônica (soft-starter): a chave de partida a estado sólido consiste de um
conjunto de pares de tiristores (SCR) ou combinações de tiristores/diodos para cada fase do
motor. O ângulo de disparo de cada par de tiristores é controlado eletronicamente para
aplicar uma tensão variável no motor durante a aceleração. Este comportamento é muitas
vezes chamado de partida suave (soft-starter). No final do período de partida, ajustável
conforme a aplicação, a tensão atinge seu valor pleno após uma aceleração suave ou uma
62
rampa ascendente, ao invés de ser submetido a uma transição brusca, como ocorre com o
método de partida por ligação estrela-triângulo, por exemplo. Com isso, consegue-se manter
a corrente de partida próxima da nominal e com suave variação, como desejado. Além da
vantagem do controle de corrente durante a partida, a chave eletrônica apresenta também a
vantagem de não possuir partes móveis ou que gerem arco elétrico, como nas chaves
eletromecânicas. Este é um dos pontos fortes das chaves eletrônicas, pois sua vida útil é
mais longa, assim como dos componentes acessórios (contatores, fusíveis, cabos, etc.).
Ainda, como um recurso adicional, a soft-starter apresenta a possibilidade de efetuar a
desaceleração suave (soft-stop) para cargas de baixa inércia.
onde:
1 – corrente de partida direta;
2 – corrente de partida com soft-starter;
3 – conjugado de partida direta;
4 – conjugado de partida com soft-starter;
5 – conjugado da carga.
Figura 5.5 – Curva torque x corrente. Comparativo entre partida direta e soft-starter.
Fonte: (Guia de Aplicação de Soft-starterer, WEG, 2010, pág. 39).
vantagens:
- corrente de partida próxima à corrente nominal;
- não existe limitação do número de manobras/hora;
- longa vida útil, pois não possui partes eletromecânicas móveis;
- torque de partida próximo do torque nominal;
- pode ser empregada também para desacelerar o motor.
desvantagens:
- maior custo, à medida que a potência do motor é reduzida. [6]
63
Conforme o modelo e o fabricante, esses equipamentos podem oferecer uma
extensa variedade de sinalizações das condições de operação (LED’s), entradas analógicas e
saídas a relés, que possibilitam integração com sistemas supervisórios. Há fabricantes que
oferecem um software para a seleção da chave de partida mais adequada, por meio da
simulação de parâmetros específicos das condições de operação, como dados da rede,
dados do motor, dados da carga, requisitos exigidos para aplicações especiais, e etc. É
possível a conexão de uma chave de partida estática soft-starter para a partida suave de um
motor por meio de duas formas de conexões distintas, conforme representação a seguir:
,
Figura 5.6 – Partida suave com a soft-starter em linha com o motor.
Fonte: (OSE, 2007, pág. 36).
1ª solução: inserção da soft-starter em linha com o motor. Na representação acima, a
proteção da soft-starter é provida por meio de disjuntor motor. Nesta solução, a corrente IC
é absorvida da rede pela soft-starter, e a corrente a ser fornecida ao motor, quando estiver
em regime, é a corrente nominal IN do motor. A fiação entre chave de partida suave e o
motor necessita apenas dos três condutores para as fases.
64
Figura 5.7 – Partida suave com a soft-starter inserido no “Δ” do motor.
Fonte: (OSE, 2007, pág. 36).
2ª solução: inserção da soft-starter no interior do “Δ” do motor. Na representação acima, a
proteção da soft-starter é provida por meio de disjuntor-motor. Nesta solução, a corrente a
ser fornecida pela soft-starter ao motor, quando este estiver em regime, será apenas 58% da
corrente IN (corrente nominal do motor). U1-U2, V1-V2 e W1-W2 são os extremos dos
enrolamentos de cada fase do motor. L1-T1, L2-T2 e L3-T3 são as entradas e saídas da chave
de partida suave. [11]
Para o emprego da segunda solução, é necessário que o motor tenha os dois
extremos de conexões de suas fases acessíveis, o que implica maior extensão de cabos (com
menores seções). No entanto, como a soft-starter deverá fornecer apenas 58% da corrente
nominal com conexão em delta, será obviamente de menor custo. Além do dispositivo de
proteção contra curtos-circuitos a montante da chave de partida suave, as normas
internacionais exigem um equipamento de seccionamento manual para sua isolação, em
caso de manutenção, que poderá ser uma chave seccionadora com fusíveis, uma chave com
fusíveis ou até um contator. Da mesma forma que nos demais tipos de partida vistos
anteriormente, a coordenação de partida com soft-starter pode ser feita com o emprego
65
tanto de disjuntores como por fusíveis para a proteção da alimentação, ainda que alguns
fabricantes recomendem o emprego de coordenação com fusíveis ultrarrápidos, próprios
para a proteção de semicondutores. Um recurso que pode ser utilizado, principalmente em
motores com regime de operação contínua e com elevadas potências, é a utilização de
contatores em “by pass” alimentando normalmente o motor após a partida suave, que será
desativada, com o objetivo de minimização de perdas de energia e de dissipação de calor
gerado pelos componentes da eletrônica de potência. [7]
5.4. Funções parametrizáveis de uma soft-starter
• rampa de tensão na aceleração: as chaves de partida estática soft-starter têm uma função
muito simples que é, através do controle da variação do ângulo de disparo da ponte de
tiristores, gerar na saída da mesma uma tensão eficaz gradual e continuamente crescente,
até que seja atingida a tensão nominal da rede. Necessário mencionar que quando
ajustamos um valor de tempo de rampa e de tensão de partida, isto não significa que o
motor irá acelerar de zero até a sua rotação nominal. Na realidade isto dependerá das
características dinâmicas do sistema motor/carga, como por exemplo: sistema de
acoplamento, momento de inércia da carga refletida ao eixo do motor, atuação da função de
limitação de corrente, etc. (tanto o valor da tensão de partida quanto o de tempo de rampa
são valores ajustáveis dentro de uma faixa que pode variar de fabricante para fabricante).
Não existe uma regra prática que possa ser aplicada para definir qual deve ser o valor de
tempo a ser ajustado, e qual o melhor valor de tensão de partida para que o motor possa
garantir a aceleração da carga. A melhor aproximação poderá ser alcançada através do
cálculo de tempo de aceleração do motor.
66
Figura 5.8 – Rampa de aceleração da soft-starter.
Fonte: (Guia de Aplicação de Soft-starter, WEG, pág. 42).
• rampa de tensão na desaceleração: existem duas possibilidades para que seja executada a
parada do motor, por inércia ou controlada, respectivamente.
- na parada por inércia, a soft-starter leva a tensão de saída instantaneamente a zero,
implicando que o motor não produza nenhum conjugado na carga, que por sua vez, irá
perdendo velocidade até que toda energia cinética seja dissipada.
- na parada controlada, a soft-starter vai gradualmente reduzindo a tensão de saída até um
valor mínimo em um tempo predefinido. O que ocorre neste caso pode ser explicado da
seguinte maneira: reduzindo-se a tensão aplicada ao motor, este irá perder o conjugado; a
perda do conjugado reflete no aumento do escorregamento; o aumento do escorregamento
faz com que o motor perca velocidade. Se o motor perde velocidade a carga acionada
também perderá. Este tipo de recurso é muito importante para aplicações que devem ter
uma parada suave do ponto de vista mecânico. Podemos citar como exemplo bombas
centrífugas, transportadoras, etc.
67
Figura 5.9 – Rampa de desaceleração da soft-starter.
Fonte: (Guia de Aplicação de Soft-starter, WEG, pág. 43).
- no caso particular das bombas centrífugas, este recurso minimiza o efeito do “Golpe de
Ariete”, que pode provocar sérios danos a todo o sistema hidráulico, comprometendo
componentes como válvulas e tubulações, além da própria bomba.
- Golpe de Aríete: O “Golpe de Aríete” é um “pico de pressão” resultado de uma rápida
redução na velocidade de um líquido, que pode ocorrer quando um sistema de
bombeamento sofre uma parada brusca. No contexto da aplicação de soft-starter, a
ocorrência do golpe de aríete está relacionada à rápida parada do motor da bomba, embora
ele possa ser provocado por outros eventos, como o rápido fechamento de uma válvula. O
pico de pressão nessas condições pode ser várias vezes maior que o esperado pelo sistema,
provocando danos que podem se estender até a bomba. Quando a soft-starter está
habilitada a fazer uma parada suave do motor (“Pump Control”), a chance de ocorrência do
golpe de aríete na parada do motor é reduzida.
• kick start: existem cargas que no momento da partida exigem um esforço extra de
acionamento em função do alto conjugado resistente. Nestes casos, normalmente a soft-
starter precisa aplicar no motor uma tensão maior que aquela ajustada na rampa de tensão
na aceleração. Isto é possível utilizando uma função chamada “kick start”. Como podemos
ver na figura abaixo, esta função faz com que seja aplicado no motor um pulso de tensão
com amplitude e duração programáveis para que o motor possa desenvolver um conjugado
68
de partida suficiente para vencer o atrito, e assim acelerar a carga. Deve-se ter muito
cuidado com essa função, pois ela somente deverá ser usada nos casos em que ela seja
estritamente necessária.
Figura 5.10 – Pulso de tensão na partida da soft-starter.
Fonte: (Guia de Aplicação de Soft-starter, WEG, pág. 44).
OBS. Devemos observar alguns aspectos importantes relacionados com esta função, já que
ela poderá ser mal interpretada e, desta forma, comprometer a definição com relação ao seu
uso, inclusive o do próprio sistema de acionamento. Como a tensão de partida poderá ser
ajustada próximo da tensão nominal, mesmo que por um pequeno intervalo de tempo, a
corrente irá atingir valores muito próximos daqueles registrados no catálogo ou folha de
dados do motor. Isso é claramente indesejável, pois a utilização da soft-starter nestes casos
advém da necessidade de se garantir uma partida suave, seja eletricamente, seja
mecanicamente. Desta forma, podemos considerar este recurso como sendo aquele que
deverá ser usado em última instância, ou quando realmente for óbvia a condição severa de
partida.
• limitação de corrente: na maioria dos casos onde a carga apresenta uma inércia elevada, é
utilizada uma função denominada de limitação de corrente. Esta função faz com que o
sistema rede / soft-starter forneça ao motor somente a corrente necessária para que seja
executada a aceleração da carga. Este recurso é sempre muito útil, pois garante um
69
acionamento realmente suave e, melhor ainda, viabiliza a partida de motores em locais onde
a rede encontra-se no limite de sua capacidade. Normalmente nestes casos, a condição de
corrente na partida faz com que o sistema de proteção da instalação atue, impedindo assim
o funcionamento normal de toda a instalação. Ocorre então a necessidade de se impor um
valor limite de corrente de partida de forma a permitir o acionamento do equipamento, bem
como de toda a indústria na qual ele se encontra instalado.
A limitação de corrente também é muito utilizada na partida de motores cuja carga
apresenta um valor mais elevado de momento de inércia. Em termos práticos, podemos
dizer que esta função é a que deverá ser utilizada após não se obter sucesso com a rampa de
tensão simples, ou mesmo quando para que o motor acelere a carga, seja necessário ajustar
uma rampa de tensão de tal forma que a tensão de partida próximo aos níveis de outros
sistemas de partida como, por exemplo, as chaves compensadoras, não sendo isto de forma
alguma um fator proibitivo na escolha do sistema de partida.
• pump control: esta função é utilizada especialmente para a aplicação de soft-tart em
sistemas de bombeamento. Trata-se na realidade de uma configuração específica
(predefinida) para atender a esse tipo de aplicação, onde normalmente é necessário
estabelecer uma rampa de tensão na aceleração, uma rampa de tensão na desaceleração, e
a habilitação de proteções. A rampa de tensão na desaceleração é ativada para minimizar o
golpe de aríete, prejudicial ao sistema como um todo. São habilitadas também as proteções
de sequência de fase e subcorrente imediata (para evitar a cavitação). [5]
OBS. A cavitação é a formação de bolhas através do interior da bomba. Com bombas
centrífugas, a cavitação pode ocorrer quando o valor de sucção se torna alto o suficiente no
interior da bomba. Quando essas bolhas passam pela bomba, uma grande quantidade de
energia é liberada, provocando danos. Quando a soft-starter está devidamente habilitada a
fazer proteção de subcorrente (“Pump Control”), a bomba fica protegida de ocorrência de
cavitação prolongada.
70
5.5. Aplicação em economia de energia
Uma soft-starter que inclua características de otimização de energia simplesmente
altera o ponto de operação do motor. Esta função, quando ativada, reduz a tensão aplicada
aos terminais do motor de modo que a energia necessária para suprir o campo seja
proporcional à demanda de carga. Em termos práticos, pode-se observar uma otimização
com resultados significativos somente quando o motor está operando com cargas inferiores
a 50% da carga nominal. Isto, diga-se de passagem, é muito difícil de encontrar, pois
estaríamos falando de motores altamente sobredimensionados, o que atualmente, e em
virtude da crescente preocupação com o desperdício de energia e fator de potência, vem
sendo evitado a todo custo. [10]
Cabe destacar que este tipo de otimização de energia possui alguns inconvenientes,
principalmente a geração de tensões e correntes harmônicas e variações no fator de
potência. No caso, as harmônicas podem ocasionar problemas relativos a danos e redução
da vida útil de capacitores para a correção do fator de potência, sobreaquecimento de
transformadores, e interferências em equipamentos eletrônicos.
71
Capítulo 6
Estudo de caso: comparativo entre aplicações de inversores de frequência e chaves de partida estática (soft-starter)
6.1. Introdução
Conforme citado acima, várias são as opções para partidas de motores. Duas destas,
os inversores de frequência e as chaves de partida estática soft-starter, merecem especial
atenção por terem características muito semelhantes. Os termos e descrições usados na
literatura sobre esses produtos são quase os mesmos, e a lista de possíveis aplicações
também. Todavia, a tecnologia e o desempenho são significativamente diferentes.
O objetivo deste capítulo é fornecer informações técnicas básicas para que essas
diferenças sejam compreendidas. Falaremos sobre o perfil de algumas cargas que se utilizam
desses métodos de partida, além de apresentarmos uma cotação de preços para alguns
desses equipamentos. Com isso, esperamos ratificar o quão importante é a escolha do
equipamento adequado para cada aplicação.
Quando estas diferenças forem compreendidas, será mais fácil saber quando e onde
deve-se optar por cada uma dessas tecnologias.
6.2. Cargas típicas acionadas por inversores de frequência e soft-starter
Para a utilização de motores elétricos de indução rotor gaiola de esquilo para o
acionamento de cargas, devem ser levadas em consideração as características da carga
acionada tanto para acionamentos com o motor operando com velocidade fixa, como
também para com velocidade variável, pois em função das características de partida, regime
contínuo ou transitório, é que se pode fazer o correto dimensionamento do motor.
72
Para as aplicações aqui ilustradas, levamos em consideração o acionamento da carga
através de tais motores com inversores de frequência e chaves de partida estática soft-
starter, determinando suas vantagens e limitações:
• ventiladores e turbobombas: possuem como característica o conjugado de forma
quadrática, isto é, o seu conjugado resistente varia com o quadrado da rotação aplicada. Por
exemplo, caso seja duplicada a rotação da bomba para se aumentar a pressão do sistema
hidráulico, deverá ser fornecido um conjugado quatro vezes maior para tal.
• torno de superfície / laminador desfolhador: esta aplicação tem como característica
possuir o conjugado do tipo que varia inversamente com a rotação (hiperbólico), pois no
processo deve ser obedecida a condição de que a velocidade tangencial da peça ou cilindro
seja sempre constante, isto é, a velocidade superficial entre a peça e a ferramenta de corte
tem de ser constante.
• sistemas de transporte: fazem parte desta família de aplicação as esteiras, correias,
roscas, correntes, mesas transportadoras, etc. Estas aplicações podem ser agrupadas pois
possuem as mesmas características quanto ao seu acionamento, tendo o conjugado
resistente constante para toda a faixa de velocidade. Deverá ser tomado cuidado especial
para condições onde seja necessária a operação com rotações abaixo da metade da rotação
nominal do motor acionado, onde deverá ser considerado o problema de sobreaquecimento
por redução de ventilação para motores convencionais.
• extrusoras: essas máquinas têm como característica um conjugado resistente do tipo
constante para qualquer velocidade. Deve-se novamente ter cuidado especial para
condições onde seja necessária a operação com rotações abaixo da metade da rotação
nominal do motor, onde deverá ser considerado o problema de sobreaquecimento pela
redução de ventilação para motores convencionais. Problema este que pode ser contornado
através do sobredimensionamento da carcaça do motor ou a utilização de ventilação
forçada.
73
• trefilas: para este tipo de equipamento, a característica de conjugado é constante para
qualquer valor de velocidade, devendo-se atentar para a operação em baixas rotações com
sobredimensionamento do motor, conforme descrito anteriormente. Outro fator importante
é a condição de sobrecarga na partida quando da introdução do material a ser trefilado, o
que deve ser previsto quando se dimensiona o método de partida.
• fresadoras: esta aplicação tem como característica a necessidade de se manter a
velocidade de desbaste (retirada de material) constante (velocidade superficial do rebolo
constante). Para isto, é interessante que se possa aumentar a velocidade do rebolo
conforme o desgaste do mesmo. Nesta condição, quando o rebolo é novo, a velocidade
necessária é baixa e o conjugado alto.
• sistemas de dosagem: entende-se por sistemas de dosagem as aplicações nas quais se
utilizam inversores de frequência para variar a rotação do motor responsável pela
alimentação do sistema, em processos contínuos e que não envolvam controle preciso de
quantidade, volume ou vazão. Temos como exemplo aplicações tais como: esteiras, rosca
sem fim e bombas.
• centrífugas: são equipamentos utilizados para separação de compostos de várias
naturezas. Entre estes equipamentos podemos salientar as centrífugas de açúcar, roupa,
produtos químicos, e etc. Este tipo de aplicação possui características de conjugado
resistente baixo e inércia extremamente alta.
• moinhos a tambor: entre os tipos de moinho a tambor, salientam-se os moinhos de bolas
(indústria cerâmica). E por analogia do princípio de funcionamento, são aplicações
semelhantes as máquinas de lavar roupa industrial. Este tipo de aplicação possui
característica de conjugado que varia linearmente com a rotação, ou seja, quanto maior a
rotação, maior o conjugado resistente. Este sistema possui elevada inércia na partida que
dependem diretamente da quantidade de carga do moinho. [14]
74
6.3. Caracterização das diferenças de aplicação
Em aplicações em que o tempo de aceleração precise ser constante, um inversor
deve ser usado, pois o tempo de aceleração para uma partida suave é mais dependente da
carga que o tempo selecionado para a rampa de aceleração. Se o tempo de aceleração não
for um problema e o controle do torque e da corrente for o necessário, uma partida suave é
uma boa opção para a aplicação. (OBS. algumas partidas suaves usam a realimentação,
como por exemplo, os tacômetros. Estas unidades podem fornecer uma aceleração
temporizada com variação de cargas. Deve-se observar que realimentação da corrente
durante a aceleração pode atingir o mesmo nível que em partida a plena tensão – 600 a
800% da corrente de plena carga).
Com relação à parada, um inversor de frequência trará o motor para descanso em
um tempo especificado. Isto já pode estar incorporado a um inversor ou pode se solicitar
uma função opcional de frenagem dinâmica para cargas com alta inércia ou de que
provocam regeneração. A partida suave com um recurso de parada suave pode estender
somente o tempo de parada. Além disso, assim como a aceleração, o tempo de parada é
dependente da carga. Caso o tempo e as características de parada não sejam críticos, uma
partida suave pode ser adequada à aplicação. Algumas partidas suaves especialmente
projetadas também podem fornecer a frenagem. Estes tipos de partidas são projetados para
reduzir o tempo de parada em que a parada por inércia é muito longa. Caso a carga não seja
somente a inércia pura e possa variar, o tempo de parada também variará.
Quando a limitação de corrente for o principal motivo para não dar a partida em
plena tensão, o primeiro método a ser considerado, atualmente, é normalmente a partida
suave. Isto devido à diferença de custo entre a partida suave e um inversor de frequência
nas faixas de corrente em que a limitação de corrente torna-se um fator. Em muitos casos, a
partida suave é uma escolha adequada.
Existem aplicações em que o custo adicional de um inversor é apropriado, como por
exemplo, quando o motor não tem condições de fornecer torque suficiente para dar a
partida na carga com as limitações de corrente impostas pelo sistema de distribuição.
Diferentemente das partidas suaves, os inversores podem acelerar um motor até a
velocidade plena com torque nominal, sem que a corrente de linha exceda a corrente de
75
plena carga do motor. Lembre-se de que a potência de entrada no inversor de frequência é
igual à potência de saída mais as perdas. Portanto, para as cargas que requerem um torque
mais alto que a partida suave pode fornecer com os limites impostos pela distribuição do
sistema, um inversor pode ser a solução necessária.
Agora, se o torque de partida for um fator preocupante ao selecionar um inversor ou
uma partida, considere a drástica diferença na quantidade de torque que pode ser
desenvolvido por uma determinada quantidade de corrente de linha. O inversor tem um
torque muito mais alto por Ampère. [3]
Dito isso, fica claro que tecnicamente o inversor de frequência apresenta mais
possibilidades do que as chaves de partida suave, entretanto, devido ao seu alto custo, o seu
“sobredimensionamento” pode onerar por demais o custo de um projeto.
6.4. Cotação de preços
Para ilustrar o quão oneroso para um projeto pode ser uma aplicação indevida de um
desses equipamentos, segue abaixo uma cotação de alguns desses equipamentos, com suas
respectivas características elétricas, de potência, e de aplicação similares.
Equipamento Fabricante Linha Aplicação Tensão (V) Potência (kW) Frequência (Hz) Faixa de preço (R$)
Soft-starter Schneider-Electric Altistart 01 Compressores, bombas, ventiladores, etc. 110 - 480 0,37 - 15 50 / 60 555,91 – 1.132,97
Equipamento Fabricante Linha Aplicação Tensão (V) Potência (kW) Frequência (Hz) Faixa de preço (R$)
Soft-starter Schneider-Electric Altistart 22 Compressores, bombas, ventiladores, etc. 230 - 440 4 - 400 50 / 60 3.203,19 – 30.868,90
76
Equipamento Fabricante Linha Aplicação Tensão (V) Potência (kW) Frequência (Hz) Faixa de preço (R$)
Soft-starter Schneider-Electric Altistart 48 Ventiladores de alta inércia, misturadores, agitadores, etc. 230 - 415 4 - 1200 50 / 60 5.105,25 – 64.106,58
Além das chaves de partida suave da linha Altistart, cotamos também alguns
inversores de frequência da linha Altivar (que serão mostrados abaixo).
Equipamento Fabricante Linha Aplicação Tensão (V) Potência (kW) Frequência (Hz) Faixa de preço (R$)
Inversor de frequência Schneider-Electric Altivar 12 Movimentação de cargas, batedeiras industriais, etc. 200 - 240 0,18 - 4 50 / 60 1.153,99 – 3.412,53
Equipamento Fabricante Linha Aplicação Tensão (V) Potência (kW) Frequência (Hz) Faixa de preço (R$)
Inversor de frequência Schneider-Electric Altivar 312 Elevadores, pontes rolantes, máquinas têxteis, etc. 380 - 500 0,18 - 15 50 / 60 1.837,76 – 10.401,71
Equipamento Fabricante Linha Aplicação Tensão (V) Potência (kW) Frequência (Hz) Faixa de preço (R$)
Inversor de frequência Schneider-Electric Altivar 61 Compressores, bombas, ventiladores, etc. 380 - 480 0,37 - 630 50 / 60 4.939,70 – 242.835,76
OBS. Cotação foi realizada na Loja Elétrica LTDA (Filial Pedro II,) com a vendedora Elaine Silva, no dia 04 de agosto de 2014.
77
6.5. Estudos para aplicação dos métodos de partida
Aqui, elaboramos quatro exemplos de aplicações (dois referentes às bombas e dois
referentes a transportadores). Estes exemplos não requerem velocidade variável ou
regulagem precisa da velocidade, de forma que tanto um inversor de frequência como uma
chave de partida estática soft-starter, podem ser usados.
Exemplo 1 - Uma bomba está partindo em plena tensão. Há um “golpe de aríete” e o
escoramento do tubo precisa de manutenção constante.
Resposta: Uma partida suave será mais adequada à aplicação, pois ela fornece o torque
controlado durante a aceleração e é usada para minimizar e, em muitos casos, eliminar o
“golpe de aríete”. Não há nenhuma preocupação relacionada às limitações de corrente, pois
a aplicação está partindo em plena tensão. [8]
Exemplo 2 - Um transportador terrestre precisa de 100% de torque para acelerar quando
completamente carregada. O consumo de corrente máximo da rede elétrica está limitado a
500% da corrente de plena carga do motor. Normalmente, o transportador será inicializado
sem carga, entretanto, em alguns casos, pode ser necessário que este transportador seja
inicializado com carga.
OBS. A taxa de aceleração é crucial para evitar que a esteira seja danificada.
Resposta: Inicialmente, uma partida suave parece ser a escolha certa. A partida suave pode
fornecer um torque de 101% com corrente de 450%. Entretanto, a taxa de aceleração, que
equivale ao tempo de partida, é crítica. A carga também varia de descarregada para
plenamente carregada. Neste caso, um inversor de frequência seria a solução correta. [8]
Exemplo 3 - Uma nova bomba de irrigação está sendo instalada em uma área rural. Devido a
isto, a corrente de consumo máximo da rede elétrica sem queda de tensão significativa foi
calculada em 200% da leitura da placa de identificação do motor.
78
Resposta: Um inversor é mais indicado que uma partida suave. Em alguns casos, as partidas
suaves podem acelerar a bomba com apenas 200% da corrente. A experiência de aplicação
indica que, frequentemente, é necessário de 250 a 300% da corrente. O inversor de
frequência pode fornecer o torque necessário para acelerar a bomba dentro das restrições
de limite de corrente do sistema de distribuição. [8]
Exemplo 4 - Um motor de 20HP aciona um transportador aéreo por meio de uma
engrenagem que parte e pára frequentemente. A partida em plena tensão pode ser usada,
mas, se o transportador inicia muito rapidamente, o produto balançará e pode ser
danificado ou a corrente pode quebrar.
Resposta: Uma partida suave se adequaria a esta aplicação. Não há restrição de tempo e
nem limitação de corrente. A partida em rampa deveria ser usada permitir pequenas
variações de carga refletida de volta para o motor. Se a redução da engrenagem for alta
suficiente, uma partida por limitação de corrente pode fornecer uma partida ainda mais
suave. [8]
Estes exemplos mostram como variações sutis das aplicações podem alterar o tipo de
partida do motor requisitado. Cada aplicação deve ser avaliada de acordo com suas próprias
particularidades. Nem os inversores de frequência, nem as chaves de partida estática soft-
starter, são soluções adequadas para qualquer tipo de situação.
79
Capítulo 7
Conclusão
Inversores de frequência e soft-starter são equipamentos com estruturas e
funcionalidades distintas. Enquanto o inversor é projetado para controlar a velocidade e
torque do motor ao longo do seu funcionamento, o soft-starter é capaz de controlar apenas
a sua partida e frenagem. É fato que, para motores pequenos (menores que 3CV), um
inversor de frequência pode até assemelhar-se em custo a um soft-starter e, portanto,
mostrar-se como uma vantagem a medida que também pode oferecer uma rampa da
partida e frenagem. Essa relação, entretanto, desaparece quando tratamos de motores com
maior potência (ex: comparar o preço de uma soft-starter com potência de 50 CV e um
inversor de frequência de mesma potência).
Ao se conhecer os princípios de operação do inversor de frequência e da chave de
partida estática soft-starter, e o desempenho do motor com cada um desses recursos, fica
clara a aplicabilidade similar de ambos os equipamentos. Ainda assim, os inversores de
frequência apresentam maiores vantagens técnicas.
Sobre essas vantagens, a primeira e mais óbvia, é quando a velocidade do motor
precisa ser modificada de zero para a frequência da linha e, algumas vezes, ultrapassar a
frequência da linha. A partida suave aplica tensão e, por consequência, a velocidade de
operação é fixa. A segunda vantagem, relacionada à velocidade que o inversor possui, diz
respeito aos processos que requerem uma velocidade constante. Caso uma frequência fixa
seja aplicada ao motor, a velocidade real daquele motor não é, precisamente, regulada pela
frequência de entrada. A velocidade de saída é, na verdade, regulada pela carga aplicada ao
motor. Portanto, se um processo precisar de uma regulagem de velocidade muito rígida, a
frequência aplicada ao motor deve ser alterada em relação à carga que estiver sendo
aplicada. Isto pode ser alcançado por meio do uso da realimentação para o inversor de
frequência.
80
Como sugestão para trabalhos futuros, vale investigar junto aos fabricantes de
inversores de frequência quais sãos as suas propostas para o desenvolvimento de
equipamentos do tipo controle de fluxo vetorial e controle orientado de campo, ou ainda
mensurar os esforços que estão sendo empregados para o desenvolvimento de
equipamentos mais eficientes (com melhor fator de potência e com menor potencial de
geração de distorções harmônicas).
81
Referências Bibliográficas
[1] MORO FRANCHI, CLAITON, "Inversores de Frequência – Teoria e Aplicações", Érica, 2ª
edição. São Paulo - 2009.
[2] MORO FRANCHI, CLAITON, "Acionamentos Elétricos", Érica, 4ª edição. São Paulo - 2011.
[3] NASCIMENTO, G., "Comandos Elétricos – Teoria e Atividades", Érica, 1ª edição. São
Paulo - 2012.
[4] STEPHAN, RICHARD M., "Acionamento, Comando e Controle das Máquinas Elétricas",
Ciência Moderna, 1ª edição. Rio de Janeiro - 2013.
[5] KOSOW, IRVING I., "Máquinas Elétricas e Transformadores", Globo, 15ª edição. São
Paulo - 2005.
[6] FITZGERALD, A.E., "Máquinas Elétricas", Bookman, 6ª edição. Porto Alegre - 2006.
[7] SADIKU, MATTHEW O., "Elementos de Eletromagnetismo", Bookman, 6ª edição. Porto
Alegre - 2003.
[8] RASHID, MUHAMMAD H., "Eletrônica de Potência – Circuitos, Dispositivos e
Aplicações", LTC, 2ª edição. São Paulo - 1999.
[9] FISCHER, PEDRO ARMANDO, "Proteção, Partida e Comando de Motores de Indução
Trifásicos", O Setor Elétrico - 2006.
82
[10] "Motores de Indução Alimentados por Inversores de Frequência PWM", WEG.
[11] "Automação – Guia de Seleção de Partidas”, WEG.
[12] "Motores Elétricos – Guia de Especificação", WEG.
[13] "Acionamentos Elétricos", Schneider-Electric.
[14] "Softstarter Handbook", ABB.
[15] "Guia de Aplicação Soft-starterers", WEG.
[16] "Guia de Aplicação - Inversores de Frequência", WEG.
[17] “Guia de Aplicação de Partida Suave e Inversores”, Allen-Bradley.