ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

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Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção Elisângela Lopes da Silva ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: CONTRIBUIÇÕES DE UM ESTUDO DE CASO BAIANO Dissertação de Mestrado Florianópolis 2003

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Universidade Federal de Santa Catarina

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção

Elisângela Lopes da Silva

ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS

NA EAD: CONTRIBUIÇÕES DE UM ESTUDO

DE CASO BAIANO

Dissertação de Mestrado

Florianópolis

2003

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Elisângela Lopes da Silva

ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS

NA EAD: CONTRIBUIÇÕES DE UM ESTUDO

DE CASO BAIANO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal de Santa Catarina como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Engenharia de Produção

Orientadora: Prof. Dulce Márcia Cruz, Dr.

Florianópolis

2003

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Elisângela Lopes da Silva

ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: CONTRIBUIÇÕES DE UM ESTUDO DE CASO BAIANO

Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Mestra em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 28 de março de 2003.

________________________________ Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr,

Coordenador do PPGEP

BANCA EXAMINADORA

___________________________________ Profª. Dulce Márcia Cruz, Dr.ª (Orientadora)

___________________________________ Profª. Andréa Valéria Steil, Dr.ª

__________________________________ Prof. Marcio Vieira de Souza, Dr.

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A meus queridos pais,

Domingos Belarmino da Silva e

Valdinéia Rosa Lopes pela educação

de vida que sempre me proporcionaram.

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Agradecimentos

A Deus pela força espiritual que me ajudou a prosseguir nos momentos difíceis.

À Universidade Federal de Santa Catarina.

Ao Instituto Anísio Teixeira pela oportunidade única desse Mestrado.

À Universidade Estadual do Sudoeste Baiano.

À orientadora Prof. Dr.ª Dulce Márcia Cruz,

pelo acompanhamento pontual e competente.

Aos professores do Curso de Pós-Graduação.

Aos colegas do Mestrado um agradecimento especial pela convivência e apoio,

na realização da pesquisa.

A todos os que direta ou indiretamente

contribuíram para a consecução dessa pesquisa.

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Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe

outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe

posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar

visível o seu próprio mundo, e isso é tudo. (Hermann Hesse)

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Resumo

SILVA, Elisângela Lopes da Silva – A informação na ordem do dia:

contribuições de um estudo de caso para a EaD. 2003. 130p. Dissertação

(Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.

O objetivo deste trabalho é compreender a distribuição das informações na Educação à Distância. Para tanto, procura investigar como ocorre o processo comunicacional na EaD e quais as fontes de informação que os alunos utilizam. Discute a polissemia do termo informação, propondo um conceito que o diferencia de outras palavras como conhecimento, dados e notícias. A Informação seria o sentido que os seres humanos atribuem aos dados. Também faz uma revisão conceitual da Sociedade Informacional, bem como um levantamento das principais Teorias da Comunicação. Analisa o aspecto da recepção da comunicação e compara o conceito atual de receptor com os estudos de Paulo Freire sobre o educando-educador. Descreve a EaD, seus componentes e sua expansão no Brasil e nesse contexto, apresenta o curso de Mestrado oferecido pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da UFSC através do Laboratório de Ensinoà distância (LED) à Secretaria de Educação e Cultura da Bahia e analisa seu aspecto comunicacional, focando os seguintes canais de comunicação: o material didático, o computador, as aulas presenciais, as aulas por videoconferência e o site do LED. Os participantes desse processo comunicacional e a questão da interatividade também são discutidos. Para alcançar os objetivos propostos, delimitou-se um estudo de caso e se fez uma pesquisa de caráter exploratório com questionários estruturados. Os resultados obtidos apontam para uma distribuição descentralizada de informações, incentivando um comportamento mais participativo do aluno. Também demonstram que há uma grande variedade de informações nos cursos à distância e que os alunos representam uma importante fonte para a obtenção de diferentes tipos de informação. Recomenda-se no final que haja uma pesquisa mais detalhada sobre a carga informacional dos cursos de EaD. Palavras-chave: Informação, Sociedade da Informação, Educação à

Distância, Comunicação.

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Abstract

SILVA, Elisângela Lopes da Silva – A informação na ordem do dia:

contribuições de um estudo de caso para a EaD. 2003. 130p. Dissertação

(Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.

The purpose of this study was to gain an understanding of the distribution of distance-learning information. For this reason, how the communicational process occurs in distance was investigated and what the sources of information that students use are. The paper discusses the polysemy of the word “information”, proposing a concept that distinguishes among the words: knowledge, data and news , among others. Information is defined as the sense that humans give to data. The paper revises the theories that analyze the derivation of “Information Society”, as well as revising some theories of communication. Mass media and new technologies of communication and information are distinguished. The aspect of the reception of communication is analyzed, and the present concept of the receptor are compared with the studies of Paulo Freire concerning the educating-educator. Distance learning and its components and expansion in Brazil are analyzed. The Distance Learning Laboratory (LED) of the Federal University of Santa Catarina is providing a distance-learning master’s degree program (in production engineering) open to certain employees of the Secretary of Education of the Brazilian state of Bahia. The present research analyzes the communication characteristics of this degree program, focusing on its communication channels: didactic material, computers, the physical classroom, videoconferencing, and the location of the LED. The participant in this communication process and the question of interacti vity are also discussed. To reach the stated objectives, a case study was delimited, and exploratory research was conducted with structured questionnaires. The results obtained show a decentralized distribution of information, promoting active behavior in the student. It is also demonstrated that there is a large variability in the information in distance-learning courses and that the students themselves represent an important resource for obtaining different kinds of information. Finally, more detailed and in-depth research concerning the measurement of the amount of information available to the student in distance-learning courses is recommended. Key words: Information, Information Society, Communication, Distance

Learning.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS....................................................................................................11

LISTA DE QUADROS .................................................................................................12

LISTA DE GRÁFICOS.................................................................................................13

LISTA DE TABELAS ...................................................................................................14

1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................15

1.1 Problema Formulado ........................................................................................16

1.2 Hipóteses Elaboradas.......................................................................................17

1.3 Objetivos .............................................................................................................17

1.3.1 Objetivo Geral.............................................................................................18

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................18

1.4 Justificativa .........................................................................................................18

1.5 Metodologia........................................................................................................19

1.6 Estrutura do Trabalho .......................................................................................20

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..........................................................................22

2.1 Abordagens Informacionais .............................................................................22

2.2 Sociedade da Informação ................................................................................30

2.3 Conceito de Informação ...................................................................................38

2.4 Meios de Comunicação de Massa e Novas Tecnologias de Comunicação

e Informação.............................................................................................................48

2.5 A Comunicação .................................................................................................53

2.6 O Receptor .........................................................................................................55

3 - EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA ..................................................................................62

3.1 Breve histórico da EaD no mundo e no Brasil..............................................67

3.2 Elementos Constitutivos da EaD ....................................................................69

3.3 Educação ou Instrução.....................................................................................73

4 - A COMUNICAÇÃO NO MESTRADO SEC/BA..................................................77

4.1 Histórico do objeto de estudo ..........................................................................77

4.2 Canais Comunicacionais do Objeto de Estudo ...........................................79

4.2.1 Material Didático.........................................................................................81

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4.2.2 Computador ...............................................................................................82

4.2.3 Aulas Presenciais .....................................................................................82

4.2.4 Aulas por videoconferência .....................................................................83

4.2.5 Site LED .....................................................................................................84

4.3 Participantes da Comunicação ......................................................................85

4.4 Interatividade.....................................................................................................86

5 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..........................................................88

5.1 Estudo de caso ..................................................................................................88

5.2 Coleta de Dados................................................................................................88

5.4 Descrição dos Dados........................................................................................90

5.5 Interpretação dos dados.................................................................................110

6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................................116

6.1 Em relação aos objetivos da pesquisa ........................................................116

6.2 Em relação às hipóteses elaboradas ...........................................................118

6.3 Em relação às limitações da pesquisa.........................................................119

6.4 Recomendações e estudos futuros ..............................................................120

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 120

ANEXO 01...................................................................................................... . 127

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Pirâmide de dados-informação-conhecimento ..................................46

Figura 02 – Canais de Comunicação no Modelo de Orientação do LED...........80

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LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Comparação entre a Revolução Industrial e a Revolução

Informacional.....................................................................................................35

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Percentual de alunos por gênero ......................................................90

Gráfico 02 – Percentual de alunos por faixa etária ................................................90

Gráfico 03 - Formação acadêmica dos alunos .......................................................91

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Significado de informação para os mestrandos ................................92

Tabela 02 - A sensação que a informação desperta nas pessoas......................93

Tabela 03 - Classificação quantitativa das informações .......................................94

Tabela 04 - Tipos de informações obtidas durante o curso:.................................95

Tabela 05 - As fontes de informações sobre o conteúdo das disciplinas...........96

Tabela 06 - Fontes de informações sobre o funcionamento das tecnologias....97

Tabela 07 - As fontes sobre o funcionamento da EaD..........................................98

Tabela 08 - As fontes de informações sobre o funcionamento do curso............99

Tabela 09 - Característica da comunicação com os professores ......................100

Tabela 10 - Características do conteúdo material impresso ..............................101

Tabela 11- Características do conteúdo material didático eletrônico................103

Tabela 12 - Características da comunicação com o Monitor..............................104

Tabela 13 - comportamento do aluno nas aulas presenciais .............................105

Tabela 14 - Comportamento do aluno nas aulas por videoconferência ..........106

Tabela 15 - Comportamento do aluno no contato com site do LED ................107

Tabela 16 - Comportamento do aluno com a monitora ......................................108

Tabela 17 - Comportamento do aluno com o material impresso ......................109

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1 - INTRODUÇÃO

O crescimento da Educação à Distância nos últimos anos foi bastante

expressivo. Um dos fatores que mais contribui para essa realidade é a própria

configuração dessa prática educacional. A EaD possui uma flexibilidade de

tempo e espaço muito maior que o ensino presencial, permitindo que

trabalhadores possam estudar até mesmo dentro do próprio local de trabalho.

Também podem ser apontados como fatores externos o aprimoramento das

Novas Tecnologias de Comunicação e Informação (NTCI), mudanças na

Legislação, o aumento de pesquisas na área e a superação de preconceitos

em relação ao aprendizado com o professor em outro quadrante espacial e/ou

temporal.

No Brasil, o governo tem incentivado a criação de cursos à distância. A

respeito disso, o programa para a informatização da sociedade brasileira do

Livro Verde da Sociedade da Informação propõe, em uma das suas sete linhas

de ação, o seguinte:

Apoio aos esquemas de aprendizado de educação continuada e à

distância baseados na Internet e em redes, mediante fomento a

escolas, capacitação em tecnologias de informação e comunicação

em larga escala; implantação de reformas curriculares visando ao uso

de tecnologias de informação e comunicação em atividades

pedagógicas e educacionais, em todos os níveis da educação formal

(TAKAHASHI, 2000: P.10).

Na Bahia, em 2000, foi criado o primeiro Mestrado com aulas presenciais e

à distância numa parceira entre a Secretaria de Educação e Programa de Pós-

Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina. A experiência de aluna

neste curso propiciou à pesquisadora deste trabalho uma compreensão melhor

sobre a educação à distância e fez amadurecer a idéia de estudar a informação

nesta modalidade.

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Isto porque, como se verá ao longo desta dissertação, há um determinante

informacional que ultrapassa as imediações da Educação à Distância e

interfere na configuração de toda a sociedade atual. A EaD integra-se nessa

configuração como parte de um processo evidentemente mais amplo. Essa

afirmação decorre dos estudos de Takahashi (2000), Castells (1999), Lojkine

(1999), Dizard (1998), Cardoso (1998), Levy (1993, 1996), Wurman (1991),

Roszak (1988), entre outros. Mas é Belloni (2002) que resume melhor essa

tendência da educação refletir as mudanças sociais:

A partir dos anos 80 e especialmente 90, no bojo das transformações

tecnológicas trazidas pelas redes telemáticas e pela disseminação

dos PCs, por um lado e por outro, pela influência das teorias sociais

relacionadas com a pós -modernidade, observa-se o aparecimento de

concepções de formação inspiradas na idéia de uma “sociedade do

saber e da informação”. Em tal contexto, de complexidade e de

reflexividade, a educação passa a ser identificada com a transmissão

de saberes ao longo de toda vida de todos os indivíduos e não mais

como um rito de iniciação social e um treinamento para o trabalho,

que, uma vez adquiridos, tornavam o indivíduo apto de uma vez por

todas para viver em sociedade (p. 10).

Feita essa consideração, há de se pensar no problema da pesquisa. Esse é

o ponto de partida para qualquer trabalho científico, visto que, segundo Dewey: Não formular o problema é andar às cegas, no escuro. A maneira

pela qual concebemos o problema é que nos leva a decidir quais os

elementos que devem ser selecionados ou rejeitados e qual o critério

para a conveniência e importância ou não da hipótese e da

estruturação dos conceitos (apud RUDIO, 2001: p. 19).

A saber, para se formular um problema é preciso refletir sobre os seguintes

pressupostos: precisão e clareza, possibilidade de solução e delimitação a uma

dimensão viável (DESLANDES, 1994). Sendo assim, o recorte desta pesquisa

será:

1.1 Problema Formulado

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Como é feita a distribuição das informações num curso de educação à

distância tendo como exemplo um estudo de caso do curso de Mestrado Do

PPGEP/UFSC para a Secretaria de Educação da Bahia?

1.2 Hipóteses Elaboradas

Apesar de não pretender dar uma conotação positivista ao trabalho já

antevendo possíveis soluções para o problema, essa pesquisa levantou

algumas hipóteses. Entendendo que estas são suposições “que antecedem a

constatação dos fatos e tem como característica uma formulação provisória”,

sendo sua principal função na pesquisa científica, “propor explicações para

certos fatos e ao mesmo tempo orientar a busca de outras informações”

(OLIVEIRA, 2001: p. 156).

? Na EaD, a distribuição das informações é descentralizada. Isto porque

as informações que os alunos necessitam não estão centralizadas na

figura do professor. Elas estão dispersas também na equipe de

monitores e tutores, entre os alunos e o material didático utilizado.

? Há uma maior variabilidade de informações nos cursos de EaD por

conta da necessidade de se aprender sobre dois novos sistemas: o uso

das NTCIs e a prática de educação à distância.

? Uma distribuição descentralizada de informações exige do aluno uma

participação mais ativa no processo comunicativo, um atitude mais

autônoma na construção da informação.

1.3 Objetivos Sendo assim, é intenção deste trabalho dar uma contribuição sobre o

fenômeno informacional no campo da educação, especificamente na

modalidade de educação à distância. Assim, colaborar-se-á para a

compreensão do processo comunicativo envolvido na aprendizagem não-

presencial e, conseqüentemente, proporcionar-se-á mais um crescendo nessa

área. Abaixo os propósitos deste trabalho:

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1.3.1 Objetivo Geral

A partir de um estudo de caso do curso de Mestrado em Mídia e

Conhecimento com ênfase em Educação à Distância da Universidade Federal

de Santa Catarina junto à Secretaria de Educação do Estado da Bahia fazer

uma pesquisa exploratória para refletir sobre a distribuição das informações na

prática de educação à distância.

1.3.2 Objetivos Específicos

? Levantar conceitos relacionados aos elementos que compõem a

comunicação humana;

? Realizar um levantamento bibliográfico sobre o processo

comunicacional na educação à distância;

? Investigar como ocorre o processo comunicacional na educação à

distância do curso estudado;

? Identificar as fontes de informação existentes e as utilizadas pelos

alunos do curso estudado;

? Relacionar o papel do receptor na comunicação com o sentido

freireano para educando-educador e a concepção de aluno em EaD;

1.4 Justificativa

Esta pesquisa se justifica, primeiro, por entender que apesar desta

sociedade em andamento valorizar o conhecimento, uma criação

essencialmente humana, ainda há dúvidas de como organizar e utilizar os

recursos tecnológicos para se chegar a ele. O que se sabe é que a educação,

mesmo com todos os percalços, há milhares de anos vem ajudando na

formação do homem, e portanto, deve passar por ela a construção de uma

verdadeira Sociedade do Conhecimento.

A segunda razão já faz uma delimitação neste campo tão abrangente que é

a educação. Como um dos objetos de estudo deste trabalho, estabeleceu-se a

Educação à distância por ser a modalidade de ensino que mais utiliza as NTCIs

no processo comunicativo das informações.

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Outro motivo que estimula um trabalho como este se refere à falta de

pesquisas em EaD que tratam da questão informacional. Na Biblioteca online

de Teses e Dissertações do Laboratório de Ensino à Distância (LED) do curso

de pós-graduação em Engenharia de Produção1, por exemplo, encontram-se

28 pesquisas indexadas com as palavras-chave comunicação, EaD e Novas

Tecnologias. Mas não há referência ao aspecto proposto nessa pesquisa para

análise em nenhum dos trabalho encontrados. Sabe-se que é um tema

complexo, dada a sua ordem humana, visto que necessita da cognição e da

consciência para existir, atividades próprias do homem. Mas é devido,

principalmente, ao caráter polissêmico da palavra que abriga vários

significados e usos, a dificuldade de estudar um tema como este.

Quando se envereda por essa área corre-se o risco de obter resultados

insatisfatórios por conta de não existir métodos suficientes seguros. Mas nem

por isso o pesquisador deve se desmotivar. Há outros caminhos que não

seguem a pretensa objetividade. Nesse sentido, Alves afirma o seguinte: “o

fato é que os cientistas freqüentemente se vêem incapazes de explicar como

as idéias lhes ocorrem. Elas simplesmente aparecem, repentinamente, sem

que tenham sido construídas, passo a passo, por um procedimento

metodológico” (1995, p. 134).

Com isso, demonstra-se a necessidade de se aprofundar no tema, mas

evidenciando-se que este trabalho não pretende dar o assunto por encerrado,

visto que as pesquisas nessa área estão dando seus primeiros passos.

1.5 Metodologia

Tendo em vista aumentar a experiência em torno deste assunto, este

trabalho fará uma pesquisa exploratória com uma abordagem qualitativa, isto

porque segundo Oliveira, esta “não tem a pretensão de numerar ou medir

unidades ou categorias homogêneas” (2002, p. 116) .

1 http://server.led.br/cgi-bin/jazz/aluno/login.pl?temp=0

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A metodologia usada será um estudo de caso do curso de Mestrado em

Engenharia de Produção, na área de Mídia e Conhecimento, com ênfase em

Educação à Distância da Universidade Federal de Santa Catarina, oferecido à

Secretaria Estadual de Educação da Bahia. Apesar de não poder generalizar

as conclusões, pelo objeto de pesquisa não ser um representante oficial de seu

universo, o estudo de caso é bastante flexível e freqüentemente utilizado nas

pesquisas sociais (Gil, 1995).

O trabalho necessita também de um levantamento bibliográfico para se

compreender o tema em questão. Para tanto, será feita uma revisão teórica

através de fontes indiretas com vistas “a atualizar o pesquisador, obter

comprovação de que a questão formulada ainda não foi resolvida e

acompanhar o avanço de um assunto” (MARCANTÔNIO, 1993: p. 24).

Para atingir os objetivos expostos, emprega a técnica de coleta de dados:

um questionário estruturado, porque por meio dele podem-se obter motivos e

dados reais, como não acontece com os questionários não-estruturados, tendo

ainda a vantagem de reduzir as distorções causadas pelo entrevistador e os

custos de tabulação.

A população para essa pesquisa se constituirá do grupo de professores das

quatro universidades estaduais da Bahia (UESB, UNEB, UEFS e UESC) e do

Instituto Anísio Teixeira que participaram do Mestrado. Foram 30 pessoas que

participaram deste curso, incluindo a pesquisadora deste trabalho.

1.6 Estrutura do Trabalho

Esta pesquisa encontra-se estruturada em seis capítulos, de acordo com a

representação abaixo:

No primeiro capítulo há uma breve introdução sobre o assunto, bem como o

problema a ser pesquisado, hipóteses levantadas, os objetivos geral e

específicos, a justificativa com as razões que motivaram a realização do

trabalho, a metodologia utilizada e a estrutura de como está divida a

dissertação.

No segundo capítulo há uma revisão teórica das principais abordagens da

informação na contemporaneidade; estabelece um conceito de informação e a

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diferencia dos termos que a ela estão associados; faz brevemente uma

distinção entre os meios de comunicação de massa (M.C.M) e a novas

tecnologias de comunicação e informação (NTCIs); fecha o capítulo

dissertando sobre a convergência entre as concepções de receptor, educando-

educador.

No terceiro capítulo discutem-se os motivos que levaram a EaD ter um

significativo crescimento nos últimos anos no Brasil; faz um breve histórico

sobre essa modalidade de ensino no Brasil e no mundo; apresenta os

principais elementos que constituem a EaD e por fim discute rapidamente

sobre a diferença entre educação e instrução.

No quarto capítulo descreve-se o objeto de estudo desta dissertação, o

curso de Mestrado em Mídia e Conhecimento da UFSC para a SEC da Bahia,

buscando focar seu aspecto comunicacional.

No quinto capítulo disserta-se mais detalhadamente sobre a metodologia

utilizada para realização deste trabalho, bem como faz a análise dos dados.

Ao sexto capítulo é delegada a função de concluir e fazer recomendações

para trabalhos futuros.

Nas últimas páginas encontram-se as referências bibliográficas das citações

feitas no decorrer do texto.

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2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo faz uma revisão das principais abordagens da informação na

contemporaneidade, comenta sobre as obras que dissertaram sobre o tema da

sociedade pós-industrial; estabelece um conceito de informação e a diferencia

dos termos que a ela estão associados; comenta a respeito dos meios de

comunicação de massa e a novas tecnologias de comunicação e informação;

por fim disserta sobre a convergência entre as concepções de o receptor e

educando-educador.

2.1 Abordagens Informacionais Uma nova ordem social vem se desenvolvendo como um estágio posterior à

Sociedade Industrial. Apesar de ser um processo heterogêneo e que atinge

diversas áreas da atividade humana, pode-se identificar como uma das suas

características a utilização das Novas Tecnologias de Comunicação e

Informação como ferramentas de trabalho (CASTELLS, 1999).

Para esse novo cenário foram nomeadas expressões como Sociedade do

Conhecimento, Sociedade da Informação ou Era do Conhecimento. O aspecto

comum a essas denominações é um só: a existência de uma espécie de culto

em torno da informação, revestindo-a de gênero de primeira necessidade a ser

consumido por todos e ao mesmo tempo considerando-a como a moeda mais

cara do momento (ROSZAK, 1988).

A crença no poder da informação tem origem nos utilitaristas2 da

Inglaterra do início século XIX. Os seguidores do filósofo Jeremy Bentham

podem ser identificados como os primeiros a valorizar os fatos puros porque

pensavam que estes poderiam revelar a ineficiência do governo da época.

Através de suas pesquisas, eles obtinham dados sobre a população de

2 Doutrina criada durante o século XVII, segundo a qual o útil é bom, e portanto, o valor ético de uma conduta é

determinado pelo caráter prático de seus resultados. Seu maior representante foi o filósofo Jeremy Bentham. Microsoft

(2001)

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Londres e propunham novas políticas baseadas somente nessas estatísticas,

independente de outras variáveis (idem, 1988). Roszac assim os define:

Os utilitaristas acreditavam que os fatos sociais produzidos por

inquirição precisa provariam instantaneamente as falhas de leis e

instituições existentes, apontando assim diretamente para a solução

óbvia. (...) Eles se deleitavam em sua insurgência intelectual,

encantando-se em mostrar a loucura e a confusão dos velhos

costumes, dos quais havia muitos ainda vivos e ativos na sociedade

inglesa. Eles se encorajavam com sua arma peculiar: o fato, o fato

onipotente, contra o qual nem o sentimento nem a retórica poderiam

se colocar (1988, p. 238-239).

Até então a palavra informação era associada a fatos e conhecimento. Com

a publicação de estudos envolvendo esse tema no século XX (comentados no

segundo capítulo deste trabalho), a invenção das Novas Tecnologias de

Comunicação e Informação (NTCI) e as transformações que estas provocaram

na sociedade, essa situação se modificou. Hoje a informação tem caráter

polissêmico, além de diferentes abordagens.

Na visão de Webster (apud CARDOSO, 1998) seriam cinco essas

abordagens: tecnológica, econômica, ocupacional, espacial e cultural, que

juntas caracterizariam a Sociedade da Informação. Por entender que

informação está ocupando um espaço bastante expressivo em outras

atividades humanas, este trabalho acrescenta outras perspectivas

informacionais como: política, ideológica e biológica.

A abordagem tecnológica talvez seja a mais presente na vida das pessoas

por se referir à utilidade prática das NTCIs. Hoje, por exemplo, usa-se o

computador com Internet para uma série de atividades como: movimentação

financeira, compras em supermercados, livrarias, lojas de departamento, além

de ajudar na pesquisa e contatos com o mundo inteiro. Para Cardoso, o

discurso tecnológico passa a idéia segundo a qual “os avanços nas áreas do

processamento de informação, armazenamento, transmissão e convergência

entre telecomunicações e informática levarão à sua directa aplicação em todos

os campos da actividade social e a conseqüentemente transformações” (1998,

p. 02). O autor completa dizendo que “é uma abordagem que se limita à

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descrição das inovações tecnológicas e à conseqüentemente previsão das

suas possíveis implicações na sociedade” (1998, p. 02). Percebe-se que não

há uma problematização do tema, e as discussões se centram na questão

quantitativa. Se assim o fosse, para haver a democratização da informação e

do aprendizado bastaria que houvesse em cada escola salas de informática

com computadores. Um equívoco. Não é somente o acesso à tecnologia que

irá fazer dos homens melhores cidadãos, pelo menos do ponto de vista

formativo. É o modo como os professores trabalham a tecnologia que

determinará a construção do aprendizado por parte do aluno.

A sociedade que está se formando tem como um dos cernes o

conhecimento, o qual é o conceito e o recurso que assegura uma riqueza

sustentada (CASTELLS, 2001). Assim torna-se claro que hoje a relação entre

educação e desenvolvimento é muito mais direta que em outras épocas. Um

bom exemplo é a valorização do capital intelectual3 e a gestão do

conhecimento 4 dentro das empresas. Desse modo, a visão econômica da

informação está relacionada com a idéia de que para as nações se

desenvolverem ou continuarem a se desenvolver é necessário que elas

invistam em atividades ligadas a informação, a educação e o conhecimento.

Segundo Cardoso,

Uma das propostas de abordagem econômica da sociedade de

informação mais conhecidas é a de Porat na sua reformulação da

categorização tradicional dos sectores de produção (industrial,

serviços e agricultura) em função daquilo que na sua visão era o cada

vez maior contributo dos sectores da sociedade, directa e

indirectamente ligados à produção de informação para a criação de

riqueza. Porat propôs a criação de uma catalogação das actividades

em função da existência de três sectores: um sector primário de

informação, um sector secundário de informação, um sector não

produtor de informação (1998, p. 02).

3 Constitui a matéria intelectual, ou seja, conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência, que pode ser

utilizada para gerar riqueza. É a capacidade mental coletiva (FONSECA, 2001: p. 07). 4

Trata-se de uma ferramenta gerencial para administrar a informação, agregar-lhe valor e distribuí-la, para que possa

se transformar em conhecimento (FONSECA, 2001: p. 11)

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25

A abordagem econômica está intrinsecamente ligada à abordagem

ocupacional da informação. É fácil perceber isto no fato de que estão

acontecendo alterações no mercado de trabalho com o setor de serviços tendo

a maior participação no número de empregos, principalmente na área de

informática (LOJKINE, 1999). Mas os trabalhadores da informação não são só

os que utilizam as ferramentas tecnológicas, mas também aqueles

em cuja actividade está presente uma componente majoritária de

análise e tratamento de informação da qual depende o sucesso da

função desempenhada, como seja o trabalho desenvolvido por

arquitectos, gestores, advogados, consultores, engenheiros,

sociólogos, médicos, etc. (CARDOSO, 1998: p. 03).

Castells E Giddens (apud CARDOSO, 1998) também fazem uma análise

espacial da informação. Enquanto Giddens observa “a questão da compressão

do tempo e espaço e das suas implicações para a vida em sociedade” (P. 03),

Castells “apresenta-nos a dualidade existente entre o espaço dos fluxos e o

espaço dos lugares e as disparidades em termos de poder político e econômico

que essa situação implica” (p. 03). A exemplo tem-se a seguinte afirmação: ... no início dos anos 90, enquanto, de um lado, cidades como

Bangkok, Taipei, Xangai, México D.F. ou Bogotá desfrutavam um

crescimento urbano explosivo fomentado pelos negócios, de outro,

Madri, Nova York, Londres e Paris experimentavam uma queda que

causou profunda diminuição nos preços de imóveis e paralisou novas

construções. Esta montanha-russa urbana, em diferentes períodos

nas diversas áreas do mundo, ilustra a dependência e a

vulnerabilidade de qualquer local, inclusive das principais cidades, em

relação aos fluxos globais em transformação (CASTELLS, 1999: p.

410).

O entendimento cultural da informação, segundo Cardoso, refere-se “a

análise da quantidade de informação que hoje em dia é colocada à nossa

disposição, através dos mais diversos media e cujas implicações estão

presentes na nossa sociedade das mais diversas formas” (1998: p. 03). Esse

pensamento há bastante tempo vêm preocupando os pesquisadores da

Comunicação que estudam os produtos midiáticos e seus efeitos no público.

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26

Para tanto foram elaboradas teorias como: Hipodérmica, Crítica, Culturológica,

Psicológica (WOLF, 1995). Dentro desta abordagem, Wurman (1991) coloca a

proposição de que a modernidade vive uma ansiedade de informação. O autor

explica essa ansiedade de informação como sendo

o resultado da distância cada vez maior entre o que compreendemos

e o que achamos que deveríamos compreender. É o buraco negro

que existe entre dados e conhecimento, e ocorre quando a

informação não nos diz o que queremos ou precisamos sabe. (p. 38)

Isso porque as pessoas se expõem a um grande número de meios de

comunicação como jornais, rádio, TV e principalmente Internet, a fim de

estarem atualizadas, mas, na maior parte das vezes, o que consomem apenas

engorda e não faz crescer. Esse consumo excessivo da informação sem um

momento para refletir pode ter como sintoma a distorção da própria

comunicação, uma Disfunção Narcotizante: “... pode acontecer que,

independente das intenções, a expansão das comunicações de massa esteja a

desviar as energias humanas da participação activa para as transformar em

conhecimento passivo” (LASARSFELD apud WOLF, 1987: p. 61).

Sob o ponto de vista ideológico, a questão que mais preocupa é controle

dos fluxos informacionais. Novaes (1989) abordou esse ponto no livro de sua

autoria “A quem pertence a informação?”. Partindo do pressuposto de que “o

direito de acesso à informação é um dos pontos fundamentais, é uma das

bases para a construção de um sociedade realmente democrática” (p. 16),

Novaes (1989) questiona se os jornais realmente noticiam os interesses e as

reivindicações de todas as categorias das quais o público é constituído, se os

grupos regionais ou as minorias podem se identificar com o que a mídia

impressa e eletrônica divulga.

Esse controle se reflete também no cenário internacional com o pequeno

número de agências (France Press, Reuters, UPI e AP) que domina a grande

maioria do fluxo de notícias globais. Como também é visível nos grandes

conglomerados de comunicação que estão se formando dos quais a Time-

Warner é a maior representante com sua cadeia de editoras, jornais, rádios e

Page 27: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

27

cinemas. Gamboa (1997) que explica de forma bastante precisa os

questionamentos aqui apontados.

As informações estão carregadas de estilos de vida, visão de mundo,

ideologias, valores, contravalores, seus conteúdos estão sempre

direcionados por interesses humanos, geralmente em proveito dos

grupos que controlam essas informações. (...) as informações

utilizadas nos processos produtivos, na tomada de decisões, na

geração de novas descobertas e de novas tecnologias são

rigorosamente controladas. Entretanto as informações que geram

vivendi, ideologias desmobilizadoras e concepções fantasiadas do

mundo são democraticamente divulgadas. Todas elas parecem

conduzir à formação de uma sociedade de consumidores, de sujeitos

que ligam seus terminais para consumir informações insignificantes

ou informações sobre novas mercadorias que poderão ser

consumidas com maior rapidez e adquiridas com um mínimo de

esforço (p. 40-41).

A abordagem biológica inspira-se no desejo humano de conhecer as suas

informações mais íntimas e que estão codificadas em milhões de

cromossomos. Na tentativa de decifrar este ‘código’ genético, está

acontecendo uma competição entre as grandes empresas farmacêuticas e o

poder público. Segundo Castells

o governo dos EUA decidiu patrocinar e custear, em 1990, um

programa de 15 anos de cooperação no valor de US$ 3 bilhões para

mapear o genoma humano, isto é para identificar entre 60 mil e 80

mil genes que compõem o alfabeto da espécie humana (1999: p.66).

A empresa ou nação que chegar primeiro nesta corrida poderá patentear as

informações obtidas e com isso ter o monopólio sobre a cura de várias doenças

e o controle sobre novos produtos tecnológicos em detrimento dos interesses

das populações dos países em via de desenvolvimento. Nessa situação,

questões éticas são ignoradas ou se revelam inadequadas. Uma delas é sobre

a responsabilidade do cientista nas conseqüências de sua descoberta. Não há

instância ética extracientífica, ainda que reclame para si uma universalidade,

que pareça capaz de articular intrinsecamente seu sistema de normas com a

Page 28: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

28

prática científica e com o universo dos fatos científicos ao qual ela se refere. É

a filosofia (implícita ou explícita) do cientista que guia suas opções éticas no

próprio terreno da sua prática científica (VAZ, 1988). Um outro problema se

refere ao risco que existe na recombinação de material genético de diferentes

espécies de vida5.

Na política, a informação ocupa um espaço considerável nas discussões.

Os chefes de estado estão elaborando projetos para que sua nação seja

informatizada. Werthein, representante da Unesco, confirma:

é o Estado que está à frente de iniciativas que visam ao

desenvolvimento ‘da sociedade da informação’ nas nações

industrializadas e em muitas daquelas que ainda estão longe de ter

esgotado as potencialidades do paradigma industrial (2000: p.73).

No Brasil e em outros países da Europa percebe-se isso através dos Livros

Verde e Branco. Estas publicações contêm as metas a serem atingidas com os

programas para a instalação da Sociedade Informacional, sendo que os

principais objetivos são promover a democratização do acesso as NTCIs e

desenvolver uma economia competitiva no mercado global. O Livro Verde

brasileiro é de inspiração européia e foi concluído em agosto de 2000. Ele

prevê orçamento na ordem de 3,4 milhões distribuídos entre 2000 e 2004,

sendo apenas 15% do governo e o restante da iniciativa privada.

A elaboração do Livro Verde foi conduzida por um Grupo de

Implantação do Programa, formado por membros do governo, da

iniciativa privada, da comunidade acadêmica e do terceiro setor.

Envolveu ainda a participação de um amplo espectro de indivíduos

pertencentes a vários segmentos e instituições representativas,

distribuídos e organizados em 11 Grupos de Trabalho, além da

mobilização de uma equipe técnica básica de concepção, elaboração

e apoio (LEGEY e ALBAGLI, 2000: p. 06).

5 Muitos destes produtos são resultados de transgenia, colocando um princípio de incerteza sobre o impacto na

natureza. Loverlock, autor da hipóteses Gaia, por exemplo, expressa o temor que um perigo maior do que a guerra

nuclear adviria de certas manipulações genética de plantas. Uma manipulação mal controlada, por pura inabilidade,

poderia terminar numa destruição total da natureza (Sorman, 1989).

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29

O programa brasileiro trabalha com sete linhas de ação, em que cada uma

“será por sua vez, traduzida em um conjunto de ações concretas, com

planejamento, orçamentação, execução e acompanhamentos específicos”

(TAKAHASHI, 2000: p. 11). Tais linhas são:

? Mercado, trabalho e oportunidades;

? Universalização de serviços para a cidadania;

? Educação na sociedade da informação;

? Conteúdos e identidade cultural;

? Governo ao alcance de todos;

? P& D, tecnologias-chave e aplicações;

? Infra-estrutura e novos serviços;

A percepção dessas mudanças, a explosão da informação em diversos

campos da atividade humana foi o que, a princípio, motivou a realização deste

trabalho. Entender o que é a informação, qual o papel que de fato ela ocupa na

sociedade, foram os primeiros questionamentos que surgiram. Era evidente e

inevitável que para conseguir as respostas, teria de se recorrer ao próprio

objeto de estudo: a informação.

Não obstante a busca pelas respostas a esses questionamentos, sabe-se

que é prematuro dar como certa a compreensão do fenômeno informacional.

Pois há de se pensar que ainda está em desenvolvimento essa nova sociedade

e que por conta disso se torna difícil estabelecer proposições seguras sobre

este processo. Pode ainda estar longe o tempo que permitirá ao homem saber

o que de fato representou o século XX para a humanidade; assim como, ainda

hoje, não se esgotaram as tentativas de interpretação e entendimento das

revoluções científicas do século XVII. Durante este período, grandes

pensadores e cientistas, através de suas realizações, modificaram para sempre

o curso da humanidade. A exemplo temos Isaac Newton6, René Descartes7,

6 Físico e matemático que formulou as três leis do movimento que deram origem a lei da gravitação universal.

7 Filósofo francês, autor da célebre frase Cogito, ergo sum. Através do método da dúvida, lançou as bases para o sistema de pensamento racionalista.

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30

Blaise Pascal8, Baruch Spinoza 9 e os filósofos políticos Thomas Hobbes10 e

John Locke11.

Desses pensadores, um dos que mais influenciaram a ciência foi Descartes,

com o seu sistema de pensamento racionalista. Em seu livro Discurso sobre o

Método, ele propõe quatro princípios fundamentais para o racionalismo, sendo

que um deles “consistia em dividir cada dificuldade a ser examinada em tantas

partes quanto possível e necessário para resolvê-las” (1982: p. 40). Confiando

nesse princípio, a ciência foi ao longo de sua história fragmentando o

conhecimento e dando origem a hiperespecialização das ciências. Essa

hipertrofia de um estudo específico pode fazer com que o pesquisador perca a

noção do significado dos outros campos do saber (ALVES, 1995). Moran

(1996) vai mais além em sua crítica à fragmentação do conhecimento e afirma

que nas ciências humanas se perdeu a noção de homem: “as diferenças

sociais, a demografia e a economia não precisam mais da noção de homem.

Existem até certas disciplinas da psicologia que eliminam o homem, seja em

proveito do comportamento, seja em proveito da pulsão” (p. 129).

Essas colocações foram feitas para justificar que apesar deste trabalho ter

apresentado várias abordagens da informação (política, tecnológica, científica,

etc.), a pesquisa se fixará em apenas uma. Acreditando, entretanto que as

áreas não têm uma delimitação precisa e por vezes influenciam-se

mutuamente.

2.2 Sociedade da Informação As obras que inauguram esse novo contexto informacional datam

principalmente do final dos anos 40: “Cybernetics or Control and

Communication in the animal and machine” (1948), de Norbert Weiner, o pai da

8 Um dos grandes matemáticas da história, considerado o inventor do relógio mecânico.

9 Membro da escola racionalista de filosofia deu importantes contribuições para o campo da ética.

10 Autor do famoso livro Leviatã, em que expõe os princípios da soberania do estado na vida das pessoas .

11 Fundador da escola empirista, afirmava que a mente é uma folha em branco que será preenchida com as experiências.

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31

cibernética; e “The mathematical theory of communication”12 (1949), de Warren

Weaver e Claude E. Shannon.

Em função da complexidade dos meios de comunicação que começaram a

se massificar nesse período, surgiu a necessidade de uma explicação teórica

para a transmissão de informação através de rádios, telefones e outros

impulsos elétricos. Os americanos Shannon e Weaver, dois engenheiros da

companhia telefônica Bell criaram A Teoria Matemática da Comunicação em

1948. Esta consiste em passar um sinal, através de um canal, de um emissor

para um receptor emissor com o mínimo de distorção e perda possível.

Segundo Wolf, todos estes estudos têm por objectivo melhorar a velocidade de

transmissão de mensagens, diminuir as suas distorções e aumentar

a velocidade global do processo de transmissão de informação

(1995: p.100).

Weaver era o responsável por traduzir os artigos de Shannon para uma

linguagem mais simples, e esse fato, segundo Winkin (1998), deu-lhe a

liberdade para apoderar-se de termos técnicos e os vestir com nova roupagem

semântica. Uma atitude que teve conseqüências mais sérias, como explica

Winkin:

Será enorme o impacto da simplificação e da amplificação das

páginas muito abstratas de Shannon feitas por Weaver. Por um lado,

sua introdução vai devolver ao senso comum termos que dele

haviam sido tirados, mas dotando-os de uma aura nova. Assim,

informação, um termo técnico que exprime a medida da incerteza de

uma mensagem, torna-se um sinônimo erudito e “enfeitiçante” de

informações (no plural), sem referente preciso. Por outro lado, ela vai

provocar a ilusão de que termos do senso comum tenham recebido

um poder de análise extremamente vasto – é o caso de

comunicação (1998: p.191).

12 Em relação aos trabalhos de Shannon e Weaver a maioria dos autores estudados Wolf (1999), Winkin (1998),

Bougnoux (1999), Araújo (1995), Ruyer (1972) não faz a distinção entre Teoria Matemática da Comunicação e Teoria

da Informação, apenas D’Azevedo (1971) divide a Teoria da Informação entre Teoria Física da Informação e Teoria

Matemática da Comunicação. Para fins deste trabalho será adotado a expressão Teoria da Informação.

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32

Cybernetics or Control and Communication in the animal and machine e The

mathematical theory of communication, na afirmação do pesquisador francês

Mattelard (1994) ao comentar a importância desses livros, lançaram a pedra de

toque para as discussões de uma nova sociedade:

é nessa época que se constitui a reserva de argumentos que, nos

decênios seguintes, vão ser utilizados pelos partidários de uma

informatização total da sociedade, quanto por seus adversários.

(p.157).

Outras obras importantes vieram depois, como a do professor Fritz

Machulup (“The production and distribution of knowledge in the United States”)

sobre a produção e distribuição de conhecimento nos Estados Unidos em 1962

e o livro de Daniel Bell (“The Coming of Post-Industrial Society”) de 1973 sobre

a sociedade pós-industrial. Este autor era um sociólogo americano preocupado

em prever os destinos da sociedade pós-industrial. Segundo Mattelard (1994)

em artigo publicado em 1968, Bell identifica cinco características da nova

sociedade diferente da anterior: 1) Criação de uma economia de serviços ou setor terciário;

2) Predominância da classe dos especialistas e técnicos;

3) Importância crescente do saber teórico como fonte de inovação e

mudança (o desenvolvimento dos produtos das novas indústrias

procede do trabalho realizado pelas ciências puras, do que Bell

chama “codificação do saber teórico”);

4) Criação de uma ‘nova tecnologia da inteligência’ com sua panóplia

de ferramentas, tais como a análise de sistemas, a teoria dos jogos, a

teoria decisional, etc;

5)Possibilidade de um crescimento tecnológico autônomo

(MATTELARD, 1994: p. 149)

Destaca-se ainda um importante relatório sobre a economia informacional

de Marc Uri Porat (“The information Economy: Definition and Measurement”),

publicado em 1977. Todas essas documentações são referências sobre a

pesquisa em informação e foram utilizadas pelo sociólogo Manuel Castells na

sua trilogia sobre a sociedade em rede na década de 90. O francês Jean-

François Lyotard (“Le Condition postmoderne “) também deu uma importante

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33

contribuição a essa discussão em 1979 com suas considerações sobre o saber

na sociedade moderna. Este filósofo atentava para o fato de que na pós-

modernidade a explosão das NTCIs e o acesso a uma grande quantidade de

informação de “origem aparentemente anônima”

influenciam a perda da

responsabilidade e dos valores de identidade pessoal.

Contudo, uma das interpretações mais conhecidas na busca de se entender

essa nova ordem das pessoas e das coisas é a do pesquisador Alvin Toffler,

que no seu livro A Terceira Onda, divide a história da humanidade em três

grandes momentos, chamados por ele de ondas: a primeira aconteceu com a

modernização da agricultura, a segunda com a industrialização e a terceira que

se passa contemporaneamente surgiu com o incremento tecnológico

(TOFFLER, 2001).

Toffler (2001) prevê um mundo mais “confortável” de se viver com as

inúmeras vantagens trazidas pelas (NTCIs). Para o pesquisador Roszac, essa

previsão é mais uma profecia publicitária para ganhar o gosto popular.

Criticando o livro de Toffler, ele diz:

... a julgar pelas formulações simplistas da economia informacional, em

breve estaremos vivendo uma dieta de discos flexíveis e passeando

em ruas pavimentadas com microchips. Aparentemente, não há mais

campo para cultivar, minérios para serem extraídos, ou bens da

indústria pesada para fabricar; quando muito essas duradouras

necessidades da vida são mencionadas de passagem e, a seguir,

perdidas no chiado da energia eletrônica pura que resolve todas as

necessidades humanas de alguma forma indolor e instantânea (1988:

p.43).

Independente de as NTCIs não serem uma panacéia para os problemas da

humanidade, há um paradigma13 se desenvolvendo. E este é distinto dos

paradigmas da Sociedade Industrial. Castells o chama de paradigma

tecnológico e enumera os seguintes determinantes:

13 De acordo com Thomas Kuhn, paradigmas são visões de mundo muito mais amplas que as teorias. Segundo o

autor: “os paradigmas adquirem seu status porque são mais bem sucedidos que seus competidores na resolução de

alguns problemas que um grupo de cientistas reconhece como graves”.(1996: .44)

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34

... a informação é sua matéria-prima: são tecnologias para agir sobre

a informação, não apenas informação para agir sobre a tecnologia,

como foi o caso das revoluções tecnológicas anteriores.

... a informação é uma parte integral de toda atividade humana, todos

os processos de nossa existência individual e coletiva são

diretamente moldados (embora, com certeza, não determinados) pelo

novo meio tecnológico.

... A morfologia da rede parece estar bem-adaptada à crescente

complexidade de interação e aos modelos imprevisíveis do

desenvolvimento derivado do poder criativo dessa interação. (...) E

essa lógica de redes, contudo, é necessária para estruturar o não-

estruturado, porém preservando a flexibilidade, pois o não-

estruturado é a força motriz da inovação na atividade humana.

O que distingue a configuração do novo paradigma tecnológico é a

sua capacidade de reconfiguração, um aspecto decisivo em uma

sociedade caracterizada por constante mudança e fluidez

organizacional. Tornou-se possível inverter as regras sem destruir a

organização, porque a base material da organização pode ser

reprogramada e reaparelhada.

Então, uma quinta característica dessa revolução tecnológica é a

crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema

altamente integrado, no qual trajetórias tecnológicas antigas ficam

literalmente impossíveis de se distinguir em separado (1999: p. 78-

79).

A Revolução Industrial foi assim chamada por ter provocado uma grande

mudança nos modos de produção do homem. De forma bastante resumida,

pode-se explicar que a transformação se deu na passagem de uma economia

agrícola para uma produção de bens de forma mecanizada e em larga escala.

Neste momento também acontece uma alteração na organização do processo

produtivo. Se antes eram as forças das máquinas que moviam a economia

mundial, hoje é o conhecimento quem determina o crescimento, quer seja de

uma empresa ou de uma nação. Castells põe-se de acordo com essa

afirmação quando argumenta que:

As sociedades serão informacionais, não porque se encaixem em um

modelo específico de estrutura social, mas porque organizam seu

sistema produtivo em torno de princípios de maximização da

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35

produtividade baseada em conhecimentos, por intermédio do

desenvolvimento e da difusão de tecnologias da informação e pelo

atendimento dos pré-requisitos para sua utilização (principalmente

recursos humanos e infra-estrutura de comunicações) (1999: p. 226).

Lojkine (1999) também acredita que está havendo uma terceira revolução, a

Informacional. Mas diferente da maioria dos estudiosos (LYOTARD, 1979,

CASTELLS, 1999, TOFFLER, 2001), e pesquisadores, o autor refuta a idéia de

que está havendo “a substituição da produção industrial pela informação e,

decorrentemente, da experiência profissional pela ciência, dos operários pelos

engenheiros” (p. 238). Para Lojkine (1999), não há uma separação nítida, mas

uma interpenetração de características entre a nova e a antiga sociedade. O

pesquisador francês traça um quadro diferencial entre as forças produtivas da

revolução industrial e da revolução informacional, sendo que uma das

diferenças é que enquanto na primeira havia “o predomínio das atividades

industriais”, na segunda há “cooperações serviço-indústrias” (1999: p. 79), e

não a superação de uma pela outra. Abaixo uma sinopse que Lojkine (1999)

propôs para as diferenças e semelhanças entre a Revolução Industrial e a

Revolução Informacional.

Quadro 01 – Comparação entre a Revolução Industrial e a Revolução

Informacional

Revolução Industrial Revolução Informacional

*FPM 114

Máquina operatriz

Máquina-ferramenta

Objetivação da mão

Substituição do homem pela máquina

Objeto de trabalho: ferro + carvão

Máquina-auto-regulada

Máquina-auto-regulada

Objetivação de funções cerebrais abstratas

(direção-regulação da máquina)

Máquina-prótese

14 Forças produtivas materiais

15 Forças produtivas humanas

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36

*FPM 2

Sistema de máquinas automáticas

especializadas

Continuidade, rigidez, estandardização

Princípio mecânico

* FPM 3

Meios de circulação materiais centralizados e

segregados

*FPH 115

Vigilância inespecífica, homem apêndice da

máquina

*FPH 2

Divisão trabalhadores produtivos /

improdutivos (monopolizando a concepção)

Oposição ciência / produção

*FPH

Domínio das atividades industriais

Papel dinâmico da indústria metalúrgica

Divisão proletariado industrial / empregados

dos serviços

Segregação urbana

Silício, supercondutores Objetivação de

funções

Sistema flexível, auto-regulado, de máquinas

polifuncionais

Princípio orgânico

Meios de circulação materiais e imateriais

(informacionais) descentralizados e interativos

(telemática em rede)

Otimização, polivalência vertical (concepção +

produção)

Interpenetração trabalhadores produtivos /

improdutivos, mesclagem e gradação de funções

produtivas / improdutivas

Inter-relações ciência / produção

Cooperações serviço-indústrias

Papel dinâmico da mecatrônica

Cooperação / professores/ pesquisadores /

assalariados da indústria

Integração urbana de funções em rede

Fonte: Lojkine (1999: p.79)

Apesar da crítica de Lojkine (1999), os estudiosos de diferentes áreas

(BELL, 1973, LYOTARD, 1979, CASTELLS, 1999) são quase unânimes em

afirmar que o conhecimento é a fonte de desenvolvimento da nova sociedade.

Borges (2000), por exemplo, procura definir a recente formação social a partir

da sua área de trabalho, a biblioteconomia, e concorda que “a grande alavanca

é a informação, o conhecimento, a educação” ( p.29), No perfil que traça

predominam os seguintes itens.

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37

O próprio usuário da informação pode ser também o produtor ou

gerador da informação;

Registro de grandes volumes de dados a baixo custo;

Armazenamento de dados em memórias com grande capacidade;

Processamento automático da informação em alta velocidade;

Recuperação de informação, com estratégias de buscas

automatizadas;

Acesso às informações armazenadas em bases de dados em vários

locais ou instituições, de maneira facilitada;

Monitoramento e avaliação do uso da informação; (BORGES, 2000:

p. 29).

Enfim, na atualidade vários pesquisadores discutem a questão informacional

que norteia a composição da nova sociedade. Deve-se, entretanto, observar

qual o conceito de informação que cada um utiliza para construir sua linha de

raciocínio. Em Soares (1996), por exemplo, predomina o sentido de notícia

para caracterizar a Era da Informação, a qual possui quatro atributos

universais:

Planetária – (...) as redes de informação entrecruzam Estados,

empresas e pessoas. É o caso do sistema Internet, que está

efetivamente democratizando o acesso a bancos de dados e

favorecendo a circulação de informações, aproximando as pessoas.

Permanente – As emissoras de rádio e TV e as redes informatizadas

estão disponíveis vinte e quatro horas por dia. Em alguns países,

como o Japão, os jornais chegam a sair com cinco ou mais edições

diárias.

Imediata – a atualidade das notícias garante a seus consumidores a

sensação e o sentimento ímpar de serem contemporâneos de seu

mundo.

Imaterial – o objeto da comunicação é a realidade virtual que, ao ser

consumida, se sedimenta no universo imaginário de seus usuários,

substituindo em muitos casos a própria realidade (p. 133-134).

Por conta das diferentes abordagens teóricas que se faz da informação, é

necessário identificar os principais conceitos que a envolvem, bem como

estabelecer qual deles será adotado neste trabalho.

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38

2.3 Conceito de Informação

A palavra informação tem em volta de si uma áurea de interesse muito

grande. São atraídos por ela tanto o grande público quanto grupos específicos

de pesquisadores. O primeiro deseja se inteirar do que acontece pelo mundo, e

pressente no termo a fonte de sua atualização. Já o segundo tenta entender

quais as transformações que o uso da palavra provocou na

contemporaneidade.

Essa capacidade de ser aplicada a várias situações evidencia a variação de

seu significado. Araújo (2000), que propõe uma nova abordagem teórico-

conceitual da informação, explica que essa polissemia se originou:

da apropriação desse termo pela sociedade pós -industrial, pós-

moderna, que, ao adotar a informação, o conhecimento, como um de

seus marcos delimitadores, perpassando todos os estratos da

sociedade e áreas do conhecimento, ampliou as ambigüidades que o

termo já carrega, em função das diferentes visões e conceituações

que passaram a conotá-lo ( p. 05).

Mas para Roszac (1988) “talvez haja outra razão para o aumento de

popularidade e de generalização da palavra” (p. 40). O pesquisador acredita

que o termo, diferente de outras palavras que serviram para caracterizar

períodos históricos anteriores, carrega uma carga semântica neutra que facilita

esse aspecto “camaleônico”, ao mesmo que esconde as pretensões de

desenvolver um mundo totalmente tecnológico.

De maneira diversa de “fé”, “razão” ou “descoberta”, a informação

apresenta um toque de significação confortavelmente seguro e

evasivo. Não há nada dramático, nem elevados objetivos com relação

a isso. É suave para o coração e, justamente, em função disso,

agradavelmente invulnerável. A informação tem sabor de neutralidade

segura; é uma grande quantidade de fatos incontestáveis. Sob esse

aspecto inocente encontra-se o ponto inicial de uma agenda política

tecnocrática, que não deseja expor muito seus objetivos. Afinal de

contas, o que se pode dizer contra a informação? (ROSZAC, 1988: p.

40-41).

Page 39: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

39

Não obstante essa visão de Roszac, irão ser apresentadas diferentes

conceituações da informação. Relacionadas a este vocábulo estão outras

palavras que, por vezes, são usadas como sinônimas. A exemplo tem-se:

conhecimento, dados, representação, conteúdo, mensagem, notícias, idéias,

etc. Este trabalho não tem a presunção de esgotar o significado destes termos.

Pretende, sim, lançar uma luz sobre eles, para clarificar melhor o sentido de

cada um.

Começando pela notícia, observa-se que para o senso comum, não há

diferença entre esta e a informação. Isso porque os meios de comunicação de

massa, responsáveis pela construção de uma opinião dominante, utilizam as

duas palavras como se fossem idênticas. Entretanto, a notícia, objeto do

jornalismo, é um fato, acontecimento ou opinião que sofre um determinado

tratamento para ser veiculado pela imprensa. Esse tratamento está relacionado

com a linha editorial do meio de comunicação, ou seja, os interesses

ideológicos, políticos e econômicos os quais ele está ligado; como também o

formato do jornal, a periodicidade e também critérios de noticiabilidade como

público-alvo, atualidade, importância das pessoas envolvidas, originalidade,

abrangência, etc. (ERBOLATO, 1991). Portanto, revistas, jornais, telejornais

tentam dar uma conotação jornalística aos fatos, produzindo um tipo específico

de informação. Nessa mesma linha de raciocínio, trabalha Bahia quando afirma

o seguinte “toda notícia é uma informação, mas nem toda informação é uma

notícia” (1990: p.36).

na mídia existem ainda propaganda, entretenimento, prestação de serviço,

programas tido como educativos. Todos estes com critérios próprios para

assim serem categorizados. Mesmo com essa diferenciação, quando se fala de

meios de comunicação, abrigam-se todos seus produtos sob o nome de

informação. Essa confusão pode ser percebida até em alguns trabalhos

acadêmicos, como em Demo (2000), por exemplo. O pesquisador ao criticar a

atual sociedade que “informa bem menos do que se imagina, assim como a

globalização engloba as pessoas e os povos bem menos do que se pretende”

(2000: p. 41), apresenta a ambigüidade na sua análise. Isto é percebido nos

argumentos abaixo que a informação não se distingue da notícia e do

entretenimento. Além de ser vista, exclusivamente, como um produto da mídia,

Page 40: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

40

a qual Demo (2000) atribui a responsabilidade, sem desmerecimento, de

explorar a futilidade e não cumprir com sua função social:

... a sociedade continua bastante “desinformada”, seja porque lhe

chega tendencialmente informação residual, ou porque se lhe impõe

informação oficial, ou porque se entope atabalhoadamente.

(...) há informação de classe superior e inferior, cuja variação está em

função como regra do poder aquisitivo de cada um. Alguém que pode

assinar vários jornais e revistas tem, relativamente, melhores

condições de comparar as diferentes fontes e cultivar um pouco mais

de espírito crítico.

(...) abunda na praça informação imbecilizante, seja por conta da

distorção por vezes clamorosa, mas igualmente pela exploração das

futilidades da mídia, como são publicações que nada mais fazem do

que esticar a medioc ridade das novelas mostradas na televisão

diariamente (2000: p. 40-41) .

A diferença entre mensagem e informação pode ser estabelecida dessa

forma. A primeira é produto da emissão, enquanto a segunda é da ordem da

recepção. “Entendemos ser ela [a mensagem] o conjunto estruturado de

determinados elementos, que vai da fonte ao receptor. Quando conversamos, o

discurso é a mensagem, quando somos surpreendidos subitamente, o silêncio

e a imobilidade momentânea são a mensagem” (D’AZEVEDO, 1971: p. 58).

Portanto a mensagem não carrega significados, possui uma virtualidade para

despertar significado nas pessoas (D’AZEVEDO, 1971).

Nesse contexto, faz-se necessário também estabelecer os conceitos de

outros elementos interdependentes do processo comunicacional: forma e

conteúdos. Assim D’Azevedo os define:

Podemos ter inúmeras mensagens sobre o mesmo assunto,

resultando daí inúmeros conteúdos para as mensagens, cada um

deles, determinado e definido, pela forma pela qual o assunto foi

tratado em cada uma delas. Portanto, conteúdo é o assunto

devidamente estruturado, é o assunto que assumiu uma forma; assim

sendo, nem a forma existe sem o conteúdo, pois ela foi resultante da

estruturação do assunto, nem o conteúdo existe sem a forma, pois

antes dela ele não era mais que um assunto (1971: p. 59).

Page 41: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

41

O conteúdo começou a ser associado à informação mais fortemente com a

popularização da Internet. Isso porque todos os recursos disponíveis na grande

rede, incluindo produtos e serviços como bate -papo, downloads, interface,

busca, mensagens instantâneas como também o que os usuários produzem

em interação com a rede, são atualmente chamados de conteúdo e possuem

um grande potencial informativo. Outing (2002) afirma que o produto das

mídias tradicionais também pode ser aproveitado pela Internet como conteúdo.

Assim se fez com os “artigos, fotos de um jornal em papel publicados em um

site online; o vídeo de uma estação local de TV; o áudio de uma estação de

rádio local transmitido via Web para diversão dos usuários/ouvintes da Web,

etc”. (OUTING, 2002: p. 02). A relação entre informação e conteúdo é tão

ambígua que este e não aquela é considerado o principal instrumento para o

desenvolvimento da Sociedade da Informação, segundo o Livro Verde

(MIRANDA, 2000). Isto porque:

É através da operação de redes de conteúdos de forma generalizada

que a sociedade atual vai mover-se para a sociedade da informação.

A força motriz para a formação e disseminação destas redes reside

na eficiência das decisões coletivas e individuais. Os conteúdos são,

portanto o meio e o fim da gestão da informação, do conhecimento e

do aprendizado na sociedade da informação (MIRANDA, 2000: p. 06).

Takahashi (2000) afirma que para se chegar a esse intento é necessário

vencer algumas barreiras como: a forma descentralizada e dispersa como

estão organizados os conteúdos; o alto custo da digitalização de acervos e as

diferenças das técnicas que envolvem a preparação de bases de dados a partir

de formatos diversos além da exclusão digital que faz com que a grande

maioria da população mundial ainda esteja privada do acesso às novas

tecnologias

Se o sentido de conteúdo é recente, a noção de idéia é mais antiga. Isto

porque ela está relacionada com a nossa herança filosófica. Aí reside uma das

diferenças entre idéia e representação. Enquanto a primeira é de caráter

permanente, a segunda é de ordem temporária: Isto porque “as representações

são construções circunstanciais feitas num contexto particular e com fins

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42

específicos: numa situação dada e para fazer face às exigências de uma tarefa

em curso, um texto que se lê, uma ordem que se escuta, um problema a

resolver” (FIALHO, 2001: p. 62).

Já as idéias são clássicas e universais. Por exemplo, pensadores como

Platão, Aristóteles, Maquiavel e Marx proporcionaram idéias sobre a ética, a

política e a sociedade. Mas não são só os estudos dos grandes pensadores

que fornecem visões mais duradouras sobre aspectos da natureza humana,

mitos também abordam esses paradigmas (ROSZACK, 1988). Lendas como as

do “profeta bíblico Nathan desafiando o rei David em nome de uma lei superior,

a imagem de Adão e Eva vivendo numa igualdade anárquica original têm tido

maior relação com energia revolucionária que qualquer obra de pesquisa

sociológica” (ROSZAC, 1988: p. 249). E por que as idéias sobrevivem ao

tempo? Porque elas

são respostas poderosas a questões políticas universais. A

profundidade da experiência, a qualidade do pensamento, a magnitude

das aspirações que participam destas respostas impregnam-nas de

uma especial persuasão (ROSZAC, 1988: p. 250).

Shattuck (1998) também fala da universalidade das idéias, mas excede a

conotação política e dá a uma razão mais prática quando afirma que

as idéias são incorpóreas e atemporais. Precisamos delas para

raciocinar logicamente explorar a névoa de incerteza que circunda o

embate imediato com a vida cotidiana (2000: p. 24).

Shattuck (1998) polemiza a respeito do desejo do homem de conhecer o

que é lhe proibido. Segundo ele, a liberdade de expressão, a autonomia da

arte, a liberdade acadêmica e principalmente a pesquisa científica e

tecnológica, propiciam uma explosão do conhecimento. Para ilustrar cita

célebres histórias da literatura como Fausto de Goethe, Frankenstein de Mary

Shelley, além de exemplos concretos do poder inventivo humano como a

bomba atômica e o DNA recombinativo. O autor se concentra em discutir a

curiosidade do homem e os limites de sua investigação sobre o mundo, não

propondo um conceito para o conhecimento.

Page 43: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

43

Para definir conhecimento é preciso também definir informação. O que não

é uma tarefa fácil, mas foi empreendida por vários pesquisadores. Wurman

(1991), por exemplo, apesar de admitir que existe uma variação do que seja

informação, propõe uma classificação a fim de facilitar o entendimento. Para o

autor, há cinco níveis ou anéis de informação, a saber:

O primeiro anel é o da informação interna . São as mensagens que

governam nossos sistemas internos e possibilitam o funcionamento

do nosso corpo. Aqui, a informação toma forma de mensagens

cerebrais. Provavelmente, temos um controle menor sobre este nível

de informação do que sobre os outros, mas é o que mais nos afeta.

O segundo anel é o da informação conversacional. São as trocas

formais e informais, as conversas que mantemos com as pessoas à

nossa volta, sejam amigos, parentes, colegas de trabalho, estranhos

na fila de embarque ou clientes em reuniões de negócios. A conversa

– talvez por sua natureza informal – constitui uma importante fonte de

informação, embora nossa tendência seja desprezar ou ignorar seu

papel. E, no entanto, esta é a fonte de informação sobre a qual mais

exercemos controle, tanto como emissores quanto como receptores

de informação.

O terceiro anel é o da informação de referência. Aqui nos voltamos

para a informação que opera os sistemas do nosso mundo – ciência e

tecnologia – e, mais imediatamente, para os materiais de referência

que usamos em nossa vida. A informação de referência pode ser

qualquer coisa, desde um manual de física quântica até a lista

telefônica ou o dicionário.

O quarto anel é o da informação noticiosa . Ela abrange os eventos

da atualidade – a informação transmitida pela mídia sobre pessoas,

lugares e acontecimentos que talvez não afetem diretamente a nossa

vida, mas podem influenciar nossa visão de mundo.

O quinto anel é da informação cultural. Esta é a forma menos

quantificável. Abrange história, filosofia e artes, qualquer expressão

de uma tentativa de compreender e acompanhar nossa civilização.

Informações colhidas nos outros anéis são incorporadas aqui para

construir o conjunto que determina nossas atitudes e crenças, bem

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44

como a natureza de nossa sociedade como um todo (1991: p. 47 –

48).

Não obstante esta classificação, o conceito de informação não foi formado.

Entretanto, sabe-se que há diversas abordagens informacionais (ideológica,

política, ocupacional, tecnológica, etc), como foi dito na apresentação deste

trabalho. E relacionada a esta questão existe o fato de que pesquisadores de

diferentes áreas e culturas dão ao vocábulo distintas definições.

Para os estudiosos (D’AZEVEDO, 1971, RUYER, 1972, BOUGNOUX, 1999)

da cibernética, por exemplo, o ato de informar não é exclusivo do ser humano,

existe também entre outros organismos e entre as próprias máquinas. Segundo

Ruyer:

Toda e qualquer comunicação eficaz de uma estrutura pode, pois, ser

denominada informação e não será ilegítimo dizer que as variações

de pressão barométrica ‘informam’ o barômetro que as registra, ou

que as ondas sonoras, transmitidas eletricamente pelo telefone ou

pelo rádio, ‘informam’ os aparelhos registradores ou receptores (1972:

p. 4-5).

A cibernética16 influenciou decisivamente nos trabalhos de Shannon sobre a

Teoria da Informação (RECTOR e NEIVA, 1995), principalmente no sentido

quantitativo que deu ao termo informação. Ela é explicada como “algo que

pode ser codificado para transmissão em um canal que liga uma fonte a um

receptor, sem considerar seu conteúdo semântico” (ROSZAC, 1988: p.32).

Depois que a teoria de Shannon foi publicada, essa definição técnica foi

adotada durante muito tempo.

Na atualidade, a informação ganhou outras significações como esta de

Mcgarry que dá à palavra uma cobertura filosófica. Então ela seria:

Liberdade de escolha ao selecionar uma mensagem;

A matéria-prima do qual se extrai o conhecimento;

16 “Ciência que trata dos sistemas de comunicação e controle nos organismos vivos, nas máquinas e nas organizações.

A palavra, que provém do grego kybernçeçs (‘timoneiro’ ou ‘governador’), foi aplicada pela primeira vez em 1948, por

Norbert Wiener, à teoria dos mecanismos de controle" Enciclopédia Microsoft (2000).

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45

Aquilo que é permutado com o mundo exterior e não apenas recebido

passivamente (1999: p. 04).

Nonaka e Takeuchi, autores da área de administração, vêem a informação

como: “representação através de texto, figuras, sons ou animações que tem

significado para alguém, ou seja, algum dado que faz sentido” (1997: p. 63).

Estes pesquisadores também propõem para conhecimento a seguinte

definição: “algo pessoal, inseparável do sujeito, abstração de algo que foi

experimentado por alguém” (NONAKA e TAKEUCHI, 1997: p. 63).

As teorias da administração vêm demonstrando um forte interesse sobre

esse tema, por contra, principalmente, da constatação de que só sobrevivem

no mercado as organizações que aprendem. Nesse contexto trabalham

(1998), Klein (1998) e Antunes (2000) entre outros. Sendo que Davenport e

Prusak trabalham o conceito de dados, informação e conhecimento da seguinte

forma:

Num contexto organizacional, dados são utilitariamente descritos

como registros estruturados de transações. Quando um cliente vai a

um posto de gasolina e enche o tanque do seu carro, essa transação

pode ser parcialmente como um dado: quando ele fez a compra;

quantos litros consumiu; quanto ele pagou.

Diferentemente do dado, a informação tem significado – a

“relevância e propósito” (...) Ela não só “dá forma” ao receptor como

ela própria tem uma forma: ela está organizada para alguma

finalidade. Dados tornam-se informação quando o seu criador lhes

acrescenta significado. Transformamos dados em informação

agregando valor de diversas maneiras.

Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada,

valores, informação contextual e insight experimentado, a qual

proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas

experiências e informações (1998: p: 02-03).

Já Castells (1999) aplica a definição de Porat (1977) entendendo a

informação como “dados organizados e comunicados” e conhecimento,

captado em Bell (1973), como

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46

um conjunto de declarações organizadas sobre fatos ou idéias,

apresentando um julgamento ponderado ou resultado experimental

que é transmitido a outros por intermédio de algum meio de

comunicação, de alguma forma sistemática (1999: p.45).

Compartilha dessa definição de conhecimento o dicionário de filosofia de

Nicola Abbagnano (1970). De acordo com o livro, conhecer é dominar uma

técnica que “torne possível a descrição, o cálculo ou a previsão controlável de

um objeto; e por objeto deve entender-se qualquer entidade, fato, coisa,

realidade ou propriedade que possa ser submetido a um tal procedimento”

(1970: p. 160).

Assman (2000) considera que “o passo da informação ao conhecimento é

um processo relacional humano, e não mera operação tecnológica”. Sendo

que:

a produção de dados não estruturados não conduz automaticamente

à criação de informação, da mesma forma que nem toda a informação

é sinônima de conhecimento. Toda a informação pode ser

classificada, analisada, estudada e processada de qualquer outra

forma a fim de gerar saber. Nesta acepção, tanto os dados como a

informação são comparáveis às matérias primas que a indústria

transforma em bens (2000: p. 08).

Gouveia (2002) formulou, a partir de suas pesquisas, a seguinte pirâmide

para demonstrar em uma escala, a diferença entre dados, informação,

conhecimento e sabedoria:

Figura 01 – Pirâmide de dados-informação-conhecimento

Sabedoria

Conhecimento

Informação

Dados

Fonte: Gouveia (2002)

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47

Segundo este autor,

dados combinados dão origem à informação, a informação colocada

num apropriado contexto, forma o conhecimento. E conhecimento,

combinado com experiência, julgamento e uma série de outras

coisas, nos dão sabedoria 17 (2002: p. 06).

Essas definições convergem para um denominador comum: os dados só se

transformam em informações quando os seres humanos lhes atribuem sentido.

Ou seja, dados são fatos; informação é o sentido que os seres humanos

atribuem a eles. Elementos individuais de pouco significam por si

mesmos; é só quando esses fatos são de alguma forma agrupados

ou processados que o significado começa a se tornar claro (DAVIS e

MCCOMACK apud WURMAN, 1991: p. 42).

Nesse conceito, informação é da ordem de mudança, ou como afirma

Araújo (2000: p. 05), é aquilo “que é capaz de transformar a estrutura”. Para

explicar melhor a autora comenta que:

Textos, (livros, periódicos...) mapas, partituras, programas de

computador etc., são conjuntos de mensagens que só se

transformam em informação, ao alterar a estrutura cognitiva de um

organismo. Essas mensagens podem ser dados, notícias, etc. e ser

expressas em diversas linguagens – imagens, notas musicais,

caracteres numéricos ou alfanuméricos e impulsos eletrônicos, entre

outros, que, ao serem comunicados, isto é, transmitidos em um

processo comunicacional, podem ou não gerar informação (2000: p.

05).

Segundo Bougnoux (1999) para que esse sentido seja construído deve

haver uma sintonia entre aquele que comunica e o que quer ser comunicado,

ou “viajar sobre sinais que nossos órgãos dos sentidos sabem perceber e

17 Livre tradução de “Data combined gives information. Information, placed in the appropriate context, forms

knowledge. And knowledge, combined with experience, judgment and a whole range of other things, gives us wisdom”

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sintetizar” (1999: p. 136). Wolf vai além e coloca variáveis psicológicas como

fatores essenciais na construção dos sentidos.

É inegável que a informação está relacionada com a consciência e

com a cognição, faculdades naturais do ser humano. Como também,

está ligada ao nível de interesse e necessidade, fatores que motivam

os homens na busca do saber. Estes são considerados aspectos

internos de ordem individual que contribuem para seletividade que os

indivíduos fazem das mensagens que recebem. Como confirma a

teoria psicológico-experimental da comunicação: o interesse em obter

informação, a exposição seletiva provocada pelas atitudes já

existentes, a interpretação seletiva e a memorização seletiva são

fatores relativos à audiência (1995: p. 107).

Conclui-se a partir dessa discussão que as NTCIs gerenciam potencial

informativo. Ao captar e armazenar os dados as NTCIs podem no máximo

organizar esse conteúdo segundo alguns critérios. Só o ser humano, com a sua

capacidade de abstração e de formar signos, poderia produzir a informação

que existe nesses bancos de dados.

Mas o que são essas Novas Tecnologias de Comunicação e informação?

2.4 Meios de Comunicação de Massa e Novas Tecnologias de

Comunicação e Informação

O surgimento dos meios de comunicação de massa é um marco na história

das relações humanas. Com o registro e transmissão de dados o homem, entre

outras coisas, supera as barreiras de tempo e o espaço. Isto porque “a

transmissão vence ou percorre um espaço, enquanto o registro conserva a

mensagem no tempo, assegurando-lhe outra dimensão” (D’AZEVEDO, 1971:

p.56). Mattelard (1994) situa na segunda metade do século XIX o início das

transformações a comunicação humana e eletrônica:

... a partir de 1850, em um contexto em que se concretiza a noção de

liberdade de opinião, um conjunto de invenções técnicas vai permitir o

desenvolvimento de novas redes de comunicação. As formas

históricas de implantação, segundo as quais cada um desses novos

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49

circuitos de troca vai se inserir nas diversas sociedades, são

anunciadoras de questões que continuarão a ser formuladas no

século seguinte (1994: p. 15).

A criação e posterior popularização do rádio nas primeiras décadas do

século XX inaugurou uma nova era. Atores, cantores, narradores e

apresentadores passaram a fazer parte do imaginário popular. Fronteiras foram

superadas com a massificação dos programas de entretenimento. A respeito

disso, o poeta e romancista inglês D. H. Lawrence dizia: “Impossível. O fim do

mundo está hoje a cinco minutos do coração de Londres. O rádio matouà

distância. Os reis de Daomé18 e os lamas do Tibet ouvem Paris e Nova York”

(1993: p. 292).

O aparecimento da televisão aconteceu logo depois. Dessa nova caixa de

Pandora, saíram elementos que formaram um outro mundo para homens e

mulheres. Expostos ao poder das mensagens televisivas, a audiência se tornou

uma massa acrítica e manipulável, consumidora de produtores padronizados e

de gosto duvidoso. Essa é a explicação da Teoria Crítica sobre a influência dos

meios de comunicação de massa, partindo de uma análise do sistema

econômico. Segundo essa teoria, “o mercado de massas impõe

estandardização e organização aos gostos do público e às suas necessidades

impõe estereótipos e baixa qualidade” (Wolf, 1995: p.75).

Mattelard (1994) aponta, ao contextualizar o progresso dos meios de

comunicação de massa, não só em vantagens, mas também em um perigo

para a vida dos indivíduos:

Novos perigos espreitam os indivíduos submetidos a esse

crescimento de ‘intensidade da vida’, produto da circulação

acentuada das idéias e imagens: a superficialidade e a tensão

causada pela dificuldade em compreender e assimilar tudo o que é

novo. Existe, portanto, o risco de uma ruptura de personalidade;

depressão, suicídio ou loucura (1994: p.40).

18“ Daomé, Reino de, monarquia da África Ocidental (séculos XVII-XIX), território que hoje corresponde à parte sul de

Benin”. Microsoft (2000)

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50

Afora essa questão, o controle dos meios de comunicação pelos grandes

monopólios internacionais também é uma preocupação presente nos estudos

comunicacionais, como expõe Soares:

a condição da informação no mundo está em processo de ser

organizada por mais ou menos uma dúzia de superconglomerados

dos media culturais, incluindo Time-Warner, Bertelsman, Hanchette,

Berlusconi, Maxwell, Murdoch, Televisa e possivelmente as

Organizações Globo (1996: p.23).

Essa situação pode gerar uma disseminação de mensagens conforme os

interesses dos controladores dos meios, e não levar em conta a formação do

público. O que não é um problema recente. Em 1977, a Unesco, através da

Comissão Internacional para o Estudo dos Problemas da Comunicação, propôs

no relatório Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação (NOMIC) a

descolonização da informação nos países em desenvolvimento (MATTA,

1980).

O outro aparelho que provocou profundas mudanças na comunicação, o

computador, é considerado a primeira Nova Tecnologia da Comunicação e

Informação19. Dizard (1998) faz um breve apanhado histórico dessas mudanças

em que se pode extrair esse marco diferenciador entre Meios de Comunicação

de Massa e Novas Tecnologias de Comunicação e informação.

A primeira mudança aconteceu em meados do século passado, com

a introdução das impressoras a vapor e do papel de jornal barato. O

resultado foi a primeira mídia de massa verdadeira – os jornais

“baratos” e as editoras de livros e revistas em grande escala. A

segunda transformação ocorreu no início deste século, com a

introdução da transmissão por ondas eletromagnéticas – o rádio em

1920 e a televisão em 1939. A terceira transformação na mídia de

massa – que estamos presenciando agora – envolve uma transição

para a produção, armazenagem e distribuição de informação e

entretenimento estruturada em computadores. Ela nos leva para o

19 As transformações pelas quais passaram as tecnologias de mídia permitem dizer que o rádio, a televisão, e a grande

imprensa escrita são tidos como meios de comunicação de massa enquanto o computador, os CD-ROOM e a

videoconferência são tecnologias de informação.

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51

mundo dos computadores multimídia, compact disc, bancos de dados

portáteis, redes nacionais de fibras óticas, mensagens enviadas por

fax de última geração, e outros serviços que não existiam há uma

dúzia de anos atrás (1998: p. 55- 56).

O computador tem origens na máquina de calcular de Blaise Pascal no

século VII. A sua configuração digital totalmente eletrônica surgiu no final da

década de 30. Mas só alcançou o grande público quando modificou seu

volume, preço de mercado e utilidade prática para a vida cotidiana nos anos

80. Ele é considerado uma revolução na comunicação eletrônica porque

agrega três formas de comunicação (som, vídeo e impressos) numa verdadeira

convergência de meios, como também é capaz de modificar a funcionalidade

de cada um. Por exemplo,

aparelhos de fax são jornais. Compact disc são livros. Satélites são

transmissores de televisão. As velhas diferenças perdem a nitidez à

medida que os computadores transformam os produtos tradicionais e

acrescentam novos (DIZARD1998: p. 56).

Nos Estados Unidos, as universidades foram as primeiras a utilizar o novo

equipamento a partir de incentivos das próprias fábricas de computadores,

como analisa Roszac (1988):

Na década de 80, com o advento do microcomputador, um item de

pronta venda, a indústria de computadores passou a perseguir a

academia com o mais intenso marketing massificado da história dos

negócios. O objetivo era nada menos que colocar os computadores

nas mãos de todos os professores e estudantes. Com o auxílio de

bolsas, doações e descontos estupendos de até 80%, as empresas

conseguiram causar impacto em muitas pessoas; isto funcionou com

uma série de transações-guia para atingir mais e mais escolas

grandes e pequenas. Os campi não mostraram muita resistência a

tais carícias (1988: p. 97).

A videoconferência é uma outra NTCI que está sendo largamente utilizada

nos cursos de educação à distância. Segundo Cruz (1999), esta é:

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52

Um sistema baseado na compressão algorítmica de dados

transmitidos através de fibra ótica ou cabos, para uma ou mais

máquinas que fazem a codificação e decodificação deste sinal. Há

uma relação estreita entre velocidade de transmissão e qualidade de

imagem. A velocidade mínima aceitável é a de 64 kb por segundo,

muito utilizada para conexão entre empresas por causa da baixa

relação custo/benefício. No entanto (...) para fins educativos, é

preferível utilizar a velocidade de transmissão aumentada para 18 ou

até 384 kb por segundo. Nesta última, a qualidade de imagem

melhora, além de diminuir bastante a diferença entre o áudio e o

vídeo (p. 07-08).

Mas foi com a Internet que as NTCIs superaram as barreiras temporais.

Com a grande rede, as trocas de mensagens passaram a ser em tempo real e

com qualquer parte do mundo que estivesse ligada a um computador, linha

telefônica e provedor. Pela liberdade que tem de veicular qualquer conteúdo é

considerada por alguns como o meio mais democrático que já surgiu. É

inegável também o seu poder de acumulação e veiculação de bits. Soares

(1996) afirma que a capacidade de armazenamento dos bancos de dados de todos os

computadores conectados à Internet equivale, por exemplo, a mais

de cinqüenta milhões de CD-ROMs. E em um CD-ROM pode-se

armazenar toda uma enciclopédia (p.10).

Nesse contexto, a Minitel foi um dos primeiros serviços de bancos de dados

on-line. Iniciada na França, essa tecnologia consiste em um monitor não muito

grande ligado ao telefone.

Originalmente, o serviço Minitel visava apenas a fornecer informações

do catálogo telefônico, substituindo os catálogos impressos. Mais

recentemente, a Minitel foi ampliada, transformando-se num serviço

integral de videotextos, com mais de 7 milhões de instalações em

residências, empresas e outros locais. Os assinantes têm acesso a

bancos de dados administrados por mais de 17.000 serviços de

informação, que variam desde os horóscopos diários aos boletins

meteorológicos (DIZARD, 1998: p. 63).

Page 53: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

53

2.5 A Comunicação

A faculdade de comunicar é inerente à humanidade. Relaciona-se à

permanência desta no planeta com sua capacidade de trocar mensagens com

os outros seres, se adaptar e evoluir. Há na atitude da comunicação um desafio

à natureza, como resistir ou ultrapassar as barreiras que essa ainda impõe ao

homem.

Essa é apenas uma das percepções que se tem da comunicação. Assim

como informação, o sintagma comunicação também sofre da polissemia

proveniente do senso comum que se apodera das palavras e as usa de forma

irrefletida. Historicamente falando, a evolução do termo se deu dessa forma:

Até o século XVI, comuniquer e comunication, estão, portanto muito

próximos de comunier (comungar) e communion (comunhão), termos

mais antigos (século X-XII), mas igualmente oriundos de comunicare.

Podemos também aproximar destes termos o substantivo communier,

no sentido de “proprietário em comum”. Ainda explicado e ilustrado

por Littré, este último termo hoje em dia não é mais registrado pelos

grandes dicionários. A partir desse sentido geral de “partilha em dois

ou vários”, aparece no século XVI o sentido de “participar, partilhar”

uma notícia. A partir daí, no final do século, comuniquer começa a

significa também “transmitir” (uma doença, por exemplo). Um século

mais tarde, o Dictionnaire de Furetière (1690) dá o seguinte exemplo:

“o imã comunica a sua virtude ao ferro”. No século XVIII, aparecem

assim os “vasos comunicantes”. Parece, portanto, que os usos que

significavam globalmente “partilhar” passam progressivamente ao

segundo plano, para dar lugar a usos que giram em torno de

“transmitir”. Do círculo, passa-se ao segmento. Trens, telefones e

mídias tornam-se sucessivamente “meios de comunicação”, ou seja,

meios de passagem de A a B (WINKIN,1998: p. 22).

Graças a Claude Shannon que placidamente não se preocupou em ampliar

a abordagem da comunicação com a Teoria da Informação, os fenômenos

físicos também podem se comunicar. Percebe-se isso na definição que Sebeok

(1995) dá ao termo:

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54

A comunicação é aquele critério de vida que retarda os efeitos

desorganizadores da Segunda Lei da Termodinâmica, ou seja, a

comunicação tende a diminuir a entropia localmente. Num sentido

mais amplo, a comunicação pode ser vista como a transmissão de

qualquer influência de uma parte do sistema vivente para outra,

produzindo mudança. São mensagens que estão sendo transmitidas

(1995: p. 50).

Para Sebeok (1995) qualquer ser vivo pode praticar a comunicação. Ela

está presente

nas formas mais humildes da existência, sejam bactérias, plantas,

animais ou fungos, e, além disso, em suas partes componentes, tais

como unidades subcelulares (por exemplo, a mitocôndria), células,

organismos, etc. O jogo intrincado de ácido nucléico e proteína, a

essência da vida, na terra fornecem o modelo protótipo para todas as

formas de comunicação (1995: 51).

Colombia reconhece esse caráter polissêmico que tomou conta do vocábulo

comunicação e propõe um conceito: “o ato de comunicar é se colocar em

contato com outra pessoa (ou com outras) e pretender um intercâmbio com o

objetivo de transmitir algo, de informar algo20” (1997: p.17-18). Neste trabalho,

entretanto, entende-se que a comunicação também acontece em contatos com

outras fontes, isto é, nem sempre é uma pessoa, pode ser um livro, um cartaz,

um manequim na vitrine. Tudo pode ser uma fonte de informação que

comunica algo para homem. Isso porque, como se verá mais adiante, é o

receptor quem dá sentido à comunicação. E esta passa a existir no momento

em que há atribuição de sentido, transformando dados em informação. A

construção de significados, e, por conseguinte a produção de informação,

necessita da cognição e consciência para poder existir. Fatores próprios do ser

humano.

Os primeiros estudos comunicacionais se referem aos efeitos da

propaganda sob a audiência. Esta era tida como uma “massa” amorfa,

20 Livre tradução de : “el acto de comunicarse es ponerse em contacto con otra persona (o con otras) y lograr un

intercambio con el ánimo de transmitir algo, de informarse de algo”

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55

indefesa, que não tinha laços fortes de tradição local e, portanto facilmente

manipulável. Essa massa é fruto da “industrialização progressiva, da revolução

dos transportes e do comércio, da difusão de valores abstratos de igualdade e

de liberdade” (WOLF, 1998: p.21). Assim Ortega y Gasset define o termo

como: “tudo o que não se avalia a si próprio – nem no bem nem no mal –

mediante razões especiais, mas que se sente ‘como toda gente’ e, todavia não

se aflige por isso, antes se sente à vontade ao reconhecer-se idêntica aos

outros” (apud WOLF, 1998: p.22).

Foi a teoria hipodérmica a que mais utilizou esse conceito de massa.

Fortemente influenciada pelo behaviorismo e suas concepções de estímulo e

resposta, a teoria hipodérmica “defendia uma relação direta entre as

mensagens e o comportamento: se uma pessoa é ‘apanhada’ pela

propaganda, pode ser controlada, manipulada, levada a agir” (WOLF, 1998:

25).

Essa compreensão foi superada depois com pesquisas mais profundas

sobre a complexidade do processo comunicacional, principalmente com os

estudos psicológicos experimentais. Estes consistiam na:

Revisão do processo comunicativo entendido com uma relação

mecanicista e imediata entre estímulo e resposta, o que torna

evidente, pela primeira vez na pesquisa sob os mass media, a

complexidade dos elementos que entram em jogo na relação entre

emissor, mensagem e destinatário (WOLF, 1998: p. 30).

Começa a se desenhar a idéia de que as mensagens são selecionadas pela

audiência a partir de variáveis como o nível de instrução, a profissão, o grau de

consumo dos mass media, a utilidade da comunicação, etc. Essas variáveis

revelam atitudes subjetivas que valorizam a figura do receptor e diminuem a

importância da massa: “explicitando as barreiras psicológicas individuais que

os destinatários põem em funcionamento, evidencia-se o caráter não-linear do

processo comunicativo, salientando-se a peculiaridade de cada receptor”

(WOLF: 1998: p.41).

2.6 O Receptor

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56

O receptor é um ser complexo cuja formação não provém exclusivamente

dos meios de comunicação de massa. Perú (1997) discute esse aspecto

quando fala do desenvolvimento da criança e do jovem num mundo com forte

presença da mídia. Para ela, a formação destas pessoas é algo:

diverso e guarda relação com suas condições de existência, o tipo de

educação que recebem, o tamanho da família, a ocupação dos pais,

o acesso a bens culturais, os espaços de socialização em que eles se

desenvolvem, as atividades que realizam para se entreterem, o bairro

onde vivem. Tudo isso no contexto de outras características como o

sexo, a idade, aspectos a partir dos quais se situam frente ao mundo,

formulam suas expectativas e desenvolvem suas possibilidades21

(1997: p. 32).

Essas “variáveis sociais e psicológicas” influenciam no universo cultural do

indivíduo e, por conseguinte, refletem na maneira como este participa e

responde às mensagens advindas nos processos comunicativos.

Mas as pesquisas durante muito tempo ignoraram a complexidade que é o

receptor da mensagem, priorizando o emissor. Souza (1995) comenta esses

“pressupostos teóricos e sócio-contextuais”:

De fato, a relação de predomínio do emissor sobre o receptor é a

idéia que primeiro desponta, sugerindo uma relação básica de poder,

em que a associação entre passividade e receptor é evidente. Como

se houvesse uma relação sempre direta, linear, unívoca e necessária

de um pólo, o emissor, sobre outro, o receptor; uma relação que

subtende um emissor genérico, macro, sistema, rede veículos de

comunicação, e um receptor específico, indivíduo, despojado, fraco,

micro, decodificador, consumidor de supérfluo. Como se existissem

dois pólos que necessariamente se opõem, e não eixos de um

21 Livre de Tradução de: “Es muy diverso y guarda relación con sus condiciones de existencia, el tipo de educación que

reciben, el tamaño de la familia, la ocupación de sus padres, el acceso a bienes culturales, los espacios de

socialización en los que se desenvuelven, las actividades que realizan para entretenerse, el barrio donde viven. Todo

ello en el contexto de otras características con el sexo y la edad, aspectos a partir de los cuales se sitúan frente al

mundo, formulan sus expectativas y desarrollan sus posibilidades”.

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57

processo mais amplo e complexo, por isso mesmo, também

permeado por contradições (1995: p. 14).

De acordo com Fausto Neto (1995), a Teoria da Informação foi uma das

responsáveis por construir uma concepção empirista do receptor, como uma

folha em branco a ser preenchida com as mensagens.

Sabe-se que todos os pressupostos da teoria da informação nutrem-

se das “leis” dos condicionamentos operantes, daí resultando a

crença atribuída ao dispositivo transportador do código de campo da

produção ao chamado campo da recepção, este concebido como

verdadeira “caixa-vazia” (1995: p.189).

Outro estudo teórico que contribui para a formação da idéia de passividade

na recepção das mensagens foi o pensamento crítico da “sociedade de

massa”. Esse termo, “massa”, definia o conjunto dos receptores de forma

homogênea, sem mobilidade para questionar o que recebia. Para Thompson

(2002) essa idéia obscureceu durante algum tempo a compreensão da mídia e

seu impacto no mundo moderno. Devemos abandonar a idéia de que os destinatários dos produtos da

mídia são espectadores passivos cujos sentidos foram

permanentemente embotados pela contínua recepção de

mensagens similares. Devemos também descartar a suposição de

que a recepção em si mesma seja um processo sem problemas,

acrítico, e que os produtos são absorvidos pelos indivíduos como

uma esponja absorve água. Suposições deste tipo têm muito pouco

a ver com o verdadeiro caráter das atividades da recepção e com as

maneiras complexas pelas quais os produtos da mídia são recebidos

pelos indivíduos, interpretados por eles e incorporados em suas

vidas (2002: p. 31).

O receptor também é sujeito na comunicação, não apenas um ser passivo

no fluxo informativo,

Pois, ainda que seja “convidado” a trabalhar segundo as regras de

um determinado contrato de leitura, ele, estando exposto a outras

“gramáticas” e “saberes”, investe por conta própria e à sua maneira

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58

no discurso que lhe é apresentado; assim, ele se presentifica não

como uma “caixa-vazia”. Ele não interage com o texto por um

processo ficcional e linear; interage, antes, com outros sujeitos,

saberes e imaginários – no que se evidencia a sua experiência de

sujeito e, também, a condição de que, sendo a comunicação um

fenômeno aberto, todo discurso é sempre susceptível de múltiplas

leituras (FAUSTO NETO, 1995: 202).

O receptor é quem dá sentido ao processo comunicativo quando decodifica

a mensagem. O mais forte argumento da importância do receptor é o fato de

que ele é repositório de toda uma cultura. Ou seja, estão presentes nele

costumes, hábitos, valores, atitudes, que permitem dar não só sentido como

também transformar as mensagens de acordo às suas necessidades.

Foi a Escola de Palo Alto uma das responsáveis por modificar a visão que

se tinha do receptor dentro do próprio contexto da Cibernética. A escola

fala de uma visão circular de comunicação na qual o receptor tem a

mesma importância que o emissor, nela a comunicação é pensada

como um processo global de interação permanente, no qual toda

atividade humana tem um valor de comunicação (TORRE, 2001: p.

21).

Os estudos comunicacionais mais recentes, segundo Thompson (2002)

“mostraram mais de uma vez que o sentido que os indivíduos dão aos produtos

da mídia é um processo mais ativo e criativo do que o mito do assistente

passivo sugere” (p. 42). Ainda segundo Thompson (2002), estes estudos

confirmaram que “o sentido que os indivíduos dão aos produtos varia de acordo

com a formação e as condições de cada um, de tal maneira que a mesma

mensagem pode ser entendida de várias maneiras em diferentes contextos” (p.

42).

As palavras de Martín-Barbero dão conta de que a recepção “é um modo de

interagir não só com as mensagens, mas com a sociedade, com outros atores

sociais, e não só com os aparatos” (1995: p.58).

Ou no dizer de Fausto Neto (1995), é necessário o estabelecimento de um

contrato de leitura no sentido de promover o fluxo de comunicação entre os

dois campos (emissor e receptor).

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59

Nos contratos de leitura, o receptor já está contido, na medida em que

a emissão, ao imaginar que “ele sabe”, constrói os contratos de

acordo com certas modalidades (identificatórias, imaginárias,

culturais) que exigem que o receptor trabalhe ativamente no interior

do discurso, não só sendo interpelado, mas também se

reconhecendo! O seu “ler” também é “um fazer”, porque o contrato,

explícita ou implicitamente, estrutura-se também no reconhecimento

da existência da esfera do “outro”, do que também são extraídas as

regras com que ele é interpelado (1995: p. 203).

Um das leis de construção dos contratos de leitura é a recorrência, ou seja,

valer-se do “conjunto de elementos e referências do próprio estoque simbólico

e cultura do receptor” (Fausto Neto, 1995: 203). Uma idéia trabalhada por

Freire (2000) quando na sua concepção de Pedagogia da Autonomia. Para o

educador, um dos saberes necessários para à prática educativa é o que “fala

do respeito devido à autonomia do ser educando” (2000: p. 66). De acordo com

Freire (2000), quando não existe esse respeito, há uma transgressão dos

princípios éticos:

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo

ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros

(...) O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu

gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais

precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia (...) transgride os

princípios fundamentais éticos de nossa existência (p. 66).

Para Freire (1987) só ocorre o respeito à autonomia do educando com a

dialogicidade. Um processo relacionado com a tomada da consciência crítica e

abandono da consciência ingênua. É uma prática de libertação centrada no

diálogo. Este para existir, segundo Freire (1987), precisa principalmente de

amor, humildade e fé. Isto porque:

o homem dialógico está convencido de que este poder de fazer e

transformar, mesmo que negado em situações concretas, tende a

renascer. Pode renascer. Pode constituir-se. Não gratuitamente, mas

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na e pela luta por sua libertação. Com a instalação do trabalho não

mais escravo, mas livre, que dá alegria de viver (1987: p. 81).

De acordo com Freire (1987), diálogo também precisa do pensar crítico,

para transformar o mundo e não se acomodar ao “hoje normalizado”. O

educador-educando praticante desta pedagogia se preocupa

fundamentalmente com o conteúdo programático. Este reflete a situação

presencial, existencial, concreta do educando-educador.

Nosso papel não é falar ao povo sobre nossa visão do mundo, ou

tentar impô-la a ele, mas dialogar com ele sobre sua visão do mundo

que se manifesta nas várias formas de sua ação, reflete a sua

situação no mundo em que se constitui (FREIRE, 1987:p. 87).

O fluxo informacional no processo comunicacional é bidirecional, isso

porque a comunicação acontece com a contribuição de todos os participantes

do processo. Paulo Freire resume essa idéia ao mesmo tempo em que a

transcende para o campo educacional quando afirma: “a educação autêntica,

repitamos, não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B” (FREIRE,

1980: p.84).

Ainda de acordo com Freire (1980), o caráter predominante da informação

nesse processo provém dos conteúdos programáticos trabalhados segundo

temas geradores para discutir a realidade dos educandos-educadores.

Os temas, em verdade, existem nos homens, em suas relações

com o mundo, referidos a fatos concretos. Um mesmo fato

objetivo pode provocar, numa subunidade epocal, um conjunto

de temas geradores, e, noutra, não os mesmos,

necessariamente. Há, pois, uma relação entre o fato objetivo, a

percepção que dele tenham os homens e os temas geradores.

(FREIRE, 1980: p. 99)

Já o tratamento dispensado ao receptor é o de respeito e valorização. Isto

porque para o educador, um dos saberes necessários para a prática educativa

é o que “fala do respeito devido à autonomia do ser educando” (FREIRE, 2000:

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p. 66). Quando não existe esse respeito, há uma transgressão dos princípios

éticos.

Percebe-se que entre estudos atuais sobre o papel do receptor (FAUSTO

NETO, 1995, MARTÍN-BARBERO, 1995 e SOUZA, 1995) o sentido freireano

de educando-educador e a concepção de aluno em EaD, há uma convergência

para a cooperação e a colaboração, envolvendo todos os participantes dos

processos. Isto é um dos pressupostos para que a comunicação aconteça e de

fato se dê a construção de informação.

Nesse contexto, Silveira acrescenta outro pressuposto quando comenta que

“a informação não precisa apenas ser acessada ou ter sua circulação facilitada,

é preciso que ela seja percebida e entendida, e essa capacidade somente pode

ser desenvolvida com processos educacionais adequados” (2000: 87). Esse

fato não exclui a Educaçãoà distância. A modalidade possui toda a virtualidade

como “sistema educacional adequado” . Neste trabalho, o conceito de “virtual”

não se opõe ao que é real, mas vai ao encontro do que Levy propõe para o

termo que, grosso modo, refere-se ao potencial.

Na acepção filosófica, é virtual aquilo que existe apenas em potência

e não em ato, o campo de forças e de problemas que tende a

resolver-se em uma atualização. O virtual encontra-se antes da

concretização efetiva ou formal (a árvore está virtualmente presente

no grão) (1996: p. 47).

Essa potencialidade como sistema educacional adequado para o

entendimento das informações será descrita no próximo capítulo. Pretende-se

assim, clarificar melhor as idéias que existem a respeito dessa modalidade de

ensino e também situar a EaD dentro deste trabalho.

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3 - EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Este capítulo trata dos motivos que levaram a EaD a ter um significativo

crescimento nos últimos anos no Brasil; faz um breve histórico sobre essa

modalidade de ensino no Brasil e no mundo; apresenta os principais elementos

que constituem a EaD e, por fim, discute sucintamente sobre a diferença entre

educação e instrução.

Neste trabalho entende-se o conceito de educação num sentido mais amplo

do que o simples aprimoramento ou desenvolvimento de habilidades

profissionais que a sociedade exige numa dada época. A educação está ligada

ao crescimento do indivíduo, com o melhoramento das suas relações intra e

interpessoais, objetivando o entendimento de seu espaço social e sua cultura.

Para que isso ocorra são necessárias a emancipação do pensamento, como

também a potencialização do senso crítico. Subentende-se nessas palavras a

influência do pensamento freireano em relação às concepções da pedagogia

libertadora e da consciência crítica (FREIRE, 2000).

Adotando esse conceito, o país pode ter na educação a fonte de

desenvolvimento de sua nação, desde que estas idéias ultrapassem os

projetos governamentais e ganhem as escolas. Nesse sentido as instituições

de ensino são responsáveis por orientar o aluno na construção de três

competências: técnica, científica e política. A primeira está relacionada ao

sentido profissional da educação e tem sua importância no fato de possibilitar a

integração do homem às atividades do grupo social do qual ele faz parte. A

segunda situa-se na ordem do desenvolvimento do espírito científico do aluno:

como observar os fatos, problematizar a realidade, investigar e obter

conhecimento através das informações conseguidas. Por último, mas não

menos importante, está a conscientização do indivíduo como ser participante e

responsável pela realidade em que está inserido. Assim seriam os profissionais

formados nessas três competências:

Competentes no domínio técnico de suas habilitações de trabalho,

com base em conhecimentos científicos assimilados em um processo

de reelaboração da ciência enquanto atividade de descoberta e

invenção, e comprometidos com uma nova consciência social,

capazes de compreender e reavaliar sua existência e sua atuação na

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sociedade a partir de um projeto político-civilizatório voltado para a

transformação qualitativa dessa mesma sociedade no seu todo

(SEVERINO apud BARROS, 1990: XIV).

Feitas essas primeiras considerações, há de se correlacioná-las com as

transformações pelas quais passa a sociedade no momento. Na atual

configuração social, caracterizada pela forte presença das NTCIs em várias

atividades humanas e com a informação sendo o motor propulsor dessas

atividades, a educação se torna um fator fundamental, mas com a condição de

ser permanente na vida do indivíduo. Assim propõem os princípios do Livro

Verde brasileiro para o programa de informatização da nossa sociedade:

É a educação o elemento-chave para a construção de uma sociedade

da informação e condição essencial para que pessoas e

organizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar e assim, a

garantir seu espaço de liberdade e autonomia. A dinâmica da

sociedade da informação requer educação continuada ao longo da

vida, que permita ao indivíduo não apenas acompanhar as mudanças

tecnológicas, mas, sobretudo inovar (TAKAHASHI, 2000: p. 07).

Na mesma linha de pensamento caminha Belloni (2002) ao trabalhar a

seguinte questão: A partir de uma perspectiva de democratização das oportunidades

educacionais nas sociedades da informação ou do saber, onde a

formação inicial torna-se rapidamente insuficiente, as tendências mais

fortes apontam para a educação ao longo da vida (lifelong education),

mais integrada aos locais de trabalho e às expectativas e

necessidades dos indivíduos (2002: p. 02).

Gadotti (1987) afirma que a educação continuada ou permanente é um

processo social, independente de idade e que acompanha o indivíduo toda a

sua vida e “se estende agora a todos os domínios: lazer, vida em família,

participação social, vida profissional e outros aspectos da existência humana”

(1987: p.78). Ainda que o autor faça essa generalização, a educação

continuada está muito mais presente na formação do trabalhador por conta da

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64

valorização do capital intelectual não só nas empresas de produção como

também nas empresas de prestação de serviço.

Nesse sentindo, Preti (1996) apresenta outros fatores para a especialização

da massa trabalhadora:

Existe uma crescente demanda social de formação, devido às

exigências de níveis mais elevados na formação, aos avanços

tecnológicos, à insuficiência de qualificação e às novas tendências

demográficas. A diminuição de natalidade, constatada também no

Brasil nesta última década (IBGE, 1991), a entrada cada vez mais

significativa de mulheres no mundo do trabalho, o intenso processo

migratório de mão-de-obra do campo em direção aos grandes

núcleos urbanos e de regiões menos desenvolvidas para as mais

industrializadas, a aposentadoria de uma parcela qualificada da mão-

de-obra, especialmente em alguns setores como o da educação,

diante das mudanças nas regras de aposentadoria, vêm modificando

o mercado de trabalho. Torna-se cada vez mais urgente e necessário

proporcionar a esses novos grupos para que tenham acesso às

qualificações e conhecimentos requeridos (1996: p.15-16).

O autor referido ainda coloca também como motivo para o aperfeiçoamento

a questão da efemeridade das informações. Isto se deve, em parte, ao uso das

NTCIs que promovem constante atualização, tornando defasados os dados

adquiridos num curto período de tempo.

A educação à distância, atualmente, é a principal modalidade de ensino que

o Plano Nacional de Educação propõe para propiciar o aprendizado ao maior

número de pessoas. Razões existem para justificarem tal fato. Uma delas está

na desproporção entre educadores e educandos. De um lado, está o número

de profissionais envolvidos na educação, as vagas nas escolas, e no outro a

enorme população a espera de uma oportunidade para começar ou continuar

seus estudos. Portanto,

Se pensarmos nas dimensões do nosso país, na quantidade de

pessoas para serem educadas, na infra-estrutura física disponível,

assim como no número de educadores com capacidade para facilitar

esse processo de construção de conhecimento, facilmente chegamos

à conclusão de que a educação à distância é uma solução bastante

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65

viável e, certamente, tem sido a solução que o governo tem proposto

para corrigir as distorções educacionais no nosso país (VALENTE,

2002: p. 01).

Apesar disso é preciso superar um grande obstáculo que é o preconceito.

Relacionada à EaD, ainda persiste uma “posição de baixo prestígio”, isto por

que tendo sido considerada por longo tempo como uma solução paliativa,

emergencial ou marginal com relação aos sistemas convencionais, a

EaD é geralmente vista pelo público em geral e pelos atores no

campo da educação – mesmo por aqueles que nela atuam como uma

segunda oportunidade para os que não tiveram acesso ou

abandonaram o ensino regular. Esta percepção gera dúvidas quanto

à qualidade do ensino oferecido por sistemas de EaD e tende a

enfatizar os fracassos, não obstante o sucesso de muitas

experiências e a credibilidade de algumas das grandes universidades

abertas européias. (BELLONI, 2002: p.25-26)

Mesmo assim, a EaD teve um crescimento considerável no país nos últimos

anos. Podem-se apontar como motivos dessa expansão: flexibilidade de tempo

e espaço, desenvolvimento nas NTCIs, e mudança na Legislação Educacional.

Flexibilidade de tempo e espaço. Diferente da educação presencial que

obriga alunos e professores estarem juntos no mesmo espaço e tempo, a EaD

permite que os participantes estejam em espaços físicos diferentes e até em

horários diferentes; o que possibilita oportunidades para que potenciais

estudantes/trabalhadores possam desenvolver suas competências num

processo sistematizado de educação, até mesmo dentro da empresa onde

trabalham.

Desenvolvimento das NTCIs. Não só a criação e aprimoração de

tecnologias de comunicação como a teleconferência e videoconferência mas

também a popularização e o barateamento do computador pode ser apontado

como fator para o a expansão da EaD no Brasil. Isto porque:

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66

Esta possibilidade que oferece de romper com os contextos físicos

tradicionais de aprendizagem leva a que as NT22 facilitem a aquisição

de informação por parte de um determinado número de pessoas , que

ou não puderam continuar seus estudos em seu momento, ou por

contrário desejam atualizar-se ou reciclar-se. Isto nos leva a pensar

que os contextos educativos apropriados para as NT são a educação

à distância e a formação ocupacional23 (ALMENARA, 2000: p. 13).

Mudança na Legislação Educacional. A Educação à Distância foi

oficializada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394

de 20 de dezembro de 1996); pelo Decreto nº 2494, de 10 de fevereiro de

1998; pelo Decreto nº 2561, de 27 de abril de 1998 e pela portaria Ministerial

nº 301, de 07 de abril de 1998. Basicamente os dispositivos da Lei nº 9394 de

20 de dezembro de 1996 são esses:

a) o Poder Público deve incentivar o desenvolvimento e a veiculação

de programas de ensino à distância;

b) o ensino à distância desenvolve-se em todos os níveis e

modalidades de ensino e de educação continuada;

c) a educação à distância organiza-se com abertura e regime

especiais;

d) a educação à distância será oferecida por instituições

especificamente credenciadas pela União;

e) caberá à União regulamentar requisitos para realização de

exames; para registro de diplomas relativos a cursos de educação à

distância;

f) caberá aos sistemas de ensino normatizar a produção, controle e

avaliação de programas e autorizar sua implementação;

g) poderá haver cooperação e integração entre os diferentes

sistemas;

h) a educação à distância terá tratamento diferenciado que incluirá:

custos reduzidos na transmissão por rádio e televisão; concessão de

22 Novas Tecnologias

23 Livre Tradução de: “Esta posibilidad que ofrecen de romper los contextos físicos tradicionales de aprendizajes, lleva

a que las NT faciliten la adquisición de información a un número determinados de personas, que bien no pudieron

continuar sus estudios en su momento, o por el contrario desean actualizarse o reciclarse. Ello nos lleva a señalar que

contextos educativos apropiados para las NT son la educación a distancia y la formación ocupacional”.

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canais exclusivamente educativos; tempo mínimo gratuito para o

Poder Público, em canais comerciais (BRASIL, 2001: p.22).

O Plano Nacional de Educação que exige até o ano de 2007 o diploma de

Licenciatura para professores da rede de ensino médio e fundamental também

pode ser identificado como uma causa de crescimento da EaD. Isto porque

esta meta criou uma demanda muito grande de alunos que não é possível ser

cumprida só com o ensino presencial.

Belloni (2002) explica que essas transformações são fruto de um contexto

político-econômico: ... a expansão da EaD na última década representa muito menos o

triunfo da ideologia do acesso aberto à educação e muito mais o

impacto das forças de mercado e da situação de recessão econômica

e conseqüentemente políticas governamentais de restrição de

recursos aplicados à educação. Observa-se na década de 90, em

muitos países industrializados, uma rápida expansão do ensino

superior não acompanhada de uma expansão proporcional de

recursos de ensino (2002: p. 23).

3.1 Breve histórico da EaD no mundo e no Brasil A educação à distância promove o aprendizado com a utilização de mídia

na mediatização da relação do aluno com o professor. Este não é ausente

como apregoam críticos desta modalidade de ensino. O docente existe e é

bastante participativo do processo de ensino/aprendizagem. Ele seleciona o

conteúdo, auxilia na preparação do material didático, ministra aulas, avalia,

enfim exerce as funções normais de sua profissão. A relevante diferença está

na maneira como ele se comunica com o aluno, que não é mais na forma de

presença física e no mesmo espaço de tempo.

No princípio de implantação dos cursos de educação à distância, havia

poucos recursos para o crescimento desta modalidade. Isso por conta,

principalmente, do não desenvolvimento dos meios de comunicação e da falta

de modernização dos transportes. A história da EaD reflete o aprimoramento

dos meios de comunicação, como bem coloca Aretio (1994), na classificação

das gerações de Educação à Distância. Segundo o autor referido houve três

Page 68: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

68

gerações de EaD. A primeira utilizou textos pouco adequados ao estudo à

distância, mas estes logo evoluiriam e se fizeram acompanhados de guias de

estudo e cadernos de exercícios ou de avaliação. Nesse primeiro momento, a

figura tutor já aparece para acompanhar os alunos. A segunda geração utilizou

o radio e a televisão, meios presentes na maioria dos lares dos trabalhadores,

assim como fitas de áudio e de vídeo. A comunicação com o tutor se fazia por

telefone também. Já a terceira geração, que estaria acontecendo atualmente, é

caracterizaria pela integração das mídias, tendo como principal mediador

pedagógico o computador.

Como todo processo histórico, este não ocorreu da mesma maneira para os

países que implantaram a EaD, como também não seguiu o mesmo período de

tempo. Nem mesmo as três gerações foram vividas por todos, visto que

algumas nações começaram a utilizar a EaD quando esta já estava em sua

terceira fase. Como justificativa para essa diferença, há de se pensar nas

características de cada sociedade, e nos objetivos a que se propunha ao

utilizar esta modalidade.

A despeito dessa realidade, Volpato et al. (2002) fizeram um trabalho sobre

o início do processo de instalação da educação à distância no cenário mundial,

e situa o começo no pós-guerra:

A sistematização da Educação à distância deu-se com a necessidade

de treinamento dos recrutas durante a II Guerra Mundial, quando o

método foi aplicado tanto para a recuperação social dos vencidos

egressos desta guerra, quanto para o desenvolvimento de novas

capacidades profissionais para uma população oriunda do êxodo

rural. Porém, a Educação à distância não ficou restrita ao momento

pós-guerra. Foi amplamente utilizada por diversos países,

independentemente do seu poder econômico ou detenção de

tecnologia, tendo sempre como escopo a minimização de seus

problemas sociais. Atualmente, mais de 80 países atendem milhares

de pessoas, com sistemas de ensino à distância em todos os níveis,

em sistemas formais e não formais (2002: p. 01).

Em relação ao Brasil, Preti (1996) situa o início da EaD na década de 20,

com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por um grupo da

Page 69: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

69

Academia Brasileira de Ciências. Ressalva, porém, que demorou mais algumas

décadas para a modalidade expandir no país:

Será somente na década de 60 que ela tomará vulto e expressão

significativa, visto que em 1965 começou a funcionar uma Comissão

para Estudos e Planejamento da Radiodifusão Educativa que acabou

criando, em 1972, o Programa Nacional de Teleducação (PRONTEL),

com o objetivo de integrar todas as atividades educativas dos meios

de comunicação com a Política Nacional de Educação.

Posteriormente, em 1972, o governo federal criaria a Fundação

Centro Brasileiro de Televisão Educativa que, em 1981, passaria a se

denominar FUNTEVE e que viria fortalecer o Sistema Nacional de

Radiodifusão Educativa (SINREAD) colocando no ar programas

educativos, em parceria com diversas rádios educativas e canais de

televisão (1996: p.20).

3.2 Elementos Constitutivos da EaD Apesar da quantidade e qualidade das pesquisas que abordaram o tema

“Educação à Distância” nos últimos tempos, não existe um esclarecimento

suficiente sobre a modalidade. Persistem ainda distorções a respeito do

assunto, principalmente quando se pensa que não existe aprendizado se o

professor não está diante do aluno. Isto demonstra claramente uma posição de

centralização do saber na figura do docente, como também um vínculo de

dependência próprio do ensino presencial. De modo bastante objetivo, segue

uma tentativa de descrição das variáveis que configuram a EaD, ressalvando

que não há uma conformidade sobre estes elementos entre os pesquisadores

da área.

Distância – O professor e o aluno estão separados espacialmente, e às

vezes temporalmente, o que não quer dizer que não haja encontros presenciais

para estabelecimento de trocas mútuas de experiência e afetividade. Isso pode

ser proporcionada também à distância. A EaD não determina aluno e professor

“distantes”.

Page 70: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

70

Estudo individualizado e independente – Ao participar de um curso à

distância, o aluno deve adotar uma postura autônoma em relação a sua

educação. Azevedo comenta essa mudança:

O aluno precisará desenvolver outra atitude, adquirir novos hábitos,

deixar de ver-se como um receptor no final de uma linha e passar a

ver-se como um nó de transmissão numa teia de linhas de

comunicação. Fundamentalmente, precisará deixar a postura passiva

e adotar uma postura ativa (2000: p.05).

Belloni comenta como é esse processo que envolve mudanças não só

por parte do aluno, como também por parte do professor:

Por aprendizagem autônoma entende-se um processo de ensino e

aprendizagem centrado no aprendente, cujas experiências são

aproveitadas como recurso, e no qual o professor deve assumir-se

como recurso do aprendente, considerado como um ser autônomo,

gestor de seu processo de aprendizagem, capaz de autodirigir e auto-

regular este processo (2002: p. 11).

Um processo ensino-aprendizagem mediatizado – A educação acontece

com a utilização de algum meio de comunicação. Os textos impressos, o rádio,

a televisão, a teleconferência, o vídeo educativo, a Internet, etc., são algumas

das mídias que são utilizadas. Elas comportam os seguintes recursos: som

(voz humana, música, efeitos especiais); fotografia (imagem estática); vídeo

(imagens m movimento); animação (desenho animado); gráficos; textos

(incluindo números, tabelas, etc.).

A comunicação por essas mídias é feita em redes assíncronas, síncronas,

ou mistas, ou para alguns pesquisadores em tempo real (on line) e em tempo

diferido (off line).

Assíncronas - Professor e aluno estão em diferentes quadrantes

temporais e a relação entre eles é mediatizada por material impresso

(livros, apostilas) ou informático (e-mails, CD-ROM, sites, lista de

discussão). Ou ainda por vídeos, programas radiofônicos, fitas cassetes,

etc.

Page 71: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

71

Síncronas – Professor e aluno estão no mesmo quadrante temporal e a

relação é mediatizada por Chat, teleconferência, videoconferência,

momentos presenciais, etc.

Andragogia – Como em sua maioria, os curso de educação à distância são

ministrados para um alunado adulto, há uma preocupação em diferenciar o

aprendizado deste público com o aprendizado das crianças.

O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações

interpessoais de um modo diferente daquele da criança e do

adolescente. Traz consigo uma história mais longa (e provavelmente

mais complexa) de experiências, conhecimentos acumulados e

reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras

pessoas. Com relação à inserção em situações de aprendizagem,

essas peculiaridades da etapa de vida em que se encontra o adulto

fazem com que ele traga consigo diferentes habilidades e dificuldades

(em comparação com a criança) e, provavelmente, maior capacidade

de reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos de

aprendizagem (OLIVEIRA, 1999: p.60).

Material didático específico – Cada material didático tem uma função a

depender de suas características. Segundo Perez e Castilo (1996), o material

didático que se vê como mediação pedagógica deve ter três tipos de

tratamento:

Tratamento Temático – A mediação pedagógica começa desde o

próprio conteúdo. O autor do texto base parte já de recursos

pedagógicos destinados a fazer a informação acessível, clara, bem

organizada em função do auto-aprendizado.

Tratamento Pedagógico desde a aprendizagem – desenvolve os

procedimentos mais adequados para que o autoaprendizado se

converta em um ato educativo; trata-se dos exercícios que

enriquecem o texto com referências à experiência e ao contexto do

educando.

Page 72: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

72

Tratamento desde a forma – refere-se aos recursos expressivos

postos em jogo pelo material: diagramação, tipos de letras,

ilustrações, entre outros (1996: p.51). 24

A presença de Tutores - Faz-se necessário um acompanhamento mais

sistematizado do aprendizado do aluno, bem como é preciso possibilitar outros

canais para esclarecimento de dúvidas e orientações para o andamento correto

do curso do aluno à distância. Essas funções são exercidas pelo tutor ou

monitor. E conforme a configuração do curso pode haver um tutor para cada

área específica.

A experiência acumulada nos indica que os estudantes atuais e

futuros necessitam de serviços de assessoramento, tanto de caráter

puramente informativo como também no plano do alento moral.

Necessitam de informação acerca das linhas de estudo que os

interessam, aonde levam e como são25 (HOLMBERG, 1992: p.187).

Comunicação Bidirecional - É a proposta dos curso de EaD para tornar os

efeitos da distância os menores possíveis. Sobre esse assunto, Landim afirma

que:

Na EAD, o aluno não é um simples receptor de mensagens

educativas e conteúdos planejados, produzidos e distribuídos por um

centro docente, sem possibilidade de esclarecimentos e orientações.

A atividade educativa, como processo de comunicação, é bidirecional,

com o conseqüente feedback entre docente e aluno. O diálogo

consubstancia, assim, a otimização do ato educativo.

24 Livre Tradução de “Tratamiento Temático – La medicación pedagógica comienza desde el contenido mismo. El autor

del textobase parte ya de recursos pedagógicos destinados a hacer la información accesible, clara, bien organizada en

función del autoaprendizaje. Tratamiento Pedagógico desde el aprendizaje – desarrolla los procedimientos más

adecuados para que el autoaprendizaje se convierta en un acto educativo; se trata de los ejercicios que enriquecen el

texto con referencias a la experiencia y el contexto del educando. Tratamiento desde la forma – se refiere a los

recursos expresivos puestos en juego en material: diagramación, tipos de letras, ilustraciones, entre otros”.

25 Livre Tradução de “La experiencia acumulada nos indica que los estudiantes actuales y futuros necesitan servicios

de asesoramiento, tanto de carácter puramente informativo como también en el plano del aliento moral. Necesitan

información acerca de las líneas de estudio que les interesan, adónde conducen y cómo son”.

Page 73: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

73

O aluno pode responder às questões que lhe são propostas nos

materiais instrucionais, assim como pode propor um diálogo com o

seu tutor, enriquecendo sua atividade de aprendizagem.

O diálogo também pode ser simulado por intermédio da conversação

didática guiada entre docente e aluno, proporcionada pelos materiais

de estudo (apud CORDEIRO, 2000: p. 26).

Os objetivos dessa comunicação, segundo Holmberg são: Apoiar a motivação e o interesse dos estudantes através do contato

com o instrutor e assessor que o estimule;

Apoiar e facilitar a aprendizagem do estudante, fazendo que este

aplique os conhecimentos e capacidades adquiridas, e se sirva dos

comentários, explicações e sugestões dos instrutores;

Avaliar o progresso dos estudantes para proporcionar a eles um

instrumento pelo qual podem julgar sua situação e suas necessidades

educacionais e mediante o qual se atribuem pontos (1992: p. 87) 26.

3.3 Educação ou Instrução Muito se tem discutido sobre o paradigma instrucionista e construcionista na

educação. Há uma concepção de que à escola caberia o dever de instruir os

indivíduos, ou seja, transmitir-lhes tão somente as técnicas da sua profissão

para poder executar o seu trabalho na sociedade. Este é o paradigma

instrucionista.

Presente nessa situação está um determinismo para o controle, a ordem e a

racionalização. Isso fruto da herança de sistemas de pensamento como o

positivismo, que imprimia objetivação ao comportamento humano e do

taylorismo que impunha economia de tempo e recursos, visando resultados

mais satisfatórios. Nesse paradigma há a presença também dos estudos

behavioristas quando se percebe que o aprendizado é identificado como um

processo de estímulo e resposta. O professor vê no aluno um vaso que, para

26 Livre Tradução de: apoyar la motivación y el interés de los estudiantes a través del contacto con un instructor y

asesor que estimule; apoyar y facilitar el aprendizaje del estudiante haciendo que éste aplique los conocimientos y

capacidades adquiridas, y se sirva de los comentarios, explicaciones y sugerencias de los instructores; evaluar el

progreso de los estudiantes para proporcionarles un instrumento por el cual puedan juzgar su situación y sus

necesidades educacionales y mediante el cual se asignen puntajes.

Page 74: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

74

ser preenchido, é preciso condicioná-lo a absorver verdades já pré-

estabelecidas. Não há construção de significado algum por nenhum dos

sujeitos envolvidos na aprendizagem.

Essa visão do aluno como objeto repositório de conhecimento é própria da

Escola Tradicional, em oposição ao movimento da Escola Nova que já

concebia o aluno como sujeito participante e construtor do seu conhecimento.

Com o surgimento do movimento de pedagogos conhecido por

Escola Nova, que começou a delinear-se no último quartel do século

XIX, opondo-se frontalmente à Escola que apelidaram de Tradicional,

caracterizada sobretudo por um conjunto de processos educativos

introduzidos na escola nomeadamente a partir do Séc XVII, tornou-se

especialmente explícito um conflito de contornos bem definidos entre

dois modelos pedagógicos: um em que o aluno é comparado a um

objecto a formar por uma acção exterior a exercer sobre ele, por

referência a valores e normas ideais, outro em que se considera que

o aluno tem consigo os meios necessários para ser sujeito da sua

formação (VERMELHO e BRITO, 2002: p. 05).

A Escola Nova foi fortemente influenciada pelos estudos de Jean Piaget

sobre a epistemologia. Segundo esse pesquisador, as crianças aprendem

ativamente em interação com o mundo. Elas constroem o conhecimento

através de processos de assimilação, adaptação, acomodação

(MONTANGERO e NAVILLE, 1999). Com o crescimento, elaboram esquemas

mentais para entender a realidade. Pedagogos utilizaram essa concepção no

aprendizado sistematizado das escolas. Este é o paradigma construtivista.

A dicotomia que acompanhou os movimentos da Escola Tradicional e a

Escola Nova refletiu no uso das tecnologias na educação:

Basicamente os profissionais que trabalham nessa área dividem-se

em: os instrucionistas e os construcionistas . Dentro do paradigma de

informática instrucional seu papel seria de suporte ao professor na

sua tarefa em sala de aula. O papel do professor seria menos

relevante. No paradigma construcionista, a informática é tida como

um veículo que possibilita uma mudança na postura do professor,

transformando-o em mediador. Em relação ao aluno, no primeiro caso

o computador, ou software, passa a "ensinar" o aluno, enquanto no

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75

segundo, o aluno "ensina" o computado (VERMELHO e BRITO, 2002:

p. 01).

Nota-se que esta divisão está presente até na forma lexical de denominação

do aprendizado à distância mediado por tecnologias. Landim (2000) procura

esclarecer que há uma grande diferença entre ensino e educação, isto porque:

Ensino: instrução, transmissão de conhecimentos e informações,

adestramento, treinamento.

Educação: prática educativa, processo ensino-aprendizagem, que

leva o indivíduo aprender a aprender, a saber a pensar, criar, inovar,

construir conhecimentos, participar ativamente de seu próprio

crescimento. É um processo de humanização que alcança o pessoal

e o estrutural, partindo da situação concreta em que se dá a ação

educativa numa relação dialógica (apud MARTINS, 2000: p. 14).

Segundo Winkin (1998) a própria Teoria da Informação contribuiu para a

predominância do paradigma instrucionista na aplicação das NTCIs

pedagógicas: Quando as NTIC são pensadas de maneira linear, segundo o

esquema da comunicação derivado de Shannon e Weaver (1949),

elas efetivamente se desenvolvem num universo “estreitamente

dicotômico”: é a informação ou a morte. Fora da informação não há

salvação (1998: p. 201).

Os paradigmas construcionistas e instrucionistas, apesar de ainda estarem

em discussão, já não refletem as pesquisas mais recentes neste campo

pedagógico tão rico. A partir dos anos 90 novos estudos foram feitos e

apontam para modelo de aprendizagem aberta e à distância, AAD, (open and

distance learning, ODL) que, segundo Belloni (2002), de fato concretiza os

conceitos de flexibilidade, abertura e autonomia. A EaD e a AAD referem-se a

dois aspectos diferentes do mesmo fenômeno:

EaD diz respeito muito mais a uma modalidade de educação e a seus

aspectos institucionais e operacionais, enquanto AA relaciona-se com

modos de acesso e principalmente com metodologias e estratégias

de ensino e aprendizagem. A rigor poderíamos dizer que os conceitos

Page 76: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

76

de AA se opõem ao conjunto de teorias, metodologias e práticas de

ensino e aprendizagem propostas pela tecnologia educacional e em

grande parte ainda dominantes em muitas experiências importantes

de EaD, que por razões históricas e político-sociais, oferecem um

ensino baseado em “pacotes instrucionais” de inspiração behaviorista

e com sistemas demasiado burocratizados de acesso, controle e

avaliação (BELLONI, 2002: p. 09).

A partir dessas considerações sabe-se que as pesquisas em EaD só têm a

contribuir para um melhor entendimento sobre essa prática e a concepção de

novos sistemas educacionais que dêem conta dos problemas pelos quais

passam os países periféricos. Mas não somente isso, como também superar

visões behavioristas e tayloristas sobre a formação humana.

É nesse sentido que prossegue essa pesquisa. O capítulo seguinte tratará

de descrever o objeto de estudo deste trabalho, buscando focar seu aspecto

comunicacional.

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77

4 - A COMUNICAÇÃO NO MESTRADO SEC/BA Este capítulo irá descrever o objeto de estudo desta dissertação, o curso de

Mestrado em Mídia e Conhecimento da UFSC para a SEC da Bahia, bem como

os canais de comunicação e os participantes envolvidos em todo este

processo, para logo em seguida entrar na pesquisa propriamente.

4.1 Histórico do objeto de estudo

O estado baiano tem um projeto de criar uma rede de cursos de Educação à

Distância com a Universidade Federal da Bahia, as instituições de ensino

particular FAACS e UCSAL, e as quatro Universidades Estaduais: UNEB

(Universidade do Estado da Bahia), UEFS (Universidade Estadual de Feira de

Santana), UESB (Universidade Estadual do Sudoeste Baiano) e UESC

(Universidade Estadual de Santa Cruz).

O objetivo maior dessa rede de cursos é cumprir metas do Plano Nacional

de Educação, especificamente à parte do documento que trata da Formação de

Professores e Valorização do Magistério. Neste artigo, na seção de Objetivos e

Metas, parágrafo 19, há a seguinte resolução: “Garantir que, no prazo de dez

anos, todos os professores de ensino médio possuam formação específica de

nível superior, obtida em curso de licenciatura plena nas áreas de

conhecimento em que atuam” (BRASIL, 2002: p. 72).

Até o ano de 2007, essa meta deverá ser cumprida. A Bahia é um dos

estados brasileiros que têm um dos índices mais baixos de professores com

nível universitário. Cerca de 28.000 professores de 417 municípios baianos

precisam obter o diploma em Licenciatura plena.

Para atender essa demanda num prazo relativamente curto optou-se pela

EaD. Uma decisão já prevista e incentivada no Plano Nacional de Educação,

no seu 6º artigo: No processo de universalização e democratização do ensino,

especialmente no Brasil, onde os déficits educativos e as

desigualdades regionais são tão elevados, os desafios educacionais

existentes podem ter, na educação à distância, um meio auxiliar de

indiscutível eficácia. Além do mais, os programas educativos podem

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78

desempenhar um papel inestimável no desenvolvimento cultural da

população em geral (BRASIL, 2002: p. 47).

O órgão que representa a Secretaria de Educação e que participa

diretamente desse projeto é o Instituto Anísio Teixeira. Um centro que planeja e

coordena estudos e projetos referentes a ensino, pesquisa, informações

educacionais e capacitação de recursos humanos na área de educação no

estado baiano. Foi ele o responsável por contatar as instituições que poderiam

fazer parceria na construção dos cursos de EaD na Bahia.

A criação de cursos de Educação à Distância exigia então o suporte

pedagógico e a experiência de uma instituição que há algum tempo já vinha

praticando essa modalidade de ensino. Para tanto foi feito um convênio com o

LED (Laboratório de Educação à Distância) do PGEP (Programa de Pós-

Graduação de Engenharia de Produção) da UFSC (Universidade Federal de

Santa Catarina). Assim se configura um Mestrado presencial/virtual deste

programa:

O mestrado utiliza a videoconferência conjuntamente com um

ambiente de suporte aos cursos na Web, material impresso e

digitalizado, fax, telefone, correios e encontros presenciais.

A interação de áudio e vídeo em tempo real proporcionada pela

videoconferência permite que a carga horária das disciplinas seja a

mesma dos cursos presenciais.

Professores e alunos recebem treinamento especial no uso das

mídias e nos processos de Educaçãoà distância. Todo o

planejamento e execução dos cursos conta com os serviços

exclusivos de uma gerência do LED, que mantém contato

permanente com os parceiros, visando o bom andamento dos cursos.

Monitores especialistas atendem aos alunos, assegurando um

atendimento personalizado e qualificado (LED, 2002).

Os alunos ainda participam de workshops e seminários para promover

encontros presencias entre professores e alunos, e também com o objetivo de

receber orientação e acompanhamento na fase produção da dissertação.

A partir desse contato, o LED em conjunto com o PPGEP então concebeu o

Mestrado em Engenharia de Produção com área de concentração em Mídia e

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79

Conhecimento e ênfase em Educação à Distância para a formação de

especialistas em EaD para atuarem nesta modalidade no Estado da Bahia.

Formatou-se, então, o programa do curso em quatro trimestres com as

seguintes disciplinas: Tecnologia de Produção de Multimídia (disciplina prática

ministrada presencialmente em Salvador), Tecnologia de Mídia e

Conhecimento, Educação de Adultos, Teorias Contemporâneas de

Aprendizagem Aplicadas à Tecnologia, Aprendizagem em Organizações

Virtuais, Estratégias de Utilização Pedagógica das Tecnologias de

Comunicação e Informação, Gestão de Processo e Serviço e Análise e

Avaliação de Programas de Ensino à Distância, num total de 360 horas.

As inscrições foram abertas a professores das Universidades Estaduais,

sem distinção de área de ensino. Eram sete vagas para cada instituição,

totalizando 28. Ainda outras duas vagas foram reservadas a profissionais de

educação do Instituto Anísio Teixeira. O processo de seleção foi feito com a

apresentação do currículo e o projeto de pesquisa analisado pela equipe de

coordenação e professores do Mestrado.

Feito este breve histórico do início do curso, discutir-se-á o processo de

trocas comunicacionais deste Mestrado. Lembrando que este é um ponto

importante no entendimento da questão informacional que norteia a

consecução deste trabalho.

Abaixo, estão os elementos comunicacionais que participaram deste

processo, ressalvando que não é discutida a questão do código, um fator

relevante na comunicação, mas que merece uma dimensão teórica maior que

os objetivos deste trabalho propõem. Assim como também o elemento ruído

não foi abordado por não estar entre as finalidades de avaliação desta

dissertação.

4.2 Canais Comunicacionais do Objeto de Estudo Segundo D’Azevedo (1971), o canal está relacionado a três significados:

“mecanismos de expressão da mensagem”, “veículo em que a mensagem é

transmitida” e “meio utilizado para a mensagem percorrer” (1971: p. 81). Por

essa definição tem-se um universo amplo de possíveis canais de comunicação.

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80

Ferrari (2002), por exemplo, numa análise sobre o modelo de orientação do

LED de aprendizagem, estabelece os seguintes canais de comunicação de

acordo com a figura a seguir.

Figura 02 – Canais de Comunicação no Modelo de Orientação do LED

Fonte: Ferrari (2002)

Segundo este esquema: Os canais 1 e 2 constituem comunicação direta entre o orientador e

seus alunos de doutorado e mestrado, respectivamente. O canal 3

representa o contato estabelecido entre um aluno de doutorado do

professor (tutor de orientação) e um grupo de alunos de mestrado. O

tutor de orientação oferece suporte ao aluno em assuntos tais como:

fontes de consulta bibliográfica, estilos metodológicos e questões

relativas à pesquisa realizada pelo aluno. O tutor de orientação é um

aluno de doutorado que pesquisa na mesma área de atuação dos

alunos de mestrado com os quais ele tem contato. O canal 4

representa o contato estabelecido entre o tutor de orientação e o

professor para discutir assuntos derivados da comunicação vinda dos

canais 2 e 3 (2002: p. 48-50).

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81

Como se percebe, o sentido que Ferrari (2002) dá a expressão canais de

comunicação difere do adotado neste trabalho. A autora vê as trocas dialógicas

entre orientandos e orientador como um canal, enquanto que aqui este é visto

como um meio, a forma que permite a mediatização da relação entre professor-

aluno e aluno-tutor. Isto reflete, em parte, um desarranjo na significação de

termos quando transportados para outras áreas, mas também a insuficiência

de estudos na convergência entre educação e comunicação.

Neste trabalho foram identificados os seguintes canais comunicacionais:

material didático, que se constitui dos documentos impressos com conteúdo

das disciplinas (livros e artigos), o Guia do aluno e o material eletrônico (slides

usados nas aulas e disponibilizados pelo professor no site do LED); aulas

presenciais, aulas por videoconferência, computador, telefone, fax e o site do

LED. Dentre esses canais, o telefone e o fax foram pouco utilizados pelos

alunos. Isto porque a demanda por informações era suprida nos encontros

semanais por videoconferência e no acesso ao site do LED. Portanto esses

dois canais não serão aqui analisados.

4.2.1 Material Didático

O material didático se configura como um elemento essencial no

aprendizado à distância, segundo Holmberg (1992), Aretio (1994), Perez e

Castillo (1996), entre outros. Para isso, recebe um tratamento especial, tanto

na sua forma como no seu conteúdo, se diferenciando do material didático

mais tradicional, como foi descrito no capítulo 3 na parte dos elementos

constitutivos da EaD. Entretanto, o curso estudado não é totalmente à

distância. Ele se caracteriza por ser semipresencial, com aulas presenciais e à

distância por isso, não foram adotados material específico para a EaD.

Uma exceção é o Guia do Aluno, um livro para orientar os estudantes

iniciantes no curso presencial virtual do Programa de Pós-graduação em

Engenharia de Produção da UFSC. O guia contém informações importantes

sobre a Universidade, a EaD, o funcionamento do LED e as ferramentas

utilizadas nos cursos. Ele foi elaborado especialmente para o aluno que estuda

à distância por videoconferência, daí possuir um capítulo específico sobre o

assunto. Além disso, sua formatação é a seguinte: a linguagem é simples,

Page 82: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

82

informal e direta; os textos são curtos, informativos e possui várias dicas de

estudo; o arranjo gráfico também facilita a leitura, por não ser cansativo e

destaca o que é de mais interessante. O tamanho e peso permitem também

fácil manuseio por parte do leitor.

4.2.2 Computador

Esta tecnologia já foi discutida no segundo capítulo, mas vale relembrar o

que Levy (1993) propõe para este instrumento num ambiente de Internet.

O hipertexto ou a multimídia interativa adequa-se particularmente aos

usos educativos. É bem conhecido o papel fundamental do

envolvimento pessoal do aluno no processo de aprendizagem.

Quanto mais ativamente uma pessoa participar da aquisição de um

conhecimento, mais ela irá integrar e reter aquilo que aprender. Ora,

a multimídia interativa, graças à sua dimensão reticular ou não-linear,

favorece uma atitude exploratória, ou mesmo lúdica, face ao material

a ser assimilado. É, portanto, um instrumento bem adaptado a uma

pedagogia ativa (1993: p. 40).

O computador foi um importante instrumento de estudo e trabalho para os

mestrandos. Através dele, acontecia o acesso ao site do Laboratório de Ensino

à Distância, possibilitando obter informações acadêmicas e material didático.

Na disciplina Tecnologia de Produção de Multimídia, de caráter prático e

presencial, o computador se constituiu na principal ferramenta tecnológica para

o aprendizado e construção de softwares educativos.

4.2.3 Aulas Presenciais

Foram iniciadas na última semana de agosto de 2000 com a disciplina

Tecnologia de Produção de Multimídia. Essa foi a única disciplina ministrada de

forma totalmente presencial. As outras foram por videoconferência exceto pela

primeira aula que sempre acontecia em Salvador com a presença dos

professores e alunos.

É importante destacar que os encontros presenciais em Salvador

possibilitaram que alunos e professores se conhecessem e criassem laços de

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83

afetividade. Segundo Perez e Castillo (1996) essas características são

essências para uma proposta de educação alternativa. Para os autores, esta

proposta se fundamenta da seguinte forma:

Necessidades humanas tão básicas como a convivência, as relações

interpessoais, a participação, o afeto, e tudo isso é possível em

experiência de educação à distância, sempre que o sistema

correspondente se organize para permitir o trabalho em grupos, para

dar oportunidades ao intercâmbio de experiências e de informação

(1996: p. 29)27.

4.2.4 Aulas por videoconferência

Os mestrandos começaram a viver a educação à distância a partir das aulas

de Tecnologia e Mídia e Conhecimento por videoconferência. Semanalmente

30 profissionais de Educação de diversas cidades do interior e litoral baiano

como Vitória da Conquista, Jequié, Alagoinhas, Juazeiro, Ilhéus, Jacobina entre

outras, se deslocavam para Feira de Santana a fim de participarem das aulas.

Estas eram ministradas com uma disciplina pela manhã e outra à tarde. A

situação veio a se modificar no último trimestre com o curso de uma única

disciplina, Análise e Avaliação de Programas à Distância.

O primeiro contato com a tecnologia de videoconferência aconteceu no dia

20 de agosto no campus da UEFS. Apesar do objetivo inicial ser a implantação

de salas de videoconferências em um campus de cada Universidade Estadual

envolvida, somente a UEFS possuía o equipamento no início do curso. Sendo

assim, as aulas à distância foram ministradas com um ponto de recepção e

transmissão em Florianópolis e outro em Feira de Santana. Mas nos últimos

trimestres o curso se tornou multiponto com unidades em Salvador, Vitória da

Conquista e Itabuna, além de Feira de Santana. A partir deste momento, o

grupo ficou dividido e assistiu às aulas nas salas de videoconferência da

empresa de telefonia Telemar. Em relação a esse sistema de recepção de

27 Livre Tradução de “necesidades humanas tan básicas como la convivencia, las relaciones interpersonales, la

participación, el afecto, y todo ello es posible en experiencias de educación a distancia, siempre que el sistema

correspondiente se organice para permitir el trabajo en grupos, dar oportunidades al intercambio de experiencias y de

información.

Page 84: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

84

videoconferência, Cruz (1999) diferencia os dois processos, ponto-a-ponto e

multiponto da seguinte maneira:

A recepção é organizada, já que é preciso que os pontos interligados

tenham o mesmo equipamento compatível, estejam conectados por

cabo telefônico, fibra ótica ou satélite e se agrupem em horários

predeterminados. Se a comunicação é feita entre dois pontos (ponto

a ponto), a imagem corresponde a esse momento é a de setas

inteiras que vão e retornam com a mesma densidade (áudio, vídeo e

dados). Se a comunicação acontece entre vários pontos (multiponto),

pode-se representar o processo como o de uma estrela, em que

todos os pontos se comunicam entre si de forma igualitária. O

professor está em uma das pontas desta estrela (onde também

podem estar alunos) e os aprendizes nas outras pontas, num

“momento” coletivo de aprendizado. Esta sala-de-aula estendida

propõe uma representação mental da situação de aprendizado que

desafia tanto professores como aluno (1999: p. 07).

4.2.5 Site LED

O site institucional do LED é o local de comunicação on line entre

professores, alunos e monitores dos cursos do PPGEP. Ele é “alimentado”

com informações de todos estes participantes, para isso, possui um menu com

os seguintes canais:

o Mural - contém dicas de site, mensagem de apoio, datas de

realização de congressos, sugestões de estudo, etc.

o Disciplinas – disponibiliza planos de aula, currículos dos

professores, textos de estudos das disciplinas, artigos,

trabalhos dos alunos.

o Meu Espaço - exibe e-mails dos alunos, professores, e de

outras pessoas da equipe do LED; perfil do usuário; um canal

de comunicação com o orientador, estatísticas individuais e da

turma; e material de Metodologia da Pesquisa e Elaboração de

Dissertação.

o Secretaria – mostra o calendário do curso e textos da

Monitoria relativos a Educação à Distância e ao curso de

Mestrado.

Page 85: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

85

o Café - Fórum para discussão de assuntos relacionados ao

Mestrado; perfil de todos os alunos matriculados naquele

curso, e um espaço de classificados, recados para colegas.

o Ajuda – é um espaço para tirar dúvidas, uma seção com as

perguntas mais freqüentes; telefones e endereços da equipe

de apoio e um link para uma página com informações sobre a

prova de proficiência em inglês.

4.3 Participantes da Comunicação

Resgatando os conceitos que foram adotados neste trabalho para os termos

mensagem, “o conjunto estruturado de determinados elementos, que vai da

fonte ao receptor” (D’AZEVEDO, 1971: p. 58), e informação, “o sentido que os

seres humanos atribuem aos dados” (DAVIS e MCCOMACK apud WURMAN,

1991: p. 42), propõe-se não a dicotomia emissor e receptor para classificar os

participantes do processo comunicacional deste Mestrado. Isto porque a

depender do processo e do momento se invertem os papéis entre emissor e

receptor. Ou seja, eles podem produzir mensagens e em alguma circunstância

podem deflagrar sentido nas mensagens e obter informações. A respeito desse

assunto, foi realizada anteriormente neste trabalho, no capítulo 2, uma

discussão. E é com base nela que se propõem abaixo os principais

participantes do processo comunicacional.

? A Monitora do curso - Informava sobre a vida acadêmica (conceitos,

trabalhos, prova de proficiência de língua estrangeira). Além de

transmitir as informações sobre a tecnologia e como ser um aluno de

educação à distância. O contato com a monitora ocorria por e-mail,

videoconferência e através do site do LED.

? Os Alunos - Fontes de informação nos momentos de discussões

com o professor na aula, nas apresentações de seminários e nas

conversas com os próprios colegas.

Page 86: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

86

? Os Professores – Eram os principais produtores de informações

relacionadas ao conteúdo das disciplinas, e também sobre o

funcionamento das tecnologias. A comunicação acontecia nas aulas

presenciais, por videoconferência, nas mensagens por e-mail, e em

alguns momentos no site do LED.

Outras características desses participantes poderão ser definidas a partir

da pesquisa feita junto aos alunos e que será descrita e comentada no próximo

capítulo.

4.4 Interatividade Os canais de comunicação permitiam trocas comunicacionais entre emissor

e receptor independente dos quadrantes espaço e tempo que eles ocupavam.

Mas a depender da mídia utilizada, se estabelecia diferentes tipos de interação.

Nesse contexto, Thompson (2002) é um dos autores que explica sobre as

situações interativas criadas pelo uso dos meios de comunicação. Ele distingue

três formas: interação face a face, interação mediada e quase interação

mediada.

A interação face a face pode ser percebida nas aulas presencias, pois

corresponde a situação em que os participantes da comunicação estão no

mesmo sistema referencial de espaço e tempo. Esta se define como portadora

de um caráter dialógico, ou seja, nela se subentende que há um fluxo de ida e

volta de comunicação: “Os receptores podem responder (pelo menos em

princípio) aos produtores, e estes são também receptores de mensagens que

lhe são endereçadas pelos receptores de seus comentários” (THOMPSON,

2002: p. 78). Outro ponto que o autor referido aborda é que os participantes

podem perceber outras mensagens que não as simplesmente faladas.

As palavras podem vir acompanhadas de piscadelas e gestos,

franzimento de sobrancelhas e sorrisos, mudanças na entonação e

assim por diante. Os participantes de uma interação face a face são

constantemente e rotineiramente instados a comparar as várias

deixas simbólicas e a usá-las para reduzir a ambigüidade e clarificar a

compreensão da mensagem (THOMPSON, 2002: p. 78).

Page 87: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

87

A interação mediada se caracteriza pelo uso de um meio técnico e supera

as barreiras de tempo e espaço. “Enquanto a interação face a face acontece

num contexto de co-presença, os participantes de uma interação mediada

podem estar em contextos espaciais ou temporais distintos” (THOMPSON,

2002: p.79). Por esta definição, a interação com o uso do computador e da

videoconferência no mestrado poderia ser do tipo mediada. Contudo,

Thompson só faz referência a meios de comunicação como a carta e o

telefone, neles fixando as características desse tipo de interação.

A comunicação por meio de carta, por exemplo, priva os participantes

de deixas associadas à presença física (gestos, expressões faciais,

entonação, etc.), enquanto outras dicas simbólicas (associadas à

escrita) são acentuadas. Similarmente, a comunicação por meio do

telefone priva os participantes das deixas visuais associadas à

interação face a face, preservando e acentuando as deixas orais

(2002: p. 79).

A quase-interação mediada pode ser notada neste Mestrado através do uso

do material didático. Este, como foi descrito acima, não foi feito exclusivamente

para o curso, e sim aproveitado do ensino presencial. E uma das

características deste tipo de interação é que “as formas simbólicas são

produzidas para um número indefinido de receptores potenciais”. Outro aspecto

que permite afirmar que os livros do Mestrado promoviam uma quase-interação

mediada é que “enquanto a interação a face a face e a mediada são dialógicas,

a quase-interação mediada é monológica, isto é, o fluxo é predominantemente

de sentido único” (THOMPSON, 2002: p. 79).

Como se percebe, essas três formas interativas não são suficientes para dar

conta da complexidade das experiências vividas com o uso do computador e

da videoconferência no campo pedagógico. Por isso a necessidade de maior

compreensão sobre os fenômenos comunicacionais, e, por conseguinte, o

entendimento da questão informacional na Educaçãoà distância. É o que se

procurou responder com a pesquisa empírica, objeto de discussão do capítulo

seguinte.

Page 88: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

88

5 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os primeiros capítulos deste trabalho trataram de fazer uma revisão teórica

a respeito das características da Sociedade da Informação, no qual se

constatou ser o conhecimento um fator preponderante nessa nova organização

social. Relacionado à construção do conhecimento está a Educaçãoà distância,

uma modalidade de ensino que vem crescendo no país. Feitas essas

considerações, nesta parte do trabalho tratar-se-á de pormenorizar os

procedimentos metodológicos adotadas na execução da pesquisa, bem como

fazer uma interpretação dos dados obtidos.

5.1 Estudo de caso O estudo de caso é a metodologia utilizada neste trabalho. Baseia-se

principalmente na análise detalhada de uma unidade (TRIVIÑOS, 1995). Sendo

que nesta dissertação a unidade de pesquisa, o curso de Mestrado de

Engenharia de Produção na área de Mídia e Conhecimento com ênfase em

Educação à Distância oferecido à Secretaria de Educação e Cultura da Bahia,

foi descrita no capítulo anterior. Essa descrição foi feita na idéia de Triviños de

que é preciso “se inteirar do caso, familiarizando-se com os dados, os cenários,

os atores, as questões visíveis e as aparentemente invisíveis” (1995: p. 45).

Cabe também ressaltar que na coleta de dados de um estudo de caso é

justificável, segundo Gil (1991), o uso de uma certa intuição por parte do

pesquisador para saber se os dados levantados são suficientes, isso porque

para conhecer um objeto a fundo é necessária uma coleta infinita de

informações.

Ainda segundo Gil (1991), pode-se utilizar para a pesquisa técnicas de

análise documental, histórias de vida, entrevistas e questionários, além da

própria observação.

5.2 Coleta de Dados

Page 89: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

89

Os dados foram coletados através de questionários, uma técnica em que o

pesquisado responde a um conjunto de perguntas sem a presença do

pesquisador.

As perguntas do questionário estão no Anexo 01 foram elaboradas a partir

da revisão teórica sobre os estudos comunicacionais e a EaD. O primeiro

grupo de perguntas refere-se à idéia que os alunos tinham sobre o termo

informação bem como sobre as informações que foram necessárias para dar

prosseguimento ao curso que faziam. O segundo e terceiro blocos de

perguntas tentam apreender as características das fontes de informação. E o

quarto diz respeito à caracterização do comportamento comunicacional do

aluno. As perguntas foram feitas tendo por base os objetivos estabelecidos.

O questionário contém três tipos de respostas: aberta, fechada e de múltipla

escolha. Contém perguntas: de fato (idade, sexo e formação profissional), de

ação (referem-se a atitudes ou decisões tomadas pelo indivíduo) e perguntas

de opinião.

As perguntas foram enviadas por e-mail aos mestrandos e a maioria

devolveu num prazo de 30 dias. Alguns, entretanto, demoraram até dois meses

para entregar as respostas, atrasando a análise dos dados. Havia na turma

estipulada como universo da pesquisa 30 alunos, destes 90% responderam ao

questionário, o que corresponde a 27 mestrandos.

Utilizou-se a técnica de triangulação na coleta de dados. Esse instrumento

qualitativo “tem por objetivo básico abranger a máxima amplitude na descrição,

explicação e compreensão do foco em estudo (TRIVIÑOS, 1995: p. 138). O

emprego de instrumentos quantitativos e qualitativos na dissertação foi por

acreditar que quanto mais informações se obter a respeito da unidade de

estudo, mais próximo se estará da realidade. Outra razão para isso é que os

questionários, como afirma Triviños

podem recomendar novos encontros com outras pessoas ou a

mesma, para explorar aprofundadamente o mesmo assunto ou

outros tópicos que se consideram importantes para o esclarecimento

do problema inicial que gerou o estudo (1995: p. 137).

Page 90: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

90

Sendo que das perguntas feitas, irá se analisar apenas do item 4.0 ao 7.0,

isto porque os dados que compõem o perfil da turma (idade, sexo, área de

formação) propostos nos itens 1 a 3 são de aspectos pessoais.

5.4 Descrição dos Dados

Na parte seguinte encontram-se representados os gráficos e tabelas do

tratamento estatístico dispensado aos questionários respondidos pelos alunos

da turma de Mestrado em Engenharia de Produção da Secretaria de Educação

do Estado da Bahia.

5.4.1 Dados Pessoais

GRÁFICO 01 – PERCENTUAL DE ALUNOS POR GÊNERO

A Turma deste Mestrado era formada por um grupo de 17 mulheres e 13

homens. Os percentuais (57% e 43%) não apresentam nenhuma grande

disparidade entre si, podendo-se concluir deste fato que em termos de gênero

a turma era equilibrada.

GRÁFICO 02 – PERCENTUAL DE ALUNOS POR FAIXA ETÁRIA

SEXO

43%

57%

Masculino Feminino

Page 91: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

91

Pela divisão da faixa etária em quatro grupos com um intervalo de dez

anos entre cada um, percebe-se um grupo heterogêneo na questão de idade.

Sendo que a concentração maior era de alunos na faixa etária entre 40 a 50

anos, num total de 40% dos alunos.

GRÁFICO 03 - FORMAÇÃO ACADÊMICA DOS ALUNOS

O curso é caracterizado por uma grande diversidade no perfil de formação

acadêmica de seus alunos. São 15 áreas diferentes, sendo que a que

comporta maior número de profissionais é Pedagogia, com 06 mestrandos, ou

seja, 21% dos alunos. Esse percentual pode ser devido à especialidade do

curso, direcionado à educação. Já para o número significativo de outros

profissionais envolvidos nesse trabalho, uma interpretação possível pode ser a

ocupação que eles exercem atualmente: professores universitários da rede

FAIXA ETÁRIA

13%

27%

40%

20%

20-30

30-40

40-50

Acima de 50

3% 3% 7%

21%

13% 10%

7% 7%

7%

7% 3%

3% 3% 3% 3%

História Geografia Matemática Pedagogia Enfermagem Educação Física Psicologia Economista Ciências Biológicas Ciências da Computação Letras Fisioterapia Jornalismo Químico Estudos Sociais

Page 92: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

92

estadual de ensino envolvidos num projeto de criação de uma rede e cursos

em EaD na Bahia. Isso porque, conforme pesquisa feita pelo LED nessa turma

no início das aulas, as expectativas dos alunos eram as seguintes: “construção

de conhecimentos nessa área específica e produção de um trabalho que possa

ser significativo para o processo de implantação da educação à distância no

âmbito da Secretaria de Educação”; “possibilidade de construir novas ações

baseadas na quebra de antigos paradigmas e, de forma interdisciplinar, ampliar

as possibilidades de comunicação”; “adquirir conhecimentos teóricos e práticos

para trabalhar com a EaD na formação de professores”; “incorporação de

novas linguagens, crescimento profissional, formação de liderança e a

produção de algo novo”; “estabelecer bases conceituais que possibilitem a

confecção de ferramentas de mídia, na capacitação de quadros não licenciados

em educação física que ministram aulas nesta área de conhecimento no ensino

fundamental”, etc.28

5.4.2 Sobre a informação:

5.4.2.1: Você entende que informação é:

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta para a questão Outro

significado.

Objetivo: Essa questão foi elaborada com o intuito de verificar o caráter

polissêmico do termo informação.

Tabela 01 – Significado de informação para os mestrandos

Variáveis Conhecimento Dados Notícias Novidade Tudo o que

faz sentido

Outro

Significado

Freqüência 13 11 9 5 8 4

Porcentagem 50% 42,3% 34,6% 19,2% 30,8% 15,4

28 Para maiores detalhes ou consulta a pesquisa completa ver site do LED. www.led.br

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93

Percebe-se nessa tabela que metade (50%) dos alunos pensa que a

informação tem significado de conhecimento. Os pesquisados optaram também

em relacionar a informação com dados (42,3%), notícias (34,6%), novidade

(19,2%). Uma minoria (30%) concordou com o conceito adotado por este

trabalho: informação é tudo que faz sentido (WURMAN, 1991). As outras

atribuições para o termo foram: “apenas informação”, “comunicação”, “algo que

posso tomar posse, posso avaliar (verdadeira ou falsa) e disseminar”.

5.4.2.2: Qual (is) a (s) sensação (ões) que você tem em relação às

informações que circulam na sociedade atual?

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta para as questões Outras

sensações e justificativa da resposta.

Objetivo: Tentar confirmar a proposição de Wurman (1991) de que a

modernidade vive uma ansiedade de informações.

Tabela 02 - A sensação que a informação desperta nas pessoas

Variáveis Ansiedade Indiferença Normalidade Outras sensações

Freqüência 13 4 6 11

Porcentagem 48% 15,4% 23,1% 42,3%

A partir da análise dos dados, verifica-se que quase metade (48%) dos

alunos acredita que a ansiedade é a sensação mais despertada quando o tema

é informação. Isto porque, segundo a justificativa dos alunos, há uma

dinamicidade no mundo contemporâneo. Há ainda outras respostas como

“essas informações vêm de forma rápida e há uma necessidade de

acompanhar esse ritmo”, bem como “um desejo de estar por dentro da grande

quantidade de informação presente no cotidiano”.

Em seguida, menos da metade (42,3%) dos mestrandos pensa em outras

sensações ao discutir a informação. Estes sentimentos “variam de acordo com

situação”, “com a subjetividade do sujeito atingido”, “com a circunstância sócio-

cultural”. Mas os sentimentos são relacionados à euforia, decepção (“o que

circula na sociedade atual não é nada agradável”), perplexidade (“a informação

Page 94: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

94

é disponibilizada por vários meios de veiculação e atinge as pessoas que se

vêem invadidas pelo volume e pela agressividade do conteúdo da mesma”),

medo (“a ênfase dada nas informações que abordam os aspectos negativos

das relações sociais, e as instabilidades oriundas das constantes

transformações da sociedade atual”); mobilização (“que forma prontidão, que

produz defesa, que causa prazer, etc.)”.

Já a indiferença, por alguns (15,4%), está também relacionada com a

quantidade isto porque “diante de tanta notícia, mais uma menos uma, não faz

diferença”.

5.4.2.3: Em termos quantitativos, como você classificaria as informações

do curso de Mestrado no qual participou?

Caráter da resposta: Única escolha.

Objetivo: Essa pergunta visava entender qual era a percepção dos alunos a

respeito do caráter “quantitativo” das informações circuladas durante o curso.

Tabela 03 - Classificação quantitativa das informações

Variáveis Freqüência Porcentagem

Condizente com um curso de pós-graduação deste nível 15 53,50%

Muita informação para um curso de pós-graduação deste nível 3 11,5%

Não respondeu 2 7,7%

Pouca informação para um curso de pós -graduação 7 26,9%

Total 27 100,0%

Pelos percentuais acima, mais da metade (53,50%) acredita que “as

informações são condizentes com um curso de pós-graduação deste nível”.

Mas se percebe também que o termo informação ainda está muito ligado ao

vocábulo “conhecimento”. Isso é notado não só nos resultados da Tabela 02,

como até numa justificativa de um aluno. Este afirmou que se for considerar “a

lista de literatura que jamais foi abordada ou resgatada em algumas disciplinas

como informações do curso houve muita informação, mas se tomarmos por

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95

base o que efetivamente construímos, diria que foi pouca”. Uma minoria

(26,9%) achou que houve pouca informação, enquanto que poucos (11,5%)

afirmaram que sucedeu o contrário, muita informação para um curso de pós-

graduação deste nível.

5.4.2.4: Durante o curso de Mestrado você precisou obter informações

sobre?

Caráter da resposta: Múltipla escolha.

Objetivo: Identificar os diversos tipos de informação que os alunos de EaD

necessitam durante um curso dessa modalidade.

Tabela 04 – Tipos de informações obtidas durante o curso:

Variáveis Conteúdo sobre as

disciplinas

Funcionamento das Tecnologias

Utilizadas

Funcionamento da Educação à

Distância

Desenvolvimento do Curso (matrículas,

conceitos, etc) Outras

Freqüência 19 22 21 17 4

Porcentagem 73,1% 84,6% 80,8% 63,4% 15,4%

A tabela 04 demonstra os diferentes tipos de informação que os alunos do

mestrado necessitaram. Por ela, nota-se que quase a totalidade dos alunos

(84,6%) precisou obter informações sobre o funcionamento das tecnologias

utilizadas. Aí se incluem: como manipular o computador, navegar na Internet,

participar de listas de discussão, usar o equipamento de videoconferência, etc.

A maioria (80,8%) também sentiu necessidade de adquirir conhecimento

sobre o funcionamento da educação à distância. Necessidade essa que

superou a de obter informações sobre o conteúdo das disciplinas (73,1%), dita

por quase a totalidade dos alunos.

Na opção outras informações que precisou obter, assinalada por poucos

(15,4%), encontram-se respostas como “metodologia do ensino de pós-

graduação”, “como conviver com pessoas tão diferentes, estudar e compartilhar

conhecimentos via multiponto”, “inglês” e “literatura alternativa e

complementar”.

Page 96: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

96

5.4.3 Sobre as Fontes de Informações

5.4.3.1 - Em relação às informações sobre as disciplinas você as obteve:

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na questão Outros meios.

Objetivo: Descobrir qual era a fonte mais utilizada para satisfazer cada uma

das necessidades informacionais e confrontar as respostas obtidas com a

hipótese levantada na introdução deste trabalho: as informações no curso de

EaD estão dispersas em várias fontes de informação.

Tabela 05 - As fontes de informações sobre o conteúdo das disciplinas.

Variáveis Freqüência Porcentagem

Nas aulas presenciais com o professor 20 76%

Nas aulas por videoconferência com o professor 23 88,5%

Em contato com os colegas 22 84,6%

No material impresso 22 84,6%

No material eletrônico (slides,arquivos) 20 76,9%

No site do LED 19 73,1

Com a monitora do Curso 13 50

Outros meios 6 23,1

Segundo a tabela, 88,5% apontaram que a fonte mais importante para a

obtenção de informação sobre o conteúdo das disciplinas era as aulas por

videoconferência. Em seguida, vêm os colegas e o material impresso com o

mesmo percentual nas respostas (84,6%).

Para a metade da turma (50%), a monitora também desempenhou esse

mesmo papel.

Outros meios que uma minoria (23,1%) procurou foram: literatura específica

da área, Internet, revistas e manuais. Isso só reforça a idéia de que há uma

significativa variabilidade de fontes de informação nesse curso.

5.4.3.2 - Em relação às informações sobre as tecnologias, você as obteve

Page 97: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

97

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na questão Outros meios.

Objetivo: Descobrir qual era a fonte mais utilizada para satisfazer cada uma

das necessidades informacionais e confrontar as respostas obtidas com a

hipótese levantada na introdução deste trabalho: as informações no curso de

EaD estão dispersas em várias fontes de informação.

Tabela 06 - Fontes de informações sobre o funcionamento das

tecnologias

Variáveis Freqüência Porcentagem

Nas aulas presenciais com o professor 18 69,2%

Nas aulas por videoconferência 17 65,4%

Em contato com os colegas 21 80,8%

No material impresso 15 57,7%

No site do LED 14 53,8%

Com a monitora do Curso 13 50%

Trabalhando com a própria tecnologia 21 80,8%

Outros meios 11 42,3%

A tabela acima indica que a maioria (80,8%) apreendeu informações sobre

o funcionamento da tecnologia ao trabalhar com a mesma. O mesmo

percentual (80,8%) é encontrado na opção contato com os colegas.

Em seguida, os professores nas aulas presenciais (69,2%) e a

videoconferência (65,4%) também contribuíram para auxiliar os alunos a

manipular e a entender a tecnologia.

Para mais da metade dos alunos, o material impresso e o site do LED

continham informações sobre o funcionamento das NTCIs.

Outro dado é que quase a metade dos alunos (42,3%) precisou recorrer a

outros meios como cursos de informática, para adquirir este tipo de informação.

5.4.3.3 - Em relação às informações sobre a Educaçãoà distância você as

obteve

Page 98: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

98

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na questão Outros meios.

Objetivo: Descobrir qual era a fonte mais utilizada para satisfazer cada uma

das necessidades informacionais e confrontar as respostas obtidas com a

hipótese levantada na introdução deste trabalho: as informações no curso de

EaD estão dispersas em várias fontes de informação.

Tabela 07 - As fontes sobre o funcionamento da EaD

Variáveis Freqüência Porcentagem

Nas aulas presenciais com o professor 19 73,1%

Nas aulas por videoconferência 23 88,5%

Em contato com os colegas 19 73,1%

No material impresso 24 92,3%

No site do LED 15 57,7%

Com a monitora do Curso 7 26,9%

Trabalhando com a Educaçãoà distância 20 76.9%

Outros meios 6 23,1%

Pela tabela acima, a principal fonte de informações para a grande maioria

(92,3%) foi o material impresso que se constituiu de farta bibliografia sobre o

conceito e prática de Educação à Distância. Também a quase totalidade dos

alunos (88,5%) obteve informações sobre a EaD através das aulas por

videoconferência.

O terceiro maior percentual evidencia que a prática da EaD foi importante

para o aprendizado da mesma, já que 76,9% apontaram essa fonte como

importante para obtenção de informação sobre o funcionamento da EaD.

Os colegas e as aulas presencias também contribuíram para esse

aprendizado para 73,1% dos alunos. O site possuía informações sobre o

funcionamento da EaD para pouco mais que a metade dos alunos (57,7%). E

a monitora, nesse caso, não teve muita participação direta, já que apenas

26,9% a indicaram. Mas indiretamente, a participação da monitora era grande,

Page 99: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

99

já que era ela uma das responsáveis por inserir no site do LED as informações

que os alunos acessavam.

Alguns dos mestrandos (23,1%) recorrerem a outros meios como “literatura

sobre o tema e pesquisas na Internet”, segundo as respostas de caráter aberto.

5.4.3.4 - Em relação às informações sobre o curso você as obteve

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na questão Outros meios.

Objetivo: Descobrir qual era a fonte mais utilizada para satisfazer cada uma

das necessidades informacionais e confrontar as respostas obtidas com a

hipótese levantada na introdução deste trabalho: as informações no curso de

EaD estão dispersas em várias fontes de informação.

Tabela 08 - As fontes de informações sobre o funcionamento do curso

Variáveis Freqüência Porcentagem

Nas aulas presenciais com o professor 19 73,1%

Nas aulas por videoconferência 19 73,1%

Em contato com os colegas 18 69,2%

No material impresso 17 65,4%

No material eletrônico 14 53,8%

No site do LED 22 84,6%

Com a monitora do Curso 22 84,6%

Guia do Aluno 18 69,2%

Outros meios 1 3,8%

Pela tabela 08, as fontes mais influentes na tarefa de informar sobre o

funcionamento do curso foram, para a quase totalidade (84,6%), a monitora e o

site do LED, o que corresponde às expectativas do papel destes na

organização do Mestrado.

Page 100: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

100

Os professores nas aulas presenciais e por videoconferência vêm logo em

segundo lugar, com 73,1% cada um, como principal fonte de informação nessa

categoria.

Mais da metade (69,2%) recorreu ao Guia do Aluno e aos colegas para se

inteirar sobre assuntos referentes ao andamento do curso.

Um aluno ainda recorreu à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (Capes), para obter informações sobre o curso que estava

fazendo.

5.4.4 Sobre as fontes de informação:

5.4.4.1 - A comunicação com os professores pode ser classificada como:

Caráter da resposta: Múltipla escolha.

Objetivo: Identificar as características da comunicação dos alunos com as

fontes de informação.

Tabela 9 – Característica da comunicação com os professores

Variáveis Alguns Professores Nenhum Todos os professores Não marcou

Unidirecional 14 (51,9%) 6 (22,2%) - 7 (25,9%)

Bidirecional 17 (63%) - 7 (25,9%) 3 (11,1%)

Linear 17 (63%) 1 (3,7%) - 9 (33,3%)

Não-linear 15 (55,6%) 1 (3,7%) 2 (7,4%) 9 (33,3%)

Mecânica 9 (33,3%) 7 (25,9%) - 11 (40,7%)

Para mais da metade (63%), a comunicação era bidirecional com alguns

professores. Uma minoria (25,9%), atribuiu essa característica todos os

docentes. Cerca de 11,1% preferiu não responder.

Por outro lado, 51,9% dos alunos afirmaram que o tipo de comunicação

estabelecida com alguns dos professores era unidirecional. E 22,2% não

atribuíram essa característica a nenhum professor. Uma minoria (25,9%) não

respondeu tal pergunta.

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101

Os dados mostram alunos marcando duas opções totalmente opostas para

a mesma questão, tanto no sentido de unidirecional e bidirecional quanto linear

e não linear. Para mais da metade (63%), a linearidade na comunicação estava

presente somente em alguns professores. Já a comunicação não-linear para

uma parcela expressiva dos alunos (55,6%) também era percebida nos

docentes.

Uma grande minoria (7,4%) afirmou que a não-linearidade era praticada por

todos os professores. E somente 3,7% disseram que este tipo de comunicação

não foi desenvolvido por nenhum professor. Uma pequena parcela (33,3%) não

marcou esta resposta.

Menos da metade dos alunos (40,7%) não marcou a questão da não-

linearidade. Uma minoria (25,9%) não atribuiu essa característica a nenhum

professor. E pequena parcela (33,3%) afirmou que somente alguns dos

docentes praticavam tal comunicação.

Em relação aos percentuais de respostas não marcadas: 25,9% dos

pesquisados não responderam se a comunicação era unidirecional; 11,%

deixaram em branco a questão da bidirecionalidade; 33,3% não marcaram as

variáveis linear e não-linear e 40,7% preferiram não responder sobre a

comunicação mecânica. A interpretação mais plausível é que os pesquisados

talvez não tenham entendido a questão, ficando na responsabilidade do

pesquisador ter explicado cada uma dessas variáveis. O que em metodologia

se constitui como validação semântica.

5.4.4.2 O conteúdo do material impresso de estudo das disciplinas era:

Caráter da resposta: Múltipla escolha.

Objetivo: Identificar as características da comunicação dos alunos com as

fontes de informação.

Tabela 10 - Características do conteúdo material impresso

Variáveis Todo Alguns Nenhum Não marcou

Page 102: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

102

Fixo 5 (18,5%) 15 (55,6%) 2 (7,4%) 5 (18,5%)

Aberto a modificações 1 (3,7%) 19 (70,4%) 1 (3,7%) 6 (22,2%)

De caráter quantitativo 3 (11,1%) 13 (48,1%) 2 (7,4%) 9 (33,3%)

Distante de sua realidade 1 (3,7%) 15 (55,6%) 6 (22,2%) 5 (18,5%)

Relacionado a sua realidade 4 (14,8%) 14 (51,9%) 1 (3,7%) 8(29,6%)

A característica mais predominante do material impresso é a flexibilidade, já

que mais da metade (70,4%) marcou a opção “aberto a modificações” para

alguns materiais. Um aluno afirmou esse aspecto não era percebido em

nenhum material, e outro colega disse que todos os materiais comportavam

essa característica. Aproximadamente 22,2% não opinaram.

No outro ponto, 55,6% revelaram que era a inflexibilidade que predominava

no formato de alguns materiais impressos. Cerca de 18,5% atribuíram essa

característica a todos, 7,4% a nenhum e 18, 5% preferiram não marcar.

O mesmo percentual de 55,6% se repete na opção “distante da realidade”

para alguns dos materiais. Nesse quesito, 22,2% afirmaram que nenhum

recurso se apresentava dessa forma, e um aluno atribui esse aspecto a todos

os recursos impressos.

Para quase metade dos alunos (48,1%), o material impresso também é de

caráter quantitativo. Nessa questão, 7,4%, concordaram que não existe essa

característica em nenhum material e 11,1% afirmaram o contrário, que há em

todas as fontes impressas.

Para 51,9% dos pesquisados, alguns dos meios de estudo impressos eram

tidos como relacionado com a realidade dos alunos. Cerca de 14,8% viam esse

aspecto em todos os meios. E um aluno afirmou não existir essa característica

no material impresso.

Essa perspectiva que os alunos tiveram do material impresso em parte

pode ser entendida pelo fato deste curso de Mestrado ser singular em sua

formação. Ou seja, como ele não é totalmente à distância, não possui as

características genéricas da EaD. O que significa que os materiais didáticos

Page 103: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

103

utilizados necessariamente não têm a formatação exigida para tal prática de

ensino.

5.4.4.3 O conteúdo do material eletrônico de estudo das disciplinas era:

Caráter da resposta: Múltipla escolha.

Objetivo: Identificar as características dessa fonte de informações.

Tabela 11- Características do conteúdo material didático eletrônico

Variáveis Todo Alguns Nenhum Não marcou

Fixo 2 (7,4%) 15 (55,6%) 3 (11,1%) 7 (25,9%)

Aberto a modificações 2 (7,4%) 16 (59,3%) 1(3,7%) 8(29,6%)

De caráter quantitativo 0 13 (48,1%) 3 (11,1%) 11 (40,7%)

Distante de sua realidade 1 (3,7%) 11 (40,7%) 7 (25,9%) 8 (29,6%)

Relacionado a sua realidade 6 (22,2%) 12 (44,4%) 0 9 (33,3%)

O material didático eletrônico se constituía dos slides preparados pelos

professores com o resumo do conteúdo programático e disponibilizados no site

do LED para download dos alunos. Segundo dados da pesquisa, esse material,

para parcela significativa (59,3%), era “aberto a modificações” em algumas

disciplinas. Sendo que uma grande minoria (7,4%) apontou que todas as

matérias tinham conteúdo com essa característica. Um aluno opinou o

contrário, não havia em nenhum material eletrônico esse aspecto de

flexibilidade. E 29,6% preferiram deixar em branco essa pergunta.

Já a variável que apontava um aspecto “fixo” para o material eletrônico

também foi escolhida por uma parcela expressiva (55,6%) em relação a

algumas disciplinas. Cerca de 7,4% dos alunos indicaram que todas as

disciplinas usavam materiais com essa característica, 11,1% afirmaram o

oposto. E 25,9% não opinaram.

O terceiro maior percentual indica que quase a metade (48,1%) dos alunos

via o material de algumas disciplinas como de caráter quantitativo.

Page 104: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

104

Aproximadamente 11,1% dos pesquisados indicaram não haver esse caráter

nas fontes eletrônicas. Essa questão teve um índice relativamente alto (40,7%)

de alunos que não responderam.

Outro índice mostra que menos da metade (44,4%) dos alunos acreditava

que o material eletrônico de algumas disciplinas estava “relacionado a sua

realidade”. Para 22,2%, todo o material apresentava esse aspecto. E 33,3%

não responderam.

Em contrapartida a essa característica positiva, 40,7% pensaram

exatamente o oposto. Esse meio de estudo estava “distante da realidade” em

algumas matérias. Para 25,9%, nenhuma disciplina utilizava materiais que

continham essa característica. Um aluno concluiu o oposto, todos se

mostravam dessa forma, e 29,6% não marcaram essa opção

5.4.4.4 A comunicação com o monitor pode ser classificada como:

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na justificativa.

Objetivo: Identificar as características da comunicação dos alunos com as

fontes de informação.

.

Tabela 12 - Características da comunicação com o Monitor

Variáveis Unidirecional Bidirecional Linear Não-linear Mecânica Não marcou

Freqüência 6 20 3 8 1 1

Porcentagem 22,2% 74,1% 11,1% 29,6% 3,7% 3,7%

A figura do monitor representa, como foi constatado nos dados anteriores,

um papel importante na obtenção de informações por parte dos alunos. Estes,

em sua maioria (74,1%), afirmaram que a comunicação com o monitor tinha um

fluxo “bidirecional”. Alguns (22,2%) discordaram ao apontar a característica

contrária, a “unidirecionalidade”.

Outro ponto positivo foi a “não-linearidade”, dita por uma minoria (29,6%)

em oposição a poucos (11,1%) que marcaram a “linearidade”. Apenas um

Page 105: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

105

aluno percebeu uma comunicação mecânica na sua relação com o monitor. Um

outro aluno preferiu não marcar essa questão.

5.4.5 - O Comportamento do aluno:

5.4.5.2 Em relação ao seu comportamento no processo comunicacional

do ambiente das aulas presenciais:

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na justificativa.

Objetivo : Identificar as características do comportamento comunicacional do

aluno em relação às fontes de comunicação.

Tabela 13 - comportamento do aluno nas aulas presenciais

Variáveis Participativo Passivo Produtor de Informação

Freqüência 22 5 6

Porcentagem 81,5% 15,5% 22,2%

A quase totalidade dos pesquisados (81,5%) preferiu classificar seu

comportamento, quando no momento das aulas presenciais, de participativo.

As justificativas apontadas foram as seguintes: “As temáticas abordadas

suscitavam o debate direcionado ou em conversas informais”; “em um curso

deste tipo é muito importante a interação”; “interesse pelo tema e experiência

prévia”; “nunca tive dificuldade em dizer o que penso e escutar os outros”; “a

participação e a produção de informações fazem parte do processo de

aprendizagem”; “característica normal do aluno”; “porque sou uma pessoa

participativa”; “por achar que este deve ser o papel do aluno num curso como

este”; “os docentes estimulavam a participação dos cursistas”; “porque sempre

estava atento e contribuía com as discussões”; “quando o assunto permitia e os

colegas colaboravam”; “porque era o melhor momento para a troca de

informações”; “me envolvi nas discussões, debates e diversas atividades

relacionadas diretamente ou não, com as acadêmicas”.

Alguns alunos (15,5%) indicaram serem passivos nestas aulas e se

justificaram alegando que: “O tempo era pequeno e a as aulas presenciais

Page 106: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

106

tinham caráter de diagnóstico da turma e organização do cronograma de aulas

e atividades”; “pela minha formação profissional, determinados assuntos deixa-

me pouco à vontade para expressar-me, principalmente porque na turma

alguns se consideravam ‘experientes’ no assunto, causando inibição nos

demais”; ”pela heterogeneidade do grupo e por estar em uma situação de

aprendiz em busca dessas novas e diferentes formas de comunicação”;

“participei muito pouco das discussões”; “porque é intrínseco da minha

personalidade”

Já entre os 22,2% dos alunos que demonstraram terem sido produtores de

informações, há afirmações de que isso se devia principalmente pelo tipo de

comunicação estabelecida: “acredito que o conhecimento que mais se

sedimenta comigo (com um sujeito) é aquele que nele adquire alguma forma de

linguagem minha quando imediatamente me relaciono com o objeto de

conhecimento. Tenho prazer em discutir e produzir ou transmitir informações

aos outros e refletir comigo registrando as elaborações”; “geralmente,

estabelecia uma interlocução dialógica com os professores e/ou colegas,

acerca da temática discutida”.

5.4.5.2 Em relação ao seu comportamento no processo comunicacional

do ambiente das aulas por videoconferência:

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na justificativa.

Objetivo : Identificar as características do comportamento comunicacional do

aluno em relação às fontes de comunicação.

Tabela 14 - Comportamento do aluno nas aulas por videoconferência

Variáveis Participativo Passivo Produtor de Informação

Freqüência 20 6 6

Porcentagem 74,1% 22,2% 22,2%

Na tabela 14, a maioria (74,1%) dos alunos indicou que eram participativos

nas aulas por videoconferência. Entre as jus tificativas, encontram-se respostas

Page 107: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

107

do tipo: “é importante existir interação”; “era sempre um meio de interlocução

com o conhecimento”; “sempre opinava ou tentava ajudar a todos”; “interesse

pelo tema”; “os elementos para a discussão estão presentes no presencial

como na videoconferência por isso a participação ocorre”; “busquei

compartilhar com os colegas a construção de novos conhecimentos”.

Os percentuais se repetem para a característica de ser produtor de

informação nas aulas por videoconferência. Entre os alunos, 22,2%

permaneciam com este comportamento. Apenas um aluno se justificou

afirmando que se sentia assim “devido aos seminários e a carência de

objetividade em algumas disciplinas”.

Já no caso dos que afirmaram um comportamento passivo, também 22,2%

dos pesquisados, manifestaram os seguintes motivos: “por estar em multiponto

e por conviver com pessoas com temperamentos e comportamento tão

diferentes do meu”; “em função das atividades repressoras da maioria dos

colegas”; “porque é intrínseco da minha personalidade”; “o cansaço com

algumas situações e a decepção levaram a esta postura após alguns meses de

curso”; “timidez em relação ao uso da tecnologia. Aos poucos fui melhorando”.

5.4.5.3 Em relação ao seu comportamento no processo comunicacional

do ambiente no contato com o site do LED:

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na justificativa.

Objetivo: Identificar as características do comportamento comunicacional

do aluno em relação às fontes de comunicação.

Tabela 15 - Comportamento do aluno no contato com site do LED

Variáveis Participativo Passivo Produtor de Informação

Freqüência 16 10 5

Porcentagem 59,3% 37% 18,5%

No contato com o site do LED, o comportamento que predomina também é

o da participação. Isso porque, segundo a tabela acima, parcela expressiva

Page 108: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

108

(59,3%) indicou essa característica quando trabalhavam com a homepage do

Mestrado. Estes se justificaram da seguinte maneira: “sempre respondia a

todos”; “nesta situação, poderia me expor sem medo, por estar em contato com

a tecnologia e meu contato era minha forma de aprender”; “buscando o contato

com os colegas nos períodos de afastamento”; “agia conforme a necessidade”;

“principalmente no Café para as trocas informais porque é agradável”;

“facilidade da plataforma”; “procurava contribuir com as discussões do site”;

“ficava mais à vontade”; "porque o instrumento exige”.

Pequena parcela (37%) se considerou passiva, alegando que “o site serviu

na maior parte do tempo como repositório de material didático e local para

informação (...) não há recursos que promovam uma maior interação entre

professores e alunos”; “colocava-me na postura de leitor apenas”; “achei o site

uma ferramenta fria, do ponto de vista pedagógico”; “foi muito pouco

trabalhado”.

Como produtor de informação, o índice não sofre uma alteração significativa

em relação às tabelas anteriores. Alguns dos mestrandos,18,5% do total,

continuavam com esse aspecto no contato com o site. Sentiam-se dessa forma

devido às atitudes que tomavam: “publiquei na área de colaboração diversos

materiais produzidos”; “sempre encontrava algo que ampliava os meus

conhecimentos”; “por todas as discussões e planejamentos que tivemos”.

5.4.5.4 Em relação ao seu comportamento no processo comunicacional

do ambiente no contato com a monitora:

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na justificativa.

Objetivo : Identificar as características do comportamento comunicacional do

aluno em relação às fontes de comunicação.

Tabela 16 - Comportamento do aluno com a monitora

Variáveis Participativo Passivo Produtor de Informação Não respondeu

Freqüência 18 7 5 1

Porcentagem 66,7% 25,9% 18,5% 3,7%

Page 109: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

109

Mais da metade (66,7%) julgou-se participativo na comunicação com a

monitora, argumentando que isso acontecia pelos seguintes motivos: “muito

produtivo”; “ficava mais à vontade”; “a postura da monitora facilitou sempre a

interação”; “porque a monitora incentivou a participação até certo ponto”; “havia

intercâmbio”; “sempre foi uma relação mediada pelo diálogo e reciprocidade”;

“sempre que necessário dialogamos”; “a pessoa da monitora é extremamente

agradável e me deixava bem à vontade para participar desta comunicação”;

“criei vínculos”.

Uma minoria (25,9%) considerou-se tendo uma atitude passiva com relação

à monitora. Atribuíam esse comportamento a situações como essa: “nunca

entrei em contato com ela”; “as solicitações eram mais administrativas”; “usei

muito pouco a monitoria”; “a monitora tendo em vista o tempo não conseguia

atender a todos”.

O percentual que se achou produtor de informação permaneceu

praticamente inalterado. Apenas 18,5% pensaram ter essa posição. E entre as

justificativas, encontram-se respostas do tipo: “geralmente obtinha respostas

elucidativas para minhas dúvidas”; “só solicitava quando necessitava de

alguma orientação, que muitas vezes ficava sem resposta”.

Um aluno marcou todas as opções alegando que “agia conforme a

necessidade”.

5.4.5.5 Em relação ao seu comportamento no contato com o material

impresso para estudo:

Caráter da resposta: Múltipla escolha e aberta na justificativa.

Objetivo: Identificar as características do comportamento comunicacional do

aluno em relação às fontes de comunicação.

Tabela 17 - Comportamento do aluno com o material impresso

Variáveis Participativo Passivo Produtor de Informação Não respondeu

Freqüência 18 6 9 -

Page 110: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

110

Porcentagem 66,7% 22,2% 33,3% -

As tabelas seguem quase que os mesmo valores anteriores. Predominante

os mestrandos se consideraram participativos, mais da metade (66,7%)

afirmaram esta característica. Para se justificarem disseram, entre outras

coisas, que: “o nosso envolvimento com o tema permitiu fácil acesso ao

conteúdo”; “nos momentos de discussão sempre havia uma participação

subjetiva junto com o material impresso”; “sempre procura inferir sobre tudo

que eu lia”; “porque foi necessário para a condução do curso”; “procurava

sempre estudar pelo material e nas apresentações, participava desde as

reuniões de grupo até a apresentação”.

Alguns dos pesquisados (22,2%) se posicionaram como passivos alegando

motivos como: “apenas utilizei o material impresso como referências para

estudos. Busquei outras referências complementares, pois acredito que isso dá

valor ao trabalho científico”; “com raras exceções, grande parte do material

impresso foi depositado em nossas mãos, não tendo sido sequer, grande parte

deles, resgatados mesmo a título de referência para estudos”; “nosso material

de estudo ainda não promove a interatividade”.

Pequena parcela (33,3%) se considerou produtora de informação,

argumentando que: “produzia conhecimento a partir das informações, exceção

para os conteúdos que não conseguia compreender”; “sempre procuro

reelaborar aquilo que estudo”; “ao participar deste processo comunicacional

com o material impresso, me sentia à vontade para participar das discussões

sobre o que estava lendo, rejeitar ou aceitar este conteúdo e até inferir nas

informações que estava absorvendo”; “é meu hábito, interagir ativamente com

todo material de estudo sob o qual me debruço”.

5.5 Interpretação dos dados Durante a primeira parte do 3º capítulo foram discutidos os vários sentidos

que a palavra informação carrega. Os dados da pesquisa confirmam tal fato.

Os alunos confundem o vocábulo com dados, conhecimento, novidades e

notícias. Apenas uma minoria (30,8%) relacionou o termo ao conceito proposto

no trabalho, que é tudo o que faz sentido ao indivíduo.

Page 111: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

111

Ao mesmo tempo, os pesquisados demonstraram sentir ansiedade dessa

informação (48%), bem como euforia, perplexidade e medo (42,3%). E essas

sensações estão sempre relacionadas aos meios de comunicação, e são

provocadas não por falta de compreensão, como tinha proposto Wurman, mas

sim pela quantidade e a forma como são abordadas as informações.

A tabela 04 demonstra que houve razoável procura por informação nas

quatro categorias estabelecidas, sendo que 15% ainda sentiram necessidade

de outros tipos de informação. Essas categorias propostas estão relacionadas

com os “anéis de informação” de Wurman (1991) descritos na revisão teórica

deste trabalho.

As fontes estabelecidas para obtenção dessas categorias de informação

estão de acordo com os canais de comunicação discutidos no 4º capítulo sobre

a Comunicação no Mestrado. Em relação a isso, os dados apontam que os

alunos, quando sentiram necessidade de obter informação sobre o conteúdo

das disciplinas, recorreram primeiro ao professor nas aulas por

videoconferência, e logo em seguida aos colegas e ao material didático. Esse

aspecto demonstra claramente uma posição de descentralização do saber

conteudístico na figura do docente , como também uma desvinculação de

dependência do aluno em relação ao professor, própria do ensino presencial.

A pesquisa mostra que foi predominantemente com a experiência, ao

trabalhar com as NTCIs, que eles aprenderam sobre o funcionamento das

tecnologias. Da mesma forma, ao praticar a EaD, obtiveram as informações

necessárias sobre a mesma. Isso revela um comportamento ativo na busca das

informações. Isto constitui uma das características da EaD, como foi posto no

3º capítulo. O aluno, ao participar de um curso à distância, deve ter uma

postura mais ativa em relação à sua educação. Demonstra também como a

interatividade entre pessoas e máquina pode ajudar no desenvolvimento do

aprendizado. Por outro lado, a tabela 06 também revela que um número

razoável de alunos (42,3%) recorreu a outros meios fora do curso para a

entender sobre essas tecnologias. Daí se inferir que, apesar de dessas fontes,

há ainda uma “carência” de mais esclarecimentos sobre as NTCIs.

As aulas por videoconferência proporcionaram momentos enriquecedores,

em que se tinha a oportunidade de estudar e ao mesmo tempo por em prática

Page 112: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

112

os conceitos de EaD. Isto é evidenciado no fato de que esta fonte representou

importante papel para se informar sobre o funcionamento da EaD.

O site e a monitoria foram constatados como as principais fontes no

atendimento ao aluno. Este resultado comprova a importância do modelo LED

de mídias integradas que complementam umas às outras. Também demonstra

a teoria de Holmberg (1992) discutida no 3º capítulo de que os estudantes de

cursos à distância atuais e futuros necessitam de serviços de assessoramento,

tanto de caráter puramente informativo como também no plano do alento moral,

representados na figura do monitor .

Os colegas de classe foram evidenciados nas tabelas 07, 06 e 05 como

uma grande fonte de fonte de divulgação de diferentes informações. A revisão

teórica sobre a EaD discute um ponto que trata desse aspecto. As experiências

do aluno devem ser aproveitadas como um recurso de aprendizagem.

Em relação aos dados sobre o processo comunicacional no curso, os

aspectos estabelecidos na questão sobre a comunicação com os professores e

monitor (bidirecionalidade, unidirecionalidade, linearidade, não-linearidade,

mecânica) estão relacionados com a característica da comunicação na EaD,

que no 3º capítulo foi descrita como bidirecional; e com os estudos mais

recentes da recepção, os quais mostram o receptor como um ser mais

complexo, não estabelecendo necessariamente uma comunicação mecânica e

linear com o emissor.

Os dados que mostram os alunos marcando opções com sentidos “opostas”

(linearidade e não-linearidade) denotam a subjetividade do objeto de estudo

das Ciências Humanas. Num estudo que envolve essas áreas do

conhecimento, não se pode afirmar que o comportamento do homem é

invariável e imparcial. A depender das circunstâncias ele tomará atitudes

diferentes, que também serão interpretadas de maneira diferente e subjetiva

pelas outras partes presentes. Thompson (2002) confirmou esse pensamento

na revisão teórica. Para o referido autor

o sentido que os indivíduos dão aos produtos varia de acordo com a

formação e as condições de cada um, de tal maneira que a mesma

mensagem pode ser entendida de várias maneiras em diferentes

contextos (2002: p. 42).

Page 113: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

113

Neste trabalho não se ignorará esse ponto nem os resultados obtidos.

Tomar-se-á, entretanto, o cuidado de analisar os percentuais predominantes.

Nesse contexto os resultados evidenciam que na maior parte das vezes havia

um feedback entre professores e alunos, na medida que se consubstanciava

um diálogo, uma bidirecionalidade no fluxo informativo. É percebido esse fato

na tabela 09 em que a característica da comunicação com os professores que

predomina, de acordo com o percentual de 63%, é a bidirecionalidade. Outro

fato que confirma essa interpretação mostra que os aspectos mecanicista e

unidirecional foram negados por todos os alunos quando questionados se

todos os professores praticam essa comunicação.

Em relação ao monitor, o processo comunicacional é visto de forma mais

dialógica que com os professores. Isso é demonstrado na Tabela 12, em que

74,2% dos alunos afirmam a bidirecionalidade. Um índice maior que o

registrado no mesmo aspecto comunicacional para os professores na Tabela

09.

Já os parâmetros (“fixo, aberto a modificações, relacionado a sua realidade,

distante de sua realidade, de caráter quantitativo) para a caracterização do

material impresso e eletrônico de estudo foram propostos a partir do modelo de

aprendizagem à distância apontado por Belloni (2002) e da comunicação

dialógica pensada por Freire (1987). No caso de Belloni (2002) vigoram os

conceitos de flexibilidade, abertura e autonomia. Já Freire (1980) sustenta que

o conteúdo programático deve refletir a situação concreta do educando-

educador, para que a educação autêntica não se faça de A para B ou de A

sobre B, mas de A com B. Sendo assim, procurou-se investigar se os recursos

didáticos adotados concretizam esses conceitos. A variável “caráter

quantitativo” foi colocada a título de exploração que a depender dos resultados

obtidos poderia servir como pedra de toque para um estudo futuro sobre a

carga informacional dos cursos de EaD.

Outro ponto a ser considerado nesta análise é que na revisão teórica sobre

comunicação, concluiu-se que uma fonte de informação nem sempre é uma

pessoa. Isso acontece na medida em que é o receptor quem constrói o

significado, e este significado pode ter sido deflagrado por dados presentes em

diferentes fontes, quer sejam elas humanas ou materiais.

Page 114: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

114

Feito essas considerações, percebe-se na análise dos dados que houve um

certo grau de contradição nas respostas. A exemplo disso, tem-se que

proporcionalmente o percentual para a característica de “fixo” deveria ser

menos de 30%, já que mais de 70% marcaram a opção “aberto a

modificações”, mas não é esse índice que se obteve. Cerca de 55,6%

marcaram a variável fixo. Houve também nessa parte da pesquisa sobre as

características dos materiais impressos e eletrônicos de estudo os maiores

índices de respostas sem marcar.

Independentemente dessa contradição, os percentuais revelam uma

pequena diferença entre o material eletrônico e o impresso. Os alunos também

apontaram como característica predominante a flexibilidade. Entretanto, ao

lado desta característica positiva de ser flexível, havia nas respostas aspectos

negativos como distante da realidade e caráter quantitativo. Talvez isso se

deve ao fato desse material não ter sido planejado especificamente para ser

trabalhado na EaD, por isso foram utilizados os materiais tradicionalmente do

ensino presencial.

Os parâmetros propostos (participativo, ativo, produtor de informação) para

o comportamento do aluno no questionário estão relacionados com as

características do receptor apontadas neste trabalho no 2º capítulo. Os estudos

mais recentes sobre a comunicação, de acordo com Thompson (2002)

sugerem uma participação mais ativa e criativa por parte dos indivíduos

envolvidos no processo comunicacional .

Ao se analisar os dados da pesquisa, verifica-se que os alunos, em sua

maior parte, indicaram ter um comportamento participativo. Os valores para

esta variável na aula presencial e por videoconferência indicam esse fato e não

apresentam grandes diferenças entre si. Nas outras fontes (monitor, site do

LED e material impresso) o maior percentual verificado também era de

comportamento participativo.

O site do LED foi considerado a fonte com o maior percentual de alunos

tendo um comportamento passivo (37%). O que de certa forma causa surpresa,

visto que o computador e a Internet são tidos como ferramentas interativas.

Nesse sentido, há de se levar em conta alguns pontos levantados pelos alunos

como: ausência no site de mais recursos para promover interação entre

professor e aluno, ferramenta de caráter frio e de não muita utilidade já que

Page 115: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

115

praticamente foi “abandonado” no meio do curso. Por outro lado deve ser

considerado o fato da videoconferência ser uma mídia síncrona e de ter sido

utilizada semanalmente. O que de certa forma diminuiu a necessidade do site

para realizar processos comunicativos.

Em relação à videoconferência, os mestrandos manifestaram algumas

restrições, mas de caráter pessoal como timidez, sensação de repressão por

parte dos colegas, cansaço e decepção. Da mesma forma, na questão das

aulas presenciais foram demonstrados pontos subjetivos para justificar o

comportamento passivo. Essa individualidade presente nos dados da pesquisa

foge a análise dos parâmetros estipulados para este trabalho.

Quanto à posição de “ser produtor de informações”, o maior índice indicava

apenas 22,2% dos alunos se sentindo nessa posição. A interpretação mais

possível se relaciona com os dados da tabela 01. Nesta, apenas 30,8%

escolheram o significado de informação como sendo tudo que se atribui

sentido. Este foi o conceito adotado na dissertação e se subentende nele uma

atividade de produção. Dessa forma, ao não adotar essa conceituação deduz

que os alunos não iriam se sentir produzindo informação.

A partir da interpretação dos dados e o resultado da pesquisa bibliográfica

pretende-se fazer algumas considerações que serão apresentadas no próximo

capítulo em forma de conclusão e recomendações para estudos futuros.

Page 116: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

116

6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo serão feitos os comentários e as conclusões finais a respeito

do trabalho, bem como recomendações de estudo para trabalhos futuros.

6.1 Em relação aos objetivos da pesquisa

Foi possível, através da bibliografia utilizada para compor o referencial

teórico deste trabalho, estabelecer um conceito para o termo informação e

diferenciá-lo de outros vocábulos como notícias, dados, conhecimento, etc.

Para o alcance desse objetivo foram pesquisados autores como Roszak

(1988), Wurman (1991), Winkin (1998) e Castells (1999). Estes demonstraram

que a informação é tudo a que se atribui sentido. Entretanto na pesquisa de

campo, apenas uma minoria (30,8%) reconheceu esse significado, preferindo

associá-la aos outros termos ditos acima.

Utilizando de outros autores como Belloni (2002), Perez e Castillo (1996) ,

Holmberg (1992) e Landim (apud CORDEIRO, 2000) pôde-se compreender o

processo comunicacional na EaD. Um dos elementos constitutivos dessa

modalidade de ensino é a prática da Comunicação Bidirecional, concretizada

no ato do diálogo e o seu feedback. Outro ponto é o preparo das fontes de

informação, como o material didático, para promover maior interação. Também

se faz necessário o emprego de tutores na divulgação de informações de

caráter moral e linhas de estudo. E, como não poderia deixar de ser, esse

processo utiliza as NTCIs para mediatizar a comunicação de professores e

alunos em diferentes quadrantes de espaço e tempo.

Em relação a uma melhor compreensão do processo comunicacional neste

curso uma das conclusões mais importantes que esse estudo produziu é a de

que os colegas de turma representam um importante papel na comunicação.

De acordo com os dados obtidos, esta é uma das principais fontes de

informação na obtenção de informação sobre o conteúdo das disciplinas

(84,6%), sobre o funcionamento das tecnologias (80,8%) e sobre o

funcionamento da EaD (73,1%). Outro dado confirma que a “prática” permite

uma grande apropriação de informações referenciais, de forma similar a

Page 117: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

117

qualquer outra fonte. A exemplo, os resultados da pesquisa mostram que

80,8% dos alunos, ao trabalharem com a tecnologia, conseguiram as

informações necessárias sobre o funcionamento destas, e, 76,9%, ao praticar a

EaD, aprenderam mais sobre esta modalidade.

Conclui-se também que é preciso atentar para o fato de que os canais de

comunicação e as próprias fontes estejam adequados para atender às

necessidades. A saber:

? O material didático precisa ser preparado de forma que o aluno possa

interagir com este, assim diferenciando-se do material de estudo do

ensino presencial. Também foi constatada nos índices da pesquisa

necessidade de modificar este recurso para ser adaptável à realidade

dos estudantes, despindo-se do caráter fixo e quantitativo apontado por

55,6% e 48,1% dos pesquisados respectivamente.

? O tempo de atendimento da monitora deve ser organizado de forma que

possa atender todas as solicitações do aluno. Em relação a essa fonte

de informação, alguns mestrandos se sentiram frustrados porque suas

perguntas demoravam a serem respondidas, sendo que às vezes nem

eram atendidas as suas solicitações. Entretanto, as características da

comunicação com a monitora foram predominantemente positivas como

bidirecional e não-linear. Somente um aluno apontou como sendo

mecânica.

Pode-se concluir também que há uma convergência entre o conceito de

Freire (1987) sobre educando-educador, o papel do receptor nos estudos

comunicacionais mais recentes, e a representação do aluno de EaD. Os três

fazem referências à importância da colaboração e da cooperação entre os

participantes para acontecer a comunicação e a aprendizagem. Isto pode ser

percebido nos dados que mostram todos os envolvidos (monitor, alunos e

professores), contribuindo em um momento ou outro para que as informações

fossem adquiridas.

Para que de fato exista a educação, a formação e o crescimento do

indivíd uo, uma característica da informação é o seu fluxo bidirecional

(HOLMBERG, 1992). Entretanto, o mais apropriado seria dizer multidirecional,

já que na modalidade de EaD, a informação circula por diversas e diferentes

fontes, não somente as duas mais convencionais (emissor e receptor).

Page 118: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

118

6.2 Em relação às hipóteses elaboradas

Pela análise dos dados coletados feita, uma das hipóteses elaboradas foi

confirmada: há uma descentralização das informações em várias fontes neste

estudo de caso. Esta conclusão deve-se aos índices das tabelas 05 a 08.

Percebe-se nestes percentuais que os alunos não se concentravam em uma

única fonte para obter as informações.

A pesquisadora detectou na coleta de dados que se faz necessário uma

compreensão mais abrangente das NTCIs por parte de seus usuários. Essa

compreensão não se limita só à sua prática, mas se estende também em

relação ao espaço que essas tecnologias ocupam na atualidade. Este espaço

está presente em várias esferas sociais como a política, a economia, a saúde,

e, principalmente, a educação. Neste contexto, o indivíduo deve não apenas

saber “como funciona as NTCIs” mas também entender por que e para que

existem essas ferramentas.

Caracterizado o objeto de estudo como descentralizador na divulgação de

informações, resta pensar na segunda hipótese elaborada: há uma maior

variabilidade de informações nos cursos de EaD por conta da necessidade de

se aprender sobre dois novos sistemas: o uso das NTCIs e a prática de

educação à distância.

Os dados da pesquisa revelaram que para dar continuidade ao curso, os

mestrandos, em sua maioria, assinalaram que precisaram obter informações de

caráter cultural e de referência. O primeiro tipo, a informação cultural, abrange

“qualquer expressão de uma tentativa de compreender e acompanhar nossa

civilização” (WURMAN, 1991: p. 48). Nesse sentido, quase a totalidade dos

alunos (73,01%) necessitou se informar sobre “o conteúdo das disciplinas” e

mais da metade (63,4%) procurou se inteirar sobre “o desenvolvimento do

curso”. O segundo tipo, de acordo com Wurman (1991), diz respeito às

informações que auxiliam no trabalho com os sistemas tecnológicos e

científicos. Sendo assim, neste curso as informações referenciais foram

necessárias para 84,6% dos alunos entenderem o funcionamento das

Page 119: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

119

tecnologias utilizadas e para 80,8% desses compreenderem o sistema de

Educação à Distância.

Essa atitude do aluno, ao recorrer a professores, colegas, monitores e

outros recursos na busca de entendimento, pode ser interpretada como um

comportamento mais ativo e participativo que no ensino presencial. Esse

aspecto está de acordo com uma hipótese levantada: uma distribuição

descentralizada de informações exige do aluno uma participação mais ativa no

processo comunicativo, um atitude mais autônoma na construção da

informação.

Os percentuais das tabelas que classificavam o comportamento do aluno

em relação às fontes nas quais obtinham informações revelaram também que

os que se consideravam participativos eram em número expressivamente

maior do que os passivos ou produtores de informação. Tem-se, então, que a

organização descentralizada das informações exige mais dinâmica e

independência por parte do discente.

6.3 Em relação às limitações da pesquisa

Abaixo, estão listadas algumas das limitações da pesquisa realizada:

Os pesquisados demoraram até três meses para entregar as respostas do

questionário, atrasando a interpretação dos mesmos na consecução do

trabalho.

Outra limitação diz respeito às perguntas do questionário sobre as fontes de

informação. As variáveis estabelecidas (unidirecional, bidirecional, linear, não-

linear e mecânica) para caracterizar certo tipo de fonte não foram

compreendidas por uma parte significativa dos pesquisados. Isto é

demonstrado pelo número considerável de respostas sem marcar. Houve uma

falta no sentido de não realizar a “validação semântica” das variáveis.

O mesmo problema é detectado na caracterização do material de estudo,

tanto eletrônico quanto impresso. As variáveis propostas (fixo, aberto a

modificações, de caráter quantitativo, distante de sua realidade e relacionado a

sua realidade) não foram assinaladas em uma pergunta por até 40,7% dos

alunos.

O questionário também apresentou questões que não puderam ser

generalizadas por todos os pesquisados, como foi verificado nas respostas. A

Page 120: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

120

exemplo disso, a pergunta sobre o comportamento do aluno em relação ao

material impresso (se era participativo, passivo ou produtor de informação), um

aluno marcou as três opções justificando que “a depender da situação e da

motivação pelo conteúdo teve os três comportamentos”.

Outro fator é que em alguns momentos parece ter faltado por parte dos

pesquisados um certo comprometimento de seriedade ou honestidade nas

respostas, ou falta de atenção, já que as respostas de alguns alunos

contradiziam completamente o que haviam dito anteriormente. Por exemplo,

dizer que o conteúdo de todas as disciplinas era distante de sua realidade e

posteriormente marcar que se relacionava com sua realidade.

A pesquisadora acredita que estas limitações não interferiram

decisivamente na conclusão da dissertação, mas foi essencial para o

aprendizado de como trabalhar metodologicamente para se fazer ciência.

6.4 Recomendações e estudos futuros

Os resultados alcançados nessa pesquisa corroboram a compreensão de

que é necessária uma melhor compreensão sobre os processos

comunicacionais que se estabelecem entre os participantes de um curso de

Educação à Distância. Os resultados obtidos e apresentados neste trabalho é

um passo importante para que entenda esse processo. Deve-se abrir espaços

para novas de outros elementos comunicacionais, como o ruído e o nível de

entropia.

Tornar visíveis os ruídos que atrapalham a comunicação e as causas de

desordem num sistema de EaD que provoca a não compreensão das

informações pode lançar mais luz sobre um tema fundamental para a

democratização do aprendizado na Sociedade Informacional.

Ao concluir sobre a variabilidade dos tipos de informações que o aluno de

EaD necessita, surge mais um questionamento que merece um estudo mais

detalhado: os cursos de EaD têm uma carga informacional maior que na

Educação presencial por conta dessa significativa variabilidade? Essa é uma

das propostas para trabalhos futuros.

Outro aspecto que merece mais esclarecimento em relação a esse tema é a

interatividade promovida a partir das experiências com o uso do computador e

da videoconferência no campo pedagógico. Reconhece-se que a literatura

Page 121: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

121

apresentada neste trabalho não esgotou as discussões sobre o assunto,

principalmente porque a complexidade do mesmo ultrapassa as fronteiras dos

objetivos aqui estabelecidos.

Não se pode também deixar de recomendar uma investigação científica

sobre a motivação dos estudantes de EaD. Isto porque, em sua maioria, eles

são trabalhadores com uma escassa carga horária para se dedicar ao estudo.

Por isso, a forma como essas informações são organizadas e comunicadas é

um fator relevante na construção do aprendizado do aluno e essencial na

motivação para ele dar continuidade ao seu curso.

Com essa pesquisa se espera ter dado contribuições significativas no

avanço do entendimento do processo de educação à distância, como também

na desmistificação dessa prática.

Page 122: ANÁLISE DOS FLUXOS INFORMACIONAIS NA EAD: …

122

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130

ANEXO 1 -

Este questionário foi elaborado com o objetivo de captar dados para uma pesquisa de

dissertação de Mestrado. Contamos com sua colaboração para que possamos realizar

este trabalhar e dar uma contribuição no estudo da EaD.

QUESTIONÁRIO:

1. Idade: __________ 2. Sexo: ( ) Fem. ( ) Mas. 3. Área de Formação: ___________________________________________________ 4. Sobre a informação:

4.1 Você entende que informação é: ( ) Conhecimento ( ) Dados ( ) Notícias ( ) Novidades ( ) Tudo o que faz sentido ( ) Outra: ______________________

4.2 Qual a sensação que as pessoas têm em relação às informações que circulam na sociedade atual ( ) Ansiedade ( ) Indiferença ( ) Normalidade ( ) Outras. Quais? Justifique sua resposta:

4. 3 Em termos quantitativos, como você classificaria as informações do curso de Mestrado no qual participou: ( ) Muita informação para um curso de pós-graduação deste nível ( ) Pouca Informação para um curso de pós-graduação deste nível ( ) Condizente com um curso de pós-graduação deste nível 4. 4 Durante o curso de Mestrado você precisou obter informações sobre:

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131

( ) O conteúdo das disciplinas ( ) O funcionamento das tecnologias utilizadas ( ) O funcionamento da Educação à distância ( ) O desenvolvimento do curso (matrícula, conceitos, prazos de entrega de trabalho) ( ) Outras: metodologia do ensino de pós-graduação.

5 Sobre as Fontes de Informação 5.1 Em relação às informações sobre as disciplinas você as obteve:

( ) Com o professor nas aulas presenciais ( ) Com o professor nas aulas por videoconferência ( ) Com os colegas ( ) No material impresso ( ) No material eletrônico (slides, arquivos) ( ) No site do LED ( ) Com a monitora ( ) Outros meios__________________________________________________ 5.2 Em relação às informações sobre as tecnologias, você as obteve: ( ) Com o professor nas aulas presenciais ( ) Com o professor nas aulas por videoconferência ( ) Com os colegas ( ) No material impresso ( ) No site do LED ( ) Com a monitora ( ) Trabalhando com a própria tecnologia ( ) Outros meios ____________________________________________________

5.3 Em relação às informações sobre a Educação à distância você as obteve: ( ) Com o professor nas aulas presenciais ( ) Com o professor nas aulas por videoconferência ( ) Com os colegas ( ) No material impresso ( ) No site do LED ( ) Com a monitora ( ) Trabalhando com a Educação à distância ( ) Outros meios ____________________________________________________ 5.4 Em relação às informações sobre o curso você as obteve: ( ) Com o professor nas aulas presenciais

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( ) Com o professor nas aulas por videoconferência ( ) Com os colegas ( ) No material impresso ( ) No material eletrônico ( ) No site do LED ( ) Com a monitora ( ) Com o Guia do Aluno ( ) Outros meios ____________________________________________________ 6 Em relação aos Processos Comunicacionais:

6. 1 A comunicação com os professores pode ser classificada como: ( ) Unidirecional ( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum ( ) Bidirecional

( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum ( ) Linear ( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum ( ) Não-linear ( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum ( ) Mecânica

( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum 6. 2 O conteúdo do material impresso de estudo das disciplinas era: ( ) Fixo: ( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma ( ) Aberto a modificações ( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma ( ) De caráter quantitativo ( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma ( ) Distante de sua realidade ( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma ( ) Relacionava-se com a sua realidade ( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma

6. 3 O conteúdo do material eletrônico de estudo das disciplinas era:

( ) Fixo:

( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma ( ) Aberto a modificações ( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma ( ) De caráter quantitativo ( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma ( ) Distante de sua realidade

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( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma ( ) Relacionava-se com a sua realidade ( ) Todas as disciplinas ( ) Algumas ( ) Nenhuma 6. 4 A comunicação com o monitor pode ser classificada como:

( ) Unidirecional ( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum ( ) Bidirecional

( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum ( ) Linear ( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum ( ) Não-linear ( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum ( ) Mecânica

( ) Todos os professores ( ) Alguns ( ) Nenhum

7 Em relação ao seu comportamento no processo comunicacional:

7.1 No ambiente das aulas presenciais: ( ) Participativo ( ) Passivo ( ) Produtor de informações 7.2 No contato com o site do LED: ( ) Participativo ( ) Passivo ( ) Produtor de informações 7.3 No contato com a monitora era: ( ) Participativo ( ) Passivo ( ) Produtor de informações

7.4 No contato com o material impresso para estudo: ( ) Participativo ( ) Passivo ( ) Produtor de informações 7.5 Nas aulas por videoconferência: ( ) Participativo ( ) Passivo ( ) Produtor de informações