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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO TÉCNICO 1 Análise dos Processos Produtivos e Administrativos Executados no âmbito da Seção de Rouparia e Lavanderia (SRLAV) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE). Ana Karen Afonso Loureiro [email protected] UFF/ICHS Resumo O propósito deste relatório técnico é oferecer sugestões de melhorias para o funcionamento eficaz da Seção de Rouparia e Lavanderia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, através da identificação e análise dos seus processos de gestão. Foi identificado um problema central que é a inconsistência de mecanismos de controle de estoque e de movimentação do enxoval do referido órgão público. Procurou-se apresentar algumas propostas para a melhoria do serviço fornecido. Essa pesquisa foi configurada como estudo de caso, exploratório e descritivo, que incluiu a aplicação de questionário a chefe da seção (, de modo a verificar perspectivas e condutas realizadas no órgão. Foram explorados os principais indicadores de desempenho de todo o processo produtivo e de gerenciamento da SRLAV, em que se constatou a necessidade da criação de um sistema de controle informatizado e de desenvolvimento de atividades; melhoria da estrutura administrativa com a readequação do número de pessoal; aperfeiçoamento no fluxo das informações; controle do processo de distribuição de enxoval e conscientização dos profissionais quanto ao uso da roupa hospitalar. Palavras-chave: Indicadores de desempenho, Processos, Qualidade, Gerenciamento. 1 - Introdução O Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) foi inaugurado em 1950, quando foi integrado à rede hospitalar da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Em 1962, tornou-se um hospital escola da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado da Guanabara (UEG), atualmente designada Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (HUPE, 2017). Por ser um hospital que dispõe de profissionais de alta qualificação e meios sofisticados de diagnóstico e de tratamento, a procura pelo atendimento no HUPE aumentou progressivamente e, dessa forma, passou a ser um dos maiores complexos docentes- assistenciais na área da saúde no Brasil. Nos dias atuais, o hospital não é somente um centro de referência em várias especialidades, mas também um importante núcleo nacional de formação de médicos e de outros profissionais de saúde.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

1

Análise dos Processos Produtivos e Administrativos Executados no âmbito

da Seção de Rouparia e Lavanderia (SRLAV) do Hospital Universitário

Pedro Ernesto (HUPE).

Ana Karen Afonso Loureiro – [email protected] – UFF/ICHS

Resumo

O propósito deste relatório técnico é oferecer sugestões de melhorias para o funcionamento

eficaz da Seção de Rouparia e Lavanderia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, através da

identificação e análise dos seus processos de gestão. Foi identificado um problema central que

é a inconsistência de mecanismos de controle de estoque e de movimentação do enxoval do

referido órgão público. Procurou-se apresentar algumas propostas para a melhoria do serviço

fornecido. Essa pesquisa foi configurada como estudo de caso, exploratório e descritivo, que

incluiu a aplicação de questionário a chefe da seção (, de modo a verificar perspectivas e

condutas realizadas no órgão. Foram explorados os principais indicadores de desempenho de

todo o processo produtivo e de gerenciamento da SRLAV, em que se constatou a necessidade

da criação de um sistema de controle informatizado e de desenvolvimento de atividades;

melhoria da estrutura administrativa com a readequação do número de pessoal;

aperfeiçoamento no fluxo das informações; controle do processo de distribuição de enxoval e

conscientização dos profissionais quanto ao uso da roupa hospitalar.

Palavras-chave: Indicadores de desempenho, Processos, Qualidade, Gerenciamento.

1 - Introdução

O Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) foi inaugurado em 1950, quando foi

integrado à rede hospitalar da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Em 1962, tornou-se um

hospital escola da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado da Guanabara

(UEG), atualmente designada Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) (HUPE,

2017).

Por ser um hospital que dispõe de profissionais de alta qualificação e meios

sofisticados de diagnóstico e de tratamento, a procura pelo atendimento no HUPE aumentou

progressivamente e, dessa forma, passou a ser um dos maiores complexos docentes-

assistenciais na área da saúde no Brasil. Nos dias atuais, o hospital não é somente um centro

de referência em várias especialidades, mas também um importante núcleo nacional de

formação de médicos e de outros profissionais de saúde.

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O HUPE apresenta uma área construída de 44 mil m², com capacidade inicial para

525 leitos e atendimentos em mais de 60 especialidades e subespecialidades, sendo parte do

Sistema Único de Saúde (SUS) (HUPE, 2017). As principais atividades do HUPE

concentram-se nos campos do ensino e da pesquisa. Essas atividades têm gerado descobertas

e inovações e contribuem para a melhoria da assistência e do atendimento à saúde dos

usuários do SUS.

Em virtude da crise fiscal enfrentada pelo Estado do Rio de Janeiro, o HUPE reduziu

a capacidade de leitos diária de 525 para 350 leitos-dia. Atualmente houve uma maior

redução, 100 leitos-dia.

Por ser um centro de excelência na área da saúde, o HUPE apresenta um corpo

clínico formado por profissionais reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, que vem

se atualizando por meio de recursos captados de projetos desenvolvidos por seus

profissionais. Muitos desses profissionais são capacitados para o mercado de trabalho,

mediante programas de residências e de cursos oferecidos por essa instituição.

Para manter a prestação de serviços médicos à população, além de realizar a

formação acadêmica de diversos profissionais da área de saúde, é necessário que o Hospital

disponha de insumos para realizar suas diversas atividades administrativas. Como organização

governamental, o HUPE deve observar as normas de direito público para efetuar compras e

contratações e para executar dotações orçamentárias.

O objetivo geral desse relatório técnico é oferecer sugestões de melhoria para o

funcionamento eficaz da Seção de Rouparia e Lavanderia do Hospital Universitário Pedro

Ernesto, através da identificação e análise dos seus processos de gestão. Visto que, mesmo

sendo uma área de apoio, ela impacta em todo funcionamento da instituição.

Como objetivos específicos deste trabalho, seguem abaixo os propósitos estudo:

a. Realizar o mapeamento dos processos produtivos existentes atualmente na seção

de rouparia e lavanderia;

b. Identificar os problemas existentes nos processos produtivos da seção;

c. Propor possíveis soluções para os problemas encontrados nos processos

produtivos da seção;

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d. Realizar o mapeamento dos processos administrativos existentes atualmente na

seção de rouparia e lavanderia;

e. Identificar os problemas existentes nos processos administrativos da seção;

f. Propor possíveis soluções para os problemas encontrados nos processos

administrativos da seção;

g. Elaborar um plano de ação para melhoria dos processos analisados.

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada uma entrevista com a chefe do

SRLAV e através da observação participativa da autora, tornou-se possível identificar as

tarefas realizadas, separar os processos produtivos dos administrativos, observar as falhas e

suas causas, para que assim pudesse ser elaborado um plano de ação com sugestões de

melhoria, tornando a seção mais eficiente e produtiva.

A Estrutura deste relatório técnico está organizada da seguinte forma: o Resumo

compreende a síntese do conteúdo que será abordado neste trabalho; a Introdução contém

informações objetivas para situar o tema, balizar o assunto e objetivos; a Apresentação do

Caso aponta a proposta e mostra o objeto de estudo; Referencial Teórico constitui de

conceitos teóricos e instrumentos de análise; o Plano de Ação define as ações para se atingir

os objetivos propostos; a Conclusão apresentando de forma lógica e clara os fatos

comprovados e discutidos durante todo o relatório e Referência Bibliográfica, onde são

listadas as obras utilizadas para a elaboração deste Relatório Técnico.

2 – Apresentação do Caso

A estrutura organizacional do HUPE é formada por: direção, departamentos,

coordenadorias, divisões, unidade de apoio, seções e diversas subdivisões. Entre esses órgãos,

menciona-se a SRLAV, unidade vinculada ao Departamento de Hotelaria Hospitalar, cujas

atividades e processos desenvolvidos por esse setor são o objeto deste estudo, assim como os

principais impasses para o bom desenvolvimento do mesmo.

Este Relatório Técnico (RT) consistiu em uma análise das atividades desenvolvidas

na SRLAV do HUPE, seção que se subdivide em dois segmentos: o produtivo, também

chamado de lavanderia, cujos serviços são realizados por meio de contrato mantido com uma

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empresa terceirizada, e o administrativo ou de gerência de enxoval, cuja supervisão é

executada por duas servidoras públicas (a chefe da seção e uma assistente administrativa), que

recebem apoio de empregados terceirizados que estão vinculados à mesma empresa que presta

serviços ao setor de lavanderia.

Identificar o processo como sendo a maneira típica de realizar o trabalho é

importante para definir a forma básica de organização das pessoas e dos demais recursos da

empresa (DREYFUSS, 1996).

Na figura 1, disponibilizada abaixo, podemos entender melhor quais são os principais

processos, tipos e locais e em que são realizados. Esses precisam ser desenvolvidos com

máxima eficiência para atender as necessidades tanto dos pacientes quanto do corpo clínico

pertencente ao Hospital Universitário Pedro Ernesto.

Figura 1 - Processos Pertinentes ao Serviço de Rouparia e Lavanderia- HUPE

Fonte: Elaborada pela autora, 2017.

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2.1 Processos produtivos que fazem parte da estrutura da Seção de Rouparia e

Lavanderia

As roupas hospitalares utilizadas nos serviços de saúde são chamadas de enxoval e

tem a finalidade de garantir a execução de atividades e procedimentos assistenciais. Além

disso, o enxoval hospitalar deve disponibilizar toalha, fronha, lençol, batas, calças aos e

aventais pacientes, campos operatórios, propés, calças, jalecos e aventais aos profissionais de

saúde. Essas roupas são de extrema importância, pois protegem a saúde dos usuários do SUS,

de médicos e de enfermeiros que fazem uso delas. Todas as peças seguem os parâmetros

estabelecidos pela Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da Norma

Brasileira (NBR) 13734 (ABNT, 1996a).

O processamento dessas roupas hospitalares inclui um conjunto de etapas que

precisam ser realizadas para que a roupa seja higienizada e fique disponível para uso. Como

podemos destacar: coleta, recepção, separação, pesagem, identificação, lavagem,

centrifugação, tratamento, seleção, calandragem, secagem, prensagem, dobragem, repouso,

conserto e distribuição, fazem parte dos principais processos produtivos existentes no SRLAV

do HUPE e da Empresa contratada para esse serviço.

A empresa terceirizada que presta serviço para o hospital é responsável por todo o

processo de higienização do enxoval hospitalar e sua entrega em perfeitas condições e

conservação, de acordo com as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA). Em geral, as roupas das unidades são mantidas em área específica da SRLAV,

onde são realizadas as tarefas referentes aos processos produtivos e administrativos

executados pelo setor. Esses processos são feitos diariamente. A seguir, na figura 2, podemos

observar a ordem de execução desses processos.

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Figura 2 - Fluxograma dos processos produtivos

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

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Abaixo se encontra o detalhamento dos processos produtivos, apresentados na figura

2, desenvolvidos internamente no HUPE e externamente na empresa terceirizada.

Coleta- processo onde ocorre a remoção da roupa suja das unidades geradoras. A

roupa suja é colocada em sacos hamper, próprios para essa função, e transportados em

carrinhos fechados para a área suja da Seção de Rouparia e Lavanderia. Ao fazer a remoção, o

funcionário responsável por executar a tarefa, deve estar atento para que se tenha o mínimo de

manuseio e agitação dessas roupas, para que não ocorra contaminação.

Pesagem- O processo produtivo de pesagem ocorre em dois momentos e é realizado

para dimensionar a carga do processo de lavagem e para controle de custos: ao pesar a roupa

limpa entregue pela empresa e ao pesar a roupa suja que será destinada ao processo de

lavagem e higienização na empresa terceirizada.

Importante ressaltar que esse processo é feito em balanças diferentes, para que não

haja contaminação; e também, que o peso é verificado por um funcionário da empresa

terceirizada junto a um funcionário da SRLAV.

A diferença de valores da pesagem da entrada de roupa limpa, comparada a que foi

retirada suja, gira em torno de 10 a 15% do peso inicial e ocorre, principalmente, devido à

presença de fluidos corpóreos e tecidos molhados.

O peso efetivo das roupas recebidas é cotejado com o valor apresentado pela empresa

prestadora do serviço. Constatada a divergência, é considerado o valor apurado no hospital

para efeitos de faturamento. São registradas anotações no livro de controle da SRLAV. Esse

controle é feito manualmente, sem a ajuda de um bom sistema informatizado, o que dificulta a

melhoria da gestão dos serviços da seção e influencia diretamente na análise de inúmeras

variáveis importantes para a boa execução das atividades.

Recepção- Existem dois tipos de processos de recepção. O que ocorre na SRLAV

(recepção interna) e o que ocorre na empresa terceirizada (recepção externa).

Recepção interna: recebimento de roupas limpas vindas da empresa terceirizada. As

entregas do enxoval à SRLAV são realizadas uma vez ao dia, até às 9 horas, para que a

distribuição no HUPE possa ser programada com antecedência e essa roupa seja recebida nas

unidades para utilização 24 horas após o recebimento. Ao realizar a entrega da roupa limpa, o

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funcionário da empresa terceirizada anota numa planilha em papel, a quantidade de roupa

deixada, o horário e o funcionário do hospital o qual recebeu essa roupa.

Recepção externa: recebimento pela empresa das roupas sujas vindas do hospital

Separação/sujidade- esse processo ocorre quando a roupa suja, recebida do hospital,

é separada de acordo com o seu grau de sujidade. Essa sujidade é analisada e programas de

lavagem são criados para cada tipo de tecido e seu uso.

O processo de separação da roupa suja é feito por um funcionário treinado e com

roupas/equipamentos de proteção individual (EPI´s) adequados para o manuseio dessa roupa,

para que não ocorra nenhum tipo de contaminação.

Lavagem- é o processo que consiste na eliminação da sujeira fixada na roupa,

deixando-a com aspecto e cheiro agradáveis, nível bacteriológico reduzido ao mínimo e

confortável para o uso. (BRASIL, 1986), sem danificar as fibras e preservando a vida útil dos

tecidos.

Tratamento- processo químico realizado para a retirada das manchas das roupas

hospitalares.

Secagem- processo através do qual, roupas como colchas pesadas, tecido felpudo,

roupa de vestir (adultos e crianças), cobertores, peças pequenas como máscaras, botas (pro-

pés), gorros, compressas e outras, são secadas na secadora. (BRASIL, 1986).

Repouso- depois de secar, a roupa é retirada da secadora, colocada em carros-cestos

apropriados e encaminhada à rouparia para repouso e descanso de fibras.

Calandragem- é a operação que seca e passa ao mesmo tempo as peças de roupa lisa

(lençóis, colchas leves e campos). (BRASIL, 1986).

Prensagem- usado para uniformes e outras peças não passíveis de serem colocadas

em calandra, ou que tenham detalhes como pregueado e vincos, são passadas na prensa.

(BRASIL, 1986).

Passagem (a ferro) - usado apenas eventualmente ou para melhorar o acabamento

da roupa pessoal. (BRASIL, 1986).

Dobragem: processo realizado de acordo com cada peça do enxoval hospitalar e

baseado em suas dobraduras específicas.

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No Hospital ocorre novo procedimento de dobragem para as roupas que serão

utilizadas no Centro Cirúrgico. As mesmas devem passar pela Central de Esterilização de

Materiais (CME) do HUPE, antes de serem entregues no Centro Cirúrgico, para dobras

especiais de acordo com o Manual de Práticas Recomendadas da Associação Brasileira de

Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e

Esterilização (SOBECC) (SOBECC, 2013).

Conserto/Reparo- Durante o processo de dobragem na empresa, as roupas que

necessitam de reparos devem ser separadas para serem encaminhadas para o setor de costura.

Caso não seja observada a necessidade de reparo pela empresa, ao chegar ao HUPE as roupas

danificadas são reparadas pelas costureiras disponibilizadas pela seção. Se o dano for passível

de reparo elas são transformadas,caso contrário, são descartadas.

Transporte- esse processo é realizado para a entrega de roupas limpas ao hospital e

para a retirada da roupa suja do mesmo. A empresa disponibiliza carro para transporte que são

revestidos com fibra de vidro e possuem sistema de travamento que garantem a higiene e a

integridade das peças até o destino, além de um sistema de monitoramento e comunicação.

. Quando não são carros diferentes, o transporte é feito por veículo onde possui

compartimentos separados de roupas sujas e limpas. Após a transportar roupa suja o mesmo

passa por um processo de lavagem e desinfecção.

Os profissionais que trabalham na empresa terceirizada são treinados e capacitados

para executar essas tarefas.

Identificação- A roupa limpa, recebida da empresa, é identificada de acordo com o

seu tipo/ utilização.

Caso perceba-se a ocorrência de dano, a roupa danificada é separada e embalada com

cores diferentes das que estão em perfeito estado, sendo, dessa forma, devolvida

separadamente à SRLAV para que ocorra uma nova avaliação e o seu reaproveitamento, se

for o caso.

Seleção/qualidade- o processo de seleção ocorre após a identificação das roupas

pelos funcionários que trabalham na seção, para verificar se a roupa apresentou alguma

mancha ou dano após o todo o processo de lavagem e higienização realizado pela empresa

terceirizada. As peças são levadas em uma gaiola transportadora para uma sala da seção onde

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é feita a seleção. Caso se note a presença de dano e o mesmo tenha sido provocado no HUPE,

a peça danificada será devolvida separadamente à SRLAV para que possa ser avaliada,

podendo ser reaproveitada para outros fins, dependendo do seu dano. Quando é percebida a

presença de sujidade, a empresa recolhe a peça para lavar novamente (processo chamado de

“relave”). Quando as roupas apresentam algum dano, a empresa faz uma análise e tenta

repará-lo, ao mesmo tempo, promove a substituição da peça danificada por uma nova.

Baixa- nesse processo é feito o registro das roupas que não servirão mais para uso,

tanto por danos provocados por diversos fatores, como por tempo de vida útil daquele tecido.

Sendo assim, essa quantidade será reduzida do total existente.

As peças danificadas, mas que apresentam condições de uso, são reaproveitadas. Por

exemplo, quando lençóis apresentam algum rasgo, eles são cortados e costurados em formatos

menores para serem utilizados como lençóis para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)

Neonatal, tapetes utilizados em banhos e panos empregados nos serviços de limpeza do

hospital. Em algumas circunstâncias, observa-se o reaproveitamento dos capotes cirúrgicos

que, por apresentarem pequenos furos na parte da frente, ficando impossibilitado de ser

usados no Centro Cirúrgico, são utilizados como vestimenta de proteção para realizar o

procedimento de banho em pacientes que permanecem nas enfermarias.

Distribuição - Separadas por andar, setor, enfermarias e turnos, as roupas são

distribuídas três vezes ao dia (períodos da manhã, tarde e noite), porém em setores em que a

rotatividade de pacientes é muito grande e a quantidade de roupa fornecida não é suficiente.

Podendo ser realizada em outros horários, conforme solicitação.

Às vezes, ocorre a necessidade do uso das peças novas (já higienizadas) que estão no

estoque. Essas peças, ao serem retiradas do estoque para uso, são datadas com canetas

especiais no próprio tecido, para que possa ser feita a rastreabilidade (que ocorre de 3 em 3

meses). Há, ainda, um controle de sua durabilidade, verificando o tempo de vida útil daquela

roupa.

O fluxo do enxoval nas unidades hospitalares do HUPE é bastante variável, pois

ocorre conforme a demanda exigida de cada setor. Alguns exigem que uma grande quantidade

de roupa seja disponibilizada conforme o tipo de serviço realizado. Como exemplo, podemos

citar o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) Geral, no qual o paciente que está internado

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precisa de cuidados muito específicos e grande atenção na prevenção de complicações futuras,

o que aumenta o volume de troca do enxoval durante a internação.

Outra unidade de grande fluxo é o Centro Cirúrgico, pois a cada cirurgia realizada,

um grande número de kits de roupas hospitalares é disponibilizado, tanto para serem usados

nos procedimentos quanto para os profissionais que irão participar da cirurgia, visto que se

trata de um hospital universitário e muitos residentes acompanham a realização desses

procedimentos.

As unidades do HUPE que realizam procedimentos como hemodiálise e

quimioterapia e as enfermarias da especialidade Clínica Médica exigem uma grande

disponibilidade de roupas, pois apresentam grande rotatividade de pacientes e altos índices de

sujidade dos lençóis, sendo necessárias várias trocas dos itens do enxoval em um determinado

dia.

Por ser um setor de grande produtividade, foi disponibilizado para o Centro

Cirúrgico um funcionário para fazer a gestão dos enxovais dessa unidade hospitalar, pois essa

exige um maior controle e verificação das peças, tendo em vista que antigamente esse serviço

era realizado pela enfermagem e causava um grande impacto na produção.

De acordo com procedimentos internos , o funcionário que realiza a distribuição da

roupa limpa não pode ser o mesmo recolher a roupa suja. Caso faça as duas funções, o

funcionário precisa fazer toda a higiene necessária para o desenvolvimento da outra atividade,

tendo como principal identificação a diferença de cor do uniforme.

Os processos produtivos de um Serviço de Rouparia e Lavanderia hospitalar são de

suma importância para o funcionamento da Unidade. Uma vez que o funcionamento adequado

contribui para a diminuição do risco de infecções, bem-estar dos pacientes e toda a

comunidade hospitalar.

2.2 Processos administrativos que fazem parte da estrutura da Seção de Rouparia e

Lavanderia

Assim como os processos produtivos, os administrativos também são de vasta

importância para o funcionamento da SRLAV e do todo o complexo hospitalar. Na maioria

das vezes eles são desenvolvidos por pelas funcionárias do quadro efetivo do HUPE ou então

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sob supervisão da Chefe da Seção de Rouparia e Lavanderia. Segue abaixo os processos

administrativos desenvolvidos por essa seção.

Figura 3 –Fluxograma dos Processos administrativos realizados na Seção de Rouparia e

Lavanderia/ HUPE

Fonte: Elaborada pela autora, 2017.

2.2.1 Registro de estoque

Todos os insumos recebidos na seção de estudo são estocáveis. O material recebido

é registrado em planilhas de controle do Serviço e após são destinados de acordo com a

demanda. São registradas as entradas, distribuição de peças às Unidades hospitalares. São

realizados pelos funcionários terceirizados, sob a supervisão das servidoras efetivas.

A partir dos registros, podem ser verificadas informações de grande relevância.

Dados como o ponto de ressuprimento do estoque; quando deve ser emitida nova Nota de

Empenho para aquisição de parcelas contratuais; o momento da baixa de estoque de

determinado insumo, além de registrar o insumo reaproveitado a partir da transformação em

outro.

2.2.2 Inventário

Vale destacar que como as roupas hospitalares são insumos que podem ser

estocáveis, elas devem ser inventariadas.

Na Seção de Rouparia, o inventário é realizado de 6 em 6 meses e toda a roupa que é

retirada de uso (por questões de qualidade), também é registrada no inventário para que a

contabilização das roupas seja realizada corretamente.

A função do controle não diz respeito apenas a prazos e a evitar o desabastecimento

dos estoques, envolve também a verificação da correta aplicação dos recursos públicos. E o

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fato de se tratar de um recurso público, a responsabilidade dos agentes que realizam esse tipo

de controle deve ser maior.

2.2.3 Aquisição de roupas/ enxovais hospitalares

O enxoval hospitalar é adquirido diretamente pelo HUPE e são alocados fisicamente

na SRLAV/HUPE. Os serviços de lavanderia e gerenciamento do enxoval são realizados por

uma empresa terceirizada.

Por se tratar de órgão público as aquisições de insumos e de serviços são processadas

através de licitação. A modalidade de licitação mais comum para os insumos e serviços da

dessa seção é o pregão eletrônico.

Todo o enxoval hospitalar, bem como os serviços de lavanderia, tem como objetivo

evitar os riscos de contaminação. Assim sendo, eles obedecem a Normas Técnicas específicas

de fabricação, bem como de processos de serviços.

Considerando a morosidade dos processos de licitação e as especificidades dos

insumos/serviços de rouparia e lavanderia, bem como a importância para a viabilidade da

prestação de serviços hospitalares como um todo é necessário que seja realizado um bom

planejamento, observando critérios: custos; prazos de validade de contrato de prestação de

serviços; giro de estoque de insumos; desgaste natural de tecidos; unidades de maior

consumo; quantidade de leitos disponíveis; saldos orçamentários.

Tem sido avaliada a utilização de roupas descartáveis. Apesar da praticidade, os

custos a serem suportados são altos, por isso poucos itens foram substituídos por descartáveis.

A opção pela terceirização dos serviços de lavanderia e gerenciamento de enxoval

levou em conta a estrutura física e de pessoal do hospital, além dos custos. Para realizar a

adaptação do espaço físico, a compra do maquinário e a alocação de pessoal para a

operacionalização, seguindo as Normas de Vigilância Sanitária, o hospital teria que ter muitos

recursos alocados na rubrica orçamentária de investimentos, o que não é uma realidade.

2.2.4 Gestão de contratos

As aquisições de serviços e insumos são feitas através de licitação, na modalidade

pregão eletrônico. Após a conclusão do pregão é formalizado um contrato com a empresa

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vencedora. O controle desse contrato é feito pelas servidoras efetivas do SRLAV. São

registradas em planilhas as informações principais do contrato, como prazo de vigência,

quantitativo a ser fornecido em parcelas e Notas de Empenho emitidas.

Quando necessário, é aberto um novo processo de aquisição com antecedência

mínima de 6 meses do término do contrato.

2.2.5 Gestão Financeira

Esse tipo de gestão é realizado pelas servidoras efetivas em sua parte inicial,

com a montagem dos processos administrativos de pagamento. Após a prestação de serviço e

fornecimento dos insumos, as Notas Fiscais são conferidas e atestadas e incluídas em um

processo administrativo, juntamente com a Nota de Empenho. Este processo é enviado ao

Controle Interno para liquidação (estágio da despesa pública) e após à Tesouraria para efetivar

o pagamento. Esse pagamento é feito através de uma Ordem Bancária.

A emissão da Nota de Empenho, a liquidação e a emissão da Ordem Bancária são

processadas em um sistema informatizado da Administração Pública Estadual. Atualmente é

utilizado o SIAFI-RIO.

2.2.6 Gestão de Pessoal

É feita pela empresa terceirizada sob a supervisão das servidoras efetivas. A Chefe

da seção informa as tarefas a serem realizadas e a empresa aloca os profissionais. O controle

de presença, férias, escalas de serviço é realizado por representante da empresa terceirizada.

Essas tarefas, bem como o quantitativo de profissionais fazem parte do edital de

licitação da terceirização dos serviços de lavanderia.

Mesmo com todo o esforço para uma boa execução dos processos por parte da

gestora e os funcionários que lá trabalham, as atividades são ainda são realizadas de forma

bastante deficiente.

A SRLAV não dispõe de sistemas contábeis informatizados para a gestão das

atividades realizadas pela seção. A maior parte dos dados é registrada de formal manual em

meios impressos e armazenada no arquivo físico do HUPE. Não há disponibilidade de um

banco de dados para o registro de todas as informações que seriam importantes para o bom

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gerenciamento da seção administrativa. Poucos dados são armazenados em planilhas

eletrônicas.

A seção também não dispõe de computadores e de pessoal em quantidade suficiente

para haja esse manejo, o que dificulta o gerenciamento do enxoval e sua distribuição das

roupas entre os setores do HUPE.

Essas circunstâncias interferem diretamente no controle e na qualidade de todo o

planejamento realizado, pois não são dados de fácil obtenção e nem sempre correspondem à

rotina administrativa, pois os mesmos podem ser perdidos e assim interferindo no controle.

3 - Referencial Teórico

A Seção de Rouparia e Lavanderia é um serviço de apoio aos pacientes e

profissionais, responsável pelo processamento e gerenciamento da roupa hospitalar e sua

distribuição em perfeitas condições de higiene e conservação para todas as unidades

hospitalares, sendo essencial para o cumprimento da missão do HUPE, já que atua na

prevenção e redução do índice de infecções e tem como atividade principal a oferta de roupas

para os clientes internos e externos.

A mesma atende às diversas Unidades Clínicas, Cirúrgicas e Ambulatoriais. Apesar

de ser considerada uma unidade de apoio, podemos defini-la como um setor-chave, visto que

a interrupção de suas atividades, sejam às referentes à aquisição de roupa hospitalar ou a

suspensão dos serviços inerentes à lavagem, pode inviabilizar o funcionamento do Hospital

como um todo, gerando graves prejuízos à população assistida.

O HUPE, por seu turno, é uma unidade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

(UERJ), que é um órgão público da Administração Indireta do Estado do Rio de Janeiro. Os

órgãos públicos, conforme determina o inciso XXI do Artigo 37 da Constituição,

regulamentado pela Lei 8.666/1993, devem realizar suas aquisições de bens, serviços e obras

através de licitação. A definição de licitação, de acordo com, Hely Lopes Meirelles, é a

seguinte:

[...] procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona

a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Visa a propiciar iguais

oportunidades aos que desejam contratar com o Poder Público, dentro dos padrões

previamente estabelecidos pela Administração, e atua como fator de eficiência e de

moralidade nos negócios administrativos. É o meio técnico-legal de verificação das

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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melhores condições para execução de obras e serviços, compra de materiais, e

alienação de bens públicos. (MEIRELLES, 2005, p.19 e 20)

Vale ressaltar que as aquisições públicas atualmente são feitas em portais de compras

na rede mundial de computadores (internet), o que exige um pré-cadastro do material em uma

base de dados para que a compra possa ser efetivada. A plataforma mais conhecida é o

Comprasnet do Governo Federal. O Estado do Rio de Janeiro dispõe do Sistema Integrado de

Gestão de Aquisições (SIGA), caracterizado por algumas funcionalidades como Catálogo de

Materiais e Serviços, Cadastro de Fornecedores, Banco de Preços e Relatórios Gerenciais.

Em geral, a modalidade de licitação que a SRLAV/HUPE faz uso para adquirir

roupas hospitalares é o pregão eletrônico, regulamentado pela Lei nº 10.520, de 17 de julho de

2002. Em alguns casos, essa licitação é inexigível ou dispensável, de acordo com as situações

previstas nos incisos dos artigos 24 e 25 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de1993.

Para ser feita de modo eficiente, as aquisições de insumos/serviços devem ser

planejadas levando-se em conta um período de abastecimento de 12 meses, tendo como base o

ano anterior e também a média do ano de maiores produtividades e o processo de licitação

deve ser montado com uma anterioridade de 6 meses do término do contrato vigente. De

acordo com Idalberto Chiavenato: “O planejamento é a primeira das funções administrativas e

é a que determina antecipadamente quais são os objetivos a serem atingidos e como alcançá-

los” (CHIAVENATO, 2004, p. 152).

É importante ressaltar que o planejamento, no contexto das compras públicas, tem

sido reiteradamente enfatizado por órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União

como um meio para que os órgãos e as entidades públicas alcancem seus objetivos

estratégicos e assegurem a eficiência na gestão dos insumos que mobilizem um montante

significativo de recursos financeiros (MAMEDE, 2013).

Um documento de grande importância, confeccionado na fase do planejamento e que

faz parte do processo é o Termo de Referência, pois nele estarão contidas todas as

informações necessárias à aquisição, além de estabelecer os termos em que o serviço deverá

ser prestado ou produto deverá ser entregue pelas empresas licitantes. Realizada a aquisição,

os insumos são armazenados em estoques e passam a estar sujeitos à realização de

inventários. Conforme Lino Martins:

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

17

O inventário é o arrolamento dos direitos e compromissos da Fazenda Pública

feito periodicamente com o objetivo de conhecer a exatidão dos valores que são

registrados na contabilidade e que formam o Ativo e Passivo ou, ainda, com o

objetivo de apurar a responsabilidade dos agentes sob cuja guarda se encontram

determinados bens.[...] devem ser levantados não apenas por uma questão de rotina

ou de disposição legal, mas também como medida de controle, tendo em vista que os

bens neles arrolados não pertencem a uma pessoa física, mas ao Estado, e precisam

estar resguardados quanto a quaisquer danos” (SILVA, 2004, p.262).

Segundo o Manual de Processamento de roupas em serviços de saúde (ANVISA,

2009), a unidade de processamento da roupa de serviços de saúde é considerada um setor de

apoio que tem como finalidade coletar, pesar, separar, processar, confeccionar, reparar e

distribuir roupas em condições de uso, higiene, quantidade, qualidade e conservação a todas

as unidades do serviço de saúde. As roupas hospitalares têm sua nomenclatura padronizada

por meio da NBR 13546 (ABNT, 1996b).

Conforme Manual de Lavanderia Hospitalar (BRASIL, 1986) a quantidade de roupa

necessária no hospital varia de 4 a 6 mudas por dia e a operacionalização da lavanderia

abrange todo o circuito da roupa, desde a sua utilização nas diversas unidades do hospital,

passando pela coleta da roupa suja nessas unidades, até sua redistribuição após o devido

processamento.

Por questões diversas, algumas unidades públicas de saúde optam por terceirizar a

prestação de serviços de lavanderia. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego,

“terceirização é a contratação de serviços por meio de empresa, intermediária entre o tomador

de serviços e a mão de obra, mediante contrato de prestação de serviços” (MINISTÉRIO DO

TRABALHO E EMPREGO, 2001, p.31).

Por se tratar de uma unidade “chave” para a viabilidade da prestação de serviços

hospitalares, o SRLAV deve ter um bom gerenciamento, exigindo, assim, um controle rígido

de todas as atividades inerentes a ele. Principalmente quando se trata da análise e melhoria de

seus processos, sejam eles administrativos ou produtivos.

Entender como funcionam os processos e quais são os tipos existentes é importante

para determinar como eles devem ser gerenciados para a obtenção do máximo resultado.

Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e deve ser gerenciado de maneira

específica. Os processos devem ter capacidade de resposta aos estímulos semelhante à

demonstrada pelas criaturas vivas (MARTIN, 1996).

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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De forma resumida definiu-se processos como um grupo de atividades realizadas

numa sequência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para

um grupo específico de clientes (HAMMER e CHAMPY, 1994).

Para um melhor acompanhamento dessas produções (de um bem ou serviço) e

melhoria significativa no desempenho de suas funções, muitas organizações como exemplo a

empresa multinacional General Eletric, segundo Hunt (1996), foram se aprimorando de

acordo com suas necessidades e construindo modelos que pudessem levar ao alcance dos

objetivos propostos e dessa maneira, criando o mapeamento de seus processos, utilizado para

descrever, em fluxogramas e textos de apoio, cada passo vital dos seus processos. Processos

esses, que podem ser descritos como administrativos, produtivos, de negócio (como é o caso

da General Eletric), entre uma infinidade de áreas.

Vimos ao longo deste relatório técnico a avaliação de processos bem parecidos, mas

que possuem diferentes funções.

O processo produtivo pode ser definido como o conjunto de operações e fases

realizadas sucessivamente e de maneira planificada que são necessárias para a obtenção de um

bem ou serviço. (CONCEITOS, 2017).

O processo administrativo está diretamente ligado ao ato de administrar. Segundo

Chiavenato (2000) a Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o

uso de recursos a fim de alcançar objetivos. Chiavenato (2000, p. 5) ainda complementa o

conceito de Administração dizendo que “[...] a tarefa básica da Administração é a de fazer as

coisas por meio de pessoas de maneira eficiente e eficaz”

O mapeamento de processo consiste numa forma/técnica organizada de uma

organização manter o controle de entrada, acompanhamento e saída de seus processos/

atividades para melhor gerenciamento de suas demandas. Seria uma ferramenta gerencial

analítica e de comunicação que têm a intenção de ajudar a melhorar os processos existentes ou

de implantar uma nova estrutura voltada para processos. A sua análise estruturada permite,

ainda, a redução de custos no desenvolvimento de produtos e serviços, a redução nas falhas de

integração entre sistemas e melhora do desempenho da organização, além de ser uma

excelente ferramenta para possibilitar o melhor entendimento dos processos atuais e eliminar

ou simplificar aqueles que necessitam de mudanças (HUNT, 1996).

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Esse controle é fundamental para diversas melhorias no processo de

desenvolvimento, é um mecanismo essencial de gestão e comunicação, onde podemos

descobrir novos passos para o amadurecimento e progresso da organização através de

avaliações que irão apontar, priorizar e compreender os problemas.

O mapeamento visa principalmente identificar, entender e conhecer os processos

existentes e melhorar o nível de satisfação do cliente ou até mesmo da instituição, agregar

qualidade dos produtos ou serviços, reduzir custos e aumentar desempenho do negócio.

Em um mapa de processos consideram-se atividades, informações e restrições de

interface de forma simultânea. A sua representação inicia-se do sistema inteiro de processos

como uma única unidade modular, que será expandida em diversas outras unidades mais

detalhadas, que, conectadas por setas e linhas, serão decompostas em maiores detalhes de

forma sucessiva. Esta decomposição é que garantirá a validade dos mapas finais. Assim

sendo, o mapa de processos deve ser apresentado em forma de uma linguagem gráfica que

permita (HUNT, 1996:15):

• Expor os detalhes do processo de modo gradual e controlado;

• Encorajar concisão e precisão na descrição do processo;

• Focar a atenção nas interfaces do mapa do processo;

• Fornecer uma análise de processos poderosa e consistente com o vocabulário

do design.

Esta linguagem gráfica necessária ao mapeamento de processos encontra-se em uma

variedade de ferramentas de análise disponíveis para auxiliar o analista de processo. Estas

ferramentas foram desenvolvidas durante um longo tempo, ocorrendo a adequação entre

grupos de ferramentas e metodologias de mudança e reestruturação de processos, sendo que

houve um desenvolvimento paralelo e mais rápido das ferramentas baseadas em computador

(JOHANSSON et al., 1995).

De acordo com a estrutura oferecida pela organização e seu nível de

desenvolvimento, informatização e tecnologia, os mapeamentos podem ser realizados de

forma estruturada e mais complexa, o que facilitará o gerenciamento e possibilitará o alcance

de bons resultados.

Nesse contexto, objetivo específico foi analisar os processos administrativos e

produtivos desenvolvidos na SRLAV, verificando seus principais indicadores tanto

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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quantitativos quanto qualitativos empregados na gestão das atividades desse órgão, de modo a

propor ações que auxiliem na promoção da qualidade do serviço prestado. Com base nessas

propostas, espera-se que a seção estudada obtenha melhoria em todo seu sistema de gestão,

observando seus potenciais e reformulando/construindo métodos para eliminar seus impasses.

4- Metodologia

Essa pesquisa foi configurada como estudo de caso, exploratório e descritivo, que

incluiu a aplicação de questionário a chefe da seção (ANEXO 1), de modo a verificar

perspectivas e condutas realizadas no órgão, através da identificação, registro e análise das

características dos fatos existentes .

5 – Plano de Ação

Com base nos aspectos detalhados no tópico 2 (e nos respectivos subtópicos) deste

RT, foram elaboradas sugestões para o melhoramento dos processos realizados pelo SRLAV,

que são destacadas a seguir.

Para garantir maior eficiência da gestão do Serviço de Rouparia e Lavandeira

(SRLAV) do Hospital Universitário Pedro Ernesto, algumas medidas precisam ser mantidas

no processo e outras serem adotadas, entre elas:

1. Conscientização dos profissionais da área de saúde quanto à utilização da roupa

hospitalar;

2. Implantação de sistema informatizado de gestão;

3. Aumento da equipe administrativa;

4. Manter a terceirização do serviço de lavanderia;

5. Melhorias na estrutura administrativa;

6. Manter o processo de reaproveitamento do enxoval;

7. Controle de entrada e saída do enxoval no estoque;

8. Melhoria no processo de distribuição da roupa hospitalar;

9. Melhoria no fluxo da informação.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Para que possamos ter um retrato objetivo das melhorias e garantir a confiabilidade e

consistência das informações levantadas, através de observações da rotina da seção, foram

criados planos de ação de acordo com a ferramenta 5W2H, como podemos verificar na figura

a seguir.

Figura 4: Plano de Ação da Seção de Rouparia e Lavanderia Através da Ferramenta 5W2H

O que fazer (What)

Onde (Where) Por quê(Why) Quando (When)

Quem (Who) Como (How) Quanto (How much)

Conscientização dos profissionais da área de saúde

quanto a utilização da

roupa hospitalar

Disciplina de Enfermagem; Faculdade de

Ciências Médicas

Para que desde a formação, os acadêmicos entendam a

necessidade do uso racional da

roupa

Nos períodos de estágio acadêmico

Representante da Rouparia

Palestras e Seminários

Sem custo

Implantação de sistema

informatizado de gestão

SRLAV

Para tornar as tarefas mais

eficientes, bem como criar uma

memória do Setor.

Imediatamente

Departamento de Tecnologia e Informação

do HUPE

Através da criação de programas de

informática, conforme

necessidade do Setor

Sem custo

Aumento da equipe

administrativa SRLAV

Para que as tarefas

administrativas e de controle sejam feitas apenas por servidores

efetivos

Imediatamente Direção Geral

Através de remanejamento da

lotação de servidores para o

SRLAV

Sem custo

Manter a terceirização do

serviço de lavanderia

Empresa terceirizada

Porque o HUPE não possui

estrutura física, de pessoal e

maquinário para implantação de uma Lavanderia

Hospitalar

A cada 5 (cinco) anos), devido ao dispositivo legal do art. 57

da Lei de Licitações

Direção de Hotelaria

Hospitalar

Através de formalização de

contrato administrativo, após realização

de licitação

Estimado em R$ 1.600.000,00

Melhorias na estrutura

administrativa SRLAV

Para melhores condições de trabalho aos profissionais

Imediatamente Direção de Hotelaria

Hospitalar

Reforma no espaço físico e aquisição de

equipamentos

Variável de acordo com o projeto arquitetônico.

Estimado em R$ 100.000,00

Manter o processo de

reaproveitamento do enxoval

SRLAV Para diminuir

custos Imediatamente

Representante da Rouparia

Com transformação

das roupas impróprias para sua finalidade mas que não

estão condenadas ao descarte, em outras peças.

Sem custo

Controle de entrada e saída do enxoval no

estoque

SRLAV

Para melhor gerenciamento

de enxovais disponíveis ou

em uso

Imediatamente

Funcionário efetivo do

HUPE lotado na SRLAV

Através da implantação de um sistema de

código de barras e marcações nos enxovais para

monitoramento

R$416.767,00 (Equipamentos +

instalação + etiquetas)

Melhoria no processo de

distribuição da roupa hospitalar

HUPE

Para tornar o processo de

distribuição mais eficiente

Imediatamente Direção de Hotelaria

Hospitalar

Através da criação de centros de

distribuição por andar

De acordo com o projeto arquitetônico.

Estimado em R$ 300.000,00

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Melhoria no fluxo da informação

HUPE

Para dar mais agilidade no

abastecimento e na prestação de

serviços

Imediatamente Todas as

Unidades Do HUPE

Através de palestras/reuniões e com a edição de normas internas que auxiliem na

rapidez da informação

Sem custo

Fonte: Elaborado pela Autora, 2017.

A conscientização dos profissionais, quanto ao uso adequado do enxoval é de grande

importância, pois diminui a evasão da roupa hospitalar e contribui para maior controle do

risco de contaminação e também reduz a perda de peças por uso inadequado.

Assim sendo, verificou-se que a realização de palestras e seminários, junto aos

acadêmicos das diversas áreas de saúde, no momento da realização de seus internatos, seria

um bom meio de fazê-los compreender a importância da correta utilização da roupa

hospitalar, desde o período de conclusão de seus estudos. Um representante do SRLAV

poderia presidir as palestras e seminários, assim não haveria custos extras para a instituição.

Com o mesmo objetivo, porém com o foco nos setores e profissionais staffs do

HUPE, é feita a proposta de melhoria no fluxo de informações referente a roupa hospitalar,

com a realização de palestras, seminários e edição de Normativas Internas. Esta ação também

não é onerosa.

As ações citadas anteriormente impactam na proposta de manutenção do

reaproveitamento do enxoval. Com as informações circulando com maior rapidez e com os

profissionais periodicamente treinados, o reaproveitamento de enxoval poderia ser feito em

maior volume para peças danificadas por manchas ou qualquer outro tipo dano que não fosse

a má utilização.

Para que a seção em destaque realize suas atividades, com maior eficiência,

minimizando erros e mantendo uma memória do setor, é proposto um conjunto de ações que

impactam na gestão dos contratos, na gestão financeira, na gestão de pessoal, além do

abastecimento das roupas. Para a efetivação de algumas delas será necessário um aporte

financeiro.

Atualmente, o setor possui apenas duas servidoras públicas efetivas e os demais

profissionais são terceirizados, a área física onde o setor está lotado carece de reformas e

organização do layout, faltam equipamentos de informática e o mobiliário utilizado é antigo,

os registros de controles são feitos de forma manual em fichas arquivadas no setor. Mesmo

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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com o empenho da equipe e atenção redobrada para com os prazos de contratos e de

ressuprimentos e rastreabilidade do enxoval, o risco de erros e perda de informações é

palpável.

Para manter a memória do setor e facilitar as atividades de registros dos controles,

sugere-se o desenvolvimento de um sistema informatizado de gestão hospitalar voltado para a

Seção de Rouparia e Lavanderia, o qual seria desenvolvido pelo Departamento de Tecnologia

e Informação pertencente ao HUPE (sem custos para a instituição) e a introdução de um

sistema de código de barras, pois acarretariam benefícios significativos, uma vez que todos os

dados necessários para a elaboração de planejamentos estratégicos estariam facilmente

disponibilizados, com valores bem próximos à realidade administrativa e à quantidade ideal

para as aquisições públicas. Isso também poderia diminuir o tempo disponível para gerenciar

todo o enxoval, deixando a gestora responsável pela seção mais livre para realizar atividades

menos operacionais.

Aumentar a equipe administrativa, com o remanejamento de servidores para essa

seção é uma medida importante. Assim as responsabilidades seriam divididas e não haveria

sobrecarga de tarefas, além de que o funcionamento da mesma não ficaria concentrado na

empresa terceirizada.

Muitas atividades administrativas e de controle são realizadas por funcionários da

empresa terceirizada. Durante o período de agravamento da crise financeira do Estado do Rio

de Janeiro, com grandes atrasos de pagamento de empresas prestadoras de serviços, além do

atraso no pagamento de salário dos servidores, por várias vezes o funcionamento do SRLAV e

do HUPE como um todo foi prejudicado, e em alguns momentos quase foi inviabilizado.

Com a lotação de servidores administrativos efetivos, a empresa terceirizada faria

apenas as atividades operacionais. E em momentos de crise, poderiam ser realizadas escalas

de dias de trabalho para os servidores, evitando a paralisação completa do setor.

A efetivação dessa ação deve ser realizada pela Direção Geral.

Para que haja melhores condições de trabalho e melhor distribuição do espaço físico

do setor, é proposto a realização de reforma nas instalações e compra de equipamentos de

informática e substituição do mobiliário.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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É importante também permanecer com a terceirização do serviço de lavanderia, visto

que a instituição não possui infraestrutura adequada, como espaço físico e maquinários

necessários à prestação desse serviço com qualidade e atendendo as exigências da ANVISA.

Além de não ter pessoal suficiente para exercer essa função. Ressalte-se que por se tratar de

órgão governamental, as contratações para compor o quadro de funcionários devem ser feitas

por concurso público e os cargos devem estar previstos no organograma da instituição, o que

não é o caso do HUPE/UERJ, dificultando o aumento da força de trabalho.

É feito um edital de licitação para prestação de serviços de lavanderia e quando

conhecida a empresa vencedora é assinado um contrato que pode ser prorrogado por até cinco

anos, conforme dispositivo legal da Lei de Licitações. Neste edital estão descritos todos os

critérios a serem observados pelas empresas e cabe a Direção de Hotelaria Hospitalar a

responsabilidade de controlar os prazos de autuação de processos licitatórios, para que não

haja a interrupção da prestação de serviços de lavanderia, com a vigência dos contratos.

Deve-se, ainda, considerar a criação de centros de distribuição de roupas por andar

da instituição, pois esse procedimento diminuiria o volume do enxoval na Seção de Rouparia

e Lavanderia, além de contribuir para a melhoria no fluxo das informações. Assim, o

gerenciamento das roupas se tornaria mais fácil, com maior controle, e as pessoas que

trabalham nesses centros teriam mais conhecimento sobre as necessidades demandadas das

unidades hospitalares que se localizam nos respectivos andares do HUPE.

6- Conclusão

Este Relatório Técnico teve como objetivo oferecer sugestões de melhorias para o

funcionamento eficaz da Seção de Rouparia e Lavanderia do Hospital Universitário Pedro

Ernesto, através da identificação e análise dos seus processos de gestão.

Como instituição de grande relevância para a população que por ela é atendida e

para todos os profissionais que nele desenvolvem suas atividades profissionais e acadêmicas,

o HUPE é um estabelecimento de saúde de referência para diversos procedimentos

ambulatoriais e hospitalares no âmbito da rede de serviços de saúde do estado do Rio de

Janeiro e do Brasil.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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O hospital apresenta em sua estrutura organizacional a Seção de Rouparia e

Lavanderia. Essa é uma área de apoio de extrema importância e serve de base para o

desempenho das demais unidades hospitalares, visto que a prestação de seus serviços impacta

no funcionamento do hospital.

Neste RT foram mapeados processos produtivos e administrativos dessa seção,

verificaram-se dificuldades encontradas e ações foram propostas, a fim de contribuir com

melhorias para que a instituição aperfeiçoe a prestação de seus serviços tanto aos usuários do

SUS quanto para os profissionais de saúde que estão vinculados a essa unidade hospitalar,

visto que a falta de recursos e de planejamento nessa seção inviabilizam o funcionamento do

hospital.

7 – Referências Bibliográficas

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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(SOBECC): Práticas recomendadas - SOBECC. São Paulo: Sobecc, 6 ed, 2013.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

1

ANEXO 1- Questionário realizado com a chefe do Serviço de Rouparia e Lavanderia.

1. Quais são as principais atividades e processos administrativos realizados no

contexto do SRLAV/HUPE?

Os principais processos administrativos do SRLAV/HUPE são recebimento, contagem,

pesagem, seleção (triagem) e distribuição de roupas hospitalares. Por mês, esse órgão

recebe e distribui entre uma tonelada a uma tonelada e duzentos gramas de roupas. Em

geral, a organização do enxoval hospitalar ocorre no dia anterior. Essa organização se

dá conforme cores e segue os parâmetros da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) e da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA). Há o registro da

quantidade de roupas em livros e planilhas eletrônicas. Os itens do enxoval são

distribuídos por turnos (manhã, tarde e noite). O manuseio das roupas é realizado de

acordo com Boas Práticas de Gestão Hospitalar e os profissionais da SRLAV fazem

uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI).

2. SRLAV/HUPE terceiriza algumas de seus serviços?

Sim. O SRLAV/HUPE mantém contrato administrativo com empresa terceirizada que

fornece as roupas “higienizadas”. A empresa, ainda, auxilia o HUPE na gestão e no

controle do enxoval.

3. Há algum controle do fluxo e do enxoval hospitalar?

Sim. O fluxo do enxoval hospitalar ocorre por meio do registro em planilhas

eletrônicas da movimentação das roupas. Evidencia-se, assim, um esforço do SRLAV

em assegurar a rastreabilidade das roupas de pacientes e dos profissionais de saúde. A

rastreabilidade é importante, pois as roupas hospitalares, via de regra, têm um prazo de

validade de três meses.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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4. O enxoval hospitalar é inventariado? Se sim, de quanto em quanto tempo o

inventário é realizado?

Sim. O inventário do enxoval hospitalar é realizado de seis em seis meses.

5. Como as roupas hospitalares são adquiridas?

As roupas adquiridas mediante processo de licitação pública (às vezes, com dispensa

de licitação), em conformidade com as normas previstas na Lei nº 8.666, de 21 de

junho de 1993.

6. Como as aquisições são planejadas?

As aquisições são planejadas conforme a ocupação dos leitos e a demanda média dos

anos anteriores, com preferência, para os anos em que a demanda é mais elevada.

Nesse sentido, o SRLAV obtém informações de demais setores do HUPE. Em passado

recente, o SRLAV comprava com alguma margem de segurança (25% a mais), mas,

atualmente, isso não é mais viável, em virtude das restrições orçamentárias.

7. Quais critérios são empregados na compra das roupas adquiridas?

Em geral, os critérios empregados são preço e qualidade. O SRLAV faz uso de termo

de referência para aquisições de roupas hospitalares, conforme preconiza a Lei nº

8.666/1993. Há a constatação de que se deve haver mais padronização nas compras

dos itens do enxoval hospitalar.

8. O valor despendido com a compra do enxoval hospitalar equivale ao fixado no

orçamento do HUPE?

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Não, pois, no atual contexto de crise e restrição orçamentária, nem sempre o que é

fixado como despesa orçamentária converte-se em aquisição de recursos financeiros

para realizar as compras públicas. Ressalte que não há, no HUPE, uma equivalência

mais sistemática entre o orçamento fixado e o valor das compras.

9. Como se dá a relação entre o setor de rouparia do HUPE com a lavanderia, com

os setores de compras e de orçamento desse hospital?

Há uma relação positiva do SRLAV com o setor de compras e de orçamento do

HUPE, embora seja importante destacar que há mais adequação com o serviço de

compras do que com o de orçamento. Há necessidade de mais planejamento

orçamentário nas aquisições, apesar de a situação de crise econômica que passa o país

tenha aproximado o SRLAV do setor de orçamento, sobretudo na definição de

prioridades na alocação de recursos.

10. Como se dá a reposição das roupas utilizadas no HUPE?

A reposição ocorre com base em informações registradas em planilhas eletrônicas que

controlam a vigência dos contratos e o volume do estoque (abaixo de 50% desse

volume é o indicador para se fazer novas aquisições). A reposição é realizada com

antecedência de seis meses. No momento, o volume do estoque está alto, pois os leitos

não estão plenamente ocupados.

11. É feito algum registro contábil do material estocado?

Não há registro contábil do enxoval hospitalar, embora o SRLAV realize o controle do

estoque e da movimentação das roupas em planilhas eletrônicas que trazem as

seguintes informações: número de notas fiscais, quantidade de entrada e quantidade de

saída.

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12. Informe se o SRLAV considera que o mercado de lavanderias industriais constitui

um mercado único, ou se ele pode ser dividido em segmentos, como por exemplo:

lavanderia hospitalar (para estabelecimentos de saúde); segmento hoteleiro; e

segmento industrial.

Trata-se de um mercado único, pois a rouparia tem que ser higienizada independente

do segmento em questão. Ou seja, a segmentação (parte hoteleira e hospitalar) deve

atender a normas técnicas de higiene e de qualidade.

13. Para o cliente final, os serviços prestados por diferentes segmentos de lavanderias

são substituíveis entre si? Ou seja, sua empresa poderia utilizar os serviços de

uma lavanderia voltada para empresas industriais ou para estabelecimentos

hoteleiros, por exemplo?

São substituíveis sim. Tanto o setor hospitalar quanto o hoteleiro seguem as normas

da ANVISA e do Manual de Lavanderia Hospitalar, ou seja, é imprescindível a

higienização permanente dos itens do enxoval.

14. Explique como ocorre o processo de contratação/escolha de um fornecedor que

preste serviço de lavanderia industrial para a sua empresa. Quais são os fatores

considerados na escolha desse serviço e os atributos mais valorizados – preço,

qualidade, rapidez na prestação do serviço, etc? Há assinatura de contratos para a

aquisição desses serviços? Em caso afirmativo, como são esses contratos, no que

diz respeito à duração, facilidade ou não de rescisão, etc.

As compras ocorrem a partir da elaboração de projeto básico e de termo de referência,

com na base na Lei n° 8.666/1993, e segue as recomendações do Manual Técnico de

lavanderia Hospitalar. Os contratos também são disciplinados pela Lei nº 8.666 e a

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rescisão não é simples como a que se observa na iniciativa privada, pois segue uma

série de etapas antes de se efetivar.

15. O mercado de lavanderias para o setor de saúde é competitivo ou concentrado?

Há muitas empresas concorrendo nesse segmento?

Trata-se de um mercado “concentrado”, na medida em que há, na capital do Rio de

Janeiro, apenas três empresas que prestam esses serviços. Essa circunstância acarreta

dificuldades para realizar licitações em virtude das características do mercado. Dessa

forma, há poucos fornecedores que realizam um serviço de qualidade no mercado.