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12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 1
ISSN 1980-7406
ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA EMPRESA QUE ATUA NO
SEGMENTO DE COMBUSTÍVEIS
CRISTINA MARQUES, Anieli1
FERREIRA DE S. SILVA, Maycon2
SAURIN, Gilnei3
RESUMO
O objetivo deste artigo é realizar a análise econômico-financeira de uma empresa que comercializa combustível, onde tem por finalidade apresentar os indicadores financeiros e econômicos da empresa para a tomada de decisão.
Esses indicadores serão obtidos por meio dos índices de Liquidez, Estrutura de Capital e Rentabilidade. Para
realizar o trabalho utilizou-se da análise exploratória das principais demonstrações, sendo: Demonstração do
Resultado e Balanço Patrimonial, fornecidas pela empresa, tendo como referência os exercícios de 2011 a 2013.
Com a realização da análise, verificou-se que a empresa não possui uma situação financeira favorável, pois é
muito dependente de capitais de terceiros, com elevado nível de imobilização de seus recursos. Apesar de conseguir pagar suas obrigações de curto prazo, a empresa sente dificuldades quando estas se juntam com as
dívidas de longo prazo, não conseguindo quitar essas obrigações sem a utilização dos estoques. Devido à margem
líquida baixa e CMV elevado, o lucro obtido pela empresa com relação as suas vendas fica menor.
Palavras-chave: Análise. Demonstrações Contábeis. Indices.
FINANCIAL-ECONOMIC ANALYSIS OF A COMPANY THAT OPERATES IN
THE SEGMENT OF FUELS
ABSTRACT
The purpose of this article is to perform financial-economic analysis of a company that sells fuel, where it aims to
present the company's financial and economic indicators for decision making. These indicators will be obtained through the Liquidity ratios, Capital structure and Profitability. To perform the work used the exploratory analysis
of the main demonstrations, being: statement of income and balance sheet, provided by the company, having as
reference the exercises in 2011 to 2013. With the completion of the analysis, it was found that the company does not have a favorable financial situation, as it is very dependent on third-party capital, with a high level of
immobilization of their resources, thus unable to pay off its short-term and long-term obligations. Even with a low
liquid and CMV elevated, causes the company obtain less profit on your sales.
Keywords: Analysis. Financial Statements. Indices.
1. INTRODUÇÃO
Este Artigo tem o propósito de abordar a análise das demonstrações contábeis, por
meio da utilização de índices com enfoque na situação econômico-financeira da empresa
evidenciando o desempenho operacional de suas atividades, bem como os pontos fortes e
fracos de uma empresa que comercializa combustíveis.
Os dados coletados são dos anos de 2011, 2012 e 2013 e foram fornecidos pela
própria empresa.
A análise das demonstrações contábeis permite que os gestores tomem decisões
rápidas para solucionar os possíveis problemas, obtendo assim equilíbrio econômico e
financeiro.
Para realizar a análise da empresa do setor de comércio de combustíveis, utilizar-se
á, as principais demonstrações contábeis da empresa, e por meio destes relatórios serão
calculados índices que permitem verificar a situação econômico-financeira da empresa.
Neste sentido, para fins de análise serão utilizados os índices de Estrutura, Liquidez,
Rentabilidade, Prazos Médios e Necessidade de Capital de Giro.
1 Acadêmica do 8º Período de Ciências Contábeis – Faculdade Assis Gurgacz
E-mail: [email protected] 2Acadêmico do 8º Período de Ciências Contábeis – Faculdade Assis Gurgacz
E-mail: [email protected] 3Docente do Curso de Ciências Contábeis e Administração – Faculdade Assis Gurgacz E-mail: [email protected]
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A análise das demonstrações contábeis não engloba somente auxiliar na tomada de
decisões proporcionando assim uma visão geral do patrimônio atual da empresa, mas
também do seu passado e seu futuro. Diante deste contexto pergunta-se, qual é a situação
econômico-financeira da empresa que atua no segmento de comércio de combustíveis nos
períodos 2011, 2012 e 2013?
Desse modo, com os dados coletados na empresa, os cálculos dos índices e a
transformação dos indicadores em informações, será possível entender a situação
econômico-financeira da empresa, sendo apresentada por meio de relatório aos seus
gestores, para que seja possível buscar as melhores decisões como solução aos principais
problemas.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 ANÁLISE DAS DEMONTRAÇÕES CONTÁBEIS
De acordo com Assaf Neto (2012), a análise das demonstrações contábeis busca
relatar a situação econômico-financeira com base nas informações contábeis fornecidas
pelas empresas, que são elaborados no decorrer de um período, geralmente de 12 meses.
Para Silva (2012), por meio da análise das demonstrações contábeis, é possível
medir o comportamento econômico, financeiro e patrimonial da empresa. É possível ainda
efetivar comparações com as disposições das regiões ou das atividades onde a empresa
encontra-se implantada.
Assaf Neto (2012), afirma que as demonstrações contábeis são normalmente
utilizadas pelos usuários com intuito de obter informações acerca da situação do patrimônio
e os resultados da empresa, na qual possa auxiliar na tomada de decisão.
Sendo assim, é baseado nos fatos registrados pela contabilidade gerencial da
empresa, ou seja, o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado (DR).
Segundo Matarazzo (2010), o Balanço Patrimonial representa a situação do
patrimônio da empresa em determinado período de tempo, normalmente ao final de cada
exercício social. Para determinar essa situação, se faz necessário aplicar os conceitos dos
indicadores econômico-financeiros.
2.2 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS
Para Matarazzo (2010), o principal objetivo dos índices é fornecer resultados que
auxiliem na resolução dos diversos problemas da empresa.
Braga (2009, p.155) afirma que:
a análise com utilização de quocientes (também conhecidos como “índices”) é
bastante significativa, porquanto mostra relações importantes entre os vários
grupamentos patrimoniais e dos componentes do resultado do exercício, das origens e aplicações de recursos.
Segundo Alcantara (2010), a análise com a utilização dos índices é formada por dois
grupos, sendo eles índices financeiros e índices econômicos. No grupo dos indicadores
financeiros têm-se os índices de estrutura de capital e liquidez, e nos indicadores
econômicos tem-se o índice de rentabilidade.
2.2.1 Estrutura de Capital
Para Perez Junior (2009, p.252), “esse grupo de índices visa analisar a estratégia
utilizada pela empresa para a capacitação de recursos e alguns de seus direcionadores”.
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Savytzky (2009, p.75), afirma que:
a excessiva dependência de capitais alheios torna muito vulnerável a
normalidade dos negócios e, por outro lado os encargos financeiros consomem grande parte dos lucros operacionais, forçando a elevação dos preços e
diminuindo a competição no mercado.
De acordo com Perez Junior (2009) tais índices relatam o caminho para tomar as
melhores decisões financeiras para a aplicação de recursos e concessão de créditos. No
grupo da estrutura de capital destacam-se os índices de Participação de Capitais de
Terceiros, Composição de Endividamento, Imobilização do Patrimônio Líquido e
Imobilização de Recursos Não Correntes.
a) Participação de Capital de Terceiros
De acordo com Matarazzo (2010), o índice de participação de capital de terceiros
indica a proporcionalidade entre capitais de terceiros e capitais próprios, ou seja, quanto à
empresa tomou de capitais de terceiros para cada R$ 100,00 de capital próprio investido.
Segundo Matarazzo (2010), para calcular este índice utiliza-se a seguinte fórmula:
Participação de Capitais de Terceiros = apitais de erceiros
Patrim nio íquidox100
Nesse contexto Matarazzo (2010) comenta que a participação de capital de terceiros
evidencia o quando a empresa dependerá de capital de terceiros. O ideal é que a empresa
obtenha um equilíbrio entre recursos próprios e os recursos de terceiros.
b) Composição do Endividamento
De acordo com Perez Junior (2009), este índice indica o percentual de dívidas de
curto prazo comparado com as obrigações totais. Nesse contexto Perez Junior (2009),
comenta que no Brasil, devido à dificuldade de concessão de crédito de longo prazo, as
empresas apropriam suas dívidas no curto prazo, desta forma, as aplicações dos recursos de
curto prazo devem ser feitas nos ativos que obtenham uma rápida recuperação do
investimento. Para o cálculo deste indicador, utiliza-se a seguinte fórmula:
Composição do Endividamento = Passivo irculante
apitais de erceiros x 100
Na concepção de Matarazzo (2010), a composição do endividamento indica o nível
do endividamento de curto prazo, quanto maior pior, pois significa mais obrigações de
curto prazo.
c) Imobilização do Patrimônio Líquido
Savytzky (2009) entende que, quando a empresa imobiliza, se desfaz de valores que
poderiam ser utilizados como capital de giro de suas atividades. Este é o significado de
imobilização do patrimônio líquido.
Para efetuar o cálculo deste índice utiliza-se a seguinte fórmula:
Imobilização do Patrimônio Líquido = mobilizado
Patrim nio íquido x 100
Segundo Matarazzo (2010), este indicador permite identificar o quanto à empresa
aplica no imobilizado para cada R$ 100,00 de Patrimônio Líquido. Quanto menor, melhor.
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d) Imobilização de Recursos Não Correntes
De acordo com Silva (2012), este indicador permite identificar a fração dos recursos
não correntes que a empresa destinou no ativo não circulante, evidenciando o percentual
que a empresa possui de capital circulante próprio.
Para efetuar o cálculo deste indicador utiliza-se a seguinte fórmula:
I. R. N.C = tivo ão irculante
Patrim nio íquido Passivo ão irculante x 100
Na concepção de Silva (2012), este indicador aponta quanto de recursos não
correntes a empresa aplicou no Ativo Não Circulante. Quanto menor, melhor.
2.2.2 Índices de Liquidez
Ross (2002) conceitua a Liquidez Contábil como sendo, a facilidade e rapidez com
que os ativos podem ser transformados em dinheiro.
onforme lcantara (2010, p.134), “o objetivo do estudo da liquidez é avaliar o
grau de solvência da empresa, ou seja, capacidade financeira para saldar seus
compromissos”.
Nesse contexto de liquidez incluem-se os índices financeiros, denominados liquidez
geral, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata.
a) Liquidez Geral
Segundo Braga (2009, p.164), “este quociente indica a capacidade financeira da
empresa para solver todos os compromissos para com seus credores de curto e longo prazo
(passivo)”.
Segundo Silva (2012), para efetuar o cálculo deste índice utiliza-se a seguinte
fórmula:
Liquidez Geral = tivo irculante ealiz vel a ongo Prazo
Passivo irculante Passivo ão irculante
Na visão de Matarazzo (2010), quanto maior, melhor a condição da empresa para
quitar suas obrigações de curto e longo prazo.
b) Liquidez Corrente
Para ssaf eto (2009, p.177), “a liquidez corrente indica o quanto existe de ativo
circulante para cada $ 1 de dívida de curto prazo”.
Segundo Silva (2012), para efetuar o cálculo deste indicador utiliza-se a seguinte
fórmula:
Liquidez Corrente = tivo irculante
Passivo irculante
Para Matarazzo (2010), quanto maior for à liquidez corrente melhor será para a
empresa, pois isto significa que os investimentos no ativo circulante são suficientes para
saldar suas dívidas de curto prazo.
c) Liquidez Seca
De acordo com Braga (2009), este índice relata as condições da empresa em quitar
suas dívidas de curto prazo, sem a necessidade de vender seus estoques.
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De acordo Matarazzo (2010), utiliza-se a seguinte fórmula para o cálculo deste
índice.
Liquidez Seca = tivo irculante - stoques
Passivo irculante
Segundo Matarazzo (2010), a liquidez seca informa quanto à empresa disponibiliza
de Ativo Circulante deduzindo os estoques para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante.
Quanto maior, melhor.
d) Liquidez Imediata
Para Silva (2012) a liquidez imediata compara o caixa e os equivalentes de caixa da
empresa com as obrigações de curto prazo. Também ressalta que este não é um dos índices
de liquidez com tanta importância para as empresas, pois normalmente as empresas trazem
poucos valores disponíveis em caixa e bancos e, em compensação, as dívidas da mesma
podem ter um giro de até 360 dias.
Conforme Matarazzo (2010), para efetuar o cálculo deste indicador utiliza-se da
seguinte fórmula:
Liquidez Imediata = isponível
Passivo irculante
Para Matarazzo (2010), se a liquidez imediata for de 1,5, indica que a empresa
possui R$ 1,50 de disponibilidades para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo. Quanto
maior este índice, melhor para a empresa.
2.2.3 Rentabilidade
De acordo com Silva (2012), há inúmeras estimativas de rentabilidade para uma
empresa. Dessa maneira deve-se avaliar o desempenho identificando o retorno sobre o
investimento total, ou seja, da lucratividade que a mesma obteve em relação as suas vendas,
ativos ou investimentos dos proprietários.
Matarazzo (2010) apresenta os índices de rentabilidade como uma forma de revelar
a taxa de rendimento dos capitais investidos e, com isso, qual foi o resultado econômico da
empresa. Dentro dos índices de rentabilidade, calculam-se alguns indicadores, tais como:
Giro do Ativo, Margem Líquida, Rentabilidade do Ativo e Rentabilidade do Patrimônio
Líquido.
a) Giro do Ativo
De acordo com Silva (2012) o giro do ativo estabelece relação entre as vendas do
período e os investimentos totais realizados pela empresa, mostrando assim o nível de
eficiência da utilização dos recursos aplicados.
De acordo com Matarazzo (2010), para calcular este índice utiliza-se a seguinte
fórmula:
Giro do Ativo =
Este índice indica quanto à empresa vendeu para cada $ 1,00 de investimento total.
O sucesso de uma empresa depende do volume de vendas adequado, pois está relacionado
diretamente com o montante de investimentos (MATARAZZO, 2010).
b) Margem Líquida
Para Perez Junior (2009) este indicador compara o lucro liquido em relação às
vendas liquidas do período.
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Sendo assim, para o cálculo desse índice utiliza-se da seguinte fórmula
(MATARAZZO, 2010).
Margem Líquida =
x 100
Para Matarazzo (2010), o índice de margem liquida indica quanto a empresa obtém
de lucro para cada $ 100 vendidos.
c) Rentabilidade do Ativo
Para Silva (2012) este indicador tem a finalidade de avaliar a geração de lucros de
acordo com os investimentos totais da empresa. Quanto maior for o índice de rentabilidade
do ativo, melhor é para a empresa, pois há retorno sobre o total do ativo, independente da
procedência. É a rentabilidade total dos recursos conduzidos pela empresa.
Diante disso, para o cálculo da Rentabilidade do Ativo, conforme Matarazzo (2010)
utiliza-se a seguinte fórmula:
Rentabilidade do Ativo =
x 100
A rentabilidade do ativo evidencia quanto a empresa obteve de lucro para cada $
100,00 de investimento, ou seja, é a relação entre o investimento e o lucro obtido por esse
investimento, sendo, quanto maior, melhor (SILVA, 2012).
d) Rentabilidade do Patrimônio Líquido
Peres Junior (2009) descreve que a rentabilidade do patrimônio líquido indica o
retorno do capital investido pelos sócios acionistas, cotistas e pelos proprietários.
Conforme Matarazzo (2010), para realizar o cálculo utiliza-se a seguinte fórmula:
Rentabilidade do Patrimônio Líquido =
x 100
Este índice mostra quanto à empresa obteve de lucro para cada $ 100 de capital
próprio investido, sendo que, quanto maior, melhor.
2.3 ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS
Segundo Silva (2012) os índices de prazos médios são calculados extraindo dados
do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado, permitindo saber qual é o ciclo
econômico e financeiro da empresa.
Para isso, utiliza-se um conjunto de três prazos, sendo eles: Prazo Médio de
Renovação de Estoque (PMRE), Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) e o
Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV).
a) Prazo Médio de Renovação de Estoque
De acordo com Matarazzo (2010) esse índice mostra a quantidade de dias em que
um produto permanece no estoque até o momento da venda. Se os produtos são mantidos
em estoques além do período normal em que os bens e serviços são produzidos e vendidos,
incorre-se em um aumento de custos, nas quais deverão ser cobertos com os lucros obtidos
pelas vendas.
Segundo Matarazzo (2010), para calcular o Prazo Médio de Renovação de Estoque
utiliza-se a seguinte fórmula:
P. M. R. E = stoques
usto da ercadoria endida x 360
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De acordo com Silva (2012) o prazo médio de renovação de estoque, representa o
tempo médio de estocagem de mercadorias na empresa, considerando que estocar é uma
atividade que não agregará valor. Diante disso, esse prazo deverá ser o menor possível.
b) Prazo Médio de Recebimento de Vendas
De acordo com Silva (2012), o Prazo Médio de Recebimento de Vendas indica
quantos dias ou meses, em média, a empresa leva para receber suas vendas. Para ele, quanto
maior for o prazo para o recebimento pior será para a empresa. Porém a aplicação do
PMRV permitirá a empresa efetuar uma avaliação em relação à concessão de créditos e a
eficiência do setor de cobrança.
Segundo Matarazzo (2010), para cálculo do Prazo Médio de Recebimento de
Vendas utiliza-se a seguinte fórmula:
P. M. R. V = uplicatas a eceber
eceita íquida de endas x 360
Segundo Assaf Neto (2012), quanto menor for o Prazo Médio de Recebimento,
maior será a eficiência da empresa nas suas cobranças. O acréscimo do prazo médio de
recebimento pode ser uma técnica comercial da empresa, mas pode também estabelecer um
sinal de alerta.
c) Prazo Médio de Pagamento das Compras
Na visão de Silva (2012), os Prazos Médios de Pagamento de Compras indicam
quanto tempo a empresa leva para saldar suas dívidas junto aos seus fornecedores.
O prazo médio de pagamentos é calculado pela divisão do montante médio de
dívidas a fornecedores pelas compras de matérias e mercadorias em um determinado
período de tempo.
Para realização do cálculo deste índice utiliza-se a seguinte fórmula:
P. M. P. C = ornecedores
ompras x 360
Segundo Silva (2012) a determinação do valor das compras pode ser efetuada a
partir da derivação da fórmula para cálculo do Custo da Mercadoria Vendida.
Compras = CMV2 + Estoque Inicial – Estoque Final
De acordo com Silva (2012), o prazo médio para pagamento das compras deverá ser
maior que o prazo fornecido aos clientes, permitindo assim com que a empresa obtenha um
nível adequado de liquidez.
2.4 CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO
Conforme Matarazzo (2010), o ciclo operacional é representado pela soma do Prazo
Médio de Renovação de Estoque e o Prazo Médio de Recebimento de Vendas, ou seja, o
tempo decorrido entre a compra e recebimento da venda da mercadoria, conforme Figura 1.
2CMV: Custo da Mercadoria Vendida
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Figura 1 - Ciclo Operacional
Fonte: Matarazzo (2010, p. 267).
De acordo com Silva (2012), confrontando o espaço de tempo para realizar as
vendas com o prazo previsto para pagamento das compras de matérias-primas ou
mercadorias a fornecedores, é possível detectar se a empresa está operando com um ganho
ou uma perda financeira em seu ciclo operacional.
Conforme Matarazzo (2010) o ciclo financeiro representa o prazo decorrido em dias,
em que a empresa realiza o pagamento dos fornecedores e o momento que recebe suas
vendas, sendo assim, quanto menor for o prazo de dias para recebimento melhor será para a
empresa, pois não dependerá de recursos financeiros.
Figura 2 - Fornecedores financiando os estoques e uma parte das vendas
Fonte: Matarazzo (2010, p.268).
Para Matarazzo (2010), nesse caso a empresa deverá obter recursos financeiros para
financiar uma parte das vendas, caracterizando assim, o ciclo de caixa, ou ciclo financeiro
da empresa.
Na Figura 3, percebe-se que o prazo de pagamento de compra é menor que o prazo o
prazo que a mercadoria permanece em estoque, ou seja, é efetuado o pagamento para
depois receber. A consequência disso é a empresa ter um maior ciclo financeiro.
Nesse caso os fornecedores financiarão apenas parte dos estoques.
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Figura 3 - Fornecedores financiando parte dos estoques
Fonte: Matarazzo (2010, p.268).
De acordo Silva (2012), nesse caso a empresa necessitará de recursos financeiros
para financiar suas vendas em um determinado período de tempo em que a mercadoria
permanecerá em estoque. Para a empresa o ideal é que quanto menor o ciclo financeiro,
melhor, pois será menor período de utilização de recursos próprios ou de terceiros.
2.5 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG)
De acordo com Matarazzo (2010) para calcular a NCG é necessário dividir o
Balanço Patrimonial em Ativo Circulante Operacional (ACO) e Passivo Circulante
Operacional (PCO).
Na visão de Alcantara (2010, p.166), “o O é o investimento que decorre
automaticamente da atividade de compra, produção, estocagem e venda, enquanto o PCO é
o financiamento, também autom tico, que decorre dessas atividades”.
Para efetuar o cálculo da NCG utiliza-se a seguinte fórmula:
N C G = A C O – P C O
De acordo com Silva (2012) para determinar o valor da NCG deverá proceder à
interpretação da mesma utilizando-se dos seguintes critérios:
Se o ACO > PCO, situação normal das empresas, onde há uma NCG e a empresa
deverá recorrer a fontes de financiamentos.
Se o ACO = PCO, possui um equilíbrio não sendo muito comum em razão da NCG
ser igual a zero, ou seja, a empresa não tem necessidade de financiamento para giro. Porém,
se o ACO < PCO, a empresa terá mais financiamentos operacionais do que investimentos
operacionais, sendo assim evidenciam sobras de recursos das atividades operacionais, na
qual poderá ser aplicadas no mercado financeiro ou em sua atividade operacional.
3. METODOLOGIA
Este artigo consiste em um estudo de caso, desenvolvido por meio de pesquisa
qualitativa e quantitativa, com revisão teórica realizada por pesquisas bibliográficas e
documentais com base nas demonstrações contábeis, nos períodos de 2011, 2012 e 2013,
fornecidos pela empresa que atua com o comércio de combustíveis na cidade de Cascavel-
PR.
Para o desenvolvimento deste estudo exploratório, serão utilizados três tipos de
pesquisa: estudo de caso, pesquisa bibliográfica e documental, com abordagem quali-
quantitativa. Será explorada as informações obtidas no Balanço Patrimonial e na
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Demonstração do Resultado dos últimos 3 anos da empresa, com o objetivo de conhecer
sua situação econômico-financeira. Também se utilizará de teorias em livros, artigos e
revistas, para adquirir conhecimento sobre o tema e atingir os objetivos deste estudo.
Serão extraídas dos dados das demonstrações, informações que auxiliarão no
desenvolvimento desta pesquisa e consequentemente na resolução da problemática,
também, com informações colhidas da análise, será possível redigir um relatório emitindo
opiniões que possam auxiliar a empresa em suas decisões.
Para o desenvolvimento teórico e prático utilizar-se-á de tabelas, números e
fórmulas, de forma que possam auxiliar a atingir os objetivos do trabalho. Os dados
utilizados para a análise referente aos anos de 2011, 2012 e 2013 foram coletados na
própria empresa e com esses dados poder-se-á calcular os índices econômico-financeiros e
com os resultados obtidos, analisar e relatar a situação econômico-financeira da empresa.
4. COLETA E ANALISE DOS DADOS
4.1 ANALISE ATRAVÉS DOS ÍNDICES
As análises aplicadas neste artigo deram-se através do cálculo dos Índices de
Estrutura de Capital, Liquidez, Rentabilidade, Prazos Médios, Ciclo Operacional e Ciclo
Financeiro e a Necessidade de Capital de Giro.
Conforme a Tabela 1 apresentam-se os resultados da análise através dos Índices de
Estrutura de Capital, composto por Participação de Capitais de Terceiros, Composição de
Endividamento, Imobilização do Patrimônio Líquido e Imobilização dos Recursos Não
Correntes. Índices de Liquidez, composto por Liquidez Geral, Liquidez Corrente, Liquidez
Seca e Liquidez Imediata. Índices de Rentabilidade, composto pelo Giro do Ativo, Margem
Líquida, Rentabilidade do Ativo e Rentabilidade do Patrimônio Líquido.
Tabela 1 – Índices de Estrutura de Capital, Liquidez e Rentabilidade Ano 2011 2012 2013
Participação de Capital de Terceiros
212,74%
247,82%
303,41%
Estrutura de
Capital
Composição de Endividamento
77,56%
79,98%
86,26%
Imobilização do Patrimônio Líquido
130,62% 142,01% 132,65%
Imobilização de Recursos não Correntes
91,85% 97,53% 96,16%
Liquidez Geral
0,83
0,82
0,88
Liquidez Corrente
1,07
1,02
1,02
Liquidez
Liquidez Seca
0,62
0,62
0,46
Liquidez Imediata
0,29
0,12
0,15
Giro do Ativo
9,25
8,30
7,48
Rentabilidade
Margem Líquida
0,73%
0,85%
0,70%
Rentabilidade do Ativo
6,77%
7,01%
5,27%
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
23,69%
25,04%
22,18%
Os dados apresentados na Tabela 1 mostram que a empresa possui elevado índice de
Capital de Terceiros, onde em 2011 para cada R$100,00 de capital próprio utilizado para
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financiar seus investimentos, a empresa tomou R$ 212,74 de terceiros, tendo um aumento
ainda maior nos anos de 2012 e 2013.
Esse aumento é preocupante pelo fato da empresa estar imobilizando todo seu
patrimônio líquido e uma parte do capital de terceiros, consequentemente, diminuindo seu
capital de giro, uma vez que a maior parte de suas obrigações são vencíveis a curto prazo,
representados por 77,56% em 2011, chegando a 86,26% em 2013, período em que se torna
mais preocupante devido a empresa estar destinando seus recursos não correntes para seu
capital circulante próprio, chegando a 97,53% em 2012 com redução insignificante para
96,16% em 2013.
Verifica-se que apesar de conseguir pagar suas obrigações de curto prazo, dados
representados pela Liquidez Corrente, a empresa possui dificuldades e não consegue pagar
quando estas se juntam com as vencíveis a longo prazo (Liquidez Geral), e quando não são
considerados os estoques, como mostram os dados da Liquidez Seca.
A empresa apresentou lucratividade baixa de 2011 a 2013 quando comparado ao
montante de vendas, com um índice de lucratividade de 0,73% em 2011, 0,85% em 2012 e
0,70% em 2013. Isso deve-se ao elevado Custo de Mercadoria Vendida da empresa com
margem líquida reduzida.
Apesar da queda nos últimos 2 anos, o retorno dos investimentos totais realizados
pela empresa, representados pela Rentabilidade do Ativo apresentados na tabela 1, mostra
que para cada R$ 100,00 de investimento a empresa obteve de retorno 6,77% em 2011,
7,01% em 2012 e 5,27% em 2013. Um dos motivos da queda no ano de 2013 é o aumento
dos custos e despesas do período.
Os resultados da Rentabilidade do Patrimônio Líquido mostram que são os
investimentos em capital próprio que estão proporcionando maior retorno para a empresa.
Em 2011 a rentabilidade da renda fixa no mercado foi de 11,59%, a empresa obteve
23,69% de lucro em relação aos investimentos no mesmo período, em 2012 a renda fixa no
mercado proporcionou retorno de 8,39%, e o investimento na empresa rendeu 25,04%. Em
2013 a rentabilidade da renda fixa gerou aos investidores retorno de 8,06% e o investimento
na empresa rendeu 22,18%, ou seja, em todos os anos o retorno dado pela estratégia
empresarial foi maior que o retorno proporcionado pelo mercado financeiro.
Na Tabela 2 apresentam-se os resultados da análise através dos Índices de Prazos
Médios, composto por Prazo Médio de Renovação de Estoque, Prazo Médio de
Recebimento de Vendas e Prazo Médio de Pagamento de Compras. Apresentam-se ainda os
resultados do Ciclo Operacional, Ciclo Financeiro e a Necessidade de Capital de Giro da
empresa.
Tabela 2 – Índices de Prazos Médios, Ciclo Operacional, Ciclo Financeiro e NCG Ano 2011 2012 2013
Prazo Médio de Renovação
de Estoque
10dias
11dias
20dias
Prazos Médios
Prazo Médio de Recebimento
de Vendas
7dias
12dias
9dias
Prazo Médio de Pagamento
de Compras
5dias
3dias 8dias
Ciclo Operacional
17 dias
23 dias
29 dias
Ciclos Ciclo Financeiro 12 dias 20 dias 21 dias
NCG
Necessidade de Capital de Giro
5.903.068,67
12.138.441,37
13.470.252,58
A tabela 2 monstra que a empresa apresenta dificuldades com a renovação de seus
estoques e os pagamentos de seus fornecedores. Isso ocorre devido os prazos de renovação
de estoques serem longos em relação ao pagamento de suas compras, sendo assim, a
empresa paga os fornecedores antes de vender seus estoques, conforme figura 3.
12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 12
ISSN 1980-7406
Figura 3 – Fornecedores financiando parte dos estoques em 2011, 2012 e 2013
Conforme mostra a Figura 3, em 2011 o Ciclo Operacional da empresa é de 17 dias,
com os fornecedores financiando os estoques por 5 dias. Diante disso ocorre o Ciclo
Financeiro, onde a empresa precisa de fontes de financiamento de R$ 5.903.068,67,
apresentados pela Necessidade de Capital de Giro, por 12 dias para financiar o Ciclo
Operacional. Em 2012 o Ciclo Operacional é de 23 dias, desses, os fornecedores financiam
os estoques por 3 dias, portanto, a empresa terá que buscar R$ 12.138.441,37 de fontes de
financiamento por 20 dias. Já em 2013 a situação é mais preocupante, o Ciclo Operacional
é de 29 dias, com os fornecedores financiando os estoques por 8 dias. Assim a empresa
precisa buscar R$ 13.470.252,58 de recursos financeiros por 21 dias.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da análise percebe-se que a empresa possui elevada dependência de
capitais de terceiros, levando-a consequentemente a um alto índice de endividamento. O
problema maior é que boa parte de seus recursos líquidos estão imobilizados, valores estes
que poderiam ser utilizados em suas atividades operacionais para diminuir a dependência
de recursos de terceiros.
Observa-se também que a empresa tem condições de pagar suas dívidas de curto
prazo, porém, quando as obrigações a curto prazo são somadas com as obrigações a longo
prazo ou quando não se utiliza dos estoques, encontra dificuldades e não consegue pagar,
sendo que o correto é obter condições de liquidar as obrigações sem a necessidade de
vender os estoques.
Com os dados da análise, verifica-se que um dos pontos fracos da empresa é a pouca
lucratividade com relação às vendas, com um ótimo índice de vendas nos 3 períodos,
porém, com margem liquida baixa e CMV elevado. A empresa apresenta seu melhor índice
em 2012, com apenas 0,85% de lucratividade.
Os Prazos Médios preocupam, pois, a empresa possui dificuldades em renovar seus
estoques, pagando fornecedores antes de realizar as vendas e receber de seus clientes.
Diante disso a empresa apresenta Necessidade de Capital de Giro, utilizando recursos
financeiros para financiar sua atividade operacional. Para diminuir a dependência de
recursos financeiros a empresa deverá buscar fontes de financiamento operacionais, como
por exemplo, aumentar a prazo de pagamento dos seus fornecedores.
Portanto, conclui-se que, a situação econômica e financeira da empresa é
desfavorável nos períodos de 2011, 2012 e 2013, devido a pouca lucratividade em relação
ao montante de vendas e devido às dificuldades encontradas para pagar as dívidas.
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ISSN 1980-7406
REFERÊNCIAS
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– 4. ed. – São Paulo: Atlas, 2009.
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Juruá, 2009. 292.p.
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Demonstrações Contábeis – 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2010.
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