ANNO MirandaI do Douro, 25 deOutubro 1894 N.° 14 Assignaturas...

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ANNO I Miranda do Douro, 25 de Outubro de 1894 N.° 14

Assignaturas

Aono. ■ • Semestre. . Numero avulso

800 500

40

O pagamento da nssignatu- ra é feito adiantadainenlc.

Artigos enviados à redac- ção sejam ou não publicados não serão restituídos.

OHRANDEZ

Annuncios

Por linha . Repetições.

40 reis 20 reis

inde:

Os snrs. assignanles leem 25% de abatimento.

Annuncios sobre obras lit- igiarias, publicain-se mediante I pxemplare.

Redacção e administração

Praça Central n." 4

A lia ie estanho

ie S. Martinio 4'Anpeira

A mina de S. Martinho d'Auguei- ra está situada a 20 kilometros a N. O. de Miranda do Douro, a 20 kilometros a N. E. do Vimioso, e a 2,5 da fronteira de Hespanha.

O minério que ali se encontra é o de estanho, já explorado princi- palmente em duas localidades, no Cabeço do Codeço e no Cabeço do Raposo. O terreno é alli for- mado por schistos argilosos ou chloritosos, contendo por vezes urica ou amphibola, geralmente escuros, variando do acinzentado azul ao alvadio, cortados por uma facha, granitica, que vindo pelo norte, de S. Juanico, passa em S. Martinho, internando-se em Hes- panha.

Foi em 1851 que Domingos do Rio, ferreiro, descobriu esta zona mineria, tendo-a explorado por es- cavações que fazia no solo, e d'on- de retirava a casseterite (oxydo de estanho) que fundia, e de cuja venda auferia consideráveis lu- cros, que fizeram acudir á região numerosos hespanhoes, que de- pois iam vender o metal a Alea- nices e Zamora.

No começo da exploração foram sobretudo trabalhadas as alluviões estanhiferas, onde a casseterite se encontrava misturada com o cas- calho, provenientes ambos da des- truição pelas acções atmospheri- cas, dos affloramentos dos filões; e ainda hoje, depois das grandes chuvas, é que se encontram os maiores pedaços de cassiterite, com mais frequencia, à superfície do solo nos thalwegs dos valles affluentes da Ribeira de S. Marti- nho, e ainda no leito das suas ri- beiras.

O engenheiro Schiappa d'Aze- vedo, tendo visto mais tarde, em 4880, estes jazigos, reconheceu dois campos de filões, um no Ca- beço do Codeço, e outro no Ca- beço do Raposo. Os filões, orien- tados em ambos do mesmo modo n.° 55. E, são caracterisados por se encontrarem era grande nume- ro, pouco possantes, com acci- dentes frequentes, o que torna difficil o seu seguimento no des- monte, o enchimento e de quartzo branco hyalino ou fragmentar,con- tendo a cassiterite em umas del- gadas salbandas de argila averme- lhada e em rins formados do quartzo branco ou cinzento, mica e argila.

Estas minas estão concedidas á Companhia de Mineração de esta- nho de Traz os-Montes, que pou- cos trabalhos ou nenhuns ali faz actualmente, sendo o estanho que d'ali se estrahe, producto de tra- balhos desordenados devidos á iniciativa do povo da localidade, que vae respigar o que pode, sem para isso terem de dispender gran- des capitaes em trabalhos de ex- ploração; e estão assim arruinando jazigos que podiam ser em extre- mo vantajosos para esta região de Traz-os-Montes.

A Companhia de Mineração, de- pois de ter feito alguns trabalhos, e aberto poços e galerias, aban- donou por completo os trabaihos das minas, entregando os aos ha- bitantes de S. Martinho, ou isola- dos, ou em grupos de quatro e cinco, os quaes alem de aprovei- tarem a cassiterite á superfície,

como dissemos,extranham-na tam- bém dos antigos trabalhos subter- râneos. A este systema a extracção do eStanho por conta própria dos habitantes, dão o nome de traba- lho da contracta; encontram-se fa- mílias inteiras que andam a maior parte do anno á contracta. Os paes occupam-se da extracção, os filhos do transporte e as mulheres q» escolha e lavagem de minério em pequenas caixas de madeira. O minério assim preparado é vendi- do a 160 reis o kilogramma a Do- mingos Rio e José Maria, os quaes o fundem vendendo depois o me- tal para Hespanha. Este systema dá em resultado não só arruinar as minas, mas perder muitas to- neladas de estanho em fumo, que o péssimo processo de fusào lan- ça da atmosphera.

E as auctoridades administrati- vas, a quem estes factos tem sido apresentados, nada teem leito nu sentido de repressão, o que deve- ras é para lamentar.

Um texto mirandês

A falta de tempo'não me deixa fa- zer aqui considerações largas á cérca da liugua mirandesa. Como porém no meu artigo precedente prometti publi- car n-0 Mirandês alguns textos na lín- gua de Miranda, não quero faltar á promessa, ainda que tenha de Ber breve.

A língua mirandesa distingue-se por muitas particularidades.

Para a comprehensfto do texto que apresento só noto as seguintes:

i> (ditongo)... em que o e é muito fechado, analogo ao i do inglês fill;

o (ou uQ ás vezes)... som intermé- dio entre ô e u;

ã (an, am)... representa o som im inicial do português (atono);

artigo deíiuido; ou pronome pessoal, é o mesmo l que se ouve em culpa.

9... representa um e surdo, como em português em te. Todo o e nasal atono é surdo; igualmente ao português 5 atono corresponde em mirandês um (unj. Por simplicidade, só o noto quan- do nasal, como Ihímbrar.

e 1 ... quando tonicos tem o mesmo o ( valor que em hespanhol; isto

é, tem sons comprehendidos entre os nossos ó e ô, e os nossos é e ê;

Ih... inicial, representa muitas ve- zes o l: lhougo, Uiabar.

O artigo l' prove'm de le e não de tl; de facto o e ouve-se em certas cir- cumstancias (em pausa, em emphase: ie, les, com e surdo). A fórma ne está por em le, tendo sido o l assimilado á nasal precedente, d'onde: em ne, e de- pois, por obsorpção da nasalidade do em no n seguinte, ene, e por fim ne. Este facto prova só por si a origem que attribuo ao le. A fórma prehisto- rica de le deve ter sido lo, do latim (il)lu(m); também em francês arcbaico ha lo, mudado depois em le.

O O inicial e u, quando atonos, mudam-se em ou: oubedecírã, ousar (usar). O mirandês não admitte t nem 9 atonos iniciaes: oralmente tem ei (ex. eidade), nasalmente tem ã (ex. anfiér- no).

O pronome singular masculino é no singular él, e no plural eilhes; o femi- nino eilha, eilhas. Igualmente aqueilho (por aquillo).

Os verbos tem muitas particularida- des: umas, de desenvolvimento moder- no, outras archaicas. O texto que dou offerece alguns exemplos.

PROPOSIÇÃO D-«OS LUSÍADAS»

(TBADtTCÇÃO MIBAXDKSA)

I

Las armas i les ornes afamados Que fiirú de la tiorra Lusitana, Por mares d'atrás"nunca nahegados, Inda pYalha de filha Taporhana, Am peligros i ã guerras biam sforçadas, Más de I' que promettia la fçrça oumana, Antre gente de lõije stablecirum Nobo reino que tanto engrandecirum;

U

I tamiam las lhambranças gloriosas D'aqueilhes Reis que fúrum alhargando Fé, amperio i las tiarras beciosas D'Africa e d'Asia andòrum arrasando; I aqueilhes que por obras balorosas De la lei de ia morte bã scapando: Todo esso agora bengo eiqui cantar, Se 1' arte, más f angeiuho m'ajudar.

U1

Num fale 1' sábio Griego uim 1' Troiano Nas suos grandes biáijes que fazirum: Calhe-sê de Lexaudre i de Trajano La fama de las guerras que baticirum: You canto 1' peito eilustre Lusitano, A quiam Netuno i Marte oubedirum: Fine quanto la Musa antiga canta, Quoutro balõr más alto s'alhebanta.

J. Leite de Vasconcellos.

Carteira do Mirandez

Esteve entre nós, marchando em seguida para Villar Formoso, o nosso amigo Francisco Yirginio Victor Pe- trony, sargento de cavallaria da guar- da fiscal.

Tem estado bastante doente, mas vae em via de restabelecimento, o nos- so querido amigo, Antonio Augusto de Lima e Almeida, secretario d'admi- nistração d'este concelho.

Também estiveram enfermas, e ca- minham em convalescença, as ex.m** sr.M D. Antónia de Faria Lima, es- posa do nosso presadissimo amigo, Antonio Adriano Dias de Lima. e D. Emília dos Anjos Furriel, filha do nosso amigo e conceituado negociante desta praça, Antonio José Furriel.

Para Villar Formoso marchou ha dias, a sr." D. Joanna Pimentel Feio.

Esteve entre nós, partindo já para Mogadouro, o nosso presado amigo Au- reliano Augusto Simão, professor com- plementar n'aquella villa.

De Mogadouro para Coimbra partiu ha dias o nosso presadissimo amigo e collaborador, dr. Eduardo Ernesto de Faria, quintanista de direito.

Para o Porto também marchou ha dias o nosso amigo Aleixo Guerra, fi- lho do sr Valentim Guerra, de San- dim.

Partiu para Coimbra, o sr. Antonio Carlos Alves, quartanista de direito, de Villa Chã.

Para Bragança foram ha dias os srs. Antonio Maria Furriel e Manoel Joaquim Furriel, filhos do nosso ami- go Ántooio José Furriel.

Com sua ex.m* família, veio viver temporariamente entre nós, o sr. Al-

bino Antonio Geraldes de Macedo pro- fessor em Malhadas.

Com sua ex.»' esposa D. Carmelin- da Esteves Pereira, também passou entre nós algum tempo, o sr. João An- tonio Geral de Macedo, professor de S. Martinho d'Augueira.

De visita, esteve n'esta cidade, o sr. Candido Augusto Pires, irmão do nos- so presado amigo, José Antonio Pires, pharmaceutico de Miranda, regressan- do em seguida a Bragança acompanha- do de sua estremosa sobrinha, D. Can- dida do Ceo Pires, que ha dois mezes vive entre os seus.

Em Bemposta do Douro, falleceu ultimamente, o sr. Alfredo Callejo, escrivão do Juiz de Paz, d'aquelle jul- gado. A' família do fallecido, os nos- sos sentimentos.

Tem passado bastante encommodado o sr. Thomaz Antonio de Sá, nosso presado amigo, e governador civil sub- stituto do districto de Bragança, a quem desejamos um completo resta- belecimento.

De Lisboa a Murça, deve regressar muito breve, o nosso presadissimo amigo, Joaquim Guilherme Cardoso de Sá.

A Moncorvo, chegou ultimamente o sr. Antonio Joaquim Ferreira Marga- rido, illustre governador civil do dis- tricto.

Da Povoa de Varzim, regressou a Freixo de Espada-á-Cinta, a ex.ma sr.' D. Maria dAssumpção Taborda, so- brinha do nosso respeitabdissimo ami- go, Francisco Antonio Gonçalves da Silva.

J1VI

(ultima homenagem)

Apenas com seis primaveras e já en- traste no thalamo dos esponsaes der- radeiros, na glacial e austera jazida!

Pobre creança I Quem diria ao ver-te ainda ha pou-

cos dias, tão cheia de viço, de bellezas, de encantos, de intelligencia, que ha- vias de ser tão depressa victima das garras da horreuda harpia da morte, d essa avara e implacavel ceifeira das almas boas e generosas, das infantis e joviaes?! quem diria, emfim, que as alegrias e esperanças do3 teus como o pasmo e admiração de todos que te viam, haviam de ser bem depressa convertidas em dores, lagrimas e sau- dades

Mas deixa, meu joven e galante amiguinho, que ainda não foste tão in- feliz como parece; porque, se deixaste tão cedo de ser alvo dos afagos e ca- ricias dos que andamos n'este mundo lacrimoso sem saber porque, para que e até quando, se teu corpo passou tão depressa a ser parcella da terra que calcamos e da atmosphera que respi- ramos com força das leis physicas e chimicas, tua alma, ohl essa voou, cercada de rosas e perfumes, de anjos e trombetas para a mansão dos justos,

para o reino da verdadeira e eterna fe- licidade, para o throno do Altíssimo, perante quem te rogo peças por aquelle que, emquanto Elie quizer, com reve- rencia encantadora dos últimos e con- scienciosos preitos, fica rogando com lagrimas a tua fria campa e desfolhan- do sobre ella as pétalas da fiôr da saudade.

Não te esqueças e canses também de rogar por teus paes, padrinhos e avós, que tanto choram e chorarão por ti.

Adeus! meu caro Antoninho, até breve, porque sou fraco e doente e além d'is80 a vida é um passo, um momento na immensidade do tempo.

Miranda 12—10—9-4.

Constantino José Simão.

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NOTICIÁRIO

José de Moraes JSeves — Este nosso querido e presado amigo, passou no dia 22 do corrente, o seu anniver- sario natalício.

As 85 primaveras d'este prestimoso funccionario publico, um dos mais há- beis e honestos escrivães de fazenda do districto, pelos seus muito raros mere- cimentos, passaram desapercebidas aos seus numerosos amigos, e ternos-ia suc- cedido outro tanto, se a casualidade, que é mãe de tantos outros acontecimen- tos, não viesse auxiliar-nos, recordan- do a obrigação ha muitos annos con- tratada, com um cavalheiro que sem- pre nos distinguio, e honrou, com a sua franca e leal amisade.

Se a dôr profunda que agora nos feriu, não viesse impedir a nossa ida á capital do districto, a compartilhar do immenso regosijo do nosso amigo, no dia dos seus annos, mais uma oc- casião para demonstrar que, para so- lidarificar uma amisade sincera, não precisava um dia tão solemne, a quem tão nobremente sabe comprehender os deveres que regem amigos leaes.

D'aqui, cordealmeute felicitamos o nosso bom amigo, a quem enviamos os nossos comprimentos.

Exames—No lyceu de Bragança, fizeram exame de:—Lingua portu- gueza.—Alfredo Adelino d'01iveira e Arthur Cesar d'01iveira, do Arinhoso, (Magadouro)—Mathematica 1." parte —João Teixeira Direito, de Freixo. Todos approvados, plenamente, pelo que felicitamos seus bons paes.

Tabella da contribuição in- dustrial— Recebemos a tabella da contribuiçãp industrial que os Juizes, delegados do procurador Régio, escri- vães, officiaes de deligencia, e demais funcciouarios mencionados nos núme- ros 1 a 5 do artigo 65 do regulamen- to de 6 de dezembro de 1893, tem de pagar pelos emolumentos ou salarios que receberem.

Este trabalho, do sr. Acácio Coelho, escrivão do 1.* officio 3.* districto cri- minal da comarca de Lisboa, é e mais bem acabado que pôde exigir-se para saber-se de prompto a taxa correspon- dente a qualquer quantia até 100i5000 reis. Custa apenas 200 réis, e acham- se á venda na rua 24 de julho n.° 26 l."-E. Lisboa.

Agradecemos ao seu auctor os exem- plares com que Be dignou brindamos.

Lyceu de Bragança—N*este es- tabelecimento, fez ultimamente exame de francez ficando plenamente appro- vado, o sr. Eduardo Antonio Falcão,.

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filho do sr. Domingos Falcão, da Po- voa, e sobrinho do nosso particular amigo, Ântonio Augusto de Miranda Raposo, secretario da cauiara munici- pal d este concelho, a quem enviamos as nossas felicitações.

Professor elementar—Para ser- vir interinamente como professor ele- mentar n'esta cidade, foi nomeado o er. João Antonio Dias Poças, nosso presado amigo, escripturario da adrni nistração deste concelho.

Calcetamento das ruas—A Ca- mara Municipal, attendendo finalmen- te o nosso pedido, mandando dar prin- cipio ao calcetamento da rua IVnente Valladim, esperando em breve man- dar principiar os reparos de que care- ce o cemiterio d'esta terra.

Bom é que a illustre vereação se convença d estas necessidades, e as não descure.

Augusto de Lima—O jorna illustrado Echos d'Avenida, que se pu blica em Lisboa, aproveitando a oc- casião da estada na capital do nosso querido companheiro de redacção Au- gusto Cesar Dias de Lima, publicou no seu n.' 204 o retrato d'este nosso amigo, acompanhando-o de uns leves traços biogruphicos, que representam um verdadeiro preito, uma sincera ho- menagem, ao impolluto caracter d'a- quelle cavalheiro.

Pela nossa parte, agradecemos pe- nhoradisssimos ao collega, esta de- monstração de leal camaradagem.

Despedida—Da snr." D. Joanna Pimentel Feio, recebemos a carta que em seguida publicamos:

«Ao ausentar-me desta cidade, mi nha terra nativa, onde deixo parentes e amigas, do quem levo as mais gra- tas recordações, faltaria a um dever sagrado se não viesse por este m< io testemunhar o meu eterno reconheci- mento a todos os habitantes dfr Mi- randa, que pela ooensião do falleci- meuto de meu carinhoso e saudoso pae Antonio Maria Feio Pimentel, vieram compartilhar da minha dòr confortan- do me quanto possível, n'esse itnmenso desgosto, pedindo desculpa de não po- der, pela precipitação com que me au- sento, despedir-me de todas as pes- soas das minhas relações e amisade.

Miranda, 5 de outubro de 1894.

Joanna Pimentel Feio.

Que lá, em Villar Formoso, para onde vae, encontre a snr.a D. Joanna Feio, ^o carinhoso affecto que sempre teve, e lhe di pensou este bom povo Miraudez, e fazemos votos pela sua felicidade futura.

Delegado do thesouro—0 nos- so presadissimo amigo, Silvino da Ca mara, digno delegado do thesouro do districto, regressou ultimamente do Porto, onde o seu melindroso estado de saúde obrigou a leval-o a consultar algumas notabilidades medicas, tendo experimentado poucas melhoras.

Fazemos votos pelo completo resta- belecimento do illustre enfermo, uma das glorias do funccionalismo.

Tribunaes—Em audiência ordina- ria, sob a presidencia do digno juiz, dr. Casimiro Arthur Pereira Lopo, e delegado, o dr. Antonio Toscano Soa- res Barbosa Júnior, responderam ulti- mamente em policia correccional, os seguintes indivíduos.

Raymundo Moreto e Manoel Jose Pereira, do logar de Malhadas por offc-nsas ú moral publica.

Condemnados na pena de oito dias de cadeia, e oito de multa, a 100 reis por dia, cada um dos reos.

Era advogado dos dois, o sr. Ansel mo Clementino Pinto, contador d'este juizo.

Mala da Europa—Publicou-se o n.° 5 da Mala da Europa, folha de grande formato, magnificamente illus- trada e impressa, redigida por alguns dos priucipaes escriptores portuguezes.

O presente numero contém no lo- gar de honra o retrato do dr. Alfonso Penna, presidente do Estado de Mi nas, e nas 2.* e 3.* paginas os retra- tos do fullecido capitalista bracarense Manuel Joaquim Gomes, dos deputa- dos republicanos dr. Eduardo Abreu e Gomes da Silva, da cantora portu- gueza Maria Gonzales, do ultimo mi-

nistro do Brazil em Portugal, dr. Vianna de Lima e esposa, do novo pretendente á corõa de França e da princeza, sua esposa.

Na parte litteraria contém uma car- ta de Thomaz Ribeiro ao dr. Bernardo Lucas, e uma bella traducção de uma das melhores poesias de Baudelaire, feita pelo ex-alferes Marinho da Cruz.

A Mala da Europa e uma esplendida revista quinzenal, noticiosa, litteraria, illustrada, com uma correspondência especial de modas, de Paris, e custa apenas 1)5500 por anno, em Portugal.

Assigna-se na Rua dos Douradores, 83, 1.®—Lisboa.

Guarda fiscal—Desistiu da com- missão de commandante da secção da guarda fiscal, n'esta cidade, para que tinha ultimamente sido requisitado ao Ministério da Guerra, o sr. Candido Gomes, tenente de infanteria. E' caso para se dizer: o santo desconfiou da es- mo lia.

Quem será o feliz, escolhido agora? outro Candido Gomes?... Que gran- des liborios são os nossos políticos... nem encoramendados na Penajoia.

Escrivão de direito — Ao sr. Accacio Joaquim d'01iveira Coelho, escrivão do Juizo d'esta comarca foi concedida a licença de HO dias para touiar posse, atam do praso que a lei concede.

RASPANDO

— Ah! compadre!... Deus, é bem maior do que eu julgava!...

— Essa é boa! Naturamente você imaginava pYalii o nosso Deus, um Deus pigmeu... um Deus rachitico... a quem sabe?.. . talvez o tivesse ima ginado do tamanho do nosso amigo Heleno... Mas cop o queria você que Deus fosse pequeno, compadre, se um átomo dElle basta para aniquillar a humanidade, confundir em ruinas to- das essa? grandezas que ahi se veem?

—Não era para admirar que, o seu tamanho fusse egual ao que eu tiuha sonhado, compadre, desde que Elie fez o homem á sua imagem e simi lliança.

— l)'accordo. Mas ignora você que a raça humana tem degenerado muito? PJinio., affirmuva, e com elle muitos outros escriptores, que os nossos pri- meiros paes eram d'uma grandeza des- cumunal.

Adão, por exemplo, media 15 pés, 3 polegadas e 5 liuhas; e Eva. 13 pés 5 polegadas e 4 linhas.

iVumas catacumbas de Solencia fo ram encontrados esqueletos de 11 pés, tres polegadas e tres linhas. Compa- re agora estes gigantes com Estancs- lau, rei da Polonia, que media 3 pés, 5 polegadas e quatro liuhas...

—E a que attribue o compadre esta transformação, não dirá?

—A' soberba do homem, incontes- tavelmente. Todos querem ser gran- des, e a final todos por sua vez chegam a convencer se, como o compadre, que grande ha só ura, onde se concentram todas as virtudes, ondo se synthetiam todos os poderes:—Deus!

— De maneiraque... nada somos... e nada valemos... eis a conclusão de tudo!

Assim é compadre. Deus humi- lhou os grandes e os soberbos, e exal- tou os pequenos e os humildes.

—Ahi está uma cousa que não se entenda commigo. Bem pequeno sou eu, e bem humilde me tenho feito, e não entrei nos bencfiei.»dos...

—O mysterio é esse. Deus, não opéra logo os milagres, sem submet- ter a duras provas a creatura.

E' necessário que Elle se convensa da sua resignação, da sua paciência...

—Que não é pouca... —E só assim a misericórdia Divina,

compensará tanta abegação. — Fará tudo isso, creio,

mas quando eu já não possa gosar a minha parte. .. sim... com vidas tão curtas, lembrar-se-ha talvez do mim, quando os meus pés estejam resvalan- do para a sepultura...

— E vem muito a tempo, compa- dre, se nos lembrarmos que para além da campa, ha um outro mundo melhor... porque na tumba, findam todos os enganos d'este mundo velha- co e pérfido.

— E será o outro realmente me-

lhor?... também não sei que peior possa ser.

— Decerto, deve ser melhor. Deus não o escolheria para habitar, se al- guma comparação tivesse com aquelle onde tantos ultrages soffreu, desde o escarneci uiento a afrontosa morte no monte do Golgotha.

—Bons tempos esses, quando Deus andou por cá! Não sabe Elle quanto ganhou em vir tão cedo. Ahlse viesse hoje... sim, se cá voltasse hoje...

— Que lhe haviam de fazer?... —Peior, mil vezes peior, que então

lhe fizeram. — Também assim o creio, compadre.

No tempo em que elle veio, havia He- rodes, Caifás e Annaz, e de então para cá outros monstros de horrendas fórmas vieram engrandecer aquelles.

Jacque9 Clement, apunhalando Hen- rique III; Ravailac. assassinando Hen- rique IV; Rissakof, arrancando a vida a Alexandre 2.°; Charles Guiteau, es- faqueando Garfield; Cesário, sepultan- do Sadi Carnot, em fim... Vailant, Henry; Ravachol e outros, não foram menos crus que os trez primeiros.

—Mas deixe-me dizer-lhe também, compadre, que peiores do que esses acabados de nomear, ha os cá. Temos ahi fazenda muito mais fina, e muito mais bem acabada. Ha-os ahi que, sor- rindo-nos, passam-.nos o braço em vol- ta do pescoço, chamam-nos amigos, dedicadíssimos amigos, correligionários leaes... e que sôi eu?... mil cousas nos dizem amavel e carinhosamente, e por fira, acabam por espoliar-nos epor nos vender.

—E não sabe como se curam esses males?. .. Quando o compadre encon- trar um d'esses sujeitos. .. apresente- Ihe as armas de S. Francisco, e crave os olhos no bico da bota.

—Nem isso me tinha lembrado, boa receita.

MISCELLANEA

Na carteira de uni tolo. Eui amor duvida; em politica des-

confia; em virtude não creias sem pro- vas. .. Procura a belleza nas mulheres no seu porte, e nã i no seu rosto. Não te envaideças com o dinheiro que tens, gosa com o qn gastaste.

Nos palacios todos são escravos, nas egri*jas todos são livres.

Ama e procara a paz na tua alma, na tua familia, no teu povo e no teu paiz.

Já fiz 81 annos e cliamam-me tolo; tenho visto padecer os espertos.

Aos 22 tinnos conheci que na come- dia do mundo, o tolo não precisava pe- dir; se representar bera o sen papel, é o que melhor sae de todas as emprezas; ignoro se o desempenhei bem ou mal, porém, durante 62 annos ri-me dos qne pensavam rir-se de mim; disfructc-i mais liberdade do oue os outros e nnnca cau- sei snspeitas aos maridos, aos amigos, ao governo, á inquisição e se tornasse a nascer, a primeira consa que pediria a minha mãe, seria que me fizesse pas sar por tolo desde o berço...

VOX POPULI VOX DEI

Na aldeia toda a gente murmurava, Em desfavor da pobre rapariga, A mais leal e aticiçoada amiga, Essa mesma, por fora, a diffamava.

Uma uoite que no adro se cantava Ao rude som d'uma viola antiga, Alguém lhe dirigia certa cantiga, Que a desgraçtda qnasi desmaiava...

Morreu pouco depois. A' luz d'um cirio. Rósea camélia transformada em lyrio, Eu a vi na postura derradeira;

Debrucei-me tremente sobre a eça, E notei qne na languida cabeça, Levava murcha a flôr de larangeira.

Eduardo Coimbra.

PENSAMENTOS

& YIDÀ

Que é a vida? A lucta eterna de li- berdade contra a fatalidade, e o triura- pho definitivo das forças brutaes da natureza, sobre a liberdade humana.

E. Auzar.

A vida é o usufructo d'um aggre- gado de moléculas.

Goncourt.

Na vida o proveito de um, e o pre- juízo de outro;

Montaigne.

No livro da vida, a felicidade tem uma só pagina.

Quantas paginas brancas e quantas paginas negras!

Arsène Houssarge.

Ah! Julgas que és feliz?! Eu estou aqui!

Mathurin.

A vida é o dia d'hoje, A vida é ai que mal sôa, A vida é sombra que foge, A vida é nuvem que vôa; A vida é sonho tão leve Que se desfaz como a neve E como o fumo se esvae: A vida dura um momento, Maia leve que o pensamento A vida leva-a o vento A vida é folha que cáe!

A vida é flor na corrente, A vida é sopro suave, A vida é estrella cadente, Vôa mais leve que a ave; Nuvem que o vento nos ares, Onda que o vento nos marea, Uma apoz outra lançou, A vida—penna cabida Da aza da ave ferida — De valle em valle impellida, A vida o vento a levou 1...

João de Deus.

LES IYI0TS DE LA FIN

C rto sugeito que não prima pela limpeza da roupa brauca, perguntava a um amigo qual a maneira de melhor se desfarçar para ir a um baile de mas- caras, ao que o outro respondeu:

Veste uma camisa lavada, que nin- guém te conhece.

N'um tribunal: O juiz—Você é casado? Iíeu—Não, senhor juiz, sou solteiro. Que felicidade para sua mulher I

N uma casa de jogo: Quem é este sujeito que fez banca? E' um capitão. Do exercito? Não. De ladrões.

Diga-me, papá : no dia do meu ca- samento, o que me dá de presente?

O meu consentimento, minha filha.

— =t —

PROBLEMA A PREMIO

Tres sujeitos com direito ao fructo duma pereira, (marmella) verificaram ter ella este anno quarenta peras.

Divididas estas, apurou-se que a cada um dos donos, couberam cinco peras.

Pergunta-se: onde está o gato?... (as outras peras).

AGRICULTURA

COMO SE DEVE COLHES i AZEITONA

A apanha da azeitona toca em Portu- gal os dois extremos: o optimo e o péssimo; colhe-se a azeitona seguindo dois methodos: ou apauhando-a á mão ou varejando as oliveiras.

Este ultimo processo não resiste á mais pequena analyse. E' o ílagello dos nossos olivaes e contribuo para a ruim composição do producto.

Basta olhar o chão subjacente ás ar- vores durante a colheita, ou depois, para saltar á vista essa apreciação, o solo li- ça juncado de renovos, de ramos e de folhas. I)'ahi resulta damno immediato l>ara a arvore, provocação e estado mor- bido e sacrilicio das colheitas seguintes, favorecendo a producção alterna que

muitos oliviticultores se comprazem em attribuir á própria maneira de ser da oliveira. Além d'isso sofíre também o fructo colhido, que vem contuso e lace- rado, sem contar com aquelle que se perde, impellido pela força das varas, manejadas com brutalidade pelos vare- jadores.

A azeitona pisada e golpeada por suc- cessivas pancadas do varejão e depois durante a queda de ramo em ramo e finalmente no chão, está muito mais in- susceptível de guardar-se alguns dias, fermenta rapidamente, deixando sahir pelas rupturas da polpa, misturada com oleo, a agua de vegetação, que depois se torna uegra e fétida, expondo-se ao ar os princípios immediatos que a for- mam, etc.

Por mais rccommendações que se fa- çam aos operários, estes batem sem dó nem piedade as innocentes victimas, de fora para dentro, arrancando-lhes não só folhas mas ramos e rebentos.

D'estes os que ficam por sítios estio- lam-se e seccam, faltos d'alimentação foliar, outros ao desprenderem-se da arvore esfolam-n'a e ferem-n'a por for- ma a originar-the perdas e interrupções de seiva e entrada livre á carie dos te- cidos pela penetração da agua das chu- vas e d'outros meteoros.

Arrancando-se os rebentos do anno que devem ser fructiferos para a co- lheita seguinte comprehende-se facil- mente como a um anno de graude pro- ducção, em que a arvore tenha de ser mais flagellada pelo varejão. se siga um outro em que a producção seja menor, graças ao desapparecimento das garan- tias de f nidificação. A esta pequena colheita, que não exigiu tanta pancada e portanto tanta destruição, seguir-se-ha melhor producção, em egualdade de circumstancias, por isso que não foram a terra tantos raminhos e rebentos.

0 varejão deve ir apenas, n'uma co- lheita racional, onde não chegue a mão do homem. Só em ultimo caso se deve procurar o seu auxilio. A' mão a co- lheita não é um destroço. Todos os de- feitos que apontei provenientes do uso do varejão desapparecem aqui, e ha a notar que o oliviticultor eximio que se- pare as azeitonas más das boas tem n'este processo economico meio de evi- tar a escolha no lagar, fazendo-a logo na apanha.

E já que toquei na questão de econo- mia não irei adiante sem levantar uma accusação que habitualmeute se lança contra todas as vantagens da colheita á mão.

Dizem-n'a cara. Ora se no primeiro anno do seu uso a fabricação de esca- das de vários generos, e para não assus- tar não me referirei a aperfeiçoamentos vários que em Italia se teem introduzido n'essa practica, se essa construcção im- porta em mais do que a compra de va- rejões, o que é caso para se averiguar, o preço da mão d'obra não se me afigu- ra que justifique tal apprehensão. A va- rejação requer homens e homens fortes e mulheres para a apanha. Colhendo-se á mão é de ultilidade até que os operá- rios sejam garotos ou rapazes novos que pelo seu peso não ameacem a integri- dade dos ramos das oliveiras, que pela sua agilidade cheguem onde o adulto não vae e que não ganhem (;into como aquelles. Por outro lado este processo reduz em egualdade da circumstaucias o pessoal feminino, por isso que a azeitona cahin- do toda ao redor do tronco da arvore sobre pannos simplifica o trabalho da apanha, que fica apenas quasi limitado a levantar estes quando a arvore está despida de fructo deitando a azeitona que alli se junta para dentro de cestos. Depois tem apenas as conducções.

Não é por esforço de imaginação que se supporá até uma economia n'este processo. Mas, poderá dizer se e diz se, o maior tempo que isso leva não è des peza de mais?

Pois mesmo que seja exacta essa sup- posição, o que não está provado, eu persuado-me que a economia apontada atraz compensa esse maior gasto.

E o bom estado em que fica a arvo- re, e a maior garantia de producções regulares todos os annos, e a nulla per- da de azeitona que o varejão espalha para todos os lados e em todas as dire- cções e a perfeição em que fica o fru- cto, são vantagens d'um valor que teem de entrar em linha de conta como eco- nomia resultante da apanha á mão.

Tanto quanto possível é de vantagem não deixar subir ás arvores os operá- rios com os sapatos ferrados, e é im- prescindível recommendar-lhes que ao arrancar a azeitona dfjs ramos se não

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3

opére com a mão em sentido contrario ao das folhas, porque de contrario vem tudo a terra e perde-se a utilidade do processo.

D. Luiz de Cuxlro.

(Da «Agricultura Contemporânea»),

PELO MUNDO

O espirito de Victor Hugo

Uma das cousas desagradareis que se costuma dizer do grande génio poé- tico, Victor Hugo, é que n&o tinha es- pirito. Jules Clarétie que o conheceu de perto manifesta se de opinião con- traria, em um artigo recente da Recue de Paris.

«Ouvi muitos conversadores, dilicio- sos e perturbantes como Renan, attra- hentes como Saiote £euve, ou espiri- tuosos e originaes como Gavarini; nun- ca ouvi conversador mais extraordiná- rio do que Victor Hugo.

Ha muitas formas de espirito. O es- pirito é mesmo o que ha de mais in- difinivel e de mais pessoal em o mun- do. Tem as suas modalidades e os 6eus tics: e' Ariel Protheu.

Victor Hugo possuia um espirito bem seu, zombeteiro e bonacheirão ao mesmo tempo, enorme e dilicioso, des- concertante pelo imprevisto em a for- mula, em o pensamento, em a prom- ptidão da replica—o espirito de uma creança que brinca e que de um mo- mento para o outro se transforma em um grande poeta, em uma especie de propheta commovido ou indignado.»

Razões particulares assistiam a Vi- ctor Hugo para o não toroar pessimis- ta, se admittirmos a opinião conhecida de que o pessimismo é uma das for- mas das doenças do estomago.

Clarétie conta que viu muitas vezes o eminente poeta, em seguida a uma afeição copiosa absorver, á hora do chá, em guisa de refresco, uma tange- rina, inteira, em a qua1 introduzia um pedaço de assucar e, depois de haver triturado o assucar e o fructo com a casca e as pevides, engulia tudo. Era o que elle chamava o grog á Victor Hugo.

Ha uma série interminável de ditos de Victor Hugo mas que, por allusi- vos a questões politicas actuaes em o tempo do poeta, perderiam de seu chis- te ser transcriptas aqui.

O adoravel poeta da Arte de ser avô era doido por creanças e os seus neti- nhos occupavam uma larga parte em o coração d'elle e em a vida também.

«Improvisára para seus filhos e fi- lhas toda uma série de contos, que de- pois me repetiu rindo. Antes de irem para a cama, os pequenos pediam uma historia, uma historia bonita, a conti- nuação das Aventuras de Polichinello, a esse génio que se fazia creança para divertir os pequenos. E então a ima- ginação do auctor de Ilan de Islandia partia á redea solta. Era um rosário de dramas impossíveis, de invenções poéticas ou grutescas, alguma cousa de semelhante ao desfilar das extravagan- cias de Callot em uma paisagem de Walteau ou em uma ilha encantada de Shakespeare. A historia do Solitário que se alimenta de vitello em mrio das ruínas, parecia uma nova edição do Bello Pecopin, revista por Scarron.

Mas, embora o poeta se divertisse a si proprio com esses improvisos extra- ordinários, sempre chegava um mo- mento em que a sua verte se reconhecia vencida em a lua com a insaciavel cu- riosidade de Carlos, de Francisco Victor e de suas irmãs. Em este caso extremo, o contista recorria a um expediente uniforme, que produzia sempre o mes- mo effeito. Supunha repentinamente que Polichinello tinha sêde, entrava em um café e pedia um jornal; e Victor Hugo, pela bocca de Polichinello. im- provisava logo um artigo de fundo, imitando o estylo dos publicistas cir- cumspectos:

0 horizonte politico mostra-se annu- blado... O carro do Estado oscilla em a sua base... A crise ministerial que certos espíritos imprudentes ou mal in- tencionados suscitaram... Os olhares suspeitos, os da Europa...

E Polichinello continuava assim im- pertubavelmente, apezar das reclama-

,ções do publico infantil, que gritava: Passa isso.. • lê outra cousa! até que a

'filha mais velha se punha a dizer, ven- do que não havia meio de interromper a fastidioso leitura:

— Vamo nos embora... lá começou elle com as suas tolices.

E as creanças iam-se embora. A en- trada de Polichinello em o café era o signal de retirada.

—Ora eis o eff eito dos artigos políti- cos. »

Victor Hugo fazia gala das puerili- dades encandadoras em que se entre- tinha com os pequerruchos. Quem lhe poderia também tomar a mal que a peti- zada fosse o encanto de seu espirito ?

—aSabe qual é o meu maior prazer quando chega o dia de anno bom? di- zia-me elle um dia. E' receber os per- sonagens políticos mais graves—sena- dores, collegas meus—á mesma hora em que os meus netos sabem que eu estou de volta com uma carregação de brinquedos.

Aquelles importantes cavalheiros es- tão sentados em a mesma sala; eu an- do para traz e para diante em o apo- sento, deixando algum boneco deitar a cabeça de fora do meu bolso; e assim passeio, de um lado para o outro, agi- tando os mais terríveis problemas, Be- guido pelos pequerruchos que olham de soslaio para as minhas algibeiras, sob as vistas assarapantadas dos paes da patria.

De tempos a tempos, sinto uma mão- sinha insinuar-se-me em um bolso e tirar de lá um bébé articulado, o que motiva grandes explosões de alegria; eu, corno se não desse por tal, continuo a tratar peripateticamente qualquer assumpto formidável, em a presença attonita dos homens políticos, pasmados de encon- trarem um velho vergando ao peso de tantos cuidados e de tantos bonecusl...

Em o fundo—e o »eu olho malicioso briLhava, ao passo que fazia ouvir o seu bom riso sonoro—em o fundo elles devem achar-me um pouco pateta!»

Em taes puerilidades se evidenceia a bondade e o espirito do grande génio do século XIX.

Tres jornalistas allemães, em o ca- ridoso cuidado de promover novas fon- tes de receita para o thesouro, lem- braram-se de novíssimas e curiosas ta- xas sobre nascimentos e casamentos.

Cada casal, ao apertar o dôce nó gordio, havia de lacral-o com um im- posto de vinte marcos, cêrca de 40800 réis. Cada nascimento daria, como pro- va de jubilo dos paes, uma entrada para o thesouro de cinco marcos, cêrca de 10200 réis. Finalmente, os conjugues que, passados tres annos de casamento não tivessem filhos, lesando assim o thesouro com os taes cinco marcos, pagariam cento e cincoenta marcos a titulo de indemnisação. Esta especie de remissa repetir-se-hia de tres em tres annos para estimular os pregui- çosos.

Viesse esta noticia allemã, mettida em uma chronicahumorística, nada ha- veria a dizer, mas os cogitadores das taes taxas as exposeram com uma se- riedade mais brítanica do que germa- nica. Àhi é que está a graça toda.

CONTOS INFANTIS

0 ACHADO

Era João um pescador muito pobre, que vivia numa pequena cabana á bei- ra do rio, com sua mulher e dois filhos pequenos chamados J»cqu.js e Jacque- lina. Tinha um botesito, no qual ia todas as manhãs deitar as suas redes.

Infelizmente, a pesca nem sempre era abundante, e esta pobre gente pas- sava bastantes necessidades.

Um dia, quando o pescador ia levan- tar aã redes, ficou muito contente por as sentiu muito pesadas.

Com grande surpreza, porém, do pae e do filho a rede continha apenas dois barbos e um lúcio, mas este tão grande e tão pesado que parecia estar cheio de chumbo.

Com muita curiosidade de saber o que elle teria dentro, levaram-no para a praia, e abriram-no logo alli.

Imagine-se a alegria do pobre ho- mem, quando viu cahir de dentro do peixe uma bolsa velha cheia d'ouro!

--Ah! que felicidade! gritou o pes- cador. Este dinheiro vem exactamente na occasiào em que eu tinha de pagar o aluguer da nossa casa, sem ainda ter cousa alguma para a ajuda d'elle. Que felicidade! repetia. Prometto te, meu Jacques, que te hei de comprar umas calças e um casaco novo.

— E também um vestido á Jacque- lina, sim, pae?

— Sim, e também não hei de esque- cer-me de tua mãe.

Em seguida correram para casa com o seu thesouro, cheios de alegria.

A mulher do pescador não ficou menos satisfeita do que elles, mas ain- da assim não poude deixar de dizer:

—Como deve estar agora triste o pobre homem que perdeu a bolsa!

—Pobre?1 repetiu o marido. Deve pelo contrario ser um ricaço, visto que possue tanto ouro!

— Sim, devia sel-o antes de perder esta bolsa—replicou a mulher; mas como já não a tem deve decerto estar pobre.

—O que eu acho mais engraçado, respondeu Jacquelina, é como o peixe poude engulir o dinheiro, porque o ouro não deve saber bem.

—Não, mas servir nos-ha para com- prarmos muito boas coisas de comer, disse o pae. Amanhã havemos de ter um bom jantar. Ha de haver sopa, um bom cosido, carne assada, e uma gar- rafa de vinho. Agrada-vos?

Depois contaram as peças d ouro: eram vinte. A mulher lavou-as e es- fregou-as até se tornarem a pôr ama- relliuhas e passou para as rnãOB da filha a bolsa, que já estava muito usa- da. Era uma bolsa grande, muito an- tiga, com correntes de metal que Jac- quelina tentou limpar, como sua mãe tinha feito ás peças.

Depois de lhe tirar o lodo, que a cobria, viu que nas correntes estavam gravadas umas letras, e mostrou-as ao irmão que sabia ler alguma coisa.

O pequeno exaiuinou-as muito tem- po e por fim decifrou um nome: Ber- nardo.

—Bom Deus! gritou a mãe, esta bolsa pertence então ao sr. Bernardo, o proprietário do palacio. E' preciso restituir-lh'a, accrescentou ella com um profundo suspiro.

—Mas o pae achou-a, disse Jacques, e, se elle não tivesse pescado o lúcio, o sr. Bernardo nunca mais veria a bolsa.

—E' verdade, replicou a mãe, mas também é verdade que a gente deve restituir o achado se pôde descobrir o d mo.

O pescador deu razão a sua mulher, e combinaram que no dia seguinte de manhã, emquanto o pescador ia levan- tar as redes, Jacques e Jacquelina le- variam as peças d'ouro ao palacio que ficava a dois kilometros de distancia.

Effectivamente ao outro dia, as duas creanças sahiram de casa para resti- tuírem o achado.

Assim que os introduziram no salão, onde se encontrava o sr. Bernardo, Jacquelina fez-lhe a sua mais graciosa reverencia, emquanto Jacques, tirando o chapéu e curvando-se para o saudar, lhe disse:

—Aqui está a vossa bolsa, senhor. Encontrou-a hontem u eu pae dentro d'um lúcio.

—D'um lúcio! gritou o sr. Bernar- do, estupefacto. Ha pelo menos dois ânuos que a perdi no rio, e confesso que nenhumas esperanças tinha de a tornar a ver. A bolsa está muito suja, mas os luizes estão bons>, e não falta nem um.

—As correntes estão limpas, senhor, disse Jacquelina, fui eu que as limpei o melhor que pude, e foi Jacques quem leu o nome que tinha gravado.

—gois umas creanças muito honra- das, replicou o sr. Bernardo, e agra- deço vos do coração.

Em seguida, Jacques fez a sua sau- dação e ia a retirar-se, quando Jacque- lina, pesarosa por o senhor Bernardo nada lhes dar, desatou a soluçar.

—Que tens tu, minha filha? per- guntou o sr. Bernardo.

—Não faças caso, senhor, respondeu Jacques. Vamos, Jacquelina, não se- jas tola. Ella chora porque o pae ti- nha-lhe promettido uma saia nova, e também um bom jautar.

—E porque não poderá já pagar o aluguer da casa, soluçou a pequena, por ser muito pobre. Quando achou esta bolsa, julgou que poderia ficar com o dinheiro, mas logo que soube de quem era, disse que seria uma acção má guardar o ouro, e viemos restituil-o.

—E teve razão. Dizei lhe da miuha parte que ámauhã de manhã irei visi- tal-o e agradecer lhe o ter-me manda- do o dinheiro.

Em seguida Jacques, fez segunda saudação e retirou-se com Jacqueliua viudo contar a seus paes o que se ha- via pagado.

No dia seguinte, o snr. Bernardo não faltou á sua promessa. Logo de manhã foi agradecer a eutrega da bol- sa, e informar-se da situação do pesca- dor e da sua família. Soube que o mau êxito da pesca, era devida ao mau estado das redes do pescador, e que teudo um bello e grande porco, falta- va-lhe farinha e batatas para mais tar- de o salgar.

Voltaudo-se em seguida para os pe- quenos, perguntou:

—Estas creanças andam na escola, não é verdade?

—Não, meu senhor, respondeu o pescador. Desejava isso muito, mas uão tenho dinheiro para os mandar educar. Tomara eu pagar ao meu se- nhorio o aluguer que lhe devo.

Socegae, e não vos inquieteis, bom homem, disse Bernardo. Vós nada de- veis ao vosso seuhorio.

O pescador abriu muito os olhos sem comprehender, mas o snr. Ber- nardo continuou:

— Soube que devíeis o aluguer da casa, e por isso esta manhã mandei pagar não só o que estava em divida, mas o do proximo anno. A este res- peito podeis pois descançar, agora se vossos filhos quizerem frequentar a escola, eu me encarrego do pagamen- to. Que dizeis a isto pequerruchos? disse elle dirigindo-se ás creanças.

—Oh! respondeu Jacques, eu pro- rnetto que nunca faltarei á aula, a me- nos que meu pae não tenha precisão de mim, para levantar as redes, mas

ajudal-o-hei nas horaa de recreio e nos dias feriados.

Jacquelina não estava menos con- tente. Olhou para sua mãe, que res- pondeu por ella ao bom senhor.

— Terei um pouco mais de trabalho em casa. mas estou bem convencida que será melhor para nós que ella aprenda alguma coisa, porque é muito esperta. Aquelles que não sabem ler, nem escrever, são muito felizes por terem um filho que saiba. Esse pouco que Jacques sabe, é para nós bem util. Por elle soubemos que a bolsa vos pertencia. E depois é d'uma grande economia ter as roupas bem remenda- das. Nós damos, por não sabermos, uns maus alinhavos, mas as meninas que apprendem a coser na escola, en- vergonhar-se-hiam de fazer um tão mal feito trabalho. Costuram tão delicada- mente que nem as costuras se percebem.

O sr. Bernardo partiu pouco depois, dizendo que bem depressa teriam no- ticias suas.

Effectivamente no dia seguinte uma carroça, vinda do palacio, parou dean- te da cabana.

Tiraram d'ella primeiro um sacco com batatas o farinha para engordar o porco, e um alqueire de sal para o sal- gar; depois uma grande empada e um almude de vinho. Os olhos das crean- ças brilhavam de prazer; mas a sua alegria foi inexedivel quando abriram dois embrulhos, e viram um fato com- pleto para cada um d'elles.

O carroceiro disse a Jacquelina, que a esposa de Bernardo lhe mandava aquella capa de flanella com capuz para ir á igreja e á eschola no tempo irio, e mais uma bonita saia e uma linda touca.

Jacquelina saltava de alegria ao ver coisas tão lindas.

Finalmente, um ultimo embrulho encerrava redes novas para o pescador de maneira que todos ob membros da família tinham motivos para se rego- sijareoi e serem reconhecidos ao sr. Bernardo, que tão largamente os re- compensava da sua probidade.

As creanças applicaram-se ao estudo, e fizeram rápidos progressos. O pçs- cador e sua mulher trabalharam mais assiduamente para poderem dispensar a ajuda dos filhos. O porco engordado e salgado mais tarde, foi lhes de gran- de proveito durante o inverno. Os pei- xes apanhdos nas redes e não achando já buracos por onde podessem fugir, foram conduzidos para terra e vendi- dos no mercado, e o producto da ven- da d'elles deu a esta honrada gente, uma boa abastança.

O que prova a verdade do provér- bio inglez: Honesty is lhe best policg, que traduzido livremente significa:

A probidade é sempre recompensada.

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Tabella dos preços correntes, nos mercados abaixo designados, no dia V de outubro de 1891

CONCELHOS

Alfandega da Fé Bragança Carrazeda d'Aneiàes Freixo de Espada á Cinta Macedo de Cavalleiros— Miranda Mirandella Mogadouro Moncorvo Vimioso

MEDIDAS

Secco Liquido

L- 16.5 14,4 15,0 14,9 15,42 14.6 16,78 15,4 13,3 15,84

Ir.» 22,5 25,76 25,2 22,8 25,12 26,64 25,0 31,992 25,0 32,54

ALQUEIRE («)

Trigo

550

500

530

550

540

Centeio Feijfto

Branco Vermelho

530 850 780

480 800

540 900

520 850

530 820

750

850

820

800

3 J í3 o a

180

140

160

140

150

ALMUDE (>)

Aguar- dente

50000

4<5600

45400

45800

Vinho Vinagro Azeite

20750 20500 30600

24400;

<*)2fõoo 20300

20700 20500

40400

40500

40300

20700 20400 40200

I - H i * o

1*800

20000

(') Corresponde ii medida indicada. . .. ^ „ .. ,, , (!) o vinho novo (mosto) tem-se vendido a 1/200 reis, mas com tendencia para baixa, visto a excetlente colheita d este anno. (3) A colheita este anno promette ser muito regular.

O gado vaccum e suíno, tem baixado consideravelmente de preço. Cereaes, este anno a colheita foi muito inferior á do anno passado, como se poderá ver:

1833 189A

Trigo 150:862

Cent.io 366:022

Trigo 108:014

Centeio 109:221 Dec.

Houve por tanto uma differença considerável, para menos, este anno, comparado com o anno anterior.

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Dà-se um exemplar, grátis, a quem se responsabilisar pela venda de O exemplares.

Toda a correspondência dirigida a RODRIGO DE MEL LO CARNEIRO KACiLLO

Travessa da Queimada, 35, Lisboa

Contribuição industrial

Lei de 28 de junho de 1894:, e res- pectivo Regulamento, approvado por decreto da mesma data, contendo as tabellas das industrias; taxas de im- posto segundo a ordem da terra; pra- sos das reclamações; fundamento del- ias, etc., etc.

Acha-se publicada esta obra, cujo conhecimento é sobremaneira interes- sante a todas as classes industriaes, :!abris, commerci.ves, artes e officios. Estudando-a, fica sabendo o contri- buinte quaes as obrigações que tem a cumprir e que direitos lhe assistem Jara evitar injustiças e aggravos tri- butários. A edição é sobremaneira eco- nomica, e por tão diminuto preço é a única que se encontra no mercado. Cada exemplar custa «penas 200 reis; leio correio, 220.

Aos revendedores desconto vanta- joso, não sendo os pedidos inferiores a 10 exemplares. Remette-se para a irovinoia a quem enviar 220 reis, em estampilhas, ao editor A. José Rodri- gues. rua da Atalaya, 183,1.°—Lisboa.

Valentim Guerra

SENDIM

Estabelecimento de ferragens e quinquilherias.

Fabrica de rolhas de cortiça, mon- tada com machinismo de primeiríssima ordem.

Fabrica de distallação de álcool, por modernos processos.

Satisfaz com a maxima promptidão qualquer encommenda, tanto para o paiz como para o estrangeiro.

Valentim Guerra

Sendim de Miranda

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MATERIAL ESCOLAR

CANDIDO DE FIGUEIREDO

0 BACHAREL RAMIRES

(Historia de um dissidente)

N.° 29 da collecção Antonio Maria Pereira.

Uin volume nitidamente impresso, de 233 folhas.

A1 venda na livraria de Antonio Ma- ria Pereira — Rua Augusta, 50 a 54, Lisboa.

NOVA GR AM ATIÇA PORTUGUE- ZA para as escolas primarias elementa- res e complementares, exames dadmis- são e portuguez, muito methodica e fá- cil pela forma e exposição das suas doutrinas; o seu preçoé modicissimo; em brochura 240; encadernada 360; por Antonio de Padua de Souza Lobo, pro fessor jubilado.

ARITHMETICA E SYSTEM A MÉ- TRICO com uma grande collecção de pro- blemas, pelo mesmo; em brochura 180 reis; encadernada, 260 reis. Aos pro- fessores faz-se grande abatimento. Di- rigir ao auctor. Rua dos Caldeireiros, 244, 1." andar—Porto. (129)

1894-1895 - 5.° anno de publicação

Gazeta de Noticias Folha portuense—politica, noticiosa,

li Iteraria e de critica Collaborada por distinctos escríptores e

jornalistas: Drs. Halho d'Almeida, Mello Freitas,

M. Ribeiro de Figueiredo, Gonçal- ves de Freitas, Alves Mendes, e João de Deus, e Bulhão Pato, Gervásio Lobato, Fernandes de Lacerda, L. d' Araujo, Barão do Cadoro, etc. Director—Daniel d'Abreu, Júnior

Publlea-se n« legundai-feirM

Preço da assignatura para Por- tugal— Anno 500 reis.

iNàu se acceitam assignaturas que não ve- nham acompanhadas do seu importe.

Toda a correspondência deve ser diri- gida para a rua d'Alegria, 575—PORTO.

Divulgação socialista

O Capital, por Karl Marx . . 2 pesetas Miséria da phitosophia, por

Karl Marx 1 * Estudo acerca do socialismo

identifico, por Gabriel De- viUe 0,25 *

A autonomia e A Jornada de oito horas de trabalho, por Pau- lo Lafargue 0,20 *

Collecticismo e revolução, por Julio Guesde 0,20 *

Meeting de controvérsia em San- tatuler, celebrado entre Coll y Puig. director de A Voz montanhesa é o companhei- ro Pablo Iglezias. . . . 0,20 *

Manifesto communista, por Fre- derico Engels .... 0,15 '

O collectivismo, conferencia rea- lisada perante o Circulo de estudos economicos de Bruxellas, Julio Guesde . 0,15 *

Projmganda socialista, por J. Pich e Creus 0,15 "

Todos estes livros e folhetos que cons- tituem a bibliotheca do jornal operário ma- drileno O Socialista, encontram-se ã venda na redacção do mesmo jornal, rua de Her- nan Cortês, 8, Pral , Madrid.

0 Naufragio de Vicente Sodré

N.® 27 da collecção Antonio Maiia Pe- reira.

Romance original de Pinheiro Chagas. A' venda na livraria editora de Antonio

Maria Pereira—Rua Augusta n.# 50, 54 -LISBOA.

Porto — Typographia Gutenberg rua dos Caldeireiros, 43.

Editor responsável J. P. 8. VICTORIA