ANO 18 Nº 198 Fev/Mar/12 Aumento de até 400% no custo dos ...

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13° Agrocafé aborda diversidade dos grãos brasileiros Milho terá nova classificação Bahia Farm Show avança em ritmo acelerado ANO 18 Nº 198 Fev/Mar/12 Página 05 Página 03 Página 02 Página 06 Páginas 04 e 05 Com dois milhões de hectares plantados, 10% a mais que na safra passada, o cerrado da Bahia, no Oeste do estado, deve colher quase oito milhões de to- neladas de grãos ao final do ano agrícola de 2011/12, 13% a mais que no ciclo anterior. A estimativa é do Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Ir- rigantes da Bahia (Aiba), que concluiu esta semana o 2° Levantamento da Safra 2011/12. Se confirmados os prognósticos, será um novo recorde de produção. Mas, a perspectiva que, por um lado, anima os produtores, também é motivo de preocupação, devido às condições precárias da malha de rodovias estaduais e vicinais para o escoamento da produção e trânsito dos insumos agrícolas. De acordo com o presidente da Aiba, Walter Horita, a logística da safra da região, entre produção e insumos, demanda o equivalente a mil caminhões com capacidade de transportar 37 toneladas por dia, durante os 365 dias do ano. Estradas intransitáveis deixam produtor do Oeste refém da sua própria competência Aprovada em 23 de dezem- bro de 2011 na Assembleia Le- gislativa da Bahia, a Lei 12.373 vai tornar ainda mais caros os custos de produção para agri- cultores e pecuaristas baianos. Pela nova lei, os serviços carto- rários vão ficar até 400% mais altos a partir de 25 de março deste ano, contra os reajustes determinados pela lei anterior (11.631/09), ainda em vi- gor, que eram corrigidos a um percentual máximo de 6,56% ao ano, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para piorar, no pacote apro- vado pelos deputados estaduais baianos, que majorou as taxas de prestação de servi- ço e de poder de polícia no âmbito do Judiciário, foi instituída a “taxa de fiscalização judiciária”. Ela será cobrada junto com os emolumentos, e nas situações em que são ne- cessários os serviços de ta- beliães para la- vrar escrituras, registros, den- tre outros. Aumento de até 400% no custo dos serviços de cartórios será danoso para o produtor rural Ainda nesta edição:

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13° Agrocafé aborda diversidade dos grãos brasileiros

Milho terá nova classificação

Bahia Farm Show avança em ritmo acelerado

ANO 18 Nº 198 Fev/Mar/12

Página 05

Página 03

Página 02

Página 06

Páginas 04 e 05

Com dois milhões de hectares plantados, 10% a mais que na safra passada, o cerrado da Bahia, no Oeste do estado, deve colher quase oito milhões de to-neladas de grãos ao final do ano agrícola de 2011/12, 13% a mais que no ciclo anterior. A estimativa é do Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Ir-rigantes da Bahia (Aiba), que concluiu esta semana o 2° Levantamento da Safra 2011/12. Se confirmados os prognósticos, será um novo recorde de produção. Mas, a perspectiva que, por um lado, anima os produtores, também é motivo de preocupação, devido às condições precárias da malha de rodovias estaduais e vicinais para o escoamento da produção e trânsito dos insumos agrícolas.

De acordo com o presidente da Aiba, Walter Horita, a logística da safra da região, entre produção e insumos, demanda o equivalente a mil caminhões com capacidade de transportar 37 toneladas por dia, durante os 365 dias do ano.

Estradas intransitáveis deixam produtor do Oeste refém da sua

própria competência

Aprovada em 23 de dezem-bro de 2011 na Assembleia Le-gislativa da Bahia, a Lei 12.373 vai tornar ainda mais caros os custos de produção para agri-cultores e pecuaristas baianos. Pela nova lei, os serviços carto-rários vão ficar até 400% mais altos a partir de 25 de março deste ano, contra os reajustes determinados pela lei anterior (11.631/09), ainda em vi-gor, que eram corrigidos a um percentual máximo de 6,56% ao ano, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para piorar, no pacote apro-vado pelos deputados estaduais baianos, que majorou as taxas de prestação de servi-ço e de poder de polícia no âmbito do Judiciário, foi instituída a “taxa de fiscalização judiciária”. Ela será cobrada junto com os emolumentos, e nas situações em que são ne-cessários os serviços de ta-beliães para la-vrar escrituras, registros, den-tre outros.

Aumento de até 400% no custo dos serviços de cartórios será danoso para o produtor rural

Ainda nesta edição:

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ANO 18 - Nº 198 - Fev/Mar/12Publicação mensal editada pela Associação de

Agricultores e Irrigantes da Bahia - Aiba

Jornalista Responsável:Catarina Guedes - DRT 2370-BA

Aprovação Final:Alex Rasia

Editoração Eletrônica:Eduardo Lena (77) 3611-8811

Impressão: Gráfica Irmãos Ribeiro

(77) 3614-1201

Tiragem:2.500 exemplares

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Em ano de preços bons, previsão de

clima favorável e âni-mo positivo dos cafei-cultores, o 13º Simpó-sio Nacional do Agro-negócio Café - Agro-café elegeu como tema central do evento as várias nuances da ma-téria-prima de uma das bebidas preferidas dos brasileiros: o cafezi-nho. “Cafés do Bra-sil”, assim mesmo, no plural, diz respeito à multiplicidade de re-sultados que um pa-ís de dimensões con-tinentais proporcio-na para a produção do grão. Essa oferta va-riada tem conquistado cada vez mais adeptos no mundo e impõe ao

13º Agrocafé enfatizará os vários Cafés do Brasil

produtor de café a ne-cessidade de aperfei-çoar continuamente os seus métodos. O 13º Agrocafé será realiza-do nos dias 12 e 13 de março de 2012, no Ho-tel Pestana, em Salva-dor. O Simpósio tradi-cionalmente abre o ca-lendário brasileiro de eventos da cafeicultura e deve reunir cerca de 1mil participantes na capital baiana.

“O charme do café brasileiro é justamente essa variedade de sabo-res, aromas e corpos, o que obriga a cadeia pro-dutiva do grão a encon-trar soluções específi-cas para cada tipo do produto. Só na Bahia, há três áreas produ-

toras, cada uma delas com as suas caracterís-ticas e os seus próprios desafios”, diz o presi-dente da Associação dos Produtores de Ca-fé da Bahia - Assoca-fé, João Lopes Araújo. “Vamos tratar a diver-sidade no café brasilei-ro em todos os níveis, técnico, de qualidade, na indústria, mercado, e das alternativas para o produtor viabilizar o seu negócio e colher os frutos do seu trabalho”, afirmou.

“O café tem uma importância históri-ca para o Brasil, po-rém, apesar de ser um produto tão rico, ainda carece de uma política mais agressiva de di-

vulgação. O país des-tina para a promoção e marketing do seu ca-fé o equivalente a um décimo do que a Co-lômbia investe e, não por acaso, os colom-bianos são conhecidos em todo o mundo co-mo os melhores produ-tores de café, o que não é exatamente uma ver-dade”, diz Lopes.

Avanço naqualidade

No passado, segun-do explica o presiden-te da Assocafé, a maior parte do café que o bra-sileiro tomava era de baixa qualidade. Os ca-fés de excelência eram exportados. “Hoje is-to não é mais assim. O país investiu em qua-lidade na lavoura e na indústria, e o nível dos cafés tomados no mercado interno subiu muito. O hábito de to-mar café também se in-crementou e o mercado de cafés gourmets cres-ce a cada dia”, afirma a barista Silvana Lei-te que vai ministrar o

curso intensivo de ba-rista do Agrocafé, que acontecerá na segunda-feira, dia 12 de março, das 14h às 18h, den-tro da programação do Simpósio. Para a pro-gramação completa do 13O Agrocafé, acesse www.agrocafé.com.br.

O 13º Agrocafé é uma realização da As-socafé, Associação de Agricultores e Irrigan-tes da Bahia (Aiba), Centro de Comércio de Café da Bahia, Federa-ção da Agricultura do Estado da Bahia (Fa-eb) e Serviço Nacional de Aprendizagem Ru-ral – Senar-BA.

Cafés da Bahia/Infor-mações adicionais:

A Bahia é o quarto maior produtor de café do Brasil, com 2,5 mi-lhões de sacas ao ano. Perde para Minas Ge-rais, Espirito Santo e São Paulo. De acordo com o juiz internacio-nal de café Silvio Lei-te, a Bahia tem se con-solidado como forne-cedoras de cafés es-peciais, com ótimos resultados nas compe-tições internacionais e agora visa buscar os mesmos resultados pa-ra os cafés naturais. Os 130 mil hectares de la-vouras de café do es-tado estão distribuídos em três áreas de produ-ção, Planalto, Atlânti-co e Cerrado.

PLANALTO(arábica)

Compreende os mu-

nicípios da Chapada Diamantina, além de Brejões e Vitória da Conquista. Estes muni-cípios são famosos pe-la alta qualidade dos grãos, que resultam em cafés finos, muito admi-rados pelos gourmets.

A região tem tra-dição em “café des-polpado”, que é o ca-fé descascado e lava-do. O processo resulta em uma bebida suave e adocicada, pois o grão não fica muito tem-po em contato com os sais minerais e outras substâncias da casca. No Planalto também se produz o “cereja des-cascado, que não passa pelo processo de lava-gem, e resulta em um café mais forte.

CERRADO (arábica)

É o café da região do Oeste da Bahia, onde a cafeicultura é 100% irrigada. O café do Cerrado é o chama-do “natural”, que não é despolpado e nem la-vado. Resulta em uma bebida ainda mais forte que os da Chapada.

ATLÂNTICO(conillon)

Sul da Bahia. A va-riedade produzida lá é o conillon, um café neu-tro, sem cheiro e sem sabor, utilizado para a produção de café solú-vel (80%), e na compo-sição dos cafés vendi-dos nos supermercados, que contém, em média, 30% do conillon.

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Aprovada em 23 de dezembro de

2011 na Assembleia Legislativa da Bahia, a Lei 12.373 vai tor-nar ainda mais caros os custos de produção para agricultores e pe-cuaristas baianos. Pe-la nova lei, os serviços cartorários vão ficar até 400% mais altos a partir de 25 de mar-ço deste ano, contra os reajustes determi-nados pela lei anterior (11.631/09), ainda em vigor, que eram corri-gidos a um percentu-al máximo de 6,56% ao ano, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para piorar, no pacote apro-vado pelos deputados estaduais baianos, que majorou as taxas de prestação de serviço e de poder de polícia no âmbito do Judiciário, foi instituída a “taxa de fiscalização judici-ária”. Ela será cobra-da junto com os emo-lumentos, e nas situ-ações em que são ne-cessários os serviços de tabeliães para la-vrar escrituras, regis-tros, dentre outros.

Para a Associação de Agricultores e Irri-gantes da Bahia (Ai-ba), embora esteja no contexto da privatiza-ção dos cartórios, um tema que foi bastante debatido, a lei que au-menta os custos carto-rários, e que cria uma nova taxa, não teve a

Aumento de até 400% no custo dos serviços de cartórios será danoso para o produtor rural

devida exposição à so-ciedade.

“Foi aprovada no apagar das luzes de 2011, quando todas as atenções estavam vol-tadas para a legislação ambiental. Quando entrar em vigor, essa lei vai tornar exorbi-tantes os custos com cartórios”, diz Sergio Pitt, vice-presidente da Aiba.

Pitt exemplifi-ca afirmando que, pe-la lei antiga, que ain-da vigora, para regis-tro de uma cédula rural com valor a partir de R$1.189.378,70 (va-lor máximo da tabe-la progressiva de co-brança), será exigido o pagamento de emo-lumentos no valor de R$3.380,90. Foram criadas novas faixas na tabela progressiva, e o valor máximo passou para R$4.014.153,08. Operações acima des-te valor vão pagar pelo registro R$11.438,87 (R$7.427,84 de emolu-mentos + R$ 4.011,03 de taxa de fiscaliza-ção). O teto para co-brança, portanto, pas-sou de R$3.380,90 pa-ra R$11.438,87, com elevação de pratica-mente 240%.

“É um aumento ex-torsivo, principalmen-te, se levarmos em consideração a nature-za do serviço prestado. Pelo valor demandado para gerar este docu-mento, um pedaço de

papel, um cotonicultor do Oeste planta pou-co mais de dois hecta-res de algodão, que é a cultura mais cara de se produzir na região, com custo aproxima-do de R$5 mil/hecta-re, e que demanda tec-nologia, insumos caros e trabalho intensivo do plantio até a colheita”, ilustra Pitt.

Para a Aiba, atre-lar o custo de um ser-viço ao valor do pro-cesso gera graves des-compassos. “O traba-lho para confeccionar uma escritura de um imóvel que valha R$5 milhões é exatamente o mesmo que demanda para fazer uma escritu-ra de outro no valor de R$5 mil. Somos a fa-vor da privatização dos cartórios para melhorar os serviços, mas enten-demos que isso não po-de ser extorsivo ao ci-dadão, do campo ou da cidade”, afirma o vice-presidente da Aiba.

Distorções - Isonomia

A nova lei eleva o estado da Bahia ao posto de campeão nos custos cobrados a títu-lo de emolumentos pe-los cartórios. A tabe-la a seguir, segundo a Aiba, demonstra estas distorções.

Inconstitucional

Os produtores do

Oeste da Bahia, repre-sentados pela Aiba ar-gumentam que, além do reajuste, que consi-deram extorsivo, a lei é inconstitucional, na medida em que insti-tuiu um novo imposto, a taxa de fiscalização do Judiciário.

“A taxa não tem amparo na Lei Federal n° 10.169/2000, que regulamentou o pará-grafo 2° do artigo 236 da Constituição Fe-deral, que delega aos Estados e Distrito Fe-deral a fixação do va-lor dos emolumentos. Não entendemos co-mo será a manutenção e a destinação desta re-ceita e conclamamos o Ministério Público e a OAB a avaliarem e se manifestar sobre esta situação”, alerta o vi-ce-presidente da Aiba, Sergio Pitt.

Precedente

Os produtores baia-

nos também estudam um precedente prota-gonizado pelo esta-do de São Paulo, co-mo uma possível al-ternativa para atenuar o problema na Bahia. Com base no Decreto Federal n° 167/67, que instituiu os títulos de crédito rural, instru-mentos utilizados pa-ra o financiamento da atividade agrícola de interesse social (pro-dução de alimentos), e estabeleceu um teto máximo para os cus-tos dos emolumentos, limitando a um quar-to do valor do salá-rio mínimo da região, a Secretaria de Justi-ça e de Cidadania, a Associação de Notá-rios e Registradores do Estado de São Pau-lo – ANOREG-SP, e o Sindicato de Notários e Registradores do Es-tado de São Paulo fir-maram um Termo de Acordo de Redução de Emolumentos. Es-

te termo homologou a redução de 70% dos valores fixados nas Tabelas de Emolu-mentos dos Ofícios de Registro de Imóveis aprovados pela Lei n° 11.331/2002, para atos envolvendo títu-los de crédito rural, li-mitando o custo ao te-to de R$2.171,81.

“É preciso levar em consideração que, pe-la sua função social, a agricultura tem um tratamento diferen-ciado. Esse é o espíri-to do Decreto 167/67, que, ao instituir os tí-tulos de crédito rural deu um tratamento di-ferenciado aos custos dos emolumentos, no qual São Paulo ampa-rou sua defesa e em que nós certamente nos apoiaremos. Pro-duzir alimentos é uma função estratégica e deve ser considerado como uma questão de segurança nacional”, disse Pitt.

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Com dois milhões de hectares plan-

tados, 10% a mais que na safra passada, o cer-rado da Bahia, no Oeste do estado, deve colher quase oito milhões de toneladas de grãos ao final do ano agríco-la de 2011/12, 13% a mais que no ciclo an-terior. A estimativa é do Conselho Técnico da Associação de Agri-cultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), que con-cluiu esta semana o 2° Levantamento da Safra

Escoamento comprometido2011/12. Se confirma-dos os prognósticos, será um novo recorde de produção. Mas, a perspectiva que, por um lado, anima os produto-res, também é motivo de preocupação, devido às condições precárias da malha de rodovias estaduais e vicinais para o escoamento da produção e trânsito dos insumos agrícolas.

De acordo com o presidente da Aiba, Walter Horita, a lo-gística da safra da re-

gião, entre produção e insumos, demanda o equivalente a mil cami-nhões com capacidade de transportar 37 tone-ladas por dia, durante os 365 dias do ano.

“Estamos virando reféns de nossa própria competência. Aperfei-çoamos o processo de produção, mas a logísti-ca estadual é lastimável, pois não acompanhou o crescimento regional. As estradas estão in-transitáveis, principal-mente no período de

chuva. Isso aumenta o tempo necessário para o transporte, encarece os custos de produção, e tira a competitividade do nosso produtor. Sem falar que representa um grande risco de vida para quem transporta a carga, ou trafega nas estradas”, diz Horita.

Protocolo

Em 31 de agosto de 2009, Aiba assinou com o Governo do Es-tado da Bahia, através da Secretaria de Infra-estrutura, e o Banco do Nordeste um Protoco-lo de Intenções, como parte do Programa Es-tadual de Rodovias do Oeste Baiano, para ma-nutenção e implantação de 800 km nas rodovias da região. No escopo do projeto, uma Par-ceria Público-Privada (PPP), está a constru-ção de um corredor viá-rio de 220 quilômetros, obra com custo estima-do de R$100milhões,

que ligará o municí-pio de Luís Eduardo Magalhães a Formosa do Rio Preto, passan-do por Riachão das Neves, conectando a BA459 (Anel da Soja) à BA 225 (Coaceral), atendendo diretamente mais de 500 mil hec-tares de lavouras em uma das áreas de maior expansão agrícola do cerrado baiano. Este trecho foi batizado de Rodoagro.

“O projeto execu-tivo estará finalizado em fevereiro e foi via-bilizado com recursos da iniciativa privada. Agora precisamos que o Governo priorize sua participação na exe-cução desta obra. A região Oeste é um dos maiores polos agríco-las do país. É grande geradora de empregos e divisas e não pode ter seu desenvolvimento estrangulado pela falta de infraestrutura”, dis-se o vice presidente da Aiba, Sergio Pitt.

Safra 2011/12

O milho foi a cul-tura que mais cresceu em área, de acordo com o 2° Levantamento da Safra 2011/12. Foram 59% a mais que no ci-clo anterior. A partici-pação da commodity na matriz produtiva da re-gião ficará em 12% da área, percentual ainda abaixo da recomenda-ção técnica para a ro-tação de culturas, que varia de 25% a 33%. O mercado determinou o aumento da área planta-da. Os preços do milho, que amargaram depre-ciação durante muitos anos, tiveram uma sen-sível melhora no último ano. No pior momento, entre novembro/dezem-bro de 2009, chegaram a R$13,25, a saca de 60 quilos. Já no mesmo período em 2011, re-gistraram R$24,50 e se mantêm neste patamar. O cerrado baiano de-verá produzir em torno de 2,2 milhões de tone-

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ladas de milho, 46% a mais que na safra pas-sada, com produtivi-dade de 150 sacas por hectare.

O algodão do Oeste desacelerou a expan-são. Vai crescer, nesta safra 2011/12, modes-tos 4%, contra 51% no ciclo anterior. A área plantada com algodão passou de 371 mil hec-tares em 2010/11 para 386 em 2011/12. Já a produtividade está es-timada, a princípio, em

265@/ha. A explicação para decisão de plantio também foi o mercado. Após meses de históri-ca ascensão nos preços, estes começam a se es-tabilizar. Em reais, a arroba do algodão está valendo R$ 54,00, con-tra R$115,74 no mes-mo período da safra passada.

“É um movimen-to natural. Os preços subiram muito em um período devido a fato-res macroeconômicos.

Os Estados Unidos di-minuíram o plantio em um momento; com me-nos oferta, os preços subiram, o produtor brasileiro plantou mais e a seguir os EUA vol-taram a plantar mais também, e a oferta normalizou, explica Horita. O algodão, que chegou a valer US$ 2 a libra-peso, hoje está valendo US$0,95, considerado ainda um bom preço. Como os estoques estão aper-

tados, este preço não deve cair muito. Wal-ter Horita acredita que, para 2012, os preços da libra-peso do algo-dão devem variar entre US$0,85 e US$1.Se a estimativa do Con-selho Técnico da Aiba se confirmar, o que de-pende, entre outras coi-sas, de fatores climáti-cos, o cerrado baiano deverá colher em torno de 1,53 milhões de to-neladas de algodão em caroço nesta safra (613

mil toneladas de plu-ma), aproximadamente 2% a mais que no ciclo anterior.Cultura de maior par-ticipação na matriz agrícola do cerrado da Bahia, com 56% da área plantada na re-gião, a soja avançou 5% em área na safra em curso, ficando em 1,15 milhões de hectares. O Conselho Técnico da Aiba estima uma pro-dução de 3,7 milhões de toneladas da oleagi-

nosa, com produtivida-de de 53 sacas (60kg) por hectare.O café manteve o total de área cultivada de 15 mil hectares, com 13 mil hectares em produ-ção na safra 2010/1011, com produção estima-da de 34 mil toneladas, com crescimento de 20% em relação a safra anterior.(Abaixo tabela com a matriz agrícola com-pleta do cerrado da Bahia)

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A Bahia Farm Show, maior feira de tec-

nologia e negócios da Bahia e uma das cinco maiores do gênero do Brasil, será realizada de 29 de maio a 02 de ju-nho deste ano, em Luís Eduardo Magalhães-BA. Mas, faltando ainda quase trêsmeses para o evento, o mercado na região do cerrado baia-no, e as atenções dos fa-bricantes de máquinas e implementos se voltam para ela. A esta altura, mais de 95% dos espa-ços já foram comerciali-zados e a procura ainda é alta, entre novos pos-síveis expositores. Os veteranos, um espelho da indústria mundial de máquinas e implemen-tos, já garantiram seus lugares ainda na edição de 2011. São ao todo mais de 300 marcas re-presentadas no Comple-xo Bahia Farm Show, e uma novidade: um espa-ço totalmente dedicado à agricultura familiar.

“Será uma feira den-tro da feira”, explica o coordenador geral da Bahia Farm Show e di-retor executivo da Asso-ciação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Alex Rasia. Este espaço, denominado “Plantando o Futuro”, será organizado pela Secretaria da Agricultu-ra, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (Seagri), e trará uma representação das cadeias produtivas re-gionais, sobretudo, as que integram a micror-

Bahia Farm Show: um mundo de tecnologia para o pequeno, o médio e o grande produtor

região do Vale do Rio Grande, caracterizada pela pequena agricultu-ra. Haverá um auditório onde serão ministradas palestras específicas para as caravanas de agricultores familiares que deverão participar da feira, além da pres-tação de serviços com apoio de outras secre-tarias e órgãos do Go-verno. A organização da Bahia Farm Show dis-ponibilizou uma área de 4.500 m² para a monta-gem desta estrutura.

“Tratores de peque-no porte, cultivadores e forrageiras são alguns exemplos de tecnolo-gias disponíveis ao pe-queno produtor. Além disso, os bancos oficiais, como o Banco do Nor-deste, Banco do Brasil, Bradesco eDesenbahia, apresentarão suas linhas de financiamento para este público”, diz Alex Rasia.

Expectativa em alta

Para o presidente da Associação das Reven-das de Máquinas e Im-plementos Agrícolas do Oeste da Bahia (Asso-miba), Felipe Faccioni, a feira de 2012 deve re-petir o sucesso da edição anterior. “O mercado está aquecido, os preços das commodities conti-nuam em alta e ainda há muita área para abrir”, justifica Faccioni. Se-gundo ele, as máquinas agrícolas têm uma vida útil média de cerca de 10

anos. O produtor renova a frota a partir do térmi-no dos financiamentos e à medida que cresce em área,ou investe em tecnologia para ganhar mais eficiência nas la-vouras.

“Vejo muito positi-vamente esse esforço da feira em abranger tam-bém a pequena e mé-dia agricultura. Temos muita tecnologia para isto, mas, é preciso ha-ver mais informação e iniciativas governamen-tais para o acesso des-se público. Programas como o Mais Alimentos acabaram financiando menos do que esperáva-mos, não por falta de re-cursos disponíveis, mas de informação”, alerta Felipe Faccioni.

Crescimento contínuo

A edição 2012 da Bahia Farm Show re-gistra, até agora, um crescimento de 15% em relação ao ano passado. Segundo o coordena-dor Alex Rasia, deve chegar a 20% ao final das vendas. “Era o que esperávamos, dentro da infraestrutura de que dispomos. Priorizamos a melhoria no parque, comopavimentação das vias, a construção de novas estruturas perma-nentes, redes hidráulica e elétrica, acesso à in-ternet, além do paisagis-mo. Isso gera conforto e segurança para público e expositores”, afirma. Rasia diz ainda que, se

continuarno ritmo de crescimento atual, den-tro de cinco anos a feira deverá figurar entre as três maiores do país.

Para o presidente da Aiba, Walter Horita, a evolução da Bahia Farm Show repete o ritmo de crescimento do próprio Oeste da Bahia. “A fase do crescimento vertigi-noso já começa a dimi-nuir, e, tanto a região, como a feira, estão ama-durecendo. Estão melho-rando, na medida em que um alto patamar de exce-lência já foi alcançado”, explica Horita. Segundo o presidente da Aiba, a região cresce em torno de 7% a 10% ao ano, aci-ma da média do PIB do agronegócio brasileiro, que já é superior ao do

Brasil. “Apesar da con-solidação, o Oeste ainda é uma área em expansão, que aguarda a definição da legislação ambiental para alcançar o seu pleno crescimento. A expansão se faz com máquinas, e a melhor vitrine para com-pra-las é a Bahia Farm Show”, conclui Horita.

A Bahia Farm Show é uma realização da As-sociação de Agriculto-res e Irrigantes da Bahia (Aiba), em parceria com a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Associação das Revendas de Máquinas e Implementos Agríco-las do Oeste da Bahia (Assomiba) , Fundação Bahia e Prefeitura Mu-nicipal de Luís Eduardo Magalhães.

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A partir de 1º de julho de 2012 entrará em

vigor o novo padrão de classificação de milho. O novo padrão foi apro-vado com o objetivo de atualizar os limites de tolerância, os quais estão em vigor há 34 anos (Portaria nº 845 de 08/11/1976), atendendo assim as novas exigên-cias mercadológicas.

Várias mudanças podem ser destacadas, entre as principais, a di-ferenciação do padrão de qualidade do milho pipoca para o milho co-mum. Na portaria atual, o padrão era único para os dois produtos.

O milho será classi-ficado em grupos (duro, semiduro, dentado e misturado), classes (amarela, branca, cores e misturada) e tipos (I, II, III e fora de tipo), estabelecidos confor-me a qualidade. Have-rá alteração quanto ao percentual mínimo de grãos com as caracte-

Novo padrão de classificação do milhorísticas do grupo para o enquadramento.

Será estabelecida tolerância de 85% de grãos duros, semidu-ros e dentados para en-quadramento em cada grupo. Ou seja, uma amostra deverá ter, no mínimo, 85% de grãos duros para ser enqua-drada no grupo “duro” e o mesmo raciocínio aplica-se aos demais grupos, exceto ao grupo misturado, que deverá conter as especificações percentuais.

Nas classes, também serão implantadas alte-rações no novo padrão, com inclusão da classe “cores”, inexistente na portaria atualmente em vigor.

Mas, sem dúvida, as alterações mais pro-fundas referem-se aos padrões para enquadra-mento em tipo. Os li-mites máximos de tole-rância de grãos ardidos, mofados, quebrados, carunchados, matérias

estranhas e impurezas foram revisados e tor-naram-se mais rígidos. No novo padrão, esses limites serão reduzidos, exigindo a adequação de produtores, armazenistas e indústrias quanto aos cuidados com os grãos na manutenção da quali-dade, desde o cultivo, no manuseio, no transporte, no acondicionamento e com técnicas de con-trole de pragas e de ar-mazenamento”. (texto extraído da entrevista dada pelo pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas -

MG), Marco Aurélio Guerra Pimentel)

É de fundamental importância que o pro-dutor adote um mane-jo adequado do cereal, desde o cultivo até o acondicionamento, para que surgindo necessida-des de grãos “dentro do padrão”, como em caso de aquisição governa-mental, ou até mesmo em possibilidade de comercializações mais exigentes, a exemplo de exportação, o produ-tor não seja penalizado por seu produto estar “fora do padrão”.

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