Ano VIII - Edição 92 - JULHO 2015 Distribuição Gratuita · dê voz de comando aos seus...

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RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Ano VIII - Edição 92 - JULHO 2015 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org Amazônia Legal: em 16 anos desmatamento foi quase do tamanho de SP Página 3 ÚLTIMO MOMENTO Poema de Genha Auga Página 7 Um professor, seu sucessor, e os donos do poder Ela fazia um resumo da situação econômica e política, com desta- que aos prejuízos que o bolso dos brasileiros já havia sofrido em 2015. Página 11 Outros artigos A LINGUAGEM Loryel Rocha As discussões em torno do Acordo Ortográfico salientam a gramática e esquece-se da linguagem. Página 6 ******************** A liberdade de Pensamento Mariene Hildebrando “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informa- ção, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.” Página 8 ******************* COMPREENDENDO HABILIDADES PARA ADQUIRIR COMPETÊNCIAS: Por uma escola que ensina a a- prender e aprende a ensinar. Ivan Claudio Guedes Omar de Camargo Página 9 ********************** Valores Morais e sua importância na Sociedade Paulo Abreu Página 14 - Música Brasileira - Cultura - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu Sobre leis, justiça e quejandos “O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa” Página 4 A Educação escolar tem uma função na vida do ser humano. Qual é essa função? A função da Educação escolar é transmitir o legado da huma- nidade acumulado no decorrer de milênios e preparar a juven- tude para assumir ... Página 10 E tem mais... Confira!

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Ano VIII - Edição 92 - JULHO 2015 Distribuição Gratuita

Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Amazônia Legal: em 16 anos desmatamento foi quase do

tamanho de SP Página 3

ÚLTIMO MOMENTO

Poema de Genha Auga

Página 7

Um professor, seu sucessor, e os donos

do poder

Ela fazia um resumo da situação econômica e política, com desta-

que aos prejuízos que o bolso dos brasileiros já havia sofrido

em 2015.

Página 11

Outros artigos

A LINGUAGEM Loryel Rocha

As discussões em torno do Acordo Ortográfico salientam a gramática e esquece-se da linguagem.

Página 6

******************** A liberdade de

Pensamento

Mariene Hildebrando

“A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informa-ção, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.”

Página 8

******************* COMPREENDENDO HABILIDADES PARA

ADQUIRIR COMPETÊNCIAS: Por uma escola que ensina a a-

prender e aprende a ensinar.

Ivan Claudio Guedes Omar de Camargo

Página 9

**********************

Valores Morais e sua importância na

Sociedade

Paulo Abreu

Página 14

- Música Brasileira - Cultura - Cidadania - Sustentabilidade Social

Agora também no seu

Sobre leis, justiça e quejandos

“O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for,

mata sempre em legítima defesa” Página 4

A Educação escolar tem uma função na vida do ser humano.

Qual é essa função? A função da Educação escolar é transmitir o legado da huma-nidade acumulado no decorrer de milênios e preparar a juven-

tude para assumir ...

Página 10

E tem mais... Confira!

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download

Editor : Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

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Gazeta Valeparaibana e

CULTURAonline BRASIL

Juntas, a serviço da Educação e da divulgação da

CULTURA Nacional

Em Portugal havia uma tradição de, quando resolviam expulsar de uma ci-

dade algum vagabundo, bêbado ou ma-landro, irem tocando tambor (também chamado caixa) atrás dele, até os limi-

tes da comunidade. O sujeito era “corrido”, tocado pra fora, sob vaias e gritarias, e isso era considerado uma

vergonha. Sair a toque de caixa é uma expressão que veio desse costume

português. * * *

Pádua, na Itália, tinha o nome latino de Patavium. Lá nasceu, no ano 59 a.C. o historiador Tito Lívio, que morreu em

Roma no ano 17 d.C. Frequentou a cor-te de Augusto e era ironizado por se

opor ao imperador. Como falava usan-do expressões de sua terra, Patavium, era ironizado também por isso. Diziam que não entendiam patavina, quer di-

zer, a língua falada em Pádua. * * *

Assim falou Mário Quintana: “Minha vi-da é uma colcha de retalhos. Todos da

mesma cor”. * * *

O Jornal Nacional, da Globo, foi ao ar pela primeira vez em 1o de setembro de 1969. Recebeu esse nome porque era patrocinado pelo Banco Nacional,

de Magalhães Pinto, um dos líderes do golpe de 1964. Os apresentadores e-

ram Hilton Gomes e Cid Moreira. * * *

A goma arábica, extraída de uma árvo-re do gênero das acácias abundante na

Arábia, já era conhecida no Egito 17 séculos antes de Cristo.

* * * Até 1906, nos Estados Unidos, podia-se comprar em lojas ou mesmo por re-embolso postal, medicamentos conten-do morfina, cocaína ou heroína. Nesse ano foi promulgada a Lei dos Alimentos e Drogas Puras. Em 1914 uma lei pas-sou a regulamentar a venda de ópio e derivados. Em 1918 a Liga Antibar afir-mava que o comércio de bebidas alcoó-licas era uma atividade “antiamericana, pró-alemães, geradora de crimes, des-perdiçadora de alimentos, corruptora da

juventude, destruidora de lares e trai-ção inominável”. No ano seguinte,

acrescentaram à Constituição dos EUA a 18a Emenda, que ficou conhecida co-

mo “Lei Seca”, proibindo a venda de bebidas alcoólicas. Ela foi revogada

em 1933.

Editorial

Rádio web CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educaç ão, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Socie-dade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e , onde a Educação se discute num debate aberto, crí tico e livre. Mas com responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebrasil.net

ISSO AINDA PODE SER BOM

Sua esperança e fé estão nocauteadas por quem vive alarde-ando que o amor é uma ilusão?

Não permita!

Lute com todas as forças e junte-se a quem tem disposição para que as palavras fluam sem interesses e sem egoísmos e ainda possa caminhar livremente entre nós.

Não deixe que sua capacidade de acreditar no amor seja fragmentada por assassinos de almas que, infelizmente, tentam atingir nosso dia a dia.

Mesmo que ao seu redor gire a ciranda dos desonestos pisoteando a todos, impunemente, sem sentirem a mínima culpa e usando das mais absurdas desculpas, não se sinta menor por ser um dos poucos que ainda vai para o final da fila e que não enriquece, corruptamente, do dia para a noite.

Não se sinta covarde por ser gentil e correr para bem longe de uma briga.

Na busca de cada manhã pelo pão de cada dia, junto com seu suor e para o bem da sua moral, expulse com seu trabalho, sabiamente, a inveja dos que têm mais e não irá precisar pagar na mesma moeda da vergonha e imoralidade dos que não tem atitudes nobres.

Lembre-se que o valor inestimável do maior esforço e das boas atitudes está na paciência e sor-risos que irão evaporar qualquer ódio difundido no coração de quem poderá te desprezar se for descoberto pelas inverdades que possa cometer, pois a mentira sempre virá à tona, mesmo que tarde.

Não se deixe enganar pelas falsas ilusões difundidas e vendidas como se fossem verdadeiras passagens ao paraíso. Não confie tanto no suposto dia de amanhã e dê mais valor à vida.Tenha medo da morte e a respeite tanto quanto o mistério da além-vida.

De vez em quando, esconda o relógio, a agenda e o celular e, diferente do que faz todos os dias, dê voz de comando aos seus instintos e ao seu coração: coma quando estiver com fome; feche os olhos quando estiver com sono; faça apenas aquilo que sentir vontade; negue a realização de trabalhar somente por dinheiro.

Pense nisso quando estiver com o pão na chapa, depois que o despertador tocar, durante o ba-nho, ao olhar-se no espelho.

Finja que você é Deus e permita-se ter o melhor dia.

Repita isso sempre que puder para garantir que sua vida seja um pouco melhor do que as notí-cias da mídia que ouve todos os dias.

Às vezes, comer o miolo do pão pode ser melhor do que só ouvir e obedecer a nutricionista.

Genha Auga Jornalista

MTB: 15320

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de

inteira responsabilidade dos colabo-radores que assinam as matérias, podendo seus conteúdos não cor-

responderem à opinião deste proje-to nem deste Jornal.

CULTURAonline BRASIL

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 3

Educação

Aniversário da Revolução

Constitucionalista de 1932

Nove de julho é o dia em que se comemora a Revolução Constitucio-nalista de 1932. O mo-vimento está entre os maiores conflitos civis e

um dos mais importantes acontecimentos políticos da história do Brasil.

Ocorrido em São Paulo, o movimento tentou impedir a continuação do governo provisório de Getúlio Vargas, instaurado em 1930. Os revolucionários exigiam uma nova Constitui-ção e eleições presidenciais. Foram três me-ses de conflito.

No início de 1932, Getúlio tentou conter a pressão popular organizando uma comissão encarregada de elaborar um novo Código Eleitoral. Em fevereiro de 1932, o código foi publicado e o civil Pedro de Toledo foi no-meado interventor para o Estado de São Paulo. Em maio, Vargas marcou a data das eleições para dali a um ano.

As medidas não foram suficientes para con-ter a conspiração política. Sociedades civis tramavam secretamente para derrubar o go-verno. Finalmente, em 9 de julho, o movi-mento ganhou as ruas da capital e do interi-or de São Paulo.

A revolução recebeu apoio de vários setores da sociedade paulista. Estudantes, intelectu-ais, políticos ligados à República Velha ou ao Partido Democrático pegaram em armas durante os três meses de luta.

O conflito armado ficou restrito ao Estado de São Paulo. Os governos do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, a princípio simpáticos à constitucionalização, não quiseram enfrentar a força militar do governo federal. Sozinhos, os paulistas não conseguiram manter a re-volução e assinaram rendição em outubro de 1932.

A revolta civil despertou o governo para a necessidade de acabar com o perfil revolu-cionário do regime. Isso acabou acontecen-do em maio de 1933, quando foram realiza-das eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, que mais tarde elaboraria a Constituição de 1934.

Fontes: Revista Problemas Brasileiros, FGV (Fundação Getúlio Vargas)

Amazônia Legal: em 16 anos desmatamento foi quase o

tamanho de SP

O desmatamento da Amazônia Legal, no período de 1997 a 2013, chegou a 248 mil quilômetros quadrados, quase o tamanho do estado de São Paulo, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são da pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), divulga-da .

A pesquisa também mostra que entre 2005 e 2013 foram desmatados 89.158 quilôme-tros quadrados, extensão que pode ser comparada a uma área equivalente à soma dos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. O número é menor que o de 1997 a 2004, quando foi somada uma área de 159.078 quilômetros quadrados. Nesse ca-so, o total desmatado da Amazônia Legal superou o estado do Amapá.

De qualquer forma, o resultado da pesquisa mostra queda de 79,1% no desmatamento da região, quando comparado ao período entre 2004 e 2013. Segundo o IDS, pelo menos 15% da Amazônia Legal já foram desmatados.

Sobre os demais biomas brasileiros, a pes-quisa revela que a Mata Atlântica já teve 85,5% da área desmatada, os Pampas tive-ram 54,2% da área original desflorestada, enquanto quase metade da mata nativa do Cerrado, 49,1%, não existe mais. A Caatin-ga teve, no período, área desmatada de 46,6%. A região do Pantanal foi o bioma menos atingido pelo desmatamento (15,4%).

Em 2004, 27,8 mil quilômetros quadrados foram desflorestados na região, o equivalen-te ao estado de Alagoas. Em 2013, a área desmatada caiu para 5,8 mil quilômetros quadrados, comparável ao território do Dis-trito Federal. O menor percentual da série histórica, no entanto, foi registrado em 2012, com 4,6 mil quilômetros quadrados.

Da redação

Calendário do mês

Principais feriados, Datas Comemorativas

02 - Dia do Hospital 02 - Dia do Bombeiro Brasileiro 06 - Dia da criação do IBGE 09 - Dia da Revolução Constitucionalista 14 - Dia da Liberdade de Pensamento 15 - Dia do Homem 17 - Dia de Proteção às Florestas 20 - Dia do Amigo e Internacional da Amizade 20 - Dia da 1ª Viagem à Lua 25 - Dia do Escritor 25 - Dia de São Cristóvão 26 - Dia da Vovó 28 - Dia do Agricultor

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DEMOCRACIA

A verdadeira Democracia (onde o po-vo participe de alguma forma das deci-sões que interferem nas relações soci-ais) supõe uma prática pedagógica: educar para a cidadania. Educar é um ato que visa não apenas desenvolver nossas habilidade físico-motoras e psíquico-afetivas, mas igualmente à convivência social, a cidadania e a to-mada de consciência política.

A educação para a cidadania significa fazer de cada pessoa um agente de transformação social, por meio de uma práxis pedagógica e filosófica: uma re-flexão/ação dos homens sobre o mun-do para transformá-lo.

Este é um dos objetivo do Jornal Gazeta Valeparaibana

"O amor é como a terra que o agricultor cultiva e semeia, cuida

até que brote frutos e estejam prontos pra serem colhidos."

Nana Tavares Pimentel

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 4

Leis e Justiça

Sobre leis, justiça e quejandos

“O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for,

mata sempre em legítima defesa”

“Lei no Brasil é igual vacina: umas pegam, outras não.” Não sei quem foi o primeiro a falar isso, mas é um dito que se repete, com

muita razão. Muitas leis “não pegam”. São aprovadas, mas nunca o-bedecidas.

E não são só leis. Portarias, decisões judiciais, um monte de coisas “não funcionam” na prática. Pensei nisso quando li que o Conselho Nacional de Justiça determinou uma cota para negros no cargo de Juiz. Por ela, 20% dos juízes devem ser negros.

São muito poucas as autoridades judiciais negras por aqui. O exem-plo quase único de que todos se lembram é do ministro Joaquim Bar-bosa, do STF.

Mas houve grandes batalhadores negros a serviço de boas causas no Judiciário. O que mais impressiona é Luiz Gama (1812-1882), precur-sor do abolicionismo. Ele era filho de um fidalgo de origem portuguesa e de uma negra livre e libertária chamada Luíza Mahin, que participou de todas as rebeliões negras ocorridas no início do século XIX na Ba-hia. E também de outras lutas. Teve papel importante na Sabinada, revolta liderada pelo médico Fernando Sabino Vieira, que pretendia criar a “Rebública Bahiense”, em 1838.

Caçada pela polícia, assim como outros líderes da revolta, teve que fugir de Salvador, deixando com o pai o filho Luiz, de apenas 8 anos de idade. Dois anos depois, o pai se revelou um crápula e vendeu o filho para um traficante de escravos de São Paulo, para pagar uma dívida de jogo.

Luiz Gama foi escravo até os 18 anos, quando conseguiu escapar da escravidão. Não se sabe como, porque todos os papéis relacionados ao regime escravista no Brasil foram queimados no início da Repúbli-ca, a mando do ministro da Justiça, Rui Barbosa. Luiz Gama havia aprendido a ler, trabalhou com o desembargador Furtado de Mendon-ça, que colocou à sua disposição toda uma vasta biblioteca jurídica. O ex-escravo leu tudo, tornou-se jornalista, poeta e rábula (advogado não formado, o que era permitido na época), militando nisso tudo pela libertação dos escravos e pela República. Conseguiu libertar mais de quinhentos escravos, fazendo aplicar leis esquecidas, que eram trata-das como se não tivessem pegado.

Ao defender um escravo maltratado que matou seu senhor, em Arara-quara, disse a frase que está no alto, provocando um grande tumulto.

Pouco antes de morrer ele já não tinha muita esperança em acabar com a escravidão por vias legais. Começava a se aproximar da ideia de um outro grande batalhador negro, chamado Antônio Bento. Se Luiz Gama ficou durante muito tempo esquecido e hoje é lembrado por muita gente, Antônio Bento continua no limbo, injustamente. Antes de ser assassinado por fazendeiros, ele ficou conhecido como “O Fantasma da Abolição”.

Filho de português e de uma negra, Antônio Bento estudou direito, tornou-se promotor em Atibaia, mas abandonou o cargo para se dedi-car integralmente à luta pela libertação de escravos, mas não pelas vias legais.

O movimento chamado Caifazes, liderado por Antônio Bento teve es-se nome por inspiração bíblica. Antes de entregar Jesus a Pilatos, Caifás, no Evangelho segundo São João, teria dito: “Vós não sabeis, não compreendeis que convém que um homem morra pelo povo, para que o povo não pereça?”.

Mais os Caifazes não entregavam ninguém. Ao contrário, eles liberta-vam. Infiltravam-se nas fazendas e estimulavam os negros a fugir. Muitos tinham medo. Afinal, o escravo fugido e recapturado comia o pão que o diabo amassou. Mas muitos topavam fugir, e outros que queriam mas não tinham coragem eram sequestrados e levados pelas mesmas vias que os fugitivos. Iam para São Paulo, onde ficavam es-condidos em igrejas, casas particulares ou casas de comércio de sim-patizantes da causa. Depois, seguiam para Santos a pé ou de trem, apoiados por ferroviários também militantes ou simpatizantes do mo-vimento considerado subversivo. Lá, ficavam no quilombo do Jaba-quara até serem levados para algum lugar onde pudessem viver e tra-balhar como homens livres.

Será que teremos gente como Luiz Gama e Antônio Bento como juí-zes?

Bom, além dos negros nesses cargos, poderíamos querer também uma cota de pobres, não? Isso sem falar em índios e outros que têm pouco ou nenhum acesso à justiça.

Gino Meneghetti, o grande ladrão, achava que gente que nunca havia passado fome nem falta de dinheiro não poderia ter o direito de ser juiz. Em um livro chamado Memórias, Meneghetti diz: “Eu achava que a autoridade que estivesse encarregada de julgar criminosos devia conhecer a vida amarga. Não me conformava em ver que pessoas criadas com todo conforto, na infância e na mocidade, mais tarde fos-sem ser juízes ou pretores, julgando os outros”.

Por: Mouzar Benedito

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Não cometas nenhum ato vergonhoso nem na presença d e outros nem em segredo. A tua primeira lei deve se r o respeito a ti mesmo.

Pitágoras

Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem são executadas, pois boas leis há

por toda a parte.

Montesquieu

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 5

Dia 14 Dia da Liberdade do pensamento I

Liberdade de pensamento:

POR: Francisco Mafra

A liberdade de pensamento é essencial à men-te humana. Ainda são inexistentes os meios de se impor normas ao pensamento humano. Entretanto, a manifestação dos pensamentos sempre foi condicionada e, não raras vezes,

punida. A Constituição de 1988, apelidada de “Constituição Cidadã”, assegura a liberdade de pensamento, a sua manifestação e proíbe o anonimato. Alexandre de Moraes utiliza a seguinte citação de Pinto Ferreira: “o Estado democrático defende o conteúdo essencial da manifesta-ção da liberdade, que é assegurado tanto sob o aspecto positivo, ou seja, proteção da exteriorização da opinião, como sob o aspecto negativo, referente à proibição da censura”. O autor paulista diz que a manifestação de pensamento é livre e ga-rantida em nível constitucional, sem se fazer referência à censura prévia em diversões e espetáculos públicos. A liberdade de manifes-tação de pensamento não exime a possibilidade de apreciação pelo Poder Judiciário qualquer eventual responsabilização civil ou crimi-nal. Reis Friede destaca que a liberdade de pensamento está situada nos incisos IV, VI, VII, VIII e IX do art. 5º da Constituição Federal. Efetivamente os textos de tais incisos são os seguintes: IV – “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anoni-mato; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo asse-gurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência reli-giosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir presta-ção alternativa, fixada em lei;

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”; O que o autor do Rio de Janeiro ressalta é que, genericamente falan-do de liberdade de pensamento, a Carta Magna também asseguraria a liberdade de consciência e de crença (liberdade de pensamento e de culto), a liberdade de expressão, de manifestação de pensamento e, finalmente, a liberdade de ensino. Em relação a esta última, cita o art. 206, II da Constituição que dis-põe: “Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princí-pios: (...) II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensa-mento, a arte e o saber”; Ressalta o autor: “...a liberdade de exteriorização do pensamento, em particular – a exemplo de outros direitos fundamentais -, não pode ser, de nenhum modo, interpretada de forma absoluta, posto que, em certas situa-ções, poderá haver efetivo prejuízo social no que tange, entre outros, ao sinérgico desrespeito aos valores éticos da pessoa e da família”.[

Já Araújo e Nunes Júnior se expressam a respeito da liberdade de pensamento sob a forma de direito de opinião. Os autores explicam que o ser humano formula juízos de valor. Desta forma, o que a Constituição faz ao consagrar a livre manifestação de pensamento é dar existência jurídica ao chamado direito de opinião. Ressaltam os autores que o fato de o dispositivo da Constituição pro-duziu um regime jurídico adequado à proteção da finalidade de se garantir a liberdade de manifestação de pensamento.

Conclusão É triste a memória recente do Brasil e de outros países que viveram os horrores da ditadura no tocante à censura e às proibições tocan-tes à liberdade de manifestação de pensamento. As previsões da Carta de 1988 visam a eliminar tais realidades do cenário da socie-dade brasileira. Situada no art. 5º da Constituição de Federal de 1988, direito funda-mental de todos, a liberdade de pensamento é garantida. Afinal, não se deve controlar a mente humana. Apesar disto, são muito comuns meios de se não controlar, pelo o menos, dirigir o pensamento das massas para os objetivos visados pelas elites dominantes em todas as áreas e as ideologias.

Na rua, a pressão da opinião pública é capaz de fazer o que a lei não consegue

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

SOBRE DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

Democracia representativa é o exercício do poder po lítico pela população eleitora não diretamente, mas atravé s de

seus representantes, por si designados, com mandato para atuar em seu nome e por sua autoridade, isto é, leg itimados

pela soberania popular.

VOCÊ TAMBÉM É RESPONSÁVEL!

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A Constituição é a mãe das leis, mas como as filhas, não vale nada.

* * *

Cega justiça!

Sua cegueira

Parece postiça

* * *

Cometeu pecados,

O motivo eu sei:

A necessidade não tem lei

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 6

A Linguagem

A LINGUAGEM

Loryel Rocha

As discussões em torno do Acordo Ortográfico salientam a gramática e esquece-se da lingua-gem. Alerta S. João que o mundo foi feito pelo Verbo. Transduzido o símbolo para o universo humano fica evidente que a linguagem diz ao homem, mas, é anterior à ele. O homem nela, a linguagem atua o seu significado ao signifi-cante, sem contudo compreender tal duplicida-de em sua irrealidade não ré-velada ao real. O conformismo confortante ao uso das pala-vras leva a crer ao sujeito o domínio possessi-vo dos termos “engendrados” como causa e efeito do seu próprio discurso. Porém, o efeito casual assestado ao adestramento passivo às razões não conjecturais, mas,ordenativas ( a sistematização existencial) conduz a este mesmo sujeito a relatar um “ofício experimen-tal” em relação ao seu anônimo. O individual coloca-se sempre dependente ao coletivo. E a razão dissertada em diversos mo-tivos é sempre a mesma razão ao extenso mo-tivada, ou seja, a linguagem, por mais enrique-cida que se apresente ela nada revela além do revelado formal, visto que seu percurso oculto é simbólico e sua expressão direta, metafóri-ca. O reconhecimento do ser no estar revela-se em duplicidades de imagem e semelhança, nu-ma imitação empobrecida da relação existenci-al entre Deus-Homem: mãe/dependência; pai/falo; posteridade/filhos, etc. Essa forma de reconhecimento de espelho=imagem é uma conceitualização anímica, reduzindo o homem a seu anacronismo genético e transexistencial. O raciocínio compartimentado ao formal pré-conizado ausenta a memória ancestral refletin-do apenas os conceitos e a moral em seus pragmatismos virtuais. Assim, a narrativa mito-lógica, lendária ou quimérica torna-se mais considerada ao real oculto, pois em lactência, imerge do símbolo que exerce a função. A u-ma análise fria, o homem é um monólogo enig-mático. Se ausentarmos a idéia as conformidades de relação à indicação cultura, e procurarmos tra-duzir a comunicação verbal como identifica-ções das personas assumidas, notamos o de-sajuste contínuo entre o homem e a sua lin-guagem, diferenciando, desse modo, esse bípi-de vertical dos outros animais, onde inexiste tal desajuste. Mas, tais diferenciações, dizem, recaem sobre o exercício e posse da mente pelo homem, que, tida como filha do lógos divi-no, induz ao desajuste contínuo como forma de evolução da espécie. Ora, tal suposição, afigu-

ra-se absurda pela emanação contida no prin-cípio que carrega e na matriz que une. Dado que o mundo foi feito pelo Verbo, como apre-senta São João no Apocalipse, a linguagem é matriz e raiz de tudo que vive e existe. Portan-to, recai sobre a cultura, e não sobre a lingua-gem, a fonte de tais diferenciações. Retomando. Assim, o verbalismo exaustivo que necessita inúmeras expressões para tra-duzir o mínimo, mínimo este que mesmo apa-rentemente dissecado continua não captado por referir um símbolo desconhecido. O verba-lismo exaustivo reverte-se a cacofonia não pressentida, tentado a exercer pelo parabólico a parábola.Quanto a isso, a chamada ao culti-vo do silêncio, proposta contínua dos seres ilu-minados, certamente conterá mistérios ainda pouco estudados e pressentidos. A linguagem não constitui um aprendizado for-mal, mas, a guturação primária em extrover-são do som inconsciente e primordial exercido pelo símbolo através do ministério da idéia e rupturado pela adulteração do mito conceitua-do em ficção. A primeira pessoa do singular(eu) será sem-pre a expressão das duas outras seqüentes (tu, ele) dado que a exigência formal confere aos três a mesma expressão no diverso, isto é, como o formalismo existencial represa os valo-res do épico, todos as razões emocionais e ati-vas resultam de uma legislação condutora co-letivamente ajustada. Assim, o discurso huma-no relata sempre suposições relativas e pro-postas condicionadas, imerso no conjectural manifesto. Se desmembrarmos uma só palavra trabalho-samente podemos encontrar expressões diver-sas, outras palavras, ou palavra nenhuma, considerando o hermético ali retido apenas co-mo símbolo. Porém esta inquietante proposta obedece a um Lógos ( discurso divino) ordena-tivo e ré-condutor que insere o ego a personifi-cação paralela à justiça do seu de direito. A prolífera criação continua no presente infinito do ser consciente em seu estar transitório ad-mite acessos laterais que exprimem o eco cla-rificador à lógica não formal. Destas considerações manifestas nos símbo-los, capta o homem parcelas da compreensão antecedente resumindo domínios ao casual do seu eterno optado. A proporção que o regres-so ao acesso se torna ambivalente o “cosmos captado” adensa à fluidez antagônica e conflu-ente através das analogias procuradas. A “fluente” comunicação assume uma vigília atenta e mesmo que se conserve “fluente” pas-sa a estabelecer diferenciais de expressão e mesmo de silêncios em consonância à valori-zação do apreendido.

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DITOS DO POVO E DE PENSADORES

Feita a lei, cuidada a malícia. * * *

Justiça não é lei, mas invenção. * * *

Poucas leis, bom governo. * * *

Fugir do juiz é confessar pecado. * * *

Justiça na sua porta, não há quem queira. * * *

Qual a lei, tal a grei. * * *

A lei é poderosa, mas mais poderosa é a necessidade.

* * * A fome não tem lei.

* * * O amor não tem leis.

* * * Quando as armas falam, as leis se calam.

* * * Vontade de lei não conhece rei.

* * * Vai a lei onde querem os reis.

* * * O direito do anzol é ser torto.

* * * Antes bom rei que boa lei.

* * * Quatro coisas desterram a justiça: o amor,

o ódio, o medo e a ignorância. * * *

Não há lei tão justa que não possa ser in-justa acerca dos casos humanos.

* * * A Justiça tem sete mangas, e cada manga

sete manhas. * * *

Pagam os justos pelos pecadores. * * *

Muitas vezes a dignidade proíbe o que a lei permite.

* * * Cadeia não foi feita pra cachorro.

* * * Provérbio dos Estados Unidos:

“Falar é barato, até que se precise contra-tar um advogado”.

Ludwig Borne:

“Somente os ricos elaboram as leis, somente eles distribuem os impostos,

carregados na sua maior parte pelos pobres”.

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 7

Literatura

OUTROS TEMPOS

Antigamente, crianças nasciam e eram muito esperadas pela família toda.

Todos partilhavam esse momento com boas vindas, presentes, recep-ção para a família, amigos...

As mulheres com seus cuidados maternais, os pais preocupados com a poupança futura do mais novo herdeiro, os tios com carinho obser-vavam atentamente todos os cuidados e os amigos admiravam e torci-am pelo bem-estar do casal nessa nova etapa.

Naquele tempo, as mães ouviam os conselhos dos mais velhos e, dis-cretamente, faziam o que lhes era dom e instinto.

Os pais, empavonados, orgulhavam-se de sua virilidade, como se na-da fosse mais importante e assim comemoravam entre charutos e a-migos.

A vizinhança clamava o nascimento de uma criança e, o jornal seria o melhor meio de apresentar à sociedade a estampa dessa família se de suma importância fosse.

O que seria melhor para se presentear?

Cueiros, xales, mamadeiras de vidro, lençóis bordados, babadores, chupetas das maiores e mais elegantes, sapatinhos de crochê, toucas feitas à mão, mijão, mosquiteiros, joias e os mais variados ornamen-tos como se assim fossem presentear o menino Jesus como fizeram os reis magos.

As avós tratavam do alecrim, arruda, chazinhos, simpatias, batismos, crismas, figas e rezas para espantar os maus agouros.

As visitas eram muito discretas, pois a mãe ficava na quarentena e a criança repousava até passar o tempo de acordar e começar a ver, viver.

Passavam-se lá pelo menos uns três meses para tudo começar a a-contecer na vida da criança recém-nascida.Contudo, a paparicação era direito à criancinha em seus primeiros anos de vida enquanto ain-da era engraçadinha e divertiam as pessoas.

Por falta de avanços na medicina, muitas morriam, mas, os pais não ficavam tão desolados, pois outra criança logo a substituiria. Não que faltassem sentimentos, mas era essa a realidade em outras épocas, diferente de hoje em que os recursos podem superar as dificuldades, mas crianças são mortas por falta de amor e de responsabilidade.

Chegava então o tempo que a escola separava as crianças como se entrassem em outra quarentena, separada dos pais, para que, antes de serem “soltas” ao mundo, fossem chamadas à razão e à moraliza-ção pela educação e religião com a cumplicidade das famílias que consideravam imprescindível atribuir escolaridade às crianças, esta-belecendo-se assim a importância dos bens e da honra.

Veio então uma grande mudança na sociedade afetando a educação e a transmissão do saber e dos valores e, nos novos tempos, a vigi-lância sexual e organização de festas e precocidade das crianças pas-sou a ser a persistência dos momentos que vivemos e vemos hoje...

Genha Auga – Jornalista – MTB: 15.320

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, enco ntramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a de vassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não te-nha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais divergentes momento s que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estã o à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu f uturo amanhã.

ÚLTIMO MOMENTO

GenhaAuga – Jornalista – MTB:15.320

Cada instante que passa,

Poderá ser seu último momento de vida,

De alegria, de tristeza, de amor, sua última dor.

Poderá ser seu último minuto de vida.

Enquanto alguns rezam para se curar,

Outros tiram vidas,

Ou cuidam de vidas.

Mas há quem desperdiça momentos,

Maldizendo tudo.

Qual a oferta de Deus para contigo nesse momento?

O que lhe oferece a natureza?

Olhe ao redor de ti,

Olhe pra dentro de si...

Tens um minuto ainda para viver?

Se não sabe, aproveite.

Bendiga esse momento,

Não o deixe simplesmente passar.

Daqui a pouco podes nem vivo estar...

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 8

Dia 14 - Liberdade do pensamento II

A liberdade de pensamento No dia 14 de julho comemora-se O DIA DA LIBERDADE DE PENSAMENTO.

A liberdade de pensamento está garantida na Constituição Federal em seu Art. 5º, inciso IV... é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;Também encon-tramos esse direito garantido no Art. 220. Da Constituição Federal, “A manifestação do pen-samento, a criação, a expressão e a informa-ção, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.” É um direito fun-damental e faz parte da primeira dimensão dos Direitos Humanos.

A liberdade de pensamento está relacionada a outras liberdades, como a liberdade de ex-pressão e a liberdade religiosa. Pensar nos faz ter opinião, e na maioria das vezes quere-mos externar nossa opinião e quando isso acontece, estamos sujeitos a sermos respon-sabilizados pelo que externamos.Ter o direito de exteriorizar o pensamento, me coloca a responsabilidade de entender que devo saber o que posso, devo e não devo expressar. Posso sofrer algum tipo de punição. A nossa constituição veda o anonimato. A liberdade de se expressar faz parte de socializar e expor nossas ideias e opiniões perante o mundo e os outros.

O problema começa quando resolvemos exte-riorizar nossos pensamentos. Fazemos isso quando nos expressamos oralmente, através da escrita, ou quando nos expressamos de outra maneira, de forma simbólica ou usando o corpo para passar ideias, e tornamos públi-co nossas ideias e pensamentos. Enquanto pensamento que não se exterioriza somos li-vres para pensar o que quisermos. No mo-mento em que tornamos público nossos senti-mentos e percepções internas, nossos pensa-mentos, devemos tomar alguns cuidados. Na verdade somos livres para fazer o que não é proibido por lei. Até nossos pensamentos po-dem sofrer cerceamento na medida em que forem expostos. A liberdade absoluta não e-xiste. Estamos sujeitos ao olhar atento do Di-reito. Podemos ser penalizados civil e crimi-nalmente. No âmbito civil, podemos pedir re-paração por danos morais e materiais caso

nos sintamos ofendidos, e no âmbito da esfe-ra criminal estão os crimes contra a honra, cada qual com suas penas. Então, enquanto pensamento, podemos o que quisermos, quando divulgamos o que pensamos, corre-mos o risco de desagradar pessoas, ferirmos suscetibilidades, despertar a ira de alguns, e claro, de agradar, porque não? Enquanto pen-samentos, podemos imaginar o que quiser-mos, que sou o que na realidade não sou, via-jo no espaço e no tempo, me coloco onde, quando e como quiser, da maneira que qui-ser, e não prejudico ninguém. Todas as malu-quices são permitidas, todos os desvarios e toda insanidade.

Não há nada que possa me impedir de pensar o que bem entender. É um direito fundamental tão importante que está positivado na Consti-tuição Brasileira. Isso se faz necessário para que ele seja realmente efetivado. Houve épo-cas da nossa história que essa liberdade não existia. De 1964 a 1985, vivemos o período da ditadura militar, onde falar e pensar era proi-bido. A censura era usada de maneira abusi-va. Sabemos que as violações aos direitos humanos são anteriores a ditadura militar, mas nesse período essas violações se inten-sificaram e tomaram um rumo terrível. O total desrespeito as leis. A nossa carta magna de 1988 foi chamada de Constituição Cidadã e ela nos garante o direito a liberdade de pen-samento, a sua manifestação, e proíbe o ano-nimato...

Nossa liberdade seja ela qual for, tem que en-volver o respeito ao próximo sempre. É muito tênue a linha que separa o que podemos do que não podemos. O que está positivado nos impõem limites, mas aquilo que não está, fica por nossa conta e risco , e é a nossa consci-ência junto com nossos valores éticos e mo-rais que irá dizer até onde posso ir sem cau-sar danos ou sofrimento a outrem.

Artigo18 da Declaração Universal dos Di-reitos Humanos diz:

“Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; es-te direito implica a liberdade de mudar de reli-gião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em pri-vado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e

pelos ritos.”

Artigo 19 DUDH

“Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem conside-ração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.”

A liberdade de pensamento é um direito fun-damental que é essencial para nosso desen-volvimento pleno como ser humano. Não po-de ser ameaçado “, reprimido. É de suma im-portância para que as divergências apareçam, os contrários surjam e novas ideias possam brotar de toda essa pluralidade. É claro que se tenho liberdade para pensar, vou querer emitir minha opinião, minhas impressões so-bre o que vai no meu íntimo.

Cada um é livre para refletir sobre o assunto que lhe convém. Somos livres para pensar, e temos que ter maturidade para aceitar as con-sequências que podem advir daquilo que ex-pressamos. É um direito humano primordial, temos a garantia da não intervenção do Esta-do sobre as liberdades individuais. Não é um direito absoluto porque sofre limitações de ou-tros direitos fundamentais como por exemplo a dignidade da pessoa humana e outros direi-tos que aí estão.

Faz parte do Estado Democrático de Direito o dever de proteger as liberdades fundamentais da pessoa humana, e direitos como liberdade de se expressar livremente, liberdade de pen-samento, direito de escolha, de credo, direito a intimidade e tantos outros, não podem so-frer qualquer tipo de censura ou restrição. En-tão vamos nos assegurar de que quando ex-pressamos nossos pensamentos, estamos exercendo nosso direito de comunicação, e que para tudo que externamos haverá sempre alguém atento, disposto a opinar também, tes-tando nossa tolerância e nossa capacidade de ouvir e entender o que o outro tem a nos di-zer, e estarmos conscientes das consequên-cias de nossas ações. Afinal...toda ação gera sempre reação.

Mariene Hildebrando Email: [email protected]

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Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 9

País Educador - Professores

COMPREENDENDO HABILIDADES PARA ADQUIRIR COMPETÊNCIAS: Por uma escola que ensina a aprender e

aprende a ensinar. Nosso artigo do mês passado, tratou do con-ceito de competência e como adquirir tais competências. Neste mês vamos continuar desenvolvendo a ideia explorando o conceito de habilidade. A habilidade caminha junto à competência. A competência reúne um conjunto de habilida-des, porém, as habilidades transitam entre vá-rias competências. A habilidade em usar as ferramentas adquiridas durante as aulas é al-go como o tirocínio(Preparação prática feita sob a vigilância de um professor.Dic. Michael-lis). A habilidade é adquirida junto ao professor, no decorrer do curso e durante os exercícios e as atividades práticas, sendo assim temos um caráter indissociável entre a competência e a habilidade. Como já descrito acima, as habili-dades adquiridas não são somente utilizadas em apenas uma competência. Uma vez adqui-rida a habilidade, ela poderá se articular com outras diferentes habilidades no conjunto de diferentes competências. Assim como a competência está ligada ao campo do “conhecer”, a habilidade está intima-mente ligada ao “aprender a fazer”, ou à ação, porém, para fazer é preciso saber, ou seja, é preciso adquirir conhecimentos. Apenas para fins de ilustração, é possível citar a habilidade adquirida em matemática, refe-rente ao conhecimento sobre logaritmos, que pode ser utilizada em química, quando se a-prende sobre pH(concentração hidrogeniôni-ca). O cálculo de uma regra de três simples(proporção)é usado na descoberta de quanti-dade de mols em uma solução, também em química. Exemplos de habilidades existem aos montes. Se considerarmos as competências leitora e escritora, para que exista tal domínio, é preci-so se apropriar das habilidades de interpretar, relacionar fatos, conteúdos e conceitos, sele-cionar diferentes informações para compor u-ma lógica narrativa, etc. Percebam que tudo faz sentido quando traba-lhamos com o ensino por meio de competên-cias, pois a cada conhecimento adquirido há uma correlação com outros conhecimentos a serem adquiridos, numa área de conhecimen-to diferente da anterior e essa mobilização de áreas de conhecimento diferentes é que per-mite a solução de problemas, porém isso não significa ter habilidade. A habilidade é a pres-teza, agilidade com que se mobiliza e solucio-na um problema e é quase uma intuição, qua-se porque não se pode ficar na pendência do imponderável para a solução de um problema, portanto é a prática, o fazer, errar e refazer e, principalmente compreender onde errou e por-que errou. Uma vez compreendido o erro há que se percorrer todo o caminho novamente, daí então aplicando as regras ou métodos cor-retos. A figura do professor, a partir dessa percep-ção, não é mais a daquele ser onisciente cujos seguidores repetem incansavelmente regras

até tê-las impressas indelevelmente na memó-ria. O professor passa ter uma nova imagem, uma nova função, que não é a do mero trans-missor de conhecimentos, mas sim aquele que vai conduzir à aprendizagem a partir de crité-rios técnicos bem definidos em seu planeja-mento e em seus planos de aula. É aquele que vai planejar atividades e condutas especí-ficas para que se atinjam diferentes habilida-des ao longo do seu curso. Devido ao caráter indissociável da habilidade e competência ambas utilizam aquilo que é denominado por “esquemas cognitivos” ou mentais. Segundo Leon Vasconcelos: “os es-quemas mentais podem ser entendidos como representações categorizadas e, portanto, or-ganizadas das informações da memória sobre qualquer assunto”(http://www.comportamento.net/artigos/materias/esquemas-mentais/) . Os esquemas mentais, por sua vez utilizam-se de imagens associadas, por exemplo: a ima-gem de um copo nos lembra água, comida lembra prato, cinema lembra pipoca, etc., po-rém vale lembrar que é importantíssimo o con-texto, pois ele permite a classificação dos blo-cos mentais que irão compor os esquemas. Por extensão, podemos associar os blocos já categorizados, a um fluxograma de um pro-cesso industrial, onde cada operação é se-quenciada e possui a descrição de cada etapa a ser seguida para que se atinja, com perfei-ção, o resultado final, ou seja, o pleno domínio das competências e habilidades. A título de ilustração, é possível citar a regra de três simples, conteúdo aprendido em Mate-mática. Para que se chegue a essa compreen-são, é necessário saber: a) Ler; b) Interpretar; d) Multiplicação e suas regras; e) Divisão e suas regras; f) Proporcionalidade e suas regras. Todo esse conhecimento não fará sentido se não estiver contextualizado, pois o contexto, como vimos, é parte essencial dos esquemas cognitivos, pois ele permite a categorização dos blocos mentais que serão utilizados na solução de uma situação problema. Mas, con-vém lembrar que, é necessário criar os blocos mentais, ou como queiram alguns, construir os blocos mentais. Juntos, professor e aprendiz(aluno) em sinergia, para que ele(aluno) saiba como utilizá-los. Percebe-se daí a importância da figura do professor orientador, tutor, aquele que leva o aluno a descobrir a importância do saber fazer. Para Sócrates e Platão os alunos trariam algo já conhecido de vidas passadas, e que a a-prendizagem serviria para relembrar o que já era de alguma forma, conhecido. Porém Des-cartes afirma que o aluno é uma tabula rasa, ou seja, nela podemos colocar o que quiser-mos, dispensando assim qualquer forma meta-física. Esse pensamento cartesiano tem sido adotado, principalmente pelas as culturas oci-dentais. A ferro e fogo tem sido assim, o co-nhecimento é impingido aos alunos, os quais não possuem, ou não possuiriam mentalidade própria, bastaria seguir seus mestres. Perce-bam, não há originalidade nenhuma nisso; -

escola reprodutora = alunos reprodutores dos conhecimentos de seus mestres. Em educação tudo tem seu valor, até mesmo os erros, pois aprende-se com eles. A escola tradicional-reprodutora premia os alunos re-produtores, a partir do conteúdo decorado, co-mo se fosse possível um engessamento do pensamento e a falta articulação entre sabe-res. Há que se dar um basta no estilo “educação bancária”(Paulo Freire, Pedagogia do Oprimi-do, 1987), pois o aluno não irá adquirir habili-dades se não houver análise, reflexão e critici-dade, portanto tem-se que criar, instigar a criti-ca como fator de curiosidade para não provo-car a animosidade ou mesmo a repulsa por um determinado conteúdo. Segundo Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia(1996) : “aprender criticamente é possível(...) os edu-candos vão se transformando em reais sujei-tos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo”. É a isto que entendemos por sinergia, cuja definição pode ser aqui dada como sendo “o efeito ativo e retroativo do trabalho ou esforço coordenado de vários subsistemas na realização de uma tarefa com-plexa ou função”(Wikipédia) no nosso caso o aprender e ensinar onde um se reflete no ou-tro(ação e reação). Então, a aquisição de habilidades (em qual-quer área do conhecimento) requer um traba-lho sinergético entre professor e aluno, não pode o professor enclausurar-se numa redoma de cristal instransponível e autodenominando-se senhor do conhecimento a quem todo po-der é dado para decidir se o aluno pode ou não aprender. Por fim, ainda segundo Paulo Freire: “Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo”. Tampouco pode o aluno estar refratário às novas aquisições de conhecimento, pois trata-se de uma via de mão dupla – aprender/ensinar e ensinar/aprender. Omar de Camargo Técnico Químico Professor em Química. [email protected]

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. [email protected]

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Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 10

A escola vista pelo aluno As escolas brasileiras realmente atendem as reais necessidades dos alunos?

Antes de entrar no assunto propriamente, considero necessário informar à quem lê este artigo que eu não sou professor, não sou pe-dagogo. Sou apenas alguém que um dia foi aluno escolar e que enxerga pelo ponto de vista de aluno. Portanto, é completamente na-tural que alguém que seja pedagogo, ou lecio-na alguma disciplina em alguma escola, não concorde com o meu ponto de vista. E mesmo outros que tenham apenas sido alunos, como eu fui.

A Educação escolar tem uma função na vida do ser humano. Qual é essa função? A função da Educação escolar é transmitir o legado da humanidade acumulado no decorrer de milê-nios e preparar a juventude para assumir o comando do mundo no futuro próximo, na pró-xima geração. E o comportamento da maioria dos brasileiros demonstra que o sistema es-colar brasileiro está falhando e muito como sistema formador. O sistema escolar brasileiro não está preparando devidamente as pessoas para vida. E a crítica não é só para as escolas públicas, é também para as escolas particula-res.

Um erro de mentalidade a respeito da função de ensino é que, no Brasil, a escola é tida co-mo algo voltado apenas para preparar as pes-soas para a universidade e, para o mercado de trabalho, para ter alguma profissão. Essa visão está errada. As escolas devem ir além das necessidades do mercado de trabalho. As escolas devem preparar as pessoas para a convivência em sociedade, para cidadania.

O Ministério da Educação brasileiro precisa, para o bem da sociedade brasileira, mudar o seu currículo escolar. A escola é tida como um local desagradável ao aluno, como um ambiente chato. E se a escola não se tornar mais agradável ao aluno, o aluno não vai ter estímulo para gostar da escola, e nunca va-mos conseguir reverter o problema do analfa-betismo funcional na sociedade.

O aluno é forçado pelo sistema a despender muito do seu tempo e da sua atenção para disciplinas que ele não tem vocação e que não vai usar no decorrer da vida. Isso desgas-ta psicologicamente o aluno, deixa ele com raiva da escola. Por exemplo, o aluno preten-de seguir carreira na área de Direito, mas a

escola o obriga a despender tempo com Físi-ca e com Química da mesma forma que o alu-no que quer seguir carreira na área de Enge-nharia. E há muito conhecimento que todas as pessoas utilizam no decorrer de suas vidas para se relacionarem com o restante da socie-dade que a escola brasileira não disponibiliza. O sistema escolar brasileiro está errado. O método de ensino das escolas brasileiras é “seco” com os alunos. É chato, maçante, des-motivador. As escolas não trabalham os as-pectos emocional e sentimental dos alunos. Só o intelectual e de forma errada. E o princi-pal responsável por esse desastre é o Minis-tério da Educação do Brasil, porque é ele quem define o currículo disciplinar das esco-las brasileiras.

O Ministério da Educação tem que organizar um currículo escolar mais realista. Tem que respeitar a tendência vocacional de cada alu-no. Tem que separar muito bem o conteúdo que todos sem exceção precisam saber, por-que vai usar no decorrer de suas vidas e, o que apenas alguns precisam saber, porque vai estar direcionado à sua vocação profissio-nal. Vou citar um exemplo para tentar esclare-cer o que eu estou realmente insinuando.

Vamos pegar o exemplo de Biologia. Quem precisa realmente saber sobre Botânica, o que é Briófita, Angiosperma, o que são Ciano-fíceas, Cotilédones... é quem vai ser biólogo ou agrônomo, quem vai trabalhar com vege-tais. Quem realmente precisa saber sobre Zo-ologia, o que são Platelmintos, Nematelmin-tos, Artrópodes, Equinodermos ou Cordados, por exemplo, é quem vai ser biólogo, veteriná-rio de zoológico, quem vai trabalhar com ani-mais.

Para a maioria, basta uma noção geral desse tipo de assunto e, focar muito mais em tudo aquilo que se refere ao corpo humano, saúde humana, nutrição, medicina preventiva, higie-ne, coisas ligadas ao cotidiano do cidadão, que é o que a maioria vai usar no decorrer da vida. Quem precisa saber com detalhes sobre as antigas civilizações da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia, é o pessoal da área de ciên-cias humanas.

Para os demais, uma noção geral sobre o as-sunto resolve. Quem precisa saber com deta-lhes sobre conceitos como Classicismo, Bar-roco, Romantismo, Modernismo, é o pessoal de ciências humanas, quem vai seguir carrei-ra de ator, de escritor, para o restante dos alu-nos, uma noção geral resolve.

O que eu estou querendo dizer com “uma no-ção geral” é que não faz sentido obrigar todas as pessoas a estudarem para provas, a faze-rem provas, a serem avaliadas para poderem seguir adiante.

A escola tem que fazer uma triagem de alu-nos baseada em critérios de aptidão de disci-plinas, e não sobrecarregar os estudantes com conteúdo que no futuro vai ser descarta-do por eles. A Matemática para ensino geral, tem que ser mais voltada para finanças e eco-

nomia, para o aluno aprender a administrar melhor o seu dinheiro, os seus gastos. Gra-mática, Ortografia, Interpretação de Texto e Redação, aí sim todo mundo tem que apren-der bem. Ah, sobre Redação, as escolas têm que parar de focar só em Dissertação, Narra-ção e Descrição. As pessoas precisam apren-der a redigir documentos oficiais como Ofício, Memorando, Requerimento, Atestado, Decla-ração... já no Ensino Médio. Os alunos têm que conseguir interpretar o que lêem, compre-ender a mensagem que está sendo passada por escrito.

Há conteúdo na área jurídica que todos os cidadãos precisam ter conhecimento, como direitos do consumidor, direitos trabalhistas, direitos humanos, direitos sociais em geral, que é o que realmente vai preparar as pesso-as para viver em sociedade.

As escolas precisam ter uma disciplina na área de ética e civismo.

As pessoas precisam saber como o sistema político funciona no Regime Democrático, o que fazem os Vereadores, os Prefeitos, os Deputados Estaduais, os Governadores, os Deputados Federais, os Senadores e os Pre-sidentes da República, quais são as suas competências ou atribuições, para que esses cargos existem, até onde vai o poder político deles, etc.

Também, a escola tem que trabalhar o lado emocional dos alunos através das artes e dos esportes. As escolas têm que ter um conser-vatório interno para o pessoal que tem voca-ção musical, estimular a formação de conjun-tos musicais escolares, têm que fazer campe-onatos esportivos interescolares, para os alu-nos que sonham em serem atores, um teatro escolar, para os que sonham em ser jornalis-tas, um jornal escolar.

Para o pessoal que tem vocação para ciên-cias, disciplinas como Física, Química e Biolo-gia devem ser ensinadas mais em laborató-rios, com trabalhos de campo, com experi-mentos científicos, feiras de ciências, porque ficar só na sala de aula vendo o professor fa-lar e escrever na lousa enjoa os alunos.

E as escolas deviam avaliar os alunos mais com trabalhos e menos com provas e testes escritos. Os alunos fazerem os trabalhos e eles mesmos explicarem para o resto da tur-ma, um por um dos membros do grupo que fez o trabalho explicar aos colegas de classe, e assim o professor avaliar os alunos.

Eu entendo que a pior das mazelas do Brasil é causada por erros do Ministério da Educa-ção brasileiro, cuja grade curricular para as escolas não prepara os alunos para a vida. Nem as escolas públicas e nem as escolas particulares atendem as reais necessidades dos alunos. E isso tem que mudar o quanto antes possível.

João Paulo Barros

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Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 11

Dia 25 - Dia do escritor

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Um professor, seu sucessor, e os donos do poder

Começando o dia Foi um domingo mo-dorrento. O fim do outono chegou perto do início do inverno e trouxe a secura que me acordou com um acesso de tosse no final da madruga-

da. O nascer do sol ainda não podia ser apreciado, pois as nuvens impediam que os tênues raios solares pintas-sem de vermelho o céu cinzento escuro, permitindo ape-nas que se percebesse a lenta mudança do escuro que se metamorfoseava em dia.

Levantei, tomei meus remédios com um copo de água que o frescor da madrugada deixara no ponto exato. Delícia. Nem fiz café, mais tarde tomaria um expresso na padaria, coisa que a meu ver imprime ao domingo a sua definitiva personalidade. Liguei a televisão justo quando a jornalista mudava a voz para anunciar nova manchete.

A lista negra dos mais de 30 bilhões Ela fazia um resumo da situação econômica e política, com destaque aos prejuízos que o bolso dos brasileiros já havia sofrido em 2015. Aumento de salário de parla-mentares, presente deles próprios para eles mesmos. Puxadinho na câmara dos deputados. Aumento do fun-do partidário. Rombo no Fundo Postalis. Corrupção e má administração da Petrobrás. Prejuízo para o FAT, usado para financiar empréstimos do BNDES para o-bras de empreiteiras no exterior. E assim por diante. O valor total, apenas referente a este ano, que está só na metade, chegava a mais de 30 bilhões de reais. Va-mos estimar de forma conservadora que até o final des-te ano o valor cresça para 50 bilhões, pois ainda temos seis meses pela frente e investigações a fazer na Eletro-brás, Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, e outras coisinhas mais. A lista é longa para um 2015tão pequenino.

Você sabe direitinho quem vai pagar esse rombo? Você; sua filhinha recém-nascida; seu avô nonagenário; eu; o doente que vai morrer na portaria de algum hospi-tal à espera de atendimento médico; a mãe de família cujo marido foi esfaqueado e morto; o pedreiro ferido por uma bala perdida; a professora que trabalha numa sala de aula com goteiras, em uma escola sem bibliote-ca, sem água nem eletricidade; o funcionário da padaria que desde 3 horas da madrugada já enfrenta ônibus lotado para trabalhar.O adolescente que não consegue estudar para garantir a realização de um sonho.

Ah! Não vamos nos esquecer também da “pequena par-cela da população” que usa energia elétrica e água, cu-jos índices de reajuste são significativamente superiores aos índices de inflação. Isso porque o governo não quer planejar e nem se preocupa em fazer com que as em-presas concessionárias queiram planejar.

Cada um de nós tem com certeza a dívida que nos foi imposta durante os anos anteriores, outra referente a 2015, e já estamos na fila para pegar o boleto das dívi-das referentes aos anos vindouros.

Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação

Não! Não vou falar sobre o luto de um falecimento, so-bre a dor de uma separação ou sobre uma briga de na-morados. A pauta ainda é a dívida que uns poucos con-traem em nome de uns muitos.

Primeiro a gente nega: “Estou fora dessa!”, “Me recuso a pagar!” e outras frases sem nenhuma utilidade, pois sabemos que são utópicas. Aprendemos direitinho a técnica de falar bobagens escutando o horário eleitoral. Depois, quando se percebe que “estamos dentro” e que “recusar é impossível”, a raiva toma conta de nossa mente e coração. O sangue ferve. O palavrão-desabafo sai gritado e agoniado. A úlcera começa a ser percebida com intensidade.

O próximo passo é tentar descobrir qual jeitinho pode ser dado para diminuir a mordida. Usar só dinheiro é recurso para daqui a pouco, quando a CPMF voltar. Comprar coisas piratas. Negociar preço com nota e pre-ço sem nota.

Então ficamos deprimidos e precisamos comprar remé-dio. É quando se percebe que o imposto dele (34%) é maior do que o imposto pago ao comprar uma Playboy(19%). Depressão maior ainda.

Finalmente, a única alternativa é aceitar. O pior é que o pagamento da dívida não pode ser feito com cartão de crédito, ao menos para acumular pontos. Nem com bo-leto bancário, para cobrir com o cheque especial. Paypal também não pode. Bitcoin é proibido. Bolívares venezu-elanos, do grande amigo Maduro de Dilma, são vetados. Nem passe de ônibus ou bala Soft eles aceitam!

Todos esses “sapos” nos são enfiados goela abaixo, como se fôssemos gansos usados para fazer foie gras francês.

Era uma vez um professor e seu sucessor Fui aluno do sr. Guido Mantega. Na época, muitos anos atrás, ele ainda não estava contaminado com o vírus que lhe transformou o coração e a mente a ponto de cegamente seguir a cartilha de sua chefe, e ajudá-la a nos conduzir ao abismo econômico que hoje vivemos.

Ele era um professor bem razoável, dava sua mensa-gem com elegância e ponderação. Foi numa instituição que nem consta do currículo dele na Wikipedia, pois não é de primeira linha. Afinal, um ministro de estado só po-de ser professor de instituições com grife. O mundo aca-dêmico perdeu um membro competente, e o poder ga-nhou um membro obediente. Os alunos perderam um mentor e o partido ganhou um promotor. A população perdeu um aliado e a classe dominadora ganhou mais um representante fanático.

Ele, como mestre, defendia, por exemplo, a ideia de imaginar os extremos sempre que fosse necessário to-mar alguma medida, para tentar prever suas conse-quências. Foi uma lição importante que eu já havia a-prendido com um chefe, e que meu então professor re-forçava. Por exemplo, antes de implantar o aumento de juros, deve-se imaginar o que aconteceria se eles fos-sem baixados ao extremo (uns 0,2%, por exemplo) ou elevados ao extremo (uns 30%, por exemplo). No pri-meiro escalão do governo ele esqueceu isso.

Na universidade popular ele falava coisas sensatas. Na-quelas com grife, nos encontros em simpósios interna-cionais, e em lugares como Brasília, Washington, ONU, Banco Mundial, FMI e outros desse tipo, ele passou a falar economês e matematiquês (em inglês...) para fingir explicar, com equações verbais dificílimas,que “a crise

externa é responsável por desequilíbrios em nossa eco-nomia, mas que as medidas tomadas serão eficazes e vão virar a página da crise brasileira”.

Na fase de recolhimento que ele hoje confortavelmente vive, nem deve mais se lembrar desses “detalhes” ditos em sala de aula. Mas eu lembro direitinho, do mesmo jeito que vou sempre lembrar como um mestre pode sofrer mudanças radicais.

O sucessor A sucessão à qual me refiro não é na cátedra, mas na condução da economia. O sr. Levy apresenta discurso no mesmo estilo Guido Mantega no. A cartilha é a mes-ma, apenas aparenta ser diferente. É um caminho nada suave em direção ao garrote vil que sufoca o bolso do povo. Nem vou qualificar o estilo do sr. Joaquim no mes-mo estilo que usei para seu antecessor, senão serei mal entendido. Mas suas palavras são tão inócuas quanto todas as que escutamos nos quatro anos passados. E as ações são as mesmas,destinadas a chicotear o povo.

Os donos do poder Você já teve paciência para ler um livro muito chato, mas que é brilhante, importante e fundamental?

Recomendo dois, acho que hoje em dia só existem em bibliotecas, sebos ou em pdf na internet. O primeiro é “O erro de Descartes”, do médico portuguesa António Da-másio. Coisas geniais, ideias e raciocínios extremamen-te inteligentes.Uma chatice, mas um marco. Apenas para constar.

O outro, para explicar, é “Os donos do poder” de Ray-mundo Faoro. Uma das maiores obras-primas da nossa história, com a qual se aprende muito.

Percebe-se pelo livro e pela vida real que os donos do poder fazem das tripas coração para continuar com a força que emana de seu poder econômico, financeiro ou político. Agem como o cônjuge traidor que nega o óbvio adultério quando é flagrado nu. Reclamam,se fazem de vítimas. Usam quaisquer subterfúgios para direcionar como querem o raciocínio e a atenção da mídia e de seus interlocutores.Todos sempre se dizem absoluta-mente inocentes, argumentam que agem expressamen-te conforme a lei; afirmam que colaboram com as autori-dades tanto quanto solicitados, garantem que tudo o que fazem é absolutamente ético. Falácias e sofismas. Stalin, Hitler e Castro faziam igualzinho.

O povo já deveria ter aprendido que palavras não signifi-cam absolutamente nada se não forem acompanhadas de ações coerentes respectivas. Enquanto os marque-teiros estiverem circulando por aí e seus clientes tiverem como pagá-los, isso continuará acontecendo.

Veja a seguinte cadeia de eventos: nós pagamos impos-tos, parte desse imposto é direcionada para partidos e políticos, parte disso é usada para pagamento de cam-panhas, e parte desse dinheiro vai para o bolso de mar-queteiros.

Ou seja: pagamos para escutar bobagens, para sermos ludibriados e explorados. Palavras ao vento. Tive outro professor na faculdade que dizia que no dia em que o Brasil se tornasse comunista, o Paulo Maluf seria o chefe do Politburo.

É verdade, troca-se o casaco, mas a roupa é a mesma. Alberto Romano Schiesari

Escritor/Prof. Universitário/ Consultor em Tec. da Inf.

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 12

Mundo Educação

ATENÇÂO

A Gazeta Valeparaibana , um veículo de divul-gação da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, orga-nização sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de abrir discussões e reflexões dentro das salas de au-las, tais como: educação, cultura, tradições, his-tória, meio ambiente e sustentabilidade, respon-sabilidade social e ambiental, além da transmis-são de conhecimento.

Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acreditar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conheci-mento adquirido e, que nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas res-ponsabilidades sociais.

No entanto, todas as matérias e imagens serão creditadas a seus editores, desde que adjudi-quem seus nomes. Caso não queira fazer parte da corrente, favor entrar em contato. [email protected]

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Senso comum

O senso comum possui uma importância e-norme na história dos problemas filosóficos, sobretudo por estar associado à experiência tradicional.

Na história da filosofia, o problema do senso comum sempre foi um ponto de enorme im-portância e grandes debates. Os filósofos clássicos, como Sócrates, Platão e Aristóte-les, dedicaram-se a refletir sobre isso e situar esse tema dentro dos problemas que interes-sam à reflexão filosófica.

Grosso modo, o sentido mais profundo da ex-pressão “senso comum” remete ao tipo de ex-periência que é propriamente humana, isto é, a experiência do sofrimento ou a experiencia tradicional.

Um dos elementos que tornam o homem dife-rente das outras criaturas é a sua capacidade de refletir sobre o sofrimento, de saber que vai morrer, que pode ser acometido por catás-trofes, doenças, etc. A experiencia tradicional nos dá os elementos para a compreensão de nossa condição de seres falíveis. As tragédias antigas (tão valorizadas por Aristóteles) da-vam conta dessa experiência. A literatura mo-derna e contemporânea também o faz.

Sendo assim, o senso comum é o tipo de sa-ber que busca fornecer orientação ao homem e não deixá-lo repetir os erros do passado. Por intermédio da experiência, o homem pode exercer virtudes, como a prudência e a paci-ência, e aprender a não se deixar levar por aventuras emocionais, que o desviam para a irracionalidade, bem como não se deixar levar por “sonhos racionais” de progresso a qual-

quer custo. Como disse o pintor espanhol Go-ya, “O sonho da razão produz monstros”.

O conceito de senso comum sofreu certa des-valorização após o período do Renascimento. O humanismo renascentista foi a última cor-rente de reflexão que levava em conta o po-tencial orientador do senso comum. A partir do século XVII, sobretudo com o desenvolvi-mento da ciência moderna e da filosofia racio-nalista cartesiana, o senso comum passou, de forma geral, a ser identificado como “falta de rigor metodológico” e a ser rivalizado com o “senso crítico” ou “senso científico”. Dessa forma, até o início do século XX, eram poucas as defesas filosóficas que se faziam do senso comum, haja vista que a expressão havia sido alijada de seu sentido tradicional.

Os filósofos ligados à fenomenologia e à her-menêutica do século XX, como Heldeger e Gadamer,passaram a refletir novamente so-bre o senso comum, colocando-o diante do problema da historicidade, isto é, da experiên-cia histórica humana. Autores de outras tradi-ções, como o católico leigo G. K. Chesterton, também passaram a fazer, ao seu modo, a defesa do senso comum, sobretudo recupe-rando o seu sentido tradicional.

A violência excessiva é resultante da decadência da

moralidade.

A decadência da moralidade Entende-se por moralidade o conjunto de nor-mas e princípios de conduta. Na atualidade, a moral é o princípio de conduta que decai com

o passar dos dias. Quem é que nunca se de-parou com alguém ou até consigo mesmo me-nosprezando valores passados pela família ou pela religião para fazer o que lhe bem aprou-ver?

A sociedade tem se mostrado cada vez mais desprendida de condutas morais que em anos atrás se fazia valer. Segundo Lázaro Curvêlo Chaves (bacharel e licenciado em ciências sociais pela UFF), nas décadas de 50 a 70 não havia a modernidade de hoje, mas em contrapartida as pessoas viviam com mais se-gurança e com mais dignidade, já que os sa-lários eram compatíveis com a realidade soci-al (apesar de existir a pobreza, era em menor número em comparação aos dias atuais).

Os meios de comunicação que antigamente eram utilizados com a finalidade de realmente fazer a comunicação de assuntos importantes entre pessoas hoje são utilizados como meios de alienação. Hoje, os meios de comunicação são utilizados para derrubar toda e qualquer moralidade partindo da defesa do individualis-mo e do direito de fazer o que tiver vontade.

A decadência da moralidade está estampada nas fraudes políticas, nas leis que defendem o individualismo, nas pessoas que não se preo-cupam com o próximo, nas propagandas que estimulam a sexualidade e ainda na socieda-de que se deixa influenciar. O desvirtuamento dos valores morais traz conseqüências graves às pessoas, pois estimula adolescentes a ini-ciarem a vida sexual de forma precoce, esti-mula as pessoas a se desligarem do coletivis-mo e o preconceito contra os menos favoreci-dos.

É necessário que a sociedade acorde para a real situação e revolucione o comportamento da nação e isso com responsabilidade e cons-ciência. Existem valores éticos que são funda-mentais para que a sociedade viva em harmo-nia. Fonte: http://www.mundoeducacao.com/

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Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 13

O Samba e a ditadura de Vargas O SAMBA ANTES DO FOLCLORE

Costuma-se contar a história do samba em dois momentos opostos. O primeiro, quando os sambistas eram perseguidos pela polícia - que reprimia manifestações culturais dos negros - e obrigados a tocar escondidos, em vielas dos morros e fundos de quintal. No segundo momento acontece o contrá-rio: o governo passa a incentivar o carnaval e as músicas populares. Em 1995, com a publicação do livro 'O Mistério do Samba', o antropólogo Hermano Vianna revelou que a mu-dança de postura com relação à música não aconteceu assim tão de repente. Estilos negros e populares faziam parte de festas dos ricos e famosos séculos antes de o desfile das escolas de samba virar uma festa oficial. Em 1802, por exem-plo, o comerciante inglês Thomas Lindley escreveu que as festas dos baianos ricos eram animadas pela ”sedutora dan-ça dos negros, misto de coreografia africana e fandangos espanhóis e portugueses”. Até mesmo em Portugal os músi-cos populares brasileiros eram bem recebidos. No fim do século XVIII, poucos anos antes de a corte portuguesa fugir para o Brasil, o músico Caldas Barbosa, mestiço filho de uma escrava, encantou a corte de dona Maria I, a rainha louca, tocando lundus. Hermano Vianna revelou também que o samba, em sua origem, tinha muito pouco de folclórico ou nacionalista. Os estilos europeus fazem parte da raiz ances-tral do samba tanto ou mais que a percussão africana. Os primeiros sambistas liam partituras, tocavam instrumentos clássicos, participavam de bandas de jazz, adoravam ouvir tango e conhecer as novidades musicais nos cabarés parisi-enses. A cara que o samba tem hoje, de símbolo da ”autenticidade brasileira” e da resistência da cultura negra dos morros cariocas, é uma criação mais recente, que de certa forma abafou a primeira. Afirma Vianna em 'O Mistério do Samba:'.

O samba não se transformou em música nacional através dos esforços de um grupo social ou étnico (o ”morro”). Muitos grupos e indivíduos (negros, ciganos, baianos, cariocas, inte-lectuais, políticos, folcloristas, compositores eruditos, france-ses, milionários, poetas - e até mesmo um embaixador ameri-cano) participaram, com maior ou menor tenacidade, de sua ”fixação” como gênero musical de sua nacionalização. Os dois processos não podem ser separados. Nunca existiu um samba pronto, ”autêntico”, depois transformado em música nacional.

Um exemplo de que o primeiro samba não tinha nada de folclórico são dois pioneiros desse estilo musical: Pixinguinha e Donga, que em 1917 registrou o primeiro samba gravado na história. Os dois começaram a tocar juntos na década de 1910, provavelmente na casa da baiana Hilária Batista da Silva (1), a tia Ciata, na Praça Onze, centro do Rio de Janei-ro. O quintal dessa casa é frequentemente apontado como ”berço do samba”, o lugar que abrigou o nascimento mítico desse novo estilo musical.

Negra baiana que migrou para o Rio ainda no século XIX, Ciata vendia doces vestindo turbante e saia do candomblé. Era a típica figura que inspirou a ala das baianas do desfile das escolas. À noite e nos fins de semana, músicos, políticos, intelectuais, jornalistas e amigos iam para o samba na casa dela - até então, ”samba” significava um evento, uma festa e não um tipo de música. O novo estilo saiu da criatividade daquele grupo de amigos.

Acontece que as composições que surgiram da casa da baia-na tinham muito pouco do samba que hoje anima a Sapucaí. Lembravam mais o maxixe, o ”tango brasileiro”, ritmo dança-do a dois derivado de polcas europeias. Instrumentos de so-pro eram comuns - com sua flauta, Pixinguinha era um dos protagonistas daquelas festas. O escritor Mário de Andrade, no livro 'Música de Feitiçaria do Brasil', escreveu que a pró-pria tia Ciata ”passava os dias de violão no colo inventando melodias maxixadas”.

'Pelo Telefone', grande sucesso daquele grupo, também lem-bra mais o maxixe que a percussão das escolas de samba. Apesar de ter sido provavelmente uma criação coletiva, foi registrado por Donga, estourando no carnaval de 1917. ”Fiz o samba, não procurando me afastar muito do maxixe, música

que estava bastante em voga”, contou o sambista décadas depois. Os músicos da casa da tia Ciata tampouco se acha-vam defensores de uma etnia, de uma tradição ancestral ou de um símbolo nacional. 'Pelo Telefone' citava uma tecnolo-gia e um jogo tão novos para aquela época quanto o GPS portátil e o pôquer online um século depois: ”O chefe da polí-cia pelo telefone mandou me avisar que na Carioca tem uma roleta para se jogar”.

Em 1919, Donga e Pixinguinha criaram a banda. 'Os Oito Batutas' para animar a sala de espera do Cine Palais, no Rio de Janeiro. Essa banda foi a primeira a divulgar o samba pelo mundo. Seus integrantes tocavam piano e instrumentos de sopro, apresentavam-se vestindo ternos e sapatos engraxa-dos - o grupo lembrava uma jazz band americana. Como um conjunto de festas de casamento e formaturas nos dias de hoje, tocavam de tudo: lundus, polcas, batuques, músicas sertanejas, maxixes e sambas. Esse repertório eclético ren-deu a eles shows pelo mundo.

'Os Oito Batutas' se apresentaram para os reis da Bélgica quando visitaram o Brasil, na embaixada americana (o em-baixador admirava o grupo), no pavilhão da fábrica da Gene-ral Motors e até mesmo para a princesa Isabel e a família real brasileira em exílio na França. Entre fevereiro de 1922 e abril de 1923, passaram seis meses tocando na boate 'Le Schéhé-razade', de Paris, e outros seis se apresentando em teatros de Buenos Aires. Durante a viagem à França, entre cafés e cabarés cheios de novidades musicais, eles se apaixonaram pelo jazz. Ainda em Paris, Pixinguinha ganhou um saxofone de presente. ”Alguns anos mais tarde (fins de 1927), os Oito Batutas circulam pelo sul do Brasil”, conta o antropólogo Luís Fernando Hering Coelho. ”O programa da apresentação no Teatro Álvaro de Carvalho, em Florianópolis, no dia 28 de agosto de 1927 os anuncia como Jazz-Band Os Batutas, e no repertório há sambas, marchas, emboladas, maxixes, e músi-cas do repertório jazzístico como 'Who?, Beautiful Girl, Black Bottom, One Step'.”

Também era fascinado pela música internacional o flautista, pianista e violonista Sinhô. Uma espécie de Roberto Carlos da década de 1920, Sinhô tinha o apelido de ”o rei do sam-ba”. Deve-se a ele a fixação do samba como um estilo musi-cal que pôde ser descoberto pelas gravadoras de discos. ”O que há de mais povo e de mais carioca tinha em Sinhô a sua personificação típica”, escreveu o poeta Manuel Bandeira, admirador do sambista. Sinhô encantou o Rio de Janeiro compondo valsas, maxixes, fox, charleston, toadas, fados, e chegou a gravar sambas com orquestras. Essa ”personificação típica” do povo ligava pouco para a arte popu-lar. Suas marchinhas carnavalescas eram quase cópias de canções europeias. Numa tarde de 1920, quando tentava divulgar partituras de suas músicas na Casa Beethoven, no Rio de Janeiro, ouviu uma freguesa assobiar a valsa francesa 'C’est pas Difficile'. Fascinado com a canção, foi para casa e tentou repetir a melodia no piano. Trocando algumas notas e adicionando outras, criou a marchinha Pé de Anjo, caçoando do pé grande de China, irmão de Pixinguinha. A música foi o hit do carnaval de 1920. Assim era o samba brasileiro — ins-pirado nas novidades europeias e americanas e formado por instrumentos de sopro e piano - até uma ideologia antiga ganhar músculos por aqui: o nacionalismo. Contorcendo a cabeça dos artistas, o nacionalismo provocou o nascimento de um novo samba. Antes de chegar a esse novo estilo musi-cal, é bom dar uma volta pelo tipo de nacionalismo que nas-ceu no Brasil e o modo como ele criou a imagem que hoje temos do país. (1)- O nome correto é Hilária Batista de Almeida. (LC)

SAMBA E FASCISMO

Um traço comum no carnaval de diferentes épocas e países é o de virar as regras do avesso. Durante as festas pagãs da Roma Antiga, que deram origem ao carnaval cristão, escra-vos e seus senhores invertiam os papéis: por um dia, eram os servos que mandavam. Uma inversão parecida acontecia na Idade Média. As pessoas faziam missas e procissões cô-micas - no lugar dos padres, guiavam as cerimônias religio-sas personagens bizarros como o Rei Momo. A véspera da quaresma liberava os foliões para tirar um sarro dos próprios costumes religiosos e da Igreja, autoridade indiscutível da-

quela época. Não havia tantos papéis trocados nos primeiros carnavais do Brasil, mas uma reviravolta de comportamentos também tomava conta. Durante as festas conhecidas como entrudos, as pessoas atiravam bolas de cera nos outros e faziam guerrinhas d’água pela rua. Em 1832, ao visitar o carnaval de Salvador com dois tenentes da Marinha britânica, o jovem inglês Charles Darwin se assustou com os perigos do carnaval baiano. ”Estes perigos consistem principalmente em sermos, impie-dosamente, fuzilados com bolas de cera cheias de água e molhados com esguichos de lata. Achamos muito difícil man-ter a nossa dignidade enquanto caminhávamos pelas ruas”, escreveu Darwin em seu diário. Por quase todo o país, a polí-cia até tentava conter os entrudos, mas raramente conseguia. A festa dura até hoje - em alguns blocos do interior, os carna-valescos ainda atiram água, confete e farinha uns nos outros. Na maior parte da história do Brasil, o carnaval foi uma alga-zarra deliciosamente sem noção. Mas suponha que, de re-pente, um ditador bem metódico, militar e fascista, um ditador como o italiano Benito Mussolini, aliado de Hitler na Segunda Guerra Mundial, tivesse o direito de regular essa bagunça para torná-la orgulho da nação. Como seria o carnaval orga-nizado por Mussolini?

Imagino que não haveria personagens trocados, arremessos de bolas de cera ou guerrinhas d’água. Como em um desfile patriótico, os carnavalescos marchariam em linha reta, com tempo metodicamente marcado para cada evolução. Passari-am diante das autoridades do governo e de jurados, que ava-liariam a disciplina, o figurino e a média de acertos dos gru-pos, dando notas até dez. A organização do carnaval permiti-ria apenas músicas edificantes e patrióticas. Para ressaltar a pátria e deixar de fora a influência estrangeira, a melodia só poderia ser executada por instrumentos considerados da cultura nacional. Se adicionarmos algumas celebridades qua-se nuas e muitas penugens, o cenário fica parecido com a Sapucaí. Foi mais ou menos assim que nasceu o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Seu formato atual deve muito a costumes e ideologias fascistas da década de 1930, além do interesse do presidente Getúlio Vargas de misturar sua imagem à cultura nacional e popular, exatamente como Mussolini fazia na Itália. Já havia desfiles em sociedades carnavalescas no começo do século XX, é verdade, mas a maioria das regras da apresentação moderna nasceu com o fascismo.

Em 1937, ano em que o governo de Vargas se tornaria uma ditadura bem parecida com a italiana, foi instituído que todos os sambas-enredos deveriam homenagear a história do Bra-sil. As primeiras regras de avaliação e ordem do desfile nas-ceram dois anos antes, quando o interventor federal do Rio de Janeiro, Pedro Ernesto, começou a dar dinheiro para as escolas.

A apresentação ocorria na Avenida Rio Branco, o mesmo local onde as demonstrações militares comemoravam a Inde-pendência todo dia 7 de setembro. Os instrumentos de sopro foram proibidos. Só poderiam participar entidades registradas como sociedades recreativas civis. Esse carnaval disciplina-do e patriótico não nasceu só por imposição do governo: os grupos também aderiram espontaneamente a ele. 'A Deixa Falar', primeira escola de samba de que se tem notícia, desfi-lou em 1929 usando comissão de frente cavalos da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Três anos depois, o samba-enredo da escola era 'Primavera e a Revolução de Outubro', em homenagem à tomada de poder de Getúlio Vargas em outubro de 1930. A apresenta-ção contou com participantes vestidos de militares. Não fosse a influência do fascismo italiano, o famoso desfile do carnaval brasileiro não existiria. E, sem ele, o samba que conhecemos hoje seria também muito diferente. O mesmo patriotismo que deu um empurrão ao desfile de carnaval provocou a folclori-zação do samba.

Por: Leandro Narloch

No livro: Guia Politicamente Incorreto da História do

Brasil.

Editora: Leya

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Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 14

Valores Morais

Valores Morais e sua importância na sociedade

Valor Moral X Preconceito

Autor: Paulo Abreu Os valores morais têm grande importância pa-ra sociedade, mas acima de qualquer outro o respeito deve vir sempre em primeiro lugar diante de tudo. Você sabe o que são valores morais? Os valores morais são apresentados a toda criança desde o nascimento, e é durante toda a sua juventude que os pais vão tentar esta-belecer esse princípio em sua vida, moldando sua personalidade e sua moral. Basicamente os valores morais de uma pessoa são impor-tantes para a sociedade em geral, mas por-que isso acontece? Todo e qualquer cidadão precisa ter os seus próprios valores morais. Isso envolve aceitar determinadas coisas e repudiar outras, esses valores são impostos pela sociedade desde o nascimento e são aperfeiçoados com o pas-sar do tempo. Aceitar ou não o homossexualismo é uma questão de valor moral. A sociedade a mídia, vem obrigando as pessoas a “engolirem” essa atitude, e quem não aceita, é taxado de pre-conceituoso, se esquecem de que isso faz parte dos valores morais de cada pessoa. Valores Morais X Preconceito É claro que os nossos valores morais não po-dem interferir no modo de vida das outras pessoas, pois isso seriam desrespeito e pre-conceito. Não é porque os seus valores dizem que você não pode cortar os cabelos que vo-cê vai repudiar alguém que o faz. “O respeito pelo próximo é um dos valores

morais que nunca devem ser perdidos.” Nossos valores morais vão dizer se vamos ser honestos ou corruptos, se vamos ter medo ou ser corajosos, se vamos defender uma causa nobre ou se vamos apoiá-la. (fonte : portal de variedades). Preconceito Preconceito é um “juízo” preconcebido, mani-festado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimen-to pejorativo de alguém, ou de um grupo soci-al, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, "racial" e "sexual". Para o indivíduo ser ou não preconceituoso podemos avaliar suas formas de socialização, isso distinguirá seus primórdios e no que ele virá a se transformar. Este processo, será explicado por culturas e a própria história no contexto em que se esta inserido. Geralmente a pessoa que tende a ter esse tipo de sentimento, não o faz apenas por um só tipo, ele engloba todos os preconceitos e alimenta todos eles. O assunto em questão diz mais sobre a pessoa preconceituosa do que aquele que está sofrendo com este, por causa das características identificadas. Sempre vemos falar nessa palavra, mais afinal de contas o que realmente ela signi-fica? O preconceito não passa de um conceito que criamos antes de saber o que aquilo realmen-te é, onde por esse falso conceito muitas ve-zes maltratamos o próximo e nem pensamos nas conseqüências daquele ato. Citando alguns; “Se formos descrever todos os tipos ficaremos meses e não descreveremos tudo, eu só falo uma coisa antes de discriminar alguém, pro-cure saber o que aquilo é de verdade antes

de fazer o seu conceito evitando assim os fal-sos conceitos. (Paulo Vitor)” “Refreie a sua concupiscência, amigo! Res-peite os nossos velhos, a Reserva Moral da Nação. (Carlos Heitor Cony)”. “O conhecimento superficial sobre um assunto é a causa do preconceito, justificativa para a ignorância. (Evan do Carmo)”. “Preconceito não é ter suas críticas. A crítica requer conhecimento; O preconceito, apenas as vítimas. (Thaís Dayani)”. Diante do exposto, vejo que o assunto não se esgota, poderíamos examinar cada ponto de vista, deixar reflexões para décadas, e assim mesmo não chegaríamos ao fim. A finalidade deste é esta, Onde está o meio, o elo, Valor Moral e Pre-conceito. Até onde podemos ter nosso valor moral pre-servado sem ser preconceituoso. Posso ser contrario a união homoafetivo ou, outra qualquer, sem ser preconceituoso? Em sendo, posso ter meu valor moral respei-tado, sem ser taxado de preconceituoso? O texto é para reflexão e não causar polemi-ca, ou ato discriminatório. Sou a favor do respeito e da reciprocidade. “Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não substituo a fé pela superstição, a realidade pelo ído-lo.” (Ruy Barbosa) Fonte : http://pauloabreu14.jusbrasil.com.br/

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Respeito

Ato ou efeito de respeitar(-se). Respeito é um substantivo masculino oriundo do latim respectus que é um sentimento posi-t ivo e signif ica ação ou efeito de respeitar, apreço,consideração, deferência.

Na sua origem em latim, a palavra respeito significava "olhar outra vez". Assim, algo que merece um segundo olhar é algo digno de respeito. Por esse motivo, respeito também pode ser uma forma de veneração, de prestar culto ou fazer uma homenagem a alguém, co-mo indica a expressão "apresentar os seus respeitos". Ter respeito por alguém também pode implicar um comportamento de submis-são e temor. O respeito é um dos valores mais importantes

do ser humano e tem grande importância na interação social. O respeito impede que uma pessoa tenha atitudes reprováveis em relação a outra. Muitas religiões abordam o tema do respeito ao próximo, porque o respeito mútuo representa uma das formas mais básicas e essenciais para uma convivência saudável.

Uma das importantes questões sobre o res-peito é que para ser respeitado é preciso sa-ber respeitar, o que em muitos casos não a-contece. Respeitar não significa concordar em todos as áreas com outra pessoa, mas signifi-ca não discriminar ou ofender essa pessoa por causa da sua forma de viver ou suas es-colhas (desde que essas escolhas não cau-sem dano e desrespeitem os outros).

O respeito também pode ser um sentimento

que leva à obediência e cumprimento de algu-mas normas (por ex: respeito pela lei). Falar sobre um tema com respeito (como diferentes religiões, crenças e condutas) é falar de forma ponderada e sensível.

A palavra respeito é também uma forma de fazer referência a algo através de expressões como: "a respeito de", "com respeito a", que podem ser substituídas pela expressão "relativamente a". Ex: O político foi interroga-do por muitos manifestantes mas a única coi-sa que disse foi que não falaria a respeito desse assunto.

A expressão "diz respeito" indica alguma coi-sa que pertence ou é da responsabilidade de alguém. Ex: Não pergunte outra vez porque esse assunto não lhe diz respeito.

Julho 2015 Gazeta Valeparaibana Página 15

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Os donos do mundo

A MAIOR FRAUDE DA HISTÓRIA

Continuação - Parte II

"Os judeus, que são algo como nômades, nunca até agora criaram uma forma

cultural por si mesmos, e até onde eu posso ver, nunca o farão, uma vez que

todos os seus instintos e talentos requerem uma nação mais ou menos

civilizada como hospedeira para o seu desenvolvimento “

Já donos de uma fortuna incalculável obtida com os empréstimos a todos os países euro-peus os Rothschild se envolveram vigorosa-mente nos financiamentos ao governo inglês para as colônias da América, acabando por indiretamente causar a independência ameri-cana quando restringiram o crédito e aumen-taram salgadamente as taxas cobradas aos pilgrims. Mesmo após a independência, logo implantaram o modelo de banco central no Novo Continente, para expandir ainda mais os seus lucros. Durante a primeira metade do século XIX nos Estados Unidos, pelo menos três vezes os opositores do sistema agiotário lograram êxito em fechar o banco, entre eles os presidentes James Madison e Andrew Jackson, mas ele sempre ressurgia.

Foi durante a Guerra Civil americana que os conspiradores lançaram o seu mais bem-sucedido esforço nesse sentido. Judah Benja-min, principal assessor de Jefferson Davis (na época presidente dos Estados Confederados da América), era um agente dos Rothschild. A família plantou assessores no gabinete do presidente Abraham Lincoln e tentou vender-lhe a idéia de negociar com a Casa de Roths-child. Lincoln desconfiou de suas intenções e rejeitou a oferta, tornando-se inimigo figadal da família e acabou assassinado a tiros num teatro. Investigações sobre o crime revelaram que o assassino era membro de uma socieda-de secreta cujo nome jamais foi revelado pois vários altos funcionários do governo america-no eram membros. O fim da guerra civil abor-tou temporariamente as chances dos Roths-child de por as mãos no sistema monetário dos Estados Unidos, como já faziam com a Inglaterra e todos os países da Europa. Mas apenas temporariamente.

Anos depois, um jovem imigrante, Jacob H. Schiff, chegou a Nova Iorque. Nascido em u-ma das casas dos Rothschild em Frankfurt, ele chegou à América com um objetivo defini-do: comprar ações de um grande banco para gradualmente adquirir o controle sobre o sis-tema financeiro americano. Schiff comprou quotas de participação numa empresa chama-da Kuhn & Loeb, uma famosa casa privada de financiamentos. Entretanto, para cumprir sua missão, ele precisaria obter a cooperação de "peixes grandes" do segmento bancário norte-americano. Tarefa difícil para o humilde jovem alemão oriundo dos subúrbios de Frankfurt. Mas Schiff tinha trunfos: ele era enviado dos Rothschild e ofereceu ações européias de alto valor para distribuição no mercado americano.

Foi no período pós-guerra civil que a indústria americana efetivamente começou a florescer para se transformar no colosso da atualidade.

Com a decretação da paz e a expansão para o Oeste, havia estradas de ferro para constru-ir, ligando as duas costas continentais do pa-ís, além da nascente prospecção petrolífera, das siderúrgicas e das empresas têxteis, para citar apenas algumas. Tudo requeria financia-mento e não havia dinheiro suficiente no jo-vem país do Norte. A Casa de Rothschild pon-teava no cenário europeu e tinha recursos a-bundantes, resultado da vigorosa especula-ção financeira empreendida em todos os cen-tros comerciais da Europa nos 150 anos ante-riores, emprestando dinheiro a monarcas, go-vernos e parlamentares.

O jovem Schiff rapidamente se tornou padri-nho de homens como John D. Rockefeller, Andrew Carnegie e Edward Harriman. Com o dinheiro dos Rothschild, ele financiou a Standard Oil Company (hoje a poderosa ESSO, acrônimo das duas letras que forma-vam a abreviação da empresa em inglês: S.O. – leia-se ESSO), as ferrovias Union Pacific Railroad e Southern Pacific Railroad e o impé-rio do aço de Carnegie, com sua Carnegie Steel Company, que consagrou a cidade de Pittsburgh, no estado americano da Pennsyl-vania como a capital mundial do aço. Foi ape-nas uma questão de tempo para Jacob Schiff deter o controle da comunidade bancária de Wall Street, em Nova Iorque, que já incluía os Lehman Brothers2,Goldman-Sachs e ou-tros grupos internacionais até hoje atuantes no mercado financeiro, todos eles desde a-quela época controlados pelos Rothschild. É possível resumir a situação de forma bem simples: Schiff era o "chefe" do mercado fi-nanceiro de Nova Iorque e controlava o di-nheiro dos Estados Unidos. Assim foi prepara-do o bote sobre o sistema financeiro america-no. Com seus cinco filhos firmemente encas-telados em todos os centros financeiros da Europa, a família Rothschild logo ascendeu à posição de mais rica família do planeta. Esta situação persiste até hoje, embora eles pro-fessem uma postura de discrição, avessa à mídia e à divulgação. Nenhuma família ou grupo empresarial possui tanto poder e con-trole financeiro em todos os países do mundo como os Rothschild. E isto há 250 anos.

Sua fabulosa fortuna foi conseguida através da prática do fractional reserve len-ding ("empréstimo sem lastro"), que consistia em multiplicar o dinheiro a partir das vastas somas de dinheiro depositadas pelas pessoas em suas casas de custódia (brokerage and escrow houses) espalhadas pela Europa atra-vés do empréstimo de dinheiro de papel a mo-narcas e governos. Uma de suas práticas mais determinadas era a de financiar os dois lados de uma guerra, garantindo assim, no mínimo, a duplicação de seus lucros com os juros cobrados, vencesse quem vencesse3.

Os moneychangers não se aliavam a determi-nado partido ou tendência política; para eles só existia a finalidade do lucro. Em algum

tempo, a família Rothschild tomou conta de todos os bancos centrais do mundo — volta-dos unicamente para o lucro e não para a ad-ministração da economia dos seus respecti-vos países — e com a inteligente operação de sua inesgotável fortuna tornaram-se agentes determinantes na criação dos Estados Unidos da América, que viria a se tornar o pais mais rico e poderoso do mundo. Não se trata de mera coincidência, pois foi a opressão inglesa sobre o Novo Mundo com a cobrança de ta-xas pelo Banco da Inglaterra que acabou por desencadear a revolução que criou os EUA.

Benjamim Franklin, inventor, cientista, político e diplomata do século XVIII, artífice da aliança com a França que auxiliou a independência americana, afirmou o seguinte ao Banco da Inglaterra, que tencionava financiar a nova república americana através da estratégia da usura (fractional reserve lending): "É muito simples. Aqui nas colônias nós emitimos nos-sa própria moeda, que se chama Colonial Script4. Emitimo-la na exata proporção das necessidades do comércio e da indústria, pa-ra tornar os produtos mais móveis entre os produtores e os consumidores. Desta forma, criando nosso próprio dinheiro de papel, con-trolamos o seu poder de compra e não preci-samos pagar juros a ninguém".

O controle do sistema monetário dos EUA es-tá totalmente investido no Congresso Ameri-cano, eis por que Jacob Schiff seduziu os par-lamentares abypassar a Carta Magna estadu-nidense e passar esse controle aosmoney-changers. Para que essa transição fosse inte-gralmente bem-sucedida e a população do país não pudesse fazer nada a respeito, seria necessário que o congresso americano pro-mulgasse uma peça de lei específica. Como conseguir isso? Através de um presidente sem moral e sem escrúpulos, que assinasse o projeto de lei.

Nos quase 200 anos que se passaram entre a independência americana e a criação do Federal Reserve Bank (Banco Central dos Estados Unidos), popularmente conhecido co-mo "Fed", várias vezes a família Rothschild tentou controlar a emissão de moeda nos EU-A. Em cada tentativa, eles procuraram estabe-lecer um banco central privado, operando a-penas com a finalidade de lucro e não para administrar ou proteger a economia america-na. Cada uma dessas tentativas até 1913 foi oposicionada por políticos decentes e hones-tos, a maioria dos quais acabou assassinada por encomenda dos moneychangers.

O Fed começou a operar com cerca de 300 pessoas e outros bancos que adquiriram quo-tas de US$ 100.00 (a empresa é fechada, não negocia ações em bolsa) e se tornaram pro-prietários do Federal Reserve System. Cria-ram uma mastodôntica estrutura financeira internacional com ativos incalculáveis, na ca-sa dos trilhões de dólares.

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JULHO - 2015

Edição nº. 92 Ano VIII

Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania

Iniciaremos nesta edição a sequencia de textos de autoria de Marta Lança sobre

Lusofonia.

Marta Lança : Doutoranda em Estudos Artísti-cos na FCSH - Universidade Nova de Lisboa, onde se formou em Línguas e Literaturas Mo-dernas, variante Estudos Portugueses, com pós-graduação em Literatura Comparada e

Edição de Texto.

A lusofonia é uma bolha Parte I

Era um mundo no-vo / Um sonho de poetas / Ir até ao fim / Cantar novas vitórias /E erguer, orgulhosos, ban-deiras / Viver a-venturas guerrei-ras / Foram mil epopéias / Vidas tão cheias /Foram oceanos de amor / Já fui ao Brasil / Praia e Bissau / Angola, Moçambi-que / Goa e Ma-

cau / Ai, fui até Timor/ Já fui um conquistador / Era todo um povo / Guiado pelos céus /Espalhou-se pelo mundo /Seguindo os seus heróis / E levaram a luz da tortura/ Semearam laços de ternura Foram dias e dias e meses e anos no mar / Percorrendo uma estrada de estrelas a conquistar

Da Vinci, na Eurovisão, 1989

A África é algo mais do que uma terra a ser explorada; a África é para nós uma justifica-ção moral e uma razão de ser como potência. Sem ela seríamos uma pequena nação; com ela somos um grande Estado.

Marcelo Caetano, 1935

No meio das convulsões presentes, nós apre-sentamo-nos como uma comunidade de po-vos, cimentada por séculos de vida pacífica e compreensão cristã, irmandade de povos que, sejam quais forem as suas diferenciações, se auxiliam, se cultivam e se elevam, orgulhosos do mesmo nome e qualidade de portugueses.

Salazar, 1933

1. desconstrução da lusofonia

Felizmente há vozes, muitas e plurais, que refletem sobre o significado de enunciados aos quais certos discursos e políticas, cultu-rais e outras, recorrem para erigir um imaginá-rio e suposto património transnacional – o es-paço lusófono - que resulta da experiência im-perial e colonial, legitimado por uma espécie de exceção moralmente aceitável do colonia-lismo português e que se inscreve, ontem e hoje, numa ambição de universalismo1. Para além de trabalhos que se dedicaram a des-construir este discurso, a minha vivência em países africanos de língua portuguesa, e al-guns amigos migrantes, por vontade e neces-sidade, confirmaram-me o que pressentia: se considerada a partir da percepção portugue-sa, a lusofonia reverbera o passado colonial, as pessoas relacionam-se e interessam-se pelas histórias uns dos outros mais forçosa-mente dentro do contorno desta “comunidade imaginada”, que nem por isso lhes facilita nas condições de vida e, a existir projeto lusófono, em não poucos aspectos, tem falhado redon-damente.

Por um lado, o problema de base: a criação de um discurso político que prolonga as rela-ções de dominação2 provindas do tempo co-lonial, por outro, este mesmo discurso tem vá-rias disseminações no mundo real, contendo em si a sua própria disfuncionalidade.

A expressão que ouvi num congresso de lite-ratura pós-colonial - “bolha lusófona” – usada pela professora italiana Lívia Apa para ilustrar a literatura do espaço lusófono, pareceu-me a metáfora certa: uma coisa pequenina que pro-tege, sem arestas, inflamada e pronta a re-bentar a qualquer momento. Fechada para o seu umbigo, não querendo ver nada mais, as-sim é a lusofonia.

2. mitos persistentes

“É uma ponte que se constrói, uma ponte que une as margens distintas das identidades cul-turais de cada um dos países de língua oficial portuguesa, uma ponte que pretendemos ins-crever no nosso imaginário coletivo, num en-contro cultural único, que amplie o nosso o-lhar sobre os outros e sobre nós próprios, for-talecendo indelevelmente os laços que nos unem e a nossa forma de estar no mundo.”

Jorge Couto, ex-presidente do Instituto Ca-mões, a propósito de uma publicação du-

rante a Expo 98.

A lusofonia poderá ser, o conjunto de identi-dades culturais existentes em países, regiões, estados ou cidades em que as populações falam predominantemente língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Macau, Timor-Leste e diversas pessoas e co-munidades em todo o mundo. Haverá entre estes países lusófonos relações privilegiadas - na cooperação política e económica (situação prodigiosa de unir as duas margens do Atlântico), na educação e nas artes – gran-des criadores que manejam a língua de forma criativa, inventam outras pátrias de Camões, contribuindo com a sua obra para ampliar a interculturalidade lusófona: Pepetela, José Craveirinha, Saramago, Jorge Amado, Luan-dino Vieira e tantos outros.

Essa delimitação imaginária será geográfica, de poder, de identidade, de descrição comum, mas é, antes de mais, um projeto, uma cons-trução artificial, como são todas as fronteiras, nações e conjuntos de nações3.

Neste espaço, que se convencionou chamar de ‘lusófono’, partilha-se a mesma língua nas suas várias recriações. É certo e fantástico: viaja-se numa floresta tropical, no rio do Ama-zonas, nas montanhas de Díli, numa estrada da Huíla e podemos conversar em português, vamos a um café em Bissau ou uma esplana-da em Cabo Verde e gozamos o momento de ler o jornal na nossa língua (ainda que nem sempre em português nos entendemos, pois para muitos a língua oficial é uma língua es-trangeira que cumpre apenas funções admi-nistrativas).

Que identidades culturais partilham estes paí-ses para além da especificidade da língua (que já é muito) e do destino de emigração ser a antiga metrópole? Porque têm de ser tomados em conjunto, como um pacote de países, estas diferentes culturas a quem a-conteceu terem sido esquartejadas em países colonizados pelo mesmo poder central? E de que se trata quando se pretende fortalecer a “nossa forma de estar no mundo”? Que olhar é esse nosso olhar? Quem é este nós? À par-tida um ‘nós’ é feito de coisas muito diversas e, se referido ao português, devia ser o opos-to de um motivo de orgulho.

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