Ansiedade Na Entrevista

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8/19/2019 Ansiedade Na Entrevista http://slidepdf.com/reader/full/ansiedade-na-entrevista 1/4 Ansiedade na entrevista Entrevistado e entrevistador enfrentam-se com uma situação desconhecida, ante a qual não têm ainda estabilizadas pautas reaccionales adequadas, e a situação não organizada implica uma verdadeira desorganização da personalidade da cada um dos participantes; essa desorganização é a ansiedade. entrevistado solicita a!uda técnica ou profissional quando e"perimenta ansiedade ou se vê perturbado pelos mecanismos defensivos em frente # mesma. Em frente # entrevista e durante a mesma podem ser incrementado tanto sua ansiedade como seus mecanismos defensivos, porque o desconhecido que se enfrenta não é s$ uma situação e"terna nova, senão também o perigo do que desconhece de sua pr$pria personalidade. % ansiedade do entrevistador é um dos fatores mais dif&ceis de mane!ar, porque ela é o motor do interesse na investigação e do interesse em penetrar o desconhecido. 'oda investigação requer a presença de ansiedade em frente ao desconhecido e o pesquisador tem que possuir a capacidade para a tolerar e poder a instrumentar, sem o qual se fecha a possibilidade de uma investigação eficaz; isto (ltimo ocorre também quando o  pesquisador se vê abrumado pela ansiedade ou recorre a mecanismos defensivos em frente # mesma )racionalização, formalismo, etc.*. O entrevistador instrumento de trabalho do entrevistador é ele mesmo, sua pr$pria personalidade, que entra se ou se em !ogo no relacionamento interpersonal; com o agravante de que o ob!eto que deve estudar é outro ser humano; o contato direto com seres humanos enfrenta assim ao técnico com sua pr$pria vida, sua pr$pria sa(de ou doença, seus  pr$prios conflitos e frustraç+es. e não grad(a este impacto sua tarefa se faz imposs&vel ou tem muita ansiedade e então não pode atuar, ou bem bloqueia a ansiedade e a tarefa é estéril. entrevistador deve operar desassociado em parte atuando com uma identificação  proectiva com o entrevistado e em parte permanecendo fora desta identificação, observando e controlando o que ocorre, de maneira de graduar assim o impacto emocional e a desorganização ansiosa. Esta disociaci$n com a que tem que operar o entrevistador é a sua vez funcional ou din/mica, no sentido que tem que atuar  permanentemente a pro!eção e introecci$n, e tem que ser o suficientemente pl0stica ou 1porosa2 para que possa permanecer nos limites de uma atitude profissional.

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Ansiedade na entrevista

Entrevistado e entrevistador enfrentam-se com uma situação desconhecida, ante a qual

não têm ainda estabilizadas pautas reaccionales adequadas, e a situação não organizadaimplica uma verdadeira desorganização da personalidade da cada um dos participantes;

essa desorganização é a ansiedade.

entrevistado solicita a!uda técnica ou profissional quando e"perimenta ansiedade ou

se vê perturbado pelos mecanismos defensivos em frente # mesma. Em frente #

entrevista e durante a mesma podem ser incrementado tanto sua ansiedade como seus

mecanismos defensivos, porque o desconhecido que se enfrenta não é s$ uma situação

e"terna nova, senão também o perigo do que desconhece de sua pr$pria personalidade.

% ansiedade do entrevistador é um dos fatores mais dif&ceis de mane!ar, porque ela é omotor do interesse na investigação e do interesse em penetrar o desconhecido. 'oda

investigação requer a presença de ansiedade em frente ao desconhecido e o pesquisador 

tem que possuir a capacidade para a tolerar e poder a instrumentar, sem o qual se fecha

a possibilidade de uma investigação eficaz; isto (ltimo ocorre também quando o

 pesquisador se vê abrumado pela ansiedade ou recorre a mecanismos defensivos em

frente # mesma )racionalização, formalismo, etc.*.

O entrevistador

instrumento de trabalho do entrevistador é ele mesmo, sua pr$pria personalidade, que

entra se ou se em !ogo no relacionamento interpersonal; com o agravante de que o

ob!eto que deve estudar é outro ser humano; o contato direto com seres humanos

enfrenta assim ao técnico com sua pr$pria vida, sua pr$pria sa(de ou doença, seus

 pr$prios conflitos e frustraç+es. e não grad(a este impacto sua tarefa se faz imposs&vel

ou tem muita ansiedade e então não pode atuar, ou bem bloqueia a ansiedade e a tarefa éestéril.

entrevistador deve operar desassociado em parte atuando com uma identificação

 proectiva com o entrevistado e em parte permanecendo fora desta identificação,

observando e controlando o que ocorre, de maneira de graduar assim o impacto

emocional e a desorganização ansiosa. Esta disociaci$n com a que tem que operar o

entrevistador é a sua vez funcional ou din/mica, no sentido que tem que atuar 

 permanentemente a pro!eção e introecci$n, e tem que ser o suficientemente pl0stica ou

1porosa2 para que possa permanecer nos limites de uma atitude profissional.

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3ma m0 disociaci$n com intensa e permanente ansiedade, faz com que o psic$logo

desenvolva condutas f$bicas ou obsesivas em frente a suas entrevistas, e então evita

fazer entrevistas ou interp+e instrumentos e teste para evitar o contato pessoal e a

ansiedade consequente. % defesa obsesiva manifesta-se em mudança em entrevistas

estereotipadas em que tudo est0 arran!ado e previsto, na elaboração rotineira de hist$rias

cl&nicas; a entrevista transforma-se em um ritual. utro risco é o da pro!eção dos

 pr$prios conflitos sobre o entrevistado e uma verdadeira compulsi$n a ocupar-se,

indagar ou achar perturbaç+es na esfera em que as est0 negando em s4 mesmo.

entrevistador tem que !ogar os papéis que lhe são promovidos pelo entrevistado, mas

sem os assumir em totalidade. 5ogar o papel significa perceber a re!eição, compreender;

achar os elementos que o promovem, as motivaç+es do entrevistado para que isso ocorra

e utilizar esta informação para esclarecer o problema ou para promover sua modificação

no entrevistado. 6uanto mais psic$pata o entrevistado, tanto mais f0cil possibilita-se

que o entrevistador assuma e atue os papéis. %ssumir o papel implica a ruptura doenquadre da entrevista. 7ncomodo, ira, bloqueio, l0stima, carinho, re!eição, sedução, etc

etc... são todos os ind&cios contratransferenciales que o entrevistador deve perceber 

como tais na medida em que se produzem e tem que os resolver os analisando para si

mesmo em função da personalidade do entrevistado, da sua pr$pria e em função do

conte"to e o momento em que aparecem na comunicação.

O entrevistado

Em termos gerais, para que uma pessoa coincida a uma consulta, deve haver chegado a

um a certa percepção ou insight e que algo não anda bem, de que algo mudou ou

modificado ou bem, se percebe a se mesmo, com ansiedade e temores.

childer reuniu em cinco grupos os indiv&duos que coincidem ao médico eles são 8*o

que coincidem por quei"as corporales; 9* por quei"as mentais; :* por quei"as devidas #

falta de sucesso; * por quei"as referentes a dificuldades na vida di0ria; <* por quei"as

de outras pessoas.

eguindo em mudança a divisão de =. >iviere das 0reas de conduta, podemos considerar 

três grupos, segundo que a prevalência recaia sobre os sintomas, quei"as ou problemas

na 0rea da mente, do corpo ou do mundo e"terno. paciente pode ter quei"as ou

acusaç+es, no primeiro caso predomina a ansiedade depresiva enquanto no segundo a

ansiedade paranoide.

=odemos reconhecer e diferencia r entre o entrevistado que vem # consulta do que

trazem ou aquele que 1o mandaram2. que vem, tem ou verdadeiro insight de sua

doença e corresponde ao paciente neur$tico; enquanto o psic$tico, em mudança, é

trazido. que não tem motivos para vir mas vem porque o mandaram, corresponde #

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 psicopatia é aquele que faz atuar a outros e delega em outro suas preocupaç+es e mal-

estares.

que vem # consulta é sempre um emergente dos conflitos grupais da fam&lia;

diferenciamos ademais entre o que vem s$ e o que vem acompanhado, que representam

diferentes grupos familiares.

que vem s$ é um representante de um grupo familiar esquizoide, no que a

comunicação entre seus membros é prec0ria, vêm dispersos ou separados, com um grau

acentuado de bloqueio afetivo. utro grupo familiar é aquele no qual vêm v0rios #

consulta e o técnico tem a necessidade de perguntar quem é o entrevistado ou por quem

vêm; é o grupo epileptoide, com um alto grau de simbiose ou interdependência.

utro tipo é o que vêm acompanhado por uma pessoa, familiar ou amigo, que é o caso

do f$bico que precisa acompanhante.

 ?os grupos que coincidem # consulta, o psic$logo não tem por que aceitar o critério da

fam&lia sobre quem é o doente, senão que deve atuar considerando a todos seus mimbros

implicados e ao grupo como doente. ?estes casos, o estudo dl inter!ugo de papéis e da

din/mica do grupo são os elementos que servem de orientação para fazer tomar insight

da situação a todo o grupo.

Funcionamento da entrevista

que oferece em entrevistador deve ser o suficientemente amb&guo como para permitir 

a maior posta em !ogo da personalidade do entrevistado.

E"iste um limite onde a ambig@edad não deve e"istir, este cobre todos os fatores que

intervêm no enquadre da entrevista tempo, local e papel técnico do profissional.

tempo refere-se a um hor0rio e um limite na e"tensão da entrevista; o espaço abrange o

enquadramento ou o terreno ambiental no qual se realiza a entrevista. papel técnico

significa que em nenhum caso o entrevistador deve permitir ser apresentado como um

amigo em um encontro fortuito. 'ampoco deve o entrevistador entrar com suas reaç+esnem com o relato de sua vida, também não entrar em relacionamentos comerciais ou de

amizade , nem pretender nenhum benef&cio da entrevista que não se!am seus honor0rios

e seu interés cient&fico ou profissional. 'ambém não deve ser utilizada como uma

gratificaci$n narcisista n a que se !oga de mago com uma e"ibição de omnipotencia. Aa

curiosidade deve ser limitado ao necess0rio para o benef&cio do em t revistado. 'odo o

que senta como reacci$n contratra nsferencial deve ser considerado como um dado da

entrevista,, não devendo responder nem atuar em frente # re!eição, a rivalidade ou a

inve!a do entrevistado. Aa petul/ncia ou atitude arrogante ou agressiva do entrevistado

não deve ser nem cBmoda nem submetida; não se trata nem de triunfar nem de se impor ao entrevistado. Aou que nos corresponde é averiguar a qué se devem, como funcionam

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equ é efeitos acarreta ao entrevistado. El entrevistado tem direito, embora tomemos nota

disso e inclusive advirtamos ao mesmo em trevistadosobre sua repressão ou sua

desconfiança.

% abertura da entrevista também não deve ser amb&gua, pronunciando frases gerais ou

de duplo sentido. entrevistado deve ser recebido cortesmente mas não efusivamente,;

se tem-se dados do entrevistado fornecida por outra pessoa, deve-se-lhe informar tanto

como antecipar ao informante, ao começo da entrevista que estes dados não serão

mantido s em reserva. % reserva do entrevistador para com os dados que fornece o

entrevistado se acha impl&cita na entrevista, e se da mesma se eleva um relat$rio #

instituição, isto deva também o conhecer o entrevistado. % reserva e o segredo

 profissional regem também para os doentes psic$ticos e para o material das entrevistas

com os meninos; neste (ltimo caso, não devemos nos sentir autorizados para relatar aos

 pai detalhe da entrevista com seus filhos.

fim da entrevista deve ser respeitado como todo o enquadre, e a reação # separação é

um dado de grande import/ncia, tanto como a avaliação de como se vai o entrevistado e

como ficamos n$s contratransferencialmente com ele.

A interpretação

3ma pergunta frequente e importante é o de sim deve ser interpretado nas entrevistas

realizadas com fins diagn$sticos. ?este sentido h0 posiç+es muito variadas, entre as que

se conta, por e"emplo, a de >ogers, quem não s$ não interpreta senão que também não pergunta, alentando ao entrevistado a prosseguir recorrendo a diferentes técnicas.

 ?a entrevista diagn$stica deve ser interpretado por sobretudo a cada vez que a

comunicação tenda a se interromper ou distorsionarse. utro caso muito frequente no

que temos que intervir é para relacionar o que o mesmo entrevistado tem estado

comunicando. =ara interpretar, devemo-nos guiar pelo monto de ansiedade que estamos

resolvendo e pelo monto de ansiedade que criamos, tendo em conta também se se vai

dar outras oportunidades para que o entrevistado possa resolver ansiedades que vamos

mobilizar. Em todos os casos, devemos interpretar s$ sobre emergentes, sobre o que

realmente est0 operando no aqui e agora da entrevista.

%demais, sempre que interprete-se, deve ser sabido que a interpretação é uma hip$tese

que deve ser verificada ou retificada no mesmo campo de trabalho pela resposta que

mobilizamos ou condicionamos ao pBr em !ogo dita hip$tese.

$timo alcance de uma entrevista é o da entrevista operativa, na qual se tende a

compreender e esclarecer um problema ou uma situação que o entrevistado contribui

como centro ou motivo da entrevista.