Antecedentes históricos da administração

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Antecedentes históricos da administração A história da administração é recente, durante séculos ela se desenvolveu de forma extremamente lenta, somente no século XX é que ela explodiu e isso se deve à necessidade da sociedade pluralista de organizações na qual vivemos, onde a maior parte das obrigações sociais é confiada a organizações que precisam ser administradas para se tornarem mais eficientes e eficazes. Porem apesar de recente, a Administração tem suas influencias desde a antiguidade, como veremos a seguir. 1. Influencia filosófica Antes mesmo de pensarmos sobre a necessidade e definição de administração, alguns filósofos já diziam o que pensavam sobre tal, fora duas profundas e marcantes influencias, uma vinda da física tradicional de Isaac Newton( a tendência à exatidão e ao determinismo matemático) e o Método Cartesiano de René Descartes(a tendência à análise e à divisão do trabalho), que logo será visto. Sócrates expunha seu ponto de vista afirmando que administração é uma habilidade pessoal separada do conhecimento cientifico e da experiência. Enquanto Platão, em sua obra A República, expôs a forma democrática de governo e de administração dos negócios públicos. Já Aristóteles, no livro Política, distingue as três formas de administração, que são as seguintes: Monarquia; Aristocracia; Democracia. Francis Bacon mostrou a preocupação prática de se separar experimentalmente o que é essencial do que é acidental ou acessório. René Descartes caracteriza através dos seguintes princípios seu método filosófico denominado Método Cartesiano da seguinte forma no livro Discurso do Método: Principio da duvida sistemática ou da evidencia, que consiste em não aceitar como verdadeiro aquilo que não está devidamente evidenciado que é verdadeiro; Principio da analise ou de decomposição, que consiste em dividir e solucionar separadamente cada dificuldade;

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Antecedentes históricos da administração

A história da administração é recente, durante séculos ela se desenvolveu de forma extremamente lenta, somente no século XX é que ela explodiu e isso se deve à necessidade da sociedade pluralista de organizações na qual vivemos, onde a maior parte das obrigações sociais é confiada a organizações que precisam ser administradas para se tornarem mais eficientes e eficazes.

Porem apesar de recente, a Administração tem suas influencias desde a antiguidade, como veremos a seguir.

1. Influencia filosófica

Antes mesmo de pensarmos sobre a necessidade e definição de administração, alguns filósofos já diziam o que pensavam sobre tal, fora duas profundas e marcantes influencias, uma vinda da física tradicional de Isaac Newton( a tendência à exatidão e ao determinismo matemático) e o Método Cartesiano de René Descartes(a tendência à análise e à divisão do trabalho), que logo será visto.

Sócrates expunha seu ponto de vista afirmando que administração é uma habilidade pessoal separada do conhecimento cientifico e da experiência. Enquanto Platão, em sua obra A República, expôs a forma democrática de governo e de administração dos negócios públicos. Já Aristóteles, no livro Política, distingue as três formas de administração, que são as seguintes:

Monarquia; Aristocracia; Democracia.

Francis Bacon mostrou a preocupação prática de se separar experimentalmente o que é essencial do que é acidental ou acessório.

René Descartes caracteriza através dos seguintes princípios seu método filosófico denominado Método Cartesiano da seguinte forma no livro Discurso do Método:

Principio da duvida sistemática ou da evidencia, que consiste em não aceitar como verdadeiro aquilo que não está devidamente evidenciado que é verdadeiro;

Principio da analise ou de decomposição, que consiste em dividir e solucionar separadamente cada dificuldade;

Principio da síntese ou da decomposição, que consiste em ordenar objetivos e assuntos do mais simples para então passar aos mais difíceis;

Principio da enumeração ou da verificação, que consiste em uma verificação cuidadosa e detalhada para se ter a certeza de que nada foi deixado à parte ou omitido.

Thomas Hobbes, em seu livro Leviatã, diz que o povo deve renunciar de seus direitos em favor de um governo que imponha ordem, organização e paz. Jean-Jacques Rousseau desenvolveu o Contrato Social que é um acordo entre um grupo social onde reconhecem a autoridade de um regime político com um conjunto de regras.

Karl Marx e Friedrich Engels afirmam que o poder político e do estado nada mais é do que o fruto da dominação econômica do homem pelo homem. No Manifesto Comunista, dizem

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que a história da humanidade é uma história de luta de classes, onde exploradores e explorados, sempre mantiveram uma luta, seja oculta ou manifesta.

O Marxismo foi a primeira ideologia a se opor aos ideais metafísicos, afirmando o estudo das leis objetivas do desenvolvimento econômico da sociedade.

2. Influencia da Igreja Católica

A estrutura da igreja Católica consiste em uma hierarquia de autoridade, um estado-maior e uma coordenação para assegurar a integração. Tudo isso é operado sob o comando de apenas uma pessoa: O Papa. Essa estrutura serviu de modelo para as demais organizações, que passaram a usar os princípios e normas utilizadas pela igreja Católica.

3. Influencia da organização militar

A organização linear tem suas origens na organização linear militar dos exércitos da antiguidade e da época medieval. O principio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado só pode ter um superior) é o núcleo das organizações militares.

Com o volume de operações militares aumentando, houve a necessidade de se delegar autoridade para os níveis mais baixos da organização militar. Ainda na época de Napoleão, cada general, ao chefiar seu exercito, cuidava de todo o campo de batalha. Com as guerras de maior alcance e âmbito continental, passou-se a centralizar o comando e a descentralizar as operações.

Outra contribuição é o Principio de Direção, que diz que todo soldado deve saber o que fazer exatamente e o que se espera dele. Mesmo Napoleão usava deste principio, pois achava que a obediência cega jamais leva a uma execução inteligente.

O general prussiano Karl Von Clausewitz, considerado o pai do pensamento estratégico, citava alguns pontos extremamente importantes para uma boa organização, que são disciplina e um cuidadoso planejamento estratégico, com base cientifica e não empírica. Afirmava que um administrador deve ter ciência da incerteza e planejar de forma a diminuir seus efeitos.

4. Influencia da Revolução Industrial

Com a invenção da máquina a vapor e, posteriormente, a sua aplicação a produção, surge a Revolução Industrial, que pode ser dividida da seguinte maneira:

1ª revolução industrial (1780-1860)

Fases:

(1ª) Mecanização da indústria e da agricultura, que substitui o trabalho do homem, e a força motriz muscular do homem, animal ou da roda da água;

(2ª) A aplicação da força motriz a indústria, passou a ser usada com o invento da máquina a vapor em 1776;

(3ª) O desenvolvimento do sistema fabril, fazendo desaparecer pequenos artesãos que deram lugar aos operários de fabricas e usinas;

(4ª) Aceleramento dos transportes e das comunicações, surgiu a navegação a vapor, logo depois as rodas propulsoras foram substituídas por hélices. A locomotiva a vapor foi aperfeiçoada por Stephenson, dando origem às primeiras estradas de ferro. Morse inventa o telégrafo elétrico, surge o selo postal na Inglaterra e Graham Bell inventa o telefone.

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2ª revolução industrial (1860-1914)

A partir de então devido o aparecimento da fabricação do aço, o aperfeiçoamento do dínamo e a invenção do motor de combustão interna, surge a 2ª revolução industrial, com as seguintes características:

Substituição do ferro pelo aço como material básico; Substituição do vapor por eletricidade e derivados do petróleo como fonte de

energia; Desenvolvimento da maquinaria automática e da especialização do trabalhador; Crescente domínio da indústria pela ciência; Transformações radicais nos transporte e nas comunicações; O capitalismo industrial foi substituído pelo capitalismo financeiro que têm quatro

características principais; Dominação da indústria pelas inversões bancárias e instituições

financeiras e de crédito; Acúmulo de capitais, devido a trustes e fusões de empresas; Separação entre propriedade particular e direção de empresas; Surgimento de holding companies para coordenar e integrar os

negócios. Expansão da industrialização desde a Europa até o Extremo Oriente.

A lenta produção de artesãos foi substituída por imensas fábricas com regime de produção através de máquinas. Por conta disso, houve uma grande mudança provocada por dois aspectos:

Transferência da habilidade do artesão para a máquina, para maior produção com custos inferiores;

Substituição da força humana ou animal por máquinas a vapor e depois por motores, por conta da economia e maior produção.

O intenso processo de maquinização levou a fusão de pequenas oficinas formando fabricas, e os operários foram substituídos por máquinas nas tarefas em que se podia automatizar e acelerar pela repetição. Também levou à divisão do trabalho e à simplificação das operações.

Com isso ocorre um intenso êxodo rural, resultando em urbanização desorganizada. Assim, o capitalismo se solidifica e cresce uma nova classe social: o proletariado. Com a diferença das condições entre as classes, começam a surgir conflitos. Alguns países então passam a interferir em alguns aspectos, dando origem às leis trabalhistas.

Com tudo isso a Revolução Industrial inicia a organização e empresa modernas, graças a vários fatores, como:

A ruptura das estruturas coorporativas da Idade Média; O avanço tecnológico e a devida aplicação à produção, a descoberta de novas

formas de energia e a enorme ampliação de mercados; A substituição do tipo artesanal por um tipo industrial.

O inicio da história da administração foi predominantemente uma história de cidades, países, governantes, exércitos e da igreja. A revolução industrial provocou o surgimento de fabricas e o aparecimento da empresa industrial e, com isso, provocou as seguintes mudanças na época:

Aparecimento das fábricas e das empresas industriais;

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Substituição do artesão pelo operário especializado; Crescimento das cidades e aumento da necessidade da administração pública; Surgimento dos sindicatos como organização proletária; Inicio do marxismo em função da exploração capitalista; Doutrina social da igreja para contrabalançar o conflito entre capital e trabalho; Primeiras experiências sobre administração de empresas; Consolidação da administração como área de conhecimento; Inicio da Era industrial que se prolongou até última década do século XX.

5. Influencia dos economistas liberais

A partir do século XVII começam a surgir teorias econômicas que serão aceitas no século seguinte e que coincide com o inicio da Revolução Francesa. Tais teorias deram inicio ao Liberalismo Econômico, que diz que a vida econômica deve afastar-se da influencia estatal, pois o trabalho segue os princípios econômicos e a mão-de-obra está sujeita às mesmas leis da economia que regem o mercado de matérias-primas ou o comercio internacional. A principal característica herdada do liberalismo econômico é a concorrência.

Adam Smith, um dos principais economistas liberal e fundador da economia clássica (que foca a competição), diz que no mercado onde há competição, tudo funciona espontaneamente, garantindo uma eficiência e qualidade melhor, sem que haja excesso de lucro. Afirma também que o governo só deve intervir no mercado quando não há tal mercado ou quando não há a livre concorrência. Já defendia que deveria haver uma divisão de trabalho e especialização das tarefas e dos operários e enfatizava a necessidade de se racionalizar a produção. Reforçou também a idéia de planejamento e organização dentro da administração.

Karl Marx e Friedrich Engel, criadores do socialismo cientifico e do materialismo histórico, analisaram em Manifesto Comunista o capitalismo, afirmando que tal modo de produção é falho e transitório, sendo uma etapa para o modo de produção socialista e comunista. Mais tarde, em O Capital, Marx publica sua teoria a respeito de mais-valia com base na teoria do valor-trabalho.

Com o socialismo e o sindicalismo, o capitalismo foi obrigado a se aperfeiçoar, dando inicio a um processo de implantação de métodos e processo de racionalização do trabalho no inicio do século XX.

6. Influencia dos pioneiros e empreendedores

No século XIX houve uma mudança brusca no cenário empresarial como nos Estados Unidos, que com as ferrovias em alta, iniciou-se um processo de urbanização levando à necessidade de habitação, alimentação, roupa, luz e aquecimento, traduzindo em um rápido crescimento de empresas voltadas para o consumo direto.

A seguir teve inicio a integração vertical das empresas. Os “criadores de impérios” (empire builders) passaram a comprar e integrar concorrentes, fornecedores ou distribuidores para garantir seus interesses. Então surgem os primitivos impérios industriais que passaram a ser muito para um grupo familiar administrar, dando lugar aos primeiros organizadores, que apenas se preocupavam com a fábrica.

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Na década de 1880, duas grandes empresas dão origem a uma nova forma de organização, o que hoje chamamos de “marketing”. É estruturada da seguinte forma:

Um departamento de produção, para tratar da manufaturas de fabricas; Um departamento de vendas para administrar um sistema de escritórios; Um departamento técnico de engenharia para elaborar os produtos; Um departamento financeiro.

A partir de então as empresas passaram a crescer mais rapidamente exigindo cada vez mais uma organização melhor e então as indústrias passam a controlar não só a fabricação como também a matéria-prima, vendendo seu produto diretamente aos varejistas ou consumidores. Após isso, os meios de reduzir custos diminuíram e o mercado foi tornando-se saturado. Novamente a necessidade de uma melhor organização. Surge então a empresa integrada e multidepartamental. O próximo passo foi eliminar os intermediários, baixando o valor para o consumidor final.

Gustavus Swift, pioneiro da indústria frigorifica, criou um estratégia, que consistia em consolidar a fabricação, avançar para a distribuição e voltar atrás ate o controle da matéria-prima. Em sua organização existiam departamentos funcionais centrais que controlavam as unidades de campo e os “Big Five” que cobriam a totalidade do mercado, através de filiais, um sistema de transporte frigorificado, escritório central e departamentos funcionais.

Na virada do século XX, grande corporações sucumbiram financeiramente, fazendo com que os donos de indústrias cedessem seus lugares aos organizadores assalariados. Chegava à era da competição e da concorrência como decorrência dos seguintes fatores:

Desenvolvimento tecnológico; Livre comércio; Mudança de mercados vendedores para compradores; Aumento da capacidade de investimento de capital e elevação dos níveis de

pontos de equilíbrio; Rapidez do ritmo de mudança tecnológica; Crescimento dos negócios e das empresas.

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Universidade Estadual do Maranhão

Marcos Davi Carvalho Junior ---- 1011112

Pedro Henrique Lobo --- 1011127

Hugo Ferreira Morais --- 1011128

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São Luis

2011