Anteprojeto Ufes - Renan Andrade Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES Anteprojeto de pesquisa Encontros e processos em curadoria: pesquisa, arte e público TEORIA E HISTÓRIA DA ARTE NEXOS ENTRE ARTE, ESPAÇO E PENSAMENTO Vitória Outubro de 2014

Transcript of Anteprojeto Ufes - Renan Andrade Silva

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTO

    CENTRO DE ARTES

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ARTES

    Anteprojeto de pesquisa

    Encontros e processos em curadoria: pesquisa, arte e pblico

    TEORIA E HISTRIA DA ARTE

    NEXOS ENTRE ARTE, ESPAO E PENSAMENTO

    Vitria

    Outubro de 2014

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    SUMRIO

    1. Introduo ........................................................................................................................02

    2. Objetivos ...........................................................................................................................03

    3. Justificativa ......................................................................................................................04

    4. Referencial terico ...........................................................................................................06

    5. Metodologia ......................................................................................................................08

    6. Cronograma de execuo ................................................................................................09

    7. Referncias bibliogrficas ...............................................................................................10

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    1. INTRODUO

    O presente projeto pretende se tornar uma investigao terica acerca dos

    processos inerentes a pesquisa, concepo e execuo de exposies de arte no Brasil a

    partir da segunda metade do sculo XX at a contemporaneidade, buscando

    compreender o espao expositivo enquanto dispositivo1 e aes curatoriais como

    possibilidades que potencializem a experincia do espectador com o espao e com a

    arte.

    A partir da diversidade de temas sobre exposies e seu contexto histrico, seus

    aspectos interpretativos e motivadores da fruio esttica no espao fsico e simblico

    de museus, galerias, centros culturais e intervenes urbanas, se buscar analisar

    propostas de exposies de arte em dilogo com a diversidade de pblico e o contexto

    sociocultural contemporneo. Para tal, imprescindvel a contextualizao das

    transformaes histricas e sociais no ensino da arte e na recepo esttica brasileira,

    principalmente, com o advento da arte contempornea e com o desenvolvimento de

    prticas institucionais, econmicas e culturais em torno da realizao de exposies de

    arte, considerando tambm a diversidade e conceitos de pblico.

    A constituio da exposio como dispositivo aponta para sua funo discursiva

    e textual, resultando como um modelo tambm educacional, abarcando por si s

    processos de didatismo e de aprendizagem. Alm disso, inerente ao processo de

    pesquisa curatorial a eleio de discursos por meio de procedimentos de classificao,

    seleo, organizao e comunicao de elementos e de propostas artsticas. O local da

    exposio na contemporaneidade um espao comunicativo em que os espaos

    psicolgicos, estticos, sociais e polticos dialogam constantemente (RICHTER, 2011,

    p. 48).

    A partir das questes relacionadas, o projeto de pesquisa visa construir um

    repertrio de discusses e experincias do campo da arte, considerando como territrios

    o espao expositivo e os processos de mediao cultural.

    1 Mecanismo destinado obteno de certo fim. In Dicionrio Priberam da Lngua Portuguesa [em

    linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/dispositivo [consultado em 20-10-2014].

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    2. OBJETIVOS

    2.1. Objetivo Geral:

    Realizar uma pesquisa em Teoria e Histria da Arte, na Linha de Pesquisa

    Nexos entre Arte, Espao e Pensamento, utilizando metodologias de investigao para a

    produo de um conjunto de reflexes tericas sobre espao expositivo e prticas

    curatoriais na contemporaneidade e sua relao com o pblico.

    2.2. Objetivos Especficos:

    Pesquisar o conceito de Exposies e sua presena na Histria da Arte, principalmente

    no Brasil.

    Pesquisar a histria das exposies e importantes curadores no Brasil, a partir de

    meados do sculo XX, bem como as transformaes de conceito e prtica curatoriais.

    Realizar um conjunto de entrevistas a curadores, artistas, educadores e instituies.

    Realizar registro documental das entrevistas.

    Desenvolver uma anlise do material coletado a fim de promover a produo de textos

    crticos.

    Promover uma interlocuo entre as questes elencadas durante a pesquisa e o

    contexto da arte contempornea.

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    3. JUSTIFICATIVA

    Percebe-se nas ltimas dcadas a intensificao de diversas prticas curatoriais,

    bem como uma nova gama de aes coletivas e colaborativas no institucionalizadas,

    que exigem um olhar atento dadas suas potentes formas de articulao e contribuio

    para a fruio e reflexo artstica. O diagnstico de uma exposio como ao de um

    discurso esttico, crtico, ideolgico e poltico a partir da produo artstica envolve

    uma complexidade de conceitos e torna-se cada vez mais premente a busca por sua

    compreenso frente as histrias e culturas existentes. De acordo com Maria Lind (2013),

    Diretora do Tensta Konsthall, Estocolmo:

    [...] talvez agora seja o momento de [...] pensar sobre com quem ns, artistas

    e curadores, queremos nos comunicar, e sobre as consequentes questes a

    respeito do funcionamento da arte na cultura contempornea. Estamos diante

    de um paradoxo evidente: um excesso de didatismo e, simultaneamente, uma

    necessidade renovada de mediao (HOFF, 2013, p. 177).

    A convivncia de espaos de arte frente a seus mecanismos de interlocuo com

    o pblico tem propiciado experincias para o exerccio do pensamento crtico, da

    reflexo sobre processos educativos e cognitivos e para a configurao de sentido em

    nossa experincia com o mundo.

    Alm disso, o espao expositivo apresenta caractersticas que refletem

    diretamente na experincia do pblico com a arte. Para o artista, curador e crtico de arte

    Fernando Cochiarale (2007):

    A arquitetura de reas expositivas vem sendo adequada aos novos conceitos e

    repertrios que alteram e seguem alterando o rumo da produo artstica e

    das teorias da arte desde o sculo XVIII. Dos atelis e museus influenciados

    pelo Iluminismo, nos quais os quadros recobriam, de alto a baixo, qual uma

    coleo de insetos ou de mineralogia, as paredes dessas recm-criadas reas

    expositivas; passando pelo cubo branco modernista, cuja neutralidade podia

    acolher, sem quaisquer interferncias, a pureza formal das obras de arte; at a

    apropriao recente de espaos concebidos e projetados originalmente para

    atividades com funes estranhas arte, temos, sempre, o entrelaamentos

    entre as questes e as necessidades da produo artstica e as caractersticas

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    espaciais da arquitetura nas quais exibida (2007, p. 181 apud CANTON,

    2009, p. 16).

    Alia-se, enfim, a necessidade de reflexes aprofundadas a respeito do tema, no

    que diz respeito aos espaos institucionais da arte, que legitimam e constroem um

    discurso frente a histria da arte. Conforme Arthur C. Danto (2005):

    Creio que subsistem perplexidades anlogas na anloga teoria da arte

    segundo a qual um objeto material (ou um artefato) uma obra de arte

    quando o arcabouo institucional do mundo da arte assim o considera. A

    teoria institucional da arte no explica, embora permita justificar, por que a

    Fonte de Duchamp passou de mera coisa a obra de arte, por que aquele urinol

    especfico mereceu to impressionante promoo, enquanto outros urinis

    obviamente idnticos a ele continuaram relegados a uma categoria

    ontologicamente degradada. A teoria deixa ainda em aberto o problema de

    outros objetos indiscernveis, dos quais um uma obra de arte e o outro no

    (DANTO, 2005, p. 39).

    Pretende-se, dessa forma, diagnosticar os referenciais possveis frente a

    circulao e fruio de objetos de arte no Brasil, tomando por base a produo brasileira

    moderna e contempornea e sua insero no mercado nacional e internacional, bem

    como a atuao institucional de consagrados equipamentos culturais e iniciativas

    independentes.

    Finalmente, o pensamento sobre prticas culturais de comunicao e exibio

    da arte torna-se imprescindvel para uma compreenso sobre o eixo relacional da arte,

    sobre o ensino da arte e sobre os contextos de recepo esttica na atualidade.

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    4. REFERENCIAL TERICO

    No decorrer deste projeto de pesquisa foi possvel citar alguns importantes

    referenciais tericos. objetivo do projeto ampliar o campo de discusso e agregar

    novos pensamentos para o resultado da pesquisa, a fim de somar perspectivas prticas e

    acadmicas durante a investigao aqui pretendida.

    A partir de questes sobre a importncia da exposio como processo de

    mediao artstica, percebe-se um complexo repertrio de relaes e ferramentas que

    implicam a convivncia da arte e de seu espectador. Se a obra se comunica na

    experincia espao-temporal, como potencializar relaes que intensifiquem a produo

    de sentido no contato com a arte? Conforme o fotgrafo e curador Eder Chiodetto

    (2013):

    A curadoria (...) no um exerccio de traduo, pois esta comunicao pode

    se dar sem a mediao do curador, pelo menos em certos nveis de vnculo e

    entendimento. No entanto, cabe ao curador auxiliar para que se realize da

    forma mais enriquecedora possvel para ambos, seja pelo didatismo, pelas

    conexes histricas, estticas, pelo questionamento gerado a partir da

    montagem da mostra ou, principalmente, pelos desdobramentos que sugere a

    partir das premissas inerentes obra de arte (CHIODETTO, 2013, p. 14).

    Na experincia do contato com a arte, o espao e o lugar tornam a

    repercutir, como se observa na fala de Martin Grossmann (2011):

    Mas o que de maior significncia aqui a semelhana conceitual do Museu

    e do Livro como interiores. O livro favorece um ponto de vista "porttil"

    enquanto o Museu, como espao fsico protegido, ortogonal, estabelece uma

    coleo de pontos de vista particulares, orquestrados por um estratagema

    "curatorial" que as rene de uma maneira "coerente", visando a produo de

    sentido. Essa prtica essencialmente guiada por uma conscincia "histrico-

    cientfica", baseada substancialmente em convenes dedutivas/lineares

    (GROSSMANN, 2011, p. 198).

    Mais a fundo, o filsofo Jacques Rancire nos prope "refletir sobre o que so as

    imagens da arte e as transformaes contemporneas do lugar que elas ocupam

    (RANCIRE, 2012, p. 09)". Ou Michel Haar, para o qual a obra de arte , antes de mais

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    nada, um objeto, um corpo (HAAR, 2007, p. 03). auto-referncia, mostrando a si

    mesma como corpo e espao-tempo. Ao mesmo passo que tambm um mundo, um

    conjunto de possibilidades de existncia e de tonalidades afetivas.

    H de se considerar tambm as reflexes acerca da experincia. Quais tipos de

    experincia estamos sujeitos em um espao expositivo? Que redoma seria tal espao, a

    fim proporcionar relaes transformadoras e, ao mesmo tempo, cerceadoras? De acordo

    com John Dewey, em "Arte como Experincia"(2010):

    A experincia ocorre continuamente, porque a integrao do ser vivo com as

    condies ambientais est envolvida no prprio processo de viver. Nas

    situaes de resistncia e conflito, os aspectos e elementos do eu e do mundo

    implicados nessa interao modificam a experincia com emoes e ideias,

    de modo que emerge a inteno consciente. Muitas vezes, porm, a

    experincia vivida incipiente. As coisas so experimentadas, mas no de

    modo a se comporem em uma experincia singular. H distrao e disperso;

    o que observamos e o que pensamos, o que desejamos e o que obtemos,

    discordam entre si (DEWEY, 2010, p. 109).

    Por fim, a partir das muitas questes aqui supracitadas, pretende-se nesse projeto

    estabelecer novas conversas entre autores e referncias a fim de instrumentalizar

    importantes contedos e contextos, considerando a diversidade de plataformas de

    comunicao visual para a experincia e circulao da produo artstica, partindo de

    um conceito de exposio enquanto acontecimento e relaes com o espectador e com a

    sociedade.

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    5. METODOLOGIA

    A metodologia de pesquisa a ser utilizada ser construda por meio de pesquisa

    bibliogrfica, entrevistas e visita a instituies.

    5.1. Plano de Trabalho:

    1 Etapa: Levantamento bibliogrfico da pesquisa.

    2 Etapa: Pesquisa de conceitos:

    Conceito de Exposio;

    Histria das exposies e de prticas curatoriais a partir de meados do sculo

    XX at a contemporaneidade no Brasil.

    3 Etapa: Pr-produo para realizao de entrevistas.

    Seleo de espaos, instituies e profissionais da arte;

    4 Etapa: Execuo das entrevistas.

    Registro documental das entrevistas.

    5 Etapa: Produo de textos analticos a partir do material coletado.

    6 Etapa: Redao da dissertao.

    7 Etapa: Apresentao de resultados e defesa da dissertao.

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    6. CRONOGRAMA DE EXECUO

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    atividade

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    Levantamento

    Bibliogrfico

    X

    X

    X

    X

    Pesquisa de

    conceitos

    X

    X

    X

    X

    Pr-produo

    para realizao

    de entrevistas

    X

    Execuo das

    entrevistas

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    Produo de

    textos analticos

    a partir do

    material

    coletado

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    Redao

    dissertao

    X

    X

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    X

    X

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    X

    X

    X

    Defesa

    Apresentao

    X

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    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CHIODETTO, Eder. Curadoria em fotografia [livro eletrnico] : da pesquisa

    exposio / Eder Chiodetto. -- So Paulo : Prata Design, 2013.

    COCCHIARALE, Fernando. "O espao da arte contempornea". In: CANTON,

    Katia. Temas da Arte Contempornea. So Paulo: Martins Fontes, 2009.

    DANTO, Arthur C. A transfigurao do lugar-comum: uma filosofia da arte. So

    Paulo: Cosac & Naify, 2005, p. 39.

    DEWEY, John. Arte como Experincia; traduo Vera Ribeiro. So Paulo : Martins

    Martins Fontes, 2010, p. 109.

    GROSSMANN, Martin, Org. Mariotti, Gilberto, Org. Museum art today. Museu arte

    hoje. So Paulo : Hedra, 2011, p. 198.

    HAAR, Michel. A obra de arte: ensaio sobre a ontologia das obras; traduo de Maria

    Helena Khner. - 2 ed. - Rio de Janeiro: DIFEL, 2007.

    HOFF, Mnica (Org.) e Sofa Hernndez Chong Cuy. A nuvem : uma antologia para

    professores, mediadores e aficionados da 9 Bienal do Mercosul | Porto Alegre 1.

    ed. Porto Alegre : Fundao Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2013, p. 177.

    RANCIRE, Jacques. O destino das imagens / Jacques Rancire ; traduo Mnica

    Costa Netto ; organizao Tadeu Capistrano. - Rio de Janeiro : Contraponto, 2012, p.

    09.

    RICHTER, Dorothee. EXHIBITIONS AS CULTURAL PRACTICES OF

    SHOWING PEDAGOGICS, Issue # 09/11 Freely distributed, non - commercial,

    digital publication of ONCURATING.org. CURATING CRITIQUE: 048 Issue # 09/11

    : Curating Critique, 2011, p 48.