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1 O NIÓBIO BRASILEIRO - MATERIAL ESTRATÉGICO Antônio Carlos Bogo* RESUMO O presente trabalho trata da utilização do elemento químico Nióbio na fabricação de aços especiais para a Indústria Espacial, Petróleo, Nuclear, Militar e outras. Pelo seu desempenho como minério altamente resistente à corrosão e pela sua grande supercondutividade, deveria ser considerado pelo Governo, como mineral estratégico. O Brasil, maior produtor de Nióbio, detém 90% das jazidas mundiais e abastece 80% do mercado consumidor em todo mundo. Milhares de patentes para utilização deste minério são requeridas o tempo todo por pesquisadores do primeiro mundo, com evidente prejuízo para o país. ABSTRACT The present paper is to demonstrate the mineral NIÓBIO that is used intensively to produce the special steel for use in a Spatial Industry, Petrol, Nuclear and Military Weapons. Based in the high performance against the corrosion and great superconductivity, this mineral must be considered by the Government, as a strategic element. Our country, Brazil, is the largest Nióbio supplier’s in the world, and delivery 80% for the global market, to produce the high quality steel. Thousands patents register to use this mineral is required all the time, through first world researches laboratory´s, with several damage for our country economy. Palavras chave: NIÓBIO, MINERAL ESTRATÉGICO, AÇOS ESPECIAIS. * Bacharel em Geografia - Universidade Tuiuti do Paraná. Ordem do Mérito Cartográfico - Sociedade Brasileira de Cartografia. Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG. Escola de Fotogrametria – Swiss Schol for Photogrammetric, em San Gallen – Suiça. Estagios – Photogrammetry Woche, na Universidade de Sttutgart – Alemanha. Email: [email protected]

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O NIÓBIO BRASILEIRO - MATERIAL ESTRATÉGICO

Antônio Carlos Bogo *

RESUMO

O presente trabalho trata da utilização do elemento químico Nióbio na fabricação de

aços especiais para a Indústria Espacial, Petróleo, Nuclear, Militar e outras. Pelo seu

desempenho como minério altamente resistente à corrosão e pela sua grande

supercondutividade, deveria ser considerado pelo Governo, como mineral

estratégico. O Brasil, maior produtor de Nióbio, detém 90% das jazidas mundiais e

abastece 80% do mercado consumidor em todo mundo. Milhares de patentes para

utilização deste minério são requeridas o tempo todo por pesquisadores do primeiro

mundo, com evidente prejuízo para o país.

ABSTRACT

The present paper is to demonstrate the mineral NIÓBIO that is used intensively to

produce the special steel for use in a Spatial Industry, Petrol, Nuclear and Military

Weapons. Based in the high performance against the corrosion and great

superconductivity, this mineral must be considered by the Government, as a strategic

element. Our country, Brazil, is the largest Nióbio supplier’s in the world, and delivery

80% for the global market, to produce the high quality steel. Thousands patents

register to use this mineral is required all the time, through first world researches

laboratory´s, with several damage for our country economy.

Palavras chave: NIÓBIO, MINERAL ESTRATÉGICO, AÇOS ESPECIAIS.

* Bacharel em Geografia - Universidade Tuiuti do Paraná. Ordem do Mérito Cartográfico - Sociedade Brasileira de Cartografia. Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG. Escola de Fotogrametria – Swiss Schol for Photogrammetric, em San Gallen – Suiça. Estagios – Photogrammetry Woche, na Universidade de Sttutgart – Alemanha. Email: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

O presente tema tem como pano de fundo a crescente exploração mineral

levada a efeito no Brasil, para atender cada vez mais as necessidades de países

grandes consumidores de minérios e recursos naturais, tais como a China e EUA.

A exploração, produção e exportação do minério de ferro, por exemplo,

coloca nosso país como um dos principais fornecedores de minério de ferro para a

indústria do aço para os principais países do mundo.

Com o avanço da tecnologia, cresce cada vez mais a necessidade de

utilização de materiais nobres na indústria, aumentando-se, conseqüentemente, a

exploração de novas jazidas de minérios diferenciados, tal como o NIÓBIO, para

atender a uma demanda sempre crescente da indústria do aço.

O NIÓBIO, chamado de elemento 41 na tabela periódica, descoberto em

1801 na Inglaterra, é um dos muitos minérios desconhecidos pela maioria da

população, mas que possui grande importância nos chamados aços microligados

para a indústria espacial, automobilística, nanotecnologia e, principalmente, no

desenvolvimento de materiais ligados à supercondutividade. Por este motivo, o

presente tema é de grande importância para o futuro do desenvolvimento

tecnológico, onde se necessita aços especiais, resistentes à corrosão. O nome

NIÓBIO deriva da mitologia grega (NIÓBE, filha de tântalo), com elemento químico

de símbolo Nb.

O início da utilização deste minério data de 1925, quando substitui o

Tungstênio na produção de aços especiais para ferramentaria. A partir de então vem

sendo gradualmente utilizado como elemento adicionado à fabricação de aço,

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aumentando enormemente sua resistência à corrosão intergranular, principalmente

nas tubulações de gasodutos.

Até a descoberta de jazidas no Brasil e Canadá, na década de 50, o uso

deste mineral era bastante limitado pela baixa produção (era um subproduto do

Tântalo) e custo bastante elevado. Com a descoberta das jazidas brasileiras em

ARAXÁ (MG), o metal tornou-se abundante e ganha cada vez mais espaço como

matéria indispensável para a fabricação de aços especiais, de utilização geral.

Com a corrida espacial e a indústria nuclear, o interesse pelo NIÓBIO tomou

uma enorme dimensão como o mais leve dos metais refratários.

Ligas especiais de NIÓBIO foram desenvolvidas para a indústria de um

modo geral e principalmente para fins ligados à supercondutividade. Tomógrafos de

ressonância magnética, para diagnóstico médico por imagens, por exemplo, utilizam-

se de supermagnetos supercondutores feitos com ligas especiais de NIÓBIO.

O chamado aço microligado é um produto obtido apenas com a adição de

400 gramas de NIÓBIO por tonelada de aço, transformando-o em aço especial com

tenacidade e resistência à corrosão, de outro modo, somente obtida por processos

caríssimos. Turbinas aeronáuticas simplesmente não funcionam sem as ligas

especiais de Nióbio resistentes ao calor.

Assim, a partir da descoberta que a adição de pequenas quantidades de

NIÓBIO ao aço carbono melhorava consideravelmente as propriedades deste, houve

grande interesse das indústrias de aço do mundo todo neste tipo de minério quase

desconhecido pelos brasileiros.

O Brasil possui hoje, cerca de 90% das jazidas de NIÓBIO. Apenas no

Canadá e em Angola, dentre outros países (ver tab.1), exploram pequenas jazidas.

No Brasil somente a descoberta das Jazidas de NIÓBIO em São Gabriel da

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Cachoeira - AM alcança 2.890 x 106 toneladas de minério do tipo Rutilo Niobífero,

correspondente a cerca de 60 milhões de toneladas de NIÓBIO puro.

Atualmente, somente duas empresas respondem por cerca de 80% da

produção mundial de NIÓBIO. A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração e

a Mineração Catalão de Goiás, ambas no Brasil. Além de nosso país, apenas o

Canadá e Angola exportam uma pequena produção de NIÓBIO, proveniente da

exploração do Pirocloro.

Assim, o Brasil é líder em exportação deste minério, cuja utilização cresce a

partir das pesquisas levadas a efeito em laboratórios de metalurgia em todos os

países adiantados, onde cada vez mais se encontram utilizações para este tipo de

minério.

Nos principais centros tecnológicos dos países desenvolvidos, estão em

curso milhares de pesquisas visando novas utilizações do NIÓBIO em equipamentos

de alta tecnologia.

O Governo brasileiro, em detrimento da grande importância do NIÓBIO

como mineral do futuro, não adota, no momento, nenhuma política específica para o

controle de sua exploração e produção. As nações desenvolvidas, principalmente a

China, maior produtor mundial de aços, necessita cada vez mais deste mineral para

manter seu ritmo de crescimento. Isto acontece também com todos os países que

têm no aço, a mola propulsora de seu desenvolvimento, principalmente no setor de

alta tecnologia.

A produção brasileira de NIÓBIO para os próximos 10 anos é da ordem de

500.000 toneladas, para abastecer todo o mercado mundial. Isto baseado somente

no consumo atual, que é de 50.000 toneladas/ano. A preço de US$ 500 (no mercado

paralelo) o kg, temos aqui um total de US$ 250 bilhões de dólares para os próximos

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10 anos. Isso sem levar em conta o crescimento de novas utilizações do mineral, na

ordem de 10% ao ano.

Este fato, obviamente, deverá refletir bastante na balança de pagamentos do

país. Se considerarmos um total de 25 bilhões de US$/ano como contribuição do

NIÓBIO na balança de exportação, pode-se inferir que este negócio precisa ser

olhado com mais objetividade pelo Governo.

Com relação à Segurança Nacional, podemos dizer que o NIÓBIO, dentro

dos próximos 20 anos, será um mineral estratégico por excelência, devido ao seu

emprego na indústria militar e nuclear. Armas modernas, a serem manuseadas

desde o espaço, utilizarão cada vez mais este mineral em sua composição. A

fabricação de submarinos nucleares é outro fator importante na utilização do

NIÓBIO. Os aviões militares do tipo UAV (unmanned aircraft veycle) é outro exemplo

da utilização de materiais especiais produzidos com o NIÓBIO. Segundo o Prof. Luiz

R. M. de Miranda, da COPPE (UFRJ), a mais espetacular propriedade do NIÓBIO é

o fato de suportar a ação dos chamados ácidos naftemicos, extremamente corrosivo.

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2 DESENVOLVIMENTO

O objetivo, pois, é demonstrar a vantagem e a importância do NIÓBIO como

elemento indispensável na fabricação de aços microligados e supercondutores e da

grande importância que este mineral representa para a tecnologia atual e futura.

2.1 O NIÓBIO NO BRASIL

O NIÓBIO é um metal altamente refratário, com número atômico 41,

fundindo-se a 2.468 graus centígrados e apresenta alta supercondutividade

criogênica e forte afinidade com o carbono, bastando 400 g por tonelada, que

acoplado a um processo adequado, obtém um aço microligado de alta resistência e

imune à corrosão.

As jazidas brasileiras foram inicialmente descobertas em Araxá – MG, pelo

geólogo Djalma Guimarães, em 1953, onde pesquisava para o CNPQ – Conselho

Nacional de Pesquisas, a ocorrência de minerais radioativos.

O depósito de Araxá se concentra em 3 km2, com um volume determinado

de 8,5 milhões de toneladas de minério contido. Inicialmente a exploração da jazida

foi requerida e posteriormente adquirida pela Brasil Warrants, com o nome de CBMM

– Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, de propriedade da família

Moreira Salles.

Outra jazida de menor porte foi descoberta em Catalão – GO. A recente

descoberta de uma grande jazida de NIÓBIO em São Gabriel da Cachoeira, com 60

milhões de toneladas contidas, dá uma dimensão da capacidade de nossas jazidas

frente à meros 281.000 toneladas da jazida no Congo. Fala-se em jazidas

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gigantescas de NIÓBIO na região da reserva Raposa do Sol, o que justifica o grau

de interesse dos países do 1º mundo em sua demarcação. Estranhamente, apesar

do país ser privilegiado pela natureza, com depósitos gigantescos deste precioso

minério, o governo brasileiro parece não tomar conhecimento da importância deste

importante metal.

A exportação se dá através do controle de preço ditado pela Bolsa de Metais

de Londres – BML, com evidente prejuízo para o país.

2.2 A UTILIZAÇÃO DO NIÓBIO NO MUNDO

No final da 2ª grande guerra, iniciou-se o desenvolvimento de superligas

resistentes a altas temperaturas para a indústria Aeronáutica e Marinha. Com o

programa espacial Americano e Russo intensificou-se a busca de novas ligas,

aumentando-se a importância do NIÓBIO. As pesquisas se intensificaram. O aço

produzido com a adição de NIÓBIO deu novo impulso à indústria mecânica, com

conseqüências diretas na indústria espacial, nuclear, marítima, medicina e militar.

Institutos de pesquisas nos principais centros tecnológicos descobrem novas

utilizações para o NIÓBIO. Milhares de patentes são requeridas, baseadas nas

propriedades dos sais de NIÓBIO, como material ideal para compor a estrutura de

vasos reatores, tal sua elevada compatibilidade com o Urânio. O uso e

conseqüentemente o consumo de NIÓBIO no mundo aumenta constantemente,

sempre direcionado à alta tecnologia, conduzindo-o ao patamar de mineral

estratégico.

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Assim sendo, apesar das jazidas brasileiras serem consideradas como

suficientes para abastecer o mercado durante muitos anos, nosso governo não toma

nenhuma providência para reparar este grave erro estratégico.

2.3 A POLÍTICA BRASILEIRA PARA O NIÓBIO

Apesar do NIÓBIO ser considerado o mineral do futuro e, portanto,

altamente estratégico, nenhum governo brasileiro, em toda a sua história tomou a

iniciativa de propor um controle similar ao do petróleo. Em contrapartida, com o que

ocorre no Brasil com o NIÓBIO, nos países Árabes há toda uma política sobre a

exploração do petróleo, sua produção, exportação, como o mais valioso bem da

nação, gerando inúmeros benefícios a seus cidadãos.

Os países Árabes impõem o preço do petróleo através da OPEP –

Organização dos Países Exportadores de Petróleo, e só negocia dentro dos

interesses de sua população. Para se ter uma idéia da importância deste mineral,

uma turbina de jato, que custa milhões de dólares, leva em sua fabricação 300 kg de

NIÓBIO, que é vendido a US$ 90, segundo a Bolsa de Metais de Londres. Ou seja,

num equipamento de milhões de US$ se gasta poucos dólares com um mineral, sem

o qual a turbina não poderia ser viabilizada.

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2.4 O PREÇO DO NIÓBIO NO MERCADO INTERNACIONAL

Como se pode observar nosso país possui as maiores reservas mundiais de

Pirocloro, mineral este do qual se extrai o NIÓBIO em sua forma refinada para

utilização na fabricação dos chamados aços microligados.

As maiores jazidas hoje estão concentradas no Estado de Minas Gerais

(Município de Araxá), no Amazonas (Município de São Gabriel da Cachoeira) e

Goiás (Municípios de Catalão e Ouvidor). Outras grandes jazidas estão sendo

pesquisadas nas fronteiras da Venezuela e Colômbia.

A oferta mundial em 2006, basicamente apresenta um quadro onde, no

Brasil, se concentra as maiores jazidas a saber: Araxá-MG, São Gabriel da

Cachoeira-AM, Catalão e Ouvidor-GO. Essas jazidas representam 90% do total

mundial, sem falar na região da Reserva Raposa do Sol, onde se presume estarem

as maiores jazidas do planeta.

Para se ter uma idéia, a CBMM sozinha possui reservas de 456 milhões de

toneladas de minério intemperizado, com teor médio de 2,5 % de óxido de NIÒBIO e

a Anglo American detém cerca de 8 milhões de toneladas, com teor médio de 1,22

%. Somente estas duas jazidas representam cerca de 13 milhões de toneladas de

NIÓBIO puro.

Considerando que outras nações, como Canadá, Angola, Congo e outras

possuem pequenas jazidas com produção somada de cerca de 400 mil toneladas,

pode-se inferir que o Brasil exerce a liderança com larga margem de vantagem para

o abastecimento do mercado mundial.

Pelo acima exposto pode-se notar, portanto, a liderança do Brasil na

produção de NIÓBIO.

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A CBMM em 1975 tinha o capital dividido pelo Grupo Moreira Salles, a

Molycorp inc., dos Estados Unidos da América e a Pato Gold Dredging, também

americana.

A composição acionária era na época:

CBMM – 50,5 % do capital.

MOLYCORP – 33,0 % do capital.

PATO – 16,5 % do capital.

Ou seja, a CBMM possuía apenas 0,5% a mais na composição acionária.

Em 2006 a CBMM adquiriu os ativos da Molycorp e Pato, transformando-se em uma

multinacional 100% brasileira, não tendo mais nenhuma ingerência de empresas

estrangeiras. Cumpre ressaltar a participação da CODEMIG – Companhia de

Desenvolvimento de Minas Gerais, com 25% dos lucros obtidos pela CBMM.

Somente a CBMM é hoje proprietária de cerca de 12.000.000 de toneladas de

NIÓBIO puro. Por outro lado, em Catalão, a empresa mineradora é a Anglo

Americana Brasil, que por sua vez é subsidiaria da Anglo American Plc, com

reservas de cerca de 1 milhão de toneladas de NIÓBIO.

A CBMM foi a responsável por 87% do total de divisas em dólares geradas

a partir de produtos baseados no NIÓBIO, sendo o terceiro maior item de exportação

do Estado de Minas Gerais.

Esta empresa exportou 50.000 toneladas de NIÓBIO e 433 toneladas de

óxido de NIÓBIO, totalizando US$ 500,000,000 de entradas de divisas em nossa

balança de pagamentos (2006).

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A CBMM possui suas subsidiárias na Europa e Ásia, bem como nos EUA,

empresas para as quais são exportados os produtos e posteriormente distribuídos

para todo o mundo.

A Anglo American, por sua vez, exportou um total de US$ 65,000,000

(2006).

O mercado interno é atendido exclusivamente pela CBMM. Nosso consumo

interno de NIÓBIO é de 2.500 toneladas/ano.

De acordo com o quadro abaixo, temos os preços médios da liga Fe – NIÓBIO e

oxido de NIÓBIO, como segue:

Quadro 1: Preços Internacionais do Nióbio (2006)

Discriminação 2004 (r) 2005(r) 2006(p)

Concentrado(1) (t) 34.016 56.023 68.850

Liga Fe-Nb(2) (t) 25.169 38.819 41.566 Produção:

Óxido de Nióbio (t) 2.529 3.999 4.008

Liga Fe-Nb(2) (t) 20.145 34.725 39.130

(103 US$-FOB) 249,326.00 468,844.90 528,730.31

Óxido de nióbio (t) 592 495 433 Exportação:

(103 US$-FOB) 9,739.00 7,552.00 4,660.00

Semi-Manufaturados (t) 5 0 0 Importação:

(103 US$-FOB) 57.00 0.00 0.00

Liga Fe-Nb(2) (t) 5.024 4.094 2.436 Consumo Aparente:

Óxido de Nióbio (t) 1.937 2.938 3.575

Liga Fe-Nb(2) (US$/t-FOB) 12,376.57 13,501.65 13,512.15 Preço Médio *:

Óxido de nióbio (US$/t-FOB) 16,451.01 15,256.57 10,762.12

Fontes: DNPM-AMB; MDIC-SECEX,CBMM, Anglo American

(1) Dados em Nb2O5 contido no concentrado; (2) Dados em Nb contido na liga; (r) revisado, (p) preliminar.

* Preço Médio base exportação.

Fonte: P. Junior e Andrade (2007).

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Isto posto, pode-se inferir um preço médio do mineral da ordem de US$

11.000 por tonelada, o que gera hoje cerca de US$ 600 milhões de dólares em

nossa balança de pagamentos.

Ocorre uma grande controvérsia sobre o valor do minério, onde se especula

que no mercado negro o preço chega a ser de US$ 500 por quilograma, ou seja,

US$ 500,000 por tonelada, o que muda radicalmente o panorama da balança de

pagamentos. A considerar este valor e a exportação de 50.000 toneladas/ano,

teríamos US$ 25 bilhões a mais em nossa balança de pagamento.

A se comprovar esta assertiva, não estariam as empresas exportadoras

subfaturando o valor do minério para exportação, tendo como destinatárias suas

próprias subsidiárias? É apenas uma pergunta a ser respondida. Não se pode,

obviamente afirmar que isso esteja ocorrendo.

Artigos oriundos do Centro de Pesquisas Estratégicas Paulino Soares de

Souza da UF de Juiz de Fora, tendo como autor o Engenheiro Victor Magno Gomes

de Paula, afirma que a definição do preço do NIÓBIO no mercado internacional é

ditada pela Bolsa de Metais de Londres, e não o Governo Brasileiro.

O mesmo autor afirma que este valor, pelo qual é exportado o NIÓBIO já

causou prejuízo de bilhões de US$ ao país.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O assunto é extremamente importante para o futuro do país, na medida que

o NIÓBIO está se transformando em um elemento altamente estratégico no

desenvolvimento tecnológico de muitas áreas de interesse humano.

O Brasil exporta NIÓBIO a preços irrisórios, para posteriormente importar

super tomógrafos a preço de ouro, que sem este material, não funcionariam.

Parece que a política brasileira trabalha nas sombras para que a opinião

pública não perceba um fato extremamente importante que pode alterar em 15 ou 20

bilhões/ano nossa balança de pagamentos.

Segundo a CBMM, em 2005 foram exportados 50 mil toneladas de NIÓBIO,

com faturamento de US$ 550,000,000, ou seja US$ 11,000 por tonelada. Porém o

preço do NIÓBIO no mercado externo é de U$ 500/kg, ou seja, US$ 500,000 por

tonelada. Onde vai parar a diferença?

Estamos nós fadados a perder novamente o bonde do desenvolvimento?

Será o petróleo a ser obtido na exploração do pré-sal a solução futura de todos

nossos problemas sociais? Os homens que pensam o Brasil não podem ignorar o

fato de estarmos exportando a preço vil um mineral altamente estratégico, que só o

Brasil possui jazidas que podem abastecer o mundo por muitos anos.

O NIÓBIO é talvez o segundo mais importante mineral do mundo, estando

atrás apenas do petróleo. É o único mineral com características técnicas incomuns

para a fabricação de instrumentos e equipamentos de alta precisão.

Praticamente todos os programas espaciais Americano, Russo, Chinês e

Francês estariam fadados ao insucesso sem ele. Trens de alta velocidade não

funcionam sem o NIÓBIO. Nanotecnologia também não.

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É extremamente fácil reconhecer a importância estratégica deste mineral.

Considerando que as maiores jazidas estão localizadas no Brasil, seria interessante

saber que o preço deste valioso e estratégico mineral é ditado pela Bolsa de Metais

de Londres (BML), que estabelece um preço médio de US$ 90 por Kg,

absolutamente não condizente com a importância deste mineral, favorecendo as

indústrias da Europa, EUA, Japão, China, etc., cujo principal fornecedor é o Brasil.

Ou seja, a BML favorece diretamente os países ricos em detrimento de países

pobres como o Brasil.

Segundo estudos feitos, este subfaturamento causa prejuízo de bilhões de

dólares, devido à exploração deste minério por multinacionais, repetindo-se a

espoliação do nosso ouro na época colonial. É uma verdadeira doação a custo zero

de um metal importante que movimenta a indústria dos países adiantados, criando

cada vez mais a dependência tecnológica nos países pobres.

A exportação de NIÓBIO a preço vil proporciona lucros gigantescos para os

países do primeiro mundo. Vendemos o minério por preço insignificante e

recebemos de volta equipamentos sofisticados a preço de ouro.

Este fato, de suma importância e gravidade, deve ser olhado de forma

diferente pelo país. A falta de visão estratégica que permeia os escalões superiores

do nosso governo é apavorante. A ingenuidade parece permear nossos dirigentes,

tal a falta de uma visão de futuro, pois estamos simplesmente doando um minério

que poderia render trilhões de dólares.

Nossos planejadores deveriam se espelhar na OPEP, fundada por um

venezuelano inteligente, que propôs à Arábia Saudita, que aceitou de imediato, a

formação de um cartel para a exploração do petróleo. É um clube de poucos que

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decide o preço e a produção do petróleo, impondo seu preço final aos países

consumidores. Tudo em nome do bem estar da população.

Porque não uma OPEP do Nióbio? Porque não incentivar nossos centros de

pesquisas a desenvolver estudos metalográficos com este minério?

Países como o Brasil, que um dia deverá ser grande, não pode continuar

com políticas mesquinhas em relação aos nossos recursos naturais. Somos ricos em

ferro, manganês e outros minérios raros e essenciais ao desenvolvimento da

humanidade nos próximos séculos. Saber utilizar nossos recursos com racionalidade

e sabedoria é imperativo. Não podemos legar às futuras gerações somente os

buracos de onde tiramos nossas riquezas para prover o conforto e bem estar das

nações ricas.

O pré-sal é importante, sem dúvida, mas não se pode esquecer que os

veículos que serão movidos com o petróleo do pré-sal serão fabricados com o

NIÓBIO.

Afinal, o Brasil é soberano ou não soberano? A exemplo dos países Árabes,

não poderia o Brasil ditar o preço do NIÓBIO?

Obviamente que US$ 500,000 a tonelada de NIÓBIO pode ser exagero, mas

se considerar apenas US$ 100,000 teremos somente para as jazidas de São Gabriel

de Cachoeira (60 milhões de toneladas) US$ 6,0 trilhões de dólares. Valores estes

talvez maiores que o esperado com a exploração do pré-sal. A Bolsa de Metais de

Londres não pode continuar ditando o preço de um mineral da importância do

NIÓBIO.

A reflexão sobre este assunto leva-nos ao tempo das colonizações. Pouca

coisa mudou, o Brasil continua colonizado. Os países do primeiro mundo continuam

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a explorar os países pobres, principalmente países de dirigentes “ingênuos” como o

Brasil.

A pergunta final: Será mesmo que nossos dirigentes são “ingênuos” para

não perceber as imensas perdas que o país sofre com a atual política? Até quando o

país vai continuar entregando seus recursos naturais a “preço de banana” para

posteriormente importar equipamentos a preço de ouro? Está o Brasil, fadado a viver

eternamente dependente da tecnologia desenvolvida no primeiro mundo, a partir de

suas próprias matérias primas? Sobram perguntas, faltam respostas.

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REFERÊNCIAS

Biondi, João Carlos. Processos Metalogenéticos e os Depósitos Minerais

Brasileiros. Editora: Oficina de Textos, 1976.

CBMM - Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração. Disponível no site:

www.cbmm.com.br. Acesso em: 10/08/2009.

Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais. Disponível no site: www.cprm.gov.br.

Acesso em: 05/08/2009.

DNPM - Departamento Nacional de Pesquisa Mineral. Disponível no site:

www.dnpm.gov.br. Acesso em: 05/08/2009.

Leite, Rogério Cerqueira. Nióbio, uma Conquista Nacional. Livraria Duas Cidades,

1988.

MME - Ministério de Minas e Energia. Disponível no site: www.mme.gov.br. Acesso

em: 08/08/2009.

Paula, Victor Magno Gomes de. A Miopia Brasileira e o Nióbio. Disponível em:

http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MBN.pdf. Acesso em: 10/01/2010.

Vannuchi, Camilo. Memórias de um Vendedor de Nióbio. Editora do Autor, 2007.

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ANEXOS

Instalações da CBMM em Araxá – MG

Correia transportadora de minério

Forno de feixe de elétrons

Forno eletrico - unidade de

desfosforação

Liga ferroniobio

Unidade de britagem de

ferronióbio

Unidade de concentração

Unidade de concentração - silos

de minério

Unidade de concentração mineral

Unidade de concentração moinho

de bolas

Unidade de desfosforação

Unidade de embalagem e

expedição

Unidade de embalagem e

expedição

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Unidade de ligas especiais

Unidade de nióbio metálico -

forno de feixe de elétrons

Unidade de nióbio metálico -

forno de feixe de elétrons

Unidade de nióbio metálico -

forno de feixe de elétrons

Unidade de produção de nióbio

metálico

Unidade pirometalúrgica - forno

de sinterização

Unidade pirometalurgica -

sinterização

Unidade pirometalúrgica -

controle ambiental

Unidade pirometalúrgica –

desfosforação

Unidade pirometalúrgica - detalhe

do forno elétrico para

desfosforação

Unidade pirometalúrgica - forno

elétrico para desfosforação

Unidade pirometalúrgica

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Unidade pirometalúrgica

Unidade pirometalúrgica

Vista aérea da CBMM

Fonte: www.cbmm.com.br

Pelas fotos das instalações da CBMM em Araxá, no Estado de Minas

Gerais, pode-se notar os grandes investimentos necessários para a extração e refino

do NIÓBIO.

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Mapa de localização das principais ocorrências de r ochas alcalinas

Fonte: Biondi, 1976.

Localização dos principais conjuntos de rochas alcalinas conhecidas no

Brasil. Atentar para os itens 15 – São Gabriel da Cachoeira (AM), itens 14 e 22 -

Araxá e Catalão (MG). O elemento Nb, resultante do processamento do Pirocloro,

rocha cuja principal reserva em exploração situa-se em Minas Gerais.

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Localização da jazida em Araxá - MG

Fonte: Biondi, 1976.

Localização do complexo alcalino-carbonatítico de Araxá (Mina de Nb do

Barreiro). Os núcleos acima representam a maior jazida do mundo de Nb em

operação. Esta mina, com localização privilegiada, permite o processamento do

mineral NIÓBIO próximo aos portos exportadores, com grande economia no

transporte.

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Minério de Nióbio

Nas fotos tem-se o NIÓBIO em sua forma natural, na forma de cristais.

Abaixo pinos especiais para utilização na indústria, onde se necessita materiais não

corrosivos.

Fonte: www.defesanet.com.br

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O Nióbio utilizado em Supercondutores

Fonte: www.cbmm.com.br

Uma das utilizações mais importantes do NIÓBIO é nos chamados materiais

supercondutores, com aplicação em trens bala e nanotecnologia.

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Propriedades e usos do Nióbio

Peças Forjadas, com adição de microligas contendo nióbio, permite eliminar

o tratamento térmico.

O Peso dos navios é reduzido quando usa placas contendo Nióbio.

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Liga C-103, contendo Nióbio, Háfnio e Titânio apresenta excelente

resistência em cerâmicas, acima de 1.300ºC.

O Nióbio é elemento importante para turbinas de aviação. Cada turbina

CFM56 emprega cerca de 300kg de Nióbio.

Na indústria automotiva o emprego de aços carbono com nióbio para

estruturas e aços liga em componentes mecânicos.

No ramo petroquímico e de petróleo ligas contendo nióbio são usadas.

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Fonte: www.defesanet.com.br