António Gedeão

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O meu nome é Rómulo Vasco da Gama de Carvalho. Nasci em Lisboa, no dia 24 de Novembro de 1906 e morri também em Lisboa, no dia 19 de Fevereiro de 1997. Fui um bom português, fuiquímico, professor de físico-química doensino secundário noLice Pedro Nunes e Liceu Camões,pedagogo, investigador deHistória da ciência em Portugal,divulgadordaciência, e poeta sob o pseudónimo de António Gedeão .Pedra Filosofal e Lágrima de Preta são dois dos meus mais célebrespoemas. Colaborei na rubrica Panorama Cientí co do semanário Mundo Literário (1946-1948). Fui académico efetivo daAcademia das Ciências de Lisboa e Diretor doMuseu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa . A minha data de nascimento foi adoptada em Portugal, em 1996, como Dia Nacional d Cultura Cientí ca. Tive dois lhos, Frederico de Carvalho, também formado em Ciências, e Cristina Carvalho, escritora (esta última do meu segundo matrimónio, com a escritora Natáli Nunes). Escrevi poesia, teatro, cção e ensaios. Na data do meu nonagésimo aniversário, f alvo de uma homenagem nacional, tendo sido condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Sant'iago de Espada. Encontro-me sepultado no Jazigo dos Escritores Portugueses, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, junto com vultos notáveis das letras portuguesas como José Cardoso Pires ouFernando Namora.

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O meu nome Rmulo Vasco da Gama de Carvalho. Nasci emLisboa,no dia 24 de Novembrode1906 e morri tambm em Lisboa,no dia 19 de Fevereirode1997. Fui um bom portugus, fui qumico,professorde fsico-qumica doensino secundrionoLiceu Pedro Nunese Liceu Cames, pedagogo,investigadordeHistria da cinciaem Portugal,divulgadordacincia, epoetasob opseudnimode Antnio Gedeo.Pedra FilosofaleLgrima de Pretaso dois dos meus mais clebrespoemas. Colaborei na rubrica Panorama Cientfico do semanrioMundo Literrio(1946-1948).Fui acadmico efetivo daAcademia das Cincias de Lisboae Diretor doMuseu Maynense da Academia das Cincias de Lisboa.A minha data de nascimento foi adoptada em Portugal, em 1996, como Dia Nacional da Cultura Cientfica. Tive dois filhos, Frederico de Carvalho, tambm formado em Cincias, eCristina Carvalho, escritora (esta ltima do meu segundo matrimnio, com a escritoraNatlia Nunes).Escrevi poesia, teatro, fico e ensaios. Na data do meu nonagsimo aniversrio, fui alvo de uma homenagem nacional, tendo sido condecorado com a Gr-Cruz da Ordem de Sant'iago de Espada.Encontro-me sepultado no Jazigo dos Escritores Portugueses, noCemitrio dos Prazeres, em Lisboa, junto com vultos notveis das letras portuguesas comoJos Cardoso PiresouFernando Namora.

Pedra FilosofalEles no sabem que o sonho uma constante da vidato concreta e definidacomo outra coisa qualquer,como esta pedra cinzentaem que me sento e descanso,como este ribeiro mansoem serenos sobressaltos,como estes pinheiros altosque em verde e oiro se agitam,como estas aves que gritamem bebedeiras de azul.eles no sabem que o sonho vinho, espuma, fermento,bichinho lacre e sedento,de focinho pontiagudo,que fossa atravs de tudonum perptuo movimento.Eles no sabem que o sonho tela, cor, pincel,base, fuste, capitel,arco em ogiva, vitral,pinculo de catedral,contraponto, sinfonia,mscara grega, magia,que retorta de alquimista,mapa do mundo distante,rosa-dos-ventos, Infante,caravela quinhentista,que cabo da Boa Esperana,ouro, canela, marfim,florete de espadachim,bastidor, passo de dana,Colombina e Arlequim,passarola voadora,pra-raios, locomotiva,barco de proa festiva,alto-forno, geradora,ciso do tomo, radar,ultra-som, televiso,desembarque em foguetona superfcie lunar.Eles no sabem, nem sonham,que o sonho comanda a vida,que sempre que um homem sonhao mundo pula e avanacomo bola coloridaentre as mos de uma criana.