Antropologia Da Violência - MN

7
1 Curso MNA 826- Antropologia dos modos de regulação social – Antropologia da violência Professor: Moacir Palmeira, Dibe Ayoub (Doutoranda PPGAS) N o . de Créditos : 03 (três), (45 horas-aulas), 15 sessões Período: 1º. Semestre de 2015 Horário: 5as. feiras, 13:00 às 16:00 Local: Sala Roberto Cardoso Ementa: Neste curso, pretendemos refletir sobre alguns modos como a violência é tratada pela antropologia. Apesar de ser um tema presente em diversos trabalhos ao longo da história da disciplina, o termo “violência”, tanto quanto os questionamentos sobre a possibilidade de observação e análise antropológica de processos e situações ditos “de violência”, passam a ser mais elaborados a partir dos anos 1980. As formulações sobre o termo se constituem através de tensões entre ideais de legitimidade em relação a usos e abusos da força, da contraposição das perspectivas dos sujeitos envolvidos e, não menos importante, da postura ética dos pesquisadores cujos campos são atravessados por eventos e circunstâncias considerados “violentos”, dentre os quais agressões, brigas, mortes, rebeliões, vinganças, feuds, guerras. Tendo em vista a diversidade de situações que abarcam, os trabalhos que leremos ao longo do curso lançam desafios sobre a abordagem dos modos com que diferentes coletividades vivem e produzem acontecimentos que podem ser enquadrados como “violência”. Através das etnografias, torna-se clara a variedade de termos e sentimentos que distintos grupos elaboram para representar a violência, e delineiam-se problemas acerca das possibilidades de seu reconhecimento enquanto produtora de sujeitos e do próprio mundo social. Nesse sentido, buscaremos discutir em que medida experiências e narrativas compõem concepções de violência, que elementos e relações são movidos nessas concepções, e a inscrição dessas experiências no cotidiano dos envolvidos e afetados por essas situações, incluindo os próprios pesquisadores. Programa (sujeito a alterações) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO QUINTA DA BOA VISTA S/N. SÃO CRISTÓVÃO. CEP 20940-040 – RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL Tel.: 55 (21) 2568-9642 - fax 55 (21) 2254.6695 www://ppgasmuseu.etc.br e-mail: [email protected]

description

Ementa

Transcript of Antropologia Da Violência - MN

  • 1

    Curso MNA 826- Antropologia dos modos de regulao social Antropologia da violncia Professor: Moacir Palmeira, Dibe Ayoub (Doutoranda PPGAS) No. de Crditos : 03 (trs), (45 horas-aulas), 15 sesses Perodo: 1. Semestre de 2015 Horrio: 5as. feiras, 13:00 s 16:00 Local: Sala Roberto Cardoso Ementa:

    Neste curso, pretendemos refletir sobre alguns modos como a violncia tratada

    pela antropologia. Apesar de ser um tema presente em diversos trabalhos ao longo da

    histria da disciplina, o termo violncia, tanto quanto os questionamentos sobre a

    possibilidade de observao e anlise antropolgica de processos e situaes ditos de

    violncia, passam a ser mais elaborados a partir dos anos 1980. As formulaes sobre o

    termo se constituem atravs de tenses entre ideais de legitimidade em relao a usos e

    abusos da fora, da contraposio das perspectivas dos sujeitos envolvidos e, no menos

    importante, da postura tica dos pesquisadores cujos campos so atravessados por

    eventos e circunstncias considerados violentos, dentre os quais agresses, brigas,

    mortes, rebelies, vinganas, feuds, guerras.

    Tendo em vista a diversidade de situaes que abarcam, os trabalhos que

    leremos ao longo do curso lanam desafios sobre a abordagem dos modos com que

    diferentes coletividades vivem e produzem acontecimentos que podem ser enquadrados

    como violncia. Atravs das etnografias, torna-se clara a variedade de termos e

    sentimentos que distintos grupos elaboram para representar a violncia, e delineiam-se

    problemas acerca das possibilidades de seu reconhecimento enquanto produtora de

    sujeitos e do prprio mundo social. Nesse sentido, buscaremos discutir em que medida

    experincias e narrativas compem concepes de violncia, que elementos e relaes

    so movidos nessas concepes, e a inscrio dessas experincias no cotidiano dos

    envolvidos e afetados por essas situaes, incluindo os prprios pesquisadores.

    Programa (sujeito a alteraes)

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO QUINTA DA BOA VISTA S/N. SO CRISTVO. CEP 20940-040

    RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL Tel.: 55 (21) 2568-9642 - fax 55 (21) 2254.6695

    www://ppgasmuseu.etc.br e-mail: [email protected]

  • 2

    1a sesso

    Apresentao do curso

    Sesso 2 - Antroplogos e violncia

    LENCLUD, Grard, CLAVERIE, Elizabeth, JAMIN, Jean. 1984. Une ethnographie de

    la violence est-elle possible? tudes rurales, N95-96. La violence, p. 9-21.

    NORDSTROM, Carolyn, ROBBEN, Antonius C.G.M. 1995. The Anthropology and

    Ethnography of Violence and Sociopolitical Conflict. In: NORDSTROM, Carolyn,

    ROBBEN, Antonius C.G.M (eds.). Fieldwork under Fire: Contemporary Studies of

    violence and Survival. Berkeley, Los Angeles, London: University of California Press,

    p.1-23.

    RICHES, David. 1986. The Phenomenon of Violence. In: RICHES, David. The

    Anthropology of Violence. Oxford: Basil Blackwell, p.1-27.

    ZALUAR, Alba. 1999. Violncia e crime. In: MICELI, Sergio (org.). O que ler na

    Cincia Social brasileira (1970-1995). So Paulo: Editora Sumar/ANPOCS, p.15-

    107.

    Sesso 3 A violncia como questo poltica

    ARENDT, Hannah. 1994 [1970]. Sobre a violncia. Rio de Janeiro: Relume-Dumar.

    ELIAS, Norbert. 1994 [1939]. Mudanas na agressividade. In: ELIAS, Norbert. O

    Processo Civilizador, vol.1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 189-202.

    ELIAS, Norbert, 1990 [1939]. Do controle social ao autocontrole. In: ELIAS,

    Norbert. O Processo Civilizador, vol.2. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 193-207.

    ENGELS, Friederich. [1877-1878]. Teoria da violncia. In: ENGELS, Friedrich.

    Anti-dhring.

    FANON, Frantz. 1968 [1961]. Da violncia. In: FANON, Frantz. Os Condenados da

    Terra. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, p. 23-74.

  • 3

    SARTRE, Jean-Paul. 1968 [1961]. Prefcio. In: FANON, Frantz. Os Condenados da

    Terra. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, p. 1-21.

    SOREL, Geoges. s/d [1908]. Lucha de classes y violncia. In: SOREL, Georges.

    Reflexiones sobre la violencia. Buenos Aires: Editorial La Pleyade.

    WEBER, Max. 1982 [1919]. Poltica como vocao. In: WEBER, Max. Ensaios de

    Sociologia. Rio de Janeiro: LTC Editora, p. 97-153.

    Sesso 4 Guerras e conflitos

    BERNARD, Jessie. 1957. The sociological study of conflict. In: BERNARD, J.,

    PEAR, T.H., ARON R., ANGELL, R.C. The nature of conflict: studies on the

    sociological aspects of international tensions. Paris: UNESCO, p.33-117.

    DAHRENDORF, Ralf. 1968. Hacia una teora del conflicto social. In: ETZIONI,

    Amitai, ETZIONI, Eva (orgs.). Los cambios sociales: Fuentes, Tipos y

    Consecuencias. Mxico: Fondo de Cultura Econmica, p. 97-107.

    CLASTRES, Pierre. 2004 [1980]. Arqueologia da violncia: a Guerra nas sociedades

    primitivas, e Infortnio do guerreiro selvagem. In: CLASTRES, Pierre.

    Arqueologia da violncia: pesquisas de antropologia poltica. So Paulo: Cosac &

    Naify, p.158-222.

    CLAUSEWITZ, Carl von. 1955. Quest-ce la guerre? In: De la guerre. Paris

    ditions de Minuit, p. 51-69.

    FIGURELLI, Monica Fernanda. 2012. Consideraciones finales. In: FIGURELLI,

    Monica Fernanda. Registros del conflicto. Buenos Aires: Antropofagia, p. 179-187.

    TZU, Sun. 2006. O mais antigo tratado militar do mundo, Da avaliao, Da arte de

    vencer sem desembainhar a espada, Da arte de semar a discrdia. In: TZU, Sun. A

    Arte da Guerra. Porto Alegre: L&PM, p. 5-6, 12-15, 19-23, 75-79.

    Sesso 5 Guerras e antropologia

    MEAD, Margaret. 1967. Alternatives to war. In: FRIED, M., HARRIS, M.,

    MURPHY, R. War: The Anthropology of Armed Conflict and Aggression. New

    York: The Natural History Press, p. 215-228.

    RUBINSTEIN, Robert A. 1994. Collective violence and common security. In:

  • 4

    INGOLD, Tim (ed.). Companion Encyclopedia of Anthropology: Humanity, culture

    and Social Life. London and New York: Routledge, p. 983-1009.

    SAHLINS, Marshall. 1983. Raw Women, Cooked Men, and Other Great Things of

    The Fiji Islands. In: BROWN, Paula, TUZIN, Donald. The Ethnography of

    Cannibalism. Washington, D.C.: Society for Psychological Anthropology, p.72-93.

    VAYDA, Andrew. 1967. Hypotheses about functions of war. In: FRIED, M.,

    HARRIS, M., MURPHY, R. War: The Anthropology of Armed Conflict and

    Aggression. New York: The Natural History Press, p. 85-91

    Sesses 5 e 6 Leis, crimes, sanes

    BOHANNAN, Paul. 1967. African homicide and suicide. New York: Atheneum.

    (captulos a definir).

    LEACH, Edmund. 1977. Custom, Law and Terrorist Violence. Edinburgh: Edinburgh

    University Press.

    MALINOWSKI, Bronislaw. 2003. Crime e costume na sociedade selvagem. Braslia:

    Editora da Universidade de Braslia, So Paulo: Imprensa Oficial do Estado. (captulos a

    definir)

    RADCLIFFE-BROWN, Alfred Reginald. 1973. Sanes sociais e O Direito

    Primitivo. In: Estrutura e funo na sociedade primitiva. Petrpolis: Vozes, 1973,

    p.252-269.

    Sesso 7 Feuds e vinganas

    BLACK-MICHAUD, Jacob. 1965. Cohesive Force: Feud in the Mediterranean and

    the Middle East. New York: St. Martins Press.

    HASLUCK, Margaret. 1967. The Albanian Blood Feud. In: BOHANNAN, Paul.

    Law and Warfare: studies in The Anthropology of Conflict. New York: The Natural

    History Press.

    PETERS, Emrys L. Foreword. In: BLACK-MICHAUD, Jacob. Cohesive Force:

    Feud in the Mediterranean and the Middle East. New York: St. Martins Press,

    1965, p.ix-xxvii.

  • 5

    VERDIER, Raymond. 1980. Le systme vindicatoire: Esquisse thorique. In:

    VERDIER, Raymond. La vengeance. Paris: ditions Cujas, p.11-42.

    Sesso 8 Etnografias da violncia: perspectivas a partir de riots e tenses

    intertnicas no Sul da sia.

    DANIEL, E. Valentine. 1996. Charred lullabies: chapters in an anthropography of

    violence. Princeton: Princeton University Press. (captulos a definir)

    JEGANATHAN, Pradeep. 1998. Violence as an Analytical Problem: Sri Lankanist

    Anthropology After July, 83. Nethra, Journal of the International Centre for

    Ethnic Studies, Colombo, vol 2, n.4.

    TAMBIAH, Stanley. 1996. Leveling Crowds: Ethnonationalist Conflicts and

    Collective violence in South Asia. Berkeley: University of California Press. (captulos

    a definir)

    Sesso 9 - Violncia, democracia, necropoltica e genocdio.

    COMAROFF, Jean, COMAROFF, John. 2006. Law and Disorder in the Postcolony:

    An Introduction. In: COMAROFF, Jean, COMAROFF, John. Law and Disorder in

    the Postcolony. Chicago: The University of Chicago Press, p.1- 56.

    MALKKI, Liisa. 1995. Purity and Exile: violence, memory, and national cosmology

    among Hutu refugees in Tanzania. Chicago: University of Chicago Press. (captulos a

    definir).

    MBEMBE, Achille. 2011. Necropoltica. In: MBEMBE, Achille. Necropoltica

    seguido de Sobre el gobierno privado indirecto. Santa Cruz de Tenerife: Editorial

    Melusina, p.17-75.

    Sesso 10 Terror e Estado

  • 6

    ARETXAGA, Begoa. 2005. States of Terror: Begoa Aretxagas Essays. Reno:

    University of Nevada. (captulos a definir)

    FELDMAN, Allen. 1991. Formations of Violence: The Narrative of the Body and

    Political Terror in Northern Ireland. Chicago and London: The University of

    Chicago Press. (captulos a definir).

    LINOS, Natalia, 2010. Reclaiming the social body through self-directed violence:

    seeking anthropological understanding of suicide attacks. Anthropology Today, vol.

    26, n.5, p. 8-12.

    Sesso 11 Colonialismo, terror, e habitus poltico.

    MARCELIN, Louis Herns. 2012. In the Name of the Nation: Blood Symbolism and the

    Political Habitus of Violence in Haiti. American Anthropologist, vol. 114, n.2, p. 253-

    266.

    TAUSSIG, Michael. 1993 [1987]. Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem:

    um estudo sobre o terror e a cura. Rio de Janeiro: Paz e Terra. (captulos a definir).

    Sesso 12 Ilegalismos e associaes criminosas

    ARANDA, Salvador Maldonado. 2014. Despejando caminos inseguros: Intinerarios de

    una investigacin sobre la violencia en Mxico. Alteridades, vol. 24, n. 47, p.63-76.

    BIONDI, Karina, MARQUES, Adalton. 2010. Memria e historicidade em dois

    commandos prisionais. Lua Nova, So Paulo, 79, p.39-70.

    FREITAS, Geovani Jac de. 2003. Ecos da Violncia: Narrativas e relaes de poder

    no nordeste canavieiro. Rio de Janeiro: Relume-Dumar. (captulos a definir)

    TELLES, Vera da Silva, HIRATA, Daniel Veloso. 2010. Ilegalismos e jogos de poder

    em So Paulo. Tempo Social, vol. 22, n.2, p. 39-59.

    WRIGHT, Melissa. 2011. Necropolitics, Narcopolitics, and Femicide: Gendered

    Violence on the Mexico-U.S. Border. Signs, vol. 36, n. 3, p. 707-731.

    Sesso 13 (I)legitimidades, justias e crimes

    BARREIRA, Csar. Crimes por encomenda: violncia e pistolagem no cenrio

  • 7

    brasileiro. Rio de Janeiro: Relume-Dumar,1998. (captulos a definir).

    FELTRAN, Gabriel de Santis. 2010. The Management of Violence on The Sao Paulo

    Periphery. Vibrant, vol.7, n.2, p. 109-134.

    KRUPA, Christopher. 2009. Histories in red: Ways of seeing lynching in Ecuador.

    American Ethnologist, vol, 36, n. 1, p.20-39.

    Sesso 14 Violncia entre prximos: famlias, grupos, comunidades.

    GILMORE, David. 1987. Aggression and Community: Paradoxes of Andalusian

    Culture. New Haven and London: Yale University Press (captulos a definir).

    HERZFELD, Michael. 1985. The Poetics of Manhood: Contest and Identity in a

    Cretan Mountain Village. Princeton: Princeton University Press. (captulos a definir).

    MARQUES, Ana Cludia. Intrigas e questes: vingana de famlia e tramas sociais

    no serto de Pernambuco. Rio de Janeiro: Relume-Dumar, 2002. (captulos a

    definir).

    VILLELA, Jorge Mattar. O Povo em Armas: Violncia e Poltica no Serto de

    Pernambuco. Rio de Janeiro: Relume Dumar, 2004 (captulos a definir).

    Sesso 15 A violncia ordinria: conhecimento envenenado e os desafetos em

    famlia

    DAS, Veena. 2007. Life and words: violence and the descent into the ordinary.

    Berkeley: University of California Press. (captulos a definir)

    MAYBLIN, Maya. Death by marriage: power, pride and morality in Northeast Brazil.

    Journal of the Royal Anthropological Institute, 17, 2011, p.135-153.

    REW, Martin, GANGOLI, Geetanjali, GILL, Aisha K. 2013. Violence between female

    in-laws in India. International Womens Studies, vol.14, n.1, p.147-160.

    VAN VLEET, Krista. Performing kinship: narrative, gender, and the intimacies of

    power in the Andes. Austin: University of Texas Press, 2008. (captulos a definir)