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Relatório Anual - Fé e Alegria 2017 1 RELATÓRIO ANUAL 2017 Fundação Fé e Alegria do Brasil

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20171

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20172

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20173

SUMÁ-RIO

4 - Editorial

5 - Carta do Presidente

7 - Quem Somos

9 - No que Acreditamos

10 - O que Fazemos

11- Educação

12 - Assistência Social

13 - Formação para o Trabalho

14 - No Brasil e no Mundo

16 - Se Informe Conosco

20 - Nosso Atendimento

21 - Transparência

22 - Venha nos Visitar

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20174

EDITO-RIAL

Olá leitor, tudo bem?

Mais um ano se passou e se você está com esse rela-

tório em mãos, sem dúvida, é parte fundamental das histó-

rias que iremos contar nas próximas páginas.

Para Fé e Alegria – e, com certeza não só para nós

- o ano de 2017 foi um ano exigente. Mais do que nunca,

nos exigiu coragem e força para enfrentar desafios, ocupar

territórios e manter a qualidade do nosso trabalho, mirando

sempre no bem estar de nossos atendidos, colaboradores e

parceiros.

Em contrapartida, foi um ano de muitas realizações,

avanços. Nós fizemos novos amigos, estabelecemos novas

parcerias e mantemos ao nosso lado pessoas e instituições

que nos acompanham desde sempre: muito obrigada!

Este relatório foi feito à muitas, incontáveis, mãos. E

quer contar, em algumas páginas, a dimensão do nosso tra-

balho e da nossa história. Queremos nos aproximar e manter,

sempre, nossa transparência.

Desejamos uma excelente leitura.

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20175

Três anos que representam um só período de mudança organizacional em Fé e Alegria BRASIL. Este foi o nosso objetivo, enquanto mobilizamos a nossa Fundação para o Planejamento Estratégico e o seu Plano de Ação Atual. O poder de motivação da educação popular decorre do seu po-tencial de sinalizar às pessoas o poder que possuem para produzir ciência, porque a realidade e as mudanças interpelam noite e dia os seus sentidos. O que acontece é que nem sempre essa realidade sutil é apreen-dida, se tornando apenas meras informa-ções, ao invés de conhecimento. Então, diante da avalição trienal des-ta direção, certamente perguntamos quais são os “benefícios” internos (recursos pes-soais) e externos (estrutura, materiais e pro-cessos) que percebemos nestes três anos, a fi m de continuar produzindo conhecimento, discernimento e avançar no processo orga-nizacional? Estamos mudando o que é pre-ciso e mantendo a essência de Fé e Alegria? Ou a distração do ceticismo, frustração, an-gustia, confusão e confl ito nos amarram e nos congelam no passado? Acredito que estas perguntas ajudam-nos a situar onde estamos e como estamos neste processo organizacional de nosso Plano de Ação de 2016 a 2020. Tendo presente que o mundo é mu-dança e afeta a todos nós. Dançar a dança das mudanças já não é uma opção livre e gratuita das organizações. Passou a ser uma condição básica de sobrevivência e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de ma-nutenção da fi delidade criativa aos novos tempos. Nosso desafi o é manter a mudança

e a essência de nossa organização na atua-lidade. Mudar sempre, mas com essência e propósito. Fé e Alegria nasceram sob o alicer-ce das grandes mudanças na América La-tina e já enfrentou mudanças colossais; não é agora que vai retroceder diante das for-ças contrárias à sua magnitude de estar no mundo, demonstrada pela defesa dos valo-res da alteridade de inclusão e da convi-vência pacifi ca. O legado organizacional dos primeiros educadores nos inspira até hoje. Sua grandeza foi nos ensinar que a adapta-bilidade é a capacidade de sobreviver em mundo mutante, mudando o que for ne-cessário, mas mantendo uma essência, um padrão, um eixo que permita a constante transformação. Abrir-se para o futuro, mar-cando as coisas com profundidade e visão do todo. Aparentemente, não tememos a mu-dança, mas tememos o que a mudança faz conosco. Do processo de tomada de de-cisão até a sua execução é um deserto. Esse pedaço de nosso ser que terá que ser reconfi gurado a partir de uma nova realidade, é o que dói. Porque, para a nova realidade se concretizar demora um pouco, ainda mais para uma geração infl uenciada pela tecnologia, que cria uma percepção de encurtamento do tempo. Para ela, um ano pode parecer uma eternidade. Com esse cenário, para que haja uma mudança assertiva e adaptativa, é preciso ter clareza da diferença entre mudança e transição. Mudança é um evento externo, circunstancial, pontual, e transição é um processo interno, pessoal, complexo, emo-

PRESIDENTECarta do

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20176

cional e comportamental, experimentada pelos indivíduos diante de uma nova reali-dade. Dessa forma, qualquer tipo de mu-dança só pode acontecer se houver transi-ção e, por isso, para a que a mudança ocor-ra é preciso mudar duas vezes. E transição envolve as pessoas, que garantem esse processo e a mudança efetiva. Caso contrá-rio, fi caremos estagnados no mesmo lugar de onde gostaríamos de sair, ou retrocede-remos. E com relação à organização de nos-sa Fundação é importante perguntarmos onde estamos e como estamos nesse pro-cesso. Como estamos envolvidos? Acredito que o princípio que nos guia nesse momento, depois do Planejamento Estratégico é o da análise e testes de possi-bilidades do que pode funcionar ou não. Ainda enfrentamos momentos de sucesso e declínio , enfrentando o medo e a insegurança. Porém, estamos entrando em contato gradual conosco, porque é um espaço desconhecido e que não está cons-truído. Infelizmente, um vazio criativo vai tomando corpo em nós, mas, aos poucos, vamos encontrando as luzes e adquirindo maior confi ança, incorporando novas for-mas e crenças em nossa vida. Aqui é impor-tante perceber os benefícios da atualização da proposta socioeducativa, que devem ser

maiores do que os das antigas propostas. Realizados os ajustes necessários, é possível iniciar o momento do recomeço e de se experimentar uma nova realidade e confi rmar o propósito da missão. É preciso simbolizar uma nova realidade, com entu-siasmo, confi ança, energia e esperança. É novo tempo para rever as curvas e conso-lidar novas ações e hábitos. Tempo em que vamos cristalizando uma nova cultura orga-nizacional em Fé e Alegria, descongelando os antigos modelos mentais, decorrentes de crenças sistêmicas de Fé e Alegria que, apesar das vivências exitosas, são insufi -cientes para a realidade vigente . Aos pou-cos vamos evoluindo e fi rmando-nos nesse caminho que escolhemos, amadurecendo um novo agir. Sendo assertivo e consistente com esse caminho, garantindo a segurança e a fi rmeza nos processos. Apresentar e ga-rantir rápidas conquistas, ritualizar os suces-sos já obtidos e reconhecer os protagonis-tas dos nossos colaboradores e parceiros.

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20177

Co n s e l h o C u ra d o r PRESIDENTE DO CONSELHO Pe. João Claudio Rhoden, SJ

CURADOR Dr.Prof Fabio Prado

CURADOR Dr. Silvio Calazans de Toledo Piza

CURADORA Dr.Prof. Sonia Maria Vasconcelos de Magalhães

CURADOR Pe. Pedro Rubens Ferreira de Oliveira, SJ

CURADOR Pe. José Paulino Martins, SJ

Co n s e l h o F i s ca lPRESIDENTE Ir. Vendelino Kroetz

FISCAL Sr. Luiz Fernando Barreto Guerreiro

FISCAL Ir. Érick Souto Viana

D i re çã oDIRETOR PRESIDENTE Pe. Pedro Pereira da Silva, SJ

DIRETOR VICE-PRESIDENTE DE AÇÃO PÚBLICA Pe. Carlos James dos Santos, SJ

QuemSOMOS

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20178

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Relatório Anual - Fé e Alegria 20179

No que

MISSÃO

Impulsionar a partir das comunidades nas quais trabalha, com elas e para elas, processos educativos integrais, inclusivos e de qualidade, comprometendo-se com a transformação das pessoas para construir sistemas sociais justos e democráticos.

VISÃO

Ser referência da Educação Popular integral, inclusiva e de qualidade, que trabalha nas fronteiras de maior exclusão social, incide em politicas nacionais e internacionais, é sustentável e desenvolve, com as comunidades, propostas que contribuem para a construção de sociedades equitativas, solidárias, participativas, livres de violência e que respeitam a diversidade.

ACREDITAMOS

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201710

O queFAZEMOS

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201711

EDUCAÇÃO

Na Educação, Fé e Alegria do Brasil atua na Edu-cação Básica, formada pela Educação Infantil e Ensino Fundamental, em parcerias e convênios com a rede pública, como governos estaduais e municipais. Educação infantil

- Com crianças de zero a 3 anosSanta Luzia-MG, Cuiabá - MT, São Paulo-SP e Cariacica-ES.

- Com crianças de zero a 4 anosCariacica-ES, Cuiabá-MT, Palhoça-SC e Santa Luzia-MG.

- Ensino Fundamental I e II Ilhéus - BA, Gurupi - TO, Tocantínia - TO.

- Educação Especial Cuiabá-MT.

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201712

Em sua frente de Promoção Social, Fé e Ale-gria Brasil atua com Serviços da Proteção Social Básica, Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade.

PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICAServiço de Convivência e Fortalecimento de Víncu-los Familiares e Comunitários

- Com crianças de até cinco anos e 11 mesesVazantes-CE e Marambaia-RJ.

- Com crianças e adolescentes de 6 a 14 anos e 11 mesesManaus-AM, Ilhéus-BA, Vazantes-CE, Cariacica-ES, Santa Luzia-MG, Montes Claros-MG, João Pesso-a-PB, Olinda-PE, Recife-PE, Marambaia-RJ, Natal-RN, Porto Alegre-RS, Palhoça-SC, São Paulo-SP e Gurupi-TO.

- Com adolescentes e jovens 15-17 anos e 11 mesesIlhéus-BA, Vazantes-CE, Montes Claros-MG, João Pessoa-PB, Olinda-PE, Natal-RN, Porto Alegre-RS e Gurupi-TO. - Com jovens e adultos 18-29 anos e 11 mesesVazantes-CE, Montes Claros-MG, João Pessoa-PB, Olinda-PE, Natal-RN e Gurupi-TO.

- Com adultos de 30-59 anos e 11 mesesMontes Claros-MG, João Pessoa-PB, Olinda-PE, Natal-RN e Gurupi-TO.

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADEServiço Especializado em Abordagem Social e Ser-viço Especializado para pessoas em situação de rua - Porto Alegre-RS.

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE ALTA COMPLEXIDADEServiço de Acolhimento Institucional para crianças e adolescentes e Serviço de Acolhimento em Famí-lia Acolhedora - Vitória-ES.

ASSISTÊNCIA SOCIAL

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201713

Na Formação para o Trabalho, Fé e Alegria Brasil atua no âm-bito da socioaprendizagem visando a promoção da integração ao mundo do trabalho e no âmbito do empreendedorismo possibilitando com que pessoas e grupos de pessoas desen-volvam o seu próprio negócio. Socioaprendizagem– Cuiabá – MT e Recife – PE.

Formação Para o Mundo do Trabalho– Santa Luzia – MG, Montes Claros – MG, Vazantes – CE, Ma-naus – AM, Palhoça – SC, Laranja da Terra – ES.

FORMAÇÃO PARA TRABALHO

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201714

Num contexto de crise econômica, política e institucional, o ano de 2017 foi marcado pela crise de legitimidade dos três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciá-rio. A operação Lava-Jato tem investigado diversos crimes, como corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, cometidos por agentes políticos e empresários. A operação causou um gran-de desconforto nesses setores e ganhou o apoio de parte da sociedade. Simultane-amente, apesar do importante papel das instituições de controle - como o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Poder Judiciário - no zelo com os recursos públi-cos, muitos movimentos e setores sociais questionam a sua imparcialidade e modo de atuação. No âmbito do poder Executivo e Le-gislativo, o ano começou com a divulgação de um áudio da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesly Batista, que sugere a autorização do presidente para a compra do silêncio do ex-deputado fede-ral Eduardo Cunha. Houve boatos de que o presidente renunciaria; entretanto, em um pronunciamento oficial em 18/05/2017, ele afirmou o contrário. Após esse evento, Mi-chel Temer ainda foi alvo de duas denúncias do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva e obstrução da justiça - desdobramento desses áudios que chocaram o país - tornando Michel Temer o primeiro presidente brasileiro a ser denun-ciado por um crime comum no exercício do mandato. Ambas as denúncias não passa-ram pelo Congresso Nacional, ensejando análises de que a manutenção do cargo foi

possível devido à barganha com aliados em troca de aprovações de políticas de interesse da bancada ruralista. O ano de 2017 também foi marcado por diversas reformas: política, trabalhista e do ensi-no médio. A primeira foi aprovada em outubro e trouxe alterações sobre a cláusula de barreira para acesso ao fundo partidário, o teto para gastos de campanha, nas regras sobre propaganda política, dentre outros. A reforma trabalhista foi aprovada em abril, em meio à uma greve geral nacional e diversos protestos, e entrou em vigor em novembro, trazendo alterações nas regras das negociações coletivas, jornada de trabalho, liberação da terceirização para atividade-fim, dentre outros. Por fim, a reforma do ensino médio foi sancionada pelo Senado em fevereiro de 2017, após a polêmica de sua aprovação por meio de medida provisória em 2016. A Base Nacio-nal Curricular Comum (BNCC) do ensino médio, entretanto, ainda não foi concluída apesar da previsão de mudanças nas escolas públicas e privadas a partir de 2018. Finalmente, em 2017 o Executivo Federal também realizou diversas tentativas de articulação com a sua base no Con-gresso Nacional para a aprovação da reforma da previdência, apontada como necessária para o

NOBRASIL E NO MUNDO:COMO FOIO ANODE 2017

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201715

controle da inflação. Apesar disso, não obte-ve maioria e a reforma acabou ficando para votação em 2018. Tais reformas receberam o rótulo de “impopulares” por terem sido propostas sem um debate amplo com a sociedade civil e pelo fato de serem interpretadas como um ataque aos direitos sociais num cenário de crise econômica e política. Como movimen-to de Educação Popular e Promoção Social, Fé e Alegria Brasil destaca a importância de atentar a esses momentos de grande ins-tabilidade institucional, pois eles oferecem oportunidades de questionar o status quo e de pensar em novos modelos de repre-sentação política que atendam aos desafios impostos pela modernidade. Por outro lado, a tendência de polarização e aversão ao di-álogo pode minar esse potencial criativo, le-vando o pensamento político aos extremos. É por isso que acreditamos na Educa-ção Popular como uma proposta que pro-move e potencializa as capacidades crítica, analítica e dialógica dos(as) educandos(as) e de suas famílias, criando oportunidade para que estes sejam cidadãos autônomos e ativos, individualmente ou coletivamente, no cenário descrito.

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201716

SE INFORME CONOSCO – REPORTAGEM ESPECIAL

Juventude &Periferia:quem está por eles?

A morte do adolescente Marcos Viní-cius da Silva no complexo da Maré, duran-te uma operação das forças de segurança em junho de 2018, chocou e entristeceu a todos. O adolescente foi atingido pelas costas, vítima de uma bala perdida en-quanto ia para a escola. A trágica e violen-ta interrupção da vida de Marcos expõe a fragilidade da efetivação do direito à edu-cação e de todos os outros prescritos na Convenção sobre os Direitos da Criança. Apesar do grande desenvolvimento le-gislativo nos temas relativos à proteção integral de crianças e adolescentes e dos avanços na elaboração e implementação das políticas públicas voltadas para esse público, a morte de Marcos Vinícius e de tantos outros adolescentes nos interpela a questionar: como prevenir e enfrentar a exposição de crianças e adolescentes aos diversos tipos de violência nas periferias brasileiras? E como podem ser garantidos os seus direitos nesse contexto, especial-mente o direito à educação?

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201717

Desde a promulgação da Constitui-ção Federal de 1988, a produção legislativa sobre os direitos das crianças e dos ado-lescentes impôs um alto padrão normativo para a proteção dessa população, estabele-cendo o direito ao “desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condi-ções de liberdade e de dignidade.” (Art. 3º, ECA). A proteção integral, portanto, deveria ser assegurada através de políticas públi-cas intersetoriais e da atuação dos órgãos e atores do Sistema de Garantia de Direitos. Infelizmente, a concretização do que está previsto em lei ainda é um grande desafio no Brasil, especialmente nas regiões perifé-ricas, que são as que mais sofrem com altos índices de violência, decorrentes da não ga-rantia de direitos sociais.

O impacto dessa realidade se revela na análise dos dados relativos à garantia do direito à educação. Embora tenham aconte-cido avanços nessa área - com a crescente universalização do acesso e a maior perma-nência e aprendizagem na escola - ainda permanecem grandes desafios em rela-ção à evasão escolar e à qualidade do en-sino (UNICEF, 2015). De acordo com dados da PNAD, “de 1990 a 2013, o percentual de crianças com idade escolar obrigatória fora da escola caiu 64%” (UNICEF, 2015, p. 16). Por outro lado, três milhões de meninos e meninas - majoritariamente negros, pobres, quilombolas e indígenas - ainda estão fora da escola. Segundo o relatório do UNICEF (2015, p. 16), “grande parte dos excluídos vive nas periferias dos grandes centros ur-banos, no Semiárido, na Amazônia e na zona rural.”

“CRIANÇAS COM IDADE ESCOLAR OBRIGATÓRIA

FORA DA ESCOLACAIU 64%”

TRÊS MILHÕES DE MENINOS E MENINAS

MAJORITARIAMENTENEGROS, POBRES, QUILOMBOLAS E

INDÍGENAS AINDAESTÃO FORA DA ESCOLA.

“GRANDE PARTE DOSEXCLUÍDOS VIVE NAS

PERIFERIAS”

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201718

Quanto à permanência na escola e qualidade do ensino, é evidente que a mera matrícula não é suficiente para garantir o aprendizado e a conclusão bem-sucedida dos estudos. Isso porque o nível de vulne-rabilidade do território em que a escola está inserida também influencia a qualidade da educação: o ambiente escolar é afetado pelas desigualdades e violações que per-meiam o seu entorno. Dessa forma, é im-possível assegurar o direito à educação e os demais direitos das crianças e adolescentes num território em que políticas públicas de segurança, saúde, assistência social, trans-porte, lazer, cultura, etc., são inexistentes. Nesse sentido, pesquisa realizada pelo CENPEC (2011) sobre educação e terri-tórios de alta vulnerabilidade, em São Pau-lo, corrobora a afirmação anterior ao eviden-ciar a relação que existe entre o território em que se localiza a escola e as oportunidades educacionais oferecidas aos estudantes. O estudo revela que “quanto maiores os ní-veis de vulnerabilidade social da vizinhança, mais limitada tende a ser a qualidade das oportunidades educacionais oferecidas” (CENPEC, 2011, p. 6). Alguns dos processos e mecanismos que causam essa tendên-cia é a ausência de equipamentos públicos nesses territórios, concentrando na escola a responsabilidade de resolução dos pro-blemas sociais que fogem de sua alçada (CENPEC, 2011, p 7-8).

“AUSÊNCIA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS NESSES TERRITÓRIOS, CONCENTRANDO

NA ESCOLA A RESPONSABILIDADE DE RE-SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS SOCIAIS QUE

FOGEM DE SUA ALÇADA”

“MOBILIZAÇÕES EM PROL DA GARANTIA DE DIREITOS SEJAM

FORTALECIDAS”

As evidências acima e a morte de Marcos trazem à consciência a realidade brutal sobre os níveis de letalidade juvenil que assolam as periferias do Brasil. O reco-nhecimento dessa situação de desigualda-de e violação de direitos, entretanto, é um passo necessário para a mudança: a popu-lação precisa se organizar para aumentar a capacidade de reação e pressão. Isso é fundamental para que as mobilizações em

prol da garantia de direitos sejam fortaleci-das e para que se demande, dos tomadores de decisão e órgãos pertinentes, a oferta de serviços públicos de qualidade e o fortale-cimento do Sistema de Garantia de Direitos. Numa outra perspectiva, também é possível fomentar mudanças através da re-flexão sobre os problemas da comunidade em ambientes educativos e da criação de oportunidades para que as crianças e os adolescentes intervenham nos territórios em que vivem: existem diversas experiên-cias de transformação que surgem na es-cola e em outros equipamentos, por meio de atividades e projetos com esse fim. Além disso, resultados animadores demonstram o desenvolvimento da autoestima de crian-ças e adolescentes e o fortalecimento de seus vínculos com o bairro em que vivem. Iniciativas ligadas à ativação de grêmios e conselhos escolares, por exemplo, podem facilitar esses processos de empoderamen-to e protagonismo. Além disso, é imprescin-dível conceber iniciativas que atentem aos cuidados com a saúde mental e emocional dessas crianças e desses adolescentes, muitas vezes expostos à situações de violência.

É evidente que, diante de histórias como a de Marcos, reconhecemos a limitação de tais medidas para resolver imediatamente os problemas estruturais do Estado brasilei-ro relacionados à segurança pública, ausên-cia de equipamentos públicos nas periferias e os limites do Sistema de Garantia de Di-reitos. Entretanto, essas medidas fornecem insumos para a construção de uma cultura de paz e não-violência, para aumentar a au-toestima das crianças e dos adolescentes e para potencializar a capacidade crítica e a luta pela efetivação de direitos humanos.

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201719

O exemplo de iniciativas simples e concre-tas que transformam parte da comunida-de e, concomitantemente, cada envolvido nessas atividades - estudantes, professo-res, pais, moradores da comunidade, entre outros - mantém viva a esperança de que os uniformes escolares sejam alvo apenas de tinta guache e que a vida das crianças e adolescentes seja protegida integralmente.

Referências

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância. ECA 25 anos: Estatuto da Criança e doAdolescente:avançosedesafiosparaainfância e a adolescência no Brasil. 2015

CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Edu-cação em territórios de alta vulnerabilidade social na metrópole: síntese das conclusões. 2011

“a população precisase organizar para

aumentar a capacidade de reação e pressão”

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201720

NOSSOATENDIMENTO

EM NÚMEROS

Em todas as regiões do país: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul

Estamos 15 estados do Brasil

24 centros sociais e educativos

+543 colaboradores em todo Brasil, sendo:

431 mulheres e 112 homens.

86% das mulheres ocupam cargos de liderança.

ATENDIMENTOS

Educação forma & infantil: 1.620 atendimentos

Promoção social:

8.192 atendimentos

9.812 beneficiários diretos

5.140meninas & mulheres

4.672 meninos & homens

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201721

TRANSPARÊNCIABalanço Patrimonial

Receitas Operacionais

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201722

TRANSPARÊNCIAReceitas Operacionais

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201723

TRANSPARÊNCIADespesas Operacionais

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201724

FUNDAÇÃO FÉ E ALEGRIA DO BRASILCNPJ: 46.250.411./0001-36

Opinião

Examinamos as demonstrações contábeis da FUNDAÇÃO FÉ E ALEGRIA DO BRASIL que com-preendem o balanço patrimonial, em 31 de dezembro de 2017, e as respectivas demonstrações do resultado do período, das mutações do patrimônio líquido, e dos fluxos de caixa, para o exer-cício findo nessa data, bem como as correspondentes notas explicativas, incluindo o resumo das principais políticas contábeis.

Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas apresetam adequadamente em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Entidade, em 31 de de-zembro de 2017, o desempenho de suas operações e seus fluxos de caixa para o exercício findo nessa data, de acordo com as práticas contábeis adoradas no Brasil.

Comunicamo-nos com os responsáveis pela administração a respeito, entre outros aspectos, do alcance planejado, da época da auditoria e das constatações significativas de auditoria, in-clusive as eventuais deficiências significativas nos controles internos que identificamos durantenossos trabalhos.

São Paulo – SP, 20 de abril de 2018

AUDISA AUDITORES ASSOCIADOSCRC/SP 2SP 024298/O-3

TRANSPARÊNCIA

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201725

MANAUS, AMRua Tocantinópolis, 237Comunidade Grande VitóriaCEP: 69086-662Telefone: 92 3638 7098

ILHÉUS, BA2ª Travessas São Jorge S/NBairro Nossa Senhora da VitóriaCEP: 45655-474Telefone: 73 3632 2501

VAZANTES, CERua do Comércio S/NAracoiabaCEP: 62750-000Telefone: 85 3337 4078

CARIACICA, ESRua da Vitória S/NNova EsperançaCEP: 29157-505Telefone: 27 3284 4025

LARANJA DA TERRA, ESEstrada Laranjinha, S/NDistrito SedeCEP: 29615-000Telefone: 27 3025 2398

VITÓRIA, ESRodovia Serafim Derenzi, 57Santo AntônioCEP: 29026-473Telefone: 27 3025 2398

MONTES CLAROS, MGCentro Social de CulturaSão Luiz GonzagaRua Lagoa Imboacica, 416, CarmeloCEP: 39402-716Telefone: 38 3213 9393

SANTA LUZIA, MGRua Nove, 64Nova ConquistaCEP: 33146-040Telefone: 31 3635 8252

CUIABÁ, MTCentro de Educação InfantilRosa Mutran MalufRua 22 de Novembro, S/NJardim UniãoCEP: 78055-855Telefone: 65 3634 6146

Centro de Educação InfantilPadre Jose Ten CateRua Clovis Pompeu de Barros, S/NNovo Paraiso IICEP: 78055-000Telefone: 65 3641 2969

Centro - Vida e FraternidadeRua Olímpia, 191PlanaltoCEP: 78058-782Telefone: 65 3321 3808

JOÃO PESSOA, PARua Visconde de Ouro Preto, 505Alto do CéuCEP: 58027-641Telefone: 83 3512 6314

OLINDA, PERua 12 de dezembro, 109Águas CompridasCEP: 53160-380Telefone: 81 9 9818-0085

RECIFE, PERua do Príncipe, 526Boa VistaCEP: 50050-900Telefone: 81 2119 4448

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201726

MARAMBAIA, RJRua Pelotas, 251Jardim Parque Estoril, Nova IguaçuCEP: 26062-480Telefone: 21 3767 8296

NATAL, RNCentro Boa EsperançaRua Tijuana, 472Lagoa AzulCEP: 59139-350Telefone: 84 3205 5522

PORTO ALEGRE, RSRua José Luiz Peres Garcia, 17FarraposCEP: 90250-470Telefone: 51 3362 1200

PALHOÇA, SCRua Américo Vespúcio, S/NBarra do Aririu - Jardim LaranjeirasCEP: 88134-420Telefone: 48 3344 1033

SÃO PAULO, SPCentro de Educação InfantilFé e Alegria TaipasEstrada de Taipas, 3630Jardim RincãoCEP: 02991-970Telefone: 11 3941 0077

Centro Social - CCA - Fé e Alegria TaipasRua Cascatas da Cantareira, 03Jardim RincãoCEP: 02991-970Telefone: 11 3941 6306

Centro Social de Educação e CulturaGrajaúAvenida Carlos Barbosa Santos, 235CEP: 04852-016Telefone: 11 5931 6253

Sede NacionalRua Assungui, 626 – sala 1Vila GumercindoCEP: 04131-001São Paulo - SPTelefone: 11 5549 3343

GURUPI, TOAvenida Maranhão, 1313Setor CentralCEP: 77.410-020Telefone: 63 3312 5500

PALMAS, TOQuadra 406 Norte Alameda 03 APM 10Plano Diretor NorteCEP: 77006-470Telefone: 63 3224 7711

TOCANTÍNIA, TORua Teodomito Carneiro, 50Setor CentroCEP: 77640-000Telefone: 63 3367 1322

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201727

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Relatório Anual - Fé e Alegria 201728

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