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Apresentação

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Apresentação

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Apresentação

Escolhemos para tema do mês um texto do senhor D. Jorge Ortiga sobre o Bom Jesus do Monte.

Do senhor Arcebispo Primaz publicamos também as homilias proferidas no dia de Páscoa, no na ordenação de quatro diáconos, na bênção de grávidas. Publicamos ainda textos escritos a propósito da Semana das Vocações, dos 50 anos do CPM no arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, por ocasião dos 300 anos da capela e festa da Senhora dos Remédios.

Publicamos da Conferência Episcopal portuguesa o Comunicado final da última assembleia plenária, notas pastorais sobre a presen-ça franciscana em Portugal e sobre migrantes e refugiados e uma mensagem para o Dia da Mãe.

Do Santo Padre publicamos a mensagem Urbi et Orbi e damos notícia da publicação da exortação apostólica «Gaudete et exultate».

Informamos do 99.º aniversário do «Diário do Minho» e da publicação de mais um volume de «Flaches da vida», de Mons. António Alves Moreno.

Em textos de Mons. José Maria Lima de Carvalho recordamos os padres Joaquim Ferreira de Faria e Armando Luís de Freitas.

O Diretor

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Tema do Mês

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Bom Jesus do Monte: das origens a património mundial

Discurso do senhor D. Jorge Ortiga em 12 de abril, numa conferência de imprensa sobre o Bom Jesus do Monte.

Início esta despretensiosa partilha de alguns elementos históricos com uma declaração de interesse. Os meus parcos conhecimentos históricos, adquiridos na Faculdade de História da Igreja com a experiência docente durante os anos anteriores ao episcopado e, particularmente, algum conhecimento da multisecular história da Arquidiocese de Braga, permitiriam a escolha de um argumento com pertinência e adequação a este local e a esta Academia.

A circunstância de viver a responsabilidade de conduzir uma grande Diocese faz com que nos apaixonemos por determinadas problemáticas que acompanham, consciente ou inconscientemente, o quotidiano da nossa existência.

Devo confessar que, nos últimos anos, me apaixonei pela Can-didatura do Bom Jesus a Património da Humanidade. A candidatura não foi elaborada por mim. Era um mero companheiro de uma viagem de grande responsabilidade e exigência e procurei dar alento

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e estímulo com a presença nos momentos mais significativos e com as palavras, não para entusiasmar quem estava mais apaixonado do que eu, mas para oferecer presença e partilhar das alegrias que iam sendo alcançados.

Recordo quanto Simone Beauvoir afirmava. “O presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação.” Gostaria que a minha vida não fosse este suceder-se de momentos repletos de potencialidades sonhadoras. Tudo me obriga a escolher e a agir. Nesta circunstância da minha vida, onde sou acolhido no seio da Academia de História, constituída por pessoas de inteligência invulgar, manifestada nas obras que publicam, vinda ao meu encon-tro de um modo totalmente inesperado e imerecido, gostaria que significasse um sério compromisso para decidir e particularmente agir pela promoção do nosso património, promovendo por ele um maior conhecimento histórico, não só de âmbito académico mas essencialmente querido e procurado pelo nosso povo. Promover significa conhecer e dar a conhecer, sabendo que são poucos aqueles que se interessam pelas riquezas da nossa história fazendo com que este desconhecimento conduza a muitas decisões e atitudes que estão a trair a nossa verdadeira identidade. Recordo quanto Sören Kierkegard afirma: “A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para o futuro”. Olhando para a história do Bom Jesus quero dar o meu contributo para que o futuro de um local carregado de muita história possa ser diferente. Com este compromisso quero agradecer a distinção que me foi concedida. As palavras valem pouco, mas a certeza de que procurarei trabalhar com os olhos na história que alicerça as minha opções, pode manifestar-vos quanto estou grato a esta Academia.

I - As origens

O conjunto monumental do Bom Jesus do Monte, ex-libris da cidade de Braga, é, com certeza, o mais majestoso, o mais sim-

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bólico e o mais poético sacro-monte construído na Europa, onde predomina a arquitetura religiosa, barroca, rococó e neoclássica.

Desde que a presença humana se fez sentir na colina sagrada do Bom Jesus, a partir do século XIV, se notou a presença dos romeiros movendo-se a pé, pelo elevador ou com precários meios de transporte, tornando esta estância barroca como uma das maio-res rotas sagradas, pelo seu valor penitencial, ritual de purificação, romaria, tradição popular, lazer e repouso.

O período após o Concílio de Trento fez brotar os montes sacros espalhados pelas colinas do Piemonte e Lombardia, onde é marcante a influência de S. Carlos Borromeo, amigo do Beato Bartolomeu dos Mártires com quem teve uma comunhão espiri-tual muito séria e, sobretudo, partilhou um compromisso de luta e prossecução dos objetivos traçados pelo Concílio de Trento para a consequente Reforma Católica, reconhecidos, em 2003, património mundial da humanidade pela UNESCO: No Piemonte (Belmonte, Crea, Domodossola, Griffa, Oropa, Orta e Varallo Sesia); na Lom-bardia (Ossuccio e Varese).

Também os montes sacros portugueses, instrumentos para a im-plementação de um programa de catequese sistemática, se inspiram nas ordenações tridentinas e se enquadram, perfeitamente, na ideia de peregrinação, onde não podem faltar elementos inspiradores: um caminho devocional ao longo das encostas de uma colina, ambiente tranquilo e isolado, a presença de estruturas, com uma qualidade monumental, como capelas e fontanários, que são cobertos com esculturas ou pinturas de arte altamente expressiva, cenas que evocam a via-sacra e os diferentes momentos da paixão de Cristo. Também existem outros dedicados a Maria onde os momentos bíblicos da sua vida são representados, em capelas variadas e de um modo expressivo em diversas formas de arte desde a pintura à escultura.

Daí que os chamados “Sacri Monti” sejam um complexo de índole religiosa, uma estância cativante e paradisíaca, um local de fé, uma obra de arte em diálogo com a paisagem e a natureza envolvente, com o objetivo de criar um lugar sagrado que fos-

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se uma alternativa a Jerusalém e à Palestina, um espaço onde se reúnem todas as componentes da «via-crucis», fazendo dele um centro irradiador de fé. Sabemos que a Idade Média e períodos subsequentes estava marcada pela ideia da Peregrinação a Jerusalém, como expressão de conversão de hábitos e comportamentos ou como forma ascética de vivenciar a santidade. A impossibilidade de chegar a Jerusalém, por razões de saúde ou de ordem económica, eram substituídas pela passagem por estes locais que, na sua arte, expressavam uma quase identidade com a Terra Santa.

Tal, como no reino messiânico (Livro de Isaías), onde os ani-

mais coabitam pacificamente, também no Bom Jesus do Monte a alma revê-se na pedra edificada, o sacro dá as mãos ao profano, o antigo convive com o contemporâneo, a paixão de Cristo vê-se paredes-meias com o escadório, a proteção da natureza procura a compatibilização com o espiritual, o ambiental e o turismo.

O Bom Jesus, referência incontornável da arte barroca em Portugal, apresenta-se revestido de originalidade, proporcionando um autêntico espetáculo visual. O Barroco, mais que um estilo, é um tempo de festa, encantamento, magnificente, eloquente, um itinerário cenográfico, catequético e de sonho, usando até aos li-mites os sentidos.

Nasce a partir de uma montanha, que, posteriormente se envolve num conjunto de espaços e estruturas que pretendem facilitar os sentimentos que os peregrinos de diversos outros lugares sentiam e experimentavam. Desde sempre, e na sua génese, o Bom Jesus se apresentou como um santuário de peregrinação, tornando-se no séc. XIX, o maior centro de peregrinação em Portugal. O Bom Jesus do Monte, a «Nova Jerusalém», o lugar da «Cruz» e da Paixão de Cristo.

A tradição secular da peregrinação, como testemunho de fé, está presente na história das religiões, em muitas culturas (hindu, judaica, muçulmana, cristã), em muitos destinos de peregrinação (Jerusalém, Roma, Santiago de Compostela, Bom Jesus do Monte).

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É imbuído neste espírito que os Sacri Monti, depois de Itália, se espalham por outras áreas da Europa, Portugal, Suíça, Áustria, Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Checoslováquia e casos es-porádicos na Hungria, Turquia, Rússia e Jugoslávia. A montanha sagrada do Bom Jesus do Monte, em Braga, cujas raízes remontam ao século XIV, desenvolve-se a partir dos finais da Idade Média, quando emergem os primeiros movimentos de peregrinação, devoção e culto, evocando a «Nova Jerusalém».

Alguns elementos históricos:Machado de Vasconcelos refere uns estatutos, redigidos em

1373 (aprovados em 1378), de uma confraria sediada em Braga - Confraria da Trindade. Neles se “ordenava” que, para exaltação da Santa Cruz de Jesus Cristo, “por dia de S. Joane do mes de Mayo de cada anno” (S. João Evangelista - dito da Porta Lati-na – celebrado a 6 de Maio), se fizesse procissão à Ermida de Santa Cruz do Monte. Quer dizer: todos os anos os confrades e, certo, mais povo que os acompanhava, subiam em romagem e procissão de Braga à Santa Cruz do Monte! Outra nota, de facto importante e aí inserta: consagrava-se por escrito uma prática já antiga, pois dizia-se, igualmente, nesses mesmos estatutos, que era costume assim fazerem seus pais e avós havia já uns trinta ou quarenta anos! Estas notas são de decisiva importância para a História da Santa Cruz - hoje Bom Jesus do Monte. Assim o vemos “agora” também referido no trabalho de Alberto Feio, datado 1930 tomando esse testemunho de José Machado como seguro. Tudo supõe a existência de uma pequena ermida que existindo em 1373 se supõe que já em 1341-42 fosse local de peregrinação e devoção.

O arcebispo Dom Rodrigo da Cunha atribuiu ao arcebispo D. Jorge da Costa II a construção, em 1494, de uma ermida de reduzidas dimensões, no mesmo local e que teremos de aceitar como uma segunda ermida. Três décadas depois, em 1522, o deão bracarense D. João da Guarda, em virtude da anterior já não com-portar os devotos, mandou reedificá-la e ampliá-la a expensas suas,

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em cantaria lavrada ao gosto da época, um gótico peninsular, como provam alguns vestígios que chegaram até nós.

Corria o ano de 1629, quando um punhado de devotos braca-renses pensaram na fundação de uma confraria, sob a invocação do Bom Jesus do Monte, para reacenderem a extinta devoção à Santa Cruz. É a partir desta data que a encosta ocidental do Monte de Espinho se transforma no Monte Calvário, encastoado na montanha a leste da cidade de Braga, e se instituiu uma confraria «debaixo da glorioza invocação do mesmo dulcíssimo nome do Bom Jesus. Seus confrades com esmolas dos devotos, lucros dos bailes e Passos da Sagrada Escritura nas atividades que se faziam em obséquio do santíssimo sacramento, fizeram quartéis e fundaram pequenitas Capelas dos Passos da Santíssima Paixão de Jesus Cristo, que eram somente nichos muito pequenos, nem mais figuras lhe cabiam pela pequenez das mesmas capelas». Nota-se, aqui, a ideia dos Sacri Monti em escala ainda muito reduzida, mas que se torna expressiva e simbólica, sobretudo, testemunhando a procura dos devotos que aí de deslocavam em atitude penitencial e de devoção.

Em 1720, Dom Rodrigo de Moura Telles, «o restaurador do Bom Jesus», vendo o estado lamentável a que tinha chegado o templo devido ao quase abandono causado pela administração do Deão Francisco Pereira da Silva, nomeia-se Juiz da Confraria e inicia um processo de reabilitação total da estância: constrói um novo templo no Largo do Pelicano, de forma elítica; delineou os escadórios iniciando-os pelo pórtico; as Capelas da Via-Sacra; os Escadórios dos Cinco Sentidos.

Dom Gaspar de Bragança, em 1773, a pedido da Mesa do Bom Jesus, conseguiu, junto do Papa Clemente XIV, que fossem concedidas graças espirituais, com que a igreja costuma beneficiar os romeiros que visitavam os lugares consagrados pela piedade cristã. No mesmo ano, o Papa expedia três Breves, concedendo aos peregrinos e romeiros do Bom Jesus um Jubileu, com graças e privilégios.

Com a afluência extraordinária de devotos, de esmolas e de doações, o templo de reduzidas dimensões, construído em tempo

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de D. Rodrigo de Moura Teles, tornara-se, agora, acanhado, não respondendo ao elevado concurso de gente. Projetou-se, então, uma nova construção, não só pelas razões expostas, como também porque a existente ameaçava ruína. O plano seria assumido pelo arquiteto Carlos Amarante, personalidade de renome que deixou a sua marca em muitos edifícios que caracterizam a cidade de Braga, homem da confiança e da corte do Arcebispo de Braga, D. Gaspar de Bragança. A primeira pedra seria colocada, no dia 1 de junho de 1784, coincidindo com a tradicional festividade e romaria do Espírito Santo. A devoção ao Espírito Santo ficou sempre ligada a este espaço. Trata-se se um dado muito curioso atendendo a que, infelizmente, é uma devoção com insignificante presença na Ar-quidiocese. A partir desta data o Santuário foi ampliando os seus espaços onde, para além de outros elementos carregados de grande sentido místico e ascético, emergem as 19 capelas onde os diversos passos da paixão do Senhor são representados de um modo icónico muito rico e interpelativo.

O conceito de santuário está ligado ao templo e/ ou à sacra-

lidade do lugar como “ponto de confluência de peregrinações”, local devotado genericamente ao culto das relíquias, á veneração da iconografia de santos ou de dedicação mariana ou cristológica (Penteado, 2000). E é neste último sentido que enquadramos a tipologia do santuário do Bom Jesus do Monte, numa matriz de santuário de relíquias e um dos mais representativos santuários cristológicos portugueses. Se não é fácil, porém, aludir á narrativa sobre as origens do sítio enquanto local de peregrinação, mormente por ter raízes temporais muito antigas, mais fácil se torna encontrar as provas documentais quanto se tenta demonstrar a sacralidade do lugar e a escolha de que terá sido alvo por parte da divindade para se revelar aos fiéis a quem deveria dispensar auxílio material e espiritual. Merece uma enfase particular esta aliança como elemento marcante das origens e prova que a religião nunca se alienou em comportamentos estritamente espirituais. Estes não existem se não

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se alicerçam na materialidade da vida e esta resplandece quando não se restringe ao imediatismo das circunstâncias e ao apego sensível a realidades visíveis e palpáveis. O Bom Jesus do Monte cresceu em importância ao longo dos séculos XVII e XVIII, coincidindo com o surto de santuários cristocêntricos que acompanharam em Portugal a devoção popular ao crucifixo. Em regra fora das localidades, estes sítios tornaram-se polos de intenso fervor religioso, nomeadamente por altura das celebrações da Paixão que, no caso do Bom Jesus se refletiu num intenso número de visitantes. Desta forma, após 1721, foram introduzidas várias capelas com cenas da Paixão, fontes e escadórios, terreiro, pórtico, tudo acompanhado pela construção de uma igreja principal, cujas obras se alongaram por oitocentos. O esforço que levou ao êxito deste santuário de via-sacra muito se deve ao empenho de vários prelados, com especial destaque para D. Rodrigo Moura Telles. Os espaços foram-se ampliando e em simultâneo com elementos carregados de profunda ascese e mística, surgem 19 capelas onde os diversos passos da paixão do Senhor são representados de um modo iconográfico de denso significado e impressionante interpelação para a compreensão dos mistérios da morte de Cristo.

II – Do Santuário à Vilegiatura

Ao longo do século XIX, mormente na sua segunda metade, o santuário passou a cruzar a valência de local de peregrinação com o de vilegiatura. Por meados de oitocentos começa a despontar entre as classes mais abastadas a noção de viagem associada ao restabele-cimento do corpo. Foi-se sedimentando a ideia de associação do meio ambiente á saúde e ao lazer, que colheu o apoio inequívoco das classes médicas que passaram a significar a vilegiatura como uma atividade igualmente higiénica (Teixeira, 1926).

Ora, com a crescente frequência do Monte por romeiros, es-pecialmente em dias santos e aos domingos, a Confraria do Bom

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Jesus passou a diligenciar as suas “Casas”, consignadas a comerciantes que aí vendiam “pão, vinho e palha para as bestas” (Capela, 1992: 96). A par, a Confraria foi também dinamizando a criação de quartéis e alpendres para os peregrinos “pernoitarem e locais para recolherem os carros e animais” (Peixoto, 2011: 177). Já nos finais do século XVIII, como se pode confirmar documentalmente no Arquivo Histórico da Confraria, existiam várias hospedarias para o acolhimento dos peregrinos “que não iam prevenidos do necessário para poderem habitar, e subsistir nos quartéis”. O mesmo se foi verificando século XIX adentro.

Progressivamente, o Monte foi representando o desejo sazonal de

purificação, no sentido de afastamento da rotina urbana e assumido enquanto espaço de entretenimento. Prefigurando o estatuto de estância, o Bom Jesus do Monte revela com maior acuidade um potencial turístico e hoteleiro muito “apetecível” (Peixoto, 2011: 179).

Desde muito cedo, com o avolumar da presença de peregrinos e romeiros começaram a disponibilizar-se estruturas de acolhimen-to que, numa fase mais recuada no tempo, eram conhecidas por “quartéis”, “casas da Confraria”, ”albergues” ou tão-só “alpendres”, núcleos de apoio ao peregrino que já existiam no século XVIII. Progressivamente, a designação e a qualidade das infra-estruturas foi evoluindo, passando pelo figurino de estalagem, hospedaria e pousada até ao surgimento dos hotéis. Já no Guia do viajante, de Azevedo Coutinho, se refere o Bom Jesus do Monte como ponto de atração pela dupla vertente, religiosa e pitoresca, chamando a si “devotos e touristes” (Coutinho, 1905). Em 1930, Alberto Feio caracterizava assim o Bom Jesus: “Santuário de milagres e milagre da natureza, estância das mais belas de Portugal” (Feio, 1930).

Um bom exemplo da associação do Sítio á ideia de vilegiatura é também a construção do célebre Chalet dos Benfeitores, uma tipologia construtiva inicialmente associada a cenários românticos e bucólicos numa envolvente rural e montanhosa, mas que passaram a ser usadas, amiúde, como estruturas hoteleiras em locais de

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lazer e veraneio. Esta estrutura foi construída ao longo do último quartel do século XIX e veio a funcionar já nas primeiras décadas do século XX como suporte ao hotel do Parque (Peixoto, 2011) e ilustra o interesse pelas dinâmicas vilegiaturista plasmadas nas várias propostas apresentadas à Confraria para a construção e, mais tarde, também para a exploração de unidades hoteleiras.

Nesse período, um dos principais condicionalismos ao desenvol-vimento do turismo em Portugal residia na falta e na má qualida-de dos hotéis. Raúl Proença, no seu Guia de Portugal, traça um retrato do país turístico afirmando que fora das “estâncias termais e balneares e de duas ou três estâncias de vilegiatura ninguém frequenta hotéis portugueses senão por absoluta necessidade, tal é o desconforto e a falta de asseio da maioria deles”. No Bom Jesus pretendia-se a construção de estruturas diferentes.

Em 1905, tinha sido publicado um primeiro projeto de lei que consignava alguns incentivos fiscais às empresas que se propusessem a novos empreendimentos hoteleiros, embora com parcos resultados. Em 1914, já em plena Primeira República, e com a Repartição de Turismo a funcionar (Gonçalves, 2011) e, naturalmente, com a influência organizativa da Sociedade Propaganda de Portugal, agiliza--se a aprovação de um novo diploma em que estabelece largas “vantagens fiscais” para os hotéis a construir ou remodelar. É ao abrigo deste regime jurídico, em vigor de 1914 a 1934, que se enquadra e de que beneficia, nesse tempo, a evolução do parque hoteleiro do Bom Jesus do Monte. Aparece a sociedade anónima “Hotéis Portugueses de Turismo”, constituída em 1919 com capitais do Banco do Minho, mas também por particulares como Ernesto de Vilhena, Gomes e Matos ou Estalano Dias Ribeiro.

O mais significativo é o Hotel Elevador que conheceu várias

transformações e designações – “Grande Hotel”, “Hotel da Boavis-ta” e “Hotel Higiénico”. De estalagem para peregrinos a estância de vilegiatura, esta unidade hoteleira recebeu figuras ilustres em períodos de veraneio, desde a família real portuguesa ao grande

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novelista Camilo Castelo Branco. Dos vários concessionários do hotel, destacasse o empresário bracarense Manuel Joaquim Gomes que vai proceder à eletrificação da instância e a outros melhora-mentos tecnológicos. O Hotel do Elevador foi o primeiro edifício em Braga a ser eletrificado, a ter telefone e a ter um sistema de água canalisada nos quartos. Tal como esta unidade, as restantes passaram também por sucessivas remodelações e adaptações às circunstâncias dos tempos, cuja gestão passou ainda, no início da década de 80 do séc. XX, pelo Grupo SOPETE antes de ser tomada definitivamente pela Sociedade de Hotéis do Bom Jesus (SHBJ), a partir de 1988.

Com a criação da SHBJ, a Confraria passa a ter um papel decisivo na gestão do parque hoteleiro do Bom Jesus. Atualmente a maioria das ações são detidas pela Arquidiocese de Braga e pela Confraria do Bom Jesus, que gerem um conjunto de quatro hotéis no Bom Jesus, três de quatro estrelas - Hotel Elevador, Hotel do Parque, Hotel do Templo e, um de três estrelas – Hotel do Lago e por um centro de convívio, de reuniões e de congressos, A Colunata de Eventos.

No total a estância do Bom Jesus dispõe de 161 quartos, representando cerca de 20% dos quartos de estabelecimentos ho-teleiros em Braga.

Hoje visitado por cerca de um milhão de pessoas/ano, o BJM é referência para peregrinos, turistas e visitantes de todo o mundo. E cedo se tornou num ícone turístico não só da cidade, mas de toda a região Norte e mesmo do País. Trata-se, pois, de um local de relevância mundial para o turismo pois oferece variadíssimos elementos de conteúdo artístico de grande valor patrimonial que se tornam um exemplar ímpar da arquitetura barroca. A imagem do Bom Jesus com os seus escadórios é, talvez, a principal imagem de marca de Braga, pois aparece reproduzida num sem número de publicações, podendo mesmo servir de capa em livros de edições internacionais, como o livro The grand tour. Volta ao mundo pelos olhos de um arquitecto, de Harry Seidler.

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O Bom Jesus surge como um dos locais mais referidos na programação turística para o Norte de Portugal. Aliás, a análise da programação de Operadores Turísticos e da deslocação de tu-ristas individuais, demonstra que é usual incluir o Bom Jesus nos principais itinerários turísticos que percorrem Portugal e Espanha, nomeadamente os que ligam Fátima a Santiago de Compostela, integrando os grandes circuitos turístico-culturais europeus.

III – Uma nota sobre o Elevador e as acessibilidades

Manuel Joaquim Gomes (1840-1894), empresário de visão futurista e espírito vanguardista, foi uma figura decisiva no esti-mular da procura turística no Bom Jesus. Como vimos atrás, foi concecionário do Hotel do Elevador e principal impulsionador da construção do Elevador propriamente dito.

A localização do Bom Jesus, no alto de um monte, com um enquadramento natural exuberante, transforma-o num dos mais belos sacro-montes da europa. Mas o acesso ao local sempre foi dificultado pela sua localização. Ao longo dos últimos três séculos a Confraria encetou várias obras para melhorar os acessos ao San-tuário, para facilitar a viagem aos visitantes.

Mas, já no século XIX, a procura turística levou a que fos-se proposto na Câmara Municipal de Braga (1872) a construção de uma linha do Americano da estação de caminhos--de-ferro em direção ao Bom Jesus do Monte, a funcionar já em 1877 (Peixoto, 2012), com o célebre elétrico que atravessava toda a cidade. Faltava criar condições de acesso ao Santuário a partir do Pórtico para as pessoas incapacitadas de percorrer o itinerário religioso com as diversas Capelas e Escadório. mas do pórtico ao Santuário ainda era necessário vencer o plano inclinado.

Perspetivando um aumento significativo de visitantes, Manuel Joaquim Gomes, aposta num investimento notável, que propõe à Confraria em 1880, a construção de um funicular. Inaugurado em 25

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de Março de 1882, foi o primeiro funicular construído na Península Ibérica. Neste momento é o ascensor mais antigo do mundo, em funcionamento, a utilizar o sistema de contrapeso de água.

A construção do Elevador do Bom Jesus do Monte insere-se numa estratégia de ir ao encontro do melhoramento dos acessos, num objetivo mais amplo de valorização e exploração económica da estância. Esta infraestrutura de transporte permitia, já no século XIX, disponibilizar ao visitante um sistema de transportes integrado, entre a estação de caminhos-de-ferro de Braga e o Bom Jesus. A Confraria continua a manter este meio de transporte como um museu vivo, mas que transporta mais de 300 mil pessoas/ano, com as mesmas características de funcionamento de há 133 anos. Com um elevado número de locais para estacionamento automóvel, continua-se a publicitar o uso deste meio como uma alternativa que favorece o ambiente e que deveria ser mais conhecida e usada por portugueses e estrangeiros.

IV – Centro de exposições e palco de eventos

A Confraria, em reunião de mesa de 13 de Janeiro e de 2 de Março de 2010, decidiu criar um espaço dedicado ao Museu e nele entregar um Centro de Exposições e atribuir, por unanimidade, o nome de Centro de Exposições Cónego Cândido Pedrosa, que foi inaugurado no Dia da Invenção da Santa Cruz, que no calendário litúrgico se celebra a 3 de Maio.

Com a criação deste Centro de Exposições a Confraria do Bom Jesus do Monte pretende, através da dinamização cultural, atrair mais visitantes e peregrinos a este espaço sagrado. Este centro está vocacionado para exposições temporárias de todos as áreas artísti-cas. Nunca se faz o suficiente quando se trata de fazer usufruir o património. Mas, em nome da verdade, este Centro de Exposições tem organizado um conjunto de iniciativas que deram a conhecer o património móvel da Confraria e concederam a oportunidade

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para que artistas portugueses, das mais variadas vertentes, colocassem ao serviço da comunidade os seus talentos artísticos.

Sempre motivada pela dinâmica cultural que delineou e con-cretizou o espaço do Bom Jesus, está nos planos da Confraria a concretização de um Centro Interpretativo onde a história do Bom Jesus se transforme numa experiência de responsabilidade coletiva para a preservação de todo o património permitindo uma fruição pública para crentes e não crentes.

V – Colunata de Eventos

Não ficaria completa esta síntese sem referir um espaço, situado num local de paisagem deslumbrante, adaptado para proporcionar um encontro da cidade e país com a cultura. Trata-se da denominada, depois de ter passado por diversos nomes, colunata de Eventos. É um espaço multifuncional, desde o uso como restaurante ao acolhi-mento de conferências. Aí já aconteceram congressos a abordar todas as temáticas e a permitir locais para as refeições e comunicações, assim como o espaço verde retemperador e reconfortante. É uma estrutura aberta para o futuro, talvez ainda não suficientemente conhecida, mas que continuará a permitir que o Bom Jesus alie experiências de índole integralmente humanas como a originalidade dos Sacri Monti onde os peregrinos procuravam a serenidade com a permanência de vários dias dedicados à oração, ao convívio, ao encontro de gerações e à formação que lhes era oferecida. Eles não eram meros lugares de peregrinação – visita apressada – mas oferta de condições para a reflexão serena e prolongada. Não era suficiente visitar o santuário. Ficava-se e aproveitava-se o tempo para o sagrado assim como para um intercâmbio humano. Há aqui muito de antecipação dos tempos de que teremos de extrair lições para aproveitar estes sítios históricos. Nuca permitiremos que o Santuário seja sacrificado à estância. Queremos, porém, comprometermo-nos continuar a construir um espaço acolhedor de todas as culturas e

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sensibilidades. O santuário propõe, respeitando a liberdade religiosa, mas acolhe a sociedade pluricultural de hoje.

VI – Candidato a património Mundial da Humanidade

O valor deste sítio santuário é agora alvo de um processo de candidatura a inscrição na “Lista de Património Mundial da UNESCO”, como “Paisagem Cultural”. A candidatura foi entre-gue n Comité Internacional da UNESCO, em Paris, no dia 30 de Janeiro, de 2018.

O processo consubstanciado em argumentação que pretende demonstrar o seu inequívoco “valor excecional” por responder a alguns dos principais critérios para a avaliação dessa excecionalidade. Enumeremos alguns: este processo incidiu no sublinhar, da “inte-gridade e autenticidade do bem”, assim como pela sua forma e conceção que apesar da natural diversidade estética de cada tempo é apresentado como uma “peça harmónica”. Do mesmo modo, assinala-se a sua estrutura formal, quer o seu monumental escadó-rio barroco, quer a sua nova igreja, a que se associa uma densa narrativa religiosa, sendo que o processo não deixa de sublinhar a existência de um qualificado e bem enquadrado parque hoteleiro e um secular elevador de montanha.

Também não se esqueça critérios de caráter estrutural, constituí-dos pelos elementos construídos que definem a composição geral: os muros de suporte e de compartimentação, as escadas, distribuídas por vários lances intercalados por patamares e pátios/miradouros, e o sistema hidráulico que, embora não visível, sustenta o com-plexo sistema de fontes. As capelas dispõem-se ao longo de todo o percurso sagrado enquanto a Basílica, dignidade concedida pela Santa Sé, em 2015, como reconhecimento do valor patrimonial e religioso (que veio dar à Candidatura um grande apoio) tem uma posição e função hierárquica superior. Os atributos materiais de caráter ornamental - fontes e estatuária, em particular- têm uma

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importante dimensão simbólica e conferem escala e movimento ao mesmo tempo que atribuem significado, sendo determinantes na compreensão da narrativa do lugar.

Com todos estes critérios, devidamente elaborados, esperamos que a candidatura seja conduzida a nom porto, proporcionando a atribuição da categoria de património Mundial da Humanidade. Com ele o Bom Jesus será enriquecido e a cidade de Braga e o país usufruirá de vantagens de diversa ordem. Queremos que o religioso nunca seja desconsiderado, mas honramo-nos do valioso património, história que virá trazer, entre outros aspetos vantagens económicas para a região como consequência do aumento de turistas.

Conclusão

O Santuário do Bom Jesus do Monte configura uma síntese e uma consumação de um projeto europeu de criação de montes sacros, atingindo uma complexidade formal e simbólica única e um caráter monumental sem precedentes. Materializa-se, essencialmente, através de uma extensa, completa e complexa via-crucis, onde se harmonizam elementos de forte simbologia.

A localização do santuário num monte, indissociável da cidade e da Arquidiocese de Braga e numa relação harmoniosa com a natureza, constituiu um dos atributos de maior significado do lu-gar. Na realidade, trata-se de um exemplo notável de sacralização da paisagem num projeto que tira partido dos elementos naturais presentes (relevo, vegetação, rochas, disponibilidade de água, sistema de vistas) para a implementação de um programa religioso, lugar--recriação de Jerusalém.

A sua evolução ao longo de vários séculos permitiu a integração continuada de elementos, dentro de uma mesma narrativa religiosa, atingindo a sua máxima expressão no período barroco, alcançando um carácter excecional e único dentro desta corrente assim como no contexto dos montes-sacros europeus.

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A sua execução foi possível através de uma extraordinária mo-bilização de recursos, nomeadamente de esmolas e ofertas, sendo a expressão do esforço, continuado e determinado, de gerações, ao longo de mais de seis séculos.

De elevada qualidade e solidez construtiva, é um lugar de concentração da expressão artística e técnica e de celebração do granito, esculpido numa ‘natureza’ luxuriante e exemplarmente integrado na paisagem.

A Confraria do Bom Jesus é a entidade responsável pela ges-tão do património e do culto no monumento. A gestão é feita de forma ecuménica, pois concilia-se uma gestão do monumento enquanto simultaneamente espaço religioso e espaço cultural e de arte. Entende-se que só uma convivência sã entre estas duas rea-lidades permite uma gestão sustentável, sem deterioração dos seus atributos materiais e imateriais.

O Santuário possui um conjunto importante de infraestruturas de apoio aos visitantes e à realização de atividades de vária natureza permitindo o conhecimento e a divulgação do próprio bem - 4 hotéis, Colunata de Eventos (com 3 salas), 2 restaurantes, 4 bares/esplanadas, Casa das Estampas (loja), Centro de Exposições/Centro de Interpretação Turística, Biblioteca, sanitários públicos, estaciona-mento organizado para 30 autocarros e 250 automóveis.

A Confraria, nos últimos anos, tem desenvolvido um conjunto de iniciativas e conteúdos que visam disponibilizar e qualificar a visita ao Bom Jesus - exemplos disso são a criação de uma exposição permanente “Rostos do Bom Jesus”, a criação de um guia turístico de visita em cinco línguas, a criação de um novo website com con-teúdos de rigor histórico mas atrativos e interativos, a criação de uma aplicação para smartphones para o visitante poder conhecer o Bom Jesus antes da visita, durante e deixar um contributo quando partir. A criação de uma página de facebook, com atualização permanente tem vindo a angariar um conjunto de seguidores por todo o mundo.

Tem-se vindo a registar um número cada vez mais significativo de grupos de visitantes estrangeiros por intermédio de operadores

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internacionais que encontram no Bom Jesus um espaço com ótimas condições de acessibilidade e de visita. São privilegiadas atividades e programas vocacionados para o público escolar através de visitas guiadas ao local e o contacto com as intervenções in loco.

O Bom Jesus está integrado na rede de Santuários de Portugal e pretende vir a integrar outras redes internacionais de montes sagrados e sítios classificados.

Em síntese, fonte de inspiração, com destacadas tentativas de repetição em algumas partes do mundo, o Bom Jesus do Monte confirma a sua vocação para elevar a humanidade à sua sublimidade. Aqui, onde a arte obtém um casamento perfeito com a natureza, a humanidade atinge a sua plenitude. Aqui, onde a devoção dá lugar, cada vez mais, a um interesse artístico e turístico crescentes, localiza-se um fenómeno inevitável da história de uma gente, um tal estilo à parte que deve consagrar o Bom Jesus como património para toda a humanidade.

Historicamente o sacro monte, como polo significativo de ar-quitetura sacra, passa, sinteticamente, por três fases:

- o tempo das ermidas, desde o século XIV até 1629, onde sobressaem D. Jorge da Costa II e D. João da Guarda;

- o tempo da impregnação da devoção à Santa Cruz, desde 1629 até 1723, onde a constituição da Confraria do Bom Jesus do Monte ganha um papel determinante na definição do rumo da estância;

- o tempo da implementação da «via-crucis», desde 1723 até à atualidade, em que o Presidente da Confraria D. Rodrigo de Moura Teles lança um ousado projeto e inicia a construção da estrutura do complexo atual, o mais monumental sacro monte da Santa Cruz em Portugal, evocativo do caminho doloroso do calvário, traduzido no Pórtico, Escadório, Capelas, Fontanários, Estatuária e Templo. Reconhecendo que foram introduzidos, ao longo do tempo, me-lhoramentos, reformas e significativas alterações em sintonia com os gostos artísticos do momento, nunca a ideia original se desvirtuou. Pelo contrário. Deu nova enfase aos elementos caracterizantes deste emblemático local.

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Nesta estância somos, inevitavelmente, conduzidos a um pata-mar que transcende a própria existência, numa dialética dos dois mundos (o natural e o construído) e ficamos cativados pela sua globalidade, pela simbiose entre a «expressão da natureza» e a «in-tervenção humana». Falta-nos, apenas, a consagração e a ascensão a Património da Humanidade. O trabalho foi realizado com muito esmero e empenho cultural e histórico. As diversas etapas foram ultrapassadas. A verdade do valor patrimonial acontecerá proxima-mente. É merecida e a Unesco saberá reconhecer.

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2.

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1. Dos nossos Pastores

Estradas da ressurreição

Homilia proferida pelo senhor D. Jorge Ortiga na Sé, na Missa do Dia de Páscoa.

Cristo Ressuscitou. Este é o primeiro dia da Semana, o dia em que o Senhor venceu a morte. Para trás ficaram 40 dias de Quaresma, de preparação interior para a vinda do Messias, e temos diante de nós um novo tempo mistagógico para interiorizarmos e expandirmos o evento Pascal. Foram 40 dias onde acompanhámos os passos da paixão e morte de Jesus: a entrada triunfal em Jeru-salém, a última ceia, a agonia no horto das oliveiras, a condenação e humilhação, a crucifixão e a sepultura. Acompanhámos ainda os intervenientes e a mistura de sentimentos e opções em momentos críticos. Tivemos consciência do quanto o Homem pode ser frágil e incoerente em tempos de ameaça mas também altruísta e bondoso perante uma injustiça flagrante. Tudo isso terminou e foi perdoado por Cristo no alto da cruz. “Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

O primeiro dia, mais do que uma referência temporal, é a indicação de que está prestes a iniciar um tempo novo. Disso nos dá conta o Evangelho deste Domingo. Maria Madalena, Pedro e João correram para o sepulcro e deram conta que estava vazio. Era

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de manhãzinha, ainda escuro. Uma escuridão exterior e interior. Poucos dias antes, Maria convivia com o Mestre, ouvia os seus ensinamentos, e agora caminha para cuidar do seu corpo maltratado. Mas o corpo não estava lá. Este acontecimento espantou também os apóstolos. O que se teria passado? A recebê-los estava, diz-nos Mateus, um anjo do Senhor que desceu do céu após um grande terramoto. O anjo anunciou-lhes que o crucificado havia ressuscitado.

Sabemos hoje, com a segurança da fé, que Cristo ressuscitou. A notícia é de tal modo majestosa que deve ser partilhada por todo o mundo. É, no fundo, isso o que significa a corrida de Pedro e João. O primeiro representa a Igreja ainda ligada ao judaísmo, aos seus ritos e tradições. O segundo, o discípulo amado, representa a Igreja da esperança e do ressuscitado. Corre mais veloz, deste-mido e apressa-se por saber da novidade. Chegando ao sepulcro, debruçou-se, viu mas não entrou. Pedro, mais lento, entrou no sepulcro, viu e confirmou. É bonita esta imagem das duas velo-cidades da Igreja. Também hoje temos uma Igreja que caminha a vários ritmos. Alguns falam de tradicionalistas e progressistas. A juventude anseia por catapultar a Igreja para o futuro e os anciãos, com a sua experiência de vida, tomam decisões mais ponderadas e reflectidas. Estamos dos dois lados. Somos fiéis a uma tradição que confirma os nossos passos e mergulhamos no futuro com ânsia de novidade. Os dois ritmos são igualmente válidos e precisam um do outro para, na verdade, espelharem a identidade da Igreja: inovação nas metodologias da evangelização e segurança nos princípios e valores que transmite. Valores esses que nem sempre correspondem àqueles propostos pela sociedade e que devem ser validados à luz do ensinamento de Cristo.

É nesta dupla estrada calcorreada por Pedro e João que nos queremos colocar. Queremos conduzir e preparar a Igreja para um tempo novo, com sinais claros de esperança. Proponho, hoje, esta estrada com cinco bifurcações.

1. Estrada da pobreza e humildade. A experiência da paixão e morte de Jesus mostra-nos o quanto as coisas podem mudar de

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um momento para o outro. Um dia Cristo é aclamado rei, ao som de hossanas, e no outro é humilhado e crucificado. Ser fiel aos princípios choca, muitas vezes, com as expectativas das pessoas. Mas, ao mesmo tempo, a Igreja não se pode advogar a dona da verdade. A Igreja do ressuscitado deverá ser humilde, reconhecer as suas fragilidades e estar sempre pronta a recomeçar. A humildade traduz-se também num modo simples e pobre de se apresentar ao mundo. Ser pobre é um caminho evangélico que nos ajuda a centrar no essencial. Ajuda-nos, sobretudo, a desprender daquilo que não interessa para sermos ágeis, leves e livres para partir em missão.

2. Estrada do acolhimento. Já tive oportunidade de referir por diversas vezes que acredito que o acolhimento e a hospitalidade serão traços essenciais da Igreja de amanhã. Hospitalidade é a co-ragem de acolher as pessoas no ponto em que se encontram, com a diversidade de pensamento e fazê-lo sem preconceitos. As pessoas referem-se à Igreja como sendo uma instituição de difícil acesso, burocrática e incapaz de compreender os dramas das pessoas. Por vezes temos tanta vontade de dizer aquilo em que acreditamos que nos esquecemos que, antes de mais, é necessária disponibili-dade para escutar. O que seria de Maria Madalena se não tivesse escutado com atenção as palavras do anjo? O que será da Igreja se for incapaz de se colocar à escuta?

3. Estrada do diálogo com a cultura. A ressurreição foi, em muitos aspectos, uma novidade absoluta para os discípulos. Cresceram com o paradigma do Messias, da libertação e da lei. Agora tiveram de se reinventar, de mudar de paradigma e falar com uma nova linguagem: ressurreição, vida e anúncio. Imaginamos a dificuldade dos seus contemporâneos em compreender aquilo que diziam. Talvez hoje estejamos a atravessar um processo semelhante. Como disse o Papa Bento XVI, “não podemos dar por pressuposto que a fé existe”. A cultura contemporânea não é a mesma de há algumas dezenas de anos. Muitos não compreendem a nossa linguagem, o nosso imaginário e o nosso pensamento. Esta estrada deve, por conseguinte, conduzir-nos a uma reinvenção da linguagem e das

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pontes que unem a Igreja e a cultura. Este é um imperativo se quisermos continuar a falar de Jesus.

4. Estrada da iniciação cristã. Porque a fé não é mais um pres-suposto óbvio, a Igreja do ressuscitado precisa de activar processos de iniciação cristã de adultos. O próprio processo de maturidade humana é cada vez mais tardio e, neste sentido, a Igreja deve ter metodologias adequadas a esta circunstância. Isto não significa des-valorizar a catequese tradicional das crianças. Significa que estamos num tempo novo e que as questões dos adultos têm uma densi-dade e horizonte diferentes e, por isso, devem ser levadas a sério. São cada vez mais os jovens adultos que se aproximam da Igreja para se baptizarem. Ontem, na vigília pascal, tivemos oportunidade de comprovar isso mesmo. Questiono-me se estaremos a fazer o suficiente. Não estaremos demasiado confortáveis à espera que os jovens venham ao nosso encontro ao invés de assumirmos uma postura proactiva?

5. Estrada da comunhão. Todos os textos bíblicos, inclusive o que acabámos de escutar, falam-nos da dimensão comunitária do anúncio. Os apóstolos são enviados dois a dois, os discípulos ca-minham em conjunto para o sepulcro e, mais tarde, a comunidade cristã reúne-se no cenáculo, com Maria, em oração. Trabalhar em conjunto ou, se preferirmos, em comunhão é uma exigência da missão. Longe vão os tempos em que as comunidades trabalhavam de modo isolado e eram autosuficientes. Longe vão os tempos do bairrismo e dos projectos pessoais. A comunhão não só é um testemunho para o mundo como uma necessidade. Peço, por isso, a todas as comunidades cristãs que se preparem para o futuro, que trabalhem em conjunto e coloquem a render os seus talentos em favor das comunidades vizinhas.

As cinco estradas que agora proponho – e poderia indicar muitas outras – conduzem com esperança a Igreja para o “primeiro dia da semana”. O dia em que a Igreja fará a experiência do Ressuscitado e, com humildade, regressará ao espírito das bem-aventuranças. Rezo a Deus, e peço a todos os cristãos da nossa Arquidiocese, que esse

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tempo tenha início hoje mesmo. Hoje é, se assim o quisermos, o primeiro dia. Cristo ressuscitou, aleluia!

Obstinar-se, gastar-se, cansar-se

Homilia proferida pelo senhor D. Jorge Ortiga em 22 de abril, no Sameiro, na ordenação de quatro diáconos.

Encerramos hoje a Semana de Oração pelas Vocações com o lema: “Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor”. A ordenação de diáconos é a confirmação de que a chamada de Deus continua viva e eficaz. Quando somos chamados, discernimos responsavel-mente a nossa vida e comprometermo-nos com o anúncio da alegria do Evangelho.

Penso, todavia, que não basta dar graças a Deus pelo dom da ordenação. Importa, no Santuário da Senhora do “Sim”, colocar toda a Arquidiocese em atitude de perseverante escuta para que as vocações, sacerdotais e religiosas, surjam em abundância. Só assim seremos capazes de prosseguir a complexa tarefa de despertar a esperança no coração do mundo que nos rodeia. Todo e qualquer baptizado é um vocacionado. Nasce para Deus no baptismo e vai discernindo, dia após dia, os caminhos de fidelidade ao projecto de Deus rumo à felicidade. E todos os cristãos, a título individual ou nas famílias, escolas e movimentos são corresponsáveis pelo floresci-mento e discernimento das vocações. Sabemos que Deus não deixa de falar e de convidar. Apenas com a escuta permanente e um discernimento alegre crescemos em comunidades de vocacionados.

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O Santo Padre, na sua última exortação apostólica sobre o chamamento à santidade no mundo actual, que convido a que todos meditem, fala do discernimento como a disponibilidade para “entrever o mistério daquele projeto, único e irrepetível, que Deus tem para cada um e que se realiza no meio dos mais varia-dos contextos e limites. Não está em jogo apenas um bem estar temporal, nem a satisfação de realizar algo de útil, nem mesmo o desejo de ter a consciência tranquila. Está em jogo o sentido da minha vida diante do Pai que me conhece e ama, aquele sentido verdadeiro para o qual possa orientar a minha existência e que ninguém conhece melhor do que Ele” (GE 170).

Nos tempos que correm, não é fácil ter disponibilidade para acolher o projecto de Deus. São imensas as possibilidades de es-truturação de vida, assim como as pressões de outras alternativas. “Só que não podemos, ou devemos transformar-nos em mario-netes à mercê das tendências da ocasião” (GE 167). Sem receios nem vergonhas, o cristão deveria caminhar no mundo segundo um projecto diferenciador, tentando “não colocar limites rumo ao máximo, ao melhor e ao mais belo”.

Temos um estatuto teoricamente bem definido mas, curio-samente, muitas vezes esquecido. Disso nos recorda a segunda leitura. O Pai consagrou-nos Filhos de Deus. Nem sempre nos apercebemos do amor grandioso que Deus tem por cada um de nós e do privilégio de sermos filhos no seu Filho, Jesus Cristo. Como é fundamental, na experiência cristã, a descoberta da filia-ção divina. É, assim o creio, determinante para as nossas opções e compromissos. Dar espontaneamente a vida não é privilégio de alguns. Querendo ser cristãos, não temos outra via. Este dar tudo a Deus e ao mundo, que Ele ama, é sobretudo um acto de confiança. Confiar que Deus nada nos retira, que nada nos rouba. Pelo contrário. Oferece-nos a plenitude da vida e tudo aquilo que o nosso coração procura. O Santo Padre convida-nos, neste sentido, a olhar para o testemunho dos santos e a caminhar pelas mesmas estradas que eles percorreram.

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Tocados por esta experiência da filiação, não rejeitamos a missão que Ele nos confia. Seguir Cristo não significa apatia pastoral nem activismo desnorteado. Exige compromisso com a missão de restituir dignidade a todos, percorrendo o itinerário das bem-aventuranças e das obras de misericórdia. Por isso, o Santo Padre interpela-nos com três verbos emblemáticos que confirmam a sinceridade de quem quer viver a sua vocação cristã. “Obstinar-se, gastar-se e cansar-se”. Meditemos em cada uma destas palavras. Permitamos que nos desinquietem e aquilatem a dimensão da nossa consagração.

A ordenação de diáconos é, sem dúvida, um convite para que a diaconia se transforme num estilo de vida e de mentalidade. Servimos onde Deus nos envia e onde a nossa presença é neces-sária. Muitas vezes temos de ir contracorrente, sobretudo quando o ambiente circundante aconselha a desfrutar a vida com distração, entretenimento, comodismo ou alheamento. As interpelações são diárias, diversificadas e tal é o seu encanto que quanto mais nos deixamos tomar por elas mais difícil é vermos a realidade com outros olhos.

Mas há sempre um modo novo para exercitar este serviço diaconal. O campo de trabalho é imenso, o que implica paciên-cia, criatividade, entrega e coragem. A primeira leitura recorda--nos o milagre realizado e identifica a verdadeira causa e origem da diaconia eclesial. Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: “É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós cruxificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se encontra perfeitamente curado na vossa presença”. Talvez não precisemos de o dizer publicamente, mas interiorizemos esta verdade e ajamos em nome daquele que nos escolheu para continuarmos a Sua missão. É Ele o verdadeiro salvador. Não são as nossas bonitas qualidades ou os gostos pessoais que nos motivam. Não pretendamos recom-pensas nem elogios. Tudo se concentra na Sua pessoa. Sta. Teresa de Calcutá não deixa ambiguidades. “Ele abaixa-se e serve-se de nós, de ti e de mim, para sermos o seu amor e a sua compaixão no mundo, apesar dos nossos pecados, apesar das nossas misérias e

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defeitos. Ele depende de nós para amar o mundo e demostrar-lhe o muito que o ama. Se nos ocupamos demasiado de nós mesmos, não teremos tempo para os outros”.

São muitos os desafios colocados à Igreja. Nunca poderemos ser uma agência de serviços. Somos convidados por Jesus a viver no seu amor, o qual se experimenta pessoal e quotidianamente no íntimo dos nossos corações e se manifesta nas nossas acções. É Deus quem fala por nosso intermédio e age através do nosso serviço, apesar das nossas limitações e imperfeições. Esta é a ver-dadeira diaconia que a Igreja espera e o mundo precisa. Não nos enganemos nem desvirtuemos o sentido do chamamento de Deus. É sublime a nossa vocação, que muitas vezes é banalizada ou fica apenas pelo seu estatuto.

Rezemos para que toda a Arquidiocese – sacerdotes, religiosos e leigos – cresçam na escuta, no discernimento e vivam a chama-da do Senhor. Que todos sejam, sobretudo junto dos jovens, uma inspiração para que outros percorram um idêntico caminho. Que Maria nos faça compreender a maravilha de viver com Cristo e continuarmos a missão de despertar e semear a esperança. Que a Senhora do Sameiro nos conceda a graça de muitos redescobrirem a diaconia como caminho.

“Obstinar-se, gastar-se, cansar-se” sejam as marcas de um povo que compreende a missão libertadora de Cristo e a quer continuar com alegria renovada e generosidade.

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Amor à maternidade

Homilia proferida pelo senhor D. Jorge Ortiga na Bênção de Grávidas, na igreja de S. José de S. Lázaro, em 29 de abril.

Nesta celebração eucarística procederemos à bênção das grávidas. É um momento que se reveste de singular importância para quem vai ser mãe mas pode tornar-se também numa oportunidade para tomar consciência da alegria de ser mãe e pai.

É com tristeza e espanto que vemos o modo como, hoje em dia, a parentalidade é encarada. Muitas pessoas focam-se, quase exclusivamente, nos problemas e nas dificuldades que os possíveis filhos podem trazem à vida familiar. Parecem ser um estorvo à felicidade e um impedimento à realização de projectos pessoais e laborais. É imperioso inverter esta tendência e suscitar uma nova cultura de apoio à parentalidade. Ser mãe e pai nada retira às suas vidas. Pelo contrário! Oferece-lhes consolações e alegrias de preço incalculável. Basta ver o que acontece por ocasião do nascimento de um novo ser humano. Um bebé, recém-nascido, ou nos primeiros anos de vida, centra as atenções de todos e congrega familiares e amigos numa atitude de verdadeira festa perante a maravilha da vida. Uma criança é sempre motivo de festa e uma força que imprime coragem perante as dificuldades.

Se esta é a experiência que habitualmente os familiares e os pais fazem, importa perguntar qual a razão para a diminuição da natalidade. Conhecemos bem o estado de Portugal e as estatísticas que nos chegam. Em menos de cinco décadas, o número de nas-cimentos desceu para menos de metade. Nos anos 60 do século passado, os nascimentos por ano atingiram a marca de 200 mil. Actualmente, o número é de menos de 90 mil. Já em 1982 o número médio de filhos desceu abaixo de 2.1. Esta referência é

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considerada o limite para a substituição de gerações. Na década de 90 (1994), o indicador fixou-se abaixo dos 1.5 filhos por mulheres, o que é um valor alarmante para a sustentabilidade da população e impede a renovação das gerações. Sabemos que actualmente o índice se situa em 1.2. Não serão razões suficientes para preocu-par toda a população e a classe política? Seguindo esta tendência, em 2060 ao invés de sermos 10 milhões de portugueses, seremos apenas 7 milhões.

Esta inversão da natalidade desemboca inevitavelmente no enve-lhecimento da população. Serão muitos os desafios que a sociedade terá, desde já, de enfrentar de imediato. É o caso, por exemplo, da sustentabilidade da Segurança Social. Uma sociedade que não se renova mergulha em situações cuja gravidade nem sempre é possível prever.

O envelhecimento é um fenómeno que atinge todas as locali-dades, mas particularmente nas regiões do interior. Verifica-se nos concelhos do interior da Arquidiocese uma desertificação genera-lizada. A diminuição dos nascimentos é uma razão forte mas não exclusiva. Caímos, por vezes, na ilusão de que a beleza paisagística poderá ajudar a fixar as famílias nesses locais. Estou convencido, contudo, que, com a morte dos idosos e na ausência de crianças que se habituem a gostar desses lugares, dentro em breve estaremos diante de um deserto populacional.

Perante esta realidade é de louvar que uma das preocupações estratégicas de um partido consista na atenção à demografia. Estra-nho, todavia, a solução proposta, mesmo considerando a demografia “como central para o nosso futuro enquanto país”. As políticas de natalidade são referidas só que sublinha-se que é necessário “atrair para Portugal talentos, força de trabalho, pessoas, que, sendo estran-geiros, vivendo noutras partes do mundo” permitam aumentar o equilíbrio demográfico. Segundo esta estratégia, Portugal “precisa de imigração, de atrair talento para resolver o problema da natalidade que poderia e deveria ser resolvido por nós. Há muita coisa que poderíamos e deveríamos fazer”. A classe política, em vez de in-

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vestir em políticas de aborto, de gestação de substituição (em que algumas normas fundamentais até foram chumbadas pelo Tribunal Constitucional) e tantas outras orientações como a teoria do género, deveria criar estímulos e fazer com que a parentalidade pudesse ser estimada e estimulada. Sei que tudo depende de opções pessoais. Mas estas devem ser implementadas, esclarecidas e devidamente enquadradas num esquema de vida feliz, talvez com dificuldades.

A ideia de acolher imigrantes ou mesmo refugiados e louvável. Só que impressiona ver os nossos jovens, também com tanto talento e capacidades, graças à formação superior na qual o Estado gastou tanto dinheiro, terem de emigrar e procurar uma vida mais digna e humana. A questão do primeiro emprego, sobretudo após o curso universitário, é um problema para muitos jovens. Sem segurança laboral e realização pessoal, como é possível apelar ao casamento, ao aumento da natalidade e ao contributo para o progresso econó-mico e social? A juventude necessita de um espaço onde se possa desenvolver e enriquecer o país.

Ouvíamos S. Paulo alertar os cristãos para o dever de amar as pessoas e as causas não só com palavras mas também com obras. A maternidade e a paternidade necessitam de ser verdadeiramente acarinhadas. Só assim as dificuldades serão ultrapassadas e não ficare-mos reféns da lógica dos dados estatísticos. Defender a parentalidade é defender o futuro da nossa sociedade.

É precisamente do futuro que hoje falamos. Nesta eucaristia estão presentes 35 casais que se preparam para o matrimónio. Louvo a coragem de pararem para reflectir sobre o vosso noivado, a vida em conjunto, os sonhos e o futuro. O matrimónio é um passo sério e um sinal de maturidade humana e cristã. Tiveram oportu-nidade de conversar com casais na mesma situação mas sobretudo de aprender com a experiência dos casais mais velhos. Auguro que esta tenha sido uma oportunidade para criarem laços de amizade e saberem que podem contar sempre com o apoio da Igreja. A preparação para o matrimónio é apenas o arranque de uma longa caminhada rumo à felicidade e constituição de uma família. Tereis

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muitas alegrias mas também muitos desafios. Sabei que estaremos sempre cá para vos apoiar.

Às mulheres grávidas aqui presentes gostaria de sublinhar o que Evangelho de hoje nos recorda. A vida do crente assemelha-se à alegria do enxerto. Cristo é a videira e nela está a força e a co-ragem para nada temer na hora do parto, assim como nos desafios que o primeiro filho ou, o que seria de augurar, o segundo ou terceiro poderá trazer aos pais. Permitindo que a vida esteja en-xertada em Cristo nada tememos e deixamo-nos possuir por uma forte esperança que nos assegura que a vitória não é da noite mas da aurora. As sombras poderão ser muitas e densas. A fé afasta o medo e permite que encaremos o futuro com um optimismo que vence todas as dificuldades.

O parto para Maria não foi fácil! Não teve lugar nas estalagens, assim como hoje parece não haver para muitos filhos. Mas que melhor lar do que os braços de uma mãe e de um pai? Esta é o verdadeiro lar de uma criança.

Caríssimas mulheres grávidas, que Maria, a Senhora do Ó, a Senhora da Esperança, vos abençoe e esteja convosco para viverdes este momento de emoções e de sentimentos de beleza ímpar.

Senhora dos Remédios

Texto escrito pelo senhor D. Jorge Ortiga por oca-sião dos 300 anos da capela e festa da Senhora dos Remédios.

Podemos sintetizar a vocação do cristão na decisão de seguir Jesus e de abraçar a vida humana. A passagem de Jesus pela nossa história foi muito breve mas, ao mesmo tempo, a Sua mensagem

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foi poderosa e comovente. Na verdade, somos, antes de mais e acima de tudo, Seus discípulos.

Importa também reconhecer que cumprir o Seu projecto não é fácil perante as interpelações que surgem todos os dias. É difícil mas não impossível. Na fidelidade à graça de Deus é que se leva por diante o discipulado de Cristo.

Necessitamos, para realizar esta caminhada, de encontrar modelos que se tornem uma referência para nós. Maria surge na história da salvação como a primeira discípula. É, por isso, um farol que nos indica o caminho a seguir. Na verdade, sendo mãe de Deus é nossa intercessora junto do Seu Filho. Sim, Maria é modelo do discípulo e intercessora junto de Deus.

Creio que a comunidade de S. Martinho de Arco de Baúlhe sonha em acolher Maria nesta vertente. Na sua devoção sincera olha para a vida de Nossa Senhora e procura imitá-la, acolhendo as suas exortações e sugestões. A vida torna-se mais cristã nas atitudes e nos comportamentos por causa do amor que a comunidade lhe dedica. Sabe que pode alegrar Nossa Senhora com as palavras das orações e, sobretudo, discernindo a vontade de Deus para a cumprir, momento após momento, nas situações alegres ou difíceis. Maria é uma estrela que guia e indica o caminho a seguir. Indica tanto os caminhos de fidelidade como os caminhos que contradizem o Evangelho e, por conseguinte, os caminhos a serem recusados. Esta lógica é-nos introduzida, desde logo, no baptismo, graças ao qual adquirimos a capacidade de renunciar a todos os comportamentos indignos e a acreditar nas exigências da fé.

Maria é ainda, para a comunidade, uma intercessora. Deparamo--nos, na nossa viagem terrena, com imensas dificuldades e problemas. As doenças batem à porta com frequência. Há dias sombrios e tristes onde viver é complicado. É nestas circunstâncias que Maria é invocada com confiança filial.

Nossa Senhora dos Remédios, na sua capela, mostra como isto é verdade todos os dias e, particularmente, no dia da festa. Neste dia sente-se o coração do povo e verifica-se como Maria é amada

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nesta comunidade. Impressiona o ambiente de oração e, muitas vezes, de penitência. Creio não se tratar de uma festa marcada por meros sinais exteriores, mas antes pela confiança e entrega a Maria para continuar a viver com esperança. A esperança é uma virtude que nos leva a estar com Cristo e, ao mesmo tempo, gera no coração uma perene serenidade. Todos os problemas e dores ultrapassam--se com o amparo do coração de Maria e da presença de Cristo.

Gostaria também de aproveitar este momento para pedir a todos os devotos que façam uma genuína promessa de, à semelhança da Senhora dos Remédios, se tornarem semeadores da esperança, indo ao encontro das dores dos outros e interrogando-se sobre o que poderão fazer para mudar a realidade. As dores e os sofrimentos tornam-se mais ligeiros e suaves quando há pessoas que sabem acompanhar com amor e carinho.

Que a Senhora dos Remédios faça com que cada um se torne remédio para os males dos seus familiares, amigos e pessoas da co-munidade. Este é o modo de celebrar condignamente os 300 anos da Capela e da Festa de Nossa Senhora dos Remédios.

Cinquenta anos, uma nova etapa

Texto escrito pelo senhor D. Jorge Ortiga a pro-pósito dos 50 anos do CPM no arciprestado de Vila do Conde/Póvoa de Varzim.

Celebrar uma efeméride significa, em primeiro lugar, reco-nhecer toda a obra feita. Ao mesmo tempo, e talvez com maior consciência e coragem, significa ainda perspectivar o futuro.

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Confirma-se tanto um caminho percorrido quanto os desafios que nos esperam.

Se é verdade que nunca é permitido instalar-se na contemplação do caminho percorrido, por mais belo que tenha sido, a gravidade da actual realidade familiar exige que apostemos em novas metodo-logias e responsabilidades para atingir as metas de sempre. Ninguém ignora que a família, na maravilha da sua vocação, se encontra ameaçada por problemas e dificuldades da mais variada ordem. O simples conceito de família está sujeito a variadas interpretações. O que era seguro e tradicional é remetido para o cantinho das dúvidas. Neste contexto novo e conturbado, devemos discernir as problemáticas e intuir as respostas mais adequadas. Os problemas da família nascem em múltiplos contextos. Importa reconhecer que só na descoberta da verdadeira identidade da família se poderá construir um futuro positivo.

Precisamos, por isso, de intervir a montante. Um projecto de vida deve acompanhar todas as idades e ser elemento constitutivo das diferentes iniciativas que a Igreja realiza. Deixar para mais tarde pode resultar em sermos ultrapassados por ideias e coordenadas que se foram impondo inconscientemente, fugindo à influência dos ambientes eclesiais. Urge reconhecer que o projecto de vida matrimonial deve ser encarado de modo gradual, em conformidade com as etapas que vão definindo a personalidade. Não se trata de um sonho ou de uma utopia.

Se este trabalho começa, ou deve começar, muito cedo, a preparação imediata para o matrimónio deverá ser repensada em consonância com os novos dinamismos da personalidade humana e da sociedade. Não se trata de negar os processos passados e muito menos a metodologia. Há toda uma experiência que ninguém ousa apelidar de ultrapassada. Importa introduzir um horizonte multidisciplinar para que todos, noivos e casais, sejam capazes de ir delineando um caminho que aborde as temáticas tradicionais com outra alegria e sentido de correspondência às aspirações de todos. Daí que o CPM, confirmando a sua enriquecedora história, esteja

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a passar por uma espécie de refundação. O CPM nunca deverá ser imposto mas antes desejado e estimado por tudo aquilo que proporciona. Há manjares que não se recusam. Procuram-se e saboreiam-se.

Este é o modo de celebrar os 50 anos do CPM no arciprestado de Vila do Conde/ Póvoa de Varzim. Sei que os casais louvarão a Deus por tudo quanto aconteceu. Quantas vidas familiares se consolidaram graças a ele! Quem trabalhou, desinteressadamente e com o maior sentido de responsabilidade conjugal, foi comuni-cando e deixando frutos, mesmo sem se aperceber, no coração das pessoas. Os noivos encantaram-se com a necessidade de confirmar itinerários de vida já delineados e a consciência de modificar op-ções que não conduziriam a resultados positivos. Os frutos foram muitos. Muitos outros ficaram escondidos. A verdadeira história está escrita no íntimo de muitas vidas.

Vamos agora partir para uma nova etapa. O objectivo é o mesmo. Procuraremos sobretudo enriquecer alguns pontos funda-mentais. Os casais são os verdadeiros protagonistas de uma nova pastoral familiar. Só assim a família continuará a ser estimada e querida como comunidade, única e indissolúvel, de amor e de vida onde a educação para uma vida humana e, consequentemente, cristã se alicerça.

Obrigado pelos cinquenta anos! Enfrentem com coragem os problemas ingentes. Ousem propor uma mensagem de alegria e de felicidade. Não se atemorizem perante outras propostas ou pelo desinteresse de pensar e confrontar-se com a verdade. O CPM será sempre uma semente. Acreditemos na esperança e deixemos que continue a agir na história da Humanidade.

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Como me deixei cativar por Deus que chama?

Declarações prestadas pelo senhor D. Jorge Ortiga ao «Diário do Minho», em 05 de abril, para a Semana das Vocações.

A nossa vida está marcada por momentos e circunstâncias nem sempre perceptíveis. Acontecem como uma brisa que passa deixan-do um perfume. A minha vocação cresceu num ambiente familiar e foi ganhando consistência à medida que me fui habituando a sentir a Palavra de Deus como Palavra de Vida. Era lida e escutada para depois ser semeada no coração do meu quotidiano. Com esta atitude, comecei a ver as necessidades do mundo e a reconhecer que poderia ser feliz entregando-me a Deus. Queria continuar a Sua aventura de libertação da Humanidade. A realidade nunca me atemorizou. Pelo contrário. Senti-me chamado a gastar a vida em favor da Palavra de Deus para que ela atingisse o coração de todos. Mas ela agia, desde logo, em mim e, por mim, deveria iluminar os problemas da Humanidade e oferecer-lhe um caminho de felicidade.

Tratou-se de um jogo de amor onde Deus tomou a iniciativa e eu apenas procurei corresponder. Quando fugia à Sua voz, o Seu amor voltava a surgir e a resposta acontecia. O Seu chamamento não foi um momento do passado, mas é alegria e responsabilidade de cada momento. Sinto que neste jogo nunca perdi. Sempre me enriqueci na alegria de viver.

Sinto-me sinal de esperança?Procuro viver a alegria no meu dia-a-dia. Nem sempre é fácil!

Há momentos complicados e os problemas são imensos. Nesses dias recordo-me de Jesus abandonado no alto do Calvário e esforço--me por ultrapassar essas situações, acreditando na ressurreição e

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colocando-me na estrada do amor. Esta dinâmica interior ajuda-me a viver serenamente cada momento presente. Com este espírito, a alegria acompanha-me e pretendo que esteja sempre estampada no meu rosto.

Conseguindo esta alegria, que a verdade do Evangelho me oferece, penso e acredito que a minha vida é um sinal de Jesus e, consequentemente, de esperança. Sobretudo quando a intimidade com Cristo é vivida de modo intenso e sem defesas. Penso ser verdade que, apoiado na Palavra de Deus e procurando amar as pessoas, vou sendo um pequeno sinal de esperança, se não para muitos, para alguns.

Atividades pastorais abril/2018

D. Jorge 01 – Presidiu na Sé à celebração da Missa de Páscoa. 08 – Presidiu à celebração da Eucaristia na Casa Sacerdotal,

onde almoçou. 09-12 – Participou em Fátima numa assembleia plenária da

Conferência Episcopal Portuguesa. 14 – Benzeu em Penselo, no arciprestado de Guimarães

e Vizela, uma casa mortuária e a ampliação do ce-mitério.

Benzeu em Fornelos, no arciprestado de Fafe, o «Espaço Esperança».

16 – Esteve presente na celebração do 99.º aniversário do «Diário do Minho».

19 – Presidiu à inauguração da sede do Arciprestado de Celorico de Basto, em Britelo.

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20 – Presidiu na Sé a uma vigília de oração pelas vocações. Participou em Braga num encontro promovido pelas

instituições privadas de solidariedade social. 21 e 22 – Participou em Braga na 49.ª Convenção Nacional

do Lions. 22 – Presidiu no Sameiro à ordenação de quatro diáconos. 25 – Assistiu ao início de uma caminhada solidária desde a

Universidade do Minho até ao santuário do Sameiro. Presidiu em Balasar às comemorações do 14.º aniver-

sário da beatificação de Alexandrina Maria da Costa. 28 – Esteve presente na inauguração do «Forum Braga»

(antigo Parque Municipal de Exposições de Braga). Assistiu a um concerto de órgão na igreja do Pópulo,

em Braga. 29 – Presidiu na igreja de S. José de S. Lázaro, em Braga,

à Missa em honra de Santa Joana Beretta Molla.

D. Francisco 01 – 09.30h. Na Igreja Matriz da Póvoa de Varzim: Missa

e Procissão da Ressurreição. 08 – 11h00. Em Padim da Graça, Missa festiva da Padoeira

transmitida pela RR, Emissora Católica. 16h00. Na Basílica dos Congregados, em Braga, re-

flexão sobre “A Divina Misericórdia, fonte de Espe-rança “, organizada pelo Movimento Shalom. 17.30h: Eucaristia do Domingo da Divina Misericórdia.

09 a 12 – Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Por-tuguesa.

10 – 21h30. Reunião da Comissão Episcopal do Laicado e da Família.

13 – 10h00. Palestra Arciprestal de Vieira do Minho. 16h00. Reunião preparatória para a Vigília do Pen-

tecostes.

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15 – 16h00. Concelebrou com D. Manuel Linda na sua entrada solene na Sé do Porto.

17 – 15h30. Participação na Palestra Arciprestal de Espo-sende.

21h00. Nos Serviços Centrais da Arquidiocese, en-contro com direções arquidiocesanas dos Movimentos Eclesiais, Obras e Grupos.

18 – 10h00. Participação na Palestra Arciprestal de Terras do Bouro.

14h30. Participação no Conselho Episcopal. 19 – 15h30h. Encontro com a Direção da Associação

Arautos do Evangelho. 20 – 14h30. Encontro com elementos da Associação Canção

Nova. 21 – 09h30. Em Coimbra, participação, em nome da Co-

missão Episcopal do Laicado e Família, no Encontro Nacional da Pastoral do Ensino Superior, organizado pelo SNPES.

14h30. No Santuário de Fátima, presidência da Pe-regrinação Nacional dos Arautos do Evangelho.

22 – 11h00. Missa Dominical na Paróquia do Divino Salvador de Parada-Barbudo, Arciprestado de Vila Verde, seguida de encontro com os três presbíteros angolanos a trabalhar naquele concelho.

15h00. No Sameiro, concelebrou com o Sr. Arcebispo na ordenação de Diáconos.

24 – 15h30. Encontro com responsáveis do Grupo Pere-grinos para preparar a Noite Ups com jovens.

25 – 10h00. Participação na Palestra Arciprestal de Vila Verde.

27 – 12h00. Em Braga nos, Serviços Centrais, Eucaristia e Bênção de Envio da equipa reitora do MCC res-ponsável pelo Cursillo de Cristandade para Homens.

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21h00. Em Lago, Vila Verde, participação no painel “Lago em Flor” com o tema “ A Esperança para o Povo Bíblico”.

28 – 11h00. Participação no Encontro de catequistas rea-lizado no Seminário Espiritano da Silva, Barcelos.

29 – 11h00. Eucaristia do Encontro Nacional do Movi-mento Shalon, em Braga.

11h00. No Seminário da Silva, Barcelos, encontro para reflexão com coordenadores paroquiais de Catequese e párocos.

22h00. No Campo-Escola do CNE, Fraião, Braga, Participação na Vigília de Oração do Encontro Na-cional de Jovens do Movimento Shalon.

29 – 11h00. No Campo-Escola do CNE, Fraião-Braga, Eucaristia de encerramento do Encontro Nacional de Jovens do Movimento Shalon.

30 – 21h00. Em Pevidém, Guimarães, encerramento do Cursillo de Cristandade para Homens

D. Nuno 05 – Presidiu à Eucaristia e visitou a Casa Sacerdotal. 07 – Presidiu à Procissão de Velas da Festa da Senhora da

Luz, em Creixomil, Guimarães. 08 – Presidiu à Procissão e Eucaristia da Festa da Senhora

da Luz. No Santuário de S. Bento da Porta Aberta, presidiu

à Eucaristia da Misericórdia. 09 – Participou, em Fátima, numa reunião ordinária da

Comissão Episcopal Ministérios e Vocações. 09 a 12 – Participou na Assembleia Plenária da Conferência

Episcopal, em Fátima. 13 – Iniciou a visita pastoral a Gondiães e Vilar de Cunhas

e Riodouro, arciprestado de Cabeceiras de Basto.

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14 – Conclusão da Visita Pastoral com a Eucaristia e Crisma, em Gondiães de Vilar de Cunhas.

15 – Conclusão da Visita Pastoral, com a celebração da Eucaristia e Confirmação, em Riodouro.

Presença na entrada solene de D. Manuel Linda como Bispo do Porto.

18 – Participação na Palestra de Vila Nova de Famalicão para avaliação das visitas pastorais.

Participou no Conselho Episcopal. 19 – Presença na Palestra do clero de Guimarães. Presidiu à Eucaristia no Seminário Conciliar para

Profissão de Fé dos candidatos ao diaconado. 20 – Visita Pastoral a Cavez e Abadim e presidência da

Via Lucis que os jovens do arciprestado animaram, em Cabeceiras de Basto.

21 – Conclusão da Visita Pastoral com a celebração da Eucaristia e Crismas em Abadim.

22 – Conclusão da Visita Pastoral com a celebração da Eucaristia e Crismas em Cavez.

Concelebração da Eucaristia no Sameiro, onde foram ordenados 4 diáconos a caminho do presbiterado.

Participou num convívio do Bom Pastor com o clero de Vila Nova de Famalicão.

24 – Iniciou a visita pastoral a Painzela. 26 – Iniciou a visita pastoral a Passos. 27 – Proferiu uma conferência no “Clube Montemuro”

em Braga, sobre o “Sentido da Vida e Reconciliação Cristã”.

28 – Conclusão da visita pastoral a Passos com a Eucaristia e Confirmação.

29 – Conclusão da visita pastoral a Painzela com a Eu-caristia e Confirmação.

Bênção da Capela Mortuária em Várzea Cova, Fafe.

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Visitas Pastorais*

15.04.2018: Visitas Pastorais a Gondiães, Vilar de Cunhas e Riodouro.

À medida que percorríamos os 30 Km que separam Ca-beceiras de Basto de Gondiães e Vilar de Cunhas, no passado sábado 14 de abril, espontaneamente fui repetindo ao diácono Lino: Como é possível percorrer estas estreitas estradas durante o inverno ou de noite? Sem nenhuma marcação, sem proteção lateral, piso em mau estado, etc.? Os párocos, Pe. José Augus-to e Pe. Agostinho, são heróis neste vasto campo de missão. Têm uma população residente, em cada uma das comunidades, aproximadamente de 170 habitantes. Condicionados pela distância geográfica e pelo clima agreste da região, os habitantes conti-nuam a lidar com muitas dificuldades, quer a nível económico, quer de infraestruturas. A agricultura e a criação de gado con-tinuam a ser a sua fonte de rendimento, uma atividade pouco rentável, visto que se trata de uma produção de subsistência. Os jovens que trabalham ou que ainda estudam fazem-no com sacrifício, levantando-se muito cedo para apanhar o autocar-ro que os levará às escolas da vila, de onde só voltam à noite no autocarro das 18.20 horas, a única possibilidade. Os mais pequeninos frequentam a escola de Cavês, para onde são le-vados bem cedo por uma carrinha/táxi, alugada pela câmara de Cabeceiras de Basto e por lá concluem o primeiro ciclo. Os mais idosos, a população maioritária, continuam a trabalhar a terra até que as forças permitam. Como os próprios dizem, “tei-mando sempre!”. De quinze em quinze dias, uma equipa, constituída por uma enfermeira e uma fisioterapeuta, desloca-se às aldeias para lhes prestar serviços básicos de saúde (controlo da tensão arterial, verificação os níveis de colesterol, massagens, …). Apesar das agruras,

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os mais velhos consideram que vida teve algumas melhorias, fruto também da ajuda financeira dos filhos emigrantes. Falta-lhes, no entanto, a proximidade dos filhos e dos netos. Como pesa a solidão! Riodouro, cuja visita pastoral se realizou no domingo 15 de abril, é a freguesia mais extensa das 17 do concelho de Cabeceiras de Basto. É também das mais montanhosas e uma das mais pitorescas do concelho. Tem uma população residente aproximada de 750 habitantes. Esta pa-róquia de S. André de Riodouro é composta por 13 lugares, Cambe-zes, Asnela, Leiradas, Vilela, Juguelhe, Toninha, Formigueiro, Moscoso, Meijoadela, Riodouro, Eiró, Teixugueiras e Masgusteiro. Cada lugar tem uma capela. A sede da Junta de Freguesia localiza-se no lugar de Cambezes, assim como a Igreja Paroquial. Existem 4 cemitérios. A pr incipal atividade económica é, a agr icultura de sub-sistência e a cr iação de gado. Existe também alguns cons-trutores c ivi s , que dão a lgum emprego e, quase sem-pre, aos da terra. Nos últimos anos aumentou a emigração. Os estudantes não têm tarefa fácil, pois têm que acordar cedo para serem transportados pelo autocarro até às escolas da Vila. Existem edifícios de 8 escolas que atualmente não funcionam como tal, com exceção da escola de Leiradas onde ainda existe o Jardim de Infância, e a escola do lugar de Eiró que funciona como centro de dia para idosos, todas as outras estão desativadas Apesar de todas estas dificuldades e da população envelhecida e, por vezes, isolada, de quinze em quinze dias, vem a equipa que presta cui-dados essenciais de saúde disponibilizada pela Câmara de Cabeceiras e Basto. Há também o Centro Social e Paroquial de Riodouro que presta assistência aos mais necessitados e isolados, que faz um exce-lente trabalho social e que veio melhorar muito as condições de vida. Vivemos, nestas comunidades, uma experiência bela e enriquecedora de visita pastoral. Todas as palavras são poucas para agradecer aos pá-rocos, Mons. José Augusto e Pe. Agostinho, aos Presidentes da Junta de Freguesia e a todo o bom povo destas comunidades. O acolhimento, a celebração da Eucaristia e do Sacramento do Crisma, a Assembleia Paroquial foram verdadeiramente encontros em que estivemos unidos

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no amor de Jesus Cristo e sentimos a Sua presença viva e enviando--nos o Seu Espírito. O Espírito de Amor reforçou a consciência da nossa identidade de filhos muito amados e verdadeiramente irmãos. Em ambiente familiar e alegre foram assumidos os compromis-sos de continuar a caminhar unidos: reforçar em cada paróquia a respetiva Equipa Pastoral (párocos, responsável da liturgia, da catequese, da ação caritativa, um casal, um ou dois jovens e um membro do Conselho Económico). Reunindo estas Equipas Pasto-rais forma-se o Conselho da Unidade Pastoral das cinco paróquias. Foi ainda assumido o compromisso de avançar para os “Grupos Semeadores de Esperança”, pois, apesar das distâncias e da fraca qualidade das estradas, um grupo de pessoas destas distantes paróquias frequentou a Escola da Fé durante 3 anos em Cabeceiras de Basto. O seminarista António, a frequentar o tempo propedêutico, é natural de Riodouro. No início da Semana das Vocações a sua presença e testemunho ajudou-nos a rezar e abrir o coração ao chamamento do Senhor.

*D. Nuno Almeida. Facebook. 16 abril.2018.

22.04.2018. Visitas Pastorais a Abadim e Cavez*

A visita pastoral às paróquias de Abadim e Cavez aconteceu na semana de 17 a 22 de abril. No sábado 21 de abril, celebrámos o Crisma e a Eucaristia em Abadim e, no domingo 22, em Cavez. A freguesia de Abadim dista 5 km da sede de concelho (Refo-jos). Com uma população aproximada residente de 420 habitantes. A catequese funciona ao domingo, na Residência Paroquial, Centro Social e na Igreja Paroquial. Existem os 10 anos de catequese. Não tem havido desistências e há uma razoável colaboração dos pais e participação nas reuniões própr ias. O Grupo de Jovens está ativo e é composto por 14 membros. Os adolescentes do 10.º ano a partir do dia diocesano da juventude

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começam a integrar o grupo. Reúnem-se de três em três semanas. Alguns destes jovens pertencem também ao coro, são catequistas e leitores. Participam nas atividades de âmbito arciprestal e diocesano.

Existe o boletim paroquial, designado “De mãos dadas”. Antes de celebração dos Batismos faz-se sempre reunião de pais e pa-drinhos. Quanto aos matrimónios se não é possível a participação no CPM arciprestal, faz-se sempre uma preparação específica com os noivos. Há uma única festa paroquial, a do Padroeiro S. Jorge, sendo ce-lebrada no domingo a seguir a 23 de Abril, sendo também o Dia da Comunidade.

Há grupo coral composto por crianças, jovens e adultos que animam a Eucaristia Dominical.

Há grupo de leitores e acólitos organizado, onde se procura dar formação permanente.

Há dois ministros extraordinários da comunhão com forma-ção. Existem zeladoras dos Altares e de limpeza da Igreja e em cada capela há também uma zeladora e responsável pela mesma. O Centro Social e Paroquial de Abadim (fundado em 1996) abrange a freguesia de Abadim, parte da freguesia de Riodouro, bem como, de Refojos e Outeiro, com a valência de Serviço de Apoio Domiciliário (SAD).

Relativamente ao Centro de Convívio e Lazer (CCL), os utentes são na sua maioria da freguesia.

No que diz respeito ao Serviço de Atendimento e Acompa-nhamento Social (SAAS) abrange as freguesias de Abadim; Pedraça; Riodouro; Refojos e Basto – Santa Senhorinha, monotorização e acompanhamento de processos de Ação Social (AS) e Rendimen-to Social de Inserção (RSI). A valência de Formação Profissional abrange todo o Concelho.

Cavez estende o seu território ao longo da bacia orográfica do Tâmega, servindo, em alguma extensão, de fronteira natural em rela-ção ao concelho vizinho de Ribeira de Pena, distrito de Vila Real. A população jovem emigrou (poucos estão na agricultura) ou está a trabalhar na construção civil. Há alguns empreiteiros que empregam

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cerca de meia centena de pessoas. Uma empresa de extração e aperfeiçoamento do granito que emprega, presentemente, 60 pessoas. Com cerca de 900 habitantes, devido à escassez da população fechou o posto do correio, tendo sido alguns serviços transferidos para a Junta de Freguesia. O posto médico só tem médico alguns dias por semana (fala-se que vai fechar). A farmácia foi para Ca-beceiras de Basto. A caixa multibanco que funcionava na Junta (Centro Comunitário) também já não existe e a escola, prova-velmente, passará, em breve, para a sede do agrupamento escolar. A paróquia é viva e ativa. O Conselho Económico zela pelos bens e partilha de bens. A catequese e o Grupo de Jovens estão muito ativos.

Também a Liturgia é preparada, celebrada e vivida com em-penho e beleza.

O Centro Social da Paroquia de Cavez (fundado em 1992) abrange a freguesia de Cavez com as valências de Serviço de Apoio Domiciliário, Lar de Idosos e Creche.

Foram assumidos alguns compromissos:- Definir bem os responsáveis de cada setor da pastoral, que

formam com os párocos a Equipa Pastoral Paroquial. Equipas que poderão integrar o Conselho da Unidade Pastoral das cinco paró-quias confiadas ao Pe. José Augusto e Agostinho.

- Lançar os “Grupos Semeadores de Esperança”. - Aprofundar a pastoral juvenil e familiar. Resta agradecer e dar os parabéns os dedicados párocos, Pe.

José Augusto e Pe. Agostinho. Manifestar profunda gratidão a todos os que, voluntariamente, se empenham nos diversos ministérios. Muito obrigado pelo acolhimento e participação nestas belas visitas pastorais!

*D. Nuno Almeida. Facebook. 28 de abril de 2018.

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Decretos de aprovação de estatutos

O senhor D. Jorge Ortiga promulgou decretos que aprovam os estatutos de:

CONFRARIA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, sita na paróquia de São Julião de Passos, Concelho de Braga, Ar-ciprestado de Braga e Arquidiocese de Braga.

Constam de cinquenta e sete artigos, distribuídos por oito capítulos, exarados em vinte e três páginas (incluído o averbamen-to) autenticadas com o timbre da Cúria Arquiepiscopal de Braga. Para memória se outorga o presente Decreto, que vai assinado em nome da autoridade canónica competente, o Bispo Diocesano, e autenticado com o selo branco da Arquidiocese.

O ato fica registado na Cúria Arquiepiscopal, no processo n.º 4341 / 2013 e na Secção dos Entes Canónicos.

Braga, Cúria Arquiepiscopal, 17 de abril de 2018.

2. Serviços Centrais

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CONFRARIA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, sita na paróquia de São Tiago de Vila Seca, Concelho de Barcelos, Arciprestado de Barcelos e Arquidiocese de Braga.

Constam de cinquenta e cinco artigos, distribuídos por oito capítulos, exarados em vinte e duas páginas (incluído o averbamen-to) autenticadas com o timbre da Cúria Arquiepiscopal de Braga. Para memória se outorga o presente Decreto, que vai assinado em nome da autoridade canónica competente, o Bispo Diocesano, e autenticado com o selo branco da Arquidiocese.

O ato fica registado na Cúria Arquiepiscopal, no Processo n.º 3885 / 2017 e na Secção dos Entes Canónicos.

Braga, Cúria Arquiepiscopal, 17 de abril de 2018.

Decreto de extinção de ente canónico

Tendo sido requerida a extinção da FUNDAÇÃO LUSITÂ-NIA PARA O DESENVOLVIMENTO UNIVERSITÁRIO E EMPRESARIAL sedeada na Paróquia de São Paio de Guimarães, Arciprestado de Guimarães e Vizela e Arquidiocese de Braga;

Atendendo a que não se vislumbram possibilidades de se poder dar continuidade às atividades e projetos a que se propunha, e tendo decorrido os trâmites exigidos, integrados no Processo Nº 934 / 2018 da Cúria Arquiepiscopal de Braga, nada obstando ao deferimento;

D. JORGE FERREIRA DA COSTA ORTIGA, por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, Arcebispo de Braga e Primaz

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das Espanhas, no uso da sua jurisdição, de acordo com os cânones 120 § 1º e 320 § 2º e o Art.º 46 das Normas Gerais das Asso-ciações de Fiéis;

Extingue a FUNDAÇÃO LUSITÂNIA PARA O DESEN-VOLVIMENTO UNIVERSITÁRIO E EMPRESARIAL sedea-da na Paróquia de São Paio de Guimarães, Arciprestado de Gui-marães e Vizela e Arquidiocese de Braga e, dando cumprimento ao estipulado nos estatutos, decreta que qualquer direito ou obrigação, bem como os bens que possam pertencer a esta entidade extinta, passem para Província Portuguesa da Congregação do Santíssimo Redentor, NIPC: 500 903 336, sedeada na Estrada da Luz, 122, 1600 - 162, Lisboa.

Para memória, se outorga o presente Decreto que vai assinado em nome da autoridade canónica competente, o Bispo Diocesano, e autenticado com o selo branco da Arquidiocese. O ato fica re-gistado na Cúria Arquiepiscopal, no aludido processo e na Secção dos Entes Canónicos.

Braga, Cúria Arquiepiscopal, 17 de abril de 2018.

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Informações diversas

O Dia Europeu da Criança por Nascer celebrou-se em 09 de abril na igreja da Senhora-a-Branca, em Braga, numa iniciativa do instituto Internacional Familiaris Consortio, um departamento da Militia Sanctae Mariae.

O clero das 89 paróquias do arciprestado de Barce-

los reuniu em 11 de abril no Centro Espírito Santo e Missão (antigo Seminário da Silva).

Um dos pontos da agenda foi uma reflexão sobre «Os jovens e o Sínodo que se aproxima», orientada por Fátima Monteiro.

Outro tema sobre que se centrou a atenção dos presentes foi o Diaconado Permanente, tendo o arcipreste, P. José Gomes da Silva Araújo, lembrado a existência de um documento estudado em grupo pelos sacerdotes divididos pelas três zonas pastorais existentes: norte, centro e sul.

O passeio/convívio do Clero daquele arciprestado está previsto para os dias 25 e 26 de junho.

Na tarde daquele mesmo dia reuniu o Conselho Arciprestal, constituído por doze sacerdotes.

3. Programa Pastoral

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Acompanhamento de pessoas com atração pelo mesmo sexo. Uma jornada de formação, para acompanhamento pastoral para pessoas com atração pelo mesmo sexo realiza-se em 04 de maio no Seminário Conciliar. Tem como base a experiência do “Apostolado Courage Internacional”.

Trata-se de formação de base que consiste em 4 conferências: testemunho pessoal; antropologia cristã; aspetos psicológicos da homossexualidade; verdadeiro cuidado pastoral.

Courage, (coragem), é um apostolado internacional da Igreja Católica, recomendado pelo Pontifício Conselho para a Família, cons-tituído por sacerdotes e leigos, com o propósito de ajudar as pessoas que têm atração pelo mesmo sexo a viverem casta e dignamente a sua condição de filhos e filhas de Deus. Foi fundado nos Estados Unidos pelo Pe. John Harvey OSFS, e a sua primeira reunião de grupo (capitulo ou célula) aconteceu em 1980 na cidade de New York. O Padre John F. Harvey é autor da obra “A homossexualidade e a Igreja Católica. Respostas claras a questões difíceis”.

Uma vigília de oração pelas vocações realizou-se em 20

de abril na Sé. Integrou-se no programa da 55.ª semana de oração pelas vocações.

Dez sacerdotes do arciprestado de Esposende reuniram

em 17 de abril com a presença do senhor D. Francisco Senra Coelho, que falou de um documento sobre a catequese aprovado na última sessão plenária da Conferência Episcopal.

Foi marcada para 20 de maio a peregrinação arciprestal ao santuário de Nossa Senhora da Guia. Sai da igreja de Belinho e é organizada pela paróquia de S. Bartolomeu do Mar.

Preparou-se a celebração interparoquial do Crisma, prevista para 26 de maio na cripta do Sameiro.

Fez-se um balanço da última série de encontros de Preparação para o Matrimónio (CPM) realizada no salão paroquial de Belinho com a participação de 40 pares de noivos.

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Marcou-se para 13 de julho o passeio anual do clero do arci-prestado, com visitas à capela de S. Geraldo, à igreja de S. Paulo, à capela de S. Frutuoso e à igreja de S. Martinho de Dume.

Uma ação de formação destinada a Leitores realizou-

-se entre 25 e 27 de abril, à noite, no Centro Pastoral de Santo Adrião, numa iniciativa do arciprestado de Vila Nova de Famalicão.

O V Festival de Órgão principiou em 27 de abril, na Sé.

Prosseguiu nos dias 28 (na igreja do Pópulo) e 29 (na igreja da Misericórdia). Para os dias 04, 05 e 06 de maio estão previstos con-certos nas igrejas de S. Vítor, Santa Cruz e Salvador, sucessivamente.

Teve por tema «O órgão e a música no feminino», numa ho-menagem à mulher.

Doze sacerdotes do arciprestado de Fafe foram em pe-

regrinação à paróquia de Ars, em França. Estiveram também em Paray-le-Monial, na Abadia de Cluny e na Comunidade Ecuménica de Taizé

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Notícias diversas

Quatro novos diáconos foram ordenados em 22 de abril na cripta da Basílica do Sameiro:

Fernando Jorge Brandão Carneiro, de 27 anos, natural de S. Tiago de Guilhofrei, arciprestado de Vieira do Minho;

Manuel José Sousa Torre, de 23 anos, da paróquia de Balasar, no arciprestado da Póvoa de Varzim e Vila do Conde;

José Tiago Pereira Varanda, de 33 anos, de Refojos de Basto, Cabeceiras de Basto;

Vítor Hugo da Silva Gonçalves, de 25 anos, da paróquia de S. João da Balança, Terras de Bouro.

O P. Pedro Daniel Faria Marques foi homenageado em

13 de abril pelo jornal «Povo de Fafe». O P. Paulo Alexandre Terroso Silva assumiu a gerência da

Empresa do Diário do Minho, sucedendo no cargo ao Cónego Fernando Teixeira Alves Monteiro.

Aquela Empresa tem como sócios o Seminário Conciliar (75%) e a Arquidiocese de Braga (25%).

4. Clero e Seminários

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O P. Albano Sousa Nogueira publicou o livro: «É possível renovar as paróquias?»

Uma recoleção para o Clero realizou-se em 17 de abril

no Seminário Conciliar.O programa incluiu oração de Laudes, adoração ao Santíssimo

e uma conferência proferida pelo P. Pablo Lima.

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Notícias diversas

João Manuel Silva, da Companhia de Jesus, foi ordenado diácono em 03 de abril, na igreja-mãe da Congregação, em Roma.

Natural de Braga, João Manuel Silva entrou na Companhia de Jesus em 2008. Depois de dois anos de noviciado em Coimbra estudou Filosofia em Braga, durante três anos. Fez o magistério no Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache. Estuda Teologia em Roma desde o ano 2015.

O P. Américo Martins, Vicentino, faleceu em 12 de abril.O funeral realizou-se no dia seguinte na paróquia de Castelões,

no arciprestado de Póvoa de Lanhoso. Beato Miguel de Carvalho. O P. António Júlio Trigueiros, da

Companhia de Jesus, proferiu em 19 de abril, no Centro Académico de Braga, uma conferência sobre o jesuíta bracarense Miguel de Carvalho, 150 anos após a sua beatificação.

5. Religiosos/as

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99.º aniversário do «Diário do Minho»

O jornal «Diário do Minho» completou em 15 de abril o 99.º aniversário.Publicamos uma mensagem do senhor D. Jorge Ortiga e o editorial do diretor, Damião Pereira.

A caminho do Centenário

O filósofo Sören Kierkegaard afirmava, com muita sabedoria, que «a vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para a frente”. A verdade deste pensamento aplica-se a pessoas e instituições e ambas ganhariam imenso se a tivessem em devida consideração.

Em dia de aniversário do Diário do Minho, quero situar-me já no horizonte do centenário. Na verdade, inauguramos hoje um período singular de retrospectiva da nossa história e de projecção de um futuro em construção. São 99 anos de existência, cheios de dinâmica e coragem. Muitos outros teremos pela frente. A

6. Património

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articulação entre o passado e o futuro deve tornar-se, por isso, o coração do primeiro centenário.

Fixando-me sobretudo no património humano, gostaria que este ano fosse de gratidão e de reconhecimento. O jornal, graças à de-dicação de muitas pessoas, foi evoluindo e encontrando respostas aos desafios. Não esqueço todos os directores, administradores, jornalistas e colaboradores que deram o melhor de si, o seu profissionalismo e tanto se sacrificaram por este projecto. A Arquidiocese de Braga e a sociedade estão-vos imensamente gratos. Recordo, de modo particular, os nossos companheiros de caminhada que entretanto faleceram. Creio ser com orgulho que olham para o que foi hoje alcançado, também graças à sua dedicação.

Caminhamos para o centenário. É tempo de olhar em frente e de acreditar em projectos ambiciosos que dêem vida ao seu Estatuto Editorial. O Diário do Minho nasceu para aproximar as pessoas através de uma informação de qualidade, séria e adequada às metodologias mais modernas. Os factores de desumanização con-tinuam a marcar o quotidiano e torna-se, por isso, urgente trazer para a praça pública as questões ignoradas por muitos. Este jornal pode e deve ser a voz dos sem-voz, os olhos atentos aos detalhes e as mãos que elevam a realidade. Assumir esta postura, que tem tanto de incómoda quanto de ousada, é um programa que deve entusiasmar quem aqui trabalha todos os dias.

Estamos diante de um jornal informativo e propositivo. Pretende-se com isto dizer que é missão do Diário do Minho informar, de modo correcto e profissional, a realidade do mundo e da região. Mas é também sua missão propor valores universais que quebrem os muros da indiferença e ajudem a construir uma sociedade mais humana e solidária. O Papa fala da necessidade de propor a alegria da verdade sem equívocos ou complexos. Por aqui passa, ou pode passar, a originalidade de um jornal de inspiração cristã. Na verdade, não é possível, nem queremos, es-conder a nossa identidade. Esta é a nossa diferença perante tantas outras propostas.

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Seria bom que esta caminhada, rumo ao centenário, fosse percorrida por todos – jornalistas, administradores, colaboradores e leitores – neste duplo sentido. Olhando para trás, tomando consciên-cia do meritório trabalho realizado e aprendendo com a história. Momentos festivos, difíceis, de dúvida e de ousadia. Aprendemos com todos eles e mantivemo-nos fiéis à nossa identidade. Por outro lado, olhamos para o futuro Diário do Minho. Desejamos um jornal inovador, um instrumento sólido na construção de uma sociedade mais humana e de uma Igreja mais atenta e comprometida.

Obrigado, por fim, a todos os leitores que acompanham diaria-mente o Diário do Minho. Sois a razão de existência deste jornal e é por vocês que queremos ser cada vez melhores. Obrigado!

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

99

Por Damião Pereira

É costume deixar-se os agradecimentos para o fim. Hoje, é com eles que começamos. Muito obrigado a todos quantos torna-ram possível que chegássemos aos 99 anos. É muito tempo. Uma vida longa, repartida entre a boa e má notícia, entre o receio e o gesto encorajador… Todos, sem exceção, merecem ser lembrados. Uns pelo que fizeram, outros pelo que fazem, para que o Diário do Minho se tornasse naquilo que é.

Estamos a um ano do centenário. Perspetivamos o futuro sem deixar de olhar para o passado e ostentamos, com orgulho, o Es-tatuto Editorial pelo qual nos orientamos e que foi pensado por um dos nossos anteriores diretores. «O Diário do Minho coloca

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o bem comum acima dos interesses particulares e não privilegia ninguém, procurando, no entanto, ser a voz dos sem voz», afirma-mos. Um sentimento reforçado pela mensagem do Papa Francisco para o 52.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra no próximo dia 13 de maio, na qual o Santo Padre defende «um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas; um jornalismo feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especial-mente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz».

Acreditamos que a palavra escrita tem influência na mudança de paradigmas, digam eles respeito a modelos de sociedade ou de governação. Entendemos que deve ser usada na defesa dos que mais dela necessitam, seja na denúncia do que está mal, seja no seu uso como meio eficaz na defesa dos ideais que partilham todos os que aqui trabalham.

Somos um jornal de inspiração cristã, o que faz de nós reivin-dicadores de uma sociedade mais justa. E, enquanto instrumento de comunicação, não esquecemos o compromisso que temos com a Igreja e, em particular, com a nossa Diocese, ao serviço de uma informação o mais possível verdadeira e objetiva, diversificada, com-pleta e ao mesmo tempo formadora, proporcionando uma visão cristã dos acontecimentos do quotidiano, sempre num quadro de verdade e pluralismo.

Recordamos que, há cerca de um ano, prometemos fazer mais, fazer melhor, fazer diferente. Não tem sido fácil. Vamos fazendo caminho numa área que tem sido conquistada a pulso, a digital. Um esforço do qual vamos tendo retorno, refletido no aumento de milhares de visualizações diárias no nosso “site”. Continuamos com uma forte aposta na edição impressa, procurada diariamente por dezenas de milhares de pessoas.

Apesar de nos situarmos numa região específica, o Minho, estamos conscientes de que podemos ultrapassar fronteiras. É uma ideia que ocupa o pensamento de quem dirige este jornal e que, certamente, ganhará cada vez mais força com os incentivos que nos

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vão chegando, quer por parte dos nossos leitores, quer por parte daqueles que connosco trabalham diariamente para que o Diário do Minho se diversifique ainda mais na informação que presta.

Nesta longa caminhada, estamos certos de que ninguém ficará para trás. Continuaremos a honrar os que construíram a “casa” que é hoje o Diário do Minho. Estamos gratos pela confiança que o Sr. Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, e a Administração da Empresa depositam em toda a equipa redatorial. Lembramos a preciosa colaboração do Departamento Arquidiocesano das Comu-nicações Sociais, do Laboratório da Fé e dos vários arciprestados na atualidade da informação religiosa.

Agradecemos aos nossos colaboradores, assinantes, anunciantes e leitores e amigos, toda a atenção que nos têm dispensado. A todos aqueles que tornam possível a publicação diária do nosso Jornal, também o nosso muito obrigado.

Deixo, por último, uma palavra de agradecimento ao eurode-putado José Manuel Fernandes e à APACRA – Associação Portu-guesa dos Criadores de Bovinos de Raça Minhota, que tornaram possível a realização do Concurso “Solidariedade, uma imagem de marca da União Europeia”, destinado a estudantes dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário e profissional e cujos resultados publicamos hoje. Agradeço às escolas dos distritos de Braga e de Viana do Castelo que se apresentaram a concurso em tão grande número – a edição deste ano foi a mais concorrida de sempre – e, além dos vencedores, felicitamos todos os alunos participantes, cujos trabalhos revelaram elevada qualidade e cuidado na apresentação, sinal de que o nosso Jornal vai ganhando cada vez mais espaço no interior das comunidades educativas.

Neste particular, destacamos o êxito de mais esta iniciativa do Diário do Minho – uma das muitas que o nosso Jornal vai realizar ao longo das comemorações do Centenário, que ocorre a 15 de abril de 2019.

Com os olhos postos no futuro, não nos acomodamos com o que fizemos no passado. Contamos com todos para continuar

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a merecer a preferência e a confiança de quantos leem o Diário do Minho.

Notícias diversas

Conferência no Bom Jesus. Pedro Vilas Boas Tavares, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, proferiu em 06 de abril, no Hotel do Parque, uma conferência subordinada ao tema «A ‘Santa Cruz’ e os seus desígnios nos púlpitos e devoções do Portugal Restaurado».

O orador lembrou as circunstâncias culturais-religiosas e devo-cionais que se viveram em Portugal no século XVII no antes e no pós-Restauração.

Esta iniciativa inseriu-se no ciclo de conferências «O Bom Jesus na circunstância dos tempos».

Uma via-sacra composta por 14 cruzes passou a unir o

antigo Mosteiro e o Santuário de S. Torcato, no arciprestado de Guimarães e Vizela.

A paróquia de Fornelos, no arciprestado de Fafe, inaugurou

em 14 de abril o «Espaço Esperança». Compreende uma capela mortuária, quatro salas destinadas à catequese e uma sala para o grupo de jovens. Foi aberto um furo de água para servir este equipamento.

O Arciprestado de Celorico de Basto inaugurou em 19

de abril a sua sede, em Britelo (Rua Serpa Pinto, n.º 135).

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Aprender a ler a arte. A Pastoral da Cultura da Arquidiocese de Braga promoveu uma série de encontros subordinados ao tema «Aprender a ler a arte».

O primeiro realizou-se no Bom Jesus, em 07 de abril. Está previsto um segundo para 05 de maio, com visitas à Sé e às igrejas da Misericórdia e de Santa Cruz. Um terceiro realiza-se em 23 de junho, em Guimarães, com visitas à Igreja da Oliveira, à Capela de S. Francisco e ao Convento dos Capuchos.

Têm como objetivo principal criar oportunidades para que a fé e a cultura se cruzem na vivência cristã.

A paróquia de Balasar, no arciprestado de Vila do Conde

e Póvoa de Varzim, celebrou em 25 de abril o 14.º aniversário da beatificação de Alexandrinas Maria da Costa.

A efeméride foi assinalada com a inauguração de um Memorial de ex-votos e de um jardim no exterior da casa onde a Beata Alexandrina viveu.

O Memorial, por baixo da Casa de Alexandrina, está organi-zado em três salas. Na primeira destacam-se várias peças de roupa, entre os ex-votos; na segunda, diversos pertences de Alexandrina; na terceira, próteses, muletas e objetos em cera.

O pároco de Balasar, Manuel Casado Neiva, manifestou-se con-victo de que a obra do «Santuário Eucarístico Beata Alexandrina» principia este ano. Desenhado em forma de tenda, terá a capela tumular da Alexandrina, uma capela de confissões e celebrações, um centro de espiritualidade, um centro de acolhimento aos peregrinos, uma casa de acolhimento e um centro de estudos.

Anunciou também para breve a publicação do primeiro volume dos escritos de Alexandrina.

A recuperação de um «realejo» existente na igreja do Pó-

pulo, em Braga, foi inaugurada em 28 de abril.Trata-se de um pequeno órgão construído em 1870 pelo or-

ganeiro de Mangualde António José dos Santos.

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Possui um teclado de 54 notas com teclas em madeira de bucho e ébano. Apresenta oito meios registos, divididos entre o Dó central e o Dó sustenido, e ainda um registo de mão direita correspondente a uma Cornetilha de três vozes. Conta com um total de 440 tubos, entre tubos de madeira (base) e tubos em liga de estanho.

Cinema S. Geraldo. O acordo de arrendamento do edifício

do cinema S. Geraldo e do imóvel «Pé Alado« que lhe está anexo, pela Câmara Municipal de Braga, conheceu em 30 de abril um avanço definitivo, como informou em 01 de maio o «Diário do Minho». O arrendamento é válido por dez anos.

No primeiro ano o valor da renda será de 6.500 euros por mês. No segundo ano sobe para 7.500 euros. No terceiro ano fixa-se em 8.500 euros por mês, mantendo-se este valor para o restante período.

No final desse período o Município de Braga poderá optar pela aquisição do edifício pelo valor de 1 milhão e 850 mil euros, montante a que é deduzida a importância correspondente a 40% do valor das rendas pagas nesse período.

No edifício «Pé Alado» será instalada a sede da União de Fre-guesias de S. José de S. Lázaro e S. João do Souto.

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Notícias diversas

A Semana de Estudos Teológicos da Faculdade de Teologia de Braga realizou-se, no Auditório Vita, à noite, entre 24 e 28 de abril e teve por tema «Variações Teológicas sobre a Semana Santa». Foram oradores Rui Ferreira, Joaquim Félix, João Manuel Duque e Maria Clara Ferreira de Almeida Saraiva.

A paróquia de S. Vítor, no arciprestado de Braga, lançou em 12 de abril uma aplicação para dispositivos móveis (App) que pretende «aproximar» ainda mais a comunidade e ser o espelho da nova estrutura da paróquia. Pode ser pesquisada pelo nome «Apparóquia».

Uma Via Luminosa promovida pelas paróquias de Frossos, Panóias e Gondizalves, do arciprestado de Braga, realizou-se em 15 de abril. Principiou às 15h30 no exterior da igreja paroquial de Panóias e terminou em Frossos.

Foi uma reflexão acerca de um conjunto de 14 estações que recordam as aparições de Jesus Cristo ressuscitado, que se tornou luz para todos os que nEle acreditam.

Uma celebração da Via Lucis (Caminho da Luz) realizou-se

em 21 da abril na Praça da República, em Cabeceiras de Basto.

7. Educação da Fé

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Alunos do Externato de S. Miguel de Refojos fizeram ence-nações baseadas em textos bíblicos.

Presidiu à celebração o senhor D. Nuno Almeida.

«Devoções e obrigações» foi o tema de uma conferência proferida pelo P. Domingos da Silva Araújo no Palácio do Raio, em Braga.

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Notícias diversas

Sessões de formação para ministros extraordinários da comunhão do arciprestado de Vila Nova de Famalicão realizaram-se nos dias 11, 12 e 13 de abril no Centro Pastoral de Santo Adrião, com início às 21h15.

A Região de Braga do Corpo Nacional de Escutas pro-moveu em 14 de abril, em Vieira do Minho, um encontro de artes que juntou cerca de setecentos escuteiros. Houve cinema e vídeo, música, teatro e fotografia. Incluiu o Festival Escutista de Curtas Metragens e o Festival Monsenhor Américo.

A Região de Braga tem 14 mil escuteiros distribuídos por 237 agrupamentos locais agrupados em nove núcleos.

A Câmara Municipal de Vieira do Minho pôs à disposição da Região de Braga do CNE a Casa Florestal de Campos, em plena Serra da Cabreira, para nela se criar um Centro Escutista.

O Agrupamento 1374 do Corpo Nacional de Escutas,

de Ribeirão, celebrou em 14/15 de abril o 5.º aniversário. A efe-méride foi assinalada com as promessas de 12 novos Lobitos, 12 novos Exploradores, 15 novos Pioneiros, 5 novos Caminheiros e 3 novos Dirigentes.

O Agrupamento conta com 180 efetivos.

8. Apostolado dos Leigos

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Liga Eucarística. O Núcleo da Liga Eucarística da paróquia de Santa Maria de Ferreiros, no arciprestado de Braga, celebrou em 08 de abril o 60.º aniversário.

A data foi assinalada com a consagração a Jesus por Maria. Consagraram-se a paróquia e mais 20 pessoas da comunidade paroquial.

Os liguistas vão doar-se ainda mais à paróquia através de três vetores: reparação nas primeiras quintas, sextas e sábados; aprofun-damento da Palavra e «Lectio divina»; apostolado da Eucaristia, e coadjuvando o pároco na liturgia, na catequese e na ação sócio--caritativa.

Aquele núcleo foi fundado em 09 de março de 1958 pelo P. Francisco Marques.

«Busca do Sentido da Vida e Reconciliação Cristã» foi o

tema de uma palestra proferida em 27 de abril no Centro Cultural Montemuro, em Braga, pelo Senhor D. Nuno Almeida.

Uma festa em honra de Santa Joana Beretta Molla rea-

lizou-se em 29 de abril na igreja paroquial de S. José de S. Lázaro. Houve celebração da Eucaristia e bênção de senhoras grávidas.

Uma série de sessões de preparação para o matrimó-

nio principiou em 15 de abril no Centro Social e Paroquial de Ribeirão, no arciprestado de Vila Nova de Famalicão. Termina em 06 de maio e inscreveram-se 46 pares de noivos.

Orientou as sessões uma equipa de seis casais oriundos das paróquias de Esmeriz, Fradelos, Lousado e Ribeirão. Foi assistente espiritual o P. António Machado.

Jovens Shalom. O Movimento Encontros de Jovens Shalom

promoveu em 28/29 de abril, em Braga, um Convívio Nacional.Terminou com a celebração da Eucaristia presidida pelo senhor

D. Francisco Senra Coelho na igreja de Santiago de Fraião.

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Notícias diversas

Luto, esperança e espiritualidade foi o tema de quatro tertúlias promovidas pela Equipa Arciprestal de Barcelos da Pasto-ral Social e Mobilidade, no salão da Igreja de Santo António, dos Franciscanos Capuchinhos, às 21h30.

A primeira realizou-se em 25 de abril. As restantes estão pre-vistas para 09, 16 e 23 de maio.

A Pastoral Universitária organizou em 25 de abril a II Ca-

minhada Solidária «Sementes» desde a Universidade do Minho até ao santuário do Sameiro. Participaram cerca de 500 estudantes. O objetivo foi a angariação de fundos para as missões de verão em Cabo Verde e na Guiné.

O Centro Social Paroquial de Ferreiros, no arciprestado

de Braga, celebrou em 17 de abril o 29.º aniversário. Assiste cerca de 160 crianças e 43 idosos.

«Cidadania 18». Realizou-se em Braga, na Universidade

Católica, em 20 de abril, o encontro «Cidadania 18», promo-vido pela União das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Braga.

9. Pastoral Social

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Nele se revelou existirem no distrito de Braga 506 instituições privadas de solidariedade social o que representa 10,1% das 5019 existentes em todo o país.

O papel das instituições da Igreja Católica no acolhi-

mento aos mais idosos foi o tema de uma aula aberta realizada em 27 de abril no Auditório Isidro Alves, do Centro Regional de Braga da Universidade Católica.

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P. Joaquim Ferreira de Faria

No dia 27 de fevereiro de 2018, na residência paroquial de Santa Maria de Airão, faleceu o padre Joaquim Ferreira de Faria.

Nascido em São Paio de Seide, Vila Nova de Famalicão a 8 de abril de 1925, bem cedo ele aprendeu o caminho para Airão, atraído pelo seu virtuoso tio abade, padre Manuel Fa-ria. Ele, o seu saudoso irmão, o musicólogo padre dr. Ma-nuel Ferreira de Faria e os primos padre Henrique e padre Sebastião S. J. eram a expressão de famílias simples, trabalha-doras, generosas e, como se vê, dignas das bênçãos de Deus. O padre Joaquim foi sempre o mais próximo do tio abade. Frequen-tou os seminários arquidiocesanos e recebeu a ordenação presbiteral a 12 de outubro de 1947. Foi pároco de Semelhe e Gondizalves, do arciprestado de Braga, durante três anos e, a 5 de agosto de 1950, foi enviado a paroquiar as freguesias de Santa Maria e S. João de Airão, do arciprestado de Guimarães.

Nos primeiros anos de atividade pastoral nestas comunidades foi não só familiar muito solícito de seu tio, mas companheiro fiel e autêntico cireneu.

Até ao dia da morte, ele foi sempre o padre Joaquim de Santa Maria; parecia mesmo que aquela região de Airão era consagrada ao padre Joaquim. Era impressionante como, numa figura tão simples

10. Memória

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e discreta que procurava apagar-se e passar esquecido, emergia o sacerdote, o discípulo de Cristo.

Apresentado invariavelmente de batina e chapéu, qual membro dos setenta e dois discípulos que Jesus enviou, despojado de tudo, era assim que ele refletia admiravelmente, em todas as circunstâncias, a imagem do Bom Pastor: um pastor que se sentia possuído de Cristo e que, segundo o modelo do Papa Francisco, estava bem compenetrado que O tinha de levar para fora, para as periferias, tanto territoriais como situações de pobreza moral e espiritual.

Gastou muitas solas pelos caminhos agrestes das paróquias a visitar doentes e a dar conforto e alento aos pobres; também gastou longas horas das semanas a atender, como Jesus, doentes de todas as enfermidades; nalguns casos, deslocava-se a lugares distantes para levar a pessoas e famílias sobressaltadas as bênçãos e graça de Deus. Em todas estas situações, ele procurava estabelecer um clima de oração profunda, a melhor garantia do sucesso.

Era também um exemplo edificante de devoção a Nossa Se-nhora; a festa da sua Senhora da Misericórdia, no 2º domingo de setembro, era precedida de boa preparação espiritual e celebrada com o máximo esplendor litúrgico; e era ponto de honra também que a procissão e animação popular a seguir tivesse duas bandas de música.

Aos Movimentos, Associações de fiéis, à Juventude e ao Corpo Nacional de Escutas (CNE) deu sempre o melhor de si.

Quando cedeu o terreno, por direito de superfície, ao clube de futebol, fez questão de exigir que dele pudessem dispor todas as crianças.

Uma igreja nova (S. João de Airão), o restauro da igreja de Santa Maria de Airão; os dois salões paroquiais; a construção e ser-viço da cantina de refeições para convívio e angariação de fundos demonstrava a preocupação de dotar as comunidades de estruturas para o seu crescimento pleno.

Era também muito sensível e solidário para com as atividades e campanhas de caráter arciprestal e arquidiocesano: o padre Joaquim

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não duvidava, não discutia, marcava simplesmente e de ânimo alegre e generoso a sua presença.

Para com este jornal O Conquistador, ele deixa uma memória inapagável: assumiu a angariação de muitos assinantes e ele próprio se encarregava, por interposta colaboradora, das respetivas cobranças.

Em 2012, por ocasião do 65.º aniversário da sua ordenação sacerdotal consentiu que os seus paroquianos assinalassem festivamente tão grata efeméride, consubstanciada na colocação de duas belas imagens de pedra da Virgem Maria: Senhora da Misericórdia, em Santa Maria de Airão e Senhora das Dores, em S. João de Airão.

São sinais que inspirarão louvores à Mãe de Jesus, mas que lembra-rão certamente o amor do filho muito devoto que foi o padre Joaquim. Agora, contemplar estas imagens é também lembrar o padre Joaquim e, recordá-lo, será, pensamos nós, continuar a ouvir os seus apelos para que, sob o amparo e proteção da MÃE, tenhamos garantida a vitória final, como ele sempre acreditou.

Bendito seja Deus pelo dom à Igreja, que foi o padre Joaquim.

L.C. (O Conquistador. 16 de março de 2018)

P. Armando Luís de Freitas

No início da tarde do dia 28 de fevereiro de 2018, no hospi-tal da Luz, desta cidade de Guimarães, faleceu o Padre Armando Luís de Freitas. A debilidade da saúde que se manifestava, desde há cerca de dois anos, agravou-se a partir de uma crise preocupante ocorrida em outubro do ano passado provocou naturalmente o fim da sua vida terrena.

O padre Armando nasceu em Azurém, Guimarães, a 8 de outubro de 1935.

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Frequentou os seminários arquidiocesanos entre 1948-1960 e recebeu a ordenação presbiteral em 10 de julho de 1960. O zelo do pároco de Azurém, o saudoso padre José Ribeiro, exerceu nele uma influência profunda no gosto pela liturgia e cultura musical. Azurém tornava-se o foco, donde o ilustre musicólogo padre Dr. Manuel Faria provocava o gosto e a renovação da música litúrgica. Deste contexto resultou que o padre Armando se tornasse um fervo-roso e dedicado apóstolo de louvar o Senhor com arte e com alma. Durante cerca de quatro anos, foi coadjutor do padre José Ribeiro e teve oportunidade para desenvolver as suas capacidades num âmbito de ação bem amplo: igreja paroquial, igreja de Santo António dos Capuchos e o cuidado dos doentes, capela da Madre de Deus e capela da Senhora da Conceição expandiu um dinamismo apostó-lico, à época, relevante. A par disto, iniciou também a atividade de professor de Educação Musical, trabalhando arduamente para obter os créditos necessários que lhe permitiram ser docente qualificado naquela matéria. A evangelização pela pregação foi também uma caraterística saliente em toda a sua vida.

Em 21 de abril de 1964 foi enviado para a paróquia de Ca-valões, arciprestado de Vila Nova de Famalicão. Sabe-se que toda esta família paroquial o chorou pela sua saída. Em 3 de agosto de 1965, tomou posse da paróquia de Fermentões onde teve a graça de exercitar as belas qualidades de que era dotado. Quis e pôde também valorizar-se para ser mais útil, sobretudo no campo da investigação, obtendo a licenciatura em História em 8 de julho de 1994. A partir de 5 de janeiro de 1995 e durante dezassete anos assumiu a paroquialidade de Penselo e foi arcipreste de Guimarães e Vizela no período de 2004-2014. E sobrou-lhe ainda fôlego para exercer o cargo de diretor-adjunto do Arquivo Diocesano. Para o padre Armando não havia fronteiras na sua ação pastoral, fosse ela de caráter paroquial, arciprestal e diocesano. Era um sa-cerdote de iniciativas e que sabia ser solidário com as iniciativas dos outros: organizou cursos de leitores e acólitos; promoveu o ensino de órgão para dotar as paróquias de agentes preparados

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para a animação litúrgica; entusiasmou-se pelos encontros de coros para despertar o gosto do canto litúrgico nas paróquias e disponibilizava-se sem reticências para animar celebrações de âmbito extraparoquial: as peregrinações à Penha foram um bom exemplo. É digno de louvor, portanto, pelo património espiritual que nos deixou. Preocupou-se também pelo património logístico e mate-rial das suas paróquias, com a dotação de estruturas para respostas pastorais e sociais em dimensões que perpetuarão a sua memória. Era um devoto vimaranense: soube estender os seus préstimos a várias instituições, designadamente, Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos e Bombeiros Voluntários de Guima-rães. Desta Corporação foi capelão durante muitos anos até 2004. Nesta pequenina memória da vida do padre Armando Luís de Freitas, é mui justo salientar a dedicação e espírito de entrega ao nosso jornal O Conquistador. Quando estudante foi coordenador do suplemento “A Página”, com o pseudónimo “Alfrei”, feita pelos seminaristas do arciprestado de Guimarães e, em todo o tempo foi um defensor acérrimo desta publicação arciprestal, quer com o seu conselho e incentivo, quer com colaboração permanente: muitos dos seus traba-lhos ele os coligiu em volume “Leituras e Mensagens”, o qual foi publicado em 2010, por ocasião das suas bodas de ouro sacerdotais. O amor à Virgem Maria era transversal em toda a sua atividade apos-tólica, bem saliente na pastoral profética. O mês de maio em Fermen-tões e particularmente a festa com procissão da Senhora do Rosário era um verdadeiro tributo de louvor e prece à Virgem Mãe e Rainha. Em jeito de homenagem ao padre Armando que, entre muitos poemas seus, fez um musicado pelo mestre e amigo, dr. Manuel Faria para Hino à Senhora da Luz, com que queremos terminar com a transcrição da letra. Aquele momento de inspiração que ele teve e que, ao rezá-lo e cantá-lo, fez vibrar o nosso coração, seja, nesta hora de saudade a súplica ardente de todos nós: “Dá-nos a graça bendita, de no Céu ver a Jesus”.

Nossa Senhora da Luz,

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Nossa Mãe, nossa Rainha, Deus voz fez tão bela, ó Mãe! Que mais beleza não tinha. Sois tão divina que eu dava Quanto o Amor exigisse Decerto Vos adorava, Se a fé não mo proibisse. É minha prece ó Senhora, Enternecida e suave Feita de luz que estremece Um Amor que em si não cabe. Que grande dita, ó Senhora, Ter nas mãos a própria Luz Dá-nos a graça bendita, De no Céu ver a Jesus

(“Senhora da Primavera” dr. Manuel Faria, maio de 1970, Braga)

L.C. «O Conquistador». 16 de março de 2018.

3.

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Da Igreja em Portugal

3.

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Conferência Episcopal Portuguesa

Comunicado final da 194.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.

A 194.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portu-guesa decorreu em Fátima, de 9 a 12 de abril de 2018, com a presença do Núncio Apostólico, do Presidente e da Vice-Presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e da Presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP).

No discurso de abertura, D. Manuel Clemente, após evocar o dinamismo pascal que estamos a viver, congratulou-se com a nomeação de D. Manuel Linda para Bispo do Porto, recordou D. António dos Santos, Bispo emérito da Guarda, recentemente fale-cido, e salientou três pontos da agenda: apresentação de um Plano de Comunicação Social da Igreja, que pretende ser um projeto de incorporação e harmonização das várias iniciativas, protagonistas e meios na comunicação; leitura e reflexão sobre as respostas ao questionário de preparação para a próxima Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos; proposta de um Plano de Formação de

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Catequistas. Manifestou um particular reconhecimento às dezenas de milhar de catequistas que transmitem a crianças, adolescentes, jovens e adultos a fé em Cristo e a vivência eclesial.

Atendendo ao atual debate na sociedade portuguesa sobre a eutanásia, queremos reiterar a nossa posição para um diálogo sereno e humanizador (cf. Nota Pastoral de março de 2016) e destacar as palavras do Papa Francisco sobre a defesa intransigente da vida hu-mana, na recente Exortação Apostólica Alegrai-vos e exultai, n.º 101: «A defesa do inocente nascituro deve ser clara, firme e apaixonada, porque neste caso está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada, e exige-o o amor por toda a pessoa, independentemente do seu desenvolvimento. Mas igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura, e em todas as formas de descarte». E continua, citando o Documento de Aparecida da Conferência do Episcopado Latino-Americano e das Caraíbas (CELAM): «O ser humano é sempre sagrado, desde a sua conceção, em todas as etapas da existência, até à sua morte natural e depois da morte, e a sua vida deve ser cuidada desde a conceção, em todas as suas etapas, até à morte natural».

Atendendo às possíveis repercussões legislativas e educativas quanto à mudança de sexo, a Assembleia reassume a posição da Carta Pastoral a propósito da Ideologia do Género: «A dimensão sexuada, a masculinidade ou feminilidade, é constitutiva da pessoa, é o seu modo de ser, não um simples atributo. É a própria pessoa que se exprime através da sexualidade. A pessoa é, assim, chama-da ao amor e à comunhão como homem ou como mulher. E a diferença sexual tem um significado no plano da criação: exprime uma abertura recíproca à alteridade e à diferença, as quais, na sua complementaridade, se tornam enriquecedoras e fecundas».

Na sequência da Carta Pastoral «Catequese: A alegria do encontro com Jesus Cristo», a Assembleia aprovou um Plano de Formação de Catequistas, que procura potenciar a identidade do

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catequista como discípulo missionário inserido na comunidade cristã, assumindo as seguintes opções formativas: importância fundamental e permanente do primeiro anúncio (querigmática); progressividade da experiência cristã através da contemplação dos sinais litúrgicos (mistagógica); fundamento constante na Palavra de Deus lida, refletida e rezada; dimensão eclesial e promoção de um acompanhamento pessoal no processo de crescimento na fé de cada catequizando; fundamento num processo sistemático e permanente, orgânico e progressivo, integral e por etapas, tendo em conta a especificidade do ministério do catequista.

A Assembleia aprovou a Nota Pastoral «Todos, Tudo e Sempre em Missão» e a celebração de um Ano Missionário, que se inicia em outubro de 2018 e culmina em outubro de 2019 como «Mês Missionário Extraordinário», assim declarado pelo Papa Francisco para assinalar o centenário da Carta Apostólica Maximum Illud do Papa Bento XV. A dimensão missionária estará subjacente às iniciativas pastorais diocesanas e nacionais ao longo do Ano Missionário, que será vivido no encontro com Jesus Cristo na Igreja, na liturgia, no testemunho dos santos e mártires da missão, na formação bíblica, catequética, espiritual e teológica, e na caridade missionária.

Para melhor conhecer a realidade dos jovens em Portugal e os acolher, escutar, acompanhar e integrar na Igreja, a Assembleia fez uma análise das respostas ao Questionário enviadas à Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos como contributo para a próxima Assembleia Geral ordinária sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Procedeu ainda à eleição dos seus representantes ao Sínodo, cujos nomes serão divulgados após confirmação pelo Santo Padre.

Em resposta à mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado em que o Papa Francisco pedia à Igreja e à socie-dade civil para desenvolver uma ação clara em prol dos migrantes, refugiados e vítimas do tráfico humano, a Assembleia aprovou uma Nota Pastoral sobre Migrantes e Refugiados. Reconhecendo toda a capacidade de acolhimento por parte da sociedade civil e das comunidades cristãs e denunciando as situações que atentam con-

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tra a dignidade da pessoa, o documento realça quatro ações que devem ser constantemente cultivadas: acolher em vez de devolver; proteger e não apenas socorrer; promover em vez de abandonar; integrar em vez de empurrar para guetos.

A Assembleia aprovou a Nota Pastoral «Oito séculos de pre-sença franciscana em Portugal» e associa-se com júbilo, gratidão e esperança a esta efeméride tão significativa para o nosso país. Reconhecendo a ação missionária, a obra cultural e a intervenção social fortemente irradiadas pelo carisma franciscano, deseja que esta celebração jubilar seja ocasião para uma tomada de consciência das fecundas sementes franciscanas que ao longo do tempo foram germinando e crescendo na alma portuguesa.

Tendo em vista a elaboração de um Plano de Comunicação Social da Igreja, a Assembleia tomou conhecimento da reflexão feita pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, que inclui um serviço central de Comunicação, e aprovou o seu prosseguimento em ligação com o Conselho Permanente e o Secretariado Geral.

A Assembleia analisou as implicações quanto à aplicação no âmbito da Igreja Católica do Regulamento 2016/679 do Parlamen-to Europeu e do Conselho da Europa, de 27 de abril de 2016, relativo à proteção de dados pessoais. O assunto será brevemente retomado, tendo também em conta a legislação canónica em vigor e a legislação portuguesa prevista sobre a matéria.

A Assembleia acolheu as informações, comunicações e progra-mações dos vários organismos da Conferência Episcopal, de que destacamos alguns aspetos.

O Delegado na COMECE (Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia) referiu a realização da recente Assembleia Plenária em Bruxelas, que foi sobretudo de eleição da Presidência para o próximo triénio. Realçou a importância deste organismo no diálogo permanente da Igreja com as instituições políticas, sociais e jurídicas da União Europeia, cujas decisões têm forte incidência nos seus estados membros.

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O Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Dou-trina da Fé, no departamento da Catequese, referiu o trabalho da reelaboração das bases da catequese dos adolescentes em articulação com a Pastoral Juvenil e sublinhou o recente Encontro Nacional de Catequese sob o lema «Catequista: Identidade e Missão». Na Educação Moral e Religiosa Católica, referiu as ações de formação para professores pelas diversas dioceses, com elevada participação. Na Escola Católica, destacou as dificuldades de subsistência que sentem muitos colégios devido aos cortes de financiamento público e a reafirmação constante do direito de escolha de ensino por parte dos pais e encarregados de educação.

O Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana apresentou relatórios dos seus organismos e destacou o Encontro de Agentes Socio-Pastorais para as Migrações sobre o tema «Partilhar a viagem: acolher, proteger, promover e integrar migrantes e refugiados». Aludiu também ao peditório da Semana Nacional Cáritas e às pertinentes reflexões publicadas pela Comissão Nacional Justiça e Paz e pela Pastoral da Saúde.

O Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família sublinhou as Jornadas Nacionais de Pastoral Familiar, que tiveram como tema «O Evangelho da Família, alegria para o mundo», o Conselho Nacional de Pastoral Familiar, que congrega os secreta-riados diocesanos e as direções dos movimentos eclesiais de Pastoral Familiar, e apresentou os Novos Guias elaborados pelos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM). Do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, salientou as Jornadas Nacionais de Pastoral Ju-venil sobre o próximo Sínodo dos Bispos sobre os jovens. Referiu ainda o IV Encontro Nacional de Leigos, que decorreu em Viseu sobre o tema «Este é o tempo». Do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior, realçou a crescente participação na Missão país e nos encontros com sujeitos de ação pastoral universitária.

O Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios aludiu ao Encontro Nacional dos Diáconos Permanentes sobre o tema «A diaconia e a caridade da Igreja no mundo contemporâneo»,

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o Encontro de Reitores de Seminários e Secretariados das Voca-ções e o Encontro do Serviço Europeu das Vocações do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) a propósito dos 20 anos do documento In Verbo Tuo sobre a pastoral vocacional. Apresentou também o programa do próximo Simpósio do Clero, que terá como tema «O Padre: ministro e testemunha da alegria do Evangelho».

O Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais salientou o Encontro de Referentes da Pastoral da Cultura e informou da próxima Jornada Nacional da Pastoral da Cultura dedicada ao desporto. Do Secretariado dos Bens Culturais destacou as ações de formação sobre iconografia cristã e conservação preventiva, aludindo também à recente publicação do Manual de Procedimentos de Inventário de Bens Culturais da Igre-ja. Do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais destacou a reformulação do Portal informativo da Agência Ecclesia, assim como a sessão de apresentação da mensagem do papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais e as Jornadas de Comunicação Social.

Informou ainda que em 2018 o Prémio «Árvore da Vida / Padre Manuel Antunes» foi atribuído a Ruy de Carvalho, ator e declamador com cimeira representatividade nos palcos e nos ecrãs há mais de sete décadas, e como tal distinguido com inúmeros galardões e com altas condecorações do Estado português.

O Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade sublinhou algumas atividades programadas: Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica sobre «Liturgia e Espiritualidade»; Peregrinação Nacional dos Acólitos sobre o tema «O acólito construtor da Paz»; Peregrinação Internacional de Acólitos a Roma. Informou ainda de uma parceria da Comissão com a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) para formação litúrgica, pastoral e espiritual, bem como a nomeação do Delegado Nacional aos Congressos Eucarísticos Internacionais.

O Presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangeli-zação informou sobre as principais atividades no âmbito das Missões,

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da Nova Evangelização, do Ecumenismo e do Diálogo Inter-Religioso, salientando o 2.º Curso de Diretores das Obras Missionárias Pontifícias ocorrido em Roma, as ações de formação para o relançamento da Infância Missionária, as Jornadas Missionárias Nacionais que decor-rerão sob o lema «Eu sou missão!» e o Encontro do Instituto para o Diálogo Inter-religioso que se realizará em Portugal.

O Presidente da Conferência dos Institutos Religiosos (CIRP) destacou a realização da Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada em Fátima e que teve como tema «Inovar na vida consagrada. Para vinho novo, odres novos» (Mc 2,22) e referiu a realização da 18.ª Assembleia Geral da União das Conferências Europeias de Supe-riores e Superioras Maiores (UCESM), realizada na Roménia, sob o lema «Alarga o espaço da tua tenda» (Is 54,2). A Presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP) referiu a recente assembleia geral, em que foram apreciados assun-tos relativos à organização e vida da CNISP, e a realização de um encontro sobre a temática do próximo Sínodo dos Bispos.

A Assembleia procedeu às seguintes nomeações para o próximo triénio:

Padre Manuel de Oliveira Simões, da Diocese de Coimbra, reconduzido como Assistente Nacional da Liga Operária Católica / Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) e do Mo-vimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC);

Padre Carlos Alberto da Graça Godinho, da Diocese de Coim-bra, reconduzido como Diretor da Obra Nacional da Pastoral do Turismo;

Padre Eduardo Jorge Gomes da Costa Duque, da Arquidiocese de Braga, reconduzido como Assistente do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior;

Padre António Manuel Alves Martins, da Diocese do Algarve, como primeiro Assistente Nacional do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência;

Padre Illia Oleh Fihol, osbm, como novo Coordenador dos Capelães Ucranianos em Portugal.

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A Assembleia foi informada sobre as seguintes realizações em que a CEP esteve representada: 110.ª Assembleia Plenária da Con-ferência Episcopal Espanhol e Comissão Bilateral da Concordata para o desenvolvimento da cooperação quanto a bens da Igreja.

A Assembleia aprovou o programa das Jornadas Pastorais do Episcopado (Fátima, 18-20 de junho de 2018) sobre o tema «Pastoral Juvenil Vocacional», o Calendário de Atividades para 2018-2019 e o Relatório de Contas do Secretariado Geral da CEP em 2017.

Fátima, 12 de abril de 2018

Oito séculos de presença franciscana em Portugal

Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a presença franciscana em Portugal.

Com júbilo, gratidão e esperança, a Conferência Episcopal Portuguesa associa-se à celebração dos oitocentos anos de presença franciscana no nosso País com a sua mensagem fraterna de Paz e Bem. Não sendo franciscana a pia batismal do novel Reino de Portugal, o cunho franciscano cedo impregnou muito do Cristia-nismo português na vivência da piedade cristológica e mariana, sobretudo na celebração do Natal (presépio), na devoção à Paixão de Cristo (via sacra) e no culto da Imaculada Conceição.

Desejamos que esta celebração jubilar seja ocasião para uma tomada de consciência das sementes franciscanas que ao longo do tempo foram germinando e crescendo na alma portuguesa.

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Árvore frondosa de numerosos ramos

O Franciscanismo chegou a Portugal em 1217 depois de o capítulo geral da recém-fundada Primeira Ordem Franciscana, ce-lebrado nesse ano, ter decidido enviar frades a evangelizar fora da Itália. As primeiras fundações, simples eremitérios, estabeleceram-se em Alenquer e Guimarães. O primeiro mosteiro português da Se-gunda Ordem foi o das Clarissas de Lamego em 1258. Integra-se também no ramo franciscano de religiosas de clausura a Ordem da Imaculada Conceição (Concecionistas), fundada em Toledo em 1489 pela portuguesa Santa Beatriz da Silva e estabelecida em Portugal em 1625. A Ordem Franciscana Secular, para homens e mulheres que orientam a sua vida cristã no estado secular segundo o espírito do Santo de Assis e designada primitivamente Ordem da Penitência e a seguir Ordem Terceira de S. Francisco, apareceu entre nós ainda na primeira metade do século XIII. A estruturação da Ordem Terceira Regular principiou em finais do mesmo século a partir de agrupamentos de terceiros seculares que adotaram vida comunitária com votos religiosos. O braço masculino, de perfil semelhante ao da Primeira Ordem, já existia no País na primei-ra metade do século XV. O feminino assumiu duas modalidades: mosteiros de clausura e associações religiosas dedicadas à catequese, atendimento de doentes e outras formas de beneficência.

No início do século XVI a Primeira Ordem cindiu-se em três ordens independentes. Em 1517 o Papa Leão X dividiu-a em Ordem dos Frades Menores da Observância (que passaram a ser designados habitualmente como Franciscanos) e Ordem dos Frades Menores Conventuais. Oito anos depois nasceu entre os primeiros um movimento de reforma que o Papa Clemente VII em 1528 aprovou como Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

O Liberalismo interrompeu abruptamente mais de seis séculos de vida conventual franciscana. Em 1833 proibiu-se a admissão de noviços e no ano seguinte suprimiram-se todos os conventos e institutos masculinos. Os mosteiros femininos, impedidos de aceitar

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noviças, iam-se despovoando à medida que as religiosas morriam e eram extintos após o falecimento da última, ficando o Estado na posse dos edifícios.

Na segunda metade do século XIX, apesar da interdição da lei civil, a Primeira Ordem começou a reorganizar-se com os fra-des de Varatojo (Torres Vedras). Paralelamente, apareceram quatro congregações femininas da Ordem Terceira Regular, ainda hoje com destacada presença entre nós: as Franciscanas Hospitaleiras de Calais, atualmente Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, e as Franciscanas Missionárias de Maria, originárias da França; e as Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas, agora da Imaculada Con-ceição, e as Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, fundadas, respetivamente, em Lisboa e no Funchal pela Beata Maria Clara do Menino Jesus e pela Venerável Irmã Maria de S. Francisco Wilson.

Com a I República sobreveio nova extinção dos institutos religiosos. Um decreto de 8 de outubro de 1910 expulsou do País todos os jesuítas, estrangeiros e nacionais, e todos os demais religiosos e religiosas estrangeiros. Os portugueses foram obrigados a dispersar e a não conviver em grupos com mais de três elementos.

Em 1928, desanuviada a situação, as casas de formação dos Francis-canos, então localizadas na Galiza, regressaram a Portugal. Por seu lado, os Capuchinhos estabeleceram-se entre nós em 1934. O mesmo fizeram os Conventuais em 1967, depois duma ausência de quatro séculos. En-tretanto, vieram de Espanha quatro congregações femininas da Ordem Terceira Regular: Escravas da Santíssima Eucaristia e da Mãe de Deus, Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor, Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho e Irmãs Franciscanas da Imaculada. Depois surgiram outras quatro, de instituição nacional: Fraternidade Franciscana da Divina Providência (Fátima), Servas Franciscanas de Nossa Senhora das Graças (Braga), Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado (Bragança) e Irmãs Concecionistas ao Serviço dos Pobres (Elvas), estas fundadas pela Venerável Madre Isabel da Santíssima Trindade. Finalmente, a Ordem Franciscana Secular conheceu notória renovação na segunda metade do século XX.

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No mesmo período a colaboração interfranciscana intensificou-se e deu origem a duas realizações mais significativas: a Peregrinação Nacional Franciscana a Fátima desde 1971 e a criação da Família Franciscana Portuguesa em 1978, entidade com personalidade ju-rídica canónica e civil.

Ação missionária

Membros duma Ordem que nasceu missionária, os Franciscanos portugueses desenvolveram privilegiadamente essa dimensão a partir do século XV, integrados na gesta universalista dos Descobrimentos. Essa história missionária não pode contudo dispensar a referência ao seu começo, real e simbólico, com Santo António de Lisboa e o seu encontro providencial, em Coimbra, com os protomártires franciscanos de Marrocos. Também ele missionou por breve tempo em Marrocos antes de iluminar a Itália e a França com a eloquência inflamada da sua pregação.

A partir do século XVI os Franciscanos evangelizaram a Ín-dia e o Brasil onde criaram quatro províncias religiosas, duas das quais ainda hoje perduram em terras de Vera Cruz. No século XVII Capuchinhos italianos e franceses, entre nós conhecidos por Barbadinhos, abriram casas em Lisboa como base de apoio às suas missões no Brasil, em Angola e na costa e ilhas do Golfo da Guiné.

No século XX Capuchinhos, Franciscanos e oito congregações femininas trabalharam nas antigas colónias de África, contribuindo decisivamente para a formação e crescimento das florescentes cris-tandades desses novos países lusófonos.

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Obra cultural

Paralelamente ao ministério pastoral, os Franciscanos medievais cedo abriram escolas públicas de gramática, filosofia ou teologia nos conventos de Alenquer, Beja, Coimbra, Évora, Guimarães, Lisboa, Porto e Santarém. A escola de teologia de Lisboa ganhou mais projeção e foi incorporada na universidade de Lisboa pelo Papa Nicolau V em 1453. No século XVI a filosofia e teologia da Escola Franciscana ficaram representadas na universidade de Coimbra pela cadeira de João Duns Escoto. Neste século e no seguinte fundaram--se na mesma cidade cinco Colégios Universitários franciscanos da Ordem Terceira Regular e de quatro províncias da Primeira Ordem. Digna de registo, no século XVIII, a ação cultural de Fr. Manuel do Cenáculo Vilas Boas e da Ordem Terceira Regular no convento de Nossa Senhora de Jesus, em Lisboa, hoje sede da Academia das Ciências de Lisboa que herdou a sua artística biblioteca e o recheio desta, valioso em obras clássicas. No nosso tempo a Universidade Católica Portuguesa, criada em 1967, conta desde o início com vários Franciscanos em funções docentes e de governo.

No âmbito do ensino primário e secundário a Família Francis-cana, desde fins do século XIX, tem desempenhado papel meritório com destaque para as escolas de diversas congregações femininas.

No campo das letras avultam duas figuras nos séculos XVI e XVII: o arrábido Fr. Agostinho de Cruz, com a unção mística da sua poesia, e Fr. António das Chagas, conceituado escritor espiritual e instituidor do seminário de missionários apostólicos de Varatojo, os quais, literalmente, calcorrearam o País em frutuosas missões populares durante quase dois séculos.

Por fim, também desde finais do século XIX, tem sido frequente o recurso à imprensa para difusão de textos de índole variada, a maioria de regular informação e apoio religioso e outros de alto valor cultural e científico. Nesta área destacam-se a revista Voz de Santo António, publicada pelos Franciscanos de 1895 a 1910, e, desde meados do século XX, as traduções e edições bíblicas dos

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Capuchinhos e três revistas: Itinerarium, Bíblica e Mensageiro de Santo António, editadas pelos Franciscanos, Capuchinhos e Con-ventuais, respetivamente.

Intervenção social

De uma família religiosa que tem por lema a pobreza, é de esperar prioridade de atenção aos pobres, naturalmente veiculada em convivial atitude de proximidade, mas também na colaboração e criação de mediações de assistência institucionalizada.

Sobretudo desde finais do século XIX, bom número de con-gregações femininas e de fraternidades da Ordem Franciscana Se-cular tem desempenhado papel significativo na fundação e gestão de hospitais e escolas de enfermagem e, em particular, de casas de acolhimento de crianças e jovens e de lares de terceira idade. Não é possível escrever a história contemporânea da assistência social em Portugal omitindo esse contributo.

Interpelações à Família Franciscana e à Sociedade

O jubileu dos oitocentos anos de presença franciscana em terras lusitanas constitui oportuno momento de interpelação para a vasta Família Franciscana e para a Sociedade.

A experiência de Deus no encontro pessoal de fé com Jesus Cristo assinala a marca identitária do perfil espiritual do Patriarca S. Francisco. O Santo de Assis não irradiava luz própria; refletia a que lhe vinha de Cristo no seio da Igreja. A sua originalida-de consistiu em ter sido incansável seguidor de Jesus, um “outro Cristo”, conforme o apelidou a hagiografia medieval. Ou como Teixeira de Pascoaes o definiu em 1927 por ocasião do sétimo centenário da sua morte: “Foste, no mundo, a imagem de Jesus / Que foi, no mundo, a aparição de Deus.”

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Nesta conformidade, os membros da Família Franciscana devem ser também, sempre e cada vez melhor, anúncio vivo e transparente de Jesus em palavras e obras. Se assim for, o Franciscanismo tem futuro nos tempos de hoje apesar dos obstáculos da caminhada.

S, Francisco tem igualmente uma palavra forte a dizer à So-ciedade atual. O seu amor à simplicidade e à pobreza é convite a um estilo de vida sóbrio e respeitador da “casa comum” da Criação. A sua mensagem de Paz e Bem é estímulo à promoção da fraternidade universal, fundada não em vago humanitarismo social, mas na consciência agradecida de que Deus é Pai comum de toda a humanidade.

A vida consagrada atravessa hoje um momento de acentuada crise de vocações. A Conferência Episcopal Portuguesa acompanha, todavia, com esperança esta situação de prova que também atinge a Família Franciscana. Entre as razões de tal esperança, sobressai a interpelação suscitada pela encíclica Laudato si’, do Papa Fran-cisco, sobre o Cuidado da Casa Comum. Não só pela inspiração desta no Santo de Assis, explicitamente assumida no documento, a começar pelo próprio título, como ainda pelos horizontes que abre às preocupações e ações de toda a humanidade. Os filhos de S. Francisco têm naturais motivos para se reconhecerem nelas para superar a presente crise epocal da história da humanidade e como compromisso de fidelidade ao desígnio da própria fundação da Família Franciscana qual a Igreja continua a depositar acalen-tadoras esperanças.

Fátima, 12 de abril de 2018

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Migrantes e Refugiados

Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre Migrantes e Refugiados.

Na mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2018, que ocorreu a 14 de janeiro, o Papa Francisco pedia à Igreja e à sociedade civil para desenvolver uma ação clara em prol dos migrantes, refugiados e vítimas de tráfico humano. Pedia também aos Estados membros da ONU, empenhados num Pacto Global, que enfrentassem a questão migratória, propondo medidas de acolhimento, de proteção, de promoção e de integração destes irmãos nossos que batem às nossas portas, fugidos à fome, à guerra e à perseguição.

Mas, antes de tudo, é necessário admitir o princípio da mo-bilidade como uma das características das sociedades modernas e integrá-la na legislação de cada país, para que isso aconteça de modo ordenado, legal e seguro.

Temos conhecimento que em Portugal muitas empresas cum-prem as suas obrigações sociais com trabalhadores estrangeiros, mas não podemos ficar insensíveis a alguns atropelos que acontecem não apenas noutros países, mas também no nosso, como o trabalho sazonal, sobretudo na agricultura, realizado por pessoas de outras origens e culturas, sem lhes reconhecer os direitos a trabalho hu-mano, remuneração justa, habitação digna, alimentação capaz, segu-rança social e saúde pública. Ainda pior quando são vítimas de intermediários sem consciência, que lhes confiscam os documentos, parte do salário e ameaçam os seus familiares nos países de pro-veniência. Algo semelhante acontece com ‘empresas’ que recrutam mão de obra em Portugal para trabalhar no estrangeiro, prometendo condições vantajosas que depois não se verificam.

Acerca dos migrantes e refugiados, não podemos deixar de sa-lientar o esforço que tem sido desenvolvido em Portugal no sentido

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de maior capacidade de acolhimento. É de realçar todo o trabalho desenvolvido pela PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados. To-davia, com base nas quatro ações sugeridas (acolhimento, proteção, promoção e integração), propomos algumas medidas viáveis para ajudar a solucionar este problema global do nosso tempo.

Acolher em vez de devolver.Sendo a mobilidade humana um fenómeno que caracteriza o

nosso tempo e as nossas sociedades multiculturais e inter-religiosas, deverão os nossos responsáveis políticos, como os de outros Es-tados, procurar responder a este fenómeno, criando para isso le-gislação adequada para o seu acolhimento justo e digno, em vez de fecharem as fronteiras da Europa e devolverem estas pessoas a países terceiros, que, por sua vez, os repatriam para os seus países de origem, pobres e, muitas vezes, atingidos pela corrupção e pela guerra. Criar para isso corredores humanitários seguros, para evitar que sejam vítimas do tráfico de máfias sem escrúpulos, a quem unicamente interessa o dinheiro.

Proteger e não apenas socorrer.Muitas destas pessoas, esfomeadas, violadas e feridas, depois de

um longo e penoso caminho por mares, desertos e montanhas, chegam até nós carentes de afeto e proteção, sobretudo os menores e as crianças sem familiares. Em conformidade com a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, devem ser protegidas e defendidas, com acesso a cuidados de saúde e educação, de modo a que possam crescer e ter o amparo humano de que necessitam.

Promover em vez de abandonar.Os migrantes, os refugiados e as vítimas de tráfico humano

devem ser apoiados de modo a que, conscientes dos seus direitos e deveres, se desenvolvam como pessoas reconhecidas na sua dignidade e situação de vida particular, participando ativamente na vida local, de modo a poderem dar o seu contributo pessoal e comunitário aos países onde vivem, sem esquecerem as suas origens, a cultura e o bem-estar dos seus familiares.

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Integrar em vez de empurrar para guetos.Os migrantes contribuem para o desenvolvimento global, não

apenas enquanto mão de obra produtiva, mas enquanto pessoas com um ‘capital’ de experiência de vida, riqueza cultural, religião, língua e costumes. Por isso precisamos de fomentar uma cultura de encontro e de diálogo, de modo a enriquecermo-nos mutuamen-te, em vez de os empurrar para guetos linguísticos, de culto, de etnias ou de cor, contribuindo para aumentar os focos de tensão e conflito, impedindo-os de se tornarem membros e cidadãos de pleno direito das nossas sociedades e comunidades.

É um longo e complexo processo, já em curso também em Portugal, mas será o único capaz de fazer do fenómeno da mobi-lidade um fator de enriquecimento harmónico do mundo global em que vivemos, tornando os nossos ambientes, marcados pela mobilidade, mais pacíficos, dialogantes e integradores.

Confiamos na boa vontade e no sentido de justiça dos nossos legisladores e fazemos apelo aos responsáveis do Governo a que continuem a desenvolver medidas de acolhimento e integração dos migrantes, dos refugiados e das vítimas do tráfico humano e parti-lhem as boas práticas com os outros países no âmbito das Nações Unidas, para que o Pacto Global sobre as migrações internacionais e sobre os refugiados seja um enriquecimento para todo o mundo e assim se integre a mobilidade na realidade das nossas sociedades.

Esperamos também que na sociedade, nas instituições e nas comunidades cristãs das nossas Dioceses portuguesas se cultive o amor generoso que se traduza em acolhimento, proteção, promoção e integração dos que buscam, com verdade, sentido para a vida.

Fátima, 12 de abril de 2018

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A beleza do amor de mãe

Mensagem da Comissão Episcopal do Laicado e Família, para o Dia da Mãe, que se celebra em 06 de maio.

É bom, belo e justo celebrar o Dia da Mãe: agradecer a todas as mães que dia e noite, todos os dias e todos anos, ao longo da sua vida, se dedicam ao acolhimento amoroso, à educação e ao crescimento integral dos filhos.

Ser mãe não significa somente colocar no mundo um filho, mas é também uma escolha: a de dar a vida. Nada há mais nobre e mais santo!

Na sua terceira exortação apostólica, “Alegrai-vos e exultai”, o Papa Francisco recorda que a santidade é construída na vida de cada dia, com os “pequenos detalhes do amor” (n. 145). Todos sabemos, por experiência própria, que a sacralidade de tantos pequenos gestos das nossas mães deixou um sabor indizível e inesquecível no nosso coração de filhos.

As mães são verdadeiras beneméritas da sociedade, pois sabem cultivar e transmitir, mesmo nos piores momentos, a ternura, a de-dicação e a força moral. São também as mães que transmitem o sentido mais profundo da vivência religiosa: nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende, inscrevendo assim, indelevelmente, o valor da fé na vida de um ser humano.

Queridas mães, obrigado por aquilo que nos dais, pelo que sois na família e por aquilo que dais à Igreja e à sociedade. Que a celebração de mais um Dia da Mãe junte, em coro, as nossas vozes à dos decisores políticos e económicos, dos agentes cultu-rais e da comunicação social e todos nos empenhemos a apoiar e a proteger o dom da maternidade que começa na fecundação e nunca deixa de se manifestar.

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As mães de todos os tempos têm como modelo Maria, Mãe de Jesus. Que Nossa Senhora abençoe todas as mães! As acolha e proteja sob o seu santo manto.

Como “pequena lembrança” para este dia, aqui deixamos uma singela parábola: Um anjo fugiu do paraíso para dar um passeio pela terra. No findar do dia, decidiu levar algumas lembranças daquela visita. Num jardim, viu algumas rosas: apanhou as mais bonitas e fez um belo ramo para levar para o paraíso.

Mais à frente, viu uma criança sorrir para a mãe. Encantado com a ternura daquela criança, apanhou também o seu sorriso. Estava para partir, quando viu uma mãe olhar com amor para o seu pequenino no carrinho.

O amor jorrava como uma nascente a transbordar. O anjo pensou: «O amor daquela mãe é o que de mais bonito existe na terra, portanto pegarei também nele». Voou para o céu, mas antes de passar pelos portões azuis, decidiu examinar as recordações para ver como se tinham conservado durante a viagem.

As flores estavam murchas, o sorriso da criança tinha-se esmo-recido, mas o amor da mãe ainda tinha todo o seu esplendor e beleza. Pôs de lado as flores murchas e o sorriso apagado, chamou à sua volta todos os hóspedes do céu e disse: “Eis a única coisa que encontrei na terra e que manteve toda a sua beleza durante a viagem para o paraíso: o amor de mãe!”.

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Cónego Formigão

O Papa Francisco abriu em 14 de abril caminho à beatificação do cónego Manuel Formigão, figura central na investigação às Aparições na Cova da Iria.

Manuel Nunes Formigão nasceu em Tomar, a 1 de janeiro de

1883 e aos 12 anos entrou no Seminário Patriarcal em Santarém, onde realizou os estudos eclesiásticos.

Faleceu em Fátima, a 30 de janeiro de 1958, e no ano 2000 a Conferência Episcopal Portuguesa concedeu a anuência para a intro-dução da causa de Beatificação e Canonização do Apóstolo de Fátima.

Em janeiro de 2017, decorreu a cerimónia de trasladação dos restos mortais do religioso, do cemitério local para um mausoléu construído na Casa de Nossa Senhora das Dores, das Irmãs Re-paradoras de Nossa Senhora de Fátima, congregação fundada pelo cónego Formigão.

O bispo de Leiria-Fátima destacou então uma figura que “se rendeu ao mistério e à revelação do amor de Deus, da beleza da sua santidade tal como brilhou aos pastorinhos de Fátima”, um sacerdote que “captou de uma maneira admirável para o seu tempo, a dimensão reparadora da vivência da fé tão sublinhada na mensagem de Fátima”.

“Sem ele, Fátima não seria o que é presentemente”, disse D. António Marto, reproduzindo as palavras do antigo cardeal-patriarca de Lisboa D. António Ribeiro.

De acordo com a nota biográfica divulgada pela postulação do processo da Causa de Canonização, o padre Formigão foi pela primeira vez à Cova da Iria a 13 setembro de 1917, como simples curioso e “profundamente cético relativamente aos factos que se diziam ali estarem a acontecer”.

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Não se aproximou do local das aparições e saiu de Fátima ainda “mais cético, pois não presenciou nada de invulgar, apenas notando a diminuição da luz solar por altura das supostas aparições, mas facto que não deu qualquer importância”.

No entanto voltou a Fátima, em concreto a Aljustrel, no dia 27 desse mesmo mês a fim de interrogar, em separado, os três videntes.

A este interrogatório sucederam-se outros nas semanas seguintes, nomeadamente o efetuado no dia 13 de outubro, horas depois da última aparição e depois de ter sido testemunha, juntamente com mais de 60 mil pessoas ao assombroso fenómeno solar, que o povo apelidou como “Milagre do Sol”.

Perfil biográfico

Há nomes que são um programa de vida. O de Manuel Nunes Formigão é um deles. Este tomarense, nascido no primeiro dia de 1883, foi – nas palavras de D. Manuel Mendes da Conceição – “uma trombeta de Deus”. Depois de batizado na Igreja de João Baptista, na cidade do Nabão, no mesmo ano de nascimento, Ma-nuel Nunes Formigão faz os estudos superiores, em Roma, e é ordenado presbítero naquela cidade italiana a 4 de Abril de 1908.

É laureado em Teologia e Direito Canónico pela Universidade Gregoriana e regressa a Portugal em agosto do ano seguinte à or-denação. Na viagem para a sua pátria natal faz uma paragem em Lourdes (França) e, aos pés da Virgem compromete-se a divulgar a devoção mariana, em Portugal. No mês de outubro de 1910 caía o Antigo Regime e implantava-se a República no nosso país. Durante anos, em virtude dos movimentos revolucionários e da perseguição desencadeada contra a Igreja, não se puderam realizar peregrinações aos Santuários estrangeiros. Só volta ao Santuário francês em 1914 para participar no Congresso Eucarístico Internacional.

Com as aparições de Fátima (em 1917) recebe o convite do arcebispo de Mitilene para investigar a ocorrência e está presente

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Ação CatólicaAção Católica | maio614

na 5.ª aparição (setembro) de Nossa Senhora. Nesse mesmo ano é nomeado professor de Teologia do Seminário de Santarém. “Mais que admirado pelos seus alunos, o jovem professor era por eles muito estimado. Não era o professor que arrastava sem convencer. Era o pedagogo que convencia pela clareza com que expunha os temas, pela ponderação e pelo método que utilizava” (1).

Em 1918 exerce a docência de várias disciplinas no Liceu Sá da Bandeira, em Santarém, onde funda a «Associação Nun´Álvares» e efectua vários interrogatórios aos videntes que são a primeira fonte com que de imediato divulga o acontecimento de Fátima. Desse ano a 1956, a sua pena veloz e mestria literária não param ao serviço de Nossa Senhora e da sua Mensagem. Faleceu a 30 de janeiro de 1958.

Estudar os acontecimentos de Fátima

Das várias vezes que esteve no Santuário de Lourdes, o cónego Nunes Formigão prometeu consagrar a sua vida a espalhar a devoção a Nossa Senhora na sua pátria. Quando ouviu falar das aparições na Cova da Iria a três crianças tomou duas atitudes continuadas: a de não ligar importância ao assunto, mas que o facto deveria ser estudado, dado verificar-se uma afluência sempre crescente ao local das aparições.

A imprensa liberal - «O Século» e o «Diário de Notícias» - relatavam os acontecimentos de Fátima. No entanto, ao saber da prisão dos pequenos pastores (agosto de 1917), falou do assunto ao cardeal patriarca de então e chegou à conclusão que deveria observar o fenómeno no local. O desejo de ir ao local no mês de setembro estava generalizado em quase todo o país e o mesmo acontecia com o cónego Formigão.

Numa crónica de 11 de Outubro de 1917, o jovem padre relata no jornal «A Guarda» o que presenciou: “Cedendo a um sentimento de curiosidade, justificada por factos tão extraordinários,

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embora sem lograr vencer de todo a repugnância que sentia em fazê-lo, pelo receio de parecer dar importância excessiva ao que talvez não passasse duma ridícula superstição, resolvi partir para Fátima, juntamente com alguns amigos”. Não se aproximou mui-to do local das aparições e “apenas constatei a diminuição da luz solar” (2). Ele próprio confessa: “regressei de Fátima mais céptico, apesar de me ter comovido bastante ao testemunhar a fé ardente e a piedade sincera dos peregrinos” (3).

Apesar do ceticismo inicial, o cónego Formigão voltou novamen-te a Fátima para conhecer pessoalmente os videntes, interrogá-los e ouvir das testemunhas fidedignas a narração verídica dos episódios que se tinham verificado nos cinco meses precedentes. Feitos os primeiros interrogatórios, o cónego Nunes Formigão fica com uma impressão completamente diferente da que tinha antes. Sem chegar ainda à sobrenaturalidade dos factos, algo lhe fica indelevelmente na alma: a sinceridade dos videntes.

De 1918 a 1922, o cónego Formigão colabora com frequência nos periódicos «A Guarda»; «Novidades» e «A.B.C.». Nas crónicas descreve muitos episódios sobre as aparições de Fátima e o seu relacionamento com os pastorinhos. Durante este período escreve o livro «Os episódios maravilhosos de Fátima»; faz diligências e remove obstáculos na aquisição de terrenos para a construção da capelinha e ampliação de espaço para a celebração dos atos de culto.

Na década de 20, colabora e põe de pé o periódico «Voz de Fátima» e escreve a obra «As grandes maravilhas de Fátima». Para ajudar na construção da Basílica escreve o livro «Fátima, o Paraíso na terra». Em 1931 sai a «A Pérola de Portugal» e cinco anos de-pois «Fé e Pátria». “Através da sua ação e da sua pena ao serviço da Igreja e dos acontecimentos de Fátima, o cónego Formigão antecipou-se à Igreja que bem serviu. Depois dos Pastorinhos, o Sr. Formigão foi o instrumento escolhido por Nossa Senhora para garantir a autenticidade desses acontecimentos” – escreveu D. João Pereira Venâncio, 2º bispo de Leiria.

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Ação CatólicaAção Católica | maio616

Como resposta ao pedido que Nossa Senhora fez a Jacinta Marto em Lisboa - “Reparar os pecados da humanidade” -, o padre Manuel Nunes Formigão fundou (6 de janeiro de 1926) a Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima.

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Da Santa Sé

4.

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Mensagem urbi et orbi

No Domingo da Páscoa da Ressurreição, o Papa Francisco dirigiu sua mensagem de Páscoa e concedeu a Bênção Urbi et Orbi (“à cida-de [de Roma] e ao mundo”), com a Indulgência Plenária segundo as normas estabelecidas pela Igreja.

Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!Jesus ressuscitou dos mortos.Ressoa na Igreja, por todo o mundo, este anúncio, juntamente

com o cântico do Aleluia: Jesus é o Senhor, o Pai ressuscitou-O e Ele está vivo para sempre no meio de nós.

O próprio Jesus preanunciara a sua morte e ressurreição com a imagem do grão de trigo. Dizia: «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo12, 24). Foi isto mesmo que aconteceu: Jesus, o grão de trigo semeado por Deus nos sulcos da terra, morreu vítima do pecado do mundo, permaneceu dois dias no sepulcro; mas, naquela sua morte, estava contida toda a força do amor de Deus, que se desencadeou e manifestou ao terceiro dia, aquele que celebramos hoje: a Páscoa de Cristo Senhor.

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Nós, cristãos, acreditamos e sabemos que a ressurreição de Cristo é a verdadeira esperança do mundo, a esperança que não dececiona. É a força do grão de trigo, a do amor que se humilha e oferece até ao fim e que verdadeiramente renova o mundo.

Esta força dá fruto também hoje nos sulcos da nossa história, marcada por tantas injustiças e violências. Dá frutos de esperança e dignidade onde há miséria e exclusão, onde há fome e falta trabalho, no meio dos deslocados e refugiados – frequentemente rejeitados pela cultura atual do descarte – das vítimas do narcotráfico, do tráfico de pessoas e da escravidão dos nossos tempos.

E nós, hoje, pedimos frutos de paz para o mundo inteiro, a

começar pela amada e martirizada Síria, cuja população se encontra exausta por uma guerra sem um fim à vista. Nesta Páscoa, a luz de Cristo Ressuscitado ilumine as consciências de todos os responsáveis políticos e militares, para que se ponha imediatamente termo ao extermínio em curso, respeite o direito humanitário e proveja a facilitar o acesso às ajudas de que têm urgente necessidade estes nossos irmãos e irmãs, assegurando ao mesmo tempo condições adequadas para o regresso de quantos foram desalojados.

Frutos de reconciliação, imploramos para a Terra Santa, também

ferida por conflitos abertos que não poupam os indefesos, para o Iêmen e para todo o Médio Oriente, a fim de que o diálogo e o respeito mútuo prevaleçam sobre as divisões e a violência. Pos-sam os nossos irmãos em Cristo, que muitas vezes sofrem abusos e perseguições, ser testemunhas luminosas do Ressuscitado e da vitória do bem sobre o mal.

Frutos de esperança, suplicamos neste dia para todos aqueles

que anseiam por uma vida mais digna, especialmente nas regiões do continente africano atormentadas pela fome, por conflitos en-démicos e pelo terrorismo.

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A paz do Ressuscitado cure as feridas no Sudão do Sul e da mortificada República Democrática do Congo: abra os corações ao diálogo e à compreensão mútua. Não esqueçamos as vítimas daquele conflito, sobretudo as crianças! Não falte a solidariedade em prol das inúmeras pessoas forçadas a abandonar as suas terras e privadas do mínimo necessário para viver.

Frutos de diálogo, imploramos para a península coreana, para

que os colóquios em curso promovam a harmonia e a pacificação da região. Aqueles que têm responsabilidades diretas ajam com sabedoria e discernimento para promover o bem do povo corea-no e construir relações de confiança no âmbito da comunidade internacional.

Frutos de paz, pedimos para a Ucrânia, a fim de que se refor-

cem os passos a favor da concórdia e sejam facilitadas as iniciativas humanitárias de que necessita a população.

Frutos de consolação, suplicamos para o povo venezuelano, que

vive – escreveram os seus Pastores – como que em «terra estran-geira» no seu próprio país. Possa, pela força da Ressurreição do Senhor Jesus, encontrar a via justa, pacífica e humana para sair, o mais rápido possível, da crise política e humanitária que o oprime e, àqueles dentre os seus filhos que são forçados a abandonar a sua pátria, não lhes falte hospedagem nem assistência.

Frutos de vida nova, Cristo Ressuscitado dê às crianças que, por

causa das guerras e da fome, crescem sem esperança, privadas de educação e assistência sanitária; e também aos idosos descartados pela cultura egoísta que põe de lado aqueles que não são «produtivos».

Frutos de sabedoria, imploramos para aqueles que, em todo

o mundo, têm responsabilidades políticas, a fim de que respeitem

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Ação CatólicaAção Católica | maio622

sempre a dignidade humana, trabalhem com dedicação ao serviço do bem comum e garantam progresso e segurança aos seus cidadãos.

Queridos irmãos e irmãs!Também a nós, como às mulheres que acorreram ao sepulcro,

é-nos dirigida esta palavra: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6).

A morte, a solidão e o medo já não são a última palavra. Há uma palavra que vem depois e que só Deus pode pronunciar: é a palavra da Ressurreição (cf. João Paulo II, Palavras no final da Via-Sacra, 18/IV/2003).

Com a força do amor de Deus, ela «afugenta os crimes, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes, derruba os poderosos, dissipa os ódios, estabelece a concórdia e a paz» (Precónio Pascal).

Gaudete et Exsultate

O Papa Francisco tornou pública em 09 de abril a Exortação Apostólica «Gaudete et Exsultate», sobre os desafios de ser santo no mundo atual. Dá indicações sobre como viver a santidade - um chamamento que é para todos - em um mundo que apresenta tantos desafios à fé. Começa o do-cumento falando sobre o espírito de alegria.

Tornamo-nos santos vivendo as bem-aventuranças, o caminho

principal porque “contra a corrente” em relação à direção do mundo. O chamamento à santidade é para todos, porque a Igreja sempre

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4. Da Santa Sé4. Da Santa Sé 623

ensinou que é um chamamento universal e possível a qualquer um, como demonstram os muitos santos “da porta ao lado”.

A vida de santidade está assim intimamente ligada à vida de misericórdia, “a chave para o céu”.

Portanto, santo é aquele que sabe comover-se e mover-se para ajudar os miseráveis e curar as misérias. Quem se esquiva- das “elucubrações” de velhas heresias sempre atuais e quem, entre outras coisas, em um mundo “acelerado” e agressivo “é capaz de viver com alegria e sentido de humor.”

O título “Gaudete et Exsultate”, “Alegrai-vos e exultai,” repete

as palavras que Jesus dirige “aos que são perseguidos ou humilhados por causa dele”.

Nos cinco capítulos e 44 páginas do documento, o Papa segue a linha de seu magistério mais profundo, a Igreja próxima à “carne de Cristo sofredor.”

Os 177 parágrafos não são – adverte - “um tratado sobre a santidade, com muitas definições e distinções”, mas uma maneira de “fazer ressoar mais uma vez o chamamento à santidade”, indicando “os seus riscos, desafios e oportunidades”(n. 2).

Antes de mostrar o que fazer para se tornar santo, o Papa

Francisco detém-se no primeiro capítulo sobre o “chamamento à santidade” e reafirma: há um caminho de perfeição para cada um e não faz sentido desencorajar-se contemplando “modelos de san-tidade que lhe parecem inatingíveis” ou procurando “imitar algo que não foi pensado para ele”. (n. 11).

“Os santos, que já chegaram à presença de Deus” “protegem--nos, amparam-nos e acompanham-nos” (n. 4), afirma o Papa. Mas, acrescenta, a santidade a que Deus nos chama, irá crescendo com “pequenos gestos” (n. 16 ) cotidianos, tantas vezes testemunhados por “aqueles que vivem próximos de nós”, a “classe média de santidade” (n. 7).

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Ação CatólicaAção Católica | maio624

No segundo capítulo, o Papa estigmatiza aqueles que define como “dois inimigos subtis da santidade”, já várias vezes objeto de refle-xão, entre outros, nas missas na Santa Marta, na Evangelii gaudium, bem como no recente documento da Doutrina da Fé, Placuit Deo.

Trata-se do “gnosticismo” e do “pelagianismo”, duas heresias que surgiram nos primeiros séculos do cristianismo, mas continuam a ser de alarmante atualidade (n.35).

O gnosticismo – observa - é uma autocelebração de “uma mente sem encarnação, incapaz de tocar a carne sofredora de Cristo nos outros, engessada numa enciclopédia de abstrações”.

Para o Papa, trata-se de uma “vaidosa superficialidade”, que pretende “reduzir o ensinamento de Jesus a uma lógica fria e dura que procura dominar tudo”. E ao desencarnar o mistério, prefe-rem - como disse numa missa em Santa Marta - “um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo “(nn. 37-39).

O neo-pelagianismo é, segundo o Papa, outro erro gerado pelo

gnosticismo. A ser objeto de adoração aqui não é mais a mente humana, mas o “esforço pessoal”, uma vontade sem humildade que “sente-se superior aos outros por cumprir determinadas normas” ou por ser fiel “a um certo estilo católico” (n. 49).

“A obsessão pela lei”, “o fascínio de exibir conquistas sociais e políticas”, ou “a ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja” são para o Papa, entre outros, alguns traços típicos de cristãos que “não se deixam guiar pelo Espírito no ca-minho do amor”. (n. 57).

O Papa Francisco, por outro lado, lembra que é sempre o dom

da graça que ultrapassa “as capacidades da inteligência e as forças da vontade humana” (n. 54). Às vezes, constata, “complicamos o Evangelho e tornamo-nos escravos de um esquema”. (Nº 59)

Além de todas as “teorias sobre o que é santidade”, existem

as Bem-aventuranças. O Papa coloca-as no centro do terceiro ca-

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4. Da Santa Sé4. Da Santa Sé 625

pítulo, afirmando que com este discurso Jesus “explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo” (n. 63).

O Papa recorda-as uma a uma. Da pobreza de coração - que também significa austeridade da vida (n. 70) - ao reagir “com humilde mansidão” num mundo onde se combate em todos os lugares. (n. 74).

Da “coragem” de deixar-se “traspassar” pela dor dos outros e ter “compaixão” por eles - enquanto “ o mundano ignora, olha para o lado” (nn 75-76.) - à sede de justiça.

“A realidade mostra-nos como é fácil entrar nas súcias da cor-

rupção, fazer parte desta política diária do “dou para que me deem”, onde tudo é negócio. E quantos sofrem por causa das injustiças, quantos ficam assistindo, impotentes, como outros se revezam para repartir o bolo da vida”. (nn. 78-79).

Do “olhar e agir com misericórdia”, o que significa ajudar os

outros “e até mesmo perdoar” (nn. 81-82), “manter o coração lim-po de tudo o que mancha o amor” por Deus e o próximo, isto é santidade. (n.86).

E finalmente, do “semear a paz” e “amizade social” com “serenidade,

criatividade, sensibilidade e destreza” - conscientes da dificuldade de lançar pontes entre pessoas diferentes (nn. 88-89) – ao aceitar também as perseguições, porque hoje a coerência às Bem-aventuranças “pode ser mal vista, suspeita, ridicularizada” e, no entanto, não se pode esperar, para viver o Evangelho, que tudo à nossa volta seja favorável” (n. 91).

Uma dessas bem-aventuranças, “Bem-aventurados os misericor-

diosos”, contém para o Papa Francisco “a grande regra de com-portamento” dos cristãos, aquela descrita por Mateus no capítulo 25 do “Juízo Final”.

Esta página, reitera, demonstra que “ser santo não significa revirar os olhos num suposto êxtase” (n. 96), mas viver Deus por meio do amor aos últimos.

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Infelizmente, observa o Papa, existem ideologias que “mutilam o Evangelho”. Por um lado, cristãos sem um relacionamento com Deus, que transformam o cristianismo “numa espécie de ONG, pri-vando-o daquela espiritualidade irradiante” vivida por São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, Santa Teresa de Calcutá. (nº 100).

Por outro, aqueles que “suspeitam do compromisso social dos outros”, considerando-o como se fosse algo de superficial, mun-dano, secularizado, imanentista, “comunista ou populista”, ou “o relativizam” em nome de uma determinada ética.

Aqui o Papa reafirma que “a defesa do inocente nascituro, por

exemplo, deve ser clara, firme e apaixonada, porque neste caso está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada” (n. 101).

Mesmo o acolhimento dos migrantes - que alguns católicos, observa, gostariam que fosse menos importante do que a bioéti-ca - é um dever de todo cristão, porque em todo o estrangeiro existe Cristo, e “não se trata da invenção de um Papa, nem de um delírio passageiro” (n. 103).

Assim, observou que “gozar a vida” como nos convida a fazer o “consumismo hedonista”, é o oposto do desejar dar glórias a Deus, que pede para nos “gastarmos” nas obras de misericórdia (nn. 107-108).

No quarto capítulo, o Papa revê as caraterísticas “indispensáveis”

para entender o estilo de vida da santidade: “perseverança, paciência e mansidão”, “alegria e sentido de humor”, “audácia e fervor”.

O caminho da santidade vivido como caminho “em comuni-

dade” e “em constante oração”, que chega à “contemplação”, não entendida como “evasão que nega o mundo que nos rodeia” (nn. 110-152).

E porque, prossegue, a vida cristã é uma luta “constante” con-tra a “mentalidade mundana” que “nos engana, atordoa e torna medíocres” (n. 159).

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4. Da Santa Sé4. Da Santa Sé 627

O Papa conclui no quinto capítulo convidando ao “combate” contra o “Maligno que, escreve ele, não é “um mito”, mas” um ser pessoal que nos atormenta” (n. 160-161).

“Quem não quiser reconhecê-lo, ver-se-á exposto ao fracasso ou à mediocridade”. As suas maquinações, indica, devem ser con-trastadas com a “vigilância”, usando as “armas poderosas” da oração, a adoração eucarística, os Sacramentos e com uma vida permeada pela caridade (n. 162).

Importante, continua, é também o “discernimento”, particular-

mente numa época “que oferece enormes possibilidades de ação e distração” - das viagens, ao tempo livre, ao uso descontrolado da tecnologia - “que não deixam espaços vazios onde ressoa a voz de Deus “. O Papa pede cuidados especiais para os jovens, muitas vezes “expostos a um constante zapping”, em mundos virtuais distantes da realidade (n. 167).

“Não se faz discernimento para descobrir o que mais podemos derivar dessa vida, mas para reconhecer como podemos cumprir melhor a missão que nos foi confiada no Batismo.” (174)

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Recensões

5.

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Flaches da Vida

Monsenhor António Alves Moreno publi-cou o III volume de Flaches da Vida.

É um volume de quase trezentas páginas, com muitas fotografias, que dedica à memó-ria de seus pais e de quantos, ao longo da vida, o têm ajudado com seus bons exemplos,

conselhos, oração, dedicação, amizade, amparo material, intelectual, médico e espiritual.

O conteúdo do livro distribui-se por quatro grandes capítulos: viagens, vivências pessoais, temas de formação, nas festas de Nossa Senhora da Encarnação.

Refere, nas viagens, visitas feitas à Rússia cristã, à Itália, à Geórgia e à Arménia.

No segundo capítulo recorda sobretudo momentos pessoais e vividos em família.

No terceiro capítulo o destaque vai para textos sobre a Humanae Vitae, Nossa Senhora do Sameiro, Nossa Senhora da Consolação, a Igreja do Pópulo, D. Frei Agostinho de Jesus e D. Frei Aleixo de Meneses.

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Ação CatólicaAção Católica | maio632

O capítulo dedicado às festas de Nossa Senhora da Encarnação divide-se em dois subcapítulos: recordações e vivências pessoais e temas de formação. É um capítulo repleto de recordações pessoais e não só, ligadas à terra da sua naturalidade: Vila Mou, no concelho de Viana do Castelo.

Monsenhor António Alves Moreno nasceu na referida freguesia

de Vila Mou em 24 de julho de 1937. Frequentou os seminários de Braga e foi ordenado sacerdote em 09 de julho de 1961. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade do Porto e tem o Curso de Ciências Pedagógicas, da mesma Universidade. Recebeu o título de Monsenhor em 1993.

Exerceu uma intensa atividade pastoral e docente. Presentemente vive na Casa Sacerdotal, em Braga, e integra a equipa sacerdotal que tem a seu cargo as paróquias da Sé Primaz, de S. João do Souto e de Santiago da Cividade.