“Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”...Instituto Politécnico de Beja Escola...
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Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Educação
Mestrado em Psicogerontologia Comunitária
Projecto de Intervenção
“Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”
A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores
formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos
Nádia Raquel Gonçalves da Cruz
Beja 2014
Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Educação
Mestrado em Psicogerontologia Comunitária
Projecto de Intervenção
“Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”
A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados
prestados aos mesmos
Elaborado por:
Nádia Raquel Gonçalves da Cruz
Orientado por:
Professora Doutora Maria Cristina Campos de Sousa Faria
Co-orientado por:
Professora Doutora Ana Isabel Lapa Fernandes
Beja 2014
Resumo
O presente estudo incide sobre o tema da interferência do desgaste
físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade da prestação de
cuidados a pessoas idosas dependentes.
O investigador pretende responder à seguinte questão de partida: De
que forma o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos
dependentes interfere na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos?
Neste sentido foi realizado um estudo no Lar Anexo I, da Santa Casa da
Misericórdia de Sines, com 13 Ajudantes de Lar e 30 utentes, que
representaram uma amostra por conveniência do universo de 53 utentes.
Os instrumentos de recolha de dados aplicados foram de natureza
qualitativa e quantitativa, nomeadamente uma Entrevista semi-estruturada
aplicada aos cuidadores formais e um Inquérito por Questionário para os
utentes.
Além disso utilizou-se o Índice de Barthel, para a avaliação da
dependência dos utentes ao nível das Actividades Básicas da Vida Diária.
Foram ainda aplicadas duas Escalas de Avaliação Psicológica: a Escala
de Sobrecarga do Cuidador (adaptada por Sequeira) e a Escala de Ansiedade,
Depressão e Stress (adaptada por Pais-Ribeiro, Honrado e Leal).
A nível dos resultados do desgaste físico verificou-se que, a maioria dos
cuidadores formais sofre de sobrecarga intensa. Relativamente ao desgaste
psicológico, o stress apresentou a média de resultados mais elevada.
A maioria dos idosos é dependente e considera que o desgaste dos
cuidadores interfere na qualidade dos seus cuidados.
Face aos resultados adquiridos no processo investigativo propôs-se um
Projecto de Intervenção.
Palavras-Chave: Cuidador Formal, Idoso, Desgaste Físico e Psicológico, Cuidado
Abstract
The present study focuses on the issue of physical and psychological
wear and tear’s interference of formal caregivers in the quality of care for
dependent elderly people.
The researcher intends to answer to the initial question: How does the
physical and psychological wear and tear of formal caregivers of dependent
elderly interferes with the quality of care provided to them?
Regarding this a study was conducted at the institution Santa Casa da
Misericórdia de Sines, in its rest house Lar Anexo I, with 13 employees of
helper category and 30 of their service-users, which represented a convenience
sample of an universe of 53 users.
The instruments for data collection were applied in a qualitative and a
quantitative way, including a semi-structured interview applied to formal
caregivers, and a questionnaire for their service-users.
Beyond that was used the Barthel Index, for evaluation of user’s
dependency regarding the Basic Activities of Daily Living.
Were also applied two scales of Psychological Evaluation: Scale of
Caregiver’s Overload (adapted by Sequeira) and the Scale of Anxiety,
Depression and Stress (adapted by Pais-Ribeiro, Honrado and Leal).
Regarding the results of the physical wear and tear was found that most
of the formal caregivers suffer from intense overload. Relatively to the
psychological one, the stress showed the highest average results.
Most seniors are dependent and consider that this wear and tear of
caregivers interferes with the quality of their care.
Given the results obtained in the investigative process was proposed an
Intervention Project.
Keywords: Caregiver, Elderly, Physical and Psychological Wear, Care.
Agradecimentos
Agradeço a todos os que me apoiaram nesta etapa da vida, dando força para
prosseguir e superar as diversidades encontradas.
Aos meus pais Helena e Diamantino
Ao meu irmão Rui
Ao meu namorado Luís
A toda a minha família
À Nina
Às minhas orientadoras Doutora Mª Cristina Faria e Doutora Ana Fernandes
Às Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines
Aos utentes do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines
“Tu serás aquilo que for o teu mais profundo e estimado desejo.
Aquilo que for o teu desejo fará a tua vontade.
Aquilo que for a tua vontade fará a tua acção.
Aquilo que for a tua acção fará o teu Destino.”
Brihadaranyaka Upanischad
(adaptado)
Índice
Introdução
1
Parte I – Enquadramento Teórico
3
1- O Envelhecimento: conceptualizações, causas e consequências
4
1.1- Idoso, velho, sénior e geronte
8
2- A Dependência na Velhice
9
3- A Importância das redes de suporte social no envelhecimento
11
4 - Cuidar de Idosos: Cuidador Formal e Cuidador Informal
15
5 - A institucionalização de Idosos
18
6 - O cuidador principal - Ajudante de Lar
23
7 - A qualidade de vida do idoso: a importância dos cuidados prestados
27
8 - O desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos
32
9 - Os aspectos positivos de cuidar - Resiliência e Motivação dos cuidadores
40
10 - Psicogerontologia Comunitária: os contributos para a intervenção na velhice
43
Parte II – Estudo Empírico
49
11- Metodologia
49
11.1- Tipologia do Estudo
50
11.2 - Participantes
52
11.2.1- Contexto Institucional dos Participantes
53
11.2.1.1 - Caracterização do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines
53
11.2.1.2 - Caracterização populacional do concelho de Sines
56
11.3 – Instrumentos 58
11.4- Procedimentos 62
11.5- Tratamento de Dados
64
11.6- Apresentação dos Resultados
66
11.6.1 – Caracterização dos Participantes 66
11.6.1.1 - Idosos Institucionalizados no Lar Anexo I 66
11.6.1.2 - Cuidadores formais no Lar Anexo I 73
11.6.2- Escala de Sobrecarga do Cuidador
75
11.6.3- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress
80
11.6.4- Entrevistas às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Lar Anexo I)
84
11.6.4.1- Análise da Entrevista de E1
85
11.6.4.2- Análise da Entrevista de E2
89
11.6.4.3- Análise da Entrevista de E3
92
11.6.4.4- Análise da Entrevista de E4
96
11.6.4.5- Análise da Entrevista de E5
99
11.6.4.6- Análise da Entrevista de E6
103
11.6.4.7- Análise da Entrevista de E7
106
11.6.4.8- Análise da Entrevista de E8
108
11.6.4.9- Análise da Entrevista de E9
111
11.6.4.10- Análise da Entrevista de E10
115
11.6.4.11- Análise da Entrevista de E11
118
11.6.4.12- Análise da Entrevista de E12
121
11.6.4.13- Análise da Entrevista de E13
124
11.6.4.14- Análise global das Entrevistas às Ajudantes de Lar (SCMS)
127
11.6.5 – Índice de Barthel – Actividades Básicas de Vida Diária
133
11.6.6 – Apresentação dos resultados dos questionários realizados aos utentes do Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines
138
11.7 – Análise dos resultados
158
Parte III- Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida
164
12- Proposta de Projecto de Intervenção 164
12.1 – Enquadramento 164
12.2 – Análise das situações-problema
165
12.3 – Objectivos do Projecto
172
12.4 – Plano de acção do Projecto
173
12.5 – Avaliação do Projecto
179
Conclusões
181
Bibliografia
183
Webgrafia
189
Apêndices
190
Anexos
226
Índice de gráficos
Gráfico nº1 - Género dos utentes do Lar Anexo I, SCMS
66
Gráfico nº 2- Idade dos utentes do Lar Anexo I, SCMS
67
Gráfico nº3- Estado Civil dos utentes do Lar Anexo I, SCMS
67
Gráfico nº4 - Profissão dos utentes do Lar Anexo I, SCMS
68
Gráfico nº5 - Escolaridade dos utentes do Lar Anexo I, SCMS
69
Gráfico nº6 - Suporte Social dos utentes do Lar Anexo I, SCMS
69
Gráfico nº7- Interacções sociais fora do Lar Anexo I, SCMS
70
Gráfico nº8- Interacções sociais dos utentes do Lar Anexo I, SCMS
70
Gráfico nº 9- Problemas de saúde dos utentes participantes
71
Gráfico nº 10- Dependência nas AVD’s dos utentes participantes
72
Gráfico nº 11- Idades das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS
73
Gráfico nº 12- Estado civil das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS
74
Gráfico nº 13- Escolaridade das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS
74
Gráfico nº14 - Sobrecarga dos cuidadores formais do Lar Anexo I, SCMS
75
Gráfico nº15 - Total global da Sobrecarga de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS
76
Gráfico nº16 - Impacto de Prestações de Cuidados de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS
77
Gráfico nº 17 - Relação Interpessoal de cada cuidador formal do Lar Anexo I , SCMS
77
Gráfico nº 18- Expectativas ao cuidar de cada cuidador formal do Lar Anexo I , SCMS
78
Gráfico nº 19- Percepção de auto eficácia de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS
79
Gráfico nº 20 - Escala de Ansiedade Depressão e Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS
80
81
Gráfico nº 21 - Níveis de Ansiedade dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 22 - Níveis de Depressão dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS
82
Gráfico nº 23 - Níveis de Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS
83
Gráfico nº 24- Nível de dependência- Item Alimentação
134
Gráfico nº 25- Nível de dependência - Item Vestir
134
Gráfico nº 26-Nível de dependência – Item Banho
134
Gráfico nº 27-Nível de dependência – Item Higiene Corporal
135
Gráfico nº 28- Nível de dependência – Item Uso da Casa de Banho
135
Gráfico nº 29- Nível de dependência – Item Controlo intestinal
135
Gráfico nº 30 - Nível de dependência – Item Controlo Vesical
136
Gráfico nº 31- Nível de dependência- Item Subir escadas
136
Gráfico nº 32- Nível de dependência- Item Transferência cama-cadeira
137
Gráfico nº 33- Nível de dependência- Item Deambulação
137
Gráfico nº 34 – Tempo de ingresso na Instituição
139
Gráfico nº 35 – Escolha de entrada para o Lar
139
Gráfico nº 36 – Vida na Instituição e expectativas iniciais
140
Gráfico nº 37- Classificação da vida no Lar Anexo I
141
Gráfico nº 38 – Actividades sócio culturais no Lar Anexo I
142
Gráfico nº 39 – Frequência das visitas aos utentes do Lar Anexo I
143
Gráfico nº 40- Relações com os familiares após a institucionalização 144 Gráfico nº 41 – Relação com os restantes utentes do Lar Anexo I
144
Gráfico nº 42- Relação dos utentes do Lar Anexo I com as Ajudantes de Lar
145
Gráfico nº 43- Primeira qualidade valorizada nos cuidadores fornais
146
Gráfico nº 44- Segunda qualidade valorizada nos cuidadores formais 146
Gráfico nº 45- Terceira qualidade valorizada nos cuidadores formais
147
Gráfico nº 46- Grau de satisfação com os cuidados de higiene
148
Gráfico nº 47- Necessidade de apoio para tomar
148
Gráfico nº 48 – Qualidade dos cuidados recebidos no banho
149
Gráfico nº 49 – Cuidados ao nível da higiene diária
149
Gráfico nº 50 – Grau de satisfação com os cuidados de alimentação
150
Gráfico nº51- Apoio na realização das refeições diárias
150
Gráfico nº 52- Grau de satisfação com os cuidados de vestuário
151
Gráfico nº 53- Cuidados ao nível do vestuário
152
Gráfico nº 54- Satisfação dos utentes com a roupa que vestem diariamente
153
Gráfico nº 55 – Frequência da escolha de roupa diária
153
Gráfico nº 56 – Apoio sócio emocional dos utentes do Lar Anexo I
155
Gráfico nº 57- Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar
155
Gráfico nº 58 – Relação entre a qualidade dos cuidados e o desgaste dos cuidadores formais
157
Índice de quadros
Quadro nº 1- Alterações nas questões da Escala de Sobrecarga do
Cuidador para o contexto do cuidador formal
60
Quadro nº2 – Análise de situações-problema do Projecto de
Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”
166
Quadro nº 3 – Plano de Acção do Projecto de Intervenção “ Cuidar de
quem Cuida de Idosos Institucionalizados”
174
Índice de Apêndices
Apêndice I - “Entrevista semi-estruturada” 190
Apêndice II - “Inquérito por questionário”
195
Apêndice III -“ Solicitação de autorização para realização da Investigação”
208
Apêndice IV - “ Solicitação de autorização para utilização da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Índice de Barthel
210
Apêndice V - “ Solicitação de autorização para utilização da Escala Ansiedade, Depressão e Stress “ (EADS -21)
212
Apêndice VI - “ Consentimento Informado”
214
Apêndice VII -“ Autorização para registo áudio”
216
Apêndice VIII - “ Ficha de auto-avaliação do Projecto”
218
Apêndice IX – “Questionário de avaliação do Projecto”
221
Apêndice X- “Cronograma do Projecto”
224
Índice de Anexos
Anexo I - “ Autorização para a realização da investigação”
226
Anexo II- “ Autorização para utilização da Escala de Sobrecarga do
Cuidador e Índice de Barthel
228
Anexo III- “ Autorização para utilização da Escala Ansiedade, Depressão e Stress “ (EADS -21)
230
Anexo IV – “ Caracterização da Santa Casa da Misericórdia de Sines”
232
Anexo V - “Caracterização sócio-demográfica de Sines”
236
Anexo VI - “Índice de Barthel”
248
Anexo VII - “ Escala de Sobrecarga do Cuidador”
250
Anexo VIII - “ Escala de Ansiedade, Depressão e Stress”
252
Anexo IX - “Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador”
254
Anexo X - “ Resultados da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress”
281
Anexo XI - “ Transcrições das Entrevistas das Ajudantes de Lar do Anexo I, SCMS”
295
Anexo XII - “ Análise de conteúdo das entrevistas”
372
Anexo XIII - “ Resultados do Índice de Barthel”
386
Anexo XIV - “ Análise de conteúdo dos Inquéritos por Questionário”
389
Abreviaturas
ABVD ’s - Actividades Básicas da Vida Diária
EADS-21- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress de 21 itens
ESC- Escala de Sobrecarga do Cuidador
EC – Expectativas face ao cuidar
Et al – E outros
INE – Instituto Nacional de Estatística
IPC – Impacto da prestação de cuidados
PA – Percepção de auto-eficácia
RI – Relações interpessoais
SCMS – Santa Casa da Misericórdia de Sines
S/d – Sem data
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences (software aplicativo)
1
Introdução
O documento seguidamente apresentado consiste num Projecto de
Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”, no âmbito
do Mestrado de Psicogerontologia Comunitária, da Escola Superior de
Educação de Beja, desenvolvido pela mestranda Nádia Cruz, sob orientação
da Professora Doutora Maria Cristina Faria e co-orientação da Professora
Doutora Ana Fernandes.
O Projecto de Intervenção fundamenta-se na temática do desgaste físico
e psicológico dos cuidadores formais e interferência do mesmo na qualidade da
prestação de cuidados a pessoas idosas dependentes.
Neste sentido a questão de partida é: De que forma o desgaste físico e
psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na
qualidade dos cuidados prestados aos mesmos?
O investigador pretende responder ao seguinte objectivo geral:
compreender as interferências do desgaste físico e psicológico dos cuidadores
formais na qualidade dos cuidados que prestam aos idosos dependentes.
Os objectivos específicos do processo investigativo passam por:
Avaliar os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores
formais;
Avaliar o nível global de dependência dos idosos, no que diz respeito às
Actividades Básicas da Vida Diária;
Verificar as causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores
formais de idosos dependentes;
Identificar as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores formais;
Verificar o grau de satisfação dos utentes relativamente aos cuidados
recebidos ao nível da higiene, alimentação e vestuário;
Conhecer a visão dos utentes acerca da interferência do desgaste físico
e psicológico dos seus cuidadores na qualidade dos cuidados que lhes
são prestados.
As razões para a escolha do tema investigativo remetem-se
primeiramente para o gosto pela intervenção junto da população mais
2
envelhecida e dos seus cuidadores e o facto de constituir o campo de trabalho
do investigador.
Além disso o tema é bastante pertinente para a área da
Psicogerontologia Comunitária, uma vez que, com o aumento da população
envelhecida e consequentemente do número de dependentes é cada vez
mais necessário olhar para quem cuida e cuidar não só dos receptores de
cuidados mas também dos seus cuidadores.
O documento apresentado é constituído por três partes fundamentais: o
Enquadramento Teórico, o Estudo Empírico e o Projecto de Intervenção.
No Enquadramento Teórico são desenvolvidos e correlacionados os
conceitos chave da investigação e a pertinência do tema na área da
Psicogerontologia Comunitária.
No Estudo Empírico é apresentada a metodologia da investigação, os
participantes, a caracterização da Instituição e do meio físico onde se realiza
a intervenção, os instrumentos de recolha de dados, os procedimentos, as
técnicas de tratamento de dados, a apresentação e análise dos resultados.
A parte do Projecto de Intervenção inicia-se com o enquadramento do
projecto e a caracterização das diferentes etapas, seguindo-se a
apresentação da análise das situações-problema, a planificação das acções e
da avaliação das mesmas.
Na parte final do documento compilam-se os apêndices e anexos
fundamentais à compreensão do processo de desenvolvimento do Projecto de
Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”.
3
Parte I – Enquadramento Teórico
Segundo Quivy e Campenhoudt (2003:89), “a problemática é a
abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adoptar para tratarmos o
problema formulado pela questão de partida.”
“A elaboração de uma problemática é […] realizada em dois momentos. Num
primeiro momento trata-se de explorar leituras […] e fazer o balanço dos diferentes
aspectos do problema que foram evidenciados. […] Num segundo momento pode-se
escolher e definir a nossa própria problemática.” (Quivy e Campenhoudt, 2003: 89).
Para a concretização da problemática da investigação é necessário
realizar uma “revisão da literatura que tem como objectivo a consulta e recolha de
informação pertinente relativa à área de investigação em geral e à problemática da
investigação em particular. Basicamente tem como objectivo a aquisição de
conhecimento científico na área da investigação, que seja relevante e permita ajudar a
encontrar a (s) resposta (s) para a problemática em estudo.” (Sousa e Baptista,
2011:33).
A problemática a tratar neste Projecto de Intervenção incide em, estudar
de que forma é que os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores
formais de idosos dependentes, influenciam a qualidade dos cuidados
prestados aos mesmos.
Neste sentido, é necessário fazer uma exploração de leituras e revisão
bibliográfica sobre a temática em estudo de forma a construir a própria
problemática.
Seguidamente apresenta-se a exploração de um conjunto de conceitos
de modo a melhor compreender o problema em estudo. Os eixos de
conhecimento a estudar são as seguintes: o envelhecimento, a dependência na
velhice, as redes de suporte social; os cuidadores de idosos; a
institucionalização de idosos; a qualidade de vida e a importância dos cuidados
prestados aos idosos; o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais
de idosos; os aspectos positivos no acto de cuidar e os contributos da
Psicogerontologia na intervenção junto dos mais velhos.
4
1 - O Envelhecimento: conceptualizações, causas e consequências
Ao longo dos tempos, a sociedade portuguesa tem assistido a um
fenómeno de crescente envelhecimento populacional, o que tem promovido
diversas reflexões acerca desta problemática.
As investigações de autores referenciados como a Constança Paúl, o
António Fonseca, o Carlos Sequeira, entre outros, têm-se debruçado sobre
questões acerca das diferentes conceptualizações do envelhecimento, dos
factores que promovem um envelhecimento saudável e activo, das
consequências do envelhecimento demográfico e a promoção da
sustentabilidade de uma sociedade cada vez mais envelhecida.
Em primeiro lugar, é preciso entender o que é isso de envelhecimento.
Este conceito não é de modo algo unívoco. Existem diversas definições de
envelhecimento, que o encaram como um processo gradativo e diferencial, que
se altera de acordo com o indivíduo, os contextos económico, social e cultural,
desenvolvendo-se em torno de diversas componentes.
De acordo com Rocha (2009:43) citando Birren & Renner (1997:10) o
envelhecimento refere-se “ às mudanças regulares que ocorrem em organismos
maturos, geneticamente representativos, vivendo em condições ambientais
representativas, na medida em que avançam com a idade cronológica.”
Quando se fala de envelhecimento referimo-nos inevitavelmente a uma
fase do desenvolvimento do adulto. “O envelhecimento pode ser definido como um
processo de mudança progressiva da estrutura biológica, psicológica e social dos
indivíduos que, iniciando-se mesmo antes do nascimento se desenvolve ao longo da
vida. Este processo desenvolvimental é causado por alterações moleculares e
celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo
como um todo”. (Guiomar, 2010:3).
De acordo com Paúl (2005) existem três componentes que caracterizam
os diferentes processos de envelhecimento. A componente biológica, a social e
a psicológica.
O processo de envelhecimento biológico resulta da vulnerabilidade
crescente e de uma maior probabilidade de morrer, a que se chama
senescência. Refere-se ainda, às modificações fisiológicas e anatómicas que
surgem por volta da segunda década de vida e se tornam evidentes a partir da
quarta década até à morte.
5
O processo de envelhecimento social remete-nos às expectativas da
sociedade em relação ao que são os papéis sociais nesta faixa etária, às
modificações na vida das pessoas ao nível do papel na sociedade. A
passagem para a reforma é um exemplo dessas alterações. Esta acarreta uma
diminuição de rendimentos económicos, a perda de identidade e ruptura com
os laços estabelecidos no local de trabalho. A saída dos filhos de casa (ninho
vazio) e a aquisição do papel de avós é outra alteração que surge com o
envelhecimento. Além disso, as modificações começam a ser mais evidentes
com o aumento da dependência e necessidade de apoio a nível familiar.
Por último, o envelhecimento psicológico é definido como a capacidade
do indivíduo de se adaptar às transformações resultantes do processo de
envelhecimento. A este propósito “ Neugarten elaborou um estudo transversal onde
concluiu que as pessoas mais velhas tendiam a preocupar-se mais com a sua vida do
que com o mundo externo, justificando que as pessoas mais velhas tendiam a um
afastamento do mundo exterior.” (Rocha, 2009:51).
Este mundo exterior é cada vez mais envelhecido, onde se verifica o
chamado envelhecimento demográfico. Este designa, no essencial, “a
progressiva diminuição do peso das gerações mais jovens a favor das
gerações mais velhas” (Bandeira, et al, 2012:7).
Segundo Rocha (2009: 60), as causas do envelhecimento demográfico
não estão centradas na melhoria das condições de vida que fazem aumentar a
esperança média de vida mas sim na nova conjuntura social que gera uma
diminuição da natalidade. Esta conjuntura social justifica-se com os novos
valores familiares, as exigências do mundo do trabalho, o individualismo e o
casamento tardio.
As consequências deste fenómeno do envelhecimento demográfico são
evidenciadas em vários panoramas. A nível social, ocorre uma maior
convivência de várias gerações, um aumento do número de famílias com
idosos dependentes e o aumento do número de idosos em instituições. A nível
da saúde tende a ocorrer mais exigência dos serviços e um aumento dos
gastos com medicação. Ao nível económico verifica-se um maior gasto com as
reformas e menos receitas para o estado. Além destas consequências existem
ainda as políticas (peso de votos nos partidos conservadores), as culturais
6
(aumento de estruturas de lazer para seniores) e as científicas e laborais
(aumento da formação e oferta de emprego na área da gerontologia).
O facto de o envelhecimento acarretar muitas consequências ao nível
das diferentes estruturas sociais, pode ter acentuado um sentido negativo de
noção de risco do envelhecimento. No entanto, “não é aceitável que o
envelhecimento seja considerado como um risco. Pelo contrário, é um bem, resultado
da melhoria generalizada das condições de vida, em larga medida induzida pelo
sucesso de políticas sociais públicas como as da saúde, de redistribuição de
rendimentos e de trabalho.” (Capucha, s/d:338). O grande desafio que se coloca ao nível do envelhecimento
populacional, é o de desenvolver medidas que incentivem um envelhecimento
saudável, bem-sucedido e activo, que promova a qualidade de vida e bem-
estar dos mais velhos, tornando os mesmos interventores no desenvolvimento
de uma sociedade sustentável. “Envelhecer com saúde, autonomia e independência, o mais tempo possível,
constitui hoje, um desafio à responsabilidade individual e colectiva, com tradução
significativa no desenvolvimento económico dos países.” (Guiomar, 2010:4).
Neste sentido, hoje em dia, não se fala apenas em envelhecimento, mas
sim em envelhecimento saudável e envelhecimento activo. “O envelhecimento saudável depende do equilíbrio entre o declínio natural das
diversas capacidades individuais, mentais e físicas e a obtenção dos objectivos que se
desejam.” (DGS, s/d:2).
De acordo com a Direcção Geral de Saúde (s/d: 2) o envelhecimento
saudável assenta em três grandes pilares: a autonomia, a aprendizagem ao
longo da vida e a necessidade de se manter activo.
A autonomia está relacionada com a capacidade de autodeterminação,
da dignidade, integridade e liberdade de escolha.
A aprendizagem ao longo da vida é um aspecto que contribui para
envelhecer de forma saudável, uma vez que, favorece a conservação das
capacidades cognitivas.
Por último, ter uma vida activa é uma das formas de permitir a
manutenção da saúde da pessoa idosa nas suas diversas componentes: física,
psicológica e social.
7
O envelhecimento saudável assenta em determinantes como: esperança
de vida, satisfação da vida e bem-estar, crescimento pessoal, novas
aprendizagens, comunidade social, actividades de lazer, segurança económica,
vizinhança, aspectos físicos, produtividade e sentido de humor.
Além do envelhecimento saudável podemos falar em envelhecimento
activo, que é de algum modo um conceito mais abrangente.
A Organização Mundial de Saúde definiu envelhecimento activo como “um processo de optimização de oportunidades para a saúde, participação, segurança,
no sentido de aumentar a qualidade de vida durante o envelhecimento.”
(Guiomar,2010:4)
Neste sentido, o envelhecimento activo implicará uma atitude pessoal de
optimismo perante a vida mas também, a existência de medidas capacitadoras
dos mais velhos e das suas famílias, de modo a prevenir a vulnerabilidade
social.
Segundo o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade
entre Gerações - Programa de Acção (2012:6) as dimensões a ter em conta
para a promoção do envelhecimento activo foram: o reforço do papel das
famílias; o reforço das relações intergeracionais; a valorização do papel da
pessoa idosa na sociedade por mecanismos que favorecessem a sua
participação activa e o exercício dos seus direitos; a facilitação do acesso ao
mercado de trabalho e permanência neste; o investimento na aprendizagem ao
longo da vida; a promoção do voluntariado social; a permanência no meio
habitual de vida, o mais tempo possível; uma maior e melhor prevenção e
cobertura das situações de dependência.
Compreender as diferentes concepções de envelhecimento é
fundamental para a promoção de uma qualidade de vida e bem-estar dos mais
velhos.
8
1.1 - Idoso, velho, sénior e geronte Com as transformações económicas, sociais, políticas e culturais
adjacentes ao crescente envelhecimento populacional, têm surgido diferentes
noções do que é ser mais velho, ter mais idade e viver mais anos.
Se inicialmente havia uma maior tendência para falar em velho ou idoso,
mais tarde, estas noções foram sendo substituídas por termos como sénior ou
geronte. Mas afinal o que quer dizer cada um destes conceitos?
Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002), “velho é
aquele que tem uma idade avançada, que conta com muitos anos de existência, que
tem mais anos de vida que o outro, que vem de um tempo mais antigo.”
Segundo a fonte citada anteriormente, o idoso é “aquele que tem uma
idade avançada”, o sénior “é mais velho que outra pessoa” e o geronte
“exprime a ideia de velhice e velho”.
Neste sentido, percepciona-se que qualquer um destes termos nos
remete para a ideia de alguém que vive mais anos, chegando à etapa da
velhice.
Nas diversas teses e investigações consultadas, verifica-se que, há uma
tendência para que os termos idoso e velho surjam mais associados à ideia de
dependência, de cuidados de terceiros e de institucionalização. Tal como a
noção de sénior apareça mais relacionada com as concepções como Turismo
Sénior, Empreendedorismo Sénior e Universidades Sénior. Do mesmo modo, o
conceito de geronte surge mais relacionado às questões do estudo da
Gerontologia e Psicogerontologia.
Não existem os conceitos certos ou errados, existem sim formas
adequadas ou inadequadas de os utilizar.
Segundo Santos (2010:1036) a Organização das Nações Unidas
estabeleceu duas concepções de idoso: uma para os países desenvolvidos e
outra para os subdesenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas as
pessoas com 65 e mais anos. Nos países subdesenvolvidos são idosas as
pessoas com 60 ou mais anos.
Ao longo do tempo e com o aumento da esperança média de vida,
desenvolveram-se subcategorias do conceito de idoso: idosos jovens, idosos e
muito idosos. “Idosos jovens são todos aqueles que têm idade igual ou superior
9
a 65 anos e inferior aos 74 anos. Idosos têm idade igual ou superior a 75 anos
e inferior a 84 anos. Muito idosos têm uma idade igual ou superior a 85 anos.”
(Guiomar, 2010:4).
Estas definições são de algum modo limitadas, uma vez que utilizam
predominantemente o critério cronológico para estabelecer o que é um
indivíduo idoso.
Actualmente sabemos que ser idoso é mais do que ter determinada
idade, é um estado de espírito, um modo de vida, a forma como se encara o
dia-a-dia.
Neste sentido, o conceito de idoso ou de indivíduo com mais idade tem
sido ampliado, considerando que a velhice não é um processo único mas sim
definido por diversos factores específicos de cada indivíduo.
“ Muitas são as formas de ser velho. Este período desenvolvimental
carrega consigo a história de vida de cada indivíduo, determinada quer pelo
património genético como pela herança psicossocial.” (Guiomar, 2010:5).
2- A Dependência na Velhice As pessoas idosas apresentam um risco potencial no que diz respeito à
perda de capacidades funcionais e/ ou mentais, que podem determinar a
dependência parcial ou total para a realização das actividades da vida diária. “A dependência é um estado em que as pessoas se encontram com uma perda
ou falta de autonomia física, psíquica ou intelectual, têm necessidade de uma
assistência e / ou de ajudas importantes a fim de realizar os actos correntes da vida ou
actividades de vida diária.” (MTSS, 2009:8).
Segundo Miguel et al. (2007:786) podemos distinguir três tipos de
dependência: dependência estruturada, física e comportamental. “A dependência estruturada está ligada à ideia de que o valor do ser humano é
determinado, em primeira instância, pela sua participação no processo produtivo. A
perda do trabalho e/ou a aposentadoria são exemplos de dependência estruturada
(parte da população trabalhadora disponível para sustentar os que estão fora da força
de trabalho).” (Miguel et al.207:786).
10
A dependência física diz respeito à incapacidade funcional que a pessoa
apresenta para realizar actividades da vida diária. Pode variar em graus de
acordo com idade, género, classe social, ocorrência de problemas
psiquiátricos, porém é mais frequente entre os idosos.
Em consequência da dependência física pode ocorrer a dependência
comportamental. Esta explica-se por dois grandes paradigmas: um vê a
dependência como resultado do desamparo e o outro considera-a como
instrumento de controlo. “No primeiro caso, a dependência é atribuída ao ambiente negligente (…) e
pode estar relacionada às experiências de perda de controlo, sendo a mais temida
pelos idosos. No último caso, uma pessoa pode ser considerada incompetente para
realizar determinadas tarefas e, mediante tal constatação, uma segunda pessoa
assume a função de fazê-las em seu lugar, mesmo que isso não seja necessário ou
que contrarie a sua vontade. Da mesma forma, ignorar as pessoas idosas, apressá-las
ou tratá-las com desrespeito, são outros factores que podem induzir à dependência
comportamental.” (Miguel et al.207:786).
Neste sentido, a dependência relaciona-se directamente com a perda
brusca ou progressiva de autonomia a vários níveis: físico, psíquico e social,
com a necessidade de outrem para dar resposta às dificuldades funcionais
instaladas ou que se vão instalando, assim como com a reformulação da
representação ou percepção individual acerca de qualidade de vida.
A dependência não é específica da população mais envelhecida, tendo a
sua origem em inúmeras e diversas situações, tais como: acréscimo de
deficiências congénitas ou adquiridas, doenças psiquiátricas, doenças físicas e
orgânicas debilitantes.
No que respeita à dependência no envelhecimento verifica-se que esta
implica um acréscimo de custos médicos e sociais, a necessidade de suporte
familiar e comunitário, a probabilidade de cuidados de longa duração, o que se
reflecte numa maior solicitação de apoios formais e informais pelo próprio
cuidador. “Em termos gerais, no que concerne ao País, os impactos fazem-se sentir nas
dimensões política, económica, social e cultural. A diminuição abrupta da população
activa e crescente aumento de reformados, com consequente menor produtividade e
“pressão” sobre as gerações mais jovens e activas, potencia tensão intergeracional e o
11
aumento dos custos financeiros com os cuidados, com o agravamento dos encargos
com dependentes.
Relativamente aos dependentes, pensar nos impactos, implica focar e reflectir
sobre as questões interligadas do sofrimento, dignidade e respeito. (…) As principais
fontes de sofrimento são a perda de autonomia e a dependência de terceiros,
sintomas mal controlados, alterações da imagem corporal, a perda do sentido da vida,
de dignidade, de papéis e estatuto sociais, de regalias económicas, alterações nas
relações interpessoais, nas expectativas e planos futuros e o sentimento de
isolamento e abandono.” (Saraiva, 2011:25).
Se a dependência implica a recepção de cuidados de terceiros, os
impactos da mesma não serão só para os dependentes mas também para os
seus cuidadores. Nestes, os impactos da dependência atingem um vasto leque
de aspectos da vida familiar e potenciam o sofrimento em termos de aumento
da sobrecarga e perda de qualidade de vida.
3 - A importância das redes de suporte social no envelhecimento À medida que se envelhece é normal que aumente o nível de
dependência para a realização das Actividades Básicas e / ou Instrumentais da
Vida Diária.
Cabe às redes de suporte social prestar o apoio necessário aos mais
velhos, às suas famílias e cuidadores, promovendo um envelhecimento com
qualidade de vida.
Actualmente, é amplamente aceite que as redes de suporte social
contribuem para um desenvolvimento sócio-emocional dos indivíduos em todas
as idades, sobretudo na infância e idade avançada.
De acordo com Guiomar (2010:7) o conceito de redes de suporte social
começou a ser desenvolvido por diversos autores, na década de 70, quando
ocorreu um crescente movimento de desinstitucionalização.
Não há uma definição única de suporte social. Existe uma tendência dos
diferentes autores definirem o suporte social em “termos do conteúdo funcional
das relações que abrange o grau de envolvimento afectivo-emocional ou instrumental,
a ajuda ou informação. (…) Uma perspectiva global de suporte social deverá ter em
conta, simultaneamente, os seguintes factores: 1. a quantidade de relações sociais; 2.
12
A sua estrutura formal, por exemplo, a densidade e a reciprocidade; e 3. O conteúdo
destas relações no que se relaciona com o suporte social.” (Ornelas, 2008:192).
De acordo com Guiomar (2010:8) o conceito de suporte social tem sido
definido como “a união entre indivíduos ou entre indivíduos e grupos, do que resulta
uma maior competência para enfrentar desafios, tensões e privações a curto prazo.
(…) As funções proporcionadas pelo suporte social incluem desde a integração social,
a estima, os laços de confiança, a orientação, até à oportunidade de expressão de
sentimentos positivos.” Barrera (1986) citado por Ornelas (2008:193) subdividiu o suporte social
em três categorias gerais: o Envolvimento Social, o Suporte Social
Percepcionado e o Suporte Activo.
O Envolvimento Social refere-se às “ligações significativas que os indivíduos
mantêm com os outros, no meio social, pelo que estar-se socialmente envolvido é um
factor essencial no sentido psicológico de pertença a uma comunidade.” (Ornelas,
2008:193).
O Suporte Social Percepcionado caracteriza-se pela satisfação obtida
nas relações com os outros. “As medidas específicas de suporte social
percepcionado incluem duas dimensões: a percepção do suporte disponível e a
assertividade dos laços de suporte. Estas medidas diferem das do envolvimento
social, porque não quantificam o número de contactos sociais de suporte, mas incidem
na confiança do individuo sobre a existência de suporte disponível, sempre que
necessário, ou na percepção da existência de um ambiente de coesão e de suporte.”
(Barrera:1981) citado por Ornelas (2008:193).
Por último, o Suporte Activo consiste nas acções desempenhadas pelos
indivíduos na prestação de apoio a outros. De acordo com Barrera (1981)
citado por Ornelas (2008), normalmente os indivíduos prestam apoio aos outros
quando se encontram em situações de stress.
As relações sociais de suporte incluem diversas funções. Segundo
Weiss (1974) citado por Ornelas (2008) existem seis funções proporcionadas
pelas relações de suporte social: o Attachement, a Integração social, o
Reconhecimento do Valor pessoal, as Alianças Estáveis, a Orientação e a
Oportunidade de Prestação de Cuidados.
O Attachement representa um “sentimento de aprovação emocional e de
segurança, normalmente proporcionado por um cônjuge ou parceiro amoroso.”
(Ornelas, 2008:194).
13
A Integração Social é o “sentimento de pertença a um grupo, que
partilha interesses comuns, actividades recreativas e é normalmente obtido
através de amigos.” (Ornelas, 2008:194).
Segundo o autor citado, o Reconhecimento do Valor Pessoal advém dos
colegas de trabalho, através do reconhecimento das competências individuais.
As Alianças Estáveis subentendem-se através da garantia de que se
pode contar com alguém em quaisquer circunstâncias, normalmente com os
elementos da família.
A Orientação inclui o aconselhamento e informação, normalmente
obtidos através dos professores, mentores ou figuras parentais.
Por último, “a Oportunidade de Prestação de Cuidados implica o
sentimento de responsabilidade pelo bem-estar de outra pessoa, normalmente
obtido através dos filhos.” (Ornelas, 2008:194).
Além das categorizações apresentadas anteriormente acerca das
funções das relações de suporte social, outros autores, tais como Barrera e
Ainlay (1983) citados por Ornelas (2008), definiram diferentes funções do
suporte social: “A ajuda material, proporcionada por bens materiais ou dinheiro; a
assistência, que pode consistir na partilha de actividades; a orientação, que abrange
dar conselhos, informações ou instruções; o feedback em relação aos
comportamentos, pensamentos ou sentimentos e a interacção social positiva, que se
relaciona com situações de distracção convívio e bem-estar.” (Ornelas, 2008:195).
Segundo Guiomar (2010:8) estas funções podem dividir-se em duas
dimensões: as funções instrumentais e as funções expressivas do suporte
social. A dimensão instrumental refere-se às relações sociais como meio de
alcançar objectivos e metas. A dimensão expressiva reporta-se às relações
sociais como forma de satisfazer necessidades emocionais; ser amado, ser
valorizado, compartilhar emoções e vivências.
Quando se fala em redes de suporte social no envelhecimento remete-
se necessariamente para o tipo de apoio social prestado, nomeadamente
durante a velhice.
Vaz Serra (1999) define apoio social como a “quantidade e coesão das
relações sociais que rodeiam de modo dinâmico um indivíduo.” (Martins,
s/d:129)
14
Existem diversas análises das funções do apoio social que remetem
para o papel protector sobre o homem e influência de bem-estar e qualidade de
vida.
De acordo com Martins (s/d), o autor Vaz Serra (1999) diferencia seis
tipos de apoios das redes de suporte social: apoio afectivo, apoio emocional,
apoio perceptivo, apoio informativo, apoio instrumental e apoio de convívio
social.
O apoio afectivo faz com que as pessoas se sintam estimadas e aceites
pelos outros; o apoio emocional corresponde aos sentimentos de segurança
que a pessoa pode receber para ultrapassar determinados problemas; o apoio
perceptivo ajuda o indivíduo a reavaliar o problema e ultrapassá-lo; o apoio
informativo constitui um conjunto de conselhos que ajudam as pessoas a
perceber questões complexas, facilitando tomadas de decisões; o apoio
instrumental ajuda o indivíduo a resolver problemas através da prestação
concreta de bens e serviços. Por último, o apoio de convívio social é
conseguido através de actividades de lazer ou culturais que ajudam a aliviar
tensões e a fazer a pessoa sentir-se menos isolada e mais participante da rede
social.
O apoio social é prestado pelas diferentes redes de suporte social que,
apesar das diversas funções que podem ter, devem considerar os seguintes
factores para o bem-estar do indivíduo: “o tamanho da rede social (número de
pessoas que a constituem); a existência de relações sociais; a frequência dos
contactos; a necessidade de suporte expressa pelo indivíduo; o tipo e quantidade de
suporte disponibilizado pelas pessoas da rede social; a congruência relativa ao
suporte disponível e as necessidades do indivíduo; o número de vezes que o indivíduo
recorre à rede; a dependência expressa na extensão em que o indivíduo pode confiar
nas redes de suporte quando necessita; a reciprocidade que exprime o equilíbrio entre
o suporte social recebido e fornecido; a proximidade em relação aos indivíduos que
disponibilizam o suporte social e a satisfação dos mesmos perante o suporte social.”
(Torrão, 2010:31).
As diversas formas e funções do apoio social são obtidas através de
diferentes redes de suporte social: o suporte social informal e formal. “As fontes de suporte informal incluem, simultaneamente, os indivíduos
(familiares, amigos, vizinhos, padre, etc.) e os grupos sociais (clubes, igreja, etc.), que
15
são passíveis de fornecer apoio, no dia-a-dia, em resposta a acontecimentos de vida
normativos e não normativos.
As redes de suporte social formal abrangem tanto as organizações sociais
formais (hospitais, programas governamentais, serviços de saúde) como os
profissionais (médicos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, entre outros)
devidamente organizados para fornecer ajuda às pessoas necessitadas. “ (Torrão,
2010:33).
Cabe às redes de suporte social formal e informal intervir conjuntamente,
de modo a proporcionar uma prestação de cuidados adequados às
necessidades apresentadas pelos mais velhos.
4 - Cuidar de Idosos: Cuidador Formal e Cuidador Informal
“O envelhecimento populacional, o aumento do número de idosos a viver em
instituições a si destinadas e a necessidade da sociedade dar resposta à população
idosa leva-nos a repensar sobre a tarefa de cuidar de idosos e sobre a necessidade de
possuir profissionais competentes nas Instituições que prestem os devidos cuidados
aos idosos, propiciando-lhes qualidade de vida.” (Ferreira, 2012:19).
Mas afinal o que é isso de cuidar?
Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002) cuidar é “ ter
em mente alguém ou alguma coisa, tratando-a de modo apropriado.” É ter
cuidado, ou seja, “dar uma atenção especial a alguém para que se evite um
efeito prejudicial.”
De acordo com Ricarte (2009) cuidar é um conceito complexo e
multidisciplinar, que de acordo, com as diferentes abordagens analisadas pelo
autor, se apresenta com múltiplas vertentes, sendo estas: relacionais,
afectivas, éticas, sócioculturais, terapêuticas e técnicas.
Cuidar é manter a vida garantindo a satisfação de um conjunto de
necessidades, é assistir alguém ou prestar-lhe serviço quando este necessita.
Para que se preste cuidados a uma pessoa, independentemente da sua
idade ou limitação que lhe provoque algum tipo de dependência, é necessário
que exista um cuidador.
“O cuidador é toda a pessoa que assume como função a assistência a
uma outra pessoa que, por razões tipologicamente diferenciadas, foi atingido
por uma incapacidade (…)”. (Cunha, 2011:5).
16
O cuidador pode ser principal ou secundário, sendo que o principal é
aquele que tem maior responsabilidade nos cuidados diários do idoso
dependente e o secundário é aquele que realiza, esporadicamente, algumas
tarefas.
Segundo Ferreira (2012: 20) o cuidador é aquele “membro, ou não, da
família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso no exercício das suas
actividades diárias tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina,
acompanhamento aos serviços de saúde, excluídas as técnicas ou procedimentos
identificados com profissões legalmente estabelecidas.”
Os cuidadores podem assumir duas denominações: cuidador formal e
cuidador informal. “Os primeiros caracterizam-se pela prestação de serviços com
carácter profissional em instituições direccionadas para o cuidado, os segundos
poderão ser familiares, amigos e, como tal, cuidam do idoso num ambiente familiar.”
Ferreira (2012:19) citando Sommerhalder (2001).
Sequeira (2007) distingue dois tipos de cuidados que se relacionam com
o cuidador em questão: “cuidado formal (actividade profissional) onde a prestação
de cuidados é por norma executada por profissionais qualificados, podendo estes ser
médicos, enfermeiros, assistentes sociais, entre outros, que ganham a designação de
cuidadores formais, pois existe uma preparação específica para a actividade
profissional que desempenham, sendo esta actividade variada de acordo com o
contexto onde se encontram (lares, instituições comunitárias…); e cuidado informal,
com a prestação de cuidados executados por profissionais no domicílio e que por
norma ficam sob a responsabilidade dos elementos da família, amigos, entre outros,
designando-se assim de cuidadores informais. Estes últimos desempenham a sua
actividade que não é remunerada e prestam os cuidados de uma forma parcial ou
total.” (Ferreira, 2012:20).
Quando se assume um papel de cuidador (seja ele formal ou informal)
estão subjacentes motivações para o desempenho desse papel.
Os cuidadores formais assumem motivações mais relacionadas a
factores remuneratórios, ao gosto pela profissão, à vocação para a mesma, às
relações semelhantes a nível familiar.
No cuidador informal salientam-se as motivações relacionadas com o
dever moral e social, a solidariedade familiar, conjugal, filial, os factores
religiosos, os sentimentos de amor e piedade, o evitar da institucionalização, a
17
coabitação de longa data, a proximidade geográfica, a obrigação devido a
aspectos culturais e religiosos.
De acordo com Saraiva (2011:17) são múltiplas as razões que levam
alguém a cuidar de outrem em situação de dependência. A autora defende
cinco razões principais: “o amor, a gratidão (noção de dever, pressão social,
modelo da família tradicional), a moralidade (dever moral, expectativas sociais,
sentimento de reciprocidade), a solidariedade (laços afectivos) e a vontade
própria.”
Acrescenta que “a pessoa pode tornar-se cuidador por instinto, quando
motivada inconscientemente a prestar auxílio a alguém que necessita dele; por
capacidade, quando tem formação técnica; e por conjuntura quando se encontra numa
situação extrema não havendo outra opção.” Também pelas “ tradições de um país,
pelas normas sociais, pelo estádio de evolução, relativamente às modificações da
estrutura familiar, pela concepção da vida, pela história de cada individuo e por
motivos religiosos.” (Saraiva, 2011:17). Os motivos que levam os indivíduos a assumirem o papel de cuidador
são semelhantes, tal como as características sócio-demográficas dos mesmos. “Figueiredo (2007) reuniu vários estudos que permitiram resumir em traços gerais o
perfil do cuidador informal. Predomina o sexo feminino; idade compreendida entre os
45 e 60 anos; o parentesco preferencial é o cônjuge (…); o estado civil dos cuidadores
tende a ser o casado (…); vivem próximo do familiar dependente e (…) existe uma
tendência para quem já cuidou de alguém tenda a cuidar de outra pessoa, fenómeno
este designado por cuidador em série.” (Rocha, 2009:71).
A tarefa de cuidar encontra-se associada à figura feminina devido às
raízes históricas, culturais, sociais e afectivas.
A prática das mulheres em cuidar dos filhos, do próprio marido e da casa
levou a que a adaptação à tarefa de cuidar de idosos fosse de certa forma mais
facilitada.
No caso dos cuidadores formais também predomina a mulher como
cuidadora de idosos em Instituição. Este facto deve-se a acontecimentos como
a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho cujas causas foram: “a
deterioração dos salários impelindo a mulher de participar no orçamento da família e a
crescente participação das mulheres em espaços públicos em especial na
enfermagem. (…) O nível de escolaridade dos cuidadores é outro aspecto relevante e
que necessita de ser tido em conta, pois, a escolaridade pode ter influência no cuidado
18
através da realização de actividades como o auxílio na toma da medicação,
acompanhamento do idoso a consultas médicas, capacidade para compreender e
transmitir orientações médicas, entre outros aspectos. Sendo que a qualidade de vida
do idoso se encontra em primazia no aspecto do seu cuidado, um cuidador com mais
escolaridade poderá ser um factor positivo no melhor executar das actividades
referidas”. (Ferreira, 2012:21).
Independentemente das motivações do acto de cuidar ou das
características de quem cuida, é fulcral que exista união e inter-ajuda entre os
cuidadores (formais e informais). Esta relação de ajuda associada a um bom
ambiente profissional, propicia uma maior satisfação no cuidador melhorando a
sua qualidade de vida o que se vai evidenciar numa melhor qualidade de vida
também para os idosos.
Neste sentido,” torna-se imperativo cuidar de quem cuida e valorizar o
papel dos cuidadores (…) ” (Cunha, 2011:4).
5 - A institucionalização de Idosos
No final do século XIX o apoio aos mais velhos era resolvido, na maioria
dos casos, pelas famílias e redes de apoio social informal. Posteriormente a
sociedade sofreu várias alterações que deram origem a um acréscimo de
dificuldades para as pessoas idosas viverem em suas casas, surgindo assim
instituições vocacionadas para o acolhimento de idosos. “A institucionalização pode ser entendida como um duplo processo: como
recurso a serviços sociais de internamento do idoso em lares, em casas de repouso,
onde recebe assistência, por outro lado, pode entender-se a institucionalização como
vivência de perda, simbolizada pela presença de estados depressivos, com
sentimentos mais ou menos manifestos de abandono pela família” (Cramês, 2012:28).
Ferreira (2012) refere que se fala em institucionalização quando, por
algum motivo, o idoso permanece durante o dia (ou parte dele) numa instituição
a si destinada. Quando a sua permanência se prolonga pelas 24 horas passam
a designar-se de idosos institucionalizados residentes.
São diversas as razões que justificam um pedido de integração em lar.
Torrão (2010) destaca as seguintes: o afastamento, o conflito nas relações
familiares, a intromissão na privacidade de filhos/netos, a falta de condições
habitacionais, o aumento do nível de dependência, a falta de tempo por parte
19
dos familiares devido a circunstâncias profissionais, a incapacidade dos
familiares cuidarem dos seus familiares. Normalmente a família tem uma
influência directa na tomada de decisão do internamento em lar, pois a pessoa
de idade tende a pensar que representa um peso para a família, apresentando
sentimentos de rejeição e tolerância.
Levenson citado por Ferreira (2012) refere um conjunto de factores
associados ao risco de institucionalização: as deficiências cognitivas; o facto de
se viver só; a perda de apoios sociais; os problemas com as actividades de
vida diária; a pobreza e as deficiências na rede de saúde informal.
Por seu lado, Martins (s/d) evidencia o isolamento como causa mais
comum para a entrada nas Instituições de Acolhimento, o que se explica pela
inexistência de uma rede de interacções que facilitem a integração social e
familiar dos idosos e que garantam um apoio efectivo em caso de maior
necessidade.
É de destacar que o processo de institucionalização também acarreta
aspectos positivos, nomeadamente ao nível da qualidade de vida, saúde ou até
relacionamentos sociais, podendo inclusive contribuir para o envelhecimento
activo.
É o acumular de vários factores que leva à entrada do idoso numa
Instituição e não apenas a existência de um factor isolado. “A entrada do idoso numa Instituição de acolhimento é, por norma, um
momento difícil para o idoso, em especial quando este ainda possui alguma autonomia
ou se a sua entrada se deveu a um acontecimento trágico (por exemplo, a morte de
um cônjuge). (…) Por mais qualidade que a Instituição possua, vai haver sempre um
corte com o que se passava anteriormente, passando a existir um certo afastamento
do convívio social e familiar. A pessoa institucionalizada precisa de se acostumar ao
seu novo espaço, às suas novas rotinas, a novas pessoas que irão partilhar o seu
espaço e toda esta nova realidade pode criar situações de angústia, medo, revolta e
insegurança.” (Ferreira, 2012:18).
Diversos autores afirmam que os idosos institucionalizados possuem um
auto-conceito mais baixo e um maior índice de depressão do que os idosos que
vivem em suas casas. Assim é importante que os cuidados disponibilizados
nestas instituições sejam especializados em qualidade valorizando a dignidade
20
do idoso, centralizando-se na pessoa, desenvolvendo cuidados apropriados a
cada caso. (…) “O ambiente institucional deve ser adaptado às necessidades emocionais
da pessoa idosa, onde esta possa demonstrar a sua própria personalidade e onde
usufrua de uma base segura, evitando, deste modo, possíveis sentimentos de
solidão.” (Cramês, 2012: 28).
O ambiente onde o idoso permanece é de extrema importância para que
o mesmo se sinta seguro e confortável, e que possibilite preservar alguma
autonomia. Os ambientes para idosos deveriam possuir as seguintes
características: acessibilidade e uso; facilidade de circulação, especificamente
no que diz respeito ao conforto, à conveniência e à possibilidade de escolha;
conservação de energia; comunicação: aspectos sensoriais e interacção social;
segurança: sem risco de lesão e acidentes; protecção: que não cause medo ou
ansiedade e que seja previsível (confiável); e privacidade.
Mais do que o ambiente físico da instituição, sobressai o aspecto
relacional como condição fulcral para a qualidade de vida dos utentes. O
cuidador formal em Instituição de Longa Permanência deve considerar factores
no utente como: o estado de saúde, o estilo de vida anterior, a predisposição
para a vida, a maneira como vai ocupar o seu tempo dentro da instituição.
O cuidador deve assim adaptar os seus cuidados de modo a
potencializar as qualidades do utente visando a sua máxima autonomia e bem-
estar.
A qualidade do funcionamento de uma instituição depende da dinâmica
criada pelos funcionários que intervêm no grupo de utentes. “Daí a importância
dos mesmos valorizem e impulsionem as potencialidades de cada personalidade,
criarem comportamentos positivos, orientarem expectativas, respeitando que cada
utente é diferente, criando condições para que estes rejeitem o “síndrome institucional”
característico das instituições totais assente numa apatia e abandono crescente.”
(Torrão, 2010: 18).
Segundo Ferreira (2012) citando Quintela (2001) “todos os serviços…que
se regulam por ópticas institucionais, têm de evoluir, face às novas realidades
demográficas e sociais, numa atitude proactiva, produzindo cuidados e apoio
competentes nesta matéria, com sentido realista dos constrangimentos ainda
existentes, mas intransigentes na promoção da qualidade de vida das pessoas
idosas”.
21
Ainda neste âmbito, a autora apresenta três desafios que as Instituições
para a Terceira Idade necessitam de enfrentar, tendo presente a
heterogeneidade do grupo etário dos idosos: conciliar a colectivização com a
individualidade; satisfazer a população, apesar de, em princípio, a sua
permanência neste local, ser imposta; e satisfazer, tanto quanto possível, a
insuficiência de recursos.
A institucionalização do idoso pode acarretar um grande sofrimento,
visto que, se vê confrontado com a separação dos seus familiares e alguns
receios da perda de liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da morte e
dúvidas acerca do tratamento que irão receber.
No entanto, “ a institucionalização não deve ser encarada apenas pela
negativa, pois existem idosos que podem sentir-se mais acompanhados, activos e
mesmo mais felizes do que quando se encontravam sós em suas casas. Neste
processo de mudança, o indivíduo pode criar os seus próprios mecanismos de
adaptação e desenvolver uma sensação ou sentimento de satisfação pela sua nova
situação.” (Ferreira, 2012:19).
Cabe aos profissionais das redes de apoio formal criar as condições
para que os utentes sintam que a sua autonomia e participação social são tidas
em consideração, factores determinantes para um envelhecimento activo.
É neste aspecto que o modo de organização de uma Instituição, as
actividades que oferece, a relação de inter-ajuda, o grupo de técnicos e
colaboradores que possuem, entre outros aspectos, são de extrema
importância para que o sentimento de satisfação ocorra perante a nova
situação de vida do idoso.
Considerando a crescente transformação da actuação dos profissionais
cuidadores, é cada vez mais comum existirem idosos que tomam a decisão de
entrar numa Instituição. Este facto deve-se a conhecerem bem as instalações,
as pessoas a viver nas mesmas, acreditando que a Instituição lhes providência
uma vida digna e activa.
Neste sentido, Ferreira (2012:9) defende que “embora continuem a ter uma
conotação negativa associada ao abandono dos idosos por parte da família, as
Instituições de Acolhimento para Idosos já começam a ser melhor encaradas por
estes, devido em grande parte, à preocupação das instituições em terem presentes as
22
características individuais de cada cliente, de possuírem actividades que envolvem o
convívio e de um maior envolvimento da família na vida da Instituição.” De acordo com Fragoso (2008) as Instituições de Longa Permanência
para Idosos devem pautar-se pelos seguintes princípios: privacidade; escolha,
controlo e autonomia; orientação espacial; segurança; funcionalidade;
estimulação; aspectos sensoriais; familiaridade; estética e aparência;
personalização e adaptabilidade.
A privacidade refere-se à necessidade individual de momentos de
isolamento e de manutenção de espaço próprio, que não deve ser invadido
sem autorização.
A escolha, controlo e autonomia estão relacionados com a oportunidade
de escolhas e controlo de eventos que influenciem sua própria vida (dos
utentes).
A orientação espacial refere-se à importância da implantação de
mecanismos de orientação para fácil acesso a quartos, casas de banho,
refeitório, áreas de uso colectivo.
A segurança remete-se ao planeamento do edifício de forma adequada
às necessidades dos utentes (ex: piso antiderrapante, rampas em substituição
de escadas, entre outros), o que se relaciona com a funcionalidade.
A estimulação deverá estar presente em todas as actividades da
instituição contribuindo para o combate à depressão e passividade do idoso
O ambiente institucional deve repensar a estética, aparência do edifício,
adaptando-o (princípio da adaptabilidade) aos aspectos sensoriais.
A instituição deve pautar-se pelo ambiente da familiaridade,
personalizando-o de acordo com a identidade, as qualidades, as características
e experiências únicas da pessoa idosa.
Para que o idoso se adapte à instituição é imprescindível uma atenção
especial no acolhimento do mesmo pois este é, por norma, o primeiro contacto
directo que o utente tem com o local que vai ser o seu lar.
Porém é necessário acompanhá-lo não apenas no acolhimento mas ao
longo do seu dia-a-dia, promovendo os laços relacionais, pois a instituição é
constituída por pessoas, sendo o factor humano fundamental.
Para que a intervenção da instituição resulte “devem-se desenvolver
medidas de ajuda e suporte para com os seus trabalhadores/colaboradores, de forma
23
a proporcionar formação e actualização contínuas, deverão existir supervisores e
orientadores das práticas de cuidado, a cooperação e aproximação das famílias deve
ser estimulada. Os familiares devem ser entendidos como parceiros de cuidado, e
quando ausentes, cabe à instituição o dever ético de encontrar medidas que permitam
a re-aproximação e responsabilização da família para com o seu ente.” (Fragoso,
2008:60).
6 - O cuidador principal - Ajudante de Lar
Quando se fala em idosos institucionalizados, nomeadamente, em
instituições de longa permanência (ex.: Lares), verifica-se que os mesmos são
alvo de um conjunto de cuidados para a satisfação das suas necessidades
básicas e instrumentais da vida diária, através dos mais diversificados
cuidadores. Estes podem ser Enfermeiros, Médicos, Assistentes Sociais,
Psicólogos, Animadores, Trabalhadores de Serviços Gerais, Cozinheiros,
Ajudantes de Lar, entre outros.
Apesar de existir uma grande diversidade de cuidadores, dentro das
instituições, é perceptível que nem todos desempenham um papel principal na
vida dos utentes. Cada cuidador tem um papel importante na vida do utente, no
entanto, existem cuidadores que, pelos cuidados prestados, passam mais
tempo com os utentes, realizam tarefas que os mesmos consideram de grande
importância para a sua vida (apoio na alimentação, higiene, vestuário, apoio
emocional, entre outros), sendo assim considerados cuidadores principais.
No caso das instituições de longa permanência, como os Lares, o papel
de cuidador principal é atribuído às Ajudantes de Lar.
O Ajudante de Lar é o profissional “a quem é atribuído um conjunto de
tarefas ligadas ao trabalho com pessoas, na sua maioria idosas, que recorrem a estas
instituições. Tudo o que fazem passa pelo contacto directo com o idoso, quer este se
apresente individualmente ou em grupo tendo em vista o seu bem-estar.”
(Torrão,2010:19).
De acordo com o Decreto de Lei nº 419/99 de 15 de Outubro, um
Ajudante de Lar deve proceder ao acompanhamento diurno e nocturno dos
utentes, dentro e fora dos serviços estabelecimentos, guiando-os, auxiliando-os
24
e estimulando-os através da conversação, detectando os seus interesses e
motivações e participando na ocupação dos seus tempos livres.
Segundo o Decreto de Lei referido anteriormente, as tarefas do Ajudante
de Lar passam pelas seguintes:
Receber os utentes e fazer a sua integração ao longo dos primeiros dias de
estada, indicando-lhes os locais que estarão ao seu dispor na sua vivência
diária (quarto, enfermaria, salas de estar, refeitório, espaços livres, jardins,
etc.);
Executar tarefas várias relacionadas com a alimentação, quer nos quartos,
quer nas salas de refeição, recebendo os carros que previamente enviou para
a cozinha, com as marmitas e outros apetrechos, empratando os alimentos
segundo as dietas prescritas pelo dietista e tendo em atenção as quantidades
face aos hábitos alimentares dos utentes;
Assegurar a sua alimentação regular, auxiliando-os nos seus movimentos,
incentivando-os directamente quando necessário, tendo em atenção factores
vários, como a mobilidade e o cansaço;
Após a refeição, recolher as marmitas e outros utensílios e, eventualmente
lavá-los na copa de modo a manter as melhores condições de higiene e evitar
transmissão de doenças;
Prestar cuidados de higiene e conforto aos utentes, lavando-os, quer deitados,
quer nas casas de banho, tendo em atenção o seu estado físico/psíquico e
outras características individuais e sociais, podendo, eventualmente, aplicar
cremes medicinais, pó de talco e executar pensos simples;
Substituir as roupas de cama e o vestuário, acondicionando- os para posterior
transporte em carro para a lavandaria;
Controlar e entregar na lavandaria as roupas sujas;
Fazer a gestão dos stocks das roupas de cama e da casa de banho dos
utentes, requisitando-as com a devida antecedência, tendo em atenção as
características destes, o tempo e outros factores;
Receber e controlar na rouparia as roupas lavadas de acordo com a requisição
e arruma-as devidamente nos roupeiros da respectiva enfermaria;
Requisitar, receber, controlar e distribuir os artigos de higiene e conforto dos
utentes;
Proceder ao acompanhamento diurno e nocturno dos utentes, dentro e fora
dos serviços e estabelecimentos;
Acompanhar nas idas e vindas aos hospitais ou outros centros de tratamento;
25
Apoiar na montagem das exposições dos trabalhos dos utentes, na venda dos
respectivos trabalhos, bem como nas decorações aquando de festas;
Colaborar para a compra de vestuário, calçado e outros utensílios de uso,
escolhendo ou dando informações sobre as características dos utentes (físicas,
psíquicas e sociais).
Mais do que ter capacidade para a realização das tarefas definidas
anteriormente, um Ajudante de Lar deve ser um profissional com capacidades
de comunicação e entrega ao idoso, promovendo uma relação com o mesmo.
Para tal um Ajudante de Lar deve saber ser responsável, meigo,
educado, atento, simpático, flexível, dedicado, paciente, bem-disposto,
humilde, honesto, justo, bom ouvinte, competente, colocar-se no lugar do
idoso, respeitá-lo, considerando-o um ser humano, com todas as suas
necessidades. Mostrar disponibilidade para o idoso e desenvolver as suas
aptidões físicas e intelectuais de modo a promover a sua autonomia, são um
dos pontos fulcrais para uma melhoria no bem-estar e qualidade de vida dos
utentes.
É neste âmbito que se defende que “o relacionamento que estes
profissionais mantêm com o idoso além de ser uma dimensão muito valorizada pelos
mesmos, permite-lhes um sentimento de segurança e confiança o que contribui para
uma maior adaptação à mudança do seu modo de vida (integração).” (Torrão,
2010:20).
Fragoso (2008) citando Milton Mayeroff (1990) definiu as seguintes
componentes básicas do cuidado: o conhecimento, a alternância dos ritmos
(respeito pelo ritmo de cada um), a paciência; a honestidade; a confiança (para
com o outro e na própria capacidade de cuidar); a humildade; a esperança
(relacionada à confiança na melhoria do estado do utente com a prestação de
cuidados) e a coragem (capacidade para enfrentar as situações adversas que
encontram).
O cuidado prestado pelos Ajudantes de Lar deve pautar-se pela
humanização, a promoção do bem-estar, autonomia e qualidade de vida do
utente.
A perda de autonomia é uma das questões muito temidas pelos mais
idosos aquando da entrada numa Instituição. O Ajudante de Lar tem um papel
26
preponderante na promoção de autonomia do idoso ainda que o mesmo se
encontre dependente de si nas mais variadas actividades. O profissional deve “centrar-se no que o idoso pode fazer; prestar atenção às suas capacidades; potenciar
as possibilidades e habilidades; verificar quais as coisas que é capaz de fazer ou não
na execução de uma determinada tarefa; ajudar nas tarefas que o utente não
consegue executar e incentivar as que o mesmo consegue realizar sozinho; preparar a
situação de modo a que seja fácil ser autónomo; ajudar a manter as capacidades à
base de rotinas; entender que a segurança de uma pessoa cuidada é importante para
promover a autonomia; promover a mudança de forma gradual, sem grandes pressas;
favorecer que os idosos realizem actividades da vida diária por eles mesmos; reforçar
e premiar a autonomia (através de incentivos e elogios); ser persistente e ter sempre
presente que as mudanças são lentas.” (Fragoso,2008:57).
A profissão de Ajudante de Lar obriga a um perfil de grande estabilidade
emocional e capacidade de gerar empatia com os utentes. Estes profissionais
têm de acompanhar situações de grande dependência, sendo importante para
os mesmos conhecer e compreender as várias fases do envelhecimento,
principalmente quando estas evoluem para uma intensificação de problemas de
saúde mental.
É usual existirem poucos trabalhadores por cada instituição, o que faz
com que tenham dificuldade de realizar o seu serviço com qualidade, sendo por
sua vez privilegiada a quantidade em detrimento da qualidade. “Assim, é imprescindível que ao escolher ingressar nesta profissão, terá que
haver a consciência de que é um trabalho desgastante a nível físico e mental.
Trabalhar um Lar de idosos pode originar frustrações, tais como trabalhar a horas não
compatíveis com a sua vida familiar e social, presenciar o agravamento do estado
físico e mental e mesmo a morte de pessoas a quem se dedicou e cuidou a ponto de
criar laços afectivos fortes, e também que nos dias de hoje todo o seu esforço e
dedicação nem sempre é devidamente reconhecido, social ou financeiramente, estão
em constante avaliação quer por parte da instituição quer por parte de familiares.”
(Torrão,2010:21).
Independentemente da consciência das problemáticas adjacentes à
profissão será imprescindível para o sucesso da mesma, que os Ajudantes de
Lar percepcionem que cuidar é um acto de amor, de se aproximar, de estar
presente na vida do outro, de viver e de existir.
27
7 - A qualidade de vida do idoso: a importância dos cuidados prestados
O conceito de qualidade de vida tem vindo a sofrer alterações ao longo
do tempo, associado também às transformações das noções de saúde,
doença, bem-estar físico e psicológico.
A qualidade de vida engloba diversas componentes, sendo que por
vezes, a sua definição é remetida para as questões de saúde, status funcional,
incapacidade, deficiência, sendo outras vezes mais relacionada com os
factores sociais e psicológicos como a satisfação, bem-estar e felicidade.
Existem ainda definições centralizadas nos factores de origem económica.
Segundo Bauab (2013) a conceptualização de qualidade de vida é uma
inserção dos diferentes factores determinantes (físicos, psicológicos, sociais,
económicos), sendo que, como os mesmos são difíceis de definir, torna-se
complexo conceituar de forma adequada a qualidade de vida de um indivíduo.
De acordo com Silva (2011) a qualidade de vida é um conceito abstracto
e multidimensional, significando diferentes coisas em diferentes situações.
Neste sentido, “a OMS definiu qualidade de vida como a percepção pessoal de um
indivíduo da sua situação de vida, dentro do contexto cultural e de valores em que
vive, e a relação com os seus objectivos, expectativas, valores e interesses.”
(Silva,2011:19).
Podemos falar em qualidade de vida objectiva (aquela que medimos
perante padrões específicos para cada país ou região) e a qualidade de vida
subjectiva ou percebida. Esta é “ a percepção que o indivíduo tem acerca da sua
posição na vida de acordo com o contexto cultural e sistema de valores com os quais
convive em relação aos seus objectivos, expectativas e preocupações.”
(Pacheco,2011:21).
Na perspectiva de Oliveira (2011), a questão da qualidade de vida
emerge com particular importância, no âmbito da gerontologia, uma vez que
surgem questões de ordem ética e prática, em que está muitas vezes envolvida
a legitimidade e oportunidade de prolongamento da vida dos idosos. Estes são,
de certa forma mais frágeis do ponto de vista físico e mental, o que implica
cuidados de equipas multiprofissionais.
28
“Assim, a qualidade de vida em gerontologia está relacionada com a
maneira como o sujeito experiencia o seu próprio envelhecimento e a sua
velhice.” (Oliveira,2011:20).
A preocupação com a qualidade de vida na velhice ganhou relevância
nos últimos anos 30, a partir do momento que houve um aumento do
crescimento do número de idosos e de uma longevidade com boa qualidade de
vida, passando esta a ser uma preocupação para as sociedades. Assim foram-
se levantando questões que dizem respeito ao bem-estar físico, psicológico e
social dos idosos.
De acordo com Silva (2011) para o idoso, a qualidade de vida subtende
a autonomia e independência para as suas actividades, sendo esta uma tarefa
complexa que dependente, unicamente, da conquista social.
Neste sentido, pode-se verificar que a qualidade de vida envolve várias
dimensões e não apenas a inexistência de doenças ou a alimentação básica. A
qualidade de vida envolve, também, aspectos culturais, emocionais e
relacionais.
Segundo Lawtson citado por Oliveira (2011:23) a qualidade de vida na
velhice é uma avaliação multidimensional referenciada a critérios
socionormativos e interpessoais, a respeito das relações actuais, passadas e
prospectivas entre o indivíduo maduro ou idosos e o seu ambiente. Ou seja a
qualidade de vida na velhice depende de vários elementos que estão em
constante integração ao longo da vida do indivíduo.
Considerando a diversidade de factores que condicionam a qualidade de
vidar, “na década de 80, Lawtson construiu o modelo de qualidade de vida na velhice,
respeitando a multiplicidade de aspectos e influências inerentes ao fenómeno. O
modelo descreve quatro dimensões conceituais nomeadamente a competência
comportamental, condições ambientais, qualidade de vida percebida e bem-estar
subjectivo.” (Oliveira,2011:23).
Na perspectiva do autor, a avaliação da qualidade de vida incide sobre
as áreas da competência comportamental, das condições ambientais, da
qualidade de vida percebida e do bem-estar subjectivo, das quais depende a
funcionalidade do idoso.
29
A competência comportamental representa a avaliação do indivíduo
quanto à saúde, funcionalidade física, cognição, comportamento social e
utilização do tempo.
As condições ambientais referem-se à adaptação do idoso no ambiente
que o rodeia sendo essencial para que se sinta bem.
A qualidade de vida percebida reflecte a avaliação que o idoso tem da
sua própria vida, influenciada pelos seus valores e expectativas. Nesta lógica,
“o bem-estar subjectivo significa o grau de satisfação do indivíduo com a sua
própria vida”. (Oliveira, 2011:23).
Aquando da entrada de um idoso numa Instituição (ex. Lar), a sua
qualidade de vida, tal como em qualquer cidadão, depende de vários factores
(sociais, psicológicos, culturais, económicos) e determinantes pessoais.
Quando nos referimos a idosos institucionalizados, na sua maioria
dependentes ao nível das Actividades Básicas e Instrumentais da Vida Diária, a
qualidade de vida depende grandemente da qualidade dos cuidados prestados
pelos cuidadores formais (Médicos, Enfermeiros, Ajudantes de Lar) e informais
(voluntários, amigos, vizinhos, familiares).
Neste sentido, será fulcral para a qualidade de vida do idoso que este
receba cuidados adequados às suas necessidades.
Os cuidados aos idosos vão para além da satisfação das necessidades
básicas de alimentação e higiene. É necessário e imprescindível que os
cuidados tenham uma vertente mais humana, em que o apoio emocional, a
atenção permanente e continuada às necessidades dos utentes, a relação de
cooperação entre profissionais, utentes e familiares, estejam presentes e sejam
fomentados no dia-a-dia institucional.
Estes cuidados institucionais devem pautar-se por determinados
princípios e valores. De acordo com o Manual de Boas Práticas- Um guia para
o acolhimento residencial de pessoas mais velhas (2005) os valores e
princípios do cuidar são: a dignidade (os cuidadores devem evitar
comportamentos como utilizar expressões que diminuam o utente ou falar do
mesmo na sua presença como se este não estivesse lá); o respeito (os
cuidadores devem transmitir apreço por aquilo que os utentes são); a
individualidade (os cuidadores devem respeitar a diferença e reconhecer a
individualidade de cada utente); a autonomia (os cuidadores devem encorajar o
30
utente a ser responsável por si próprio e executar as suas tarefas); a
capacidade de escolher (os utentes devem poder decidir o que querem vestir, o
que querem fazer ao longo do dia); a privacidade e intimidade (os cuidadores
devem ter especial atenção às questões da higiene, sexualidade); a
confidencialidade (os cuidadores devem manter a confidencialidade em relação
aos elementos privados e íntimos da vida do utente); a igualdade (os
cuidadores não devem prejudicar ou beneficiar um utente face a outro); a
participação (os cuidadores devem ter presente que os utentes têm o direito de
participar na vida da estrutura institucional).
No que diz respeito aos cuidados de alimentação e hidratação, os
cuidadores devem ter presente que muitos dos utentes poderão necessitar de
ajuda para alimentar-se convenientemente. Neste sentido, terão de averiguar
que tipo de apoio necessitam, prestando-o de modo a que os utentes não se
sintam diminuídos na sua dignidade.
O momento da refeição deve ser um espaço relacional, onde existam
cuidadores em quantidade suficiente para permitir que cada utente tenha um
acompanhamento adequado e se alimenta ao seu ritmo.
Segundo CID et al. (2005:57) a composição das refeições deve ter em
consideração os gostos dos utentes e os seus hábitos alimentares, sem
detrimento de ser cuidada, com uma ementa variada, concebida por um
nutricionista.
As refeições terão de ser adequadas às necessidades nutricionais dos
utentes e às características dos mesmos (ex. comida para sonda, sopa
passada com carne, peixe, dieta).
A ingestão de líquidos na hora das refeições deve ser assegurada, uma
vez que, os utentes têm tendência a esquecer-se da importância da água,
referindo não sentir sede, o que poderá originar situações de desidratação.
“Os aspectos da higiene pessoal e estéticos são fundamentais à
conservação ou melhoria da qualidade de vida e da auto-estima, não se
resumindo por isso à limpeza e ao asseio.” (CID et al,2005:58).
Sempre que possível o utente deve responsabilizar-se pela sua higiene,
no entanto, cabe aos cuidadores apoiar e supervisionar a higiene dos utentes
tendo sempre presente a sua intimidade e promoção da autonomia.
31
Além do respeito pela privacidade e autonomia, outra das regras básicas
nos cuidados aos utentes, é a utilização de utensílios de higiene (escova de
dentes, lâmina de barbear, sabonete, entre outros) exclusivos e únicos para
cada utente.
Os utentes devem ter acesso a cabeleiro, barbeiro, manicure, pédicure,
sejam estes serviços disponibilizados na instituição ou existentes na
comunidade. Nestes aspectos, os familiares também terão um papel
fundamental, apoiando os utentes nas deslocações fora da Instituição.
Segundo CID et al (2005) os cuidadores devem encorajar os utentes a
cuidarem do seu aspecto. Devem ser os mesmos a escolher o seu calçado e
vestuário, sendo que cabe aos cuidadores adequá-los a eventuais limitações
físicas e à estação do ano.
Quando os utentes se encontram em elevado estado de dependência,
os cuidadores têm um papel preponderante na realização da higiene dos
mesmos.
Se os utentes necessitarem de permanecer mais tempo na cama devido
à sua situação de saúde, não devem ser descurados nos seus aspectos de
higiene e cuidados com a apresentação e estética. Muito pelo contrário, nestes
casos é importante ter especial atenção à prevenção de úlceras de pressão.
Estas podem surgir, mesmo quando se usam equipamentos necessários como
as camas articuladas e colchões anti escaras. “Na maior parte das vezes, [as úlceras de pressão] resultam de uma prestação
de cuidados inadequada relacionada, por exemplo, com a insuficiente mobilização ou
mobilidade do residente, com as roupas e a forma como se fazem e mudam as camas,
ou com maneiras inapropriadas de proceder à higiene.” (CID et al,2005:60).
Outro dos aspectos importantes ao nível dos cuidados de higiene diária
dos utentes são as questões das necessidades fisiológicas. Sempre que se
verificar necessidade de uso de fraldas, resguardos ou outros meios de
protecção urinária e fecal, é necessário mudá-los regularmente para não
favorecer o surgimento de complicações ou infecções e manter o respeito,
conforto, dignidade e bem-estar do utente.
Além dos cuidados ao nível da alimentação e higiene, os cuidadores
devem prestar apoio aos utentes (a nível emocional, nas actividades que
32
realizam, na sua relação com a família e restante comunidade), favorecendo a
sua integração na Instituição.
Na perspectiva de Torrão (2010:20) uma das qualidades fulcrais das
Ajudantes de Lar deve centrar-se na sua capacidade de comunicação e
predisposição para a entrega no relacionamento interpessoal com os utentes.
Para tal deve respeitar a identidade e individualidade do idoso,
independentemente do seu grau de dependência; estabelecer uma
comunicação clara, amável e carinhosa; ter uma linguagem adequada, simples
e adulta (nunca infantil); ter uma conversação sustentada em assuntos do
interesse do idoso; manter o equilíbrio entre o ouvir e o falar, valorizando o
contacto visual.
É muito importante conhecer os gostos e preferências dos utentes, as
suas histórias de vida, as motivações do dia-a-dia, estimulando a sua
participação e integração na Instituição.
Os cuidados aos idosos têm de incluir as mais variadas dimensões para
resultarem proveitosamente ao nível da qualidade de vida dos idosos,
privilegiando-os enquanto seres humanos.
8 - O desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos
“A situação de prestação de cuidados parece poder afectar a saúde física dos
prestadores, sendo que alguns estudos sugerem a ocorrência de alterações no
sistema imunitário, para além de problemas de sono, fadiga crónica, hipertensão
arterial e outras alterações cardiovasculares. Mas é sobretudo na área da saúde
mental que os efeitos da prestação de cuidados […] mais se fazem notar, com níveis
de depressão, ansiedade e stress superiores aos da população em geral.”
(Brito,2000:20).
As consequências do trabalho dos cuidadores ocorrem a nível físico,
psíquico, social e financeiro. (…) “O papel de cuidador exige muita
responsabilidade, iniciativa, boa vontade, disponibilidade e a consciência da
necessidade de compartilhar tarefas, por se tratar de um trabalho exaustivo, gerador
de stresse físico e emocional, mesmo que seja realizado com amor e dedicação.”
(Bauab,2013:24).
33
É neste sentido que cada vez mais se fala em “sobrecarga, burnout,
burnot, burden, exaustão, claudicação, porque se exige aos cuidadores que passem
para segundo plano ou negligenciem as suas próprias vontades e, ou as suas
necessidades, vivendo em prol da satisfação das necessidades e da prestação de
cuidados de e para outrem. Contextualizando-se a problemática do cuidador, tais
conceitos definem “…um estado psicológico resultante da combinação do trabalho
físico, da pressão emocional, das restrições sociais e das exigências económicas que
surgem do cuidar …” (Saraiva,2011:26). De acordo com Barbosa et al. (2011) os cuidadores de idosos
dependentes apresentam as seguintes dificuldades: a interacção com o doente,
o desconhecimento acerca da sua doença, a falta de tempo e de recursos
humanos, o impacto emocional e físico, a dificuldade de organização e
planeamento de actividades e a interacção com a família dos utentes.
Na perspectiva de Saraiva (2011) são diversas as necessidades ou
dificuldades que se deparam ao cuidador na sua actividade de cuidar, sendo as
mesmas de ordem física, social, emocional, económica, espiritual, estando
desde logo relacionadas com o tipo e grau de dependência da pessoa ao seu
cuidado, com factores externos e internos ao cuidador.
Segundo Colomé et al. (2011) as dificuldades dos cuidadores de idosos
dependentes subdividem-se em duas categorias: a sobrecarga de trabalho e
exigência física e a necessidade de conhecimento para cuidar de idosos.
As dificuldades dos cuidadores relacionam-se inteiramente com as
necessidades que apresentam. De acordo com Ricarte (2009) as principais
necessidades dos cuidadores são: necessidade financeira, devido às despesas
com o idoso (no caso dos cuidadores informais); necessidade de ajudas a nível
técnico (camas articuladas, cadeiras de rodas, andarilhos e bengalas), que
facilitam a prestação de cuidados; necessidade de protecção e assistência (nos
cuidadores informais que vem dificuldades em continuar a assumir uma
actividade profissional e a prestação de cuidados dentro da família);
necessidade de disponibilidade de tempo para si próprio e para a família;
necessidade de informação e formação, de modo a permitir a ajuda mais
adequada ao idoso dependente cuidado.
Neste sentido, percepciona-se que as dificuldades e necessidades
sentidas pelos cuidadores de idosos dependentes fomentam um
34
desenvolvimento do desgaste físico e psicológico, ao longo do tempo em que
prestam os cuidados.
Neste âmbito é necessário abordar o que significa o conceito desgaste.
Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002), desgaste é “ uma
perda de força, vigor ou poder; um enfraquecimento”.
O desgaste pode ser físico quando se relaciona com a perda das
capacidades físicas, o cansaço, a exaustão, devido à sobrecarga trabalho e
falta de tempo. Pode ainda ser a nível psicológico quando afecta a saúde
mental, devido ao stresse, ansiedade e depressão. Normalmente, o desgaste
físico e psicológico encontram-se associados.
Os impactos que os cuidados geram nos cuidadores, ao nível do
desgaste físico, são descritos frequentemente como carga. “Etimologicamente,
carga significa o que pesa sobre uma pessoa, responsabilidade ou incumbência ou o
que incomoda. Esta definição comporta duas dimensões: relativa e objectivamente ao
trabalho, ao peso da tarefa em si, e outra dimensão que diz respeito ao normativo, à
responsabilidade e ao dever.” (Ricarte,2009:47-8). Pode-se distinguir dois tipos de carga: a objectiva e a subjectiva. De
acordo com o autor a carga objectiva é definida como toda a alteração
observável e verificável, e a subjectiva como o sentimento de uma obrigação
originada pelas tarefas desempenhadas.
A carga objectiva relaciona-se com a tensão própria do ambiente das
relações interpessoais, e pode ser vivenciada de forma diferente pelos
cuidadores, pois enquanto para alguns não é sentida como um fardo, para
outros pode provocar sentimentos de grande intensidade.
A carga subjectiva traduz-se como a percepção que o acto de cuidar
possa envolver no que respeita à sua percepção emocional.
Os impactos nos cuidadores de idosos dependentes, a nível do desgaste
psicológico, estão normalmente associados ao stresse, ansiedade e
depressão.
É necessário compreender o que significa cada um destes conceitos. “Etimologicamente, stresse é uma expressão que provém dos termos latinos
stringo, stringere, strinxi, strinctum e que significam “apertar”, “comprimir”, “restringir”.
Stress é uma expressão utilizada na língua inglesa que significa “pressão” ou “tensão”.
Recentemente, no século XIX, o conceito de stresse alargou o seu significado às
35
pressões exercidas sobre um órgão corporal ou sobre a mente humana.” Rocha
(2009:20) citando Serra (1999).
Segundo Rocha (2009) a primeira definição de stresse surgiu com o
modelo “estímulo-resposta” de Selye, que definia o stresse como uma resposta
do organismo a um estímulo externo. Nesta perspectiva, o stresse agia como
uma resposta geral e automática do organismo a qualquer agente perturbador,
no sentido de contribuir na sua adaptação.
De acordo com Rocha (2009:21) a adaptação ao stress “pode tomar dois
rumos, o eustress, em que o sujeito se adapta no sentido de desafio, dinamizando o
sujeito para a acção, funcionando como um stresse agradável e curativo, e o distress,
quando existe uma má adaptação à situação perturbadora, podendo ser responsável
por desencadear doenças.” (Rocha,2009:21).
Figueiredo (2007) citado por Rocha (2009) resume a diversidade de
definições de stresse a três grandes linhas de investigação: a fisiológica,
sociológica e psicológica.
A linha fisiológica define stresse como um estado interno do organismo
que surge em resposta a acontecimentos perturbadores.
A linha sociológica interpreta o stresse como uma condição ambiental
externa que perturba o normal funcionamento da pessoa.
A linha psicológica analisa o stresse como a adaptação da pessoa às
condições perturbadoras do meio ambiente.
Fonseca (2005) referido por Rocha (2009:24) afirma que o stresse se
verifica quando há um desequilíbrio entre as exigências ambientais e as
capacidades de resposta do organismo, acrescentando que o stresse traduz
esse desequilíbrio variando com o estado psicológico da pessoa situações e
com as percepções individuais de cada um acerca das situações. Este autor
refere ainda os principais sinais de stresse como sendo:
Sinais emocionais (tensão, irritabilidade, desassossego, agitação, alterações
de humor, sentimentos negativos, fragilidade emotiva, ressentimento, episódios
de ansiedade ou depressão);
Sinais físicos (incapacidade de relaxar, dores de cabeça, dores de costas,
dores cervicais, tremores, sensação de ruptura física, fadiga, excesso de sono,
maior incidência de pequenas doenças, más digestões, perda ou ganho de
peso, problemas de pele e alterações menstruais);
36
Sinais comportamentais (pressa constante, negligência consigo próprio em
refeições ou descanso, auto-sedação, ineficácia crescente, sensação de
afastamento, pesadelos e perda ou excesso de apetite);
Sinais cognitivos (fraca concentração, esquecimento, distracções frequentes,
pensamentos negativos, sentimentos de desânimo, injustiça e ideias
obsessivas);
Sinais relacionais (perda de capacidade para lidar com as necessidades e
exigências de outras pessoas, impaciência, intolerância, evitamento de
companhia, controlo excessivo em relação a outros, desagradável nas relações
sociais e familiares). (Rocha,2009:24)
Quando se fala especificamente em stresse nos cuidadores de idosos
dependentes pode-se sistematizar um conjunto de factores stressantes, tais
como: cuidar contínua e intensivamente do idoso; desconhecer informação
para o desempenho do cuidado; a sobrecarga de trabalho; os conflitos
familiares aliados ao papel de cuidador; a dificuldade de adaptação às
exigências da profissão.
O stresse do cuidador (formal ou informal) poderá ser avaliado através
da percepção que cada indivíduo tem acerca dos recursos que dispõe para
lidar com os problemas resultantes dos cuidados.
Os cuidadores poderão, neste sentido, criar estratégias que lhes
permitam lidar e ultrapassar problemáticas decorrentes do processo de cuidar.
A estas estratégias dá-se o nome de “coping”. Este pode ser definido
como “estratégias de confronto, formas de lidar com ou ainda mecanismos que
habitualmente os indivíduos utilizam para lidar com os agentes indutores de
stresse.” (Rocha,2009:32) cita (Ramos & Carvalho (2007: 7).
De forma mais sintética, o coping significa “os esforços, tanto cognitivos
como comportamentais para lidar com exigências internas e/ou externas
específicas, que forçam ou transcendem os recursos pessoais.” Rocha
(2009:32) cita Lazarus & Folkman (1984) citado por Figueiredo (2007: 162).
As estratégias de coping podem assumir duas funções distintas: o
coping centrado na emoção e o coping centrado no problema.
No caso do coping centrado na emoção, a estratégia consiste em
“regular os estados emocionais e está mais associado a situações avaliadas
37
como difíceis ou mesmo de mudança impossível. O coping centrado no
problema “procura agir sobre a perturbação com vista a solucionar o problema,
estabelecendo planos de acção, tendendo a ser mais usado em situações
percepcionadas pela pessoa como susceptíveis de mudança.”
(Rocha,2009:33).
Figueiredo (2007) citado por Rocha (2009) salienta ainda a diferença
entre estratégias de coping e os recursos de coping.
As estratégias de coping são a forma como os indivíduos lidam com as
situações. Os recursos de coping reflectem o tipo de recursos que cada um
pode dispor para lidar com determinada situação. Estes recursos podem ser:
pessoais (competências pessoais, experiência de vida, crenças ou valores);
externos (rendimento, habitação, estatuto socioeconómico ou serviços formais)
e sociais (redes sociais e o apoio que dispõem).
Normalmente as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores
centram-se essencialmente nas questões da emoção, tentando superar as
grandes mudanças que a tarefa de cuidar implica nas suas vidas (sobrecarga,
falta de tempo para si e para a família, a frustração de não conseguir apoiar
mais).
Diversos estudos mencionados por Rocha (2009:40) citando Sequeira
(2007) referem que as estratégias de coping dos cuidadores portugueses
passam por: cuidar do jardim, passear no campo, fazer renda ou cuidar da
casa, conversar com pessoas amigas ou ir à missa rezar.
Como já foi referido anteriormente, o desgaste psicológico dos
cuidadores de idosos dependentes encontra-se, também, relacionado às
questões da ansiedade.
A origem etimológica da palavra ansiedade provém do termo grego
anshein que significa oprimir e sufocar. De acordo com Goméz (2010:14)
citando Datti (1997) a ansiedade pode ser definida como “ uma sensação de
desconforto e apreensão experimentada pela antecipação (real ou imaginária)
de situações que podem ser muito agradáveis ou muito difíceis,
desagradáveis’’
Segundo a autora é comum as pessoas experimentarem sentimentos de
ansiedade, sendo que esta é uma característica biológica do ser humano,
acompanhando-o ao longo da vida, e indo de encontro à sua própria
38
identidade. Todos os seres humanos vivenciam mudanças, experiências novas
e, em determinado momento das suas vidas, ficam mais ou menos ansiosos.
A ansiedade antecede momentos de pânico, de receio, de medo, de
perigo ou de tensão. Pensa-se que ela aparece, muitas vezes, em pessoas que
são cronicamente preocupadas, socialmente inseguras, pessimistas e cheias
de dúvidas sobre si mesmas, que desconhecem as suas próprias capacidades.
Quando se sente ansiedade activa-se o sistema nervoso vegetativo. “Este executa a regulação das funções dos órgãos internos involuntariamente e
autonomamente. É uma unidade fisiológica que integra dois sistemas distintos, o
simpático e o parassimpático. Estes desempenham normalmente funções
antagónicas. A divisão simpática do SNV é a principal responsável pelas respostas
fisiológicas ao stresse, como o aumento da frequência cardíaca e respiratória, o
aumento da degradação de reservas energéticas ou o aumento da actividade das
glândulas sudoríparas. Já a divisão parassimpática do SNV é a principal responsável
pela estimulação dos processos de digestão e absorção de nutrientes no tubo
gastrointestinal.” (Goméz,2010:14).
Segundo Matos (2012:34) a ansiedade é um sintoma normal, tornando-
se patológico quando os sintomas ansiosos são frequentes e incapacitantes.
Pode-se distinguir dois tipos de ansiedade: a normal e a patológica.
A ansiedade normal transmite ao indivíduo uma sensação difusa,
desaprazível, apreensiva, seguida de sensações físicas de mal-estar,
palpitações, dores de cabeça, súbitas necessidades de evacuar, inquietações.
A ansiedade patológica tem implicações no bem-estar e no desempenho
do sujeito. Trata-se de uma resposta desajustada a um determinado estímulo,
de intensidade ou duração variável. Ela pode paralisar a pessoa e impedir que
esta se prepare para enfrentar situações que considera ameaçadoras ou de
difícil resolução.
Em termos gerais, os sintomas da ansiedade podem incluir agitação,
incapacidade para estar no mesmo sítio, diarreia, tonturas, sincope,
taquicardia, formigueiro nas mãos e pés, tremores, retenção ou aumento da
frequência urinária. Para além disso, podem existir também efeitos sobre o
pensamento, a percepção, a concentração, a memória e a associação de
ideias.
39
A ansiedade patológica dos cuidadores de idosos dependentes
encontra-se muitas vezes aliada à depressão.
Segundo Matos (2012:34) o termo depressão, classicamente usado por
Hipócrates como melancolia, significa inibição ou lentificação de uma ou várias
funções psicofisiológicas, perda de iniciativa e de capacidade vital. “ A depressão é uma doença mental, normalmente caracterizada por um humor
deprimido, baixa auto-estima, ausência de prazer e redução de energia. Evidências da
neurociência, da genética e da investigação clínica demonstram que a depressão é
uma doença que resulta de distúrbios ao nível cerebral.” (Costa,2010:11).
A depressão não pode ser confundida com períodos de tristeza, uma vez
que faz parte do ser humano sentir-se infeliz em momentos de adversidade.
Muitas vezes, os Médicos de Família/ Clínicos Gerais tendem a fazer
diagnósticos errados de situações de depressão, uma vez que, a maioria dos
pacientes apresenta sintomas ligeiros que podem levar a este erro.
Segundo Costa (2010:12) os principais sintomas da depressão são:
sentimentos de infelicidade, pessimismo, culpa, baixa auto-estima, inutilidade,
perda de interesse em actividades que normalmente sentia prazer, sensação
de fadiga, baixa energia, insónias, dificuldade de concentração, alterações no
apetite, pensamentos recorrentes de morte e suicídio, sintomas físicos ou
dores inexplicáveis.
Os factores de risco de depressão sintetizam-se nos seguintes: “idade,
dependência de substâncias químicas, género feminino, historial pessoal ou
familiar de depressão, momentos de stresse, doenças crónicas e medicação.”
(Francher e Kravitz, 2010) citados por Costa (2010:13).
Não existe um consenso geral quanto à classificação dos diferentes
episódios depressivos, o que muitas vezes dificulta a prescrição de tratamentos
adequados.
De acordo com Gelder et al. (2006) citados por Costa (2010) as várias
abordagens levaram à diferenciação de quatro episódios depressivos, sendo
estes: depressão unipolar ou bipolar (presença de episódios depressivos ou
alternância de episódios depressivos com outros maníacos); depressão
neurótica ou psicótica (ausência ou presença de alucinações, delírios e falta de
contacto com a realidade); depressão endógena ou exógena (ausência ou
40
presença de factores precipitantes) e depressão ligeira, moderada ou grave (de
acordo com a intensidade dos sintomas).
O desgaste físico e psicológico dos cuidadores afecta-os no seu bem-
estar e qualidade de vida, interferindo também com todos os elementos que
fazem parte do seu relacionamento (familiares, amigos, pessoas cuidadas).
Cabe aos cuidadores e às redes de suporte social, nas quais estão
inseridos, encontrar estratégias de combate às dificuldades do processo de
cuidar de alguém dependente.
9 - Os aspectos positivos de cuidar - Resiliência e Motivação dos cuidadores
As diversas investigações acerca das repercussões do acto de cuidar de
pessoas dependentes “têm enfatizado as consequências negativas da
prestação de cuidados sobre a saúde e bem-estar físico, psicológico e social
dos cuidadores.” (Mendes,2010:21).
No entanto, outros estudos têm-se debruçado sobre a satisfação e os
aspectos positivos do acto de cuidar, que podem coexistir com as dificuldades
e necessidades dos cuidadores.
Na perspectiva de Ricarte (2009:51) os aspectos positivos ou benéficos
vivenciados pelos cuidadores são: crescimento pessoal; aumento do sentimento de
realização, do orgulho e da habilidade para enfrentar desafios; melhoria do
relacionamento interpessoal (tanto com o idoso, como com as outras
pessoas);aumento do significado da vida; satisfação consigo próprio; retribuição e
bem-estar com a qualidade do cuidado oferecido.
Segundo Ferreira (2012) os cuidadores referem aspectos de satisfação
na prestação de cuidados relacionados com o facto da pessoa de quem se
cuida estar bem tratada, preservar a sua dignidade e felicidade, assim como ter
a noção de que se está a fazer o melhor que se pode por ela e que a mesma
se encontra assim a ser tratada com amor e carinho.
É neste âmbito que Ferreira (2007:27) defende que “o acto de cuidar pode
ser encarado como um acto de amor, uma relação de afectividade entre quem cuida e
41
quem recebe o cuidado, proporcionando, deste modo, ao cuidador um certo sentido de
vida.” (Ferreira,2012:27).
De acordo com Laham (2003) citado por Ferreira (2012) um outro
aspecto positivo do acto de cuidar é o facto de o cuidador encarar a prestação
de cuidados como uma função. Outros autores referem ainda a possibilidade
de se desenvolverem competências, habilidades, ocorrer uma retribuição de
carinho e reconhecimento por parte de outros, o que, de algum modo, pode ser
interpretado pelo cuidador como satisfatório.
O aumento do bem-estar psicológico e o desenvolvimento de
competências são outras duas repercussões positivas referidas pelos
cuidadores.
Assim, os aspectos positivos no cuidar são o resultado de uma
mediação entre as tarefas desempenhadas pelo cuidador e o bem-estar
sentido na execução das mesmas.
No que se refere especificamente aos cuidadores formais de idosos em
instituições verifica-se que estes vivenciam a sua profissão tendo por base
experiências anteriores e identificando neles próprios a futura possibilidade de
uma Institucionalização.
Carvalho et al. (2006) citados por Ferreira (2012) apresentam um
conjunto de questões que ajudam na prevenção do aparecimento de stresse
nos cuidadores formais de idosos. São estes: a capacidade de acção, a
percepção do apoio organizacional, o orgulho nos seus resultados e a
competência pessoal.
Os cuidadores formais de idosos que apresentam uma maior capacidade
de resiliência e motivação para a profissão “são mais propensos a ter uma
maior qualidade de vida na sua profissão, levando também a um melhor
cuidado tanto dos idosos como de si mesmos.” (Ferreira,2012:30).
O conceito de resiliência deu os primeiros passos na Psicologia na
década de 70. Até então o termo resiliência era utilizado na física e na
engenharia tendo em conta a capacidade que os materiais têm de suportar
tensões e condições adversas sem se deformarem ou de se alterarem e
voltarem à sua forma original.
Muitos dos termos utilizados nas ciências exactas são posteriormente
aplicados nas ciências psicossociais e humanas de modo a explicar
42
comportamentos que levam à formulação de modelos e teorias, a resiliência é
assim também um controverso conceito que tem vindo a ser aplicado e
estudado desde há três décadas tendo em conta as emergentes mudanças que
ocorrem no dia-a-dia da sociedade exigindo constantes esforços de adaptação.
Estes esforços de adaptação estão relacionados com a capacidade de
resiliência. Segundo Torrão (2010:33) a “palavra resiliência tem origem no latim
resiliens, que significa saltar para trás, voltar, ser impelido, recuar, retirar-se
sobre si mesmo, encolher, desdizer-se, romper.”
A autora define resiliência como a capacidade que os indivíduos têm de
enfrentar e responder de forma positiva às experiências que possuem elevado
potencial de risco para a saúde e desenvolvimento do indivíduo. É assim um
fenómeno complexo, atrelado à interdependência entre os múltiplos contextos
com os quais o sujeito interage e cuja presença é observada com maior
clareza, quando o ser humano está a atravessar uma situação adversa, seja
temporariamente ou constante na sua vida.
Neste sentido, uma pessoa resiliente é aquela que tem habilidade para
reconhecer a dor, perceber o seu sentido e tolerá-la até resolver os conflitos de
modo construtivo.
A capacidade de resiliência dos cuidadores formais de idosos pela
“mobilização e activação das suas capacidades de ser, estar, ter, poder e
querer, ou seja, pela sua capacidade de auto-regulação e auto-estima.”
(Torrão,2010:35).
Além da capacidade de resiliência para combater as dificuldades do acto
de cuidar pode-se falar na importância da motivação para a realização dos
cuidados.
Segundo a autora a motivação é o conjunto de factores que determinam
a conduta do indivíduo, sendo um processo que desencadeia uma actividade
ou acção.
A motivação pode ser intrínseca e extrínseca. “A primeira assenta no
interesse do indivíduo pela actividade enquanto que o resultado da segunda
depende da recompensa externa pela realização da actividade.”
(Torrão,2010:43).
A base da motivação dos cuidadores deve-se à sua autodeterminação,
focalizando-se na autonomia e no desenvolvimento para uma contínua
43
aquisição de competências de forma a lidar eficazmente com as consequências
e dificuldades do acto de cuidar.
Em conclusão, a qualidade de vida e bem-estar dos cuidadores e dos
restantes elementos que se encontram ao seu redor (principalmente das
pessoas cuidadas) são influenciados pela capacidade de resiliência e a
motivação dos cuidadores para ultrapassarem os aspectos negativos do acto
de cuidar.
10 - Psicogerontologia Comunitária: os contributos para a intervenção na velhice
O crescente envelhecimento populacional, que se tem verificado ao
longo do século XX, suscitou o interesse dos diferentes campos de
investigação em ciências sociais e humanas, acerca do estudo do processo de
envelhecimento e de tudo o que o mesmo acarreta.
A Psicologia tem sido uma das ciências que mais tem dado contributos
ao nível do estudo do processo de envelhecimento.
Segundo Néri (2004:74) a Psicologia tem-se interessado pelo estudo das
influências biológicas e sociais sobre o comportamento na velhice e pelos
processos comportamentais, funções psicológicas e envelhecimento.
Ao nível das influências biológicas e sociais sobre o comportamento na
velhice destacam-se: a genética comportamental, a saúde e o comportamento,
as mudanças cognitivas associadas à idade e as influências ambientais sobre o
comportamento na velhice.
No que diz respeito aos processos comportamentais, funções
psicológicas e envelhecimento destacam-se: a emoção, a relação social, a
diferença entre género, a sabedoria, a criatividade, a dependência e fragilidade,
a actividade e o comportamento, a religião e espiritualidade, a qualidade de
vida, o desempenho no trabalho, a saúde mental e psicopatologia, entre outras.
Recentemente, aliado à investigação da Psicologia na área do
envelhecimento, surgiu um novo campo de estudo que se encontra em
expansão, a Psicogerontologia. Segundo Falcão et al. (2009) citados por Novo
44
(2003) “os pesquisadores da área da Psicogerontologia procuram investigar os
comportamentos ao longo do curso de vida.”
Um conceito ainda mais inovador é o de Psicogerontologia Comunitária.
Este encontra-se relacionado à articulação do estudo da Psicologia
Comunitária com a Gerontologia, dando o seu contributo para a investigação
do envelhecimento numa perspectiva comunitária.
A Psicologia Comunitária surge “em meados da década de 60, numa
atmosfera social de mudança e expectativa, inspirada pelos movimentos sociais
emergentes e no decurso do período de grandes transformações na sociedade em
geral e na área da saúde mental em particular.” (Ornelas,2008:31).
Segundo o autor um dos momentos decisivos da abordagem da
Psicologia Comunitária foi a apresentação de um conjunto de propostas de
mudanças, feita pelo presidente Kennedy, em 1963, onde se defendia a
reintegração de doentes mentais na comunidade e se apelava à adopção duma
perspectiva preventiva do sofrimento humano e à promoção de uma visão
positiva da saúde mental.
Estes conjuntos de propostas deram origem à Lei dos Centros de Saúde
Mental Comunitária, verificando-se que, os contextos sociais têm grande
importância ao nível da saúde mental e bem-estar psicológico das populações.
Outros estudos ao nível da importância da comunidade e da participação
social da mesma na luta contra a pobreza originaram o conceito de community
control. “Este conceito significa o controlo por parte da comunidade sobre os
programas que lhe são dirigidos e pressupõe a participação activa dos seus membros
na resolução dos próprios problemas. Deste modo, a comunidade assume a
responsabilidade por todos os seus cidadãos, o que implica que os profissionais
passam a ter essencialmente um papel de prestação do suporte necessário à
comunidade e aos seus líderes, de modo a que esta funcione eficazmente, com o seu
contributo como consultores para a resolução de situações-problema.”
(Ornelas,2008:33).
O estudo da Psicologia Comunitária encontra-se também relacionado
com as investigações em ecologia social. Kurt Lewin (1946) citado por Ornelas
(2008) chamou a atenção para a importância das variáveis ambientais sobre o
comportamento humano, avançando com uma fórmula inovadora, segundo a
45
qual o comportamento individual é função da personalidade e do meio
ambiente.
Para a compreensão da intervenção da Psicologia Comunitária é
necessário retroceder ao desenvolvimento da Teoria da Crise. Esta explicita
que o indivíduo perante uma situação de crise geradora de stresse necessita
do apoio da comunidade para se adaptar à situação e encontrar estratégias de
coping. Neste sentido, o suporte social é de extrema importância para os
indivíduos que se encontram em situação de vulnerabilidade social.
Nas últimas décadas, “a Psicologia Comunitária tem-se debruçado sobre a
criação de serviços adequados às populações socialmente marginalizadas, no
desenvolvimento de técnicas inovadoras de prestação de serviços e estratégias de
empowerment, no sentido de facilitar a participação destes grupos.” (Ornelas,2008:37).
A Psicologia Comunitária é orientada por valores nos quais fundamenta
a sua intervenção junto da comunidade. Ornelas (2008:38) citando Dalton,
Elias e Wandersman (2001) identificou setes valores fundamentais da
Psicologia Comunitária: bem-estar individual, o sentimento de comunidade, a
justiça social, a participação cívica, a colaboração e o fortalecimento
comunitário, o respeito pela diversidade humana e a fundamentação empírica. “O bem-estar individual refere-se à saúde física e psicológica, às competências
socioemocionais para manter a saúde e o bem-estar pessoal, ao desenvolvimento da
identidade e à prossecução de objectivos pessoais, como o sucesso académico ou a
procura de um significado espiritual.” (Ornelas, 2008:39) cita Dalton, Elias e
Wandersman (2001).
De acordo com os autores o sentimento de comunidade refere-se à
percepção de pertença do indivíduo a uma unidade colectiva.
O valor da justiça social encontra-se relacionado com a preocupação
com as questões de igualdade, distribuição justa e equitativa dos recursos,
oportunidades e poder na sociedade.
O valor da participação cívica “refere-se a processos colaborativos de
tomada de decisão que permitam um envolvimento significativo de todos os
membros da comunidade.” Ornelas (2008:41) cita Dalton, Elias e Wandersman
(2001).
46
O valor da colaboração e fortalecimento comunitário encontra-se
relacionado com o papel decisivo dos profissionais, como facilitadores e
colaboradores da comunidade na resolução de situações problema.
O respeito pela diversidade é o valor que reconhece, valoriza e aprecia a
diversidade de comunidades e identidades sociais. “Em termos de prática, o
respeito pela diversidade traduz-se na identificação de competências e recursos de
todas as culturas e das populações frequentemente desvalorizadas pela sociedade em
geral e na procura da melhoria do potencial e das capacidades de todos os cidadãos.”
(Serrano-Garcia, Costa, Perfecto e Quiros, 1980) citados por (Ornelas, 2008:43).
Por último, o valor da fundamentação empírica refere-se à utilidade da
investigação para responder de forma mais eficaz às questões e problemas
das comunidades.
No que diz respeito à área da Gerontologia constata-se que esta se
dedica ao estudo do processo de envelhecimento na sua totalidade.
Etimologicamente a palavra Gerontologia provém do termo geronto, do
grego (geron), referindo-se aos mais velhos ou mais notáveis do povo grego e
do termo logos que significa estudo e conhecimento.
Segundo Prado et al. (2006) a Gerontologia apresenta vários ramos dos
quais se destaca a Geriatria e a Gerontologia Social. A Geriatria encontra-se
mais voltada para a prevenção e o tratamento das doenças na velhice, e a
Gerontologia Social é constituída de diversas áreas como psicologia, serviço
social, direito, entre outras.
Apesar de abranger diversas áreas, o enfoque da Gerontologia
centraliza-se na questão do envelhecimento. Nesta lógica, a “Gerontologia é uma
área de conhecimento específico acerca do envelhecimento, na qual, actuam várias
áreas, até a integração recíproca de conceitos formuladores de um determinado
conhecimento, bem como a organização da pesquisa e do ensino que com ela podem
se relacionar.” (Camacho, 2002:232)
O profissional especializado em Gerontologia deve responder com
competência teórica e prática aos desafios do envelhecimento individual e
populacional. “Sendo de extrema importância a realização de pesquisas e projectos
de que abarquem as características dos idosos, na busca dos determinantes do
envelhecer bem e, principalmente, na divulgação dos conhecimentos e das acções de
promoção da saúde. As necessidades evolutivas dos idosos requerem um foco não
47
apenas sobre declínio e mudança, mas também sobre a manutenção do controle de
sua vida.” Falcão et al. (2009:50) cita Neri (2004).
A formação em Gerontologia assenta em três pilares básicos: uma
médica/cuidados de saúde; uma componente psicológica; e uma componente
social/organizacional. O objecto da intervenção profissional do gerontólogo é a
pessoa idosa, embora inserida no seu contexto familiar e societário.
De acordo com Pereira (2009) citando Martin (2006) o gerontólogo está
habilitado para realizar as seguintes actividades com os idosos e contexto
envolvente:
Prestação de cuidados de saúde básicos a idosos, tendo em vista a
minimização de situações de debilidade psicológica e física, inerentes a
processos do envelhecimento;
Promoção de serviços de apoio a idosos que viabilizem a cidadania
plena em termos de direitos, necessidades, integração e de valorização
do papel social;
Promoção do envelhecimento activo e produtivo;
Investigação e desenvolvimento de políticas, programas e projectos
sobre o envelhecimento e os idosos;
Planeamento, concepção, implementação de programas de formação
para cuidadores de idosos formais e informais.
A Psicologia Comunitária e a Gerontologia constituem áreas promotoras
da difusão da Psicogerontologia Comunitária, que tem como preocupação
crescente a problemática do envelhecimento populacional considerando a
pertinência da intervenção comunitária na mesma.
Segundo Sequeira (2010:30) o crescente envelhecimento populacional
tem acarretado transformações, no que diz respeito, à assistência familiar e
apoio formal aos idosos, cada vez mais dependentes.
Com as transformações familiares que se têm verificado ao longo dos
anos (inexistência de família alargada, crescente emigração, dificuldades de
emprego, nova posição da mulher na sociedade, entre outros) é necessário
rever os programas de apoio aos idosos, “evitando sobrecarregar as famílias
com funções para as quais não têm capacidade para dar resposta adequada”.
(Sequeira, 2010:33).
48
Nesta perspectiva, áreas como a Psicogerontologia Comunitária
contribuem em diversas vertentes para o estudo dos cuidados aos idosos
dependentes.
Através do estudo da Psicogerontologia Comunitária será possível
conhecer as diferentes concepções do processo de envelhecimento, a
importância das redes de suporte social para os idosos dependentes, o apoio
dos diferentes cuidadores na prestação de cuidados aos mesmos, a
necessidade de investir na qualidade de vida e bem-estar dos mais velhos e
também dos seus cuidadores.
A Psicogerontologia Comunitária intervém no sentido de “contribuir para
que a velhice seja vivida com bem-estar e que o idoso seja sinónimo de
sabedoria/ conhecimento, enfim, uma pessoa de referência.” (Sequeira,
2010:36).
49
Parte II – Estudo Empírico
Seguidamente apresenta-se a metodologia de investigação utilizada
para a concretização do estudo, os seus objectivos, a tipologia de estudo, os
participantes da investigação, a caracterização da instituição e do meio físico
onde decorre a investigação, os instrumentos e procedimentos utilizados e as
técnicas de tratamento de dados que permitiram a apresentação e análise dos
resultados.
11- Metodologia
A investigação empírica é um “processo de aplicação de conhecimentos,
mas também um processo de planeamento e criatividade que contribui para o
enriquecimento do conhecimento na área em que se realiza a investigação.” (Sousa e
Baptista, 2011: 9).
No decorrer da investigação utilizam-se diferentes estratégias para
responder aos objectivos que se pretendem atingir. Ao processo utilizado dá-se
o nome de metodologia de investigação.
Esta “consiste num processo de selecção da estratégia de investigação, que
condiciona por si só, a escolha das técnicas de recolha de dados, que devem ser
adequados aos objectivos que se pretendem atingir.” (Sousa e Baptista, 2011: 52).
A investigação realizada insere-se no tema: “ A interferência do desgaste
físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade da prestação dos
cuidados a pessoas idosas dependentes.” Neste sentido a questão de partida é: “De que forma o desgaste físico e
psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na
qualidade dos cuidados prestados aos mesmos?”
O principal objectivo do estudo é compreender a interferência do
desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na
qualidade dos cuidados prestados aos mesmos
Pelo que, os objectivos específicos do processo investigativo passam
por:
50
Avaliar os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores
formais;
Avaliar o nível global de dependência dos idosos, no que diz respeito às
Actividades Básicas da Vida Diária;
Verificar as causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores
formais de idosos dependentes;
Identificar as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores formais;
Verificar o grau de satisfação dos utentes relativamente aos cuidados
recebidos ao nível da higiene, alimentação e vestuário;
Conhecer a visão dos utentes acerca da interferência do desgaste físico
e psicológico dos seus cuidadores na qualidade dos cuidados que lhes
são prestados.
No sentido de responder aos objectivos da investigação utilizou-se uma
determinada tipologia de estudo, de técnicas de recolha de dados e
instrumentos de análise dos mesmos, que serão apresentados
seguidamente.
11.1- Tipologia de estudo
No estudo referenciado foram usados métodos de investigação de
natureza qualitativa e quantitativa, apelidando-se esta combinação de
triangulação metodológica. “ […] Cada método revela diferentes aspectos da
realidade e, por isso, devemos utilizar diferentes métodos para observar essa
realidade. Por outro lado, a utilização de uma combinação de métodos pode permitir
uma melhor compreensão dos fenómenos, e, assim, alcançar resultados mais
seguros.” (Sousa e Baptista,2011:63).
O estudo realizado caracteriza-se por ser um estudo exploratório de
carácter transversal, que no entanto, é também um estudo de caso da
Instituição Santa Casa da Misericórdia de Sines.
Segundo Sousa e Baptista (2011:57) citando Marshall e Rossman
(1995:40-41), o estudo exploratório tem por objectivo proceder ao
reconhecimento de uma dada realidade pouco ou deficientemente estudada e
levantar hipóteses de entendimento dessa realidade.
51
Uma vez que a investigação foi realizada num dos lares de idosos
(Anexo I) da Santa Casa da Misericórdia de Sines, poderá ser considerada um
estudo de caso. Este é uma “exploração de um único fenómeno, limitado no tempo
e na acção, onde o investigador recolhe informação detalhada. É um estudo intensivo
e detalhado de uma entidade bem definida […].” (Sousa e Baptista, 2011: 64).
A investigação não tem só objectivo de conhecer a realidade em
questão, mas também de agir sobre a mesma, culminando num projecto de
intervenção. É de salientar o facto de o investigador ser funcionário da
instituição, o que promoverá a realização do projecto. Neste sentido, foi
também utilizada a metodologia de investigação-acção.
Esta metodologia “tem o duplo objectivo de acção e investigação, no
sentido de obter resultados em ambas as vertentes.” (Sousa e Baptista, 2011:
65).
De acordo com Guerra (2000:52) qualquer acção que se pretenda de
base científica inclui necessariamente uma dinâmica de investigação-acção, na
medida em que apenas este tipo de processo, ao insistir nos processos de
conhecimento do “ sistema de acção concreto”, impede a rotinização e a
repetição de “receitas” de acção “importadas” de outros contextos.
Neste sentido, “as metodologias de investigação-acção permitem, em
simultâneo, a produção de conhecimento sobre a realidade, a inovação no sentido da
singularidade de cada caso, a produção de mudanças sociais e, ainda, a formação de
competências dos intervenientes.” (Guerra,2000:52).
Além da diversidade de metodologias foram também utilizadas
diferentes técnicas de recolha de dados, de carácter qualitativo e quantitativo,
com o objectivo de tornar o processo de investigação mais consistente e sólido.
Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram: a entrevista, o
inquérito por questionário, as escalas de avaliação psicológica (ESC e EADS-
21) e o índice de dependência (Barthel).
As técnicas utilizadas para a análise dos resultados foram: a análise de
conteúdo, a análise estatística do SPSS e as cotações das escalas e índice.
52
11.2 – Participantes “Qualquer investigação empírica pressupõe uma recolha de dados. Os dados
são informação na forma de observações, ou medidas, dos valores de uma ou mais
variáveis normalmente fornecidos por um conjunto de entidades. Em ciências sociais é
vulgar designarmos estas entidades por casos da investigação. […] Ao conjunto total
de casos sobre os quais se pretende retirar conclusões dá-se o nome de População
ou Universo.
[…] Acontece porém que, muitas vezes, o investigador não tem tempo nem
recursos suficientes para recolher e analisar dados para cada um dos casos do
Universo pelo que, nesta situação, só é possível considerar uma parte dos casos que
constituem o Universo. Esta parte designa-se por amostra do Universo.” (Hill e Hill,
2005:41-42).
No caso específico da investigação realizada (a influência do desgaste
físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na
qualidade dos cuidados prestados aos mesmos), os participantes constituíram
dois grupos distintos:
As 13 Ajudantes de Lar a exercer funções no Lar Anexo I da Santa
Casa da Misericórdia de Sines;
Uma amostra dos 53 utentes institucionalizados no Lar Anexo I da
Santa Casa da Misericórdia de Sines.
O número de Ajudantes de Lar e utentes institucionalizados no Lar
Anexo I encontra-se ao acesso do investigador, uma vez que, o mesmo é
profissional da instituição em causa. É possível ter acesso ao número de
colaboradores do Lar Anexo I através de registos como os mapas e horários de
pessoal e ao número de utentes através dos processos de admissão dos
mesmos na instituição.
Relativamente às Ajudantes de Lar foi utilizado todo o universo existente
no local do estudo, à excepção de uma Ajudante de Lar que se encontrava de
Baixa Médica prolongada. Já no que diz respeito aos utentes, participaram
apenas aqueles que reuniram determinados critérios, tais como o interesse em
participar na investigação e a capacidade (em termos físicos e psicológicos)
para responder aos instrumentos de recolha de dados aplicados.
53
Neste sentido, participaram 30 utentes no estudo que constituem uma
amostra por conveniência.
Este tipo de amostragem “ocorre quando a participação é voluntária ou os
elementos da amostra são escolhidos por uma questão de conveniência.” Deste modo
não há uma garantia da amostra ser representativa, sendo este um dos grandes
inconvenientes da mesma. No entanto, “pode ser usada com êxito em situações nas
quais seja importante captar ideias gerais e identificar aspectos críticos […].” (Sousa e
Baptista,2011:77).
11.2.1 – Contexto Institucional dos Participantes
Seguidamente apresenta-se a caracterização da Instituição onde se
realizou a investigação e do meio físico/ espaço territorial onde a mesma está
inserida.
11.2.1.1 – Caracterização do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines
O Lar Anexo I foi criado no ano de 1984 para dar resposta a cerca de 60
utentes idosos com dificuldades de viver condignamente no seu domicílio.
Presentemente a construção do seu edifício sofreu alterações, o que
levou à diminuição da capacidade do número de utentes que pode acolher.
Actualmente, o Lar Anexo I acolhe 53 utentes, 39 mulheres e 14
homens, sendo que a maioria se encontra em situação de dependência. Estes
dados remetem-se à data de Abril de 2014, através da consulta dos registos da
Instituição, sendo que os mesmos se encontram em constante alteração.
No que diz respeito aos colaboradores que prestam serviço no Lar
Anexo I podem-se subdividir em dois grupos: aqueles que prestam cuidados
exclusivos aos utentes do Anexo I e aqueles que intervêm em todos os Lares
da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Prats, Anexo I e Anexo II).
De acordo com os dados consultados no serviço de recursos humanos
da Instituição (2014), os colaboradores que prestam serviço exclusivo no
Anexo I são: catorze Ajudantes de Lar; cinco Auxiliares de Serviços Gerais
(quatro no serviço de limpeza e uma responsável pela arrumação e
54
manutenção da roupa); um Auxiliar de Acção Médica e uma Encarregada de
Sector. Esporadicamente, o número de trabalhadores oscila devido à admissão
de profissionais através de projectos com o Centro de Emprego. Actualmente
existem mais duas Auxiliares de Serviços Gerais a garantir a manutenção e
limpeza dos edifícios.
No que concerne aos colaboradores que prestam serviço no Lar Anexo I
e nos restantes Lares da Santa Casa da Misericórdia de Sines destacam-se:
todos os funcionários da cozinha; colaboradores da lavandaria/rouparia;
funcionários do sector de transportes e dos serviços administrativos; um
Médico; dois Enfermeiros; uma Cabeleireira; um Fisioterapeuta; uma
Animadora Sociocultural; uma Técnica de Reabilitação Psicomotora; uma
Psicóloga; uma Socióloga e um Assistente Social.
O Lar Anexo I tem o seu edifício subdividido em diferentes espaços,
sendo os principais denominados de Lado Grande e Lado Pequeno.
No Lado Grande do Anexo I fica situado o posto médico, dezanove
quartos (com casa de banho), duas salas de estar e refeição, duas casas de
banho para deficientes (uma delas com duche), uma copa de apoio aos
colaboradores, despensas para roupa, produtos de higiene, limpeza e
alimentares, cacifos e casa de banho dos colaboradores.
Este edifício acolhe 36 utentes, 22 do sexo feminino e 14 do masculino.
Prestam serviço aos mesmos, duas Ajudantes de Lar nos turnos das 8 h às 16
h e 16 h às 24 h e uma Ajudante de Lar no turno das 00 h às 08 h.
No Lado Pequeno do Anexo I estão 17 utentes, todos do sexo feminino.
Existem sete quartos (sem casa de banho), uma sala de estar e refeição, duas
casas de banho comuns, duas despensas para produtos de limpeza e higiene e
uma casa de banho para colaboradores.
Os cuidados aos 17 utentes são assegurados por uma Ajudante de Lar,
ao serviço nos turnos das 8 h às 16 h; 16 h às 24 h e 00 h às 08 h.
Apesar de existirem dois edifícios distintos, os utentes têm espaços de
convivência comuns e circulam livremente por ambos os espaços, sendo que
apenas na hora das refeições e de dormir, têm obrigatoriamente de se dirigir ao
respectivo edifício (Lado Grande ou Lado Pequeno).
55
Além dos dois edifícios (Lado Grande e Lado Pequeno), o Lar Anexo I
tem uma capela, sala de formação, gabinetes técnicos, copa, jardim, grelhador
e esplanada.
A cozinha e lavandaria são comuns aos diferentes lares (Prats, Anexo I
e Anexo II), tal como os espaços onde se realizam diversas actividades, como
o salão social, o cabeleireiro e a sala de Fisioterapia.
Todos os colaboradores do Lar Anexo I trabalham rotativamente pelos
dois edifícios, sendo prática comum, a colaboração entre os mesmos no que
diz respeito à prestação de cuidados aos utentes, nomeadamente na hora das
refeições e na realização da higiene pessoal diária. Ou seja, apesar de estar ao
serviço uma Ajudante de Lar no Lado Pequeno e duas no Lado Grande, nada
impede o trabalho em comum das mesmas, situação que predominantemente é
promovida pelos Técnicos Responsáveis.
De acordo com o Regulamento Interno da Santa Casa da Misericórdia
de Sines (2013) a valência Lar tem como principais objectivos: contribuir para a
melhoria da qualidade de vida das pessoas e famílias; prestar cuidados
individualizados e personalizados, no sentido do bem-estar dos utentes;
proporcionar serviços permanentes e adequados à problemática
biopsicossocial das pessoas idosas; privilegiar a interação com os familiares e
com a comunidade; promover estratégias de auto estima, de valorização e de
autonomia pessoal e social.
O Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines assegura a
prestação dos seguintes serviços: “alojamento; alimentação; cuidados de higiene e
conforto pessoal; cuidados médicos e de enfermagem; tratamento de roupas; limpeza
e arranjo diário dos aposentos; apoio psicossocial; animação sociocultural; fisioterapia;
assistência religiosa e outros serviços, nomeadamente transportes e
acompanhamento a consultas no exterior.” (Regulamento Interno da Santa Casa da
Misericórdia de Sines, 2013).
Segundo o Regulamento Interno (2013), os utentes da Santa Casa da
Misericórdia de Sines têm direito ao reconhecimento da sua identidade
pessoal, capacidade civil, cidadania, imagem, palavra e reserva da intimidade.
Devem obter a satisfação das suas necessidades básicas, físicas, psíquicas,
sociais e espirituais; participar em todas as actividades de acordo com os seus
56
interesses; gerir os seus rendimentos e bens e formularem sugestões e
reclamações, sempre que o desejarem.
Em suma, o Lar Anexo I constitui uma resposta social em constante
mutação de forma a adaptar-se à realidade social, na qual os valores e missão
convergem sempre no bem-estar e melhoria da qualidade de vida, não só dos
seus utentes mas também de todo o seu suporte social, dos seus
colaboradores e toda a população do concelho de Sines.
11.2.1.2 – Caracterização populacional do concelho de Sines
Sines é um concelho português do distrito de Setúbal que se localiza no
Alentejo Litoral, a sul do concelho de Odemira e a norte e nordeste do concelho
de Santiago do Cacém. (vide anexo V)
O concelho de Sines abrange uma área geográfica de 202,7 km2,
composta por duas freguesias: Sines e Porto Covo.
Segundo os censos de 2011 o concelho de Sines tem uma população
residente de 14238 habitantes.
De acordo com o INE, a população idosa (com mais de 60 anos)
apresenta tendência a aumentar, verificando-se que, em 2011 existiam 3336
pessoas com mais de 60 anos e em 2012 o valor era de 3412 pessoas.
Segundo o INE, à data dos Censos de 2011, Sines contava apenas com
5 famílias institucionais comparativamente com as 4832 existentes no país.
De acordo com a fonte citada anteriormente, em 2011, encontravam-se
237 indivíduos em famílias institucionais, com idades compreendidas entre os
60 e 89 anos. Do total de 237 indivíduos, 106 eram do sexo masculino e 131 do
feminino.
Ao nível do grupo etário e do sexo verifica-se que no sexo feminino
existem mais indivíduos institucionalizados na faixa etária dos 85 aos 89 anos
(36 indivíduos) sendo que nos homens é no grupo dos 80 aos 85 que
predomina a institucionalização, com o valor de 18 indivíduos.
No período entre 1991 e 2011 verificou-se um aumento do número de
famílias unipessoais com mais de 65 anos. Segundo o INE, à data de 2011,
existiam em Sines 1513 famílias unipessoais de indivíduos com 65 ou mais
anos.
57
No que diz respeito ao número de óbitos (com mais de 60 anos) verifica-
se que nas mulheres há um aumento do número de óbitos nas faixas etárias
dos 75 aos 89 anos. Relativamente aos homens, a maioria dos óbitos é entre
os 80-84 anos, com o estado civil casado.
Analisando os casamentos dissolvidos por morte entre os indivíduos
com mais de 60 anos, verificou-se um aumento do número nos grupos etários
mais elevados (75 e mais anos).
Relativamente aos casamentos celebrados, em indivíduos com mais de
60 anos, verifica-se que são predominantemente os homens com 60 a 64 anos,
a celebrar casamento. Os resultados demonstram que é pouco habitual as
mulheres casarem-se a partir dos 60 anos.
No que diz respeito aos profissionais a trabalhar na área da saúde,
Sines apresenta um valor de 34 pessoas em relação ao total de 265 do
Alentejo Litoral e 28572 de Portugal. Dos 34 indivíduos a trabalhar no centros
de saúde de Sines (2011), 8 eram médicos, 10 enfermeiros e 16 pessoal
auxiliar.
Ao longo dos anos tem-se verificado um aumento do número de
indivíduos dependentes, do índice de envelhecimento e do índice de
longevidade.
Entre 2011 e 2012, o índice de dependência aumentou de 24,7 para
25,4.
O índice de envelhecimento aumentou de 119,5 e 121, 2, entre 2011 e
2012.
O índice de longevidade também aumentou entre 2011 e 2012, dos 42,7
para 43,2.
Por sua vez, o índice de renovação da população activa diminuiu de 84
em 2011 para 79,9 em 2012.
Em termos gerais, verifica-se o aumento do número de população
envelhecida, a viver só, com maiores dificuldades e dependência ao nível das
AVD’s, recebendo fracos apoios, com baixos números de instituições e
profissionais na área dos serviços de saúde primários.
58
11.3 – Instrumentos
Segundo Quivy e Campenhoudt (2003:181) os instrumentos construídos
para uma investigação devem ser capazes de recolher e produzir a informação
necessária ao investigador.
Os instrumentos de recolha de dados subdividem-se em dois tipos de
natureza investigativa: instrumentos qualitativos e quantitativos.
De acordo com Sousa e Baptista (2011:79) a investigação qualitativa
caracteriza-se pela utilização de três grandes grupos de técnicas de recolha de
dados: observação, entrevista e análise documental. A investigação
quantitativa utiliza predominantemente o inquérito por questionário e a análise
estatística.
No decorrer da investigação foram utilizados ambos os tipos de
instrumentos, com vista a uma maior diversidade e consistência de informação,
adequando as técnicas às características dos participantes e ao tipo de
informação que se pretende adquirir.
Ao nível dos instrumentos de natureza qualitativa foi aplicada uma
entrevista semi-estruturada às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia
de Sines (Lar Anexo I). (vide apêndice I)
De acordo com Sousa e Baptista (2011:79) “a entrevista é um método de
recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos,
com várias pessoas cuidadosamente seleccionadas, cujo grau de pertinência,
fiabilidade e validade é avaliado na perspectiva dos objectivos de recolha de
informações.”
A entrevista semi-estruturada consiste num “guião com um conjunto de
tópicos ou questões a abordar. […] Dá liberdade ao entrevistado, embora não o deixe
fugir muito do tema. O guião pode ser memorizado ou não memorizado. Tem a
vantagem de falar dos assuntos que se quer falar com maior liberdade e rigidez para o
entrevistado.” (Sousa e Baptista,2011: 80).
Ao nível dos instrumentos de natureza quantitativa foi aplicado um
inquérito por questionário, a uma amostra dos utentes do Lar Anexo I da Santa
Casa da Misericórdia de Sines. (vide apêndice II)
Na perspectiva de Ghiglione e Matalon (1997) um inquérito é um
instrumento amplamente utilizado pelos profissionais das ciências sociais para
59
interrogar um determinado número de indivíduos tendo em vista uma
generalização.
Além de permitir inquirir um elevado número de indivíduos, “aplicação de
um questionário permitir recolher uma amostra dos conhecimentos, atitudes, valores e
comportamentos. Deste modo, é importante ter em conta o que se quer e como se vai
avaliar, devendo haver rigor na selecção do tipo de questionário a aplicar de forma a
aumentar a credibilidade do mesmo.” (Sousa e Baptista,2011: 91).
Existem três tipos de questionários: questionário aberto, fechado e
misto. O questionário construído para a investigação em causa é do tipo misto,
utilizando questões de resposta fechada e aberta que permitem uma maior
profundidade nos assuntos abordados.
Além da entrevista semi-estruturada e do inquérito por questionário
foram aplicadas diferentes escalas de avaliação psicológica devidamente
validadas.
No que diz respeito aos utentes aplicou-se o Índice de Barthel (adaptado
por Sequeira em 2010 na obra Cuidar de Idosos com Dependência Física em
Mental) para a avaliação das actividades básicas da vida diária. (vide anexo VI)
O Índice de Barthel é composto por 10 actividades básicas da vida
diária: alimentação, vestir, banho, higiene corporal, uso da casa de banho,
controlo intestinal, controlo vesical, subir escadas, transferência cadeira-cama
e deambulação. Cada actividade apresenta entre dois a quatro níveis de
dependência, em que a pontuação 0 corresponde à dependência total, sendo a
independência pontuada com 5, 10 ou 15 pontos, em função dos níveis de
diferenciação.
No que concerne aos instrumentos de avaliação do cuidador (Ajudantes
de Lar) foram utilizadas duas escalas diferentes: uma como o objectivo de
avaliar o desgaste físico e sobrecarga de trabalho (Escala de Sobrecarga do
Cuidador) e outra para analisar o desgaste psicológico (Escala de Ansiedade,
Depressão e Stress).
A Escala de Sobrecarga do Cuidador (ESC) foi adaptada por Sequeira
em 2007 através da tradução de Burden Interview Scale de Zarit (1983). (vide
anexo VII). A escala utilizada na investigação em causa é uma adaptação da
Escala de Sobrecarga do Cuidador apresentada por Sequeira na obra Cuidar
de Idosos com Dependência Física e Mental (2010).
60
Existiu necessidade de adaptar a escala, uma vez que a mesma foi
formulada para os cuidadores informais e neste estudo será aplicada a
cuidadores formais.
Neste sentido, foram utilizados itens adaptados de acordo com o artigo
“Identificação dos sintomas comportamentais e psicológicos em idosos
moradores de uma Instituição de Longa Permanência”, de Canon e Novelli,
publicado na Revista Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo em
Janeiro/Abril de 2012.
Dos 22 itens da escala original foram retirados dois considerados
inadequados aos cuidadores formais. Foram excluídos os itens nº 11 e nº13
correspondendo às seguintes questões: “Considera que não tem uma vida
privada como desejaria devido ao seu familiar?” e “Não se sente à vontade
para convidar amigos para irem lá em casa devido ao seu familiar?”
Foram ainda modificadas cinco questões para adaptação ao contexto do
cuidador formal e nas 15 questões restantes a palavra familiar foi substituída
por idoso ou utente.
Seguidamente apresenta-se um quadro representativo das alterações
nas cinco questões adaptadas ao contexto do cuidador formal.
Quadro nº 1- Alterações nas questões da Escala de Sobrecarga do Cuidador para o contexto do cuidador formal
Item da ESC de Sequeira Item da ESC adaptada ao Cuidador Formal
12 – Pensa que as suas relações sociais foram afectadas negativamente por ter de cuidar do seu familiar?
12 - Sente que o idoso parece esperar que cuide dele como se fosse a única pessoa de quem pudesse depender?
2 – Já não dispõe de tempo suficiente para as suas tarefas?
2 - Sente que não tem tempo suficiente para realizar outras tarefas da sua função na instituição devido ao tempo que dedica aos utentes?
17- Sente que perdeu o controlo da vida depois da doença do seu familiar se ter manifestado?
17 - Sente que deixou de realizar muitas actividades de lazer desde que iniciou este trabalho?
6- A relação com familiares e amigos está afectada de forma negativa?
6 - Sente que o idoso afecta frequentemente de forma negativa, o seu relacionamento com os outros membros da equipa?
15- Considera que não dispõe de economias suficientes para cuidar do seu familiar e para o resto das despesas que tem?
15 - Sente que o seu salário não equivale à sua dedicação neste trabalho?
Fonte: Canon e Novelli, 2012
61
Segundo Sequeira (2010:232) a Escala de Sobrecarga do Cuidador
avalia a sobrecarga subjectiva e objectiva do cuidador através de quatros
factores: “o impacto da prestação de cuidados, a relação interpessoal, as
expectativas face ao cuidar e a percepção de auto-eficácia.”
O impacto da prestação de cuidados (IPC) aglutina os itens que se
referem à sobrecarga relacionada com a prestação de cuidados directos, dos
quais se destacam: alteração no estado de saúde, elevado número de
cuidados, alteração das relações sociais e familiares, escassez de tempo,
desgaste físico e mental. Nesta categoria encontram-se os itens relativos ao
impacto dos cuidados directos no contexto do cuidador. É constituída pelos
itens número: 1,2,3,6,9,10,11,12,13,17,22 (os itens 11 e 13 foram excluídos da
versão aplicada).
A relação interpessoal (RI) aglutina itens associados à sobrecarga da
relação entre o cuidador e a pessoa alvo de cuidados. É constituído por cinco
itens: 5,16,18 e 19.
O factor intitulado de expectativas face ao cuidar (EC) é constituído por 4
itens (7,8,14 e 15) relacionados com as expectativas que o cuidador tem
relativamente à prestação de cuidados.
Por último, o factor percepção de auto-eficácia (PA) é constituído por 2
itens (20 e 21) sobre a opinião do cuidador relativamente ao seu desempenho.
Como foi referido anteriormente utilizou-se uma escala para a avaliação
da ansiedade, depressão e stress adaptada por Pais-Ribeiro, Honrado e Leal,
baseado no artigo “Contribuição para o estudo da adaptação portuguesa das
Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS) de 21 itens de Lovibond e
Lovibond” publicado na Revista Psicologia, Saúde & Doenças, 5 (2), em 2004.
(vide anexo VIII)
A escala é constituída por 21 itens organizando-se em três escalas:
Ansiedade, Depressão e Stress. “Cada item consiste numa frase, uma afirmação,
que remete para sintomas emocionais negativos. Pede-se ao sujeito que responda se
a afirmação se lhe aplicou “na semana passada”. Para cada frase existem quatro
possibilidades de resposta, apresentadas numa escala tipo Likert. Os sujeitos avaliam
a extensão em que experimentaram cada sintoma durante a última semana, numa
escala de 4 pontos de gravidade ou frequência: “não se aplicou nada a mim”, “aplicou-
62
se a mim algumas vezes”, “aplicou-se a mim de muitas vezes”, “aplicou-se a mim a
maior parte das vezes.” (Pais-Ribeiro, Honrado e Leal, 2004:232).
Segundo os autores, cada escala inclui vários conceitos nomeadamente:
Depressão – Disforia (dois itens); Desânimo, (dois itens); Desvalorização
da vida (dois itens); Auto depreciação (dois itens); Falta de interesse ou
de envolvimento (dois itens); Anedonia (dois itens); Inércia (dois itens).
Ansiedade – Excitação do Sistema Autónomo (cinco itens); Efeitos
Músculo Esqueléticos (dois itens); Ansiedade Situacional (três itens);
Experiências Subjectivas de Ansiedade (quatro itens).
Stress – Dificuldade em Relaxar (três itens); Excitação Nervosa (dois
itens); Facilmente Agitado/Chateado (três itens); Irritável/Reacção
Exagerada (três itens); Impaciência (três itens).
11.4 – Procedimento
Segundo Quivy e Campenhoudt (2003: 27-28) as etapas do
procedimento num processo investigativo devem agrupar-se em três actos
diferentes, seguindo uma sequência específica: a ruptura (romper com os
preconceitos e falsas evidencias); a construção (erguer preposições
explicativas do fenómeno a estudar) e a verificação (dar consistência aos
resultados).
No acto da ruptura estão incluídas três etapas do procedimento: a
questão de partida, a exploração e a problemática.
A construção inclui ainda a problemática e o modelo de análise.
As etapas da observação, análise das informações e conclusões estão
inseridas no acto da verificação.
A primeira etapa de qualquer processo investigativo é a construção da
questão de partida, ou seja, a escolha objectiva e clara da realidade que se
pretende conhecer/estudar.
Seguidamente é necessário iniciar a exploração do problema a estudar,
através da revisão aprofundada da literatura. Neste sentido é possível construir
a problemática (terceira etapa do procedimento) de modo a especificar o
problema definido na questão de partida.
63
A quarta etapa do procedimento (construção do modelo de análise)
resume-se na definição de conceitos e indicadores que orientem para as
etapas da observação e análise das informações.
A etapa da observação pretende responder às questões: observar o
quê? Observar quem? Observar como?
É nesta etapa que se define a população/ amostra a estudar, os
instrumentos (entrevista, questionário) a utilizar e se concretiza a realização e
aplicação dos mesmos.
Os instrumentos construídos devem ser capazes de fornecer
informações adequadas à investigação. Antes dos mesmos serem aplicados
terão de ser testados através de um pré-teste que “consistirá num conjunto de
verificações feitas, de forma a confirmar que o instrumento é realmente aplicável com
êxito, no que diz respeito a dar uma resposta efectiva aos problemas levantados pelo
investigador.” (Sousa e Baptista,2011:100).
Há que ter o cuidado de informar todos os participantes do estudo
acerca dos objectivos do mesmo e recolher a autorização dos participantes
(através do consentimento informado) para a utilização das informações
concedidas.
Os instrumentos devem ser aplicados em dias distintos, em ambientes
adequados, sem a presença de variáveis parasitas, com o cuidado do
investigador se fazer entender, através de uma linguagem adequada aos
participantes, para que os resultados sejam os mais fidedignos possíveis.
Após a recolha dos dados através da aplicação dos diferentes
instrumentos será realizada a sexta etapa do procedimento, a análise das
informações.
A forma como é realizada a análise depende do (s) instrumento (s)
utilizado (s). Por exemplo: no caso da entrevista foi realizada a análise de
conteúdo, no inquérito por questionário foi concebida uma análise estatística
dos dados através do recurso ao SPSS.
Por último, é possível retirar as conclusões (sétima etapa do
procedimento) através da interpretação e análise dos resultados, o que
permitirá a definição de prioridades de intervenção na realidade estudada.
64
11.5 – Tratamento de dados “Após a recolha de informação, o investigador terá necessidade de proceder à
sua selecção. […] Terá de seleccionar aquela que tenha mais importância e que seja
mais relevante para dar resposta às questões da investigação. […]
Independentemente da abordagem escolhida, qualitativa, quantitativa ou mista, a
análise dos dados recolhidos é uma etapa fundamental no processo de investigação.”
(Sousa e Baptista, 2011:107).
No que diz respeito à entrevista aplicada às Ajudantes do Lar Anexo I, a
análise dos dados foi realizada através da análise de conteúdo.
Esta consiste na aplicação de um “método que oferece a possibilidade de
tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau
de profundidade e complexidade. […] É uma fonte de informação a partir da qual o
investigador tenta construir um conhecimento.” (Quivy e Campenhoudt, 2003:227).
Os resultados do inquérito por questionário aplicado aos utentes do Lar
Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines foram tratados
estatisticamente através do programa SPSS.
A análise estatística através do SPSS permite analisar uma grande
diversidade e quantidade de dados, tal como correlacioná-los, testando assim
hipóteses da investigação.
Além da análise estatística realizada no SPSS foi também utilizada a
análise de conteúdo para as questões abertas, de modo a estudar de forma
mais profunda as respostas dadas pelos utentes.
Relativamente às Escalas de Avaliação Psicológica, os resultados foram
analisados de acordo com os procedimentos fornecidos pelos autores que
validaram a escala em questão.
O Índice de Barthel aplicado aos utentes do Lar Anexo I é constituído por
10 itens, cotados entre dois a quatros níveis de dependência (0,5,10 e 15).
“Este índice apresenta uma boa consistência interna avaliada através do
coeficiente alfa de Cronbach (α =0,89).” (Sequeira,2010:48).
Segundo o autor (2010:46) a cotação global do Índice de Barthel oscila
entre 0 e 100 pontos, variando de forma inversamente proporcional ao grau de
dependência, ou seja, quanto menor for a pontuação maior é grau de
dependência de acordo com os seguintes pontos de corte: 90-100 é
65
independente; 60-89 é ligeiramente dependente; 40-55 é moderadamente
dependente; 20-35 é severamente dependente e <20 é totalmente dependente.
A Escala de Sobrecarga do Cuidador (Sequeira, 2010) utilizada na
investigação em causa foi adaptada ao contexto do cuidador formal, de acordo
com os autores Canon e Novelli, 2012.
Este instrumento apresenta uma boa consistência interna avaliada
através do alfa de Cronbach (α =0,93).
A escala é constituída por 20 itens, sendo que cada um dos mesmos é
cotado de forma qualitativa/quantitativa da seguinte forma: nunca = 1; quase
nunca = 2; às vezes = 3; muitas vezes= 4; quase sempre =5.
Na versão utilizada a cotação global varia entre 20 e 100, em que a
maior cotação corresponde a uma maior percepção de sobrecarga, de acordo
com os seguintes pontos de corte: “ <46 – sem sobrecarga; 46-56 – sobrecarga
ligeira;> 56 sobrecarga intensa.” (Sequeira, 2010:228).
No que diz respeito à análise factorial, o “impacto da prestação de
cuidados” (IPC) explica 41,2% da variância total e apresenta uma boa
consistência interna de α =0,93.
A “relação interpessoal” (RI) explica 8,96% da variância total da ESC e
apresenta uma consistência interna de α= 0,83.
As “ expectativas face ao cuidar” (EC) explicam 7,15% da variância total
e apresentam uma consistência interna de α = 0,80.
Por último, o factor da “ percepção da auto-eficácia” (PA) explica 4,90%
da variância total da ESC e apresenta uma consistência interna de α =0,80.
Segundo Sequeira (2010:232) existe uma correlação significativa de p
<0,01 entre todos os factores (IPC, RI, EC e PA) e a escala global (ESC).
A Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) aplicada aos
cuidadores formais do Lar Anexo I, permitiu avaliar três escalas diferentes: a
ansiedade, a depressão e o stress.
Antes da aplicação da escala, os investigadores verificaram a
consistência interna da mesma, com recurso ao alfa de Cronbach. Os
resultados encontrados para a EADS foram respectivamente de 0,85 para a
escala de depressão, de 0,74 para a de ansiedade e de 0,81 para a de stress. “Os resultados de cada escala são determinados pela soma dos resultados dos
sete itens. A escala fornece três notas, uma por sub-escala, em que o mínimo é 0 e o
66
máximo 21. As notas mais elevadas em cada escala correspondem a estados
afectivos mais negativos.” (Pais-Ribeiro, Honrado e Leal, 2004:233).
11.6- Apresentação dos resultados
11.6.1 – Caracterização dos Participantes
De seguida apresenta-se a caracterização dos idosos institucionalizados
no Lar Anexo I, no que diz respeito ao género, idade, estado civil, profissão,
escolaridade, suporte social, interacções sociais dentro e fora da instituição,
patologias e nível de dependência nas actividades básicas da vida diária,
É também apresentada a caracterização dos cuidadores formais dos
idosos institucionalizados quanto ao género, idade, estado civil e escolaridade.
11.6.1.1 – Idosos Institucionalizados no Lar Anexo I
Dos 30 utentes participantes verifica-se que 25 são do sexo feminino e
apenas 5 do masculino.
Gráfico nº1 - Género dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
67
As idades dos utentes inquiridos variam entre os 54 e os 96 anos,
observando-se que existe uma grande diversidade de gerações na instituição.
A média das idades é de 79 anos.
Gráfico nº 2- Idade dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines
No que diz respeito ao estado civil, a maioria dos utentes é viúva (18
utentes),seguindo-se os solteiros (7 utentes), os casados (4 utentes) e por
último, um divorciado.
Gráfico nº3 - Estado Civil dos utentes do Lar Anexo I, SCMS
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
68
Relativamente à profissão observa-se que a maioria dos inquiridos (15
utentes) é Trabalhador Rural, seguindo-se quatro utentes Domésticas, três
pessoas sem profissão, dividindo-se os restantes oito utentes pelas profissões
de Auxiliar de Geriatria, Comerciante, Construtor Civil, Costureira, Empregada
Doméstica, Operária Fabril, Pescador e Vendedor Ambulante.
Gráfico nº4 - Profissão dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de
Sines
N
No que concerne à escolaridade dos utentes verifica-se que a maioria
não tem escolaridade, dois utentes dizem saber ler e escrever, nove
frequentaram a escola até à 4ª classe e apenas um utente tem o Ensino
Secundário.
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
69
Gráfico nº5 - Escolaridade dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de
Sines
Relativamente à caracterização do suporte social dos utentes verifica-se
que, do total de trinta participantes, oito referem não ter qualquer suporte
social.
Gráfico nº6 - Suporte Social dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da
Misericórdia de Sines
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
70
No que diz respeito às relações sociais, quatro dizem não manter
interacções sociais fora da instituição.
Gráfico nº7- Interacções sociais fora do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de
Sines
Apenas um utente diz conviver com amigos e dois com vizinhos. Já no
que diz respeito à convivência com os familiares, vinte e um do total de trinta
utentes referem manter a convivência. Quanto à convivência com os
colaboradores da instituição, a maioria (29 utentes) diz manter convivência com
os mesmos.
Gráfico nº8- Interacções sociais dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da
Misericórdia de Sines
1 2%
2 4%
21 39% 29
55%
Amigos
Vizinhos
Familiares
Colaboradores
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
71
No que diz respeito ao estado de saúde verifica-se que os utentes
apresentam uma multiplicidade de problemas, tais como: Hipertensão arterial
(13 utentes), Acidente Vascular Cerebral (4 utentes), Doença psiquiátrica (3
utentes), Alzheimer (2 utentes), Parkinson (1 utente), Diabetes (6 utentes),
Obesidade (4 utentes), Alcoolismo (1 utente), Doença Bipolar (1 utente),
Problemas intestinais (2 utentes), Reumático (2 utentes), Problemas de
audição (1 utente), Cancro (3 utentes), Problemas de amputação (1 utente),
Problemas visuais (1 utente), Demência não diagnosticada (1 utente), Doença
de Friderich’s (1 utente), Insuficiência Renal (2 utentes), Paraplegia (2 utente) e
Doença de Chiari com Siringomielia (1 utente).
Gráfico nº 9- Problemas de saúde dos utentes participantes
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Relativamente ao nível de dependência nas AVD’s dos trinta utentes
inquiridos (avaliado através do Índice de Barthel) verifica-se que a maioria
apresenta algum grau de dependência, sendo que apenas três utentes são
independentes.
13
4
3 2 1 6
4
1 1
2 2
1 3
1 1 1 1 2 2 1
HTAAVCD. PsquiátricaAlzheimerParkinsonDiabetesObseidadeAlcoolismoD. BipolarP. IntestinaisReumáticoAudiçãoCancroAmputaçãoInvisualDemênciaD. Friderich'sIns. RenalParaplegiaChiari e Siringomielia
72
Dos vintes e sete utentes dependentes, cinco são ligeiramente
dependentes, dez moderadamente dependentes, três severamente
dependentes e nove totalmente dependentes.
Gráfico nº 10- Dependência nas AVD’s dos utentes participantes
Em termos gerais, percepciona-se que os trinta utentes inquiridos no Lar
Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines apresentam uma grande
diversidade de idades, profissões, escolaridade, percepções de suporte social
e problemas de saúde.
Apesar das características e vivências diversificadas a maioria dos
utentes é dependente dos cuidados de terceiros, como se pode observar
através dos resultados do índice de dependência nas AVD’s.
Neste sentido, confirma-se a importância e pertinência de intervir não só
junto dos mesmos mas também dos seus cuidadores, dos quais dependem.
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
73
11.6.1.2 - Cuidadores formais no Lar Anexo I
No que diz respeito aos cuidadores formais de idosos dependentes, a
investigação centralizou-se no universo de Ajudantes de Lar do Anexo I, da
Santa Casa da Misericórdia de Sines. Este universo é constituído por 14
Ajudantes de Lar, das quais uma não pôde participar devido a se encontrar de
baixa médica.
Neste sentido, foram inquiridas 13 Ajudantes de Lar que intervêm
directamente nos cuidados aos idosos dependentes do Lar Anexo I.
No que diz respeito ao género verifica-se que a totalidade das inquiridas
é do sexo feminino.
Quanto às idades das cuidadoras, a mais nova tem 25 anos e a mais
velha 65 anos. Na faixa etária dos 30 anos encontram-se duas Ajudantes de
Lar com 35 e 37 anos respectivamente. Existem cinco Ajudantes de Lar na
faixa etária dos 40 anos, sendo que duas têm 47. As restantes quatro
Ajudantes de Lar têm idades compreendidas entre os 53 e 59 anos.
A média das idades das Ajudantes de Lar inquiridas é de 43 anos.
Gráfico nº 11- Idades das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS
Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS, 2014
1 8% 1
8% 1 8%
1 8%
1 8% 2
15% 1
8%
1 8%
1 8%
1 8%
1 8%
1 8%
25
35
37
43
46
47
49
53
55
59
59
65
74
3 23%
4 31%
3 23%
3 23%
4º ano
6º ano
9º ano
12º ano
Relativamente ao estado civil observa-se que a maioria das participantes
é casada (oito), seguindo duas divorciadas, uma viúva, outra solteira e uma a
viver em união de facto.
Gráfico nº 12- Estado civil das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS
Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS, 2014
A escolaridade das Ajudantes de Lar inquiridas situa-se entre o 4º ano e
o 12º. Quatro das Ajudantes de Lar têm o 6º ano de escolaridade e as
restantes nove dividem-se em número igual pelo 4º, 9º e 12º ano.
Gráfico nº 13- Escolaridade das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS
1 8%
8 61%
2 15%
1 8%
1 8%
Solteira
Casada
Divorciada
Viúva
União de Facto
Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS, 2014
75
11.6.2- Escala de Sobrecarga do Cuidador A Escala de Sobrecarga do Cuidador (segundo Sequeira, 2010) utilizada
na investigação foi adaptada à realidade dos cuidadores formais de idosos
dependentes de modo a fornecer resultados, não só a nível geral mas também
específico, no que diz respeito à sobrecarga do impacto da prestação de
cuidados, a sobrecarga a nível da relação interpessoal, as expectativas face
aos cuidados prestados e a percepção de auto-eficácia.
No sentido de se apurar dados específicos sobre a sobrecarga dos
cuidadores, foi aplicada a Escala de Sobrecarga do Cuidador a treze Ajudantes
de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines durante os meses
de Novembro e Dezembro de 2013. (vide anexo IX)
A nível geral verificou-se que das treze Ajudantes de Lar participantes na
investigação, onze apresentavam sobrecarga intensa e apenas duas
demonstravam sofrer de sobrecarga ligeira.
Gráfico nº14 - Sobrecarga dos cuidadores formais do Lar Anexo I
Os resultados da Escala de Sobrecarga dos Cuidadores oscilaram entre
os 46 e 73 pontos, sendo que a cotação da escala varia entre os 0 e 100
pontos.
2
11
Sobrecarga ligeiraSobrecarga Intensa
Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013
76
No que diz respeito aos níveis de sobrecarga intensa verifica-se que os
valores obtidos encontraram-se entre os 62 e 73 pontos, dando-se destaque à
participante E2 com o valor máximo de 73.
Quanto à sobrecarga ligeira observam-se valores entre os 46 e 55, das
participantes E7 e E5, respectivamente.
O valor médio da sobrecarga das Ajudantes de Lar participantes na
investigação foi de 65 pontos, o que corresponde a uma sobrecarga intensa.
Gráfico nº15 - Total global da Sobrecarga de cada cuidador formal do Lar
Anexo I
Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013
No que concerne à dimensão do Impacto da Prestação de Cuidados da
Escala de Sobrecarga do Cuidador, verifica-se que o valor mínimo observado
foi de 18 pontos (E7) e o máximo é de 33 pontos (E9). É de referir que as
cotações da escala do IPC oscilam entre os 0 e 45 valores. O valor médio dos
resultados foi de 28 pontos.
69 73 63
69
55
69
46
62 70 71 67 69 68
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13
77
32 32 26 26
22
32
18 21
33 31 29 28 31
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13
Nív
eis d
e IP
C
Gráfico nº16 - Impacto de Prestações de Cuidados de cada cuidador formal do Lar Anexo I
Relativamente ao impacto da sobrecarga nas Relações Interpessoais
dos cuidadores verifica-se que os níveis ficaram entre os 7 e 12 valores quando
a cotação máxima para a escala é de 25. O valor mais alto (12) verificou-se nas
Participantes E3 e E4 e o mais baixo esteve novamente na Participante E7.
O valor médio da dimensao da sobrecarga nas Relações interpessoais
foi de 9 pontos.
Gráfico nº 17 - Relação Interpessoal de cada cuidador formal do Lar Anexo I
9 11
13 13 9
7 5
11 7
11 9
11 7
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13
Nív
eis d
e RI
Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013
Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013
78
18 20 20 20
18 20
15
20 20 19 20 20 20
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13
Nív
eis d
e EC
No que diz respeito à dimensão das Expectativas Face ao Cuidar a
maioria dos participantes obteve o nível de sobrecarga no máximo (20).
Apenas quatro Ajudantes de Lar (E1,E5,E7,E10) apresentaram valores entre os
15 e os 19 pontos.
O valor médio da sobrecarga nas Expectativas Face ao Cuidar foi de 19
valores o que demonstra os elevados níveis de sobrecarga nesta dimensão.
Gráfico nº 18- Expectativas ao cuidar de cada cuidador formal do Lar Anexo I
A tendência para os resultados próximos da cotação máxima também se
observou aquando da avaliação da Auto-eficácia. Apenas três participantes não
apresentaram o valor máximo. Os níveis mais baixos variaram entre os 6 e 9
pontos.
As participantes com os dois valores mais baixos (6 e 8) coincidem com
as Ajudantes de Lar que apresentaram níveis ligeiros de sobrecarga (E5 e E7).
O valor médio dos resultados da dimensão foi de 9 pontos.
Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013
79
10 10 10 10
6
10
8
10 10 10 9
10 10
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13
Nív
eis d
e PA
Gráfico nº 19- Percepção de auto eficácia de cada cuidador formal do Lar Anexo I
Em suma, os resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador aplicada
às treze Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines
permitem verificar que a grande maioria das mesmas apresenta sobrecarga
intensa, com uma média de 65 pontos.
É possível verificar ainda que, as dimensões das Expectativas Face ao
Cuidar e Percepção da Auto-eficácia apresentam resultados muito próximos
das cotações máximas com valores médios de 19 e 9 pontos, respectivamente.
Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013
80
11.6.3- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress
A Escala de Ansiedade, Depressão e Stress avalia, tal como o nome
indica, os diferentes níveis de ansiedade, depressão e stress dos inquiridos.
A escala foi aplicada às 13 Ajudantes de Lar participantes na
investigação, com o objectivo de avaliar o desgaste psicológico das mesmas.
A cotação de cada subescala (a Ansiedade, a Depressão e o Stress)
varia entre os 0 e 21 valores. Quanto mais próximo do valor máximo, maiores
os estados afectivos negativos. (vide anexo X)
Em termos gerais, verifica-se que os níveis de stress são os mais
elevados. Existe mesmo uma Ajudante de Lar (E11) que apresenta o nível
máximo, de 21 valores.
A Ajudante de Lar E7 apresenta os níveis mais reduzidos, tendo apenas
dois valores na depressão e zero na ansiedade e stress. É de salientar que a
participante E7 também apresentou os níveis mais baixos de sobrecarga.
No entanto, não se pode dizer que há uma relação directa entre os
resultados de ambas as escalas (ESC e EADS-21). A Ajudante de Lar E5, que
também apresentava sobrecarga ligeira, tem resultados de 11 valores na
ansiedade e 8 no stress. Estes valores estão acima dos resultados de outras
participantes que apresentaram sobrecarga intensa.
Gráfico nº 20 - Escala de Ansiedade Depressão e Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I
Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS, 2013
0123456789
101112131415161718192021
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13
Ansiedade
Depressão
Stress
81
No que diz respeito aos níveis de ansiedade das Ajudantes de Lar
participantes verifica-se que os valores variam entre os 0 e 15, sendo que a
cotação máxima seria de 21.
A Ajudante de Lar E11 tem o valor mais elevado e a participante E7 o
mais baixo.
O valor médio dos níveis de ansiedade foi de 9 pontos.
Existem quatro participantes com os níveis de ansiedade abaixo da
média, dois com o valor médio e sete Ajudantes de Lar com um valor acima da
média.
Gráfico nº 21 - Níveis de Ansiedade dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I
No que diz respeito às cotações da subescala da depressão verifica-se
que os valores são bastante mais reduzidos do que os da ansiedade e stress.
O resultado mais baixo é de 2 e o mais elevado de 9, enquanto a cotação
máxima da subescala é de 21.
A média dos resultados apurados para a subescala da depressão foi de
5 valores.
12
1
9
12 11 12
0
6
2
11
15
9 11
Ansi
edad
e
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
E10
E11
E12
E13
Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS, 2013
82
O estado depressivo é bastante complexo para se avaliar apenas
através de uma simples escala de sete itens, no entanto, analisando os
resultados obtidos pode-se referir que existe uma reduzida tendência, de pelo
menos sete participantes (cotações entre os 2 e 4), para os estados afectivos
mais negativos no que respeita à depressão. Os restantes seis participantes
apresentam valores acima da média (5).
Gráfico nº 22 - Níveis de Depressão dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I
Os níveis de stress das Ajudantes de Lar participantes apresentam os
valores mais elevados da EADS-21. Os resultados obtidos variam entre a
cotação mínima (0) e máxima da escala (21).
O valor médio do nível de stress foi de 10 valores.
A Ajudante de Lar E7 apresenta a cotação mínima, tal como nos níveis
de ansiedade, depressão e sobrecarga.
A participante E11 revela o valor mais elevado no stress (21), na
ansiedade (15) e ainda uma cotação próxima do valor mais alto ao nível da
depressão (teve 8 e o máximo foi de 9).
7
2
7 7
2 4
2 2 3 3
8 8 9
Depr
essã
o
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
E10
E11
E12
E13
Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS, 2013
83
É de salientar que a Ajudante de Lar E 11 apresentou uma sobrecarga
intensa na cotação da Escala de Sobrecarga do Cuidador.
Neste caso específico verifica-se que há uma tendência para relacionar
os níveis de desgaste físico (ESC) com o psicológico (EADS-21).
Gráfico nº 23 - Níveis de Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I
15
8
12 12
8
12
0
5
8
13
21
7
15
Stre
ss
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
E10
E11
E12
E13
Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress,SCMS,2013
84
11.6.4- Entrevistas às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Lar Anexo I)
Durante o mês de Março de 2014, as 13 Ajudantes do Lar Anexo I da
Santa Casa da Misericórdia de Sines foram entrevistadas no âmbito da
investigação acerca da interferência do desgaste físico e psicológico dos
cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados
prestados aos mesmos. (vide anexo XI)
Após a caracterização inicial dos cuidadores, a nível sociodemográfico e
profissional, as questões realizadas durante a entrevista tinham como
principais objectivos:
Caracterizar as percepções de saúde dos cuidadores;
Verificar as causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores
formais;
Identificar as motivações profissionais dos cuidadores formais;
Verificar as estratégias de coping dos cuidadores formais;
Caracterizar as relações institucionais dos cuidadores formais;
Caracterizar os cuidados prestados aos utentes;
Identificar os entraves à qualidade dos cuidados aos utentes;
Definir estratégias de intervenção nos cuidados aos utentes e entidades
promotoras.
Os resultados das entrevistas foram analisados, no sentido de se
responder aos objectivos previamente definidos.
Primeiramente foi realizada uma análise individual de cada entrevista,
definindo a caracterização sociodemográfica e profissional do entrevistado, tal
como os resultados obtidos nas Escalas (ESC e EADS-21) às quais
responderam previamente.
Posteriormente foi elaborada uma análise global dos resultados dos
entrevistados permitindo verificar a maior ou menor incidência de respostas nas
diversas dimensões analisadas.
85
11.6.4.1- Análise da entrevista de E1
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 37 anos
Estado civil: Solteira
Escolaridade: 12º ano
Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais
Tempo de serviço: 2 anos
Formação profissional na área: Não
Outras formações profissionais: Técnica de Apoio à Gestão
Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E1
ESC: Sobrecarga Intensa (69)
EADS- 21: Ansiedade – 12, Depressão – 7, Stress – 15
Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E1)
No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a
entrevistada (E1) referiu cansaço físico. - “Não está mau, está estável… normal.
Um bocadinho cansada mas pronto.”
86
Questionada em relação à sobrecarga profissional disse não se sentir
sobrecarregada mas sim cansada. - “Sobrecarregada não. Cansada sim.”
Destaca-se que apesar da entrevistada dizer que não sente sobrecarga
profissional, os resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador a que
respondeu demonstraram que tem uma Sobrecarga Intensa.
A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar
a saúde, referindo que afecta não só a sua saúde mas a de todos os
profissionais. - “Afecta. A minha e a de toda a gente.”
No que concerne à existência de baixa médica por motivos profissionais
ou extra profissionais, a entrevistada referiu que no último ano não se
encontrou de baixa médica.
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1)
Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada
referiu a ausência de técnicas de trabalho. – “A maneira como cuidamos, a
maneira como levantamos as pessoas não é a mais correcta, tenho noção disso.”
Quanto às causas de desgaste psicológico destaca as dificuldades de
comunicação com os utentes. – “Pedirem as coisas muitas, muitas vezes.
Desmentirem tudo. A gente faz e elas dizem que a gente não faz.”
No que concerne às dificuldades do dia-a-dia a entrevistada refere a
falta de pessoal como a maior dificuldade. – “Sinto falta de uma ajuda em certas
alturas (…)”.
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1)
No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de
Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão e a necessidade
económica. - “Porque gosto muito do que faço e também porque preciso.”
87
Quanto aos factores positivos da profissão destacou a aprendizagem, a
amizade e a sustentabilidade financeira. - “Muita coisa, as pessoas que a gente
conhece, as amizades, o que se aprende. Para além das minhas condições… tenho
de trabalhar e me sustentar.”
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1)
No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não
afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu que a sua
estratégia passa por manter a calma. – “Tento ter mais calma (…) ”
Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste
físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada sugeriu que as Ajudantes de
Lar fizessem uma melhor gestão do tempo no período de trabalho. – “Tentar
usar o tempo da melhor forma. Porque a gente não divide o tempo da melhor maneira.
(…) ”
Relações institucionais dos cuidadores formais (E1)
A entrevistada é unânime nas respostas quanto às relações com as
chefias, colegas de trabalho, familiares dos utentes e utentes cuidados.
Aquando da entrevista, a participante diz ter um bom relacionamento com
todos.- “Boa, não tenho razões.”
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E1)
Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a
entrevistada referiu as actividades relacionadas com a higiene dos utentes e a
alimentação, que realiza no quotidiano.
No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada
referiu que existem cuidados a melhorar. – “ Podiam ser melhores.”
88
Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada
refere que devia ser dada maior atenção aos utentes. - “Se tivesse uma ajuda
naquelas horas mais apertadas, a atenção era outra para os utentes.”.
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E1)
Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados
prestados, a entrevistada destaca os factores intrínsecos dos cuidadores.- “Falta de paciência, muita coisa vinda de fora”.
No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos
cuidados aos utentes, a entrevistada considera que existe interferência,
destacando a dificuldade de se separar o nível pessoal do profissional.- “A
gente trazendo as coisas de fora, chega aqui, não trata as pessoas da mesma
maneira, não é. É verdade. Se a gente vier com a cabeça cheia, alguém diz alguma
coisa a gente… não é. Às vezes não é muito fácil separar uma coisa da outra… nunca
é muito fácil separar uma coisa da outra.”
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E1)
No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada
destaca a necessidade de se promoverem mais actividades sócio culturais. – “Se calhar mais algumas actividades porque há gente que anda e não sai daqui
nunca.” Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas
melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu a
importância da família e de toda a sociedade. “Toda a gente…. A família, as
pessoas da instituição. Sei lá, as pessoas que conhecem os utentes, que deviam
visitá-los mais vezes.”
89
11.6.4.2- Análise da entrevista de E2
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 53 anos
Estado civil: Casada
Escolaridade: 9º ano
Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais
Tempo de serviço: 2 anos
Formação profissional na área: Não
Outras formações profissionais: Primeiros socorros em geriatria
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E2
ESC: Sobrecarga Intensa (73)
EADS- 21: Ansiedade – 1, Depressão – 2, Stress – 8
Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E2)
No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a
entrevistada (E2) não referiu problemas de saúde. - “Agora muito bem graças a
Deus e mental…. muito bem”
90
Questionada em relação à sobrecarga profissional disse sentir muita
sobrecarga, o que se coaduna com os resultados obtidos na ESC onde
apresentou os resultados mais elevados.
A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar
a saúde, referindo que se sente mais cansada e com alguns problemas físicos.- “Faz cansaço, a pessoa chega assim a uma certa hora está mesmo caidinha de
cansaço, não é. Mais os rins! Também ataca mais a coluna e os rins.”
No que diz respeito à existência de baixa médica, a entrevistada referiu
ter estado de baixa médica mas não por problemas de saúde profissional.- “Não
teve a ver com o trabalho mas sim com uma doença minha.”
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2)
Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada
referiu o esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes.
Quanto às causas de desgaste psicológico a entrevistada não refere
quaisquer causas de desgaste.- “Eu sinceramente, desgaste psicológico não
tenho.”
No que concerne às dificuldades do dia-a-dia, a entrevistada refere a
falta de pessoal e falta de espaço dos quartos como as maiores dificuldades. – “É a falta de pessoal. Os quartos são muito pequenos para a gente lidar com as
cadeiras de rodas.”
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2)
No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de
Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão. – “Comecei na
limpeza e não me sentia realizada porque eu gostava mesmo era de estar em contacto
com os idosos e houve uma oportunidade.”
91
Quanto aos factores positivos da profissão, a entrevistada referiu o gosto
pelo trabalho e convivência com os utentes. – “É estar com eles e saber que faço
bem o meu trabalho porque é para eles que eu o faço.”
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2)
No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não
afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu o convívio
com os utentes.- Falar com eles, canto…. Aquilo que eles me dizem acaba por ser
uma estratégia.”
Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste
físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada sugeriu que fosse colocado
mais pessoal a trabalhar.
Relações institucionais dos cuidadores formais (E2)
No que diz respeito às relações com as chefias e familiares dos utentes
a entrevistada refere ter uma relação muito boa.
Na relação com as colegas não apresenta conflito, dizendo que tem uma
boa relação.
Quanto à relação com os utentes demonstra manter uma relação
familiar. – “Como se fosse uma avó, uma mãe, um pai. Para mim os utentes são
como se fossem familiares.”
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E2)
Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a
entrevistada destacou os cuidados que tem a nível do vestuário.-“ Gosto de
escolher a roupa, não gosto de pôr uma camisola aos quadrados e um caso aos
quadrados.”
92
No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada
refere que os cuidados deviam melhorar, pois nem todas as colegas prestam
bons cuidados.
Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada
refere que se deveria melhorar os cuidados de higiene e vestuário. - “O que
poderia melhorar mais é a questão do vestuário, higiene.”
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E2)
Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados
prestados, a entrevistada destaca a pouca atenção dada aos utentes.-“ As
pessoas não dão toda a atenção que devem de dar.”
No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos
cuidados aos utentes, a entrevistada considera que no seu caso não existe
essa interferência. –“ Posso não vir muito bem e posso não estar bem comigo
própria, mas eles não têm culpa. Eu sou a mesma para eles.”
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E2)
No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada
destaca a necessidade de existir mais pessoal ao serviço.
Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas
melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu que
devem ser todas as pessoas, a sociedade em geral.
11.6.4.3- Análise da entrevista de E3
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 59 anos
Estado civil: Casada
93
Escolaridade: 4º ano
Categoria profissional: Ajudante de Lar
Tempo de serviço: 13 anos
Formação profissional na área: Sim
Outras formações profissionais: Primeiros socorros e Higiene e Segurança no
Trabalho
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E3
ESC: Sobrecarga Intensa (69)
EADS- 21: Ansiedade – 9, Depressão – 7, Stress – 12
Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E3)
No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a
entrevistada referiu cansaço físico. “… um bocado cansada, afinal já são muitos
anos disto.”
Questionada em relação à sobrecarga disse sentir que as Ajudantes de
Lar são bastante sobrecarregadas. Os resultados da sua Escala de Sobrecarga
evidenciaram uma Sobrecarga Intensa.
A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar
a sua saúde.
94
No que concerne à existência de baixa médica por motivos profissionais
ou extra profissionais, a entrevistada referiu que no último ano não se
encontrou de baixa médica.
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3)
Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada
destaca o esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes.
Quanto às causas de desgaste psicológico refere o trabalho por turnos.-“É trabalhar por turnos…. As noites dão-me cabo da cabeça.”
No que concerne às dificuldades do dia-a-dia a entrevistada refere a
falta de espaço dos quartos, falta de pessoal e o trabalho à noite.
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3)
No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de
Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão.
Quanto aos factores positivos da profissão destacou o convívio com os
utentes. – “Brinco muito com eles, de que eles gostam. Isso é muito bom.”
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3)
No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não
afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu que a sua
estratégia passa por manter a calma e conviver com os utentes.
Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste
físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada refere a necessidade de
95
colocar mais pessoal. - “As sugestões para haver menos desgaste era sermos mais
trabalhadoras.”
Relações institucionais dos cuidadores formais (E3)
A entrevistada refere que as relações com as chefias e utentes são
muito boas, tal como a relação com os familiares dos utentes.
Já a relação com as colegas de trabalho aparenta ser uma relação algo
conflituosa. - Há muitas intrigas, diz que disse, coisas de mulheres.
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E3)
Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a
entrevistada referiu as actividades relacionadas com a higiene dos utentes e a
alimentação, que realiza no quotidiano.
No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada
referiu que os cuidados são bons.
Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada diz
que devia ser dada maior atenção aos utentes. - “Melhorar era ter mais tempo
para mais atenção. Fazer outras coisas que nem sempre podemos realizar
diariamente. Falar com eles, passear, ouvi-los.”
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E3)
Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados
prestados, a entrevistada destaca a falta de pessoal e inexistência de
condições ao nível das infra-estruturas.
No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos
cuidados aos utentes, a entrevistada considera que existe interferência,
destacando a falta de paciência.
96
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E3)
No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada
destaca a necessidade de se melhorar as higienes dos utentes.
Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas
melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu a
importância da família, da instituição e toda a sociedade. – “Acho que devemos
ser todos nós, não é? A instituição, a família, as pessoas que gostam deles.”
11.6.4.4- Análise da entrevista de E4
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 47 anos
Estado civil: Casada
Escolaridade: 6º ano
Categoria profissional: Ajudante de Lar
Tempo de serviço: 11 anos
Formação profissional na área: Sim
Outras formações profissionais: Jardinagem, cédula marítima, vendedora de
peixe
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h)
97
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E4
ESC: Sobrecarga Intensa (69)
EADS- 21: Ansiedade – 12, Depressão – 7, Stress – 12
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4)
No que diz respeito à caracterização do estado de saúde a nível físico e
mental, a entrevistada refere algum cansaço físico.
Quanto à sobrecarga profissional, a entrevistada considera que esta é
bastante. Este facto é confirmado pelos resultados que apresentou na ESC,
onde obteve Sobrecarga Intensa.
Relativamente à interferência da sobrecarga na sua saúde, a
entrevistada disse que é afectada pela sobrecarga, principalmente, ao nível da
saúde física. – “Afecta um bocadinho... na parte da coluna e dos ossos.”
Quanto a ter estado de baixa médica no último ano, a entrevistada
confirmou que esteve de baixa médica mas por motivos extra profissionais.
Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4)
A nível das causas do desgaste físico dos cuidadores, a entrevistada
destaca os esforços físicos a que são sujeitas no dia-a-dia de trabalho.
Quanto ao desgaste psicológico refere que o trabalho por turnos é
bastante desgastante. – “Eu para mim acho que é os turnos. Trabalhar por turnos
acho que faz muito mal à cabeça.”
As principais dificuldades do dia-a-dia são a falta de espaço dos quartos
e a falta de pessoal.
98
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes
(E4)
No que diz respeito aos motivos que a levaram a escolher a profissão, a
entrevistada referiu o gosto pela área em que exerce funções.
Relativamente aos factores positivos da profissão, a entrevistada
destaca o gosto pelo trabalho e convivência com os utentes. – “Eu acho que é
estar em contacto com eles. Gostar de falar com eles. Gosto de dizer as minhas
brincadeiras com eles. Gosto daquilo que faço.”
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4)
A estratégia utilizada pela entrevistada para que o desgaste não afecte a
qualidade dos cuidados prestados é realizar uma caminhada após o trabalho. – “Olha é assim… quando vou daqui, vou fazer uma caminhadazinha (…) Vou daqui,
vou à minha caminhadazinha, tomo o meu banho, deito-me cedo e estou pronta para
outro dia.” As sugestões para a diminuição do desgaste físico e psicológico dos
cuidadores formais de idosos dependentes passam por colocar mais pessoal.
Relações institucionais dos cuidadores formais (E4)
A entrevistada apresenta uma boa relação com todos, à excepção das
colegas de trabalho onde se denotam alguns conflitos. - “Claro que tenho de
trabalhar com todas mas não gosto de todas. (…)”
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E4)
Aquando da descrição das actividades do dia-a-dia a entrevistada deu
relevância às questões da higiene.
A entrevistada refere que presta bons cuidados mas que há coisas a
melhorar, nomeadamente em relação às condições físicas e humanas.- “Nós
99
não temos condições. Eu acho que é isso. Se a gente tivesse condições e pessoal
havia outra maneira de trabalhar.”
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E4)
A entrevistada destaca a falta de condições como o factor potenciador
do decréscimo da qualidade dos cuidados prestados.
No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos
cuidados prestados aos utentes, a entrevistada considera que não existe
qualquer interferência.- “Não. Consigo ultrapassar bem isso.”
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E4)
A nível das melhorias dos cuidados prestados, a entrevistada destaca as
melhorias nas condições de higiene e a promoção de mais actividades sócio
culturais.
Quanto às entidades promotoras de intervenções junto dos utentes, a
entrevistada refere que devem ser os mesmos, a equipa de trabalho, a família
e os voluntários.
11.6.4.5- Análise da entrevista de E5
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 46 anos
Estado civil: Casada
Escolaridade: 6º ano
Categoria profissional: Ajudante de Lar
Tempo de serviço: 12 anos
Formação profissional na área: Sim
100
Outras formações profissionais: Primeiros socorros
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E5
ESC: Sobrecarga Ligeira (55)
EADS- 21: Ansiedade – 11, Depressão – 2, Stress – 8
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)
Relativamente ao estado de saúde físico a entrevistada queixa-se de
problemas de coluna. Já no que diz respeito à saúde a nível mental refere
situações de desgaste psicológico.- “Estar sempre a ouvir as pessoas com aquela
coisa assim afecta-me muito a cabeça.”.
Quanto à existência de sobrecarga profissional a entrevistada refere que
considera a profissão com bastante sobrecarga. Os seus resultados ao nível da
Escala de Sobrecarga do Cuidador demonstram que sofre de Sobrecarga
Ligeira.
No que concerne à interferência da sobrecarga no estado de saúde, e
entrevistada considera que a sobrecarga afecta a sua saúde.
No último ano esteve de baixa médica mas não foi por motivos
profissionais.
Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)
Relativamente às causas de desgaste físico e psicológico, a entrevistada
refere o esforço físico e as pessoas com demência, como as principais causas.
101
As dificuldades do dia-a-dia estão associadas à falta de espaço dos
quartos e condições para trabalhar.
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)
O motivo que levou a entrevistada a escolher a profissão de Ajudante de
Lar foi o gosto pela profissão. Destacando como factores positivos, o trabalho
realizado com os utentes.
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)
A estratégia que a entrevistada utiliza para que o seu desgaste não
afecte a qualidade dos cuidados que presta é tentar esquecer os seus
problemas. Como sugestão para diminuir o desgaste, a entrevistada refere que
devia ser colocado mais pessoal.
Relações institucionais dos cuidadores formais (E5)
Quanto às relações que mantem dentro da instituição, a entrevistada
refere que tem uma boa relação com as chefias e os familiares dos utentes.
No que diz respeito à relação com a colegas de trabalho denotam-se
alguns conflitos, afirmando que gosta mais de umas do que de outras.
Em relação aos utentes, a entrevistada apresenta uma relação
diferenciada com os mesmos, ou seja, demonstra boas e más relações
consoantes os utentes. – “A gente gosta mais de uns do que outros. Uns são mais
meiguinhos, outros mais agressivos.”
102
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E5)
No que diz respeito à descrição que a entrevistada faz do seu dia-a-dia
profissional verifica-se que a mesma valoriza os aspectos do quotidiano, como
a higiene e alimentação. Considera que os cuidados prestados são razoáveis. Demonstra uma
necessidade de melhorar em alguns aspectos, tais como as condições de
adaptabilidade. – “ Ter aquelas banheiras que se podem levar para os quartos.”
Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E5)
No que concerne aos factores que afectam a qualidade dos cuidados
prestados, a entrevistada destaca a falta de condições e de pessoal.
Questionada em relação à interferência do desgaste dos cuidadores nos
cuidados aos utentes, a entrevistada refere que no seu caso não há qualquer
interferência.
Possíveis intervenções dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5)
No que diz respeito às melhorias nos cuidados aos utentes, a
entrevistada destaca o poder dar mais atenção, caso existisse mais pessoal e
tempo.
Quanto às pessoas envolvidas nas intervenções com os utentes, a
entrevistada refere que deve ser a equipa de trabalho.
103
11.6.4.6- Análise da entrevista de E6
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 25 anos
Estado civil: União de facto
Escolaridade: 12º ano
Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais
Tempo de serviço: 1 ano
Formação profissional na área: Não
Outras formações profissionais: Técnica de informática
Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E6
ESC: Sobrecarga Intensa (69)
EADS- 21: Ansiedade – 12, Depressão – 4, Stress – 12
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)
No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental, a
entrevistada refere sofrer de cansaço físico.
Considera que o seu trabalho é sobrecarregado, facto que se confirma
nos resultados da ESC onde apresenta Sobrecarga Intensa.
Relativamente à interferência do desgaste na sua saúde diz concordar
com o facto de o trabalho afectar a sua saúde.
104
No último ano não esteve de baixa médica.
Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)
A entrevistada destaca como principais causas do desgaste físico, a falta
de pessoal e o esforço físico realizado. – “ É tratar das pessoas pesadas, lavá-las,
sermos poucas a trabalhar.”
No que diz respeito ao desgaste psicológico refere as demências e os
problemas dos utentes, como as principais causas.
As principais dificuldades do dia-a-dia profissional são lidar com os
problemas dos utentes.
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)
A entrevistada referiu a necessidade de emprego como motivo da
escolha da profissão, no entanto refere que também gosta daquilo que faz.
Os factores positivos da profissão são trabalhar com os utentes, gostar
do que faz e do convívio com os mesmos.
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)
As estratégias utilizadas pela entrevistada para que o desgaste não
afecte a qualidade dos cuidados que presta são gostar de trabalhar com os
utentes e trabalhar em equipa.
As sugestões para a diminuição do desgaste físico e psicológico passam
por colocar mais pessoal e trabalhar em equipa. –“ As sugestões são
trabalharmos em equipa, sermos mais pessoas.”
105
Relações institucionais dos cuidadores formais (E6)
A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias e colegas
de trabalho.
Quanto à relação com os utentes e familiares dos mesmos, classifica-a
como muito boa.
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E6)
A entrevistada destaca as actividades do quotidiano (lavar, vestir,
alimentar) no seu dia-a-dia profissional, referindo que considera prestar bons
cuidados.
Aquilo que gostava de melhorar nos cuidados que presta passa por
poder dar mais atenção. – “ Era dar mais atenção, falar mais, ter mais tempo.”
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E6)
A entrevistada refere a falta de pessoal e condições como os principais
factores que afectam a qualidade dos cuidados aos utentes.
Quanto à interferência do desgaste nos cuidados prestados, a mesma
considera que o desgaste afecta a força, destreza e paciência.
Possíveis intervenções dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6)
No que diz respeito à melhoria nos cuidados aos utentes, a entrevistada
refere que deviam existir melhores condições e que as Ajudantes de Lar
deveriam dar mais atenção aos utentes. – “Devíamos ter mais condições… falar
mais com eles. Ser diferente (…) ”
Quanto às pessoas inseridas nas intervenções com os utentes destaca a
família e a equipa de trabalho, como interventores fulcrais.
106
11.6.4.7- Análise da entrevista de E7
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 49 anos
Estado civil: Divorciada
Escolaridade: 9º ano
Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais
Tempo de serviço: 4 anos
Formação profissional na área: Sim
Outras formações profissionais: Primeiros socorros
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E7
ESC: Sobrecarga Ligeira (46)
EADS- 21: Ansiedade – 0, Depressão – 2, Stress – 0
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7)
A entrevistada refere problemas de saúde física a nível das pernas.
Acha sobrecarregada a nível profissional, afectando a sua saúde.- “ Este
problema das pernas tem muito a ver com o trabalho.”
No último ano não esteve de baixa médica.
107
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7)
O esforço físico e as demências dos utentes são apresentados como as
principais causas de desgaste físico e psicológico, respectivamente.
As dificuldades do dia-a-dia estão relacionadas com a falta de pessoal e
o pouco tempo para dar atenção aos utentes.
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes
(E7)
A entrevistada refere que sempre gostou da profissão de Ajudante de
Lar, motivo que a levou a escolher este caminho. O convívio com os utentes é
o factor que destaca como mais positivo.
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7)
A estratégia que a entrevistada utiliza para que o desgaste não interfira
nos cuidados que presta é manter a calma. – “ Acho que é uma pessoa manter a
calma.”
Como sugestão para a diminuição do desgaste dos cuidadores
apresenta a colocação de mais pessoal.
Relações institucionais dos cuidadores formais (E7)
A entrevistada refere que tem uma boa relação com os utentes, chefes e
colegas de trabalho.
No que diz respeito aos familiares dos utentes refere que a relação é
exigente, uma vez que, os mesmos são poucos compreensíveis e exigem mais
do que as Ajudantes de Lar conseguem dar.
108
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E7)
A entrevistada refere o dia-a-dia profissional revelando o conhecimento
das actividades quotidianas realizadas.
Considera que presta bons cuidados mas questionada acerca das
melhorias diz que se poderia dar mais atenção.
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E7)
Os factores que considera afectarem a qualidade dos cuidados é a falta
de tempo que não permite dar a atenção e prestar os cuidados necessários.
A entrevistada considera que o seu desgaste não interfere na qualidade
dos cuidados que presta. – “ Consigo ultrapassar bem isso.”
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E7)
Quando questionada em relação às melhorias nos cuidados aos utentes,
a entrevistada refere que se deviam melhorar as condições de trabalho e ter
mais pessoal.
Quanto às entidades que devem estar envolvidas nas intervenções com
vista às melhorias dos cuidados, a entrevistada refere a equipa técnica e de
trabalho, os voluntários e diz que a família por vezes perturba as intervenções.
– “ Os psicólogos… os voluntários, as pessoas que trabalham aqui. A família por
vezes complica a situação.”
11.6.4.8- Análise da entrevista de E8
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 43 anos
Estado civil: Casada
109
Escolaridade: 6º ano
Categoria profissional: Ajudante de Lar
Tempo de serviço: 4 anos
Formação profissional na área: Não
Outras formações profissionais: Auxiliar de Acção Médica
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E8
ESC: Sobrecarga Intensa (62)
EADS- 21: Ansiedade – 6, Depressão – 2, Stress – 5
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8)
A entrevistada refere que sofre de problemas de saúde ao nível da
coluna. – “ A coluna está uma desgraça.”
Considera que o seu trabalho é sobrecarregado e que influencia o seu
estado de saúde.
Os resultados da ESC demonstram que a entrevistada sofre de
Sobrecarga Intensa.
No último ano não esteve de baixa médica.
110
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8)
Questionada relativamente às causas de desgaste físico dos cuidadores,
a entrevistada refere o esforço físico realizado diariamente como a principal
causa.
No que diz respeito ao desgaste psicológico, a entrevistada refere que
quando não existe motivação para o trabalho com idosos é que há desgaste
psicológico. Caso contrário esse desgaste não existe.
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8)
A entrevistada refere que não escolheu ser Ajudante de Lar, foi a
necessidade financeira e o desemprego que a levaram a tal. – “ Eu não escolhi.
Na altura precisava de trabalhar e vim aqui parar.”
Os factores mais positivos da profissão são o convívio com os utentes.
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8)
A entrevistada refere que a sua estratégia, para que o desgaste não
afecte a qualidade dos cuidados que presta, é manter a calma.
Como sugestão para diminuir o desgaste dos cuidadores considera
pertinente colocar mais pessoal.
Relações Institucionais dos cuidadores formais (E8)
A entrevistada demonstra ter uma boa relação com os utentes, as
chefias e colegas de trabalho.
Com os familiares dos utentes tem uma relação cordial e profissional.-
“Aqueles que falam, que são poucos, às vezes entram aí e não conhecem ninguém…”
111
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E8)
No que diz respeito à descrição do dia-a-dia profissional, a entrevistada
refere-se às actividades quotidianas de forma rotineira e quase mecanizada.
Considera que presta bons cuidados mas que se poderia dar mais
atenção caso houvesse mais pessoal- “ Se fossem mais podia dar mais atenção
aos utentes.”
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E8)
No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados
prestados, a entrevistada destaca a falta de tempo e de pessoal.
Diz que não sente que o seu desgaste interfira nos cuidados que presta.
– “ Uhm… não sinto isso.”
Possíveis Intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E8)
Relativamente às melhorias a fazer nos cuidados prestados, a
entrevistada diz que se deveria colocar mais pessoal para se poder dar mais
atenção.
Quanto às pessoas incluídas nas intervenções e melhorias a fazer nos
cuidados aos utentes, considera que deve ser toda a equipa da Instituição.
11.6.4.9- Análise da entrevista de E9
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 47 anos
Estado civil: Casada
Escolaridade: 9º ano
112
Categoria profissional: Ajudante de Lar
Tempo de serviço: 8 anos
Formação profissional na área: Sim
Outras formações profissionais: Primeiros socorros
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E9
ESC: Sobrecarga Intensa (70)
EADS- 21: Ansiedade – 2, Depressão – 3, Stress – 8
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9)
No que diz respeito ao estado de saúde física e mental a entrevistada
refere cansaço físico e desgaste psicológico.
No que concerne à sobrecarga de trabalho a entrevistada diz que se
considera sobrecarregada e que essa sobrecarga afecta a sua saúde. É de
referir que a entrevistada obteve a pontuação de 70 valores na ESC, o que
significa uma Sobrecarga Intensa.
Relativamente à baixa médica, a entrevistada referiu que não esteve de
baixa médica no último ano.
113
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9)
No que diz respeito às causas de desgaste físico dos cuidadores, a
entrevistada destacou a falta de pessoal, de espaço dos quartos e o esforço
físico.
Relativamente às causas de desgaste psicológico, a entrevistada refere
como principal causa, a falta de descanso do cuidador. - “Acho que falta de
descanso é uma das causas porque a gente também… as nossas férias andam muito
atrasadas e acho que isso também vai prejudicar o nosso desgaste emocional.”
As principais dificuldades destacadas são o esforço físico, a falta de
pessoal e espaço para se poder trabalhar em equipa.
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9)
Quando questionada dos motivos que a levaram a escolher a profissão
de cuidadora, a entrevistada referiu que não escolheu mas que estava numa
situação de desemprego que a levou a ingressar na área. No entanto, destaca
aspectos positivos da profissão, como os cuidados prestados aos idosos que,
de acordo com a mesma, necessitam de quem cuide de si.
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9)
A entrevistada aponta como estratégia para que o desgaste não interfira
na qualidade dos cuidados que presta, a sua boa-disposição.
Como sugestões para a diminuição do desgaste dos cuidadores
considera que deveriam ser feitas alterações nas infra-estruturas de modo a
proporcionar o trabalho em equipa.
114
Relações institucionais dos cuidadores formais (E9)
A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias e os
utentes.
Refere alguns problemas com as relações entre colegas de trabalho e
diz ter uma boa relação com os familiares dos utentes, que se denota algo
cordial e profissional. – “ A gente não tem grande afinidade… às vezes entram aí e
nem dizem nada.”
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E9)
Questionada em relação aos cuidados que presta, a entrevistada diz que
poderiam ser melhores, nomeadamente a nível da higiene- “ Eu acho que uma
pessoa tomar banho uma vez na semana é pouco.”
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E9)
No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados,
a entrevistada destaca como principal factor a falta de condições.
Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos
utentes, a entrevista diz que tenta que o seu estado de espírito não afecte os
cuidados que presta aos utentes. – “ Quando entro para cá tento não transmitir o
meu estado de espírito.”
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E9)
Questionada acerca das melhorias nos cuidados aos utentes, a
entrevistada refere que deveriam ser implementados outros cuidados de saúde.
No que diz respeito às entidades inseridas nos projectos de intervenção
com os utentes destaca a importância da autarquia local.
115
11.6.4.10- Análise da entrevista de E10
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 65 anos
Estado civil: Viúva
Escolaridade: 4º ano
Categoria profissional: Ajudante de Lar
Tempo de serviço: 28 anos
Formação profissional na área: Sim
Outras formações profissionais: Primeiros socorros
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E10
ESC: Sobrecarga Intensa (71)
EADS- 21: Ansiedade – 11, Depressão – 3, Stress – 13
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10)
A entrevistada destaca como principais problemas de saúde, a falta de
força numa perna e o sistema nervoso alterado.
Considera que o seu trabalho tem muita sobrecarga, principalmente para
sua idade. Apresentou sobrecarga intensa nos resultados da Escala de
Sobrecarga do Cuidador.
116
Acha que o seu problema na perna é afectado pela sobrecarga de
trabalho, sendo por isso que considera que a sobrecarga interfere na sua
saúde.
No último ano esteve de baixa médica devido ao problema da perna.
Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10)
A entrevistada destaca a falta de pessoal como o principal factor para o
seu desgaste físico. Quanto ao desgaste psicológico considera ser afectado
pelo trabalho por turnos. – “ Eu por mim… por enquanto é mais a noites. Trabalhar
de noite.”
Questionada acerca das dificuldades do dia-a-dia diz não apresentar
quaisquer dificuldades.
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10)
A entrevistada refere que não escolheu esta profissão, viu-se obrigada
por vicissitudes da vida, a ingressar nesta área. No entanto refere que gosta
muito de trabalhar com idosos. – “ Eu adoro a minha profissão porque gosto de
trabalhar com pessoas.”
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10)
No que diz respeito às estratégias que utiliza para que o desgaste não
afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada refere que tenta
esquecer os problemas.
Considera que se colocassem mais uma pessoa haveria uma diminuição
do desgaste dos cuidadores.
117
Relações Institucionais dos cuidadores formais (E10)
A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias, as
colegas de trabalho e os familiares dos utentes.
Quanto à relação com os utentes verifica-se que a mesma tem uma
relação quase indiferente. - “A minha relação é… os possíveis para me dar bem
com eles porque somos obrigados a nos dar bem. Obrigados não… devemos fazer o
nosso dever.”
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E10)
A entrevistada diz prestar uns bons cuidados aos utentes sendo que
poderia melhorar no tempo disponibilizado aos mesmos. - “ Melhorar era haver
um bocadinho mais de tempo.”
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E10)
Os factores que considera afectarem a qualidade dos cuidados é a falta
de material e condições, juntamente com a falta de tempo.
A entrevistada refere que o desgaste na interfere nos cuidados que
presta aos utentes.
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E10)
Relativamente às melhorias nos cuidados, a entrevistada refere que
deviam existir melhores condições e infra-estruturas.
Quanto aos responsáveis pelas intervenções e melhorias nos cuidados
aos utentes, de acordo com a mesma deveria ser a provedoria e as chefias da
Instituição.
118
11.6.4.11- Análise da entrevista de E11
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 59 anos
Estado civil: Casada
Escolaridade: 4º ano
Categoria profissional: Ajudante de Lar
Tempo de serviço: 25 anos
Formação profissional na área: Sim
Outras formações profissionais: Primeiros socorros
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E11
ESC: Sobrecarga Intensa (67)
EADS- 21: Ansiedade – 15, Depressão – 8, Stress – 21
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11)
Questionada em relação ao seu estado de saúde, a entrevistada referiu
que se sente mal fisicamente mas bem psicologicamente. É de realçar que a
nível da Escala de Sobrecarga apresentou Sobrecarga Intensa. Ao nível da
119
Escala de Ansiedade, Depressão e Stress teve os valores mais altos a nível do
stress, a cotação máxima de 21.
Considera que o seu trabalho tem bastante sobrecarga a nível do
esforço físico e que essa sobrecarga afecta a sua saúde.
No último ano esteve de baixa médica devido a questões relacionadas
com a profissão.
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11)
Relativamente às causas do desgaste físico, a entrevistada destaca a
falta de pessoal. As causas de desgaste psicológico são o trabalho por turnos,
trabalhar à noite.
As principais dificuldades do dia-a-dia estão relacionadas com o esforço
físico para a realização da higiene diária dos utentes mais pesados.- “É como eu
já disse com o levantar, a nível da coluna o levantar, o baixar a coluna. As forças, as
forças que a gente tem de fazer ao deitar a pessoa ou a levantar a pessoa (…).
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11)
No que diz respeito aos motivos que levaram a escolher a profissão, a
entrevistada diz que sempre gostou e que mesmo tendo outras oportunidades,
nunca ponderou mudar.
Quando foi questionada acerca dos factores positivos da sua profissão,
a entrevistada referiu que não se encontra verdadeiramente realizada, uma vez
que, gostaria de trabalhar com idosos mas em regime de voluntariado.
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11)
Questionada acerca das estratégias que utiliza para que o desgaste não
interfira na qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada disse que tenta
trabalhar em equipa para colmatar as suas lacunas.
120
Sugere que deveria ser colocado mais pessoal para facilitar a diminuição
do desgaste dos cuidadores.
Relações Institucionais dos cuidadores formais (E11)
A entrevistada refere que tem uma boa relação com os utentes, os
familiares dos mesmos e as colegas de trabalho.
Segundo a entrevistada, a relação com as chefias é inexistente. – “Eu
não tenho relação nenhuma com chefias, única pessoa que conheço das chefias é a
Encarregada mais nada. (…) ”
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E11)
A entrevistada descreveu o seu dia-a-dia profissional demonstrando
conhecer bem as actividades quotidianas.
Considera que os cuidados poderiam melhorar, nomeadamente a nível
da higiene. – “ A nível dos banhos deviam ser dados mais vezes… a nível da higiene,
nas unhas, no cabelo, em tudo.”
Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E11)
Questionada acerca dos factores que afectam a qualidade dos cuidados
aos utentes, a entrevistada referiu a falta de pessoal e de tempo.
Quanto à interferência do seu desgaste nos cuidados que presta, a
entrevistada diz que faz de tudo para que os utentes não percebam as suas
dificuldades físicas.
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E11)
A entrevistada referiu que os cuidados deveriam ser prestados para que
fosse dada maior atenção ao utente. – “Se não houver esses cuidados também
121
não há atenção. Você enquanto está a arranjar as unhas, os cabelos, está a cuidar
deles, está a dar atenção. É uma atenção que estão a receber, é um carinho.”
Quanto aos principais interventores junto dos utentes para que se
promovam melhorias nos cuidados prestados aos mesmos, a entrevistada
destaca a importância de uma equipa técnica atenta às necessidades e
conhecedora dos problemas do dia-a-dia.
11.6.4.12- Análise da entrevista de E12
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 55 anos
Estado civil: Divorciada
Escolaridade: 6º ano
Categoria profissional: Ajudante de Lar
Tempo de serviço: 25 anos
Formação profissional na área: Sim
Outras formações profissionais: Primeiros socorros
Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E12
ESC: Sobrecarga Intensa (69)
EADS- 21: Ansiedade – 9, Depressão – 8, Stress – 7
122
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E12)
A entrevistada diz apresentar cansaço físico e considera que a
sobrecarga de trabalho depende da equipa com a qual esteja a trabalhar.
No que diz respeito à sobrecarga verifica-se que a mesma sofre de
sobrecarga intensa, como se observou através dos resultados da Escala de
Sobrecarga do Cuidador.
Considera que a sobrecarga afecta a sua saúde, principalmente a nível
físico.
No último ano esteve de baixa médica por motivos profissionais, uma
vez que fez uma distensão muscular no trabalho.
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E12)
Como causas de desgaste físico, a entrevistada destaca a falta de
condições das infra-estruturas e a idade do cuidador. - “ E os anos, os na os
também contam muito. Quando vim para aqui era diferente, era mais nova.” Quanto ao desgaste psicológico considera que é causado pela
dificuldade de comunicação com os utentes.
A principal dificuldade do dia-a-dia é o trabalho em equipa. – “Às vezes
não há uma boa parceria. Por exemplo: somos duas mas se tiverem a duas mais ou
menos ao mesmo nível… o mesmo jeito de trabalhar.” Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes
(E12)
Relativamente aos motivos que levaram à escolha da profissão, a
entrevistada referiu que não foi uma escolha mas sim uma opção face à
situação de desemprego que vivia. No entanto, a entrevistada gosta de
trabalhar com os utentes e gosto daquilo que faz. – “ Sempre gostei do serviço
que faço.”
123
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes
(E12)
No que diz respeito às estratégias dos cuidadores formais para que o
desgaste não afecte a qualidade dos cuidados, a entrevista refere que tenta
sempre não penalizar o outro. - “Quando tenho coisas que me preocupam acho que
ninguém fica prejudicado com esse problema. Calo-me mais, tento não sobrecarregar
muito as outras pessoas com os meus problemas.”
Quanto às sugestões para que o desgaste dos cuidadores diminua, a
entrevista refere que seria necessário colocar mais pessoal.
Relações Institucionais dos cuidadores formais (E12)
No que diz respeito à relação com as chefias, a entrevistada apresenta
uma relação quase de indiferença. – “Ah desde que não me chateiem eu dou-me
bem com toda a gente”.
Refere uma relação conflituosa com as colegas de trabalho e diz que
mantem uma boa relação com os familiares dos utentes, uma relação cordial e
profissional.
Quanto à relação com os utentes, classifica-a de boa, sendo que é
diferenciada consoante os feitios dos utentes. –“ Uns que mesmos sem a gente
querer cativam mais, são mais carinhosos para a gente. Outros não têm aquela
delicadeza de terem um feitio bonito.”
Caracterização dos cuidados prestados (E12)
No que diz respeito aos cuidados prestados, a entrevistada refere que os
cuidados podiam ser melhores, podia haver uma maior atenção para com os
utentes. – “ Podíamos dar mais atenção… conversar mais.”
124
Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E12)
Relativamente aos factores que interferem na qualidade dos cuidados
aos utentes, a entrevistada destaca a falta de pessoal, as más condições das
infra-estruturas e a falta de espaço nos quartos.
Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos
utentes, a entrevistada destaca as alterações que sente no seu estado de
espirito. - “ (…) Talvez não seja com aquela alegria, aquela exuberância. Sem tantas
palhaçadas. Se eu estiver bem-disposta, vou conversando e brinco e não sei quê. Se
eu tiver uma coisa que me apoquente eu faço as mesmas coisas mas mais pensativa.
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E12)
No que diz respeito às melhorias a fazer nos cuidados prestados, a
entrevistada refere que as mesmas se relacionam com as melhorias das infra-
estruturas.
Quanto às entidades que devem promover essas melhorias, a
entrevistada destaca a importância da equipa que conheça o dia-a-dia
profissional. – “É assim… uma encarregada, uma pessoa que dê valor ao tipo de
trabalho que é ou uma pessoa que saiba fazer para saber mandar. Mandar é fácil mas
a pessoa experimentar a fazer… assim sabia dar o valor ao trabalho que é.”
11.6.4.13- Análise da entrevista de E13
Caracterização sociodemográfica e profissional
Idade: 35 anos
Estado civil: Casada
Escolaridade: 12º ano
Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais
Tempo de serviço: 2anos
125
Formação profissional na área: Sim
Outras formações profissionais: Primeiros socorros
Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h)
Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E13
ESC: Sobrecarga Intensa (68)
EADS- 21: Ansiedade – 11, Depressão – 9, Stress – 15
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13)
No que diz respeito ao estado de saúde, a entrevistada refere bastante
cansaço físico. Diz que o seu trabalho exige muito de si, tem bastante
sobrecarga que afecta a sua saúde.
Nos resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador, a entrevistada
apresentou sobrecarga intensa.
Relativamente à baixa médica, a participante diz ter estado de baixa no
último ano, por motivos de doença profissional.
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13)
A entrevistada refere que a principal causa para o desgaste físico é a
falta de pessoal, enquanto o desgaste psicológico se deve aos problemas de
saúde dos utentes, nomeadamente as demências.
As dificuldades apresentadas pela entrevistada são a falta de condições
de adaptabilidade, a falta de tempo aliada à falta de pessoal.
126
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13)
A entrevistada refere que escolheu a profissão porque sempre gostou de
ajudar as pessoas que necessitam de si, destacando este aspecto como o mais
positivo da sua profissão. – “ Gosto de ser útil para aquelas pessoas que sinto que
precisam de nós.”
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13)
A entrevistada refere a empatia para com os utentes como a sua
estratégia para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que
presta. - “(…)E depois fico a pensar sempre e será que um dia mais tarde eu também
vou chegar ao mesmo, de precisar ou de alguém me apoiar? E pronto olha passa-me
logo e tenho de tratar e trato e faço e pronto mais nada.”.
Como sugestão para diminuir o desgaste dos cuidadores, a entrevistada
propõe a admissão de mais pessoal especializado.
Relações institucionais dos cuidadores formais de idosos (E13)
No que diz respeito às relações com os utentes, familiares dos mesmos
e chefias, a entrevistada refere manter uma boa relação.
Quanto à relação com as colegas de equipa demonstra alguns
problemas. – “É como tudo. Há pessoas más, pessoas boas… de toda a classe.”
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E13)
No que diz respeito à descrição do dia-a-dia profissional, a entrevistada
foi a única que referiu as actividades sócio culturais dos utentes, além das
actividades quotidianas da higiene e alimentação.
Considera que presta bons cuidados aos utentes, apesar de se poder
melhorar na atenção que se disponibiliza aos mesmos.
127
Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E13)
No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados
aos utentes, a entrevistada refere a falta de tempo como o principal factor.
Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores na qualidade dos
cuidados prestados, a entrevistada considera que existe interferência e que os
cuidadores acabam por ter menos paciência para os utentes. – “ Acabo por ficar
baralhada…com menos paciência.”
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos
dependentes (E13)
Relativamente às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada
refere que é importante melhorar os cuidados de saúde e fomentar a
participação dos utentes nas actividades sócio culturais.
No que diz respeito aos intervenientes nos projectos de intervenção para
a melhoria dos cuidados aos utentes, a entrevistada refere que deve ser toda a
equipa que pertence à Instituição, independentemente da função que
desempenhe.- “ Há tanto pessoal que trabalha aí… deviam ajudar e envolver outras
pessoas. (…) Deviam ajudar pelo bem do utente.”
11.6.4.14 – Análise global das entrevistas às Ajudantes de Lar (vide anexo
XII)
Caracterização profissional dos cuidadores formais de idosos dependentes
Apesar da totalidade das participantes (13) desempenharem a função de
Ajudante de Lar, nem todas têm essa categoria. Cinco do total das
participantes têm a categoria de Trabalhador de Serviços Gerais.
No que diz respeito à formação profissional verifica-se que, quatro
Ajudantes de Lar não têm formação profissional na área da Geriatria.
128
Relativamente a outras formações profissionais obtidas, dez Ajudantes
de Lar referem ter frequentado a formação de Primeiros Socorros e três a
formação de Higiene e Segurança no Trabalho. Existe ainda uma Ajudante de
Lar com formação na área de Informática, outra na área de Gestão, uma na
área de Acção Médica e outra participante com formações nas áreas de
Jardinagem, Venda de Peixe e Navegação Marítima.
Quanto às formações profissionais que ambicionam frequentar, a
maioria (10) refere formações na área das Geriatria, duas entrevistadas
destacam as formações em Enfermagem e uma na área da Infância.
Relativamente aos horários de trabalho, apesar de a totalidade trabalhar
por turnos, três realizam apenas dois turnos, das 08 h às 16 h e das 16 h às 24
h, ou seja, não realizam o turno da noite.
Questionadas sobre o exercício de horas extra, todas referiram realizar
quando necessário. O motivo apresentado pela maioria (9) foi a falta de
pessoal, sendo ainda que quatro pessoas referiram que realizam horas extra
por pedido da Encarregada e duas por doença de colegas.
Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes
No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e psicológico, a
totalidade de entrevistadas refere problemas de diversas tipologias. A maioria
(7) refere cansaço físico, em ex-aequo, duas entrevistadas mencionaram os
problemas de coluna, problemas nas pernas e o desgaste psicológico. Uma
Ajudante de Lar referiu alterações no sistema nervoso.
Quanto à existência de sobrecarga profissional, a maioria das
entrevistadas (12) referiu sentir sobrecarga profissional. Houve uma
entrevistada que disse não se sentir sobrecarregada mas sim cansada. Esta
entrevistada apresentou Sobrecarga Intensa na Escala de Sobrecarga do
Cuidador.
Relativamente à interferência da sobrecarga no estado de saúde dos
cuidadores, as respostas foram unânimes. A totalidade das entrevistadas
considerou que a sobrecarga afecta a sua saúde.
129
No que diz respeito à existência de baixa médica no último ano,
verificou-se que sete entrevistadas tiveram de baixa médica. Três dessas setes
baixas médicas foram por problemas de saúde profissional.
Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes
Relativamente ao desgaste físico dos cuidadores formais, as
entrevistadas referiram diversas causas. Nove entrevistadas destacaram o
esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes, cinco referiram a
falta de pessoal, duas em ex-aequo mencionaram a falta de espaço e a falta de
condições para trabalhar em equipa. Uma entrevistada referiu a ausência de
técnicas de trabalho e outra a idade da Ajudante de Lar como factor
potenciador do desgaste físico.
No que concerne às causas do desgaste psicológico verifica-se que seis
entrevistadas referiram o facto de trabalharem com pessoas com demência,
quatro destacaram o trabalho por turnos, três a dificuldade de comunicação
com os utentes, uma entrevistada referiu a falta de descanso do cuidador e
outra a ausência de motivação para o trabalho. Houve ainda uma entrevistada
que não referiu causas de desgaste psicológico.
No que concerne às dificuldades apresentadas, da totalidade de 13
entrevistadas, apenas uma não refere dificuldades. Das 12 entrevistadas que
apresentam dificuldades, sete destacaram em ex-aequo a falta de pessoal e
falta de espaço nos quartos. Seis entrevistadas referiram a higiene diária dos
utentes mais pesados, três mencionaram a falta de tempo para dar atenção
aos utentes, uma referiu dificuldades em lidar com os problemas dos utentes,
outra em trabalhar à noite. Houve ainda uma entrevistada a referir a dificuldade
de trabalhar em equipa e outra a destacar a falta de condições de
adaptabilidade.
130
Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes
No que diz respeito às motivações que levaram à escolha da profissão
de Ajudante de Lar, nove entrevistadas referiram o gosto pela profissão e
cinco, a necessidade económica e o desemprego.
Relativamente aos factores positivos da profissão, apenas uma Ajudante
de Lar não destacou qualquer factor positivo. A maioria (11) referiu o gosto pelo
trabalho e convivência com os utentes e uma entrevistada destacou a
aprendizagem, a amizade e a sustentabilidade financeira.
Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes
No que concerne às estratégias que os entrevistados utilizam para que o
desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que prestam, destaca-se que
quatro entrevistadas responderam que mantêm a calma, em ex-aequo, duas
entrevistadas referiram que esquecem os problemas, convivem com os utentes
e trabalham em equipa.
Uma entrevistada diz que a sua estratégia é gostar dos utentes, outra
refere a sua boa disposição, uma a empatia com os utentes e outra diz que a
sua estratégia é tentar não penalizar o outro.
Uma entrevistada menciona a caminhada diária que faz após o trabalho
como a sua estratégia de coping.
Relativamente às sugestões para a diminuição do desgaste físico e
psicológico dos cuidadores, onze entrevistadas referiram que deveria ser
colocado mais pessoal, duas mencionaram o trabalho em equipa, uma as
melhorias nas infra-estruturas, outra a gestão do tempo e uma entrevistada
referiu ainda que deveria existir mais pessoal especializado.
Relações institucionais dos cuidadores formais de idosos dependentes
No que diz respeito às relações com as chefias, a maioria dos
entrevistados (7) diz ter uma relação muito boa com os chefes. Três
entrevistadas mencionam uma boa relação com as chefias, duas dizem ter uma
131
relação indiferente e uma entrevistada refere não ter qualquer relação com as
chefias.
Quanto às relações com a equipa de trabalho verifica-se que sete
apresentam uma boa relação e seis demonstram ter uma relação conflituosa.
Relativamente às relações com os familiares dos utentes, a maioria (5)
diz ter uma relação cordial e profissional, quatro entrevistadas referem uma boa
relação, duas uma relação muito boa e outras duas mencionam uma relação
exigente por parte dos familiares.
No que concerne às relações com os utentes cuidados, a maioria das
entrevistadas (5) diz ter uma boa relação, quatro referem uma relação muito
boa, duas dizem que as relações com os utentes são diferenciadas, no sentido
de se alterarem consoante as características dos mesmos. Uma Ajudante de
Lar demonstra manter uma relação indiferente com os utentes cuidados.
Caracterização dos cuidados prestados aos utentes
A totalidade das entrevistadas descreveu o seu dia-a-dia profissional,
dando enfase às actividades do quotidiano (lavar, vestir, deitar, levantar, dar
alimentação).
Duas entrevistadas destacaram-se por referirem mais do que as
actividades quotidianas. Uma mencionou detalhadamente o trabalho
desenvolvido com o vestuário e outra, as actividades sócio culturais dos
utentes.
No que diz respeito à classificação dos cuidados prestados, a maioria (7)
diz que os cuidados prestados devem melhorar. As restantes seis entrevistadas
referem prestar bons cuidados
Quanto às melhorias nos cuidados prestados, sete entrevistadas referem
que se deve dar mais atenção aos utentes, três destacam a importância da
higiene e uma entrevistada refere a necessidade de melhorar o vestuário dos
utentes. Em ex-aequo, uma entrevistada destaca a importância das condições
físicas e humanas e outra a necessidade de material adaptado.
132
Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes
As entrevistadas mencionaram cinco factores que consideram afectar a
qualidade dos cuidados prestados aos utentes: a falta de condições, a pouca
atenção, a falta de tempo, a falta de pessoal e os factores intrínsecos aos
cuidadores.
A falta de condições (material e infra-estruturas) foi o factor mais vezes
referido, em seis entrevistadas. Quatro entrevistadas mencionaram a pouca
atenção dada aos utentes e a falta de tempo. Três entrevistadas apresentaram
a falta de pessoal como factor do decréscimo da qualidade dos cuidados e uma
ressaltou os factores intrínsecos aos cuidadores, nomeadamente a pouca
motivação para o trabalho.
Relativamente à interferência do desgaste do cuidador na qualidade dos
cuidados que presta, do total de treze entrevistadas, seis afirmaram que o seu
desgaste não interfere na qualidade dos cuidados que prestam aos utentes.
As restantes sete entrevistadas admitem que o desgaste do cuidador
acarreta alterações na prestação dos cuidados.
Três entrevistadas referem que ficam mais impacientes, duas destacam
a falta de força e destreza, uma ressalta a dificuldade que apresenta em
separar os problemas pessoais da vida profissional, outra admite que o seu
estado de espirito se altera aquando da prestação dos cuidados.
Duas entrevistadas, apesar de admitirem que o desgaste interfere nos
cuidados que prestam, afirmam tentar alhear-se dos seus problemas enquanto
exercem funções.
Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos
dependentes
Questionadas acerca das melhorias que gostariam de ver nos cuidados
aos utentes, as entrevistadas referiram: a necessidade de se dar mais atenção,
de melhorar as condições da instituição, de haver mais pessoal, mais tempo
para conversar com os utentes, melhores cuidados de saúde e cuidados de
higiene e incremento das actividades sócio culturais.
133
Quatro entrevistadas, em ex-aequo, mencionaram a necessidade de se
dar mais atenção e de melhorar as condições da instituição. Três entrevistadas,
em ex-aequo, referiram a necessidade de colocar mais pessoal e de se
fomentar as actividades sócio culturais. Em ex-aequo, duas entrevistadas
destacaram as melhorias nos cuidados de saúde e de higiene. Uma
entrevistada afirmou haver necessidade de ter mais tempo para conversar com
os utentes.
Relativamente às pessoas e entidades que gostariam de ver afectas às
melhorias dos cuidados aos utentes, cinco entrevistadas (em ex-aequo)
referiram a provedoria/ equipa técnica, os familiares dos utentes e a equipa de
trabalho (Ajudantes de Lar). Quatro entrevistadas destacaram a Instituição
(SCMS) e três a sociedade em geral. Em ex-aequo, duas entrevistadas
mencionaram os voluntários e os utentes. Uma entrevistada destacou a
importância da autarquia local.
11.6.5 – Índice de Barthel – Actividades Básicas da Vida Diária
O Índice de Barthel foi aplicado no sentido de avaliar o nível de
dependência dos utentes inquiridos, relação às Actividades Básicas da Vida
Diária como: alimentação, vestir, banho, higiene corporal, uso de casa de
banho, controlo intestinal, controlo vesical, subir escadas, transferência cama-
cadeira e deambulação.
Este índice foi aplicado aos 30 utentes do Lar Anexo I, representando a
amostra do universo de 53 utentes. (vide anexo XIII)
Tal como já foi referido na caracterização dos participantes, a nível
global verificou-se que, apenas três participantes são independentes. Dos vinte
e sete utentes dependentes, a maioria (10) é moderadamente dependente,
seguindo-se nove utentes totalmente dependentes, cinco ligeiramente
dependentes e três severamente dependentes.
No que diz respeito ao item da alimentação observou-se que, a maioria
dos utentes inquiridos (26) necessita de ajuda para a realização das refeições
diárias, um utente é dependente e apenas três são independentes.
134
Gráfico nº 24- Nível de dependência- Item Alimentação
Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013
Relativamente à actividade de vestir, dezasseis utentes necessitam de
ajuda, nove utentes são dependentes e cinco independentes.
Gráfico nº 25- Nível de dependência - Item Vestir
Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013
No que concerne ao banho, a maioria dos utentes (26 do total de 30
inquiridos) é dependente. Tal situação de dependência também acontece ao
nível da higiene corporal, onde apenas cinco utentes são independentes.
Gráfico nº 26-Nível de dependência – Item Banho
3; 10%
26 87%
1 3%
Independente
Necessita de ajuda
Dependente
5 17%
16 53%
9 30%
Independente
Necessita deajuda
Dependente
4 13,3%
26 86,7%
Independente
Dependente
135
Gráfico nº 27-Nível de dependência – Item Higiene Corporal
Quanto ao uso da casa de banho, oito utentes são independentes e
onze participantes, em ex-aequo, necessitam de ajuda e são dependentes.
Gráfico nº 28- Nível de dependência – Item Uso da Casa de Banho
Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013
Relativamente ao controlo intestinal, a maioria dos inquiridos é
incontinente ocasional, seguindo-se dez utentes independentes e sete
incontinentes fecais.
Gráfico nº 29- Nível de dependência – Item Controlo intestinal
Fonte: Índice de Barthel,
SCMS,2013
8 27%
11 36%
11 37% Independente
Necessita deajudaDependente
Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013
10 34%
13 43%
7 23% Independente
Incontinente ocasional
Incontinente fecal
5 17%
25 83%
Independente
Dependente
136
No que diz respeito ao controlo vesical, oito utentes são independentes,
quinze incontinentes ocasionais e sete incontinentes ou algaliados.
Gráfico nº 30 - Nível de dependência – Item Controlo Vesical
Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013
Quanto à capacidade para subir escadas, a maioria (17) revela ser
dependente, seguindo-se oito utentes que necessitam de ajuda e cinco
independentes.
Gráfico nº 31- Nível de dependência- Item Subir escadas
Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013
Relativamente à transferência da cama para a cadeira, em ex-aequo,
dez utentes necessitam de ajuda mínima e grande ajuda. Também em ex-
aequo, cinco utentes são independentes e dependentes.
8 27%
15 50%
7 23%
Independente
Incontinente ocasional
Incontinente oualgaliado
5 17%
8 27%
17 56%
Independente
Necessita de ajuda
Dependente
137
Gráfico nº 32- Nível de dependência- Item Transferência cama-cadeira
Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013
No que diz respeito à capacidade para deambular, a maioria dos
inquiridos necessita de ajuda mínima, nove utentes são dependentes, sete
independentes e quatro conseguem ser independentes com o apoio da cadeira
de rodas.
Gráfico nº 33- Nível de dependência- Item Deambulação
Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013
Em síntese, a maioria dos utentes é: dependente ao nível do banho,
higiene corporal e subir escadas; necessita de ajuda na alimentação, vestir e
deambulação; é incontinente ocasional a nível intestinal e vesical. Em relação
ao uso da casa de banho e da transferência para a cama-cadeira, o número de
utentes dependentes é igual ao número dos que necessitam de ajuda.
5 17%
10 33% 5
17%
10 33%
Independente
Necessita de ajudamínima
Necessita de grandeajuda
Dependente
7 23%
10 34%
4 13%
9 30%
Independente
Necessita de ajuda
Independente comcadeira de rodas
Dependente
138
11.6.6 – Apresentação dos resultados dos questionários realizados aos utentes do Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines
Os utentes do Lar Anexo I (amostra de 30 idosos) da Santa Casa da
Misericórdia de Sines foram inquiridos através de um Questionário, onde se
pretendia caracterizar o idoso, conhecer a sua vida na Instituição e avaliar a
qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar.
A maioria das perguntas do questionário eram perguntas fechadas, para
facilitar a compreensão por parte dos utentes.
Para desenvolver o tema da qualidade dos cuidados aos idosos
dependentes foi necessário realizar algumas questões abertas que foram
posteriormente codificadas através da análise de conteúdo, permitindo a
sintetização dos resultados. (vide anexo XIV)
Os resultados da Caracterização do idoso (Parte I do Questionário)
foram apresentados aquando da caracterização dos participantes.
Os utentes foram caracterizados ao nível do sexo, estado civil, idade,
escolaridade, profissão, problemas de saúde, suporte social e nível de
dependência nas Actividades Básicas da Vida Diária.
Neste sentido, posteriormente serão apresentados os resultados que
correspondem à Vida do Idoso na Instituição e à Qualidade dos Cuidados
prestados pelas Ajudantes de Lar (Parte II e III do Questionário).
Vida no Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines
Questionados em relação ao tempo em que vivem na Instituição, os
utentes referiram uma diversidade de datas, entre os 5 meses e os 24 anos. Há
um utente a viver no Lar há apenas 5 meses enquanto outros dois já residem
no mesmo há 24 anos.
A maioria dos utentes (5) encontra-se há dois anos na instituição, quatro
utentes residem no Lar há 1 ano e em ex-aequo, três utentes vivem no Lar há 6
e 9 anos. Em ex-aequo há dois utentes a viver no Lar há 5, 8 e 24 anos e um
utente a viver há 5 meses, 9 meses, 3, 4, 5, 7, 10, 13, 16 e 20 anos.
139
Gráfico nº 34 – Tempo de ingresso na Instituição
Relativamente à opção de entrada para o lar verifica-se que a maioria
dos inquiridos (22) disse ter sido um familiar a tomar a decisão. Os restantes
oito utentes referem terem sido os próprios a decidir entrar para o Lar. Gráfico nº 35 – Escolha de entrada para o Lar
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014
140
No que diz respeito às expectativas de vida aquando do ingresso no Lar,
vinte utentes referiram que a vida no lar não foi ao encontro das suas
expectativas iniciais. Os restantes dez utentes inquiridos afirmaram que a vida
na instituição corresponde às suas expectativas.
Os vinte utentes que afirmaram ter uma vida na Instituição aquém das
expectativas iniciais apresentaram como justificações o aumento da
dependência (5 utentes); a admissão na instituição de forma contrariada (3
utentes); as saudades da família e da vida em casa (3 utentes); os problemas
com a qualidade da comida (2 utentes); o desconhecimento da realidade
institucional (2 utentes); o facto de terem vivido noutras instituições (2 utentes);
as dificuldades de convívio com os restantes utentes (1 utente) e a solidão
sentida (1 utente).
Os utentes que referiram que a vida na instituição ia ao encontro das
expectativas iniciais, apresentaram diversos aspectos que justificam esse facto.
Quatro utentes referiram já terem conhecimento da realidade institucional antes
de ingressarem no lar; uma utente afirmou ter frequentado a valência do Centro
de Dia; outra utente destacou as boas condições da instituição face à sua
habitação; uma utente afirmou grande satisfação na realização das actividades
sócio culturais; um utente destacou a vida independente que tem na instituição
e três utentes demonstraram satisfação com a vida no Lar.
Gráfico nº 36 – Vida na Instituição e expectativas iniciais
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014
141
Questionados relativamente à classificação da sua vida na instituição,
60% dos utentes inquiridos referiram ter uma vida razoável, 30% consideraram
ter uma vida boa e 10% dizem viver mal no Lar Anexo I. Nenhum utente
considerou viver muito bem no Lar.
Gráfico nº 37- Classificação da vida no Lar Anexo I
No que diz respeito à melhoria do bem-estar, os utentes mencionaram
factores que contribuem para o mesmo. Esses factores podem ser intrínsecos
aos utentes ou factores relacionados com a qualidade dos cuidados prestados.
Cinco utentes referiram que o seu bem-estar depende da melhoria do
estado de saúde relacionado com a diminuição da dependência; três idosos
destacaram a necessidade de convívio com os utentes e restante comunidade;
um utente não conseguiu explicitar factores que contribuam para o seu bem-
estar e três utentes afirmaram que o bem-estar depende da vida em família e
do regresso a casa.
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
142
No que concerne aos factores relacionados com a qualidade dos
cuidados prestados, os utentes destacaram a melhoria dos cuidados de higiene
(1 utente); dos cuidados de alimentação (1 utente); das condições de infra-
estruturas (6 utentes); o incremento das actividades sócio culturais (5 utentes)
e a importância de bons cuidadores (11 utentes).
Relativamente às actividades que realizam na instituição, a maioria dos
utentes inquiridos referiu que vê televisão e conversa com os restantes utentes.
Há ainda utentes que destacaram actividades tais como: fazer renda; participar
no loto; ir ao cinema; frequentar o atelier de costura; jogar dominó; fazer
actividades físicas (ginástica, fisioterapia, sessões de relaxamento, bocia),
escrever poesia; fazer palavras cruzadas; entre outras.
Gráfico nº 38 – Actividades sócio culturais no Lar Anexo I
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
143
No que diz respeito à frequência com que recebem visitas na Instituição
(num período semanal), a maioria dos utentes (40%) disse que raramente
recebe visitas; 33% afirmou que nunca recebe visitas; 16,67% recebem visitas
frequentemente e apenas 10% (3 utentes do total de 30) mencionaram receber
sempre visitas.
Gráfico nº 39 – Frequência das visitas aos utentes do Lar Anexo I
Relativamente às relações sociais dos utentes, verifica-se que 40% do
total de inquiridos disse ter uma boa relação com os familiares após a
institucionalização; 26,67% referiram que têm uma relação razoável e 33,33%
uma má relação.
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
144
Gráfico nº 40- Relações com os familiares após a institucionalização
Quanto às relações com os restantes utentes da Instituição, 80% dos
idosos inquiridos (24 utentes) afirmou ter uma boa relação e seis utentes
disseram manter uma relação razoável. Nenhum utente referiu manter uma má
ou muito boa relação com os restantes.
Gráfico nº 41 – Relação com os restantes utentes do Lar Anexo I
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
145
Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar
No que diz respeito às relações com as Ajudantes de Lar, vinte cinco
utentes (83% dos inquiridos) afirmaram manter uma boa relação; quatro
utentes (13%) referiram uma relação razoável e apenas um utente disse ter
uma relação muito boa. Destaca-se que nenhum utente considerou manter
uma má relação com as Ajudantes de Lar.
Gráfico nº 42- Relação dos utentes do Lar Anexo I com as Ajudantes de Lar
Relativamente às qualidades que mais valorizam nos cuidadores, os
utentes inquiridos apresentaram resultados para a qualidade que valorizam, em
primeiro, segundo e terceiro lugar.
No que concerne à primeira qualidade valorizada nas Ajudantes de Lar,
quinze utentes (50% dos inquiridos) afirmaram valorizar a simpatia; seis
utentes destacaram a atenção; três utentes valorizaram o profissionalismo e
dois utentes realçaram a importância do carinho. A motivação, a calma, os
conhecimentos e a educação foram referidos pelos restantes quatro utentes.
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
146
Gráfico nº 43- Primeira qualidade valorizada nos cuidadores fornais
Q
Quanto à segunda qualidade que valorizam nas Ajudantes de Lar
cuidadoras, a maioria dos utentes inquiridos destacou o carinho (13 utentes),
seguindo-se a simpatia (7 utentes) e a atenção (4 utentes). Os restantes
utentes inquiridos mencionaram, ainda, o profissionalismo (2 utentes), a
empatia (1 utente), o cuidado (2 utentes) e a motivação (1 utente).
Gráfico nº 44- Segunda qualidade valorizada nos cuidadores formais
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
147
Por último, quando questionados sobre a terceira qualidade valorizada
nos cuidadores, nove utentes referiram a atenção, seguindo o carinho e
simpatia com cinco utentes em ex-aequo. Também foram mencionados o
profissionalismo (3 utentes), a empatia (2 utentes), o cuidado (3 utentes), a
motivação (1 utente) e os conhecimentos (2 utentes).
No geral, as três qualidades mais valorizadas nas Ajudantes de Lar,
pelos utentes inquiridos, foram a simpatia (27 utentes), o carinho (20 utentes) e
a atenção (19 utentes).
Gráfico nº 45- Terceira qualidade valorizada nos cuidadores formais
No que concerne à satisfação com os cuidados de higiene recebidos, a
maioria dos utentes (22) referiram estar satisfeitos; sete utentes dizem-se nem
insatisfeitos nem satisfeitos e um utente afirmou encontrar-se insatisfeito com
os cuidados de higiene recebidos. Nenhum utente mencionou estar muito
insatisfeito ou muito satisfeito.
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
148
Gráfico nº 46- Grau de satisfação com os cuidados de higiene
Questionados em relação aos cuidados do banho, quatro utentes
disseram que não necessitam de apoio para os realizar.
Gráfico nº 47- Necessidade de apoio para tomar
Dos vinte e seis utentes que necessitam de apoio para tomar banho,
quinze mencionaram receber bons cuidados e onze afirmaram que lhe são
prestados cuidados razoáveis.
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
149
Gráfico nº 48 – Qualidade dos cuidados recebidos no banho
No que diz respeito aos cuidados de higiene diária, oito utentes
afirmaram que não recebem os cuidados de higiene que necessitam. As
justificações dadas pelos utentes foram: a insatisfação com os banhos (seis
utentes referem o facto de só haver um banho semanal); a desvalorização da
higiene oral (um utente); o tempo de espera na mudança das fraldas (um
utente) e os poucos cuidados com o cabelo e as unhas, referidos por uma
utente que também destacou a insatisfação com o banho.
Gráfico nº 49 – Cuidados ao nível da higiene diária
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
150
Relativamente à satisfação dos cuidados com a alimentação, dezasseis
utentes afirmaram estar satisfeitos; dez utentes nem insatisfeitos nem
satisfeitos e quatro utentes insatisfeitos.
Gráfico nº 50 – Grau de satisfação com os cuidados de alimentação
Quando foram questionados em relação aos cuidados para a realização
das refeições diárias, apenas uma utente afirmou não receber os cuidados que
necessita. - “Às vezes é difícil ter ajuda para cortar a carne e arranjar a fruta.” (P26).
Gráfico nº51- Apoio na realização das refeições diárias
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
151
No que diz respeito ao grau de satisfação com os cuidados prestados
em relação ao vestuário, vinte e cinco utentes do total de trinta inquiridos
afirmaram estar satisfeitos; três utentes nem insatisfeitos nem satisfeitos e dois
utentes insatisfeitos.
Gráfico nº 52- Grau de satisfação com os cuidados de vestuário
Quando questionados se recebiam os cuidados de vestuário
necessários, três utentes disseram que não. Estes utentes demonstraram
insatisfação com os cuidados de vestuário não por parte das Ajudantes de Lar
mas sim do serviço de lavandaria/ rouparia.
“A minha roupa é lavada em casa porque desaparece muita roupa na lavandaria
do Lar” (P12)
“Por vezes a roupa perde-se na lavandaria” (P19).
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
152
Gráfico nº 53- Cuidados ao nível do vestuário
Relativamente à satisfação com as roupas que vestem diariamente,
apenas uma utente disse não se sentir bem com a roupa que veste.
“Nunca mais vesti a roupa que tinha em casa.” (P20)
Os restantes vinte e nove utentes inquiridos afirmaram que se sentem
bem com a roupa que vestem diariamente.
É a roupa que vesti toda a vida (P2);
“Gosto de roupa leve adequada à minha condição” (P3);
“Não é a roupa que usava antigamente mas sinto-me bem. Uso calças porque
estou de cadeira de rodas” (P1).
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
153
Gráfico nº 54- Satisfação dos utentes com a roupa que vestem diariamente
No que diz respeito à frequência com que escolhem a roupa que usam
diariamente, vinte e um utentes disseram ser os mesmos a escolher sempre a
roupa; seis utentes afirmaram escolher a roupa frequentemente; dois utentes
referiram escolher a roupa raramente e um utente disse que nunca escolhe a
roupa que veste.
A utente (P20) que nunca escolhe a roupa que usa diariamente é a
mesma que encontra insatisfeita com o seu vestuário.
Gráfico nº 55 – Frequência da escolha de roupa diária
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
154
Questionados acerca dos motivos pelos quais raramente ou nunca
escolhem a roupa que vestem, os três utentes referiram que normalmente são
as Ajudantes de Lar que escolhem a roupa, uma vez que, se encontram
dependentes e não se vestem sozinhos.
“Normalmente são as ajudantes de lar que escolhem a roupa quando me
vestem” (P1);
“Como sou acamada são as ajudantes de lar que escolhem a roupa” (P20);
“Como não me visto sozinho, as ajudantes é que escolhem a roupa” (P30).
No que concerne aos cuidados percepcionados ao nível do apoio sócio
emocional, 40% dos utentes inquiridos referiu que não percepciona esse apoio.
As razões que apontam para que os cuidadores formais não lhe prestem
cuidados ao nível do apoio sócio emocional passam pela falta de tempo dos
cuidadores, pela dificuldade dos utentes em receber esse apoio ou pelo
desconhecimento do que este representa.
“Quando estou triste ou sinto falta de apoio procuro junto de outras pessoas.
Não sinto esse apoio porque se calhar também não o procuro.” (P4)
“Não consigo explicitar situações em que tenha sentido esse apoio.” (P6) “Acho que esse apoio não existe porque há pouco tempo. Apenas tratam da
roupa, comida e higiene.” (P7)
Os 60% do total dos utentes inquiridos que percepcionam o apoio sócio
emocional por parte das Ajudantes de Lar apresentam sentimentos de
valorização, apoio, carinho e reforço de auto-estima.
“Sinto que me tratam com carinho, chamam pelo meu nome e perguntam como
estou.” (P1)
“Sinto que me dão importância e que sou valorizada. Faço recolha de
tampinhas e todas me dão e ajudam na recolha.” (P3)
“Acho que me dão muito apoio, brincam comigo. Sinto que sou apoiada em
tudo.” (P5)
“Noto esse apoio quando brincam comigo no dia-a-dia.” (P8)
155
Gráfico nº 56 – Apoio sócio emocional dos utentes do Lar Anexo I
A totalidade dos utentes inquiridos classificou a qualidade dos cuidados
prestados pelas Ajudantes de Lar., a nível geral. A maioria dos utentes
inquiridos (22 idosos) referiram receber bons cuidados; sete utentes disseram
que os cuidados são razoáveis e um utente classificou os cuidados como
maus.
Gráfico nº 57- Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
156
No que diz respeito aos factores que interferem na qualidade dos
cuidados prestados, 83% dos inquiridos referiram existir relação entre o
desgaste dos cuidadores e a qualidade dos cuidados que os utentes recebem.
Os vinte e cinco utentes que afirmaram existir interferência do desgaste
dos cuidadores na qualidade dos cuidados aos utentes, mencionaram que os
cuidadores desgastados apresentam maior tristeza (9 utentes), cansaço
excessivo (8 utentes), menos paciência (7 utentes), falta de força (6 utentes) e
menor empenho (1 utente).
“Há dias em que estão tristes e dizem que não lhes apetece falar com
ninguém.” (P20)
“Às vezes vê-se que as pessoas estão cansadas e custam a aguentar o
trabalho. Assim tudo é pior.” (P28)
“Por mais que não queiram o cansaço dificulta os cuidados.” (P21)
Quando têm mais trabalho nota-se menos paciência e tempo para fazer as
coisas.” (P30)
Quando as funcionárias estão doentes têm menos força para nos ajudar a
levantar e vestir. Estamos todos mais tristes.” (P14)
Quando as Ajudantes de Lar estão bem, os cuidados são prestados de melhor
forma. Quando estão doentes ou tristes têm menos força, paciência e
empenho.” (P5)
Os restantes 17% dos inquiridos (cinco utentes) mencionaram que o
desgaste dos cuidadores não interfere na qualidade dos cuidados. Segundo os
mesmos, a qualidade dos cuidados é afectada por factores como: a empatia
com os utentes (2 utentes); as qualidades das Ajudantes de Lar (2 utentes) e a
escassez de recursos humanos (1 utente).
“ Os cuidados podem ser piores por estar aqui há menos tempo ou por não
gostarem de mim. Gostarem mais de uns do que de outros.” (P13)
“Considero que a qualidade dos cuidados é afectada pelo facto de haver
poucos recursos humanos.” (P23)
“Os cuidados diminuem de qualidade dependendo do feitio e carinho de cada
funcionária. Se forem simpáticas e com bom feitio, os cuidados são melhores.”
(P27)
157
Gráfico nº 58 – Relação entre a qualidade dos cuidados e o desgaste dos
cuidadores formais
Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014
Em síntese, no que diz respeito à vida dos utentes na instituição pode-se
referir que a maioria não escolheu entrar para o lar e disse ter uma vida aquém
das suas expectativas. Apesar disto, a maioria dos utentes considerou ter uma
vida razoável no Lar Anexo I.
Relativamente às actividades sócio culturais que participam, os utentes
apresentaram uma grande diversidade de actividades, no entanto, a maioria
referiu que apenas vê televisão e conversa com os restantes utentes.
A maioria dos utentes inquiridos afirmou que raramente recebe visitas
apesar de manter uma boa relação com os familiares, tal como com os
restantes utentes.
No que diz respeito à caracterização dos cuidados prestados pelas
Ajudantes de Lar, verifica-se que a maioria dos inquiridos demonstrou estar
satisfeito com os cuidados de higiene, alimentação e vestuário.
Os problemas apresentados ao nível da higiene centralizaram-se nas
questões do banho (por ser apenas uma vez na semana); ao nível do vestuário
158
houve críticas em relação ao serviço de lavandaria e na alimentação apenas
uma utente referiu não receber o apoio necessário para a realização das
refeições diárias.
No que concerne aos cuidados ao nível do apoio sócio emocional
verificaram-se algumas dificuldades na percepção do mesmo, apesar de a
maioria referir que recebe esse apoio.
A maioria dos utentes inquiridos considerou que a relação com os
cuidadores é boa, valorizando a simpatia, o carinho e a atenção dos mesmos.
Os cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar foram classificados de
forma positiva.
Quanto aos factores que interferem na qualidade dos cuidados
prestados, a maioria dos utentes considerou que o desgaste dos cuidadores é
um factor potenciador. Os utentes inquiridos afirmaram que cuidadores
desgastados têm menos paciência, falta de força, cansaço excessivo e maior
tristeza, situações que se reflectem nos cuidados que prestam.
11.7- Análise dos Resultados
O envelhecimento populacional é um fenómeno em constante
crescimento, exigindo uma série de adaptações da sociedade.
Quando se vive mais anos, há uma tendência para se ser mais
dependente dos cuidados de terceiros.
Neste sentido, quando se aborda a temática do envelhecimento não se
pode deixar de referir a importância do cuidador para o bem-estar dos mais
velhos, principalmente dos dependentes.
Na investigação realizada verificou-se que, a totalidade dos inquiridos
apresentava problemas de saúde, sendo que a maioria (90%) encontrava-se
em situação de dependência.
De acordo com outros estudos analisados observa-se uma tendência
para a dependência dos idosos institucionalizados. Segundo Rocha (2009: 97),
no âmbito da investigação Stress e coping do cuidador de idoso em situação de
dependência, 98% dos idosos inquiridos apresentava uma situação de
dependência.
159
No que concerne à satisfação dos utentes com a vida na Instituição,
60% dos inquiridos disseram ter uma vida razoável. Estes resultados vão ao
encontro de outras investigações, tais como a de Oliveira (2011), Qualidade de
vida dos Idosos do Centro de Convívio de Canidelo, em que a maioria dos
inquiridos disse não ter uma vida nem boa nem má.
Muitas vezes a satisfação dos utentes com a vida na Instituição está
relacionada com a entrada para o lar. A maioria dos utentes inquiridos não
escolheu entrar para o Lar, esta decisão foi tomada pela sua família.
Segundo Torrão (2010:17) são diversas as razões que justificam um
pedido de integração em Lar: “ o afastamento, o conflito nas relações familiares,
intromissão na privacidade de filhos/netos, a falta de condições habitacionais, falta de
tempo por parte dos familiares devido a circunstâncias profissionais, são as razões
apontadas com maior frequência de modo a justificar o pedido de integração, tendo a
família uma influência directa ou indirecta na tomada de decisão, pois a pessoa de
idade pensa ser um peso para a família com sentimentos de rejeição ou tolerância.”
Na perspectiva de Silva (2011:49) as melhorias na qualidade de vida dos
utentes podem estar relacionadas com a saúde dos próprios, o bem-estar na
instituição, o contexto familiar, as actividades, ocupações de tempos livres e a
situação financeira.
Na investigação realizada, os utentes inquiridos apresentaram alguns
factores promotores da melhoria do seu bem-estar, onde focaram factores
intrínsecos como a melhoria da saúde e consequente diminuição de
dependência e factores extrínsecos, centralizados na prestação de cuidados e
qualidades dos cuidadores.
As qualidades dos cuidadores que os utentes mais valorizaram foram a
simpatia, o carinho e a atenção. “É importante que o relacionamento entre paciente e cuidador seja construído
de modo afectivo para se obter uma boa qualidade de vida de ambas as partes. O
entendimento que cada um dos idosos possui das suas próprias características e o
modo como os cuidadores se relacionam com os idosos, assume-se como aspecto
essencial para melhorar a relação cuidador-idoso.” (Ferreira,2012:66-67).
A maioria dos utentes inquiridos demonstrou ter uma boa relação com os
seus cuidadores e restantes utentes, o que de acordo com Guiomar (2012)
160
pode beneficiar o bem-estar dos mesmos e a adaptação ao contexto em que se
encontram.
No que diz respeito às actividades que realizam na instituição observou-
se que, a maioria apenas vê televisão e conversa com os restantes utentes,
apesar de existir uma grande diversidade de actividades.
Segundo CID et al (2005:64) “muitas pessoas que vivem em acolhimento
residencial passam os dias diante de um televisor colocado numa posição elevada,
sintonizada para um programa de pouco interesse e com o som alto, partindo do
princípio de que todos os residentes têm dificuldades auditivas. Esta prática deve ser
totalmente banida. (…) Os residentes devem participar em actividades da mais variada
natureza: desportivas, artísticas, culturais, recreativas ou religiosas. A estrutura
residencial deve estimular a participação dos residentes em actividades organizadas
na comunidade e deve também ter iniciativa própria neste campo.” (CID et al,
2005:64).
Relativamente à qualidade dos cuidados recebidos, a maioria dos
utentes inquiridos disse receber bons cuidados, no entanto, apresentou
diversos factores que podem originar a diminuição da qualidade dos mesmos,
tais como: o cansaço dos cuidadores, a falta de força, menos paciência, maior
tristeza, a empatia com os utentes, as características dos cuidadores, entre
outros. “A qualidade do cuidado é um termo de difícil definição e que se refere a
julgamentos de valores aplicados a determinados aspectos, propriedades, ingredientes
ou dimensões do cuidado.” (Ribeiro et al, 2009: 871).
Diversos estudos vão ao encontro dos factores apresentados pelos
utentes, como causadores da diminuição da qualidade dos cuidados. Segundo
Fragoso (2008) a paciência e a atenção são fulcrais para o bem-estar e
qualidade de vida dos utentes. “A paciência é um importante instrumento do cuidado com o qual eu permito
que o outro cresça respeitando o seu próprio tempo e a sua própria maneira.”
(Fragoso, 2008:56). “A atenção deve ser encarada considerando todas as dimensões inerentes ao
Ser Humano - a dimensão física, psíquica, social e espiritual. Além disso deve ser uma
atenção permanente e continuada, tendo em conta as necessidades individuais do
utente.” (Fragoso, 2008:57).
161
Quanto aos resultados observados a nível dos cuidadores formais
inquiridos, verificou-se que a totalidade dos mesmos era do sexo feminino,
casados e apresentava uma baixa escolaridade.
Estes resultados coincidem com outros estudos onde se observou que, “de uma maneira geral, o perfil dos cuidadores de idosos em instituições de longa
permanência é representado por profissionais do sexo feminino, com estado civil
casado e baixo nível académico (possuindo a maioria a 4ª classe ou o 6º ano).” (Ribeiro et al, 2008:1291).
No que diz respeito à formação profissional verificou-se que, a maioria
das cuidadoras inquiridas tinha frequentado formações na área da Geriatria.
De acordo com Ferreira (2012:55) a maioria dos cuidadores formais de
idosos dependentes possuem formações na área da geriatria, envelhecimento,
cuidados básicos, cuidados de higiene, posicionamentos, primeiros socorros e
suporte básico de vida.
No âmbito da investigação Ser cuidador: um estudo sobre a satisfação
do cuidador formal de idosos, Ferreira (2012:54) verificou que, a maior parte
dos participantes trabalhava na instituição pela necessidade de emprego.
Estes resultados não vão ao encontro dos observados na investigação,
pois a maioria das Ajudantes de Lar do Anexo I demonstrou ter escolhido a
profissão pelo gosto de trabalhar com os idosos.
Relativamente à sobrecarga apresentada pelos cuidadores formais
observou-se que, a maioria se encontrava numa situação de sobrecarga
intensa. Estes resultados são semelhantes aos de outros estudos realizados no
âmbito dos cuidadores formais e informais de idosos dependentes.
Segundo o estudo realizado por Ricarte (2009:90) os cuidadores
apresentavam elevados níveis de sobrecarga, sendo que 41% do total dos
inquiridos tinham sobrecarga intensa.
As Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines
referiram que além de sobrecarga física se sentiam desgastadas a nível
psicológico, no entanto os resultados da EADS-21 não apresentaram cotações
muito elevadas, sendo que o stress era a subescala com a cotação máxima.
Também noutras investigações, os resultados do desgaste psicológico
ficaram abaixo do desgaste físico. Mendes (2010:51) verificou que 50-80% dos
162
cuidadores não manifestam sintomas depressivos clinicamente significativos,
não beneficiando de um tratamento que tenha como objectivo a sua redução.
Este facto pode estar relacionado com as estratégias de coping dos
cuidadores. As Ajudantes de Lar do Anexo I apresentaram estratégias como
manter a calma, esquecer os problemas, manter a boa disposição, trabalhar
em equipa, conviver com os utentes e caminhar após o trabalho.
Rocha (2009:105) apresentou diversas estratégias dos cuidadores
formais de idosos dependentes, tais como as estratégias centradas: na
prestação de cuidados, nas alternativas sobre a situação, no problema, no
cuidador, no meio e na partilha do problema.
Em termos gerais, as cuidadoras do Lar Anexo I apresentaram
dificuldades relacionadas com o número insuficiente de recursos humanos, a
excessiva carga física, a falta de tempo, de condições de infra-estruturas e
materiais, as dificuldades de trabalhar em equipa, de dar atenção aos utentes,
e comunicar com os mesmos.
Estas problemáticas acabam por suscitar dificuldades na prestação de
cuidados e originar o desgaste dos cuidadores e a diminuição da qualidade dos
serviços. “A sobrecarga de trabalho tem como consequência a falta de tempo para
desempenhar as actividades inerentes a sua ocupação, o que provoca impacto directo
na assistência prestada. Tendo em vista a complexidade e especificidade do
atendimento à pessoa idosa relatada pelos próprios cuidadores, a sobrecarga de
trabalho prejudica-os e aos idosos.” (Colomé et al, 2011:309).
Segundo Torrão (2010:21) as trabalhadoras existentes em cada
instituição são em baixo número e têm dificuldade em conseguir realizar o seu
trabalho com qualidade, prevalecendo a quantidade de serviço em detrimento
da qualidade.
No perspectiva de Barbosa et al (2011) a falta de tempo para executar
as tarefas e a falta de recursos disponíveis também foram referidos como
obstáculos à plena prestação de cuidados.
A falta de tempo e de recursos humanos repercute-se na dificuldade em
dar atenção aos utentes e em realizar uma série de actividades do quotidiano.
De acordo com Ribeiro et al (2009: 64), o acumular de actividades é uma
realidade presente nas Instituições, o que pode levar a situações negativas de
163
desgaste físico e mental, repercutindo-se no atendimento ao idoso assim como
na sua própria qualidade de vida.
Apesar de todas as dificuldades do dia-a-dia profissional, as cuidadoras
do Lar Anexo I conseguiram destacar aspectos positivos no acto de cuidar,
nomeadamente o contacto com os utentes cuidados.
Noutros estudos, “a manutenção da dignidade e o sentimento de que se está
a contribuir para o bem-estar das pessoas idosas foram referidas como as principais
gratificações para os participantes.” (Barbosa et al, 2011:126).
As cuidadoras do Lar Anexo I demonstraram consciência de que
existem melhorias a fazer nos cuidados aos utentes e que o bem-estar dos
mesmos depende, entre outros factores, da atenção e dos cuidados prestados
pelos cuidadores.
Neste sentido, será necessário intervir não só ao nível dos idosos
dependentes mas também dos seus cuidadores, dos quais depende em grande
parte a qualidade de vida dos utentes.
164
Parte III- Projecto de Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”
12- Proposta de Projecto de Intervenção
12.1 – Enquadramento
Na perspectiva de Guerra (2000) um projecto de intervenção deve
responder à expressão de um desejo, de uma vontade, de uma intenção mas
também à expressão de uma necessidade, de uma situação a que se pretende
responder.
Neste sentido, a autora (2000:126) define um projecto como “a resposta a
um desejo de mobilizar as energias disponíveis com o objectivo de maximizar as
potencialidades endógenas de um sistema de acção garantindo o máximo de bem-
estar para o máximo de pessoas.”
Para que se consiga desenhar um projecto de intervenção é necessário
seguir diferentes etapas. Estas sistematizam-se na “ identificação dos problemas
e diagnóstico; definição dos objectivos; definição de estratégias; programação de
actividades; preparação do plano de acompanhamento e de avaliação de trabalho e
publicitação dos resultados e estudo dos elementos para a prossecução do projecto”. (Guerra,2000:128). Com o intuito de dar resposta às principais prioridades de intervenção foi
proposto um Projecto no âmbito dos cuidadores formais de idosos
dependentes, designado “Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”.
Seguidamente apresenta-se a sistematização das diferentes etapas
realizadas para a definição do Projecto. Inicialmente realizou-se a análise das
situações-problemas, surgindo as prioridades de intervenção, para as quais
foram definidos objectivos. Por último, planificou-se as diferentes acções e as
estratégias de avaliação das mesmas.
165
12.2 – Análise das situações-problema
O diagnóstico é um processo de pesquisa-acção participado que permite
o conhecimento científico dos fenómenos sociais e a capacidade de definir
intervenções que atinjam as causas dos mesmos e não as suas manifestações
aparentes. Neste sentido “realizar um diagnóstico significa identificar as mudanças
sociais que formatam uma determinada problemática sobre a qual vamos intervir.”
(GUERRA, 2000:129)
Ao longo da investigação foram utilizados diferentes instrumentos de
recolha de dados (Entrevista, Inquérito por Questionário e Escalas de
Avaliação Psicológica) que permitiram realizar um diagnóstico das
necessidades de intervenção.
Quando se realizam investigações sociais é frequente que se
apresentem múltiplos problemas e necessidades sobre os quais não se pode
intervir simultaneamente, sendo, neste sentido, necessário definir quais os
problemas prioritários.
De acordo com Idáñez e Ander-Egg (1999:81) os critérios para se
estabelecer prioridades de intervenção devem responder a quatro questões:
Qual é o problema mais grave? O que trará maiores vantagens para o futuro?
Que necessidades e problemas se podem atender com os recursos
disponíveis? Quais os problemas que mais preocupam as pessoas?
Seguidamente apresenta-se um quadro síntese da análise das
situações-problema detectadas ao longo da investigação.
166
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172
12.3 – Objectivos do Projecto
Após o diagnóstico e a hierarquização das prioridades de intervenção
tornou-se possível definir as finalidades e os objectivos (gerais e específicos) a
atingir.
Segundo Guerra (2000:163) “as finalidades indicam a razão de ser de um
projecto e a contribuição que ele pode trazer aos problemas e às situações que se
torna necessário transformar.”
O Projecto de Intervenção “Cuidar de quem Cuida de idosos
Institucionalizados” tem como principal finalidade desenvolver estratégias de
promoção do bem-estar dos cuidadores formais e dos idosos dependentes dos
mesmos.
A definição dos objectivos não é uma tarefa fácil nem a distinção dos
objectivos gerais dos específicos.
De acordo com Guerra (2000:163) os objectivos gerais descrevem
grandes orientações para as acções e são coerentes com as finalidades do
projecto. Os objectivos específicos simbolizam a operacionalização dos
objectivos gerais, detalhando os mesmos. É com base nestes que é possível
proceder à avaliação final, pelo que têm de ser formulados com clareza e
precisão.
O objectivo geral do projecto é promover e divulgar estratégias
facilitadoras da prestação de cuidados, visando a diminuição do desgaste dos
cuidadores e a melhoria da qualidade dos cuidados prestados aos idosos
dependentes.
Os objectivos específicos das acções planificadas no Projecto seguem
os princípios básicos dos programas de intervenção ao nível dos cuidadores,
definidos por Sequeira (2010:248).
Estes princípios da intervenção ao nível dos cuidadores formais de
idosos dependentes são:
Centrar-se nas necessidades dos idosos dependentes e dos
cuidadores;
Ajudar o cuidador a reconhecer quando necessita de ajuda;
Ajudar a encontrar estratégias facilitadoras da prestação de
cuidados;
173
Orientar para a planificação de actividades;
Ajudar o cuidador a aceitar que a sobrecarga pode ocorrer
naturalmente;
Incentivar o cuidador a cuidar de si próprio;
Orientar o cuidador sobre quando e a quem deve pedir ajuda;
Orientar o cuidador sobre tipos de ajudas existentes;
Incentivar o cuidador a estabelecer objectivos;
Ensinar técnicas de alívio de stress;
Orientar sobre estratégias promotoras da utilização dos recursos
pessoais;
Adoptar estratégias para manter/promover a automotivação;
Orientar o cuidador para se centrar nos aspectos positivos;
Orientar para importância da manutenção dos contactos sociais;
Promover a adopção de estratégias promotoras da independência
do idoso;
Salientar a importância da satisfação e do bem-estar, orientando
o cuidador para a implementação de estratégias que o promovam.
12.4 – Plano de acção do Projecto
Após a formulação dos objectivos realizou-se a planificação das acções
do projecto. “Um plano de acção não contém apenas as actividades e as tarefas, mas
também os restantes elementos de trabalho que constituem a totalidade das
actividades que se levarão a cabo: o plano de actividades propriamente dito –
actividades, tarefas, organização, recursos, calendário; plano de avaliação e plano de
pesquisa-acção.” (GUERRA, 2000:173)
Seguidamente apresenta-se um quadro síntese do plano de acção do
Projecto “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados.”
174
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12.5 – Avaliação do Projecto
Após a definição do plano de acção é possível executar o projecto e
realizar a avaliação do mesmo.
Todos os projectos têm um “plano de avaliação que se estrutura em função
do seu desenho e é acompanhado por mecanismos de autocontrole que permitem, de
forma rigorosa, ir conhecendo os resultados e os efeitos de intervenção e corrigir as
trajectórias caso estas sejam indesejáveis.” (GUERRA, 2000:175)
A avaliação difere em relação a quem a realiza, às suas funções, aos
modelos, à temporalidade e aos critérios.
No que concerne à realização da avaliação, esta pode ser apenas
realizada pela equipa que a executa (auto-avaliação), pela organização gestora
do projecto (avaliação interna), pelas pessoas estranhas à organização
(avaliação externa) ou pela combinação de todas as avaliações (avaliação
mista).
Segundo Guerra (2000:186) a avaliação tem pelo menos quatro funções
principais: de medida; de utensílio de apoio à tomada de decisão; de processo
de formação e de aprofundamento da democracia participativa.
Relativamente aos diferentes modelos de avaliação, estes podem ser:
avaliação pela investigação, que se foca nos resultados e pretende generalizá-
los; avaliação por objectivos, que pretende avaliar se os objectivos são
atingidos; avaliação orientada para as decisões que precisam ser tomadas;
avaliação para maximizar a utilização dos resultados e a avaliação múltipla,
que depende de uma diversidade de actores.
No que diz respeito à temporalidade da avaliação esta pode ser
diagnóstica (pretende verificar se o projecto deve ou não ser implementado), de
acompanhamento (avalia a concretização do projecto) e final (mede os
resultados e efeitos do projecto).
Na perspectiva de Guerra (2000:198) a avaliação deve seguir os
seguintes critérios: adequabilidade (o projecto é adequado à realidade?);
pertinência (justifica-se o projecto?); eficácia (os objectivos foram
concretizados?), eficiência (confrontação entre os resultados e os recursos
disponibilizados); equidade (houve uma igualdade de oportunidades?) e
impacto (obteve-se uma melhoria da situação?).
180
No caso específico do Projecto “Cuidar de quem Cuida de Idosos
Institucionalizados” a avaliação será mista e realizada ao longo do Projecto e
no final do mesmo.
No que diz respeito à auto-avaliação realizar-se-á uma ficha de
avaliação, onde se reflecte sobre a utilização dos critérios de adequabilidade,
pertinência, eficácia, eficiência, equidade e impacto. (vide apêndice VIII)
No final de cada acção haverá uma ficha de avaliação para todos os
participantes, onde se pretende verificar se os diferentes critérios e objectivos
foram atingidos. (vide apêndice IX)
A observação das acções e do dia-a-dia profissional dos cuidadores
formais, por parte do investigador, também servirá para reflectir acerca da
importância do Projecto e da continuidade, ou não, do mesmo.
181
Conclusões
O envelhecimento da sociedade é uma realidade inevitável, fruto da
maior longevidade humana, o que acarreta um aumento dos índices de
dependência, de morbilidade e vulnerabilidade do idoso.
Esta realidade de uma sociedade mais envelhecida implica a
necessidade de se pensar em formas de assistência que promovam a
qualidade de vida do idoso e também do seu cuidador.
O cuidador necessita de apoios para realizar os cuidados adequados à
dependência dos utentes e necessidades dos mesmos. Verifica-se cada vez
mais a importância de “cuidar de quem cuida”.
Neste âmbito realizou-se uma investigação no Lar Anexo I da Santa
Casa da Misericórdia de Sines, com as Ajudantes de Lar e uma amostra dos
idosos institucionalizados no mesmo.
Na investigação realizada verificaram-se elevados níveis de desgaste
dos cuidadores (físico e psicológico), o que do ponto de vista da maioria dos
utentes, implica um decréscimo da qualidade dos cuidados prestados.
Os utentes participantes apresentam elevados níveis de dependência, o
que reafirma a importância dos cuidadores na prestação de cuidados aos
mesmos.
Os cuidadores referiram uma diversidade de razões que justificam a
situação de desgaste, sintetizando-se principalmente nos seguintes factores:
falta de espaço dos quartos; falta de tempo; falta de pessoal; esforço físico na
prestação de cuidados de utentes pesados; falta de condições materiais e de
infra-estruturas; dificuldade de trabalhar em equipa; trabalho por turnos;
dificuldade de comunicação com os utentes com demência.
Apesar de apresentarem elevados níveis de desgaste e de considerarem
que o mesmo afecta a sua saúde, os cuidadores destacam o gosto pelo
trabalho com os utentes, como um dos principais aspectos positivos no acto de
cuidar.
O gosto de trabalhar com os utentes acaba por ser identificado como
uma estratégia de coping, tal como o trabalho em equipa, o manter a calma e
boa disposição, o caminhar após o trabalho e a empatia com os utentes.
182
Os cuidadores consideraram que poderiam melhorar a prestação de
cuidados ao nível da higiene e da atenção disponibilizada aos utentes.
Cerca de metade dos cuidadores formais inquiridos (seis Ajudantes de
Lar) afirmou que o seu desgaste físico e psicológico pode afectar a qualidade
dos cuidados que presta. As Ajudantes de Lar referiram terem menos força,
menos destreza, maior tristeza, mais impaciência e dificuldade em separar o
pessoal do profissional.
De um modo geral, os utentes participantes na investigação
demonstraram-se satisfeitos com os cuidados recebidos, apesar de referirem
que a qualidade dos mesmos pode ser afectada por um conjunto de factores
relacionados directamente com os cuidadores.
A falta de paciência, falta de força, menos empenho, maior tristeza e
mais cansaço dos cuidadores foram referidos como as razões que levam à
diminuição da qualidade dos cuidados recebidos. Além disso, os utentes
destacaram outros factores, como: a falta de recursos humanos, a pouca
empatia com os utentes e as características pessoais das Ajudantes de Lar.
Considerando os resultados apresentados foi definido um Projecto de
Intervenção, no sentido de promover estratégias de bem-estar para os
cuidadores e utentes cuidados.
Relativamente aos cuidadores formais, as acções planificadas baseiam-
se na promoção de estratégias que facilitem a prestação de cuidados, visando
a melhoria da qualidade de vida dos cuidadores (diminuição do desgaste físico
e psicológico) e da qualidade dos cuidados recebidos pelos utentes.
Ao nível dos utentes pretendem-se trabalhar a autonomização dos
mesmos, retardando a dependência ao nível das Actividades Básicas da Vida
Diária.
Em termos gerais, o Projecto de Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de
Idosos Institucionalizados” pretende, tal como o nome indica, cuidar dos
cuidadores formais de idosos, consciente de que o bem-estar dos mesmos se
repercute na melhoria da qualidade de vida dos utentes.
183
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