“ENCONTRAR ALGUÉM” · um dos mais conhecidos, chegou ao Brasil em 2013 e, mais tarde, em 2015,...

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BENTO GONÇALVES | 9 JUNHO 2020 | EDIÇÃO 229 | ANO 18 Preparamos uma reportagem especial para este Dia dos Namorados, com casais de diferentes gerações, que se conheceram através de redes sociais e que são exemplos de histórias com final feliz. Foto: Reprodução Web “ENCONTRAR ALGUÉM” ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS

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Preparamos uma reportagem especial para este Dia dos Namorados, com casais de diferentes gerações, que se conheceram através de redes sociais e que são exemplos de histórias com final feliz.

Foto: Reprodução Web

“ENCONTRAR ALGUÉM”

ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS

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“ENCONTRAR ALGUÉM” JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020

Por: Rodrigo De [email protected]

Edição: Kátia [email protected]

Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda. Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS | Fone: (54) 3454.2018 | 3451.2500 | E-mail: [email protected] | www.integracaodaserra.com.br

Periodicidade: Bimensal | Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374 | Jornalista e Social Media: Rodrigo De Marco - MTB 18973 | Área Comercial: Moacyr Rigatti | Atendimento: Sinval Gatto Jr. |

Diagramação: Vania Maria Basso | Editor de Fotografia: André Pellizzari | Colaboradores e Colunistas: Ancilla Dall´Onder Zat, Cesar Anderle, Rogério Gava

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Quando o virtual antecede o real

Encontrar alguém, encontrar alguém, encontrar al-guém, que me dê amor”. O trecho da música é da

banda mineira Jota Quest, um dos hits da segunda me-tade da década de 1990, época em que a internet não era popular. O refrão da letra “grudou” numa época em que encontrar alguém remetia a espaços físicos como parques, bares e danceterias e a eventos festivos. No iní-cio dos anos 2000, os chats online oferecidos por alguns sites começaram a cair no gosto popular. Os tempos ain-da eram de internet discada e os acessos em sites de re-lacionamentos ocorriam com mais frequência depois da meia noite. Com a internet sendo acessada, o telefone ficava ocupado.

Em 2004, o Orkut deu início à onda das redes sociais. O Facebook, que também surgiu em 2004, nos Estados Unidos, se popularizou no Brasil apenas em 2011. No ano seguinte, o Facebook já era a rede social mais utili-

Foto: Reprodução Web

Matchna buscada “carametade”

Histórias de casais que encontraram seus companheiros através de aplicativos, jogo eletrônico e redes sociais

zada no Brasil e em outros países da América Latina. Nos anos seguintes, o avanço da tecnologia proporcionou novas ferramentas para iniciar uma conversa e encon-trar alguém, com a internet passando a ser o canal mais rápido e fácil para jovens em busca de um amor. Com o acesso de brasileiros a smarphones cada vez melhores, os aplicativos de relacionamento baseados em geoloca-lização começaram a ganhar adeptos no país. O Tinder, um dos mais conhecidos, chegou ao Brasil em 2013 e, mais tarde, em 2015, foi a vez do Happn. Desde então, encontrar alguém nunca foi tão simples.

Nessa reportagem especial elaborada para o Dia dos Namorados, o Jornal Integração da Serra conver-sou com casais que se conheceram pela internet e que continuam juntos, fazendo planos. Orkut e Tinder são alguns dos exemplos de redes sociais que uniram casais de diferentes gerações, em histórias de final feliz.

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Camila e Alex: unidos pelo OrkutFoto: Arquivo Pessoal

ENTREVISTAS

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O Orkut foi uma das redes sociais mais utilizadas no Brasil na primeira década dos anos 2000. Conte como foi a experiência de vocês com o aplicativo?

Camila: Quando comprei meu primeiro computador, em meados de 2009, não conhecia nada de re-des sociais. Meu irmão mais novo me apresentou o Orkut (a rede so-cial do momento). Ele me ensinou como funcionava a dinâmica e, em pouco tempo, já estava craque. O Orkut tinha “comunidades” (como se fosse as páginas que as pessoas seguem e curtem no Instagram ou Facebook). Eu havia criado uma co-munidade, relacionada ao mundo jovem. A página tinha muitos mem-

Foi pelo Orkut, em 2009, que a professora Camila Cristina Fernandes, 30 anos, conheceu o engenheiro de produção, Alex Porfírio dos Anjos, 38 anos. Ela residia em Porto Alegre e ele, em Manaus.

bros, alguns deles mandavam con-vite de amizade no meu Orkut pes-soal. Em junho de 2010, recebi uma solicitação de amizade de um rapaz de Manaus. Além de mandar o con-vite, ele se identificou dizendo que eu era amiga do Orkut de um conhe-cido dele. Eu logo percebi que esse conhecido dele era alguém membro da comunidade que eu havia criado, então achei que não seria nada de-mais adicioná-lo também. Trocamos mensagens e, naquele instante, nos-sa amizade começou. Na época, eu tinha 21 anos e ele 29.

Quando ocorreu o primeiro encontro?

Camila: Conversamos por dez meses pela internet. Em abril de 2011 nos conhecemos pessoalmen-te. Recepcionei ele em Porto Alegre, no aeroporto, em companhia do meu irmão mais velho, de tios, so-brinha e prima... sim, foi um monte de gente (risos). Como meus pais não poderiam ir, devido ao trabalho, mandaram eles. Ele ficou oito dias hospedado em um hotel, em Novo Hamburgo, minha cidade, período em que iniciamos oficialmente o

namoro. Voltamos a nos ver cinco meses depois, quando ele retornou para pedir, aos meus pais, a minha mão em noivado. Marcamos o casa-mento para o dia 24 de novembro de 2012, em Novo Hamburgo. Alguns dias depois viajamos para Manaus, onde permanecemos por cinco me-ses. Ele tinha que entregar o traba-lho de conclusão de curso (TCC) e solicitar afastamento do trabalho. Tudo deu certo, graças a Deus.

Como é a vida de vocês hoje?Camila: Em 2013 retornamos

para o RS e estamos aqui desde en-tão. Moramos dois anos com meus pais. Em 2015, compramos nosso apartamento. Em 2017, tivemos nosso primeiro filho, o Estêvão, a co-roa do nosso amor. Hoje, nossa vida está super bem, estamos realizados e muito felizes com nosso casamen-to. Nossos planos para o futuro é fi-car por aqui, fazendo o que amamos e cuidando da nossa família.

O que tu sugeres para quem quer utilizar aplicativos de relacionamento, mas tem receio?

Camila: Relacionamento à dis-tância exige paciência, muita paci-ência. Uma coisa que aprendi é que, quando se ama de verdade, não existe barreiras, não existe distância, o amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Isso vale para todas as for-mas de relacionamento. No virtual, converse muito com a pessoa e tam-bém com seus familiares. Prepare o bolso também, passagem de avião não é algo baratinho. Todas as vezes que nos vimos pessoalmente pes-quisamos ofertas de voos.

Alex, Camila e o filho Estêvão

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Vocês se conheceram pelo Tinder. Contem sobre como foi o desenrolar do papo de vocês a partir do primeiro contato online?

Isabela: Logo deu match (quan-do há interesse de ambos) e troca-mos Instagram. O primeiro papo foi sobre insetos, já que no Instagram do Gustavo só tinha fotos deles.

Há quanto tempo cada um de vocês usava aplicativo de relacionamento quando rolou o match?

Isabela: Eu, Isabela, usava há apenas um dia. Na verdade, foi o tempo que usei o app. Já o Gustavo, usava o app há mais de um ano.

O objetivo inicial de vocês com o aplicativo era conhecer alguém

Isabela e Gustavo:“Queremos muito construir uma vida juntos”

Foto: Arquivo Pessoal

Isabela Karohl e Gustavo Vinícius Ben

A preparação para o mestrado ocupava boa parte do tempo do advogado bento-gonçalvense, Gustavo Vinícius Ben, 28 anos, que sempre prezou pelo estudo. Mas foi o Tinder que coloriu um pouco mais seus dias. Através da rede social, o jovem advogado conheceu a estudante de Nutrição, Isabela Karohl, 24 anos. Na época, ele estudava em São Leopoldo e trabalhava em Novo Hamburgo, cidade onde morava Isabela. Em pouco tempo, no entanto, Ben iria se mudar para a cidade do Vale dos Sinos. Em dezembro de 2019 iniciaram o namoro e, mesmo com pouco tempo estando juntos, já fazem planos de vida familiar.

e se envolver de uma forma comprometida? Contem sobre os motivos para entrar no Tinder.

Isabela: Meu objetivo era não ser a “amiga da turma” menos des-colada, queria conhecer pelo me-nos um app de relacionamento, ou seja, entrei na zueira. A intenção do Gustavo era conhecer alguém legal (como estava escrito no perfil dele) para conversar e, quem sabe, se en-volver.

Se conheceram pessoalmente quando?

Isabela: Começamos a conver-sar no dia 15 de outubro e nos en-contramos pela primeira vez no dia 19 de outubro. Não perdemos tem-po (risos).

Quanto tempo depois do

primeiro contato online começou o namoro de vocês?

Isabela: Namoro mesmo, dois meses depois do primeiro contato online. Mas desde o dia que nos co-nhecemos, já não desgrudamos.

Nesses primeiros meses de namoro, já fizeram planos para o futuro?

Isabela: Estamos namorando há cinco meses, mas já sonhamos em casar e ter filhos. Por curiosidade já falei sobre casamento no nosso pri-meiro encontro e ele adorou (risos). Queremos muito construir uma vida juntos com uma casa grande, vários bebês e gatos.

Qual foi o local do primeiro encontro?

Isabela: Foi no Madre, um pub de Novo Hamburgo.

Vocês tiverem medo de usar aplicativos de relacionamento?

Isabela: Eu sempre tive receio, nunca sabemos o que podemos encontrar do outro lado da tela. Jus-tamente por isso escolhi o lugar do primeiro encontro, onde sei que tem um cuidado maior com as mulheres, no caso, na porta do banheiro tem um bilhete avisando que se a mulher estiver em perigo é só ir até o bar e pedir o nome de um drink específi-co. Já o Guga, nunca teve medo, jus-tamente por sempre tomar cuidado e, principalmente, por ser homem, mas se colocava no lugar das mu-lheres, imaginando o medo que elas poderiam sentir.

Que conselhos você dá para quem quer começar a utilizar um aplicativo de relacionamento, mas que ainda tem receio?

Isabela: Para nós deu tudo cer-to, pois é uma maneira a mais de conhecer alguém legal, porém di-ria para avisarem a alguma pessoa (amigo ou familiar) onde e com quem irão se encontrar pela primei-ra vez.

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Conheceste o teu namorado no Tinder. Conte sobre o desenrolar do papo de vocês a partir do match?

Ingrid: Depois de darmos ma-tch, começamos a conversar imedia-tamente. A conversa sempre fluiu muito bem, mas demoramos algu-mas semanas até efetivamente mar-carmos um encontro.

Há quanto tempo já usavas o Tinder?

Ingrid: Não sei precisar exata-mente há quanto tempo usava, pois às vezes eu baixava o aplicativo, dei-xava instalado um tempo, não usava e acabava desinstalando. Ou então, usava por algumas semanas, ficava entediada e desinstalava de novo.

O teu objetivo inicial com o aplicativo era conhecer alguém em especial?

Ingrid: Baixei o Tinder por pres-são de amigas. Uma delas conheceu o namorado pelo aplicativo, então era uma super defensora da ferra-menta. Mas eu comecei a usar o app sem muitas expectativas.

Ingrid e Felipe: do Tinder para a vida

Não é difícil entender a popularidade do Tinder e os motivos que o classificam como um dos mais procurados aplicativos de relacionamento do mundo. Ingrid Baggio, 22 e Felipe Dawson, 28 anos, também se conheceram nessa rede social, em 2018. Em fevereiro deste ano, Dawson pediu Ingrid em casamento. Natural de Bento Gonçalves, ela mora em Porto Alegre e é acadêmica de Direito. Dawson é economista.

Foto: Arquivo Pessoal

Vocês conversaram por quanto tempo pelos aplicativos?

Ingrid: Conversamos por algu-mas semanas pelo Tinder, depois migramos para Instagram e Whats App.

Onde ocorreu o primeiro encontro de vocês?

Ingrid: Nos encontramos numa sexta-feira em um pub bem conhe-cido aqui de Porto Alegre. Eu não fi-quei tão surpresa ao ver ele presen-cialmente, pois já tinha pesquisado bastante sobre ele em todas redes sociais (risos). Eu sei que é clichê fa-lar em amor à primeira vista. Mas, no primeiro encontro, vi que ele era a pessoa certa para mim.

Quanto tempo depois do primeiro contato online começou o namoro de vocês?

Ingrid: Infelizmente, não sei precisar. Deveria ter anotado essas datas (risos). Mas não nos precipita-mos. Lembro que conversamos um bom tempo antes de começar a na-morar, em 2018.

Depois de dois anos de namoro,

quais são os planos de vocês?Ingrid: Em fevereiro desse ano,

o Felipe me pediu em casamento em Londres. Foi muito lindo e espe-cial. Então, agora o objetivo é casar mesmo!

Tu indicas a utilização de aplicativos de namoros para outras pessoas?

Ingrid: Indico, mas com muitas ressalvas. Eu sempre comentava com minhas amigas que achava o Tinder uma ferramenta muito esqui-sita, pois parece muito um cardápio humano: olhamos fotos, julgamos a aparência e aceitamos ou rejeita-mos a pessoa. Porém, apenas fotos não são suficientes para conhecer alguém. Acredito que eu tive muita sorte em encontrar a pessoa certa, mas sabemos de inúmeros casos que acabaram muito mal. É difícil sa-ber quais as reações, as intenções da pessoa que está falando contigo. Su-giro que se pense muito bem e pes-quise muito sobre a pessoa antes de aceitar um convite para um encon-tro (pesquisar os antecedentes cri-minais também vale, meninas). Fica a dica.

Felipe Dawson e Ingrid Baggio: pedido de casamento em Londres

Viagem a Roma

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Vanessa e Eduardo:“Pensamos muito em ter nosso cantinho”

Um match é o necessário para conhecer alguém, é uma ação simples que pode ser o ponto inicial de uma verdadeira história de amor. A estudante de Jornalismo, Vanessa Nava, 21 anos, e o Técnico de Manutenção, Eduardo Alexandre Danna Corso, 25 anos, que se conheciam de vista por causa de amigos em comum, começaram a conversar pelo Tinder, em 2016. O primeiro match foi despretensioso e pouco efeito teve, mas foi no último ano que rolou o segundo match na rede social, iniciando uma relação de cumplicidade e companheirismo. Hoje, eles planejam uma vida juntos e já sonham com planos a longo prazo.

Tu conheceste o teu namorado de que forma?

Vanessa: Nos conhecíamos de vista por causa de amigos em co-mum, mas nunca tínhamos conver-sado. Estava com 17 anos quando a gente deu match no Tinder e ele começou a conversar comigo. Na época, eu não buscava nada sério e a conversa não foi adiante. No ano passado, voltei a utilizar o aplicati-vo e nos damos match novamente. Logo ele me chamou no WhatsApp e conversamos sobre o que andáva-mos fazendo na vida, de sair um dia e assim o papo foi rolando.

Quais são os planos de vocês depois deste primeiro ano de namoro?

Vanessa: Boa pergunta. Pensa-

mos muito em viajar, em ter nosso cantinho no mundo, mas o que real-mente importa é a gente estar bem e feliz. Espero e torço muito para continuarmos dando certo e nos en-tendendo como agora. Atualmente, estamos querendo terminar as facul-dades e comprar um apartamento.

Como foi o primeiro encontro de vocês?

Vanessa: Nosso primeiro encon-tro foi meio que acidental. Estava indo ao mercado com uns amigos e, no caminho, encontrei ele. Fiquei com vontade de sair com ele, mas não falei nada. Fui para a casa dos meus amigos jantar e depois enviei mensagem para o Eduardo, pergun-tando se podia ir na casa dele. Ele foi me encontrar e passamos uma noite

inteira conversando, mesmo preci-sando acordar cedo no dia seguinte. Mas foi ótimo! Eu fiquei toda anima-da e feliz por poder conversar aber-tamente com ele sobre tudo.

Na tua opinião, as redes sociais facilitam a busca por novos amigos e por relacionamentos amorosos?

Vanessa: Sim, se considerar que atualmente todas as redes sociais permitem isso. Já saí com pesso-as que conheci no Instagram, por exemplo. No Tinder conheci muita gente, a maioria amigos até hoje.

Já teve medo de usar aplicativos de relacionamento?

Vanessa: Nunca senti medo. Já tive encontros com pessoas de

outras cidades e foi bem tranquilo, claro que sempre enviando a loca-lização para minha amiga ficar me cuidando (risos). Existem muitas plataformas de relacionamento. Eu gosto de conhecer pessoas, de conversar sobre diversos assuntos. A tecnologia está ao nosso alcance, devemos utilizá-la.

O que dirias para quem quer começar a utilizar aplicativos em busca de relacionamento, mas que ainda tem receio?

Vanessa: Se joga! Estamos cor-rendo perigo em qualquer lugar infelizmente. Os aplicativos são ótimos, pois permitem que conver-se bastante com a pessoa antes de marcar encontro. Caso sentir algo estranho, não saia com a pessoa.

Foto: Arquivo Pessoal

Vanessa Nava e Eduardo Alexandre Danna Corso

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Jogo online, amizade e namoro? Como decorreu essa história?

Débora: Em meados de 2008, um primo me mostrou o Runesca-pe (jogo no qual nos conhecemos). O jogo era (ainda é, eu acho) um MMORPG, no qual o principal ob-jetivo é desenvolver habilidades. A história era bem aprofundada, com opções do que fazer durante o tem-po online. E claro, havia o chat para interagir com os outros jogadores. Eu comecei jogando às vezes para

Débora e Vinícius: no embale dos jogos online

Não são apenas pelos aplicativos de relacionamentos que histórias de amor iniciam e, em muitos casos, se transformam em relacionamentos duradouros. A história da bento-gonçalvense Débora Provensi, 21 anos, e do mineiro Vinícius Silva, 24 anos, começou em 2009 através do jogo online Runescape. Na época, Débora tinha 11 anos e Silva, 13. Em 2016 começaram a namorar. Hoje, moram juntos e trabalham com marketing digital.

passar o tempo, até que virou um pequeno vício. Em 2009, conheci o Vini e nos tornamos amigos. Nós dois éramos um pouco viciados no tal do RuneScape e isso só contri-buiu para que a gente conversas-se mais. Tínhamos também alguns amigos em comum (dentro do jogo), então era divertido. Conversávamos basicamente o dia inteiro, fosse pelo próprio jogo ou pelo MSN, tirando o período em que íamos para a aula. Jogamos até 2012.

Em que ano o relacionamento passou de amizade para amor?

Débora: Depois de pararmos de jogar, começamos a conversar pelo MSN e, após, pelo WhatsApp, até 2016. Sempre fomos muito próxi-mos. Foi nesses anos que passamos “juntos” que surgiu o que a gente tem hoje. É bem difícil definir uma data para o começo do relaciona-mento, porque a gente sabia que gostava um do outro e que ia ficar junto um dia. Então, de certa forma, sempre estivemos “juntos”.

Como foi o primeiro encontro de vocês?

Débora: Em janeiro de 2016 ele veio para o Rio Grande do Sul prestar vestibular na UFRGS e apro-veitou a viagem para me ver. Nos encontramos na rodoviária e foi muito constrangedor, a gente nem conseguia se olhar (risos). Demorou algumas horas para a vergonha de ambos passar. Depois do fim de se-mana juntos, ele voltou para Minas. Aí a gente já sabia que tinha que dar um jeito dele vir pra cá e ficar. Em fevereiro daquele ano ele veio no-vamente, e ficamos juntos por um mês. Em julho de 2016, ele voltou e não foi mais embora. Depois de algumas conversas, meus pais con-cordaram em lhe dar hospedagem até ele conseguir outro lugar, mas acabaram gostando tanto dele que acabou ficando por lá mesmo. Hoje, nós moramos sozinhos e tá tudo ex-tremamente bem.

Foto: Arquivo Pessoal

Débora Provensi e Vinícius Silva

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020“ENCONTRAR ALGUÉM”8

KarinMilani

Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta de Orientação Psicanalítica

e Pedagoga

Zottis

@mor virtual. Será possível?

omo é possível que um sentimento tão nobre seja permeado por um recurso tão impessoal?! Sinal dos tempos... mas também lembro de um

dito: “todos os caminhos levam a Roma”. Será?!Eis que em nossa época surgem caminhos bem

curiosos e que despertam muito interesse, como por exemplo, Tinder, Badoo, Happn, POF Brasil (si-gla de “plenty of fish”-“cheio de peixe”) e Adote um Cara (este põe apenas a mulher no lugar da escolha). Estes os que ouvi serem os 5 maiores aplicativos de namoro, sem considerar a infinidade de sites de re-lacionamento e outras vias virtuais de encontro. É...as formas de encontro e relacionamento mudaram!

E quanto às oportunidades de encontros pesso-ais reais, aqueles onde é possível sentir o perfume e a força da presença e do olhar do outro diante de nós? Bem... ainda existem, mas parecem despertar temores, receios de rejeição ou constrangimento e, assim, como que saíram de moda e o interesse re-cai muito sobre a virtualidade, sobre “avatares”, para buscar um relacionamento. E assim, vamos perden-do valiosas habilidades de convívio e tolerância, en-tre outras.

Sabemos que várias relações iniciam a partir destes artifícios de encontros e terminam se efeti-vando, resultando em relacionamentos satisfatórios. São vários os exemplos e testemunhos de que isto é possível e é muito bom saber disto!

Existem, também, inúmeras situações em que não são bons os resultados destes encontros virtu-ais, pois a impessoalidade envolvida e as intenções de brincadeira ou de armação terminam por com-prometer a integridade afetiva, moral e até mesmo física de envolvidos.

Bem, podemos pensar, então, que continuamos na mesma! Considerando que ao longo da história da humanidade, sem recursos virtuais, os encon-tros e os relacionamentos nem sempre deram certo, muitas vezes terminaram em dramas, como tam-

bém, tantas outras, em belas histórias familiares. Algumas coisas, porém, chamam atenção espe-

cialmente, como a forma de “oferta” na apresenta-ção das pessoas nestes dispositivos de encontros - espécies de “buffet” - muito afinada com a siste-mática consumista destes nossos tempos, que ter-mina por colocar pessoas a serem avaliadas por sua aparência, de forma a subestimar outras caracte-rísticas valiosas dos seres humanos, estratégia que nos permite “comprar” ou descartar em segundos. E a adesão a estas propostas impressiona!

Penso que grandes questões ficam no ar para refletirmos: o que leva as pessoas a se apresenta-rem desta forma? O que se passa numa sociedade que adota estes artifícios para o encontro humano? A busca será realmente por um encontro duradou-ro e profundo? Por que há tanta busca pelo super-ficial e efêmero? O que houve com a capacidade humana de criar vínculos? De suportar dificuldades em nome de algo maior? Fomos todos seduzidos ou contaminados pela possibilidade de consumir e descartar afetos?

Zigmunt Bauman chama a estes fenômenos de amor líquido, modernidade líquida, em que nada se estrutura, pelo contrário, tudo se esvai incontro-lavelmente, deixando o rastro de um grande vazio existencial.

Nossa incapacidade de tolerância e paciência para as exigências de uma relação real, com pes-soas reais, com todas as suas implicações, nos pri-va do encontro do amor, que é uma construção na contramão do ritmo atual, que enfatiza apenas o imediatismo e o descarte de qualquer desprazer e incerteza.

Nos resta acreditar que sejamos capazes de fa-zer sempre melhor uso da virtualidade e seus re-cursos, no sentido de humanizar e não de estere-otipar encontros e relações, pelo uso banal e por desprezo ao valor dos vínculos.

O que se passa numa sociedade que adota estes

artifícios para o encontro humano?

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA 9 de Junho 2020

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A era é virtual, mas ainda há fiéis que, para atrair um novo amor, fazem novenas e simpatias para Santo Antô-nio. O santo tem 13 de junho como seu dia alusivo, logo após a data reservada aos namorados. Santo Antônio, o santo casamenteiro, também é o provedor e protetor das fa-mílias e padroeiro do municí-pio de Bento Gonçalves, onde será homenageado no próxi-mo dia 13, com parte da pro-gramação virtual em função da pandemia do Coronavírus.

Sua origem e fama vêm de Portugal, onde é tão popular quanto no Brasil. Lá, Santo An-tônio é considerado uma en-tidade sagrada que promove casamentos.

São vários tipos de sim-patias para encontrar seu par amoroso. Enterrar a imagem do santo de cabeça para bai-xo dentro de um poço é uma das mais conhecidas. Furtar o Menino Jesus que o santo carrega e só devolver quan-do o amado aparecer é outra simpatia muito usada. Outra forma de garantir um namo-rado é escrever nomes em pe-daços de papel, dobrá-los, e colocá-los num copo d’água. O nome que estiver no primei-ro papel que se abrir será o do futuro companheiro.

Outra forma é rezar o Pai Nosso pela metade. A tradição diz que o santo atende logo, pois não gosta de orações incompletas. Fazer uma pro-messa ao santo é outra forma de tentar garantir a realização do pedido. Um costume an-tigo e respeitado por muitas pessoas é doar pães em quan-tidade correspondente ao seu próprio peso.

Boa sorte!

Vale até simpatias e novenas para viver um grande amor

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020FESTA DE SANTO ANTÔNIO10

Ilustração: Ernani Cousandier

FESTA DE SANTO ANTÔNIO 2020

No próximo sábado, 13 de junho, fiéis de Santo Antônio residentes no município e região prestarão homenagem ao padro-eiro de Bento Gonçalves de uma forma ja-mais vista na história dos festejos – que já somam 142 anos de tradição. A imagem de Santo Antônio será levada em procis-sões motorizadas, às 10 e às 14 horas, para visitar entidades e comunidades da Paró-quia e as missas serão transmitidas pelas plataformas digitais do Santuário.

“Nesse ano, é Santo Antônio que vai até a casa das pessoas, um desafio que combina muito bem com o lema da 142ª edição da festa: Com Santo Antônio: Ide e Anunciai”, resume o pároco da Paróquia Santo Antônio, padre Ricardo Fontana.

A programação do dia festivo terá duas missas: às 8h30min e às 18h, com transmissão pelo Facebook, Instagram e YouTube da Paróquia. Ao meio-dia, o bis-po da Diocese de Caxias do Sul, Dom José Gislon, fará a bênção dos alimentos das famílias, ao vivo, pelos mesmos canais. O

Um dos gestos mais simbólicos da Fes-ta de Santo Antônio – a partilha dos pãe-zinhos – também precisou reinventar seu formato para alcançar os fiéis neste ano, uma vez que, por conta das restrições im-postas pela pandemia da Covid-19, não haverá missas presenciais no Dia Festivo de 13 de junho, dedicado ao padroeiro de Bento Gonçalves, onde a distribuição é tra-dicionalmente feita.

A novidade desta edição é uma ação organizada pela Paróquia, em conjunto

Procissões motorizadas e missas onlineem homenagem ao Santo Padroeiro

Padarias distribuem pãezinhos

pároco convida os devotos a participa-rem das procissões motorizadas, com roteiro que inclui os Núcleos Comuni-tários, Hospital Tacchini, UPA 24h, Colé-gios Sagrado Coração de Jesus, Marista Aparecida e Scalabriniano Medianeira, Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e Igrejas Matriz das Paróquias de Bento Gonçalves. Não haverá estacionamen-to no entorno do Santuário. Os veículos podem ingressar na procissão motoriza-da ao longo do trajeto ou aguardar nas Comunidades.

Quando as carreatas chegarem nos pontos de parada onde o padre dará a bênção, a recomendação é que não haja aglomeração de pessoas. As famílias são convidadas a prepararem pequenos al-tares nas janelas e sacadas com a ima-gem do Padroeiro ou algum símbolo que a devoção ao Santo. Esses registros podem ser compartilhados nas redes sociais com a hashtag #142FestadeSan-toAntonio.

com diversas padarias da cidade, que estão distribuindo pães de Santo Antônio até o próximo sábado (13). Os estabelecimentos têm um local especialmente preparado, com uma imagem do Santo e uma vela acesa, para ofertar os pãezinhos, que po-dem ser bentos diariamente às 18horas, ao final das missas realizadas no Santuário e transmitidas pelas plataformas digitais da Paróquia Santo Antônio, e também nas celebrações que ocorrem no Dia de Santo Antônio, às 8h30 e 18h.

Foto: Felipe Padilha

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020 11FESTA DE SANTO ANTÔNIO

Festeiros vivem um momento ímpar à frente do evento

“Para nós, jovens festeiros, parti-cipar da 142ª Festa de Santo Antônio foi uma experiência gratificante e enriquecedora, na qual vivenciamos a própria história da comunidade bento-gonçalvense, alicerçada na fé e nos ensinamentos fransciscanos.

O maior desafio foi fazer com que a Palavra chegasse até suas ca-sas. Mas, iluminados pelo padroeiro, trazemos presentes as conexões, que possibilitaram realizar de forma virtual, mas não menos intensa, a tradicional Festa de Santo Antônio.”

Festeiros Jovens

“Neste ano, diferente da norma-lidade, passamos por momentos di-fíceis, porém a nossa fé transpassa estas dificuldades. A certeza de que Cristo está conosco e de que Santo Antônio nos abençoa, nos encoraja para seguirmos adiante, através das nossas ações possíveis e, principal-mente, das orações dentro de nos-sas casas, proposta essa que nós, fes-teiros, padres e equipes abraçamos com muita dedicação. Olhar para a igreja vazia nos entristece, porém, nos acalma a alma quando sabemos que estamos evangelizando através das mídias sociais. Na verdade, con-cluímos que até estamos atingindo mais pessoas. Pessoas com dificul-dades de ir ao Santuário, pessoas acamadas e, também, aquelas mais distantes de nossa cidade. Os vários relatos descritos pelas redes sociais nos deixam mais confortados. A fé se renova a cada dia. As conexões estão dando frutos. Gratidão pela experiência e Viva Santo Antônio!”

César Anderle e Simone Ribeiro Anderle

“Neste tempo novo, ser festeiro de Santo Antônio é experimentar o grande amor de Deus por nós e a segurança da fé, com o nosso lema: “Com Santo Antônio, Ide e Anunciai”. Significa para nós, ir sem medo, pois Santo Antônio está a nossa frente, abrindo os caminhos, para que a fes-ta dele aconteça.”

Euclides e Stela Penso

“Estamos vivendo um momento impar na história, diferente de tudo o que havíamos carinhosamente planejado, nos adaptando à realida-de. Estamos realizando o que está ao nosso alcance para honrar Santo An-tônio e os 142 anos de festa, nos vol-tando às redes sociais e órgãos de comunicação para transmitir a Pala-vra de Deus a todos devotos, como está representado no cartaz oficial através das conexões. Está sendo uma experiência religiosa fantásti-ca e muito valiosa, que iremos levar para toda a vida.”

Andrey e Monalisa Arcari

“Amparados pelo lema de nos-sa Festa: “Com Santo Antônio: Ide e Anunciai”, estamos felizes e gratos por estarmos vivenciando momen-tos de partilha, espiritualidade, ora-ção e fé. Mesmo diante das incer-tezas, desafios ao diferente, nunca perdemos a coragem, o ânimo, a vontade de realizar, vivenciar e ofe-recer a toda a comunidade a 142ª Festa de nosso Padroeiro Santo An-tônio, com nossas visitas, missas e promoções. É uma maneira diferen-te que estamos ANUNCIANDO, uti-lizando as redes sociais, para fazer com que a palavra de Jesus e seus ensinamentos cheguem até os mais diversos lugares e, principalmente, aos lares de nossas famílias, nesse momento em que precisamos ali-mentar nossa alma e nosso coração com amor, carinho e gestos frater-nos. Que nesse momento de fragili-dade, não percamos nunca a carida-de, a esperança, a fé e a prática da oração.”

Antônio Celso e Simone Dall’Osbel Centenaro

“A 142ª Festa de Santo An-tônio será lembrada diferente-mente dos demais anos, onde a característica principal era a Igreja lotada de fiéis. Neste ano, o marco de nossa festa, por causa da situação atual, é a oração em nossos lares, a “Igreja Doméstica”. Uma forma diferente de evange-lizar, mas não menos importante, onde as famílias param para cele-brar a Santa Missa pelos meios de comunicação, buscando, na ora-ção, uma forma de fortalecer sua fé e seus laços familiares, bem como diz nosso lema: “Com San-to Antônio: Ide e Anunciai”. Para nós, é um grande desafio e uma honra fazermos parte desta his-tória, termos a oportunidade de reinventar diferentes maneiras de evangelizar. Somos e seremos sempre gratos pelas bênçãos re-cebidas do padroeiro em nossas vidas.”

Valdir Piva e LianeRostirola Piva

“Somos muito gratos, felizes e honrados em sermos Festeiros da 142ª Festa de Santo Antônio. Atra-vés dos meios de comunicação, re-des sociais e rádios, estamos conec-tados com todos os fiéis e devotos de nosso querido padroeiro neste momento tão único e desafiador. Unidos na fé e oração conseguimos levar e anunciar a Palavra de Deus e de Santo Antônio a todos os lares de nossa cidade e região, formando uma só Igreja, uma só família. Senti-mos o amor, o carinho e a devoção de todos através dos depoimentos e mensagens recebidos. “Com Santo Antônio: ide e anunciai”.

Carla Zortea e Leandro Moro

Equipe organizadora da 142ª Festa de Santo Antônio, que enfrentou o desafio de adaptação do evento à época de pandemia

Foto: Divulgação

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020FEIRAS E EVENTOS12

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Belezas naturais, vinhos de qua-lidade, farta gastronomia e estrutu-ra para bem receber os visitantes: Bento Gonçalves conta com esses atrativos que, na última década, consolidaram a cidade como desti-no turístico, tanto para lazer como para a promoção de feiras de negó-cios. Neste ano, a pandemia do Co-ronavírus provocou a alteração das datas de feiras e eventos que ocor-rem na cidade. Para a retomada das promoções, a partir do próximo mês de setembro, foram criados protoco-los específicos de saúde e segurança pelas entidades promotoras, com o apoio da Secretaria de Turismo.

A retomada inicia no Parque de Eventos com a Movelsul, que ocorre

EVENTOS EM ORDEM CRONOLóGICAFestival de Balonismo 10 a 13 de setembroFestejos Farroupilha 10 a 20 de setembroMovelsul 14 a 17 de setembroFenavinho - Vinho Encanado 19, 29, 26, 27 setembro e 4 de outubro - Festa 8 a 18 de outubroWine South America 23 a 25 de setembroDecorare 25 de setembro a 31 de outubroFeira do Livro 7 a 18 de outubroExpoBento 8 a 18 de outubro10º Brazil Wine Challenge 13 a 16 de outubroAvaliação Nacional de Vinhos 7 de novembro Sparkling Night Run 14 de novembroNatal Bento 12 de novembro a 24 de dezembro 36ª CNSE 23 a 25 de novembroBento Wine Jazz 27, 28 e 29 de novembroFesta Nacional da Música 29, 30 de novembro e 1º de dezembro

Movelsul e Festival do Balonismo, em setembro,reabrem calendário de eventos de Bento Gonçalves

de 10 a 13 de setembro. “A Movelsul, principal feira do setor moveleiro, com mais de 40 anos de história, leva o nome de Bento para o mun-do. Quando adiamos a feira, pensa-mos na segurança e saúde da nossa população até um retorno responsá-vel. E o momento de anunciar a data chegou”, destaca o presidente do Sindmóveis, Vinicius Benini.

TurismoO Parque de Eventos vai sediar

a segunda edição do Festival de Ba-lonismo, de 10 a 13 de setembro. Conforme o secretário municipal de Turismo, Rodrigo Parisotto, o Natal Bento será realizado de 12 novem-bro até 24 de dezembro. Além disso,

será realizada a Decorare, de 25 de setembro até 31 de outubro e o 36º Congresso dos Sindicatos, promovi-do pelo Sindilojas, de 23 a 25 de no-vembro.

CulturaO Secretário de Cultura, Evan-

dro Soares, ressalta a realização da Feira do Livro, de 7 até 18 de outu-bro, os Festejos Farroupilha, de 10 a 20 de setembro, o Bento Wine Jazz nos dias 27, 28 e 29 de novembro e a Festa Nacional da Música, nos dias 29 e 30 de novembro e 01 de dezembro. A atração, que será pro-movida pela terceira vez em Bento Gonçalves, reúne grandes nomes da música brasileira.

FenavinhoA festa que deu o título de Capi-

tal Brasileira do Vinho à cidade, na década de 60, retorna com o vinho encanado na Via del Vino, nos dias 19, 20, 26, 27 de setembro e 3 e 4 de outubro. O evento também acon-tece de 8 a 18 de outubro, nos pa-vilhões da Fundaparque, junto com a ExpoBento. “Depois de muitos es-tudos de prós e contras, marcamos

a promoção da festa para daqui a quatro meses”, salienta o coordena-dor do Comitê Fenavinho, Roberto Cainelli Junior.

ExpoBentoDe 8 a 18 de outubro também

ocorre a 30ª edição da Expobento, a maior Feira Multissetorial do Brasil, no Parque de Eventos. “Com otimis-mo e alegria, estipulamos a data da próxima feira, que estaria ocorrendo agora em junho. Esperamos repetir o sucesso das edições anteriores com um evento grandioso, recheado de atrações”, ressalta o Diretor Geral da ExpoBento, Gilberto Durante.

Avaliação Nacional de VinhosA Avaliação Nacional de Vinhos

será realizada no dia 7 de novembro e o 10º Brazil Wine Challenge, de 13 a 16 de outubro, destaca o presiden-te da Associação Brasileira de Eno-logia - ABE, Daniel Salvador. “Somos referência na produção dos melho-res vinhos e espumantes do Brasil e do mundo. Dentre os dois eventos previstos, conseguiremos realizar ambos”, afirma.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020 13SOLIDARIEDADE

Curta o pôr do sol com Rodrigo Solton, direto do Parque de Aventu-ras Gasper. É dia 14 de junho, a partir das 17 horas. A apresentação será transmitida pelas redes sociais do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bento Gonçalves que, em parceria com o Parque de Aven-turas Gasper e Rodrigo Soltton, pro-move a Live da Solidariedade.

Além de presentear a todos com o talento de Soltton e beleza do Parque Gasper, a live tem o propó-sito de arrecadar recursos que serão destinados a entidades e causas so-ciais. “Vivemos um período que está nos ensinando a olhar para o outro e sermos solidários, pois, para vencer essa batalha, precisamos de união”, ressalta Neilene Lunelli, presidente do Sindiserp, acrescentando: “Jun-tos venceremos a Covid-19, mas não esqueça de usar máscara e manter o distanciamento social”.

Organizadores da live: presidente do Sindiserp, Neilene Lunelli, pianista Rodrigo Soltton e Fabiano Sperotto, do Parque de Aventuras Gasper

Foto: Divulgação

Live da Solidariedade

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 202014 ENSAIO

Problemas são tratáveis

cientificamente: o antídoto para os problemas,

portanto, se chama “ciência”.

RogérioGava

[email protected]

Sobre “Problemas”e “Mistérios”

QUE É UM MISTÉRIO? Essa pode parecer uma pergun-

ta estranha, ou até mesmo trivial. Afinal, todos sabemos o que a palavra mistério significa. Mas, se pensarmos melhor, nos damos conta de que empregamos esse termo para representar questões absolutamente distintas. Dizemos “a cura do câncer é um mistério”, “o sentido da vida é um mistério”, “óvnis são um mistério”, ou mesmo “estou lendo um mistério policial”. Fica evidente de que estamos fa-lando de “mistérios” bem diferen-tes. Não deveríamos, então, utilizar palavras diferentes para designar esses dois “níveis” distintos de mis-térios?

A filosofia – sempre zelosa com todas as definições – justamente nos ensina a fazer essa distinção, diferenciando “problemas” de “mistérios”. Um problema é uma questão para a qual “ainda” não temos resposta, uma lacuna pro-

“Sertão, argúem de cantô,Eu sempre tenho cantadoE ainda cantando tô,Pruquê, meu torrão amado,Mundo te prezo, te queroE vejo aqui teus mistéroNinguém sabe decifrá.A tua beleza é tanta,Qui o poeta canta, canta,E inda fica o qui cantá”

Patativa do Assaré, EU E O SERTÃO - Cante lá que eu canto Cá - Filosofia de um trovador nordestino (1982).

Pixabay

visória de conhecimento, mas que poderemos transpor. Problemas são tratáveis cientificamente: vamos aprendendo sobre eles, refinando

nosso conhecimento e acumulan-do novas informações e insights a seu respeito, até que, um belo dia, o problema é revelado. O antído-to para os problemas, portanto, se chama “ciência”.

Quando dizemos que a desco-berta da cura do câncer continua sendo um mistério (ou da Covid 19, para usar a tragédia que asso-la o mundo neste momento), es-tamos na verdade nos referindo a um “problema”; uma condição pre-sente, mas que, com certeza, será alterada no futuro (assim como os antibióticos elucidaram o “mistério” das infecções). O mesmo vale para a questão de haver, ou não, vida ex-traterrestre. Chegará o dia em que teremos a elucidação desse fato. Podemos não saber quando e como isso será feito; mas não há dúvidas de que se trata de uma realidade tratável pela ciência.

Um problema tem outra carac-terística básica: ele é sempre ex-terno a nós. É algo que se coloca diante de nosso caminho, um obs-táculo a ser transposto, uma nuvem a embaçar a visão. E da mesma for-ma como retiramos uma pedra com uma picareta, ou ligamos os faróis para iluminar a neblina, ferramentas

e técnicas nos ajudam a lidar com os problemas, contornando-os e elucidando-os. Problemas são, por-tanto, fatos temporariamente im-permeáveis à compreensão, e que, pela nossa própria ignorância, te-mos como mistérios impenetráveis.

Existem, no entanto, os “verda-deiros mistérios”. O sentido da vida, por exemplo: haverá o dia em que iremos desvelá-lo? Não sabemos. É o tipo de questão que nos deixa perplexos, pelo simples fato de nos envolver de corpo e alma. Diante de questões como essa, temos a sen-sação e que nossa ignorância não é temporária; sentimos, ao contrário, a clara sensação de que nossa inteli-gência nunca as irá alcançar. O mes-mo vale para o mistério de Deus, da morte, ou da mente. Da criação do universo. Se os problemas são externos a nós, os mistérios fazem parte de nosso ser. Eles nos “enga-jam”, para usar a expressão do filó-sofo francês Gabriel Marcel; deles fazemos parte viva. Um mistério le-gítimo nos engloba e compromete.

Ao contrário do que ocorre com os problemas, mistérios não são tra-táveis cientificamente. É impossível tentar provar, pela ciência, se Deus existe, ou não. Ou se haverá algum

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020 15

tipo de continuidade após nossa morte. Aqui, pisamos em outro ter-reno. Movediço e obscuro. São ques-tões que nos tocam profundamente: ficamos estarrecidos com sua gran-deza e nossa incapacidade de reve-lá-las. O Mistério nos absorve; somos parte dele. Um problema é um obs-táculo; um mistério é comprometi-mento inescapável. Humano.

Essa distinção entre problemas e mistérios, se por um lado nos aju-da, traz embutida uma consideração incontornável: não serão os mistérios apenas problemas ainda por resolver? Será que nossa ignorância não nos cega, hoje, da mesma a forma como cegava os partidários de Ptolomeu e da ideia da Terra como centro do universo? Há cinco séculos, por exemplo, a composição da matéria era um completo mistério; até que o homem dissecou a estrutura do áto-mo. O mistério, na verdade, não pas-sava de um problema. Mas, se todas as questões que entendemos como mistério, na verdade se mostrem problemas, podemos então pergun-tar: existem, afinal, mistérios?

Assim como um strike derruba todos os pinos no jogo de boliche,

ENSAIO

chegará o tempo em que conhece-remos tudo e nenhum mistério res-tará em pé para nos envolver? Para-doxalmente, essa própria dúvida se configura em um novo mistério: o

mistério de “saber o que podemos saber”. Até onde podemos conhe-cer? A esse respeito, lembro do fi-lósofo Descartes, que ao mergulhar em suas meditações revelava sentir o espírito repleto de dúvidas, como se estivesse imerso em águas muito profundas, não conseguindo firmar os pés nem tampouco se manter à tona. O mar caudaloso do mistério muitas vezes parece querer nos afo-gar.

Na verdade, penso que a impos-sibilidade de desvendar um misté-rio nos empurra cada vez mais para ele. Talvez seja nesse ponto mesmo que more a grande aventura da humanidade. Diante do mistério, não nos prostramos, e seguimos nossa marcha humana rumo ao que desconhecemos. Como disse o cientista cognitivo Steven Pinker,

em iluminada passagem, mistérios estão sempre sendo promovidos a problemas, ao mesmo tempo em que haverá sempre mistérios por resolver.

O mistério faz parte de nosso próprio DNA. Quem não se pergun-ta a respeito do enigma da vida e da morte, de Deus, do universo infini-to. Do sentido, enfim? São mistérios inescapáveis. Inexoráveis. Só deixa-rão de nos assombrar quando não estivermos mais aqui. Serão eles uma interrogação eterna, grave, para sempre incompressível? Hu-mildemente, temos que admitir que não sabemos. Como disse o grande Guimarães Rosa, “tudo, aliás, é a ponta de um mistério. Inclusive, os fatos. Ou a ausência deles. Duvida?”.

* * *

Se os problemas são externos a

nós, os mistérios fazem parte

de nosso ser... deles fazemos parte viva. Um

mistério legítimo nos engloba e compromete.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020HISTÓRIA E LITERATURA16

Artemisia GentileschiHistoriadora bento-gonçalvense lança livro sobre a pintora barroca italiana

Foto: Arquivo Pessoal

instituição, artista e professor. Sempre conversá-vamos muito sobre História e Arte nas aulas. Ele fez mestrado e doutorado em Arqueologia, em Roma, e sabia da existência de várias artistas mu-lheres de diferentes períodos históricos, inclusi-ve no Medievo e Antiguidade. Eu me surpreendi muito, tendo em vista que estava no último se-mestre de uma graduação em História e nunca tinha tido acesso a esse saber. Percebi que pode-ria ser uma contribuição se eu pesquisasse sobre isso no mestrado. Quando iniciei a pesquisa, já como mestranda da UFPel, localizei diversas refe-rências a importantes fontes históricas sobre Ar-temisia Gentileschi, a exemplo do processo-cri-me por estupro, que está no Arquivo Histórico de Roma. O processo tinha sido publicado num livro em 2004, mas era difícil ter acesso a ele, pois não existia acesso para comprar via Internet. Em via-gem à Itália, bem nessa época, Celso Bordignon conseguiu comprar uma edição desse livro, que posteriormente foi traduzido do latim e italiano antigo pelo próprio Celso com a colaboração de Vicente Pazinatto (in memoriam). Para essa tradução também colaboraram profissionais do Direito e outros historiadores devido à sua data, 1612, e inexistência de qualquer tradução para o português. Depois de muito trabalho consegui analisar os interrogatórios de Artemisia e diver-sas outras testemunhas do processo, além das primeiras obras produzidas pela pintora nesse contexto.

Por Rodrigo De [email protected]@sr_demarco

ma mulher de personalidade, defensora de um estilo próprio de pintura e

que ganhou admiração, mas que também colecionou críticos que o menosprezavam, principalmente por se tratar de trabalhos realizados por uma mulher. Essa é Artemisia Gentileschi, pintora barroca que deixou seu legado na história. A artista nasceu em 8 de julho de 1593 em Roma, na Itália, e morreu em 1656, aos 63 anos, em Nápoles. Em vida produziu a seu modo, sem se curvar a estilos que não a agradavam, e foi a primeira mulher a ser aceita na Academia de Belas Artes de Florença. No mês de julho, a historiadora bento-gonçalvense Cristine Tedesco lança o livro “Artemisia Gentileschi: trajetória biográfica e representações do feminino (1593-1654)”. Com patrocínio do Fundo Municipal de Cultura de Bento Gonçalves, a obra é fruto dos estudos que Cristine fez sobre a pintora em seus trabalhos de Mestrado e Doutorado. Antes mesmo de seu lançamento oficial, o livro já é considerado um sucesso de vendas na Do Arco da Velha Livraria e Café, em Caxias do Sul. O livro já está disponível também na Dom Quixote Livraria e Cafeteria, em Bento Gonçalves. A mesma livraria também oportuniza a compra no sistema Amazon e na plataforma Vemdelivery. Devido a pandemia da Covid-19, Cristine está trabalhando para a produção de um vídeo de pré-lançamento, que será gravado na Dom Quixote Livraria. A previsão de divulgação é 8 de julho, data em que se comemora o aniversário de 427 anos de Artemisia Gentileschi.

Confira a entrevista exclusiva concedida por Cristine ao Jornal Integração da Serra.

Há quanto tempo tu estudas essa pintora e o que mais tem te surpreendido no processo de pesquisa?

Cristine: Tive o primeiro contato com a obra de Artemisia em 2010. Na época, eu estava no último semestre do curso de História da UCS. Durante minha trajetória na graduação, fui me interessando por História de Mulheres, uma área com muitas lacunas no que se refere ao conhe-cimento histórico. Nesse mesmo período, ini-ciei um curso de restauração de obras raras no atelier do Museu dos Capuchinhos MusCap, em Caxias do Sul, com o Celso Bordignon, diretor da

Ao longo dos anos, o interesse por Artemisia ganhou novas páginas na sua vida. Conte sobre essa etapa de estudo mais aprofundado sobre a vida e obra da pintora.

Cristine: Quando estava finalizando o mes-trado, em 2013, descobri uma publicação que reunia correspondências de Artemisia Gentiles-chi e, por incentivo de minha orientadora Rejane Jardim, fiz um projeto para o processo seletivo de doutorado na UFRGS. Iniciei a nova pesquisa em 2014 e a vontade de ir para a Itália conhecer as obras de Artemisia e analisar suas correspon-dências crescia. Em 2016, consegui uma bolsa Erasmus Plus e fui para a Università Ca’ Foscari de Veneza, por meio do primeiro convênio entre essa universidade e a UFRGS. Permaneci durante um ano na Itália, fazendo mapeamento de fon-tes escritas e visuais sobre Artemisia Gentileschi e diversas outras pintoras e escultoras que são pouquíssimo conhecidas entre o público aca-dêmico e mesmo entre o público que frequenta museus. Estive no arquivos de todas as cidades em que Artemisia residiu: Roma, Florença, Vene-za, Nápoles, Londres, entre outras, além de ter vi-sitado outros sete países europeus para localizar obras de mulheres artistas.

O que foi que te impulsionou a adaptar teus escritos para um livro?

Cristine: Defendi minha tese na UFRGS em 2018 e agora me orgulho muito de ter essa

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contribuição para as áreas da História e das Ar-tes. A vontade de saber mais sobre a atuação profissional das mulheres foi umas das razões que moveu meu interesse pela pesquisa. Agora, já não basta ter esse conhecimento, é preciso di-fundi-lo, democratizá-lo, para que outras pesso-as tenham a oportunidade de ressignificar seus olhares sobre a arte e a atuação das mulheres nesse campo.

Conte sobre esse processo de escrita.Cristine: O período de escrita de tese opor-

tunizou diferentes momentos. No primeiro ano de doutorado participei das aulas presenciais no Departamento de História e no Instituto de Ar-tes da UFRGS. Produzi alguns artigos científicos, confrontando a bibliografia já identificada sobre o tema das mulheres artistas. No segundo ano de doutoramento, escrevi o primeiro capítulo da tese que apresenta questões interessantes so-bres quais mulheres tinham acesso aos saberes e técnicas no período renascentista e barroco, por-que suas obras continuam desconhecidas, qual o papel das instituições de memória nesse proces-so de esquecimento, além de discutir aspectos biográficos de diferentes pintoras e escultoras. No terceiro ano de doutorado tive a oportunida-

de de residir na Itália e desenvolver a pesquisa em arquivos históricos, museus, galerias, biblio-tecas. Analisei fontes como o processo-crime sofrido pela pintora, as correspondências da artista, certidões, recibos de pagamentos, enco-mendas, censos, inventários, epitáfios, poemas e obras pictóricas de Artemisia, em especial as representações do feminino. No quarto e últi-mo ano de doutorado analisei, de forma crítica e aprofundada, as fontes escritas e visuais para a produção da tese, que teve caráter biográfico so-bre Artemisia Gentileschi. Em sua obra, a artista representou personagens célebres, na sua gran-de maioria figuras femininas, heroínas trágicas da história romana, bíblica e da mitologia, se au-torretratando em muitas delas. São imagens que testemunham a excelência da pintora e sua pre-ocupação em agradar diferentes públicos. Essa foi uma temporada de reclusão, eu saía de casa apenas para comprar comida. Mergulhei profun-damente no meu objeto de pesquisa.

O que almejas com a publicação deste livro e quais as projeções ainda para 2020?

Cristine: Almejo democratizar esses conhe-cimentos, não apenas a respeito de Artemisia Gentileschi, mas também sobre outras artistas

desconhecidas, tanto entre acadêmicos das áre-as de História e Arte, como entre pessoas que fre-quentam exposições de arte e público em geral. Entre as atividades planejadas para 2020 está o envio de exemplares para universidades de to-dos os estados do Brasil e às instituições italianas, cujos acervos foram utilizados na pesquisa. Além disso, estão previstas palestras e aulas aber-tas em diferentes locais, universidades, escolas, museus, instituições públicas e privadas, objeti-vando a democratização desses saberes. Em ra-zão do contexto de pandemia, estou buscando alternativas para dar seguimento a tudo isso de forma online. Também atuo como professora de História da Arte e, nessa temporada, meus cursos migraram para o formato online. Inclusive tenho me surpreendido com matrículas de pessoas de diferentes regiões do Estado e do País para a nova turma que irá abordar pintoras, escultoras e arquitetas do Renascimento ao século XX. O cur-so é de 20 horas, com certificação registrada pela Escola de Arte Micael Biasin e vai acontecer via Google Meet, com encontros semanais. Também estou iniciando nova pesquisa para uma exposi-ção que vai acontecer em formato digitalizado. Creio que, em breve, será divulgada pelas insti-tuições envolvidas.

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Para quem ainda não conhece a história da pintora, de que forma destacas a importância da figura dela para os tempos atuais?

Cristine: Artemisia confrontou-se, por exem-plo, com as dúvidas que gerava em seus mecenas sobre a qualidade de suas composições, antes que esses vissem suas obras, e com pagamentos que, segundo o entendimento da artista, desvaloriza-vam sua trajetória como pintora. Também circuns-creve o conjunto de fontes escritas, as violências e relações abusivas que vivenciou. Por outro lado, as mesmas fontes revelaram como a pintora nego-ciou com os limites de seu tempo, tencionando as fronteiras de gênero vigentes na primeira metade do século XVII. Nesse sentido, a importância da trajetória de Artemisia para os tempos atuais é as-sociada à sua determinação para se inserir e atuar profissionalmente no âmbito das artes, embora a conjuntura histórica da época dificultasse às mu-lheres o acesso à cultura letrada, às técnicas e ao conhecimento em geral. Artemisia não desistiu de buscar sua realização por meio de seu trabalho numa área incomum para as mulheres naquele tempo. Nos tempos atuais também precisamos nos encorajar para enfrentar os limites de nossa época, rever nossos preconceitos, buscar novos espaços de atuação na sociedade e não temer a derrubada dos muros da ignorância.

De que forma diferencia os trabalhos feitos por Artemisia de outras pintoras de sua época?

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 9 de Junho 2020HISTÓRIA E LITERATURA18

Cristine: A atuação de Artemisia na pintura não se limitou aos temas mais comuns às artistas, natureza morta e retratos, chegou aos gêneros da tradição veterotestamentária, da mitologia, da história, às figuras humanas em movimento e aos nus. Além de ter deixado um importante legado acerca das representações do feminino, a pintora construiu um espaço de atuação para o feminino e para si mesma, um processo contínuo que se deu no interior de relações e tensões de gênero, num lugar de perpétuas disputas. Seguindo o fio de um destino pessoal, analisei a atuação de uma artista que pintou temas históricos, mitológicos, e religio-sos, inclusive para locais de culto, ora em confron-to com os limites de seu tempo no que se refere às composições produzidas pelas artistas da mesma época, ora em diálogo com os métodos pictóricos de sua época, usando espelhos, explorando jogos de luzes e sombras, profundidade, efeitos cromá-

ticos e outras técnicas em voga no período. Arte-misia também se diferencia de outras pintoras da época por ter produzido suas obras a partir das discussões sobre a arte e a pintura, a exemplo dos autorretratos realizados ao longo de sua trajetória. Imagens que revelam construções de si como pin-tora e estudiosa da figura humana, inserida em es-paços onde circulavam figuras da nobreza, do cle-ro e colecionadores. Os autorretratos de Artemisia são composições que evidenciam a preocupação da artista em construir uma imagem de si mesma como pintora, questão presente também em suas correspondências, nas quais exaltava sua fama internacional como estratégia para valorizar suas criações. Além de apresentar a si mesma como pintora, os autorretratos também se inserem nos debates que consideravam a pintura uma ativida-de intelectual e faziam referências aos textos que fundamentavam essa concepção, evidenciado a artista tinha referências visuais e conceituais.

Sobre Cristine TedescoDoutora em História pela UFRGS, com bolsa

Erasmus Plus de 12 meses na Università Ca’ Foscari, de Veneza. Mestra em História pela UFPel. Licencia-da em História pela UCS. Investiga e analisa o pro-tagonismo feminino nas artes no período entre os séculos XV e XVII, em especial, a trajetória da pin-tora Artemisia Gentileschi (1593-1654). Professora de História da Arte, desenvolve projetos culturais e curadorias de arte. Instagram @cristinetedesco.