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APIR Coimbra com mais de 100 Transplantes Renais em 2007 Aniversário da APIR Aniversário da APIR porta-voz dos dialisados e transplantados renais ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE INSUFICIENTES RENAIS ANO XXVI Nº 135 PUBLICAÇÃO BIMESTRAL Novembro / Dezembro 2007 -Médicos de Medicina Geral e Familiar e a IRC - A Diálise Peritoneal e IRC Terminal em Portugal - Maternidade... Após Transplante Renal -Assembleia Geral Aprovou Plano e Orçamento

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APIR

Coimbra com mais de 100Transplantes Renais em 2007

Aniversário da APIRAniversário da APIR

porta-voz dos dialisados e transplantados renais

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE INSUFICIENTES RENAISANO XXVI • Nº 135 PUBLICAÇÃO BIMESTRAL • Novembro / Dezembro 2007

-Médicos de Medicina Geral e Familiar e a IRC

- A Diálise Peritoneal e IRC Terminal em Portugal

- Maternidade... Após Transplante Renal

-Assembleia Geral Aprovou Plano e Orçamento

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Ficha Técnica

NEFRÂMEA Nº 135ANO XXVI • NOVEMBRO/DEZEMBRO 2007

DIRECTORJosé Carlos Gomes

CHEFE DE REDACÇÃOCarlos Silva

SECRETÁRIA DE REDACÇÃOMaria Leonor Varanda

CORPO REDACTORIALCarlos Silva, Carlos Gomes,

Paulo Ribeiro, Paulo Zoio e Paulo Pacheco

FOTOGRAFIAArquivo; Diversos

COLABORAM NESTE NÚMERODelegações Regionais, vários IRC,

Paulo Zoio, Paulo Ribeiro, Dr. Manuel Amoedo, Prof. Drª Helena Sá,

Enfª. Ana H. Marques, Celeste Ferreira Patrícia A. Rocha

PRÉ-IMPRESSÃOPassos de Cor – Artes Gráficas

e Design Gráfico, Lda.

IMPRESSÃO E ACABAMENTOADFA – Tipografia Escola da Associação

dos Deficientes das Forças Armadas

PROPRIEDADE/EDIÇÃOAssociação Portuguesa de Insuficientes Renais

Empresa Jornalística nº 208811Registado no Instituto da Comunicação

Social sob o nº 108812NIPC-500818924

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃOVia Principal de Peões, Lote 105

Loja B –Zona I de Chelas, ,1950-244 LISBOA

Tel. 218371654 – Fax 218370826e-mail: [email protected]

Internet: www.apir.pt

TIRAGEM3700 exemplares

BimestralDistribuição gratuita aos sócios da APIR

PREÇO APOIO 3ASSINATURA ANUAL: 17

DEPÓSITO LEGAL244169/06

As opiniões expressas nestapublicação são da responsabilidade

dos autores e não reflectemnecessariamente as posições da APIR

ou da redacção. Cabe à DN a selecção final

dos textos discordantes das orientações oficiais

da Associação.

3 EDITORIAL

4 ACTIVIDADES DA APIRAPIR Comemora XXIX Aniversário

5 NOTÍCIASAPIR Reúne com DGSInauguração do Centro de Hemodiálise da Cruz Vermelha de Braga

6/8 ACTIVIDADES DA APIRAssembleia Geral Aprovou Plano e Orçamento para 2008Plano de Actividades para 2008

10/11 FORMAÇÃONo Tratamento da Doença Renal CrónicaImportância dos Médicos de Medicina Geral e Familiar

12 TRANSPLANTAÇÃOUnidade de Transplantação dos HUC Atinge Recorde Nacional com mais de 100 Transplantes Renais em 2000

14/16 FORMAÇÃODiálise Peritoneal na Insuficiência RenalCrónica Terminal em Portugal

18 NOTÍCIASAPIR no 6.º Encontro Regional da APEDT

19 NEFRÂMEA DAS DELEGAÇÕES REGIONAIS

20 DELEGAÇÃO REGIONAL DE COIMBRACalendário de Actividades e Orçamento para 2008

21 DELEGAÇÃO REGIONAL DE AVEIROCalendário de Actividades e Orçamento para 2008

22 DELEGAÇÃO REGIONAL DE SETÚBALDelegação de Setúbal no 29.º Aniversário da APIR

23 NÚCLEO LOCAL DE LISBOAVisita ao Hospital de Santa Maria

24/25 FORMAÇÃOMaternidade... Após Transplante Renal

26/27 OPINIÃOHemodiálise - Que Futuro?

28 POESIA

29 CORREIO DE LEITORES

30/31 CULTURA

32 HUMOR NA DIÁLISE

SUMÁRIOSUMÁRIO

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Grupo de Participantesno XXIX Aniversário da APIR

Aspecto dos Participantes na Assembleia Geral

Festa de Natal da APIR no

Circo Walter Dias

XXIX ANIVERSÁRIO DA APIR

ASSEMBLEIA GERAL APROVA

PLANO E ORÇAMENTO

FESTA DE NATAL

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Edi tor ia l

Oano de 2008 será dem u d a n ç a ssignificativas no

tratamento da insuficiênciarenal crónica. Segundo oMinistério da Saúde, hánecessidade de centrar a suaintervenção no âmbito dagestão da doença, apresentandoum documento sobre a Gestão

Integrada da Doença Renal Crónica, com o objectivode serem alcançados ganhos em saúde, melhorqualidade e segurança dos cuidados prestados aodoente renal crónico.Sendo da responsabilidade da Direcção Geral daSaúde acompanhar o processo da prestação decuidados de saúde ao doente renal cróniconomeadamente com os tratamentos e com a evoluçãoda doença.A APIR participou em algumas reuniões com oMinistério da Saúde e também com a Direcção Geralda Saúde, onde apresentou as suas propostas etambém a sua posição relativamente à situação dotratamento prestado ao IRC. Relativamente àqualidade de tratamento prestado aos doentes, temosafirmado que houve uma significativa melhoria nestesúltimos anos, mas também temos dito que só isso nãochega.

Tem que haver um melhor acompanhamentomédico, nomeadamente com a presença doNefrologista mais perto dos doentes e realização deconsultas da especialidade, como é referido noManual de Boas Práticas. A presença do Nutricionistaé fundamental no acompanhamento do doente etambém o Técnico de Serviço Social, cujo apoio émuito importante.

A nova proposta agora apresentada vem dar-nosrazão em algumas situações.Foi elaborado um painel de indicadores de qualidadeclínica e de segurança de doentes dialisados, commetas e objectivos que incluem Controlo de Anemia,Osteodistrofia Renal, Dose de Diálise, Qualidadeda Água para Hemodiálise, Internamento,Mortalidade e Nutrição, que servirão de suporte àmonitorização, a serem cumpridos pelas unidadesde diálise tanto privadas como estatais.Contudo continuamos com algumas reservasrelativamente aos padrões de referência dosmedicamentos, análises clínicas e também aos meiosauxiliares de diagnóstico (exames). Concordamoscom a proposta referenciada no documento, mastemos algumas dúvidas relativamente ao seucontrolo.Continuamos preocupados com o problema dosacessos vasculares e pensamos que, a haveralterações, estas têm que ser para melhorar e nãopara trazerem mais problemas aos doentes.Nas várias reuniões, temos chamado a atenção paraa importância de ouvir primeiro os técnicos eentidades relacionadas com a construção de acessose depois então avançarmos para as alterações quevenham a ser introduzidas.

A DIRECÇÃO

O NOVO CICLO NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICAO NOVO CICLO NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA

Tem que haver um melhor acompan -hamento médico, nomea damente com apresença do Nefrologista mais perto dosdoentes e realização de consultas daespecialidade, como é referido no Manualde Boas Práticas. A presença doNutricionista é fundamental no acom -panhamento do doente e também oTécnico de Serviço Social, cujo apoio émuito importante.

APIR

Boas Festase

Feliz Ano NovoSão os votos

da Direcção Nacional da APIR

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APIR COMEMORA XXIXANIVERSÁRIO

Aspecto dos participantes no almoço

AAssociação Portuguesa de Insu ficientesRenais celebrou o 29º aniversário no passadodia 21 de Outubro em ambiente de

confraternização. Os festejos, que incluíram um almoçode convívio, decorreram no restaurante “A FONTE”,em Vendas Novas, e contaram com a presença de cercade 160 participantes, associados e familiares deinsuficientes renais crónicos provenientes dasDelegações de Aveiro, Coimbra, Setúbal e Núcleo deLisboa. No período da manhã os convidados da Delegaçãode Setúbal tiveram oportunidade de visitar o Fluviáriode Mora enquanto que o Núcleo de Lisboa levou osseus convidados a apreciar a paisagem proporcionadapelo deslumbrante encontro entre a Serra da Arrábidae o mar.

Devido ao acumular de atrasos o Núcleo de Lisboaviu-se obrigado a alterar o percurso inicial que incluíaa visita ao Forte de S. Filipe, em Setúbal. Por este factoo Núcleo pede desculpas a todos os participantes.Foram muitos os que aproveitaram para dançar aosom da música popular portuguesa que preencheu atarde deste dia comemorativo. Outros aproveitarampara rever velhos conhecidos e colocar a conversaem dia.Antes do corte de bolo, e do champanhe, o Vice--Presidente da Direcção Nacional da APIR, Paulo

Pacheco, leu asmensagens dos Pre -sidentes da Mesa daAssembleia Geral eda Direcção Nacio -nal este últimoausente da sessãocomemo rativa por seencon trar emconvales cen ça apóster sido subme tido atrans plante renal.A todos os que par -ticiparam em maisesta comemoraçãoda nossa quase trin -tona Associação o

nosso muito sinceroagradecimento.

act iv idades da apir

Mensagem do Presidente daMesa da Assembleia Geral

Sr. Presidente da Direcção,Não tenho, infelizmente, possibilidade de estarpresente na festa do 29.° Aniversário da APIR.Contudo, não posso deixar de felicitar a DirecçãoNacional por mais este evento e de desejar que odia 21/10/2007 seja para todos os associados umdia feliz e de são convívio.A amizade, o convívio e a solidariedade entre osinsuficientes renais dão-nos força e o ânimo paraos momentos em que a vida nos não sorri.Um grande abraço para todos os insuficientesrenais.O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Adelino de Jesus Ferreira

O Vice-Presidente, Paulo Pacheco,

usando da palavra

Mensagem do Presidente daDirecção Nacional

Caros Colegas e Amigos,Não podendo estar presente, não quero deixar deme juntar a todos Vós, na Comemoração do XXIXAniversário da Nossa Associação, desejando queeste dia seja mais um dia de amizade econfraternização entre todos.Ao comemorarmos mais este aniversário, façovotos para que ele seja mais um marco históricona Vida da APIR.Com a certeza de que só com a União de todos,será possível continuarmos a trabalhar na defesados nossos direitos, e também na concretizaçãodos nossos objectivos.Desejo um dia muito agradável para todos etambém os meus sinceros parabéns à APIR.Um grande abraço para todos Vós.

Carlos Silva

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Eduardo Maia conversa com o Administrador doCentro e como Presidente da Cruz Vermelha de Braga

No passado dia 30 de Outubro a DirecçãoNacional da APIR foi convidada para estarpresente na inauguração do novo Centro

de Hemodiálise, propriedade da Cruz Vermelha deBraga tendo-se feito representar por Eduardo Maia,da Delegação de Aveiro e Carlos Bizarro, colaboradorda Delegação de Coimbra.A receber os representantes desta Associação,estiveram os Senhores Dr. Francisco Alvim Presidenteda Delegação da Cruz Vermelha de Braga, Dr.Fernando Sousa Administrador deste Centro deHemodiálise e Drª. Susana Sampaio, Directora Clínicado mesmo, que tiveram a amabilidade de proporcionaruma visita às novas instalações.Começou-se pela sala de filtração de águas equipadacom a mais recente tecnologia. Seguiu-se para a salade tratamentos, composta por 17 postos dialíticos.

Esta unidade tem uma boa luminosidade natural comvista para o exterior, é bastante ampla em todo oespaço, mesmo no hall de entrada e sala de espera,sem barreiras arquitectónicas.Possui ainda óptimas instalações sanitárias e vestiáriospara os doentes.A cerimónia de inauguração começou com a bênçãodas instalações por Sua Excelência Reveren díssimaDom Jorge Ferreira Ortiga, Arcebispo Primaz deBraga, seguindo-se o descerrar da placa alusiva a estainauguração. Estiveram ainda presentes neste eventoo Presidente Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa,Dr. Luís Eduardo da Silva Barbosa, o Presidente daARS/Norte, Dr. Maciel Barbosa, a Administradorado Hospital de Braga, Dra. Teresa Costa Dias, alémde outras individualidades locais.A APIR agradece o convite que lhe foi endereçado,desejando os melhores sucessos para esta instituiçãona ajuda a uma melhor qualidade de vida aos doentesrenais.

Momento da Bênção das Instalações

INAUGURAÇÃO DO CENTRO DE HEMODIÁLISE DA CRUZ VERMELHA DE BRAGAINAUGURAÇÃO DO CENTRO DE HEMODIÁLISE DA CRUZ VERMELHA DE BRAGA

APIR REÚNE COM DGSAPIR REÚNE COM DGS

No dia 23.10.07, a APIR reuniu com a DirecçãoGeral da Saúde (DGS), com o objectivo detomarmos conhecimento sobre a proposta

relativa à Gestão Integrada da Doença Renal Crónica.Este modelo de gestão, integra as seguintes áreas:- Educação do doente (melhorar o acesso à informação,que habilite os doentes para as decisões e,simultaneamente, aumente o seu grau deresponsabilidade, individual e social, sobre a evoluçãoda doença);

- Produção de Guidelines/Normas de Boas PráticasProfissionais;

- Programação de cuidados, consultas, cons trução deacessos, transplantes, entre ou tros;

- Acesso a fármacos e meios indispensáveis de auto-vigilância;

- Acesso mais facilitado a serviços que promovam amelhoria da qualidade dos cuidados.

Fomos também informados, que, os doentesterão:- Acesso garantido a todos os cuidados de quenecessitam;

- Os cuidados serão prestados de forma integrada;- Os cuidados serão prestados com especiaispreocupações de eficiência técnica;

Monitorização contínua da qualidade da prestaçãode cuidados; - Um papel activo no processo da gestão da suadoença.

A Direcção

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PLANO DE ACTIVIDADES PARA 2008

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PLANO DE ACTIVIDADES PARA 2008

l. APIR 30 ANOS AO SERVIÇO DOS IRC

Ao longo dos seus 30 anos de Vida, a APIRsempre colocou a defesa dos direitos einteresses do IRC acima de quaisquer outras

questões. Assim, a nossa Associação prosseguirácom a acção desenvolvida ao longo da sua existência,junto de todos os IRC onde quer que estes seencontrem, para conhecer as suas preocupações ejustas aspirações. O levantamento destas situações,efectuado através de várias formas de contacto,serve para serem presentes às entidades com poderpara a sua resolução. A Direcção Nacional da APIR,seguindo os passos dos seus antecessores,compromete-se a prosseguir uma luta persistentepara alcançar a melhor qualidade de tratamento ede vida para todos os IRC do nosso país. Assim, continuaremos a dar seguimento ao reforçodas Delegações Regionais e Núcleos Locaisexistentes, e à criação de novas estruturas da APIR.A concretização destes objectivos passa pela acçãoconcreta desenvolvida junto das entidadesresponsáveis, doentes, familiares e profissionais de

saúde desta área. Por isso a APIR é uma Instituiçãoque se caracteriza por ter estado “Sempre aoServiço dos IRC” durante estes trinta anos. Nesse sentido, prosseguiremos as Reuniões Inter-Delegações e da Direcção Nacional com todas asestruturas da APIR.

2. COMEMORAÇÕES DO XXX ANIVERSÁRIO

NO CENTRO DAS ACÇÕES

As comemorações do XXX Aniversário devem estarno centro das acções a desenvolver pela DirecçãoNacional, Delegações Regionais e Núcleos Locais,bem como Sócios e Colaboradores da APIR.Também devem continuar a merecer a nossa melhoratenção os colóquios, visitas aos centros de Diálisee Unidades de Transplantação, sessões deinformação, sensibilização e esclarecimento dosdoentes dialisados e transplantados, das suas famílias,bem como dos técnicos e entidades públicas eprivadas ligadas ao sector do tratamento daInsuficiência Renal Crónica.

Mesa da Assembleia Geral

Realizou-se no passado dia 25 de Novembro aAssembleia Geral Ordinária da APIR com aseguinte ordem de Trabalhos: 1. Leitura,

Discussão e Aprovação da Acta Anterior; 2. Plano deActividades e Orçamento para 2008; 3. Novo Símboloda APIR; 4. Diversos.Após aprovação da Ordem de Trabalhos, foi lida a

Acta da sessão anterior a qual, tendo sido posta àvotação pelo Presidente da Mesa, foi aprovada porunanimidade.De seguida foram apresentados, respectivamente peloPresidente e Tesoureiro da DN, o Plano deActividades e o Orçamento para o próximo ano de2008, que após discussão, foram também aprovadospor unanimidade.No que respeita ao ponto 3, foi aprovado, com umvoto contra, proceder-se à mudança do Símbolo daAPIR, conforme escolha dos sócios através da RevistaNefrâmea, comprometendo-se a Direcção Nacionala divulgá-lo, somente, após a próxima AssembleiaGeral, a realizar em Março de 2008, onde seráaprovada a forma de o representar na bandeira, bemcomo a alteração do artigo 59.º dos Estatutos. Foram prestadas informações sobre outras actividadesda APIR, nomeadamente a próxima Festa de Natal etambém sobre vários assuntos de interesse para osIRC, após o que se encerrou a Assembleia.

ASSEMBLEIA GERAL APROVOUPLANO E ORÇAMENTO PARA 2008ASSEMBLEIA GERAL APROVOUPLANO E ORÇAMENTO PARA 2008

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Continuaremos a editar a “Nefrâmea”, Site,brochuras, cartazes e tarjetas, bem como a utilizaros meios associativos e administrativos, paralutarmos pelos nossos objectivos, informando osSócios e os IRC em geral, da nossa actividade emobilizando-os para a acção em defesa dos seuspróprios direitos.A nossa actividade em contactos com os organismospúblicos, nacionais, regionais ou concelhios eentidades privadas, deve servir para prosseguirmosas batalhas em que estamos empenhados paradefender e melhorar a situação da assistência clínica,económica, social e familiar ao IRC. A Direcção Nacional propõe ainda, a criação deuma Comissão Organizadora das Comemo -rações do XXX Aniversário da APIR, bem comoa publicação de um Vídeo sobre a retrospectivahistórica dos 30 anos de vida da nossa Associação.

3. REFORÇAR AS ACTIVIDADESCONJUNTAS

A APIR continuará a ter um papel activo naprevenção da doença renal crónica. A colaboraçãoe articulação mútua, e Solidariedade Institucionalentre a Direcção Nacional, as Delegações, Núcleose todos aqueles que colaboram, desinteressada evoluntariamente, com a APIR, são pilaresfundamentais para concretizarmos a nossaobrigação e responsabilidade de DirigentesAssociativos Nacionais, Regionais e Locais. A DN,conjuntamente com as Delegações Regionais,Núcleos e Colaboradores locais, devem fazer umgrande esforço na tentativa de reforçar as actuaisestruturas, reunindo, discutindo e executandosempre as suas tarefas, com a participação datotalidade ou do máximo dos seus membros e, senecessário, recorrendo a cooptações previstas nosEstatutos. Devemos trabalhar sempre na perspectivado maior envolvimento possível dos IRC, e seusfamiliares, na resolução dos seus própriosproblemas.

4. SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS EFINANCEIROS

O apoio dos Serviços nacionais, regionais e locaisa nível económico e financeiro, tem-se reveladoindispensável para alcançarmos resultados positivose concretizarmos os objectivos em prol dos IRCque temos levado por diante. Assim, vamoscontinuar a pautar a nossa acção directiva,administrativa e financeira por rigorosos critériose princípios de equidade, bom senso e ponderaçãonas decisões e gestão dos bens patrimoniais, técnicose recursos humanos da APIR. O RegulamentoInterno é um poderoso instrumento nesse sentido,devendo ser respeitado por todos.A eficácia e acerto da nossa actividade dependemsempre da interligação de todos estes factores, quenão podem ser encarados isoladamente. A um bomplaneamento devem corresponder sempre umequilíbrio orçamental e, acima de tudo, uma boagestão, para que os resultados sejam sempre visíveise palpáveis. É por isso que nos devemos continuara bater.A Proposta do Orçamento que suporta este Planode Actividades e a sua calendarização será por isso,estamos certos, criteriosa e equilibrada, respeitandotodas as Normas e Orientações aprovadasdemocraticamente pelos Órgãos Nacionais eRegionais da APIR. A Direcção Nacional agradece, em nome dosdoentes renais crónicos, o apoio de Funcionários eColaboradores Administrativos, DelegaçõesRegionais e Núcleos Locais, bem como a todos oscolaboradores anónimos que, um pouco por todoo país, nos ajudaram a “Bem Servir os IRC”. Bemhajam por isso.

Muito obrigado.Lisboa, Novembro de 2007

A DIRECÇÃO NACIONAL

PARECER DO CONSELHO FISCALNos termos da alínea b) do art. 39.º - Secção V - dos Estatutos, o Conselho Fiscal analisou o Plano deActividades e as Contas de Exploração Previsional e Orçamento de Investimentos da APIR, para o anoeconómico de 2008, apresentados pela Direcção Nacional, e considera ambos os documentos elaboradosde forma a prosseguir com os objectivos desta Associação.Assim, o Conselho Fiscal recomenda à Assembleia Geral a aprovação do Plano de Actividades e dasContas de Exploração Previsional e Orçamento de Investimentos para o ano de 2008.Lisboa, Novembro de 2007

O Presidente do Conselho Fiscal

( Joaquim Bento Amaral)O Relator do Conselho Fiscal O Relatore do Conselho Fiscal

(Vitor Vilson Simões Freire) (Rui Ferraz Medeiros)

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Ao elaborar a Proposta de Orçamento para oano de 2008, a Direcção Nacional teve emconsideração a situação económica do país,

pois, se em termos macroeconómicos a redução dodéfice orçamental do Estado é uma realidade, elareflecte, necessariamente, uma diminuição na despesapública (ex: redução na atribuição de subsídios àsIPSS) sendo por isso imprevisível o apoio a atribuirpor parte do Estado à nossa Associação.Neste contexto e tendo em conta que no ano 2008se celebram 30 anos de existência da APIR, seránecessário um empenhamento de todos, no sentidode se obter um maior apoio financeiro por parte dasociedade civil (donativos quotização, etc.), para queo Plano de Actividades deste ano de Aniversário, sejacumprido com a dignidade que a nossa Associaçãomerece.

A Direcção Nacional da APIR ao apresentar àAssembleia Geral, nos termos dos Estatutos, aProposta de Orçamento para o Exercício de 2008,tem em conta esta situação e procura pôr à disposiçãoe consideração dos Associados as principais linhas deorientação económica e financeira para o próximo ano.Assim, é necessário que em 2008 todas as estruturase órgãos dirigentes nacionais, regionais e locais,estabeleçam bem as suas prioridades e adoptem umapolítica criteriosa e equilibrada, de modo a permitircom rigor, a execução deste Plano de Actividades.Estamos certos que as verbas propostas merecerãoa Vossa aprovação.

Lisboa, Novembro de 2007A Direcção Nacional

ORÇAMENTO PARA O ANO ECONÓMICO DE 2008(RELATÓRIO TÉCNICO)

ORÇAMENTO PARA O ANO ECONÓMICO DE 2008(RELATÓRIO TÉCNICO)

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IMPORTÂNCIA DOS MÉDICOS DE MEDICINA GERAL E FAMILIARIMPORTÂNCIA DOS MÉDICOS DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR

Adoença renalc r ó n i c a( D R C )

c o m p r e e n d ediferentes estádios degravidade (1 a 5,Tabela 1), segundo aclassificação de DRCproposta pela Na -tional Kidney Foun -dation (K/DOQI,2002) e corrigidapela KDIGO (2004).Ape nas uma pequenapercentagem de doen-tes alcança o estádio5, em que é necessáriorecorrer a terapêutica

substitutiva da função renal (diálise ou transplantação).Um número significativamente superior de obesos,com lúpus ou história familiar de doença renal. Estima-se que um em cada 10 adultos sofra de algum grau deDRC, compreendendo esta definição a existência dealterações patológicas estruturais (ex.: alter.ecográficas)ou funcionais (ex.: proteinúria) renais com duração> três meses e/ou TFG < 60 ml/min/1,73m2(fórmulas MDRD ou Cockcroft-Gault).A importância dos médicos especialistas em MedicinaGeral e Familiar ou, de forma abreviada, médicos defamília (MdF), no acompanhamento dos doentescom DRC é fundamental, podendo estes contribuirde forma significativa para a redução da morbilidadee mortalidade associada à DRC, bem como pararedução dos custos globais associados a esta patologia(ressalve-se que a DRC grau 5 é considerada apatologia médica crónica mais onerosa em termos deterapêutica de suporte – diálise ou transplantação -,bem como medicação e apoios associados). Podeavaliar-se a importância dos especialistas de MGF notratamento da DRC a quatro níveis:

Nível 1 – Campanhas de educação para a saúdecomo forma de prevenir os factores de risco paraa DRC, factores estes, na sua maior parte,sobreponíveis aos factores de risco cardiovasculare da diabetes.Como refere Sá AB (1995), o MdF devido ao seutreino e dedicação constante ao bem- estar dosindivíduos que segue, presta cuidados de características

únicas, sendo o único centrado numa perspectivaproactiva, isto é, não se limita a esperar que osproblemas surjam, mas actua previamente,antecipando-os sempre que possível. Assim, a suaactuação verifica-se não só na doença, mas tambémna sua prevenção.A prevenção da DRC passa pela prevenção doaparecimento de diabetes e de hipertensão arterial (asprincipais causas da DRC), da utilização demedicamentos anti-hipertensores protectores renais,da adopção de estilos de vida saudáveis para evitaraumento de peso e dislipidemias (exercício físico,alimentação saudável), da evicção da toma excessivade medicamentos que lesam os rins (ex.: analgésicose anti-inflamatórios) e de ingestão excessiva deproteínas.

Nível 2 – Identificação dos doentes com DRCprecoce (1 e 2) redução do risco associado à suaprogressão.A este nível importa abordar a questão de saber quala população alvo a rastrear relativamente à DRC, deforma a poder tratá-la nas fases mais precoces (1 e 2).O rastreio de todos os utentes dos cuidados primáriosde saúde não é razoável, pois não apresenta uma boarelação custo-eficácia, como já demonstrado poralguns autores (Boulware LE et al., 2003). Umaabordagem mais racional, será restringir o rastreio àpopulação de maior risco de desenvolver DRC,nomeadamente a população mais velha (> 60 anos),os diabéticos, os hipertensos, os obesos, aqueles comhistória familiar de doença renal, aqueles que têmdoenças autoimunes ou história de infecções repetidasdo tracto urinário. O rastreio poderá consistirinicialmente numa medição da TA e análise qualitativada urina (dipstick para a albuminúria/proteinúria ehematúria).Um resultado positivo deve ser confirmado por umaanálise de proteinúria quantitativa (relaçãoalbumina/creatinina urinária, em pelo menos duasamostras aleatórias de urina), pelo doseamento dacreatinina sérica, análise do sedimento urinário e,eventualmente, realização de ecografia renal. A estenível, aos especialistas de MGF competirá conheceras características da DRC nos seus estádios maisprecoces (1 e 2), e o controlo por si efectuado dassituações associadas ao risco de progressão da mesma,nomeadamente o controlo tensional rigoroso com autilização obrigatória de medicamentos bloqueadores

formação

No tratamento da Doença Renal Crónica

Prof. Helena Sá, Assistente Graduada de Nefrologia dosHospitais da Universidade

de Coimbra.

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da angiotensina II (IECA ou ARA), o controlometabólico da diabetes e da dislipidemia, o controloda ingestão proteica e do excesso de sal, o controlo doexcesso de peso e dos factores infecciosos agravantesda função renal.A maior parte dos doentes com DRC integra-se nestegrupo e não necessita de referenciação obrigatória eimediata ao nefrologista. A referenciação de todos osdoentes com DRC precoce ao nefrologista,rapidamente esgotaria a capacidade de resposta dosserviços hospitalares, e comprometeria o atendimentodas situações mais graves, com indicação plena dereferenciação imediata a centro especializado deNefrologia.

Nível 3 – Referenciação dos doentes com DRCem estádios mais avançados (3,4 ou 5) paraobservação por nefrologista em centrodiferenciado. Os critérios de referenciação à consulta ou à Urgênciade Nefrologia deverão ser alvo de discussão eactualização permanentes, devendo esta iniciativa partirdas comunidades científicas locais e nacionais, existindoautores que sugerem a sua inclusão nos programascurriculares de ambas as especialidades (Pereira B,2000). Como modelo protocolar de referenciaçãosugere-se a adopção dos Critérios para envio dedoentes à Consulta de Nefrologia-Adultos, elaboradospor um grupo de nefrologistas da iniciativa daSociedade Portuguesa de Nefrologia em 2001 (SanchesJR et al.).

Nível 4 – Acompanhamento multidisciplinar dodoente com DRC através da integração earticulação dos Cuidados de Saúde baseados naMedicina Ambulatória (MGF) e da MedicinaHospitalar (Nefrologia).Este nível é determinante na eficácia da obtenção dosresultados esperados: contribuir para a melhoria doseguimento do DRC e da sua referenciação atempadaao nefrologista, de modo que todos os inconvenientesdo atraso do tratamento da DRC avançada sejamevitados. Só uma articulação e um diálogo facilitadoentre os MdF e os nefrologistas da mesma área de

Saúde, poderão permitir o seguimento racional dodoente com DRC e com melhor relação custo-benefício para o Sistema Nacional de Saúde.Com certeza que nem todos os doentes com DRCgrau 3 (TFG 30-59 ml/m/1,73 m2) necessitarão deser seguidos exclusivamente pelo nefrologista (mesmono que diz respeito à evolução da sua insuficiênciarenal), sobretudo se a progressão da doença for lenta,podendo a vigilância por nefrologista ser anual e oacompanhamento mais próximo efectuado pelo MdF(de quatro em quatro meses, como exemplo).O diálogo e a partilha de informação clínica actualizadaentre as duas especialidades relacionadas comintercorrências significativas (mau controlo tensionalou dos edemas, hipercaliemia, etc.) deve serproporcionado pela facilitação dos canais decomunicação e transmissão informática de informação.Neste aspecto muito há ainda a melhorar no nossosistema de saúde, para que se atinja a verdadeiraarticulação e integração dos cuidados médicos.Falamos da transmissão informática homogénea dosdados do doente entre os cuidados primários esecundários, falamos da marcação rápida e cómodade consultas (porque não por via electrónica?), falamosdos encontros multidisciplinares sobre áreas deinteresse comum entre MdF e especialistas hospitalares,da utilização se necessário, da telemedicina ouconferência on.line, falamos da eliminação de bloqueiosinexplicáveis da rotina diária que nos impedem muitosimplesmente de pegar num telefone e falar com oColega que se encontra no centro de saúde, acerca doproblema actual do nosso doente, neste caso o doenteque sofre de DRC.Esperamos que este Encontro Renal 2007, que integraum Simpósio de Nefrologia e Cuidados de SaúdePrimários, seja mais uma oportunidade demelhorarmos o seguimento dos doentes com DRC,segundo uma perspectiva de desenvolvimento de umadas tecnologias de saúde mais eficazes e menosdispendiosas: a comunicação.

In Jornal do Encontro Renal 2007

Estádios DRC Descrição Taxa de filtração glomerular (GFR) (ml/m/1,73 m2)

Riscoacrescido

Factores de risco para doença renal crónica (ex. diabetes,HTA, história familiar, idade avançada, grupos étnicos ou

raciais> 90

1 Alter. Urin. Assint .(ex.: proteinúria) e TFG normal ouaumentada > 90

2 IRC ligeira (diminuição ligeira da TFG 60 to 893 IRC moderada (diminuição moderada da TFG) 30 to 594 IRC grave (diminuição severa da TGF) 15 to 29

5 Falência renal (dependente de diálise Dou transplantação T) < 15

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Unidade de Transplantação dos HUCatinge recorde Nacional com mais de 100transplantes renais em 2007

Unidade de Transplantação dos HUCatinge recorde Nacional com mais de 100transplantes renais em 2007

t ransplantação

AUnidade de Transplantação Renal dos HUCrealizou o maior número de transplantesrenais, desde de 1995, ultrapassando os 100

transplantes renais num só ano. “ Um número quevínhamos perseguindo e que nos coloca na 4.ªUnidade de Transplantação a nível Ibérico” afirmouo Prof. Dr. Alfredo Mota, director do Serviço deUrologia e Transplantação Renal dos HUC.Há 12 anos que esta unidade “tem sido consecutivamenteaquela que realiza maior número de transplantes renaisano”, tendo registado muito perto dos 100 desde de2004.Tendo sido pioneira no programa de transplantaçãorenal, em 1980, pela mão do Prof. Dr. LinharesFurtado, este serviço já realizou um total de 1630transplantes renais (1580 dador de cadáver e 52 dadorvivo).

O principal problema do baixo número detransplantes de dador vivo, deve-se à falta de órgãos,pois existem poucos dadores para as necessidades.Até agora, a transplantação de órgãos de dadores vivossó era permitida se o beneficiário fosse parente dodador até terceiro grau. Com a alteração da Lei, agoraalargada ao cônjuge e amigos o número detransplantes de dador vivo pode vir a aumentar.Segundo o Prof. Dr. Alfredo Mota o êxito datransplantação renal, deve-se ao trabalho de umagrande equipa que envolve os Urologistas, mastambém Anestesistas, Nefrologistas, Enfermeiros,Gabinete de Coordenação, este responsável pelacolheita de órgãos e o centro de Histocompatibilidade,onde são estudados os doentes do ponto de vistaimunológico, como também o trabalho da equipa detransplantação renal, que vai colher órgãos a várioshospitais da região Centro.

“estamos com uma taxa de 42,5 transplantes renaispor milhão de habitantes,superior à média nacional,que é de 35,8”

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Aprincipal causa de doença renal crónicaterminal (DRCT) é a diabetes seguida pelahipertensão arterial. Estas duas causas são

responsáveis por 2/3 da DRCT. Entre nós, embora não tenhamos dados sobre ascausas de DRCT, a percepção geral é de que adiabetes e a hipertensão arterial são também a principalcausa de doença renal crónica. O mais fácil acesso aos alimentos ricos em açúcares,pelo aumento da qualidade de vida e uma vidasedentária contribuíram seguramente para estasituação. Infelizmente a população mais desfavorecidae com nível educacional mais baixo é aquela que temmaior número de diabéticos e hipertensos.Em Portugal a diálise teve uma taxa de crescimento

de 4,2% em 20061 situação que se tem mantido nosúltimos anos. No nosso país a prevalência de doentes em terapêuticasubstitutiva de função renal (TSFR) é muito elevada(870 pmp em 2006) só ultrapassada por países comoo Japão e os USA2. Em 2010, segundo previsões daSPN, mais de 10.000 doentes estarão em TSFR. Aconcretizar-se este cenário os recursos económicos,humanos e logísticos (Serviços de Nefrologia,Unidades de HD, Unidades de DP), terão que sersubstancialmente aumentados o que na conjunturaactual parece ser particularmente difícil, quer pelasdificuldades económicas quer pela escassez de pessoalhabilitado e treinado a tratar esta patologia.A Diálise Peritoneal (DP) faz parte das terapêuticasdisponíveis para o tratamento dos doentes comDRCT, em conjunto com a hemodiálise e otransplante renal. Estas terapêuticas devem ser vistasde forma integrada não concorrencial para que, deacordo com a escolha do doente quando viável, seadaptem ao seu quotidiano permitindo-lhes a melhorqualidade de vida possível.A DP é uma terapêutica substitutiva da função renal(TSFR) em que o doente faz a terapêutica nodomicílio, tendo apoio periódico de enfermagemdomiciliária e acompanhamento regular peloNefrologista da sua Unidade de DP.Presentemente a DP é utilizada apenas em 10-15%dos doentes com DRCT (em Portugal em 3%,segundo dados da Sociedade Portuguesa deNefrologia). Esta técnica é menos dispendiosa (nãoé objectivo deste breve artigo discutir os custos dadiálise, mas é preciso pensar nos custos de transportese acessos vasculares nos doentes em HD), o quemotiva a sua utilização, nos países com maioresdificuldades, em larga escala (no México cerca de 75%dos doentes estão em DP) e dá maior satisfação aosdoentes.Do número total de doentes em terapêuticasubstitutiva de função renal (HD, DP e Tx. renal)apenas 3% estavam em diálise peritoneal (481).Múltiplas razões contribuem para esta situação. Parareflexão deixam-se aqui três causas que achorelevantes:• Portugal tem uma população em TSFR muito idosa,

com baixo nível sócio-cultural o que diminui apossibilidade de realizar uma técnica em que o

A DIÁLISE PERITONEAL NAINSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICATERMINAL EM PORTUGAL

A DIÁLISE PERITONEAL NAINSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICATERMINAL EM PORTUGAL

formação

Dr. Manuel Amoedo, Assistente Hospitalar

Graduado de Nefrologia, Unidade de Diálise Peritoneal, Hospital Espírito Santo, Évora

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doente é o seu executor. Poder-se-ia minimizar esteproblema se entre nós tivéssemos diálise peritonealassistida que existe, por exemplo, em França ondeé possível ter um técnico de saúde a apoiar estesdoentes no domicílio.

• A utilização da DP em países onde não existedefinição do preço é menor (em Portugal existedefinição de preço para HD mas não para a DP). Adefinição do preço para a DP não implicanecessariamente, pelo menos para já, porque acapacidade hospitalar não está esgotada, que a DP passea ser convencionada (a convenção é que permite quedeterminada terapêutica/acto de diagnóstico possa serexecutada por entidades privadas que cobram àsautoridades de saúde pelo preço definido pelo Ministérioda Saúde).

• Uma situação controversa mas que é frequentementedescrita na literatura é o deficiente conhecimento datécnica por médicos e enfermeiros que tendem afavorecer e a propor aos doentes a técnica que melhordominam4.

Não querendo favorecer a DP, porque mais uma vez sesalienta que as TSFR não são concorrentes mas

complementares (idealmente o doente deveria poder, seassim entendesse, passar por todas as técnicas) apontam-se apenas alguns exemplos que poderiam ser benéficospara os doentes, pelo menos nos primeiros anos:• Preservação da função renal residual durante mais

tempo do que a hemodiálise 5,6,7.• No pós-transplante renal é menor a incidência de

função tardia do enxerto no doente em DP doque no doente em HD 8

• O doente em DP mantém o emprego com maisfacilidade e tem melhor qualidade de vida do queo doente em hemodiálise9. É de referir que outrosautores não encontraram diferenças entre a DPe a HD no que se refere ao emprego10 e àqualidade de vida.11

Em jeito de conclusão pode dizer-se que a DP é,em Portugal, uma TSFR consolidada (em 10 anoso número de doentes nesta técnica duplicou) quevai beneficiar do maior conhecimento e dasmelhorias introduzidas conseguindo assim, comcritérios clínicos bem definidos, proporcionar aosdoentes, envolvendo-os na decisão terapêutica, uma

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qualidade de vida satisfatória.1 Gabinete de Registo da SPN (www.spnefro.pt)2 Grassmann, et al., Nephrol Dial Transplant.

2005;20:2587-2593.2 Lameire, et al., Blood Purif. 2006; 24:107-114.4 Mehrota, et al.,Am J of Kidney Dis. 2002;40(1):152-

160.

5 Moist, et al., J Am Soc Nephrol. 2000;11:556-564.6 Lang, et al., Perit Dial Int. 2001;21(1):52-57. 7 Jansen, et al., Kidney Int. 2002;62(3):1046-10538 Vanholder et al., Am J Kidney Dis. 1999;33(5):934-

940.9 Rubin et al., JAMA. 2004;291(6):697-703.10 Blake et al., J Nephrol. 2000;13(2):142-149.

Doentes em DP 1997-2006 (Ns=3.499 doentes.ano)

(Gabinete de Registo SPN)

206

165

39

261

161

96

293

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130

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146 16

5

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398

146

251

390

142

246

481

137

342

437

184

248

0

100

200

300

400

500

600

TOTAL DPCA DPA

1997

1998

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2006

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07notícias

A APIR NO 6.º ENCONTROREGIONAL DA APEDTA APIR NO 6.º ENCONTROREGIONAL DA APEDT

Aspecto da mesa

AAPIR foi convidada a participar no 6º.Encontro Regional da APEDT que decorreuno passado dia 4 de Novembro no Hotel

Régua Douro, subordinado ao tema “InsuficiênciaRenal – Acessos: Atitudes e Intervenções”, tendo-sefeito representar pelo seu Presidente Carlos Silva epelo colaborador da Delegação de Coimbra CarlosBizarro.Após a Cerimónia de abertura pelo Presidente daAPEDT, Enf.º Fernando Vilares e das Boas Vindaspela representante da Câmara Municipal da Régua, foidado inicio aos trabalhos por parte do Dr. Norton deMatos com o tema – Acesso Vascular “A visão doCirurgião Vascular”, tendo dado a conhecer os váriosproblemas que lhe têm surgido ao longo dos anos nosvários acessos que já realizou, nomeadamente emdoentes com maus acessos.De seguida tomou a palavra o Dr. Pedro Bizarro como tema “A visão do Nefrologista” dissertando sobreos vários acessos que lhe chegaram às mãos já numestado cuja a resolução se mostrava quase impossível,mas que, de uma maneira ou doutra, conseguiuresolver.Foi dada “A visão do Enfermeiro” sobre a sua actuaçãonas unidades de hemodiálise com os acessos vasculares,estando este tema a cargo do Enf.º Miguel Lima.Seguiu-se, após uma pausa para um café, a Conferênciada Baxter sobre o tema “Diálise Personalizada” a cargoda Dr.ª Maria João e do Dr. Rui Castro.O Enf.º Silvino Cunha efectuou a apresentação doManual de Diálise Peritoneal Para Enfermeiros queanda a ser elaborado por um grupo de Enfermeirosem colaboração com Empresas ligadas ao ramo, já háalguns anos.Após o almoço continuaram os trabalhos com aConferência Genzyme subordinada ao tema “Adesãoao Regime Terapêutico” a cargo de Cláudia Martinse Clemente Sousa, seguindo-se Diálise Peritoneal

“Serviço de Nefrologia – C.H.T.A.D. – A nossarealidade, a cargo de Virgílio Pinhel, dando a conheceras inúmeras vantagens deste tipo de tratamento queinfelizmente, segundo ele, não é devidamentedivulgado por quem de direito aos IRC, quando lhesé detectada a doença, possibilitando aos interessadosterem uma maior autonomia para a sua vida

profissional, não estando sujeitos a deslocações a umCentro para efectuarem o tratamento.De seguida foi a vez da Nutricionista Isabel Gomesapresentar o seu trabalho sobre a “Bio – ImpedânciaÉ necessária” explicando o trabalho que tem vindo aefectuar no Centro onde presta serviço, com o aparelhoobtendo resultados bastante positivos e que são doagrado dos doentes podendo dessa forma ter ummelhor tratamento e uma melhor qualidade de vida.

Aspecto da sala

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07DELEGAÇÕESR E G I O N A I S

APIR AVEIRO

Presidente: JOSÉ MANUEL ROCHASede Social: Rua Drº. Alberto Souto, nº 7Loja “23X”3800-149 AVEIROTEL: 234 913 916

APIR COIMBRA

Presidente: JOSÉ CARLOS DINISSede Social: Rua de Montarroio, 53 - R/c3000-287 COIMBRATEL: 239 828 277 • FAX: 239 841 768email:[email protected]

APIR SETÚBAL

Presidente: PAULO PACHECO DOS SANTOSSede Social: Av. 5 Outubro, Edifício Bocage,148-4ºL 2900-309 SETÚBALTEL./FAX: 265 525 527email:[email protected]

APIR LISBOA

NÚCLEO LISBOACoordenação: PAULO RIBEIRO e PAULOZOIOSEDE NACIONALTEL: 218 371 654 • FAX: 218 370 8261950-224 LISBOA

DAS

APIRAPIR

porta-voz dos dialisados e transplantados renais

APIR ALGARVE

NÚCLEO FAROPresidente: MANUEL E. CORREIARua Gil Eanes, nº 9 - 2º M8700-474 OLHÃOTEL: 289 705 576

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07ACTIVIDADES

DA DELEGAÇÃO

No ano de 2008 a Delegação Regional de Coimbrapropõe-se realizar e participar nas seguintes iniciativas:

JANEIRO05 – Reunião da Delegação.

FEVEREIRO02 – Reunião da Delegação.

MARÇO01 – Reunião da Delegação;13 – Dia Mundial do Rim;26/29 – XXII Congresso Português de

Nefrologia/Vilamoura;30 – Reunião da D. N. e Assembleia Geral.

ABRIL05 – Reunião da Delegação; 06 – IX Interregional;

Aniversário da Delegação de Coimbra;Visita Centro Diálise.

MAIO03 – Reunião da Delegação;

Visita aos Centros de Diálise;18 – Participação em Colóquio ou Organização

da Direcção Nacional.

JUNHO01 – Passeio Convívio da Delegação/

Subida do Douro;07 – Reunião da Delegação.

JULHO05 – Reunião da Delegação.

AGOSTO02 – Reunião da Delegação;

FÉRIAS.

SETEMBRO06 – Reunião da Delegação;

Visita a Centro de Diálise.

OUTUBRO04 – Reunião da Delegação;19 – XXX Aniversário da APIR;

Preparação do Plano de Actividades eOrçamento para 2008.

NOVEMBRO08 – Reunião da Delegação;

Preparação da Festa de Natal;30 – Reunião da D.N. e Assembleia Geral.

DEZEMBRO06 – Reunião da Delegação;14 – Festa de Natal com Almoço dos IRC;

Eleições para os Órgãos Nacionais e Regionais da APIR.

Coimbra, 23 de Outubro de 2007

CALENDÁRIO DE ACTIVIDADES E ORÇAMENTO PARA 2008

Orçam2008COTIZAÇAO 2.500,00 €

0,00 €50,00 €

7.335,00€0,00 €

950,00 €50,00 €

220,00 €225,00 €

1.100,00 €

12.430,00 €

123456789

COTIZAÇÃO / MangualdeJÓIAS DE NOVOS INSCRITOSDOTAÇÃO DA DIRECÇÃODOTAÇÃO p/ apoio MangualdePATROCÍNIOSVENDAS ARTIGOS ASSOCIAÇÃODONATIVOSDIVERSOSINICIATIVAS

TOTAL

DespesasRubricas Orçam2008COMUNICAÇÕES (CTT, etc) 635,00 €

1.065,00 €245,00 €

1.620,00 €1.033,00 €

300,00 €2.700,00 €

450,00 €4.182,00 €

200,00 €

12.430,00 €

123456789

10

COMUNICAÇÕES (TELEFONE )ELECTRICIDADE (CENEL) e ÁGUAEQUIPAMENTOS E MATERIAL ESCRITDESLOCAÇÕESFUNCIONAMENTO E REPRESENTAÇÃOINICIATIVASAPOIO GUARDA/MANGUALDESERVIÇOS PRESTADOSDIVERSOS

TOTAL

RubricasReceitas

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ACTIVIDADESDA DELEGAÇÃO

CALENDÁRIO DE ACTIVIDADES E ORÇAMENTO PARA 2008

No ano de 2008 a Delegação Regional de Aveiropropõe-se realizar e participar nas seguintes iniciativas:

JANEIRO12 – Reunião da Delegação.

FEVEREIRO09 – Reunião da Delegação;

Visitas a Centros de Diálise e Cobrança de Quotas

MARÇO08 – Reunião da Delegação;

Continuação de visitas a Centros de Diálise;30 – Reunião da D. N. e Assembleia

Geral.

ABRIL06 – IX Interregional;12 – Reunião da Delegação.

MAIO10 – Reunião da Delegação;18 – Participação em Colóquio ou Organização

da Direcção Nacional.

JUNHO01 – Participação no Passeio Convívio

da Delegação de Coimbra/Subida do Douro;14 – Reunião da Delegação.

JULHO12 – Reunião da Delegação.

AGOSTO09 – Reunião da Delegação;

FÉRIAS.

SETEMBRO13 – Reunião da Delegação;

Visita a Centros de Diálise.

OUTUBRO11 – Reunião da Delegação;19 – XXX Aniversário da APIR;

Preparação do Plano de Actividades eOrçamento para 2008.

NOVEMBRO08 – Reunião da Delegação;

Colaboração na preparação e participaçãona Festa de Natal de Coimbra;

30 – Reunião da DN e Assembleia Geral.

DEZEMBRO13 – Reunião da Delegação;14 – Participação na Festa de Natal e Almoço

da Delegação de Coimbra;Eleições para os Corpos Sociais da APIR.

Aveiro, 22 de Outubro de 2007

Orçam2008COTIZAÇAO 1.200,00 €

0,00 €40,00 €

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DespesasRubricas Orçam2008COMUNICAÇÕES (CTT, etc) 100,00 €

60,00 €150,00 €250,00 €630,00 €300,00 €

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COMUNICAÇÕES (TELEFONE )ELECTRICIDADE (CENEL) e ÁGUAEQUIPAMENTOS E MATERIAL ESCRITDESLOCAÇÕESFUNCIONAMENTO E REPRESENTAÇÃOINICIATIVASRENDAS DA DELEGAÇÃOSERVIÇOS PRESTADOSDIVERSOS

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ACTIVIDADES DA DELEGAÇÃO

Autocarro que transportou os participantes daDelegação de Setúbal

ADelegação de Setúbal fez deslocar umautocarro com os nossos sócios e seusfamiliares à comemoração do 29.º

Aniversário da APIR, que se realizou em VendasNovas – Afeiteira, no passado dia 21 de Outubro.O nosso itinerário foi o seguinte: Partida de Setúbalem direcção a Canha e Coruche, onde tomámos opequeno-almoço. Depois, passámos por Couço, Morae Cabeção, onde pudemos visitar o Fluviário, únicono género na Europa. Pena é que não tivéssemos tido

tempo para desfrutar do ambiente de toda a zonaenvolvente, tanto da pequena barragem, zona de pescadesportiva, como do parque de campismo, zona dedesportos, bem como da pequena praia fluvial aliexistente.Seguidamente e com tudo isto para trás, seguimosoutra vez em direcção a Mora, sede do concelho ondese insere Cabeção, passando por Brotas, Ciborro,Lavre e Vendas Novas.

Aqui, dirigimo-nos de imediato ao Restaurante “AFonte”, onde já se encontravam os nossos colegas devárias partes do País para podermos saborear, emconjunto, aquilo que se mostrou ser um excelentealmoço de Aniversário, na companhia de uma grandefamília que são os Insuficientes Renais.Passámos assim, a tarde, sem darmos por isso, ao somde um excelente conjunto, que parece ter sido doagrado de todos.Para o ano, vamos comemorar os 30 anos da nossaAssociação, em Lisboa. Esperamos que todos possamdizer presente!Nós, pela nossa parte, tudo iremos fazer para mobilizaro maior número de pessoas da nossa região.

A Direcção da Delegação de Setúbal

A DELEGAÇÃO DE SETÚBALNO 29.º ANIVERSÁRIO DA APIR

Bolo de Aniversário

Convívio entre os participantes

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ACTIVIDADES DO NÚCLEO DE LISBOA

Onúcleo local de Lisboa da APIR deuseguimento ao calendário de actividades,no que diz respeito a visitas a centros. Desta

feita, Fernando Fonseca, Isabel Pragana, Paulo Ribeiroe Paulo Zoio deslocaram-se ao Hospital de SantaMaria para visitar a Unidade de Nefrologia,Hemodiálise, Diálise Peritoneal e Pediatria nosdias 26 e 27 de Outubro.Fomos amavelmente recebidos pelo Prof. Doutor,Martins Prata com quem tivemos uma agradávelconversa, não só em relação à unidade que desdesempre está sob a sua Direcção, mas também sobreoutros assuntos. Contou-nos que foi convidado a serDirector do HSM, mas que recusou pelo facto de nãogostar do serviço administrativo, mas sim de tratar dedoentes, e contrapôs que lhe dessem um local parafuncionar o serviço de nefrologia. Assim nasceu oprimeiro serviço desta especialidade em Portugal, istohá mais de 30 anos. Mas o seu grande contentamento foi quando nosfalou que o hospital vai ter um novo serviço dehemodiálise, dizendo-nos que é uma luta sua de hámuitos e longos anos. Levou-nos ao local onde todosos dias observa o desenvolvimento das obras daquelaque será a futura unidade de hemodiálise. Esta temprevisto a sua inauguração para Fevereiro/Março dopróximo ano. Este serviço e equipa já há muito que mereciam estanova unidade, embora o ano passado a hemodiálisetenha passado por uma reestruturação física, com aabertura de uma sala de isolamento destinada aosdoentes com infecção VIH ou VHB. Também foramadquiridos cinco novos monitores de Hemodiálise,aumentando assim para 20 o número de monitoresdisponíveis, mas só oito e mais dois de isolamentoestão a funcionar, devido à falta de espaço. Apesar detodos os monitores permitirem realizar técnicas dealto fluxo, o sistema da unidade de tratamentos deáguas não está adaptado a estas modalidadesdepurativas. Por essas e outras razões, é muito bemvinda a nova unidade de hemodiálise que terácapacidade para cerca de duas dezenas de monitorese todas as outras condições, necessárias para prestarum bom serviço ao doente, como também, aosprofissionais de saúde. Para além das condições doactual serviço e da falta de pessoal médico e deenfermagem, para fazer frente a um número muitoelevado de doentes, é de salientar que esta equipa temconseguido resultados que não são inferiores aos deoutras unidades.

Visitámos todo o serviço, guiados pelo Professor,incluindo o serviço de Diálise Peritonial.Na Diálise Peritoneal fomos gentilmente recebidospela Enfermeira Rosa Silva (responsável pelo serviço)que nos mostrou o espaço, que acolhe 50 doentes,todos eles fazem Diálise Peritoneal Automatizada(com máquinas cicladoras e durante a noite), exceptoum que faz Ambulatória (manual e várias vezes pordia). O Director deste serviço é o Dr. Edgar deAlmeida.Tivemos ainda oportunidade de falar com os nossoscolegas que se encontravam internados no serviço de

nefrologia, e também na sala de diálise, a quem demosa conhecer a Associação, mas essencialmente, ouvimosos seus problemas e angústias e demos uma palavrade conforto, coragem e esperança.Infelizmente não conseguimos falar com a Dr.ªMargarida Almeida, coordenadora da Unidade deNefrologia e Diálise e ainda do Transplante RenalPediátrico, pelo facto de termos tido a reunião comO Prof. Dr. Prates e não conseguirmos ter chegadoa tempo de nos reunirmos. As nossas Desculpas!Falámos com uma enfermeira que estava de serviço,que nos informou que o número total de criançasneste serviço é de oito, duas das quais em Hemodiálise.Isto acontece, felizmente, porque grande parte dascrianças estão em Diálise Peritoneal, outras, sendotransplantadas antes, não chegam a entrar em Diálise.A unidade de Transplante Pediátrica de Santa Mariafoi a primeira criado no país. Tendo o seu primeirotransplante, com rim de cadáver, em finais de 1995 ecerca de sete anos mais tarde realizou o primeiro comdador vivo.

A Apir agradece a todo o pessoal, a disponibilidade esimpatia com que todos nos receberam!

Paulo Ribeiro

Visita ao Hospital de Santa Maria

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INTRODUÇÃO

AInsuficiência Renal Crónica interfere commúltiplos factores, tanto de ordem física,psíquica como social

Entre as consequências da doença, com maiorimpacto nas mulheres, destacam-se os problemassexuais e a baixa fertilidade.As causas físicas de maior relevo para esteproblema incluem:- o desequilíbrio hormonal;- anemia e consequente cansaço;- os efeitos adversos de alguns medicamentos,nomeadamente anti-hipertensores;

- problemas vasculares que afectam o fluxo de sangueà area genital;

- neuropatia, especialmente nas doentes diabéticas,diminuindo a sensibilidade a estímulos sexuais.

A nível psicológico, os factores que maiscontribuem para a exarcebação destes problemassão:- Depressão;- Alteração da auto-imagem/imagem corporal;- Alteração de papeis sociais, que conduz àdependência e ao decréscimo de confiança naidentidade sexual;

- Sentimento de culpa em relação aoparceiro. (Thomas, 2005)

A perda de fertilidade(menstruação e ovulaçãoirregulares ou ausentes) e aconsciência, por parte damulher, de que enquantoestiver dependente de umtratamento dialítico aconcepção é improvável euma gravidez bem sucedidaé-o ainda mais, interferemcom a sua auto-imagem,auto-estima e consequentemente com o seu bem estarfísico e psicológico. (Thomas, 2005)O transplante renal, actualmente considerado

tratamento de primeira linha para os indivíduos quesofrem de Insuficiência Renal terminal, pode oferecera possibilidade de concretização da maternidade, umavez que precipita a rápida retoma de função endócrinae sexual, responsável pelo equilíbrio hormonal.

DESENVOLVIMENTOAs intervenções de enfermagem e dos

restantes membros da equipa multie interdisciplinar, assumeespecial importância no quediz respeito à educação para

a saúde, relativamente aoplaneamento familiar, bem como

ao aconselhamento pré-concepcional, sendo a mulher

em idade fértil, o alvodestas intervenções.Considerando que odesejo pela mater -nidade se en contrapresente na maioria dasmulheres, é funda -

mental no pós-trans -plante elucidá-las sobre:- a contracepção maisindicada;- a possibilidade da

ocorrência de umagravidez e os riscosinerentes e;- a restante infor -mação padronizadapara um pós-transplante Renal( a l i m e n t a ç ã o ,exercício físico,susceptibilidade àinfecção, entreoutros).

A escolha do método contraceptivo é um direito queassiste à mulher e ao casal devendo ter em

MATERNIDADE …APÓS TRANSPLANTE RENALMATERNIDADE …APÓS TRANSPLANTE RENAL

formação

Resumo: A Insuficiência Renal Crónica provoca na mulher uma diminuição da fertilidade,situação que é revertida após transplante renal. O aconselhamento/ ensino sobre a hipótesede uma gravidez e as suas consequências nestas mulheres constitui um desafio para osprofissionais de saúde da área de Nefrologia e Obstetrícia.A actualidade do tema e a sua pertinência levou-nos à procura de informação e à pesquisabibliográfica de modo a reunir conteúdo útil para a prática de enfermagem.

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consideração as particularidades da sua situação detransplantada renal e a respectiva orientação einformação fornecidas pelos profissionais de saúde.Os anti-concepcionais orais agravam a hipertensãoarterial e o tromboembolismo, podendo provocaralterações subtis no sistema imunitário, embora nãoestejam contra-indicados. O dispositivo intra-uterinoapresenta uma eficácia reduzida, devido à terapêuticaimunossupressora, aumentando igualmente o riscode desenvolvimento de doença inflamatória pélvica.(Milheiras, 2005)De acordo com o trabalho desenvolvido por Milheiras(2005), a orientação relativa ao uso de anti--concepcionais, privilegiou a utilização dos métodosde barreira, ou, em alternativa a laqueação tubária,considerando a paridade e o desejo dos casais.Em relação à altura ideal para a ocorrência de umagravidez, na maioria das situações tão desejada, e deacordo com a maioria dos autores, deve ser respeitadoo período de cerca de doze meses entre o transplantee a concepção, no caso de transplante de dador vivoe cerca de dezoito a vinte e quatro meses, no caso detransplante de dador cadáver.Estes timings baseiam-se no facto de esta ser a alturaem que se atinge:- uma estabilização da função do enxerto;- a dose de manutenção da terapêutica imunos -supressora;

- o completo restabelecimento pós-cirurgico.(Davison, 2001)

No entanto, as conclusões do estudo restrospectivode Pour-Reza-Gholi (2005) realizado sobre setenta equatro gravidezes de sessenta mulheres transplantadasde dador vivo, demonstrou não existir efeitos adversosa longo-prazo no decorrer de gravidezes queocorreram num período de tempo inferior aodefendido pela maioria dos autores; sendo este umtema que gera alguma controvérsia.A mulher que após transplante renal deseje engravidardeverá, contudo, reunir determinados critérios, algunsdeles sugeridos nas “guidelines” apresentadas porDavison (2001):

- bom estado geral de saúde, durante 2 anos apóstransplante;

- estatura compatível com bons resultados obstétricos;- ausência ou níveis mínimos de proteinúria;- ausência ou hipertensão arterial controlada;- ausência de distensão pielocaliceal significativa;- função renal estável, com creatinina plasmática de2 mg/dl ou inferior (preferencialmente < 1,4 mg/dl);

- doses mínimas de terapia imunossupressora, demodo a manter os níveis ideais.

É igualmente fundamental informar a mulher/casalsobre as possíveis complicações de uma gravidez paraque possam ser tomadas decisões esclarecidas.A susceptibilidade à infecção acrescida, o risco dedesenvolvimento de hipertensão arterial e/ou o seuagravamento e a possibilidade de rejeição do enxertona grávida, bem como a ocorrência de partoprematuro, a possibilidade de atraso no crescimentointra/uterino, o risco de aborto e o nãoaconselhamento da amamentação pela nãocomprovação de que a terapêutica imunossupressoranão é eliminada através do leite materno são algumasdas consequências possíveis. (Davidson, 2001; Keitel,2004; Milheiras, 2005; Ventura, 2000)

CONCLUSÃOA pesquisa bibliográfica efectuada leva-nos a concluir,que o transplante renal ao restaurar a função renal,endócrina e sexual, permite que a mulher possa concretizaro sonho de ser mãe, se esta for a sua vontade e reunir osvários critérios referidos anteriormente.A grávida transplantada sendo uma parturiente dealto risco, implica que as especialidades de Nefrologiae Obstetrícia intervenham de forma complementar,reforçando a vigilância no pré e pós parto, no entanto,verificamos que esta gravidez não influencianegativamente quer a função, quer a sobrevivênciado enxerto.

Ana H. Marques, Celeste Ferreira e Patrícia A. RochaEnfermeiras do Serviço de Nefrologia do HGSA

In Nephro’s - Agosto/2006

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07opinião

É por todos reconhecido, sobretudo por todosos que convivem de perto com as lides dahemodiálise há mais tempo, como eu, que a

qualidade de vida de um doente em hemodiálisemelhorou imenso na última década. De umahemodiálise com filtros em acetato com baixapermeabilidade, sem bicarbonato, e com valores dePTM (pressão trans-membranar) calculados no versoda folha de sessão, passámos para a era da hemodiálisede alta permeabilidade (alto fluxo e hemodiafiltração)com parâmetros calculados e avaliados, online.Reconhecemos, também, que há ainda muito por fazerem particular na oferta desigual dos serviços dehemodiálise a nível Nacional, como refere o relatórioda Entidade Reguladora da Saúde, e como tem vindoa público com a situação dos doentes do Distrito dePortalegre, e no ainda reduzido número de doentesem diálise peritoneal, quando nos comparamos comoutros países europeus.Entretanto está em vias de entrar em vigor odocumento sobre a “Gestão Integrada da doençarenal crónica”, publicado pela Direcção Geral daSaúde. Este documento, para além de actualizar opreço do tratamento pago às entidades prestadorasdo serviço de hemodiálise, preconiza uma alteraçãono modelo de gestão macro da hemodiálise emPortugal. Este modelo estabelece o pagamento dotratamento semanal do IRC (o “preço compreensivo”)que inclui não só o tratamento mas também amedicação endovenosa, exames complementares eoutros itens que até agora não eram considerados.Por escassez de estudos mais detalhados ficam de foradeste “preço compreensivo” a construção/reparaçãode acessos vasculares e os transportes dos doentes.Adicionalmente as clínicas verão determinadosparâmetros, definidos no Manual de Boas Práticas,monitorizados numa base mensal cujos resultadosserão disponibilizados online no site da DGS,respeitando sempre a privacidade do doente. Podemosquestionar a exequibilidade desta medida de controlomas ela será a pedra de toque deste modelo, a par da(CNAD) Comissão Nacional de Acompanhamentoda Diálise que será constituída por elementosrepresentantes da Ordem dos Médicos, dosEnfermeiros, dos Farmacêuticos, e das Associaçõesde doentes etc . O desvio em relação ao regulamentadodos ditos parâmetros bioquímicos (como valoresmédios de hemoglobina, equilíbrio cálcio/fósforo,etc), por determinado centro de hemodiálise, fará comque este entre em não conformidade. Se, essa nãoconformidade se repetir por 2 semestres consecutivos,a medida penalizadora por parte da entidade pagadora(Estado) em relação ao incumpridor poderá passarpela suspensão da subvenção.

HEMODIÁLISE – QUE FUTURO?HEMODIÁLISE – QUE FUTURO?Foi, é e sempre será uma preocupação da APIR oacompanhamento do cumprimento rigoroso destamodalidade de pagamento dos serviços dehemodiálise. Acima de tudo pretendemos que aqualidade de vida do IRC em diálise melhoreconstantemente, através do aumento da qualidadedos serviços prestados ao doente/cliente IRC nãodescurando a eficiência dos cuidados. Penso que depois de dado este primeiro passo, quevisa garantir a satisfação de necessidades básicas dodoente, seguir-se-ão outros passos que irão culminarnuma avaliação holística do doente IRC emhemodiálise onde não só parâmetros bioquímicosserão avaliados mas também parâmetros que avaliema qualidade de vida em termos de bem-estar social epsíquico, por forma a obtermos um balaceamentodos três lados do triângulo, que define saúde de acordocom a OMS. Este tipo de evolução, que não dependerátanto da técnica tout-cour, mas mais do incrementode valor para o doente, vai exigir muito mais dosrecursos humanos dos centros (enfermeiros, médicos,assistentes sociais...) e das associações de doentes,funcionando numa lógica de rede. Obviamente que,para tal, teremos ainda que assistir a uma alteração doactual paradigma do profissional de saúde torpedo esempre em pé. Não me parece tanto um caso deloucura os turnos de 24h (ou mais) mas antes um casode senilidade precoce, para não dizer outra coisa. Nãoquestiono, contudo, a segurança dos actos do pessoalde saúde pelo facto de efectuarem turnos inumanospois deposito neles toda a minha confiança. Falandono caso particular do pessoal de enfermagem(elementos fundamentais nesta rede) será imperiosoque as clínicas recrutem enfermeiros de valoracrescentado que tenham não só o domínio dastécnicas de substituição renal mas também daabordagem da doença, e do doente insuficiente renal.Estes profissionais de saúde deverão ser dedicadosao centro de diálise, especializados em nefrologia,capazes de gerar valor acrescentado para o doente.Para isso contribuirá a actual tendência do mercadode trabalho que torna inevitável o aumento de ofertasde especialidades, em particular de nefrologia. Outro paradigma que deve ser vencido, nos centrosde diálise em particular, mas nos serviços de saúde deuma forma geral, é o do doente birrento, difícil,dependente. O doente, acima de tudo, deve serencarado como um cliente. Para tal é necessário queo doente seja responsabilizado, quando possível, parao que é necessário ter informação, que tambémcontribui para que tenha liberdade de escolha, queestá actualmente condicionada (se existir) pelas ARS,sobretudo se requer transporte. Neste sentido, osistema de controlo, que está em vias de ser

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implementado pela DGS através do modelo da ‘gestãointegrada da doença crónica’, com a introdução dosparâmetros holísticos que referi anteriormente, poderáser utilizado como avaliador da qualidade do centrode hemodiálise, à semelhança do que é pretendidopelo Estado para os hospitais (sistema de classificaçãopor estrelas), contribuindo assim para uma selecçãoem consciência do centro de diálise. Actualmenteexistem algumas diferenças, compreensíveis, emtermos das condições físicas oferecidas aos clientes.No futuro, às condições físicas de excelência, poderãoser acrescentadas outras valências que permitam aocliente alcançar a melhor qualidade de vida que sejapossível. Nesses moldes, não será compreensível queo preço a pagar pelo estado seja indiferenciado. Os meios para controlar os parâmetros bioquímicossão consensuais: eritropoietina, calcimiméticos,calcitriol, quelantes de fósforo, anti-hipertensores,etc... Mas como poderemos actuar ao nível dos ditosparâmetros holísticos? E serão mensuráveis? Paraefectuar esta reflexão é necessário considerar queexistem dois grandes grupos etários em hemodiálise:jovens e adultos em idade activa e idosos. Aabordagem a estes dois grupos é necessariamentedistinta, até porque depende muito das expectativasde cada indivíduo.Jovens e adultos em idade activaEste grupo, no qual me incluo, tem necessidade dealguma flexibilidade horária que permita encaixar oshorários dos estudos e/ou do trabalho e tambémalguma flexibilidade geográfica. O DL 505/99 menciona no artigo 26º a hemodiáliseem clube que é uma estrutura de hemodiáliseintermédia entre o centro de diálise, como oconhecemos, e a diálise domiciliária, com um limitemáximo de 4 postos de diálise e 16 doentes dedeterminada área habitacional restrita. Com estamodalidade pretende-se conseguir uma estrutura físicamais ligeira como o que sucede no Reino Unido, porexemplo, onde existem unidades de diálise satéliteque, estando dependentes de uma unidade de diálisecentral têm uma estrutura em termos humanos efísicos muito mais ligeira. Obviamente que esteconceito será aplicável a doente jovens e adultosactivos que poderão mesmo ser semi-autónomos.Estes clubes de diálise poderiam ser instalados, porexemplo, nas unidades de saúde familiares, se ascondições físicas o permitirem, obviamente.Como forma de incrementar a liberdade geográficanão seria difícil implementar um sistema semelhanteao do cartão europeu de saúde. Não se percebe comoé que, na era da simplificação burocrática, ainda sejanecessário solicitar no centro de saúde de residênciaum termo de responsabilidade por cada vez que umdoente faz hemodiálise num centro diferente dohabitual, com todas as perdas de tempo (e dinheiro)que acarretam.Aos doentes jovens/adultos activos poder-se-iamainda fornecer alguns serviços de apoio doméstico einfantil (à semelhança do que é feito no Reino Unido)como forma de compensação pelo tempo que odoente perde no tratamento. Estes serviços seriamsolicitados através do centro de diálise à associaçãode doentes que se encarregaria de proceder ao

reencaminhamento do pedido caso a própria nãodispusesse de meios próprios.A promoção de aulas de hidroginástica, ou outrodesporto ligeiro, através de parcerias entre municípiose associações também poderá ser considerada comoforma de incrementar a qualidade de vida do clientedo centro de hemodiálise.Idosos e menos jovens e doentes com outrasdescapacidadesEste grupo requer uma atenção muito particular. Logona sala de diálise o acompanhamento deve ser maisapertado onde o ratio enfermeiro/doente deverá serigual ou maior que o presumivelmente estipulado de 4.Em termos sociais estes doentes são, muitas vezes,alvo de violentações como sejam o abandono emesmo a agressão. A sensibilidade dos profissionais de saúde do centrode diálise para a detecção de situações como asreferidas anteriormente deverá estar sempre presente,a par das questões técnicas directamente relacionadascom o tratamento. Poderia ser criado um sistemasemelhante a um plano de prevenção/actuação queseria despoletado assim que houvesse suspeita desituações de emergência social à semelhança do queacontece com as crianças e mulheres vítimas deviolência. Outras necessidades prementes, em termos sociais,como apoio domiciliário, seriam encaminhadas paraa(s) associações que dariam o seguimento adequado.Esta franja de doentes é a que mais sofre com asdeficiências ao nível de transporte: longas horas detransporte e de espera. O bom senso diz-nos quedeverão ser transportados menos doentes por voltae em trajectos limitados. De uma forma empírica (vistonão existirem estudos) pode dizer-se que sãonecessárias mais ambulâncias ou centros de diálisegeograficamente mais disseminados (nos centrosurbanos) e/ou de menor dimensão. Obviamente quedeverão ser efectuados regularmente questionáriosde avaliação da qualidade do transporte cujosresultados deverão ser públicos. Para o fim, mas nem por isso menos importante, ficoua prevenção da doença renal. A prevenção deverá serdisseminada localmente com apoio dos municípiose juntas de freguesia e através de pequenas acções quepoderão realizar-se em escolas, auditórios municipais,etc, com a colaboração preciosa de outras associaçõesdirecta ou indirectamente relacionadas com a doençarenal (diabetes, hipertensão...). É fundamental que acomunidade esteja envolvida e informada para atemática da insuficiência renal crónica.Obviamente que muitas das sugestões aqui deixadasexigiriam muito mais de todos os intervenientes desdeo doente, passando pelos profissionais de saúde e porassociações de doentes. Não será o modelo prefeitomas é um desafio lançado. Parto do princípio que numfuturo próximo as associações de doentes passarão ater um papel muito mais activo, em termos sociais,do que o que têm actualmente em contraponto comum estado cada vez mais ausente. Para tal é necessáriovontade, trabalho e a participação de todos, incluindoa sua.

Paulo Zoio

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07poesia

VOTO DE NATAL

Acenda-se de novo o Presépio do Mundo!Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!

Como quem na corrida entrega o testemunho,Passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.

E a corrida que siga, o facho não se apague!Eu aperto no peito uma rosa de cinza.

Dói-me o brando calor da vossa ingenuidade,para sentir no peito a rosa reflorida!

Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,Como a casca do ovo ao latejar-lhe a vida …

Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:Dentro de mim não sei qual é que se eterniza.

Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!Ó calor destas mãos nos meus dedos tão frios!

Acende-se de novo o presépio nas almas.Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.

David Mourão-Ferreira

AO MENINO JESUS

Hoje é dia de NatalMas o menino Jesus

Nem sequer tem uma cama,Dorme na palha onde o pus.

Recebi cinco brinquedosMais um casaco comprido.

Pobre menino Jesus,Faz anos e está despido.

Comi bacalhau e bolos, Peru, pinhões e pudim.Só ele não comeu nada

Do que me deram a mim.

Os reis de longe trazemTesouros, incenso e mirra,

Se me dessem tais presentes,Eu cá fazia uma birra.

Às escondidas de todosVou pegar-lhe pela mãoE sentá-lo no meu colo

Para ver televisão.

Luísa Ducla Soares

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correio dos leitores

Pela filha do nosso associado José ManuelPatrício Gaia foi-nos comunicado o seufalecimento em 24.09.2007. Era sócio desde1999, tinha 59 anos e estava transplantado. Afilha continua como sócia.

Pela esposa do nosso associado João Alexandre RodriguesSantos tomámos conhecimento do seu falecimento, em05.05.2007. Era sócio desde 2000, tinha 63 anos e estavatransplantado. A esposa continua como sócia

A Direcção Nacional da APIR apresenta as suasmais sentidas condolências a todos os familiares eamigos.

Falecimentos

PARABÉNS...

Exmos. Srs.,

1. Junto o comprovativo, em anexo, datransferência bancária para pagamento das quotasdo ano de 2007 e também o de 2008.Aproveito para vos dar os parabéns pelas novasiniciativas via internet; site novo, transferênciabancária e mais informação, etc2. Gostaria dos vossos comentários em relaçãoà minha situação:Em 2005 fui ao delegado de saúde e junta médicapara atestar a minha condição de insuficiente renal(na altura em hemodiálise) para usufruir debenefícios fiscais. Atribuiram-me 90% de incapacidade.Em 2007 (26 de Outubro) voltei ao delegado ejunta médica para alterar a minha situação (agoratransplantado). Atribuíram-me 15% de incapacidade.Como V.Exas. tinham enviado alguma literaturasobre incapacidade, entretanto lendo o vosso sitee outras informações da net, interpreto que umtransplantado tem no mínimo 60% deincapacidade. Estou correto ?Se vos for possível comentar esta situação, dandoalgumas pistas como devo alterar esta avaliaçãodo delegado de saúde.Desde já grato pela atenção dispensada,Vitor Henriques da CostaSócio nº 3443-E

(Já respondemos pessoalmente a este nossoassociado. A propósito, aproveitamos parainformar que foi publicado no passado dia 23 deOutubro para entrar em vigor em Janeiro de 2008,o Dec-Lei n.º 352/2007 – Tebela Nacional deIncapacidades por Acidentes de Trabalho eDoenças Profissionais e a Tabela Nacional paraAvaliação de Incapacidades Permanentes emDireito Civil – Esta Legislação pode desde já serconsultada na nossa página na net: www.apir.pt Vamos tentar dar mais informação sobre amesma, num dos próximos números daNefrâmea.)

QUOTAS EM ATRASO

Caro Associado,

Agora que o ano de 2007 está a terminar, vimosapelar a todos os sócios da nossa Associação comquotas em atraso, para que regularizem estasituação e, lembrar que, o facto de não manteremas vossas quotas actualizadas, pode levar àsuspensão do envio da Revista “Nefrâmea”. Para este efeito pode enviar-nos cheque ou valepostal dirigido à APIR, ou então, se preferir …

PAGUE AS SUAS QUOTAS ATRAVÉS DEDEPÓSITO OU TRANSFERENCIABANCÁRIA

Conta APIR - Caixa Geral de DepósitosN.º DE CONTA: 069 753 980 0430

NIB: 0035 0697 00539800430 83

Neste caso e após a transferência, telefone-nosa informar o pagamento, ou envie-nos umamensagem para [email protected] a informaros seguintes dados: Nome completoN.º de Sócio

Data do depósito ou transferênciaQuantia depositada ou transferidaPagamento referente a?

Sem estes dados a Direcção não poderá lançarna sua conta o pagamento das respectivas quotasou donativos.

A Direcção Nacional

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FRIDA KAHLONO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE UMADAS MAIORES PINTORAS MEXICANAS

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cultura

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón,uma das mais conhecidas pintorasmexicanas, nasceu em Coyoacán, México,

em 6 de Julho de 1907 e faleceu nesta mesma cidade,em 13 de Julho de 1954. Filha de um fotógrafo judeu-alemão, Guilhermo Kahloe de Matilde Calderón y Gonzalez, uma mestiçamexicana, Frida contraiu poliomielite em 1913, sendoesta a primeira de uma série de enfermidades, acidentes,lesões e operações que sofreu ao longo da sua vida. Apoliomielite deixou uma lesão no seu pé direito, tendocom isso ganho o apelido “Frida pata de palo” ou seja,“Frida perna de pau”. O pai, que ela descreve como sendo um homemcordial e carinhoso, é quem toma conta dela duranteos nove meses de convalescença e a obriga a fazerregularmente exercícios de fisioterapia, apesar dissoos músculos da perna e pé ficaram tão atrofiados quese deformaram para sempre. Este foi um sofrimentoque, enquanto adolescente, ela procurou esconderdentro das calças e, mais tarde, debaixo de longas eexóticas saias mexicanas.Acompanhou várias vezes o pai, um entusiasta artistaamador, nos seus passeios como pintor pelas zonascampestres locais. Ele ensinou-a também a usar uma

máquina fotográfica e a revelar, retocar e colorirfotografias, o que viria mais tarde a tornar-se muitoútil para a sua pintura. Entre 1922 e 1925, frequenta a Escola NacionalPreparatória do Distrito Federal do México, pois tinhao sonho de ser médica e assiste a aulas de desenho emodelagem.Em 17 de Setembro de 1925, tinha então 18 anos, aovoltar da escola para casa, na companhia do namoradoAlejandro G. Árias, sofreu um grave acidente. Oautocarro em que viajava chocou com um eléctrico,tendo vários dos passageiros sofrido morte imediata.Kahlo ficou também muito ferida, chegando mesmoos médicos a duvidar se sobreviveria. Este acidentefez com que a pintora fosse submetida a várias cirurgiase ficasse presa a uma cama durante vários meses.Porque ficou com várias vértebras deslocadas, duranteos nove meses seguintes teve de usar vários coletes degesso. Durante a sua longa convalescença começaentão a pintar numa tentativa de evitar o aborrecimentoe a dor. Visto que não se podia sentar por causa do gesso,montaram-lhe um cavalete de pintor e um dossel comum espelho, na parte de baixo da cama, de modo a queela se pudesse ver e ser o seu próprio modelo. Assimcomeçaram os auto-retratos que dominaram a obrade Frida Kahlo e que nos permitem ver todas as etapasdo seu desenvolvimento como artista.

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Em finais de 1927 o seu estado de saúde tinharecuperado ao ponto de lhe permitir levar uma vida“normal” o que lhe permitiu retomar o contacto comos seus colegas de escola, agora universitáriospoliticamente empenhados. Em1928, quando FridaKahlo entra no Partido Comunista mexicano, conheceo muralista Diego Rivera, com quem se casa no anoseguinte, mas abandona o Partido quando Rivera foiexpulso do mesmo. Sob a influência da obra do marido,adoptou o emprego de zonas de cor amplas e simplesnum estilo propositadamente reconhecido comoingénuo. Procurou na sua arte afirmar a identidadenacional mexicana, por isto adoptava com muitafrequência temas do folclore e da arte popular doMéxico.Entre 1930 e 1933, passa a maior parte do tempo emNova Iorque e Detroit, com Rivera, que havia sidoconvidado a pintar vários murais nos E.U.A. Nesteespaço de tempo, Frida engravida por três vezes, mas,devido aos seus graves problemas de saúde, nãoconsegue levar nenhuma gravidez a termo, facto quesempre lhe causou muita tristeza.Em 1934, regressam ao México, e Rivera envolve-senum romance com Cristina, irmã mais nova de Frida.Esta sai de casa e o casal separa-se.Mulher de muitas paixões, a vida não lhe foi fácil.Manteve vários relacionamentos amorosos,empenhou-se em lutas políticas e, mesmo presa a umacadeira de rodas, marca presença em váriasmanifestações de esquerda. Entre 1937 e 1939, LeonTrotski vive em sua casa de Coyoacán e, nesta mesma

data (1939), Frida expõe pela primeiravez os seus trabalhos em Paris.Em 1940, um ano depois de se separarde Rivera, os dois casam-se de novo.A par disso, são cada vez maisfrequentes os internamentoshospitalares. Só em 1950, foi submetidaa sete intervenções à coluna e passanove meses no Hospital. Em 1953, a sua amiga Lola AlvarezBravo organiza na Galeria de ArteContemporânea, no México, umaimportante exposição em sua honra.Devido ao seu estado de saúde, tãodebilitado, o médico proíbe-a decomparecer à inauguração daexposição, dizendo-lhe que não permiteque ela se levante da cama. Fridacontrata alguns homens, aluga umacamioneta e comparece na exposiçãodos seus trabalhos deitada na cama deonde o médico a havia proibido de sair.Depois disso a perna direita foi-lheamputada até ao joelho.Em 1954, contrai uma pneumonia e,contrariando os conselhos dosmédicos, ainda em convalescença,participa numa manifestação anti-americana. Frida Kahlo morre a 13 deJulho deste ano, na “Casa Azul” emCoyoacán. Diego Rivera descreveu na sua auto-biografia que o dia da morte de Fridafoi o mais trágico da sua vida.

Quatro anos após a sua morte, a sua casa familiar,conhecida como “Casa Azul”, transforma-se noMuseu Frida Kahlo.

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HORIZONTAIS: 1. Estímulo, incentivo; melodiosa. 2.Dêem cor; Quase um erro; Têm conhecimentos. 3. pessoa,ser; Desumano; Corrimento. 4. Antepassado; Entreabrir;Ponto cardeal. 5. Nome de letra; Assobios, vaias; Notamusical. 6. Afasta; lembrar, citar. 7. Pinga; Enferrujar (fig.).8. Me recimento, valor; Melhoras numa doença aguda. 9.nega ção (pref.); resíduos de carvão; Maio zulu. 10. Mau-cheiro (Brás.); Alegravas-te; Rio da Suiça. 11. Destino;vestuário feminino (pi.); Rio da índia. 12. Natural da NovaZelândia; Diminuitivo de Robert; Produzir, gerar. 13.Investida; Pou ca, rara.

VERTICAIS: 1. Assoreada; Emanação mefítica. 2.Afluên cias, concentrações. 3. Esta coisa; Grandequantidade; Es paços de tempo. 4. União europeia; tecidofino; Altar. 5. Antes do meio-dia; região da Boémia(Checoslováquia); No meio da flia. 6. Destemidos,valentes. 7. Falhar; Vila alentejana. 8. Pedras preciosas;Caruncho. 9. Esmagara; Cidade da A. Saudita. 10.Comandaras. 11. Vaso sem vo gais; Despenhadeiros; 200(rom.). 12. caminhavam; bases; raiva. 13. peça de artilharia;Cabelos brancos; Erva-doce. 14. Mundanizadas. 15. Afiar,aguçar; Nascer do Sol.32

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Soluções

- Dois amigos falam sobre o Natal, das carências económicas e do que esperavamcomo prenda do Menino Jesus.

Pergunta um deles: - Eh pá, o que gostavas que oMenino Jesus te pusesse no sapato?- Olha, como as coisas estão tão más, o Menino

Jesus também deve ter as suas dificuldades. Esteano, já me contentava se ele me pusesse meiassolas…

Era época de Natal e o Juiz sentia-se benevolente aointerrogar o réu.- De que é acusado?

- De fazer as compras de Natal antes de tempo.- Mas isso não é crime nenhum !!! Com que antecedência

estava a fazê-las?- Antes da loja abrir …

Debaixo de uma árvore de Natal toda iluminada, diz um cão ao outro:- “Finalmente, puseram luz no WC!”

ACICATE; MAVIOSA; ROSEM; RRO; SABEM; ENTE; CRU -EL; MUCO; AVO; SOABRIR; SUL; DE; SURRIADAS; LA;ARREDA; S;EVOCAR; GOTEJA; GRIPAR; MÉRITO; C;ANESIAIN; MASCARRAS; ZUACA; SORRIAS; AAR; SINA;SAIAS; INDO; MAORI; TED; CRIAR; ASSALTO; ESCASSA.

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