Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

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Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrárias

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CAMPUS DE BOTUCATU

GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS AGRÍCOLAS GEORREFERENCIADAS - GEPAG

Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrárias

Alessandra Fagioli da Silva

Waylson Zancanella Quartezani

Célia Regina Lopes Zimback

Paulo Milton Barbosa Landim

Botucatu - SP

2011

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Layout e editoração: Alessandra Fagioli da Silva Ilustrações: Alessandra Fagioli da Silva Capa: Alessandra Fagioli da Silva Impressão: PubTec - Publicações Técnicas Impresso no Brasil Edição: 2011 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E

DOCUMENTAÇÃO - UNESP - FCA - LAGEADO - BOTUCATU (SP)

Aplicação da geoestatística em Ciências Agrárias /

A642 Alessandra Fagioli da Silva ... [et al.]. --

Botucatu: FEPAF, 2011

136 p. : il. color., tabs.

2. Simpósio de Geoestatística Aplicada a Ciências

Agrárias

ISBN

1. Estatística agrícola. 2. Geoestatística.

3. Geologia – Métodos estatísticos. I. Silva,

Alessandra Fagioli. II. Quartezani, Waylson

Zancanella. III. Zimback, Célia Regina Lopes. IV.

Landim, Paulo Milton Barbosa. V. Fundação de Estudos

e Pesquisas Agrícolas e Florestais. VI. Simpósio de

Geoestatística Aplicada a Ciências Agrárias (2. :

2011 : Botucatu). VII. Título.

CDD 21.ed. (519.2)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

Grupo de Estudos e Pesquisas Agrícolas Georreferenciadas - GEPAG

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Sumário

1. Introdução ......................................................................................................................... 3

2. Análise exploratória de dados .......................................................................................... 4

2.1. Distribuição de frequências e histograma .................................................................. 4

2.2. Estatísticas ................................................................................................................. 4

2.2.1. Média aritmética ............................................................................................... 5

2.2.2. Variância e desvio padrão ............................................................................... 5

2.2.3. Coeficiente de variação ................................................................................... 6

2.2.4. Valor Mínimo e Valor Máximo .......................................................................... 6

2.2.5. Coeficiente de assimetria e coeficiente de curtose .......................................... 7

2.3. Outras medidas descritivas ........................................................................................ 7

3. Amostragem ..................................................................................................................... 8

4. Princípios da análise geoestatística ................................................................................. 9

4.1. Um breve histórico ................................................................................................... 10

4.2. Hipóteses consideradas ........................................................................................... 11

5. Análise da dependência espacial ................................................................................... 15

5.1. Variograma .............................................................................................................. 16

5.1.1. Confecção de um variograma ........................................................................ 20

5.1.2. Exemplo de cálculo do variograma ................................................................ 22

5.2. Grau de dependência espacial ................................................................................ 24

5.3. Isotropia e anisotropia .............................................................................................. 25

5.4. Modelos teóricos ...................................................................................................... 30

5.4.1. Modelos com patamar ................................................................................... 31

5.4.1.1. Modelo linear .................................................................................... 31

5.4.1.2. Modelo Esférico ................................................................................ 32

5.4.1.3. Modelo Exponencial ......................................................................... 33

5.4.1.4. Modelo Gaussiano ............................................................................ 34

5.4.2. Modelos sem patamar ................................................................................... 35

5.5. Escalonamento do variograma ................................................................................ 36

6. Interpolação de dados .................................................................................................... 37

6.1. Krigagem ordinária ................................................................................................... 39

6.1.1. Exemplo: estimativa de um ponto .................................................................. 42

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7. Validação de modelos de variogramas ........................................................................... 47

7.1. Validação cruzada.................................................................................................... 48

8. Krigagem indicativa ........................................................................................................ 49

9. Cokrigagem .................................................................................................................... 52

9.1. Variograma cruzado ................................................................................................. 52

9.1.1. Características ideais ..................................................................................... 53

9.2. Cokrigagem .............................................................................................................. 54

10. Utilização do programa GS+® para análise geoestatística e interpolação..................... 54

10.1. Utilização do programa GS+® para gerar variograma ............................................. 55

10.1.1. Importação dos dados ................................................................................. 55

10.1.2. Análise Exploratória dos dados .................................................................... 58

10.1.3. Confecção e ajuste do variograma .............................................................. 61

10.2. Interpolação dos dados no GS+®............................................................................ 67

10.2.1. Validação do modelo ................................................................................... 69

10.2.2. Representação Gráfica dos Dados Interpolados ......................................... 70

11. Utilização do programa GS+® para interpolar por Krigagem Indicativa ......................... 71

12. Uso do GS+® no ajuste de variograma cruzado e interpolação por Cokrigagem para

geração de mapas .............................................................................................................. 77

12.1. Exemplo de aplicação com malha reticulada da variável primária completa ......... 77

12.2. Exemplo de aplicação com malha reticulada para variável primária incompleta ... 89

13. Utilização do programa Surfer® para confecção de mapas .......................................... 96

13.1. Importação dos dados .......................................................................................... 109

13.2. Análise Exploratória dos dados ............................................................................ 110

13.3. Confecção e ajuste do variograma....................................................................... 115

13.4. Interpolação dos dados no Surfer® ...................................................................... 120

13.4.1. Validação do modelo ................................................................................. 121

13.4.1.1. Representação Gráfica dos Dados Interpolados .......................... 122

13.5. Representação Gráfica dos Dados Interpolados de uma malha irregular ............ 126

14. Referências ................................................................................................................ 132

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1. Introdução

A geoestatística difere da denominada “estatística clássica” na forma de avaliar a

variação dos dados. A estatística clássica supõe que as realizações das variáveis

aleatórias são independentes entre si, ou seja, não há relação entre a variação e a

distância entre os pontos de amostragem, enquanto a geoestatística considera existir uma

dependência da variação com relação ao espaço de amostragem.

Fenômenos naturais apresentam frequentemente uma certa estruturação na

variação entre vizinhos, e desta forma pode-se dizer que as variações não são aleatórias,

e apresentam algum grau de dependência espacial (GUIMARÃES, 2004).

Se a distribuição espacial das amostras for observada e levada em consideração,

em muitos casos é possível tirar vantagem da variabilidade espacial (MATA, 1997). E

nesse sentido é oportuna a observação de Reichardt (1985) de que a estatística clássica e

a geoestatística completam-se. Uma não exclui a outra, e perguntas não respondidas por

uma, muitas vezes podem ser respondidas pela outra.

A variabilidade espacial das variáveis pode ser estudada por meio das

ferramentas fornecidas pela geoestatística, que se fundamenta na teoria das variáveis

regionalizadas, segundo a qual os valores de uma variável estão, de alguma maneira,

relacionada à sua disposição espacial e, portanto, as observações tomadas a curta

distância se assemelham mais do que aquelas tomadas a distâncias maiores (VIEIRA et

al., 1981; VAUCLIN et al., 1983).

A agricultura de precisão, por exemplo, requer princípios de manejo de acordo

com a variabilidade no campo, o que requer novas técnicas para estimar e mapear a

variabilidade espacial dos atributos e propriedades dos solos. A melhoria da qualidade da

estimativa depende da escolha do método de interpolação que obtenha dados dos solos

em locais não amostrados e da aplicação apropriada de métodos indicados para as

características dos dados (KRAVCHENKO; BULLOCK, 1999).

Neste texto serão abordados aspectos básicos da metodologia geoestatística para

a análise espacial de dados, com ênfase na análise do variograma como ferramenta de

determinação da dependência espacial. Serão introduzidos conceitos básicos da

geoestatística e da análise da dependência espacial por meio de variograma e também de

interpolação utilizando a metodologia da Krigagem na elaboração de mapas de isolinhas,

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como base de dados para a utilização nos sistemas de informação geográfica e/ou

agricultura de precisão. Também serão abordadas as técnicas da Krigagem indicativa e da

Cokrigagem.

Para a realização das análises variográficas e elaboração dos mapas serão

utilizados e apresentados os programas GS+® 7.0 (GAMMA DESIGN SOFTWARE, 2004) e

o SURFER® 8.0 (GOLDEN SOFTWARE, 2005), que são de fácil entendimento, permitindo

uma rápida visualização do comportamento espacial da variável em estudo.

2. Análise exploratória de dados

A análise exploratória de dados é um procedimento importante na análise

geoestatística introdutória, devendo ser aplicada para conhecer e resumir a variável em

estudo. Este tipo de análise se baseia em construção e interpretação gráfica, cálculos e

interpretação de estatísticas.

No presente texto far-se-á uma revisão dos principais instrumentos de análise

exploratória de dados, sendo que tais procedimentos podem ser encontrados em cursos

de estatística básica e em livros de estatística básica.

2.1. Distribuição de frequências e histograma

A distribuição de freqüências consiste em agrupar as observações de uma variável

em classes ou categorias e o histograma é uma das representações gráficas mais usadas

dessa distribuição. A distribuição de frequências e o histograma podem ser obtidos em

programas computacionais comercias com o Excel® e em programas específicos para

análise geoestatística, como, por exemplo, o GS+® (GUIMARÃES, 2004).

A finalidade da distribuição de frequências e do histograma é permitir uma

visualização do comportamento da variável em estudo, como a tendência de concentração

de dados, simétrica ou assimétrica (GUIMARÃES, 2004).

2.2. Estatísticas

Antes da aplicação das ferramentas geoestatísticas, os dados devem ser

analisados pela estatística descritiva, por meio das estatísticas, ou seja, valores obtidos a

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partir de amostras, para visualizar o comportamento geral dos dados e identificar possíveis

valores discrepantes. Isso é fundamental para a tomada de decisões sobre os

procedimentos a serem realizados (SALVIANO, 1996).

2.2.1. Média aritmética

A média aritmética é uma medida de posição bastante utilizada na estatística e

tem como características principais a facilidade de cálculo, a sua adaptabilidade ao

tratamento algébrico e, também, é uma medida não tendenciosa, precisa, eficiente e

suficiente (GUIMARÃES, 2004).

Vale ressaltar que nem sempre a média aritmética é a medida de posição que

melhor representa uma variável. Em dados com assimetria à direita acentuada a moda ou

a média geométrica pode representar melhor a variável em estudo (GUIMARÃES, 2004).

A fórmula para o cálculo da média é:

n

x

X

n

i

i 1

(1)

onde: X é a média aritmética; xi é cada valor observado; n é o número total de

observações.

2.2.2. Variância e desvio padrão

A variância (s2) e o desvio padrão (s) são estatísticas que fornece uma idéia de

variabilidade das observações em torno da média aritmética.

As fórmulas de cálculo são respectivamente:

1

12

n

Xx

s

n

i

i

(2)

2Ss (3)

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6

Na análise descritiva a média aritmética deve estar sempre acompanhada do

desvio padrão para poder visualizar a dispersão média dos valores.

2.2.3. Coeficiente de variação

O coeficiente de variação (CV) fornece a dispersão relativa dos dados em relação

à média. O coeficiente de variação é dado por:

X

sCV 100% (4)

A utilização do coeficiente de variação na avaliação da variabilidade dos dados

tem a vantagem de permitir a comparação entre propriedades distintas, pois é uma

medida adimensional, apresentando o mesmo valor independentemente das unidades

utilizadas nas medidas (WARRICK; NIELSEN, 1980; MACHADO, 1994). A variabilidade

dos dados pode ser classificada de acordo com os critérios propostos por Warrick e

Nielsen (1980), que consideram os valores do coeficiente de variação entre 12% e 60%

como de média variabilidade e os valores abaixo e acima deste intervalo como de baixa e

alta variabilidade, respectivamente.

Se a distribuição não é normal, significa que a média aritmética é uma medida

bastante influenciada pelos valores extremos, não sendo uma medida de tendência central

adequada para a representação dos dados (QUEIROZ, 1995; EGUCHI, 2001).

O desvio padrão dá idéia do afastamento dos valores observados em relação à

média estimada e o coeficiente de variação dá idéia da precisão com que foi realizado o

experimento. Nada informam, porém, quando a estrutura de dependência espacial dessas

propriedades, o que só é possível por meio de técnicas geoestatísticas (SOUZA, 1999).

2.2.4. Valor Mínimo e Valor Máximo

Estes valores permitem visualizar a menor e a maior ocorrência e podem ser um

primeiro indicativo de erros de amostragem, digitação, etc. A obtenção desses valores se

faz a partir da ordenação das observações.

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2.2.5. Coeficiente de assimetria e coeficiente de curtose

O coeficiente de assimetria mostra o afastamento da variável em relação a um

valor central, ou seja, na distribuição simétrica tem-se 50% dos valores observados acima

da observação central e 50% abaixo. Se a distribuição é assimétrica, esta relação não é

observada. O coeficiente de assimetria é utilizado para caracterizar como e quanto a

distribuição de frequências se afasta da simetria, sendo que se Cs > 0 ocorre a distribuição

assimétrica à direita ou positiva; se Cs < 0 a distribuição é assimétrica à esquerda ou

negativa; e se Cs = 0 a distribuição é simétrica.

Em uma distribuição com assimetria positiva, a média é maior que a mediana e

esta maior que a moda. Se a assimetria for negativa, a média será menor que a mediana e

esta menor que a moda. Nas curvas simétricas, tanto a média quanto a mediana e a moda

são coincidentes (ASSIS et al., 1996).

O coeficiente de curtose é utilizado para caracterizar a distribuição de frequências

quanto ao seu formato isto é, leptocúrtica, mesocúrtica ou platicúrtica. A distribuição

normal apresenta um formato mesocúrtico. Em alguns programas computacionais como o

Excel® e GS+® esse valor é zero, se Ck < 0 a forma é a platicúrtica e se Ck > 0, a forma é a

leptocúrtica (GUIMARÃES, 2004).

Estes dois coeficientes são utilizados, em conjunto, para inferências sobre a

função de distribuição normal da variável em estudo.

Para uma melhor interpretação do coeficiente de assimetria e do coeficiente de

curtose, alguns programas, como o GS+®, calculam também o erro padrão desses

coeficientes e a partir dos valores dos coeficientes associados com seus respectivos erros

padrão, pode-se concluir se os dados têm distribuição normal ou não. Por exemplo, se o

valor obtido na amostra para Cs = 0,30 com erro padrão de 0,65 e se o valor de Ck = 0,5

com erro padrão de 0,40, pode-se dizer que a distribuição tende a normal (GUIMARÃES,

2004).

2.3. Outras medidas descritivas

As estatísitcas descritas acima são as mais comuns e as que frequentemente são

usadas. Entretanto outros recursos podem ser aplicados como, por exemplo: gráfico box-

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plot; gráficos da distribuição normal; gráfico h-dispersão, outras estatísticas (quartil,

mediana, moda, etc.) e testes de normalidade (Shapiro–Wilk, Kolmogorov–Smirnov), etc..

3. Amostragem

O primeiro passo em qualquer estudo espacial é a definição do delineamento

experimental, que envolve, entre outros procedimentos, a escolha da técnica de coleta de

amostras e também da malha de amostragem. A malha de amostragem pode ser do tipo

aleatória quando a distribuição dos pontos de coleta é casual; agregada ou agrupada

quando ocorrem grupos (cluster) de pontos mais próximos entre si; e regular quando os

pontos estão regularmente espaçados (LANDIM et al., 2002) (Figura 1).

(a) (b) (c)

Figura 1. Malha do tipo aleatória (a), agregada (b) e regular (c).

Um requisito básico na amostragem para fins de análise de dependência espacial

utilizando métodos geoestatísticos é que as amostras sejam georreferenciadas. Não é

necessário utilizar coordenadas geográficas, mas algum tipo de referencia deve existir

para saber a localização de cada ponto, por exemplo, amostras coletadas em casa de

vegetação (linha 1 e coluna 1).

Um tipo de amostragem bastante utilizado em geoestatística é a amostragem

sistemática. Neste tipo de amostragem os pontos avaliados (amostras) são obtidos de

forma equidistantes, quer seja no espaço ou no tempo, formando uma malha de pontos no

caso bidimensional. No entanto esse não é um procedimento obrigatório, basta que se

tenha a referência dos dados para se proceder a análise espacial. Um exemplo típico de

amostragem não sistemática é para variáveis climáticas, onde as estações climatológicas,

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geralmente, não são equidistantes, mas apresentam a referência geográfica

(GUIMARÃES, 2004).

Um questionamento básico que surge quando da aplicação da geoestatística é

"Quantas amostras devem ser utilizas para a análise geoestatística?". Alguns autores

recomendam que sejam utilizados pelo menos 100 pontos amostrais, entretanto isso não é

regra e sim recomendação, pois existem trabalhos com bons resultados de ajuste de

variogramas usando 45 pontos de amostragem. É sabido, porém, que quanto maior o

número de pontos, maior será o número de pares para o cálculo do variograma e,

teoricamente, maior será a precisão das estimativas das variâncias (GUIMARÃES, 2004).

Pode-se dizer que o número de observações dependerá dos objetivos que se tem no

trabalho, da escala, ou seja, da dimensão, e do relevo do terreno (plano ou inclinado),

entre os outros fatores que devem ser avaliados pelo pesquisador.

Amostragens em malhas mais adensadas fornecem uma clara visão da

variabilidade espacial de uma variável regionalizada, porém, com custos mais elevados

quando comparados com esquemas amostrais menos densos (GROENIGEN et al., 1999).

Portanto, é preciso aliar um número mínimo de pontos amostrados com uma máxima

representação do local amostrado, pela mínima variância, otimizando o esquema de

amostragem e barateando os custos (MONTANARI et al., 2005).

4. Princípios da análise geoestatística

A base da geoestatística vem da teoria das variáveis regionalizadas. Segundo

esta teoria, a diferença nos valores de uma dada variável tomados em dois pontos no

campo depende da distância entre eles (MATHERON, 1962).

A diferença entre os valores do atributo tomados em dois pontos mais próximos no

espaço deve ser menor do que a diferença entre os valores tomados em dois pontos mais

distantes. Portanto, cada valor carrega consigo uma forte interferência dos valores de sua

vizinhança, ilustrando uma continuidade espacial (ISAAKS; SRIVASTAVA, 1989). A

dependência está presente em todas as direções e fica mais fraca à medida que aumenta

a dispersão na localização dos dados (CRESSIE, 1993).

O estudo da dependência espacial de atributos do solo ou da planta, através da

geoestatística, permite a interpretação e a projeção dos resultados com base na análise

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da estrutura da sua variabilidade natural. Por exemplo, permitem separar nas respostas

das culturas a proporção referente ao tratamento ou manejo, daquela correspondente as

diferenças de solos entre pontos de um mesmo campo (VIEIRA, 2000).

O objetivo da geoestatística aplicada à agricultura de precisão é pesquisar a

variabilidade espacial dos atributos do solo e das plantas e fazer estimativas, utilizando o

princípio da variabilidade espacial e identificar inter-relações destes atributos no espaço,

além de permitir estudar padrões de amostragem adequada (VIEIRA, 2000).

4.1. Um breve histórico

Na África do Sul, no início dos anos 50 do século passado, o engenheiro de minas

Daniel G. Krige e o estatístico H.S. Sichel, desenvolveram empiricamente uma técnica

própria de estimativa para o cálculo de reservas minerais, a qual posteriormente recebeu

tratamento formal por G. Matheron, na França com o nome Geoestatística, para o estudo

das chamadas variáveis regionalizadas, ou seja, variáveis contínuas com condicionamento

espacial (MATHERON 1962, 1963 e 1965). Inicialmente a metodologia geoestatística era

aplicada apenas para situações em geologia mineira e, posteriormente se estendeu para

outros campos, inclusive para as ciências agrárias.

Em relação ao desenvolvimento da geoestatística pode-se dizer, segundo Guerra

(1988), que:

- até 1968 ela foi empregada para estimativa de reservas;

- entre 1968 e 1970 foi desenvolvida a teoria da Krigagem universal, para

aplicação a cartografia submarina com tendência sistemática, visando buscar melhores

métodos que aquele dos mínimos quadrados;

- em 1972, Matheron criou a teoria intrínseca de ordem k, aplicada à meteorologia;

- entre 1972 e 1973 surgiram os princípios da analise convexa, visando maximizar

as reservas recuperáveis de jazidas subterrâneas, bem como aperfeiçoar os métodos de

otimização de pit;

- em 1974 nasceu à teoria das funções de recuperação e baseada nela a

geoestatística não-linear aplicada na seleção de reservas recuperáveis.

A análise espacial de dados, utilizando a geoestatística, ganhou impulso em áreas

distintas da mineração e da geologia a partir de 1980, com grande aplicabilidade na

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ciência do solo. Uma justificativa para tal fato é a facilidade computacional que viabilizou

alguns cálculos relativamente trabalhosos nesta metodologia (GUIMARÃES, 2004).

Na área de Agronomia no Brasil destacam-se os trabalhos pioneiros

desenvolvidos pelos pesquisadores Sidney Rosa Vieira com dados de solos na

Universidade da Califórnia e de Paulo Libardi e Klaus Reichardt com atributos de solos no

Brasil, ainda na década de 80. A partir desta década vários outros pesquisadores se

dedicaram ao estudo e aplicação da geoestatística.

4.2. Hipóteses consideradas

Entende-se por variável aleatória aquela que pode tomar valores diferentes em

diferentes lugares de observação, mostrando desta forma uma determinada

independência de um lugar a outro (GUERRA, 1988).

Todos os conceitos teóricos de geoestatística têm suas bases em funções e

variáveis aleatórias, as quais, por convenção, recebem símbolos maiúsculos. Os valores

medidos recebem símbolos minúsculos. É preciso também entender que uma realização

em particular de uma função é um valor numérico assumido por esta função dentro de

uma dada condição fixa. Por exemplo, Cos 0o = 1, então 1 é uma realização da função

cosseno para o ângulo 0 (zero) graus (VIEIRA, 2000).

Na teoria das variáveis regionalizadas, Z(xi) pode ser definida como uma variável

aleatória que assume diferentes valores Z em função da posição x dentro de certa região

S, e representa pares de coordenadas (xi, yi), conforme Figura 2 (OLIVEIRA, 2007). O

ponto de referência para o sistema de coordenadas é arbitrário e fixado a critério do

pesquisador. O conjunto de variáveis Z(xi) medidas em toda a área S pode ser

considerado uma função aleatória Z(xi) uma vez que, segundo Isaaks e Srivastava (1989),

são variáveis aleatórias regionalizadas e assume-se que a dependência entre elas é

especificada por algum mecanismo probabilístico.

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Figura 2. Variável aleatória regionalizada Z(xi).

A interpretação probabilística de que a variável regionalizada Z(x) é uma

realização particular de certa função aleatória Z(xi) é consistente quando se pode inferir

toda ou pelo menos parte da lei de distribuição de probabilidade que define essa função

aleatória (JOURNEL; HUIJBREGTS, 1978). No entanto, em problemas práticos, em cada

ponto xi tem-se apenas uma realização Z(xi) e o número de pontos é sempre finito. Isto torna

usualmente impossível inferir sobre a distribuição de Z(x). Em vista disto hipóteses de

estacionaridade são necessárias, as quais envolvem diferentes graus de homogeneidade

espacial.

Diz-se que um processo (ou uma variável) é estacionário se o desenvolvimento

desse processo no tempo ou no espaço ocorrer de maneira mais ou menos homogênea,

com oscilações aleatórias contínuas em torno de um valor médio, em que nem a amplitude

média nem as oscilações mudam bruscamente no tempo ou no espaço. As características

de um processo estacionário independem da origem adotada (GUIMARÃES, 2004).

A hipótese de estacionaridade de primeira ordem é definida como sendo a hipótese

de que o momento de primeira ordem da distribuição da função aleatória Z(xi) é constante

em toda a área, ou seja:

mhxZExZE ii (5)

onde:

m = média dos valores amostrais;

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h - distância que separa as amostras;

E [Z(xi)] = esperança matemática da função aleatória Z(xi);

E [Z(xi+h)] = esperança matemática da função aleatória Z(xi + h).

Decorre dessa definição que se for tomado um vetor h de separação entre dois

pontos, o qual apresenta módulo e direção, para qualquer h tem-se:

0 hxxZE ii (6)

Considerando-se que a diferença entre as duas variáveis aleatórias [Z(xi) - Z(xi+h)] é

uma variável aleatória, isto corresponde a afirmar que o primeiro momento desta variável

aleatória é igual a zero.

A estacionaridade de segunda ordem é definida quando, além de atender a

estacionaridade de primeira ordem, a função aleatória apresenta a característica de, para

cada par de valores [Z(xi) - Z(xi+h)], a covariância existir e depender apenas da distância de

separação h que pode ser definida por:

hxmxmhxxZEhxxCov iiiiii , (7)

O segundo momento da variável aleatória correspondente à diferença entre dois

pontos, sendo dado por duas vezes à variância menos duas vezes a covariância dos valores,

em que a sua metade é um valor denominado função de variância, definido como:

2,2 hxxZEhxx iiii (8)

Portanto, se a hipótese de estacionaridade de segunda ordem puder ser satisfeita,

a covariância C(h) e o variograma 2 (h) são ferramentas equivalentes para caracterizar a

dependência espacial. A primeira expressa a similaridade dos valores e a segunda o

afastamento relativo destes. A existência de estacionaridade dá a oportunidade de repetir

um experimento mesmo que as amostras devam ser coletadas em pontos diferentes,

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porque todas as amostras são consideradas pertencentes a populações com os mesmos

momentos estatísticos (VIEIRA, 2000).

Usualmente, a aceitação de uma estacionaridade de segunda ordem pode não ser

satisfeita. Necessita-se então de outro modelo estatístico, menos limitado, que é baseado

na hipótese intrínseca, a qual considera apenas que a média dos valores Z(x) e a

variância dos incrementos Z(x)-Z(x+h) ocorrem independentemente da localização na

região, sendo função apenas do valor de h (ALMEIDA; RIBEIRO, 1996). Esta hipótese

requer somente a hipótese de existência do variograma, sem a exigência da variância

finita. Assim, a variância de Z(x) não é finita, mas a variância do primeiro incremento de Z,

Z(x+h)-Z(x), é finita, e este incremento é fracamente estacionário (VIEIRA et al., 1983;

COSTA, 1999).

Vauclin et al. (1983) e Prevedello (1987) afirmaram que a dependência entre

amostras é comumente descrita através de autocorrelogramas e/ou variogramas. A

utilização do correlograma tem como requisito a aceitação da estacionaridade de segunda

ordem; já para o variograma há uma pequena modificação nesses requisitos, tornando-os

menos rigorosos, com aceitação apenas da hipótese intrínseca, também conhecida como

de fraca estacionaridade. Os gráficos gerados por meio dos variogramas expressam a

variância em função de h.

A hipótese intrínseca é a hipótese mais frequentemente usada em geoestatística,

por ser menos restritiva e, portanto, o variograma é a ferramenta mais difundida na

geoestatística porque exige apenas a hipótese intrínseca, enquanto o autocorrelograma

exige a estacionaridade de segunda ordem (GUIMARÃES, 2004).

Quando os dados violam completamente a estacionaridade, não atendendo nem

mesmo a hipótese intrínseca, o variograma manifesta-se sem estrutura (FOLEGATTI,

1996). Hamlett et al. (1996) salientaram que a estacionaridade é mais exceção que regra

e, assim, a não estacionaridade dos dados deve ser considerada.

Assumida a estacionaridade, por meio da hipótese intrínseca e, considerando que

a associação das variáveis em pontos distintos é maior à medida que se reduz à distância

entre eles, o passo seguinte é descrever e modelar estas relações entre distâncias e

associação espacial.

A curva do variograma, ao contrário do autocorrelograma, aumenta à medida que

h cresce, atingindo um patamar quando a variância é aproximadamente igual à variância

Page 18: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

15

da população (PREVEDELLO, 1987), embora isto não ocorra para populações que

satisfazem apenas a hipótese intríseca.

Processos não estacionários podem apresentar trechos estacionários; Se uma variável é

estacionária de segunda ordem, então ela é também intrínseca, mas o inverso nem sempre ocorre.

As Figuras 3a, 3b e 3c ilustram, respectivamente, uma variável estacionária de

segunda ordem, uma variável estacionária de primeira ordem e uma outra não

estacionária. Para qualquer trecho que for selecionado e calculado a média e a variância,

estas permanecerão aproximadamente constante (Figura 3a); apenas a média permanece

constante (Figura 3b) nem a media nem a variância permanecem constantes (Figura 3c).

a

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

X

Y

b

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

X

Y

c

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

X

Y

Figura 3. Exemplos de estacionaridade: a) processo estacionário de segunda ordem; b)

processo estacionário de primeira ordem e c) processo não estacionário.

5. Análise da dependência espacial

As duas funções utilizadas com maior intensidade na análise geoestatística para a

determinação da dependência espacial ou temporal de variáveis são as funções

autocorrelação e a função variância, que gera o variograma.

Será descrita, por ser mais usual, a função variância e variograma como

instrumento de análise espacial de dados.

Page 19: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

16

5.1. Variograma

Até o início dos anos 60, a análise de dados era realizada sob a hipótese de

independência estatística ou distribuição espacial aleatória, para permitir o uso de métodos

estatísticos como análise de variância e parâmetros como o coeficiente de variação

(HARRADINE, 1949). Entretanto, este tipo de hipótese não pode simplesmente ser feito

antes que se prove a não existência de correlação de amostras com a distância. Se provada

a correlação espacial, a hipótese de independência é inadequada.

Um dos métodos mais antigos para se estimar a dependência no espaço ou no

tempo, de amostras vizinhas é através da autocorrelação. Quando a amostragem envolve

duas direções (xi, yi) o instrumento mais indicado na estimativa da dependência entre

amostras é o variograma (SILVA, 1988).

O variograma analisa o grau de dependência espacial das amostras e define os

parâmetros necessários para a estimativa de valores para locais não amostrados,

utilizando a interpolação por Krigagem.

O variograma é uma ferramenta básica de suporte às técnicas de Krigagem, que

permite representar quantitativamente a variação de um fenômeno regionalizado no espaço.

A definição teórica dessas ferramentas é baseada na teoria das funções aleatórias

(JOURNEL; HUIJBREGTS, 1978; BRAGA, 1990), que apresenta a estimativa

experimental dessas estatísticas. Supondo que Z(x) represente o valor da variável para o

local x, onde x é o vetor (x, y) e Z(x+h) representa o valor da mesma variável para alguma

distância h (ou “lag”), em qualquer direção. O variograma resume a continuidade espacial

para todos os pareamentos (comparação entre dois valores) e para todos os h

significativos.

O variograma é, por definição,

22

1hxxZEh ii (9)

e pode ser estimado através da equação

Page 20: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

17

hN

i

iihxZxZ

hNh

1

2

2

1 (10)

onde:

N(h) = número de pares de valores medidos Z(xi), Z(xi+h) separados por um vetor h.

O gráfico de (h) versus os valores correspondentes de h, chamado variograma, é

uma função do vetor h e, portanto, dependem de ambos em magnitude e direção de h.

A Figura 4 mostra um variograma com características bem próximas do ideal, as

quais serão discutidas a seguir. O seu comportamento representa o que, intuitivamente, se

deve esperar de dados de campo. Espera-se que: as diferenças [Z(xi) - Z(xi+h)] decresçam

assim que a distância (h) que os separa, decresça; as medições localizadas próximas sejam

mais parecidas entre si do que aquelas separadas por grandes distâncias; e que (h)

aumente com a distância h. Por definição, (0) =0, como pode ser visto pela Equação 7,

quando h=0. Entretanto, na prática, à medida que h tende para 0 (zero), (h) se aproxima de

um valor positivo chamado efeito pepita e que recebe o símbolo C0. O valor de C0 revela a

descontinuidade do variograma para distâncias menores do que a menor distância entre as

amostras. Parte dessa descontinuidade pode ser também devido a erros de medição, mas é

impossível quantificar qual contribui mais, se os erros de medição ou variabilidade a uma

escala menor do que aquela amostrada.

Existem três tipos de variogramas:

- variograma observado (variograma experimental). É aquele obtido a partir do

conjunto de amostras derivadas da amostragem realizada, portanto o único conhecido.

- variograma verdadeiro é o variograma real das amostras, e é sempre

desconhecido.

- variograma teórico é um variograma teórico de referência.

Page 21: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

18

Figura 4. Variograma experimental e modelo teórico.

De acordo com Isaaks e Srivastava (1989) à medida que h aumenta a variância (h)

também aumenta até um valor máximo no qual ele se estabiliza correspondente à distância

“a” (Figura 5). Este valor no qual (h) se estabiliza chama-se patamar (C0+C), e é

aproximadamente igual à variância dos dados, Var [Z(xi)]. O valor de efeito pepita (C0) pode

ser atribuído a erros de medição ou ao fato de que os dados não foram coletados a

intervalos suficientemente pequenos, para mostrar o comportamento espacial subjacente

do fenômeno em estudo, isto é, não é capturado um fenômeno numa escala maior. A

distância na qual (h) atinge o patamar é chamada de alcance, recebe o símbolo de a, e é a

distância limite de dependência espacial. Medições localizadas a distâncias maiores que o

alcance, tem distribuição espacial aleatória e por isto são independentes entre si. Para estas

amostras, a estatística clássica pode ser aplicada sem restrições. Por outro lado, amostras

separadas por distâncias menores que o alcance estão correlacionadas umas às outras, o

que permite que se façam interpolações para espaçamentos menores do que os

amostrados, assim toda amostra cuja distância ao ponto a ser estimado for menor ou igual

ao alcance, fornece informações sobre o ponto. Dessa maneira, o alcance (a) é a linha

divisória para a aplicação de geoestatística ou estatística clássica, e por isso o cálculo do

variograma deveria ser feito rotineiramente para dados de campo para garantir as hipóteses

estatísticas sob as quais serão analisados. Dados que apresentarem variogramas

semelhantes aos da Figura 5, muito provavelmente poderão ser estacionários de ordem 2,

Page 22: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

19

porque têm um patamar claro e definido, e com toda certeza, estarão sob a hipótese

intrínseca.

Figura 5. Variograma típico e seus componentes.

Se o variograma for constante e igual ao patamar para qualquer valor de h, e não

apresentar valor alcance tem-se um gráfico mostrando “efeito pepita puro” e, neste caso,

tem-se a ausência total de dependência espacial, ou se a dependência espacial existir ela

será manifestada à distância menor do que o menor espaçamento entre amostras.

Alta porcentagem obtida para o efeito pepita reflete que grande parte da variação

encontrada é devida a variações a distâncias menores que a distância amostrada. Para

diminuir os valores do efeito pepita é necessário que a amostragem seja realizada a

distâncias menores que a utilizada para que assim se possa detectar a estrutura da

variância, ou seja, a escala de variabilidade natural do fenômeno (JOURNEL; HUIJBREGTS,

1978; LAMPARELLI et al., 2001).

O efeito pepita, que é um parâmetro importante do variograma, reflete o erro

analítico, indicando uma variabilidade não explicada (ao acaso) de um ponto para o outro,

que pode ser devida tanto a erros de medidas ou microvariação não detectada em função da

distância de amostragem utilizada (CAMBARDELLA et al., 1994; VIEIRA, 1997), sendo

impossível quantificar a contribuição individual dos erros de medições ou da variabilidade.

Nas Figuras 6a e 6b é apresentado o comportamento de variogramas com e sem

efeito pepita.

Page 23: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

20

Figura 6. Variogramas: (a) sem efeito pepita; (b) com efeito pepita.

Um outro tipo de variograma que pode ocorrer é aquele que cresce sem limites

para todos os valores de h calculados. Este variograma indica a presença de fenômeno

com capacidade infinita de dispersão, o qual não tem variância finita, e para o qual a

covariância, não pode ser definida. Ele indica também, que o tamanho do campo

amostrado não foi suficiente para exibir toda a variância e é provável que exista uma

grande tendência nos dados, numa determinada direção. Se isto for constatado, têm-se

duas alternativas distintas: a) remove-se a tendência e trabalha-se com os resíduos para

examinar se enquadram nas hipóteses de estacionaridade de ordem 2 ou intrínseca, ou

b) trabalha-se com hipótese de tendência nos dados originais com o uso da krigagem

universal. Deve-se preferir a primeira alternativa. Um método bastante eficiente para

retirada da tendência é através da superfície de tendência (DAVIS, 1973). Se após retirar

a tendência, não houver nenhuma dependência espacial expressa no variograma dos

resíduos, isto significa que a superfície de tendência encontrada é a melhor representação

espacial do fenômeno. Um exemplo de retirada de tendência em dados unidimensionais e

análise dos resíduos pode ser encontrado em Vieira et al. (1983) e Vieira e Hatfield (1984).

5.1.1. Confecção de um variograma

Para a confecção dos variogramas experimentais são computados valores de (h)

confrontando-os com os respectivos h. As somatórias necessárias para o cálculo de (h),

porém, devem ser construídas por um número suficiente de pares, que tornem o resultado

consistente (LANDIM, 2003). Como regra prática, adota-se para tanto um mínimo de 30

Page 24: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

21

pares, o que pode ser conseguido se for escolhido como maior h a metade da maior

distância existente entre os pontos (JOURNEL; HUIJBREGTS, 1978).

A determinação do variograma é o início do procedimento de estimativa

geoestatística. É o passo mais importante, porque o modelo escolhido será utilizado através

de todo o processo de interpolação e influenciará todos os resultados e conclusões. Nesse

estágio, o avaliador deverá decidir se pode ou não aplicar a geoestatística para inferências,

pois o variograma é a única maneira para verificar se a variável em estudo tem continuidade

espacial ou não.

Para a construção do variograma as amostras devem estar distribuídas segundo

um arranjo regular. Considerar, porém, o conjunto de amostras distribuídas em arranjo

irregular, conforme apresentado na Figura 7. Neste caso, para determinar o variograma

experimental, é necessário introduzir limites de tolerância para direção e distância.

Figura 7. Parâmetros para o cálculo do variograma. (FONTE: Modificada de Deutsch e Journel

,1992)

Tomar como referência o lag2 (lag refere-se a uma distância pré-definida, a qual é

utilizada no cálculo do variograma) da Figura 7. Supor um incremento de lag igual a 100

metros com tolerância de 50 metros. Considerar ainda a direção de medida 45º com

tolerância angular 22.5º. Então, qualquer par de observações cuja distância esteja

compreendida entre 150m e 250m e 22.5º e 67.5º será incluído no cálculo do variograma

de Lag2. Este processo se repete para todos os lags.

Page 25: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

22

Ainda com referência na Figura 7, a largura de banda (BW) se refere a um valor

de ajuste a partir do qual se restringe o número de pares de observações para o cálculo

do variograma. Após obtido o variograma, conhecido como experimental, a próxima etapa

constitui o seu ajuste a um modelo teórico.

5.1.2. Exemplo de cálculo do variograma

Considerar o seguinte conjunto de valores que representam os teores de pH do

solo:

7; 7,4; 6,9; 7,5; 7,3; 7,8; 7,7; 6,8; 6,8;

Supor que se dispõe de uma séria discreta de amostras obtidas num intervalo l,

com distâncias iguais uma da outra no valor a (Figura 8).

Figura 8. Amostras com distâncias a.

A estimativa de (h) será,

para amostras separadas a uma distância h = a

4

1

2

2

122

i

ii azXzXaah (11)

para h =2a

3

1

22

3

122

i

ii azXzXa (12)

.

.

.

x(z1) x(z2) x(z3) x(z4) x(z5)

L

a a a a

Page 26: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

23

etc.

Considerando, então, que os valores de pH do solo estejam a uma distância a,

obtém-se:

235,08,68,6...9,64,74,778

1)(2

222a

(13)

32,08,67,7...5,74,79,677

122

222a (14)

.

.

.

etc.

A medida que for aumentando a distância entre as amostras, os valores de h2

tenderão a aumentar.

Essas diferenças quadráticas entre valores que levam em conta a distância h que

os separa, permite a construção do variograma. Os valores calculados através da função

variograma podem ser representados graficamente, plotando-se no eixo das abscissas a

distância h e no eixo das ordenadas o valor do variograma h , como na Figura 9.

Figura 9. Variograma experimental.

Page 27: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

24

A interpretação do variograma permite obter parâmetros que descrevem o

comportamento espacial das variáveis regionalizadas. Uma feição resultante da análise

dos parâmetros do variograma é a zona de influência, ou seja, qualquer valor de Z(x)

estará correlacionado com outros valores Z(x+h) que estiverem dentro de um raio “a” de x.

5.2. Grau de dependência espacial

Os variogramas expressam o comportamento espacial da variável regionalizada

ou de seus resíduos e mostram o tamanho da zona de influência em torno de uma

amostra, a variação nas diferentes direções do terreno, indicando também continuidade da

característica estudada no terreno (LANDIM, 1998).

Trangmar et al. (1985) sugeriram o uso da % da variância do efeito pepita para

mensurar a dependência espacial, sendo que Cambardella et al. (1994) propuseram os

seguintes intervalos para avaliar a % da variância do efeito pepita: ≤ 25% - forte

dependência espacial; entre 25% e 75% - moderada dependência espacial e ≥ 75% - fraca

dependência espacial, denominado de IDE (Índice de Dependência Espacial):

1000

0

CC

CIDE (15)

Zimback (2001) propôs a inversão dos fatores, como:

1000

CC

CIDE (16)

e a classificação quanto ao grau de dependência espacial da variável em estudo é:

i) variável independente espacialmente – se a relação entre a componente

estrutural e patamar for igual a 0 %, neste caso temos o variograma será com efeito pepita

puro ou .00

CC

C

Page 28: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

25

ii) variável com fraca dependência espacial – se a componente estrutural for

menor ou igual a 25% do patamar ;25,00

CC

C

iii) variável com moderada dependência espacial – se a componente estrutural

representar entre 25% e 75% do patamar ;75,025,00

CC

C

iv) variável com forte dependência espacial – se a relação entre componente

estrutural e patamar estiver entre 75% e 100% ;00,175,00

CC

C

5.3. Isotropia e anisotropia

Notar que h é um vetor e o variograma depende da magnitude e da direção de h.

Quando o variograma é idêntico para qualquer direção de h ele é chamado de isotrópico e

quando o variograma apresenta os parâmetros C, C0, a e/ou modelo diferenciado

dependendo da direção de h, ele é chamado anisotrópico. Se o variograma é anisotrópico

ele deve sofrer transformações antes de ser usado. Vieira (1995) alega que, em geral, a

precisão da interpolação ou o tipo de hipótese satisfeita, não são afetados se, ao invés de

se preocupar com a escolha de método de transformação de anisotropia, apenas limitar a

faixa de distância na qual se utiliza o variograma.

Quando os dados forem coletados em uma transeção (linha), o variograma é

unidimensional e nada pode ser dito sobre anisotropia (GUIMARÃES, 2004).

A anisotropia pode ser facilmente constatada através da observação dos

variogramas obtidos para diferentes direções. As principais direções de h (Figura 10)

examinadas são: 0º (na direção X), 90º (na direção Y), 45º e 135º (nas duas diagonais

principais).

Page 29: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

26

Figura 10. Direções usadas na geoestatística.

Considerar os variogramas obtidos para as direções 0°, 45°, 90° e 135°, ilustrados

na Figura 11. Verifica-se uma similaridade bastante grande entre eles. Esta é a

representação de um caso simples e menos frequente, em que a distribuição espacial do

fenômeno é denominada isotrópica. Neste caso, um único modelo é suficiente para

descrever a variabilidade espacial do fenômeno em estudo.

Figura 11. Representação gráfica de variogramas isotrópicos.

Por outro lado, se os variogramas não são iguais em todas as direções, a

distribuição é denominada anisotrópica. Se a anisotropia é observada e é refletida pelo

N

L O

S

0o

90o

45o

135o

0O

45O

90O

135O

• •

• •

• •

• • •

• •

• •

• •

• •

a

C

Co

(h)

Page 30: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

27

mesmo patamar (C) com diferentes alcances (a) do mesmo modelo, então ela é

denominada geométrica.

Considerar o variograma ilustrado na Figura 12. Os pontos interligados com linhas

tracejadas são os variogramas experimentais em duas direções ortogonais. O variograma

que atinge primeiro o patamar (vermelho) se refere à direção de 120° e o variograma com

maior alcance (verde) se refere à direção de 30°. As linhas sólidas em ambas direções são

os modelos teóricos de ajuste dos variogramas experimentais.

Figura 12. Representação gráfica de anisotropia geométrica.

Um modo direto de visualizar e calcular os parâmetros (fator e ângulo) da

anisotropia geométrica é através do esboço gráfico de uma elipse, calculada através dos

alcances obtidos em direções distintas, conforme Figura 13. As convenções que seguem,

são as adotadas por Deutsch e Journel (1992). Para o eixo maior da elipse, denominado

direção de máxima continuidade, aplica-se o maior alcance (a1). O ângulo da direção de

máxima continuidade é definido a partir da direção Norte e no sentido horário. Seu valor

corresponde à direção de maior alcance. O eixo menor define o alcance (a2) na direção de

menor continuidade, sendo este ortogonal à direção principal.

(h)

a

C

a h

Co 120

O

30O

Page 31: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

28

Figura 13. Representação gráfica da anisotropia geométrica em duas direções.

FONTE: Modificada de Deutsch e Journel (1992), p. 24.

O fator de anisotropia geométrica é definido como a razão entre o alcance na

direção de menor continuidade (a2) e o alcance na direção de maior continuidade (a1).

Neste caso, o fator de anisotropia geométrica é sempre menor que a unidade e o

ângulo de anisotropia é igual ao ângulo da direção de máxima continuidade.

Para efeitos de estimativa deve ser obtido um variograma único, entretanto este

modelo geral deve levar em conta tal anisotropia (GUERRA, 1988).

Como a anisotropia geométrica afeta apenas as características geométricas, isto

é, não altera a variância o problema consiste em “corrigir” a distância que intervém no

cálculo do variograma através de:

221

2

21 yyxxd (17)

h = d variograma “isotrópico”

Utilizando-se a expressão anterior obtém-se um modelo isotrópico e é indiferente

de tomar como base o alcance ax ou o alcance ay (Figura 14).

N

L O

S

180o

0o

90o

30o

120o

a1

a2

Parâmetros da anisotropia Fator de anisotropia (Fa) Fa = a2 / a1 Ângulo de anisotropia (Aa) Aa = tomado da direção Norte para o eixo de maior continuidade. No exemplo = 30o.

Page 32: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

29

Figura 14. Modelo isotrópico.

Existe ainda um outro tipo de anisotropia em que os variogramas apresentam os

mesmos alcances (a) e diferentes patamares (C). Neste caso, a anisotropia é denominada

Zonal. Como a isotropia, a anisotropia zonal também é um caso menos frequente presente

nos fenômenos naturais. O mais comum é encontrar combinações da anisotropia zonal e

geométrica, denominada anisotropia combinada.

Considerar o variograma apresentado na Figura 15. Os pontos interligados com

linhas tracejadas correspondem a variogramas experimentais em duas direções

ortogonais. O variograma com maior patamar (vermelho) refere-se à direção de 60° e o

variograma com menor patamar (verde) refere-se à sua direção perpendicular (150°). Os

modelos de ajuste aos variogramas estão representados por linhas sólidas.

a2

a2

a1

a1

Tornar isotrópico para menor alcance

Tornar isotrópico para maior alcance

Page 33: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

30

Figura 15. Representação gráfica de anisotropia combinada.

Segundo Isaaks e Srivastava (1989), a anisotropia zonal pode ser considerada

como um caso particular da anisotropia geométrica, ao se supor um fator de anisotropia

muito grande. Nesta condição, o alcance implícito na direção de menor continuidade é

muito grande. A estrutura do variograma é então adicionada somente para a direção de

maior continuidade.

5.4. Modelos teóricos

O ajuste de um modelo teórico ao variograma experimental é um dos aspectos

mais importantes da aplicação da teoria das variáveis regionalizadas e pode, se as

devidas cautelas não forem tomadas, tornar-se uma das maiores fontes de ambiguidade e

polêmica nessa aplicação. Toda estimativa geoestatística depende do modelo variográfico

encontrado. Por isso se o modelo ajustado estiver errado, todos os cálculos subsequentes

também o estarão. Como regra, quanto mais simples puder ser o modelo ajustado,

melhor, e não se deve dar importância excessiva a pequenas flutuações que podem ser

artifícios referentes a um pequeno número de dados.

O ajuste do modelo do variograma pode ser a sentimento ou manual e automático.

O ajuste a sentimento ou manual é feito por quem esta analisando os dados, comparando

visualmente qual modelo teórico que melhor se ajusta aos dados. Já o automático é feito

por um software como, por exemplo, com base nos valores da soma dos quadrados dos

resíduos e do r2 da validação cruzada.

(h)

a

C

h

Co 150O

60O

C

a

Page 34: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

31

Na análise estrutural do variograma, além do efeito pepita (C0), do patamar (C +

C0) e do alcance (a), outros parâmetros podem ser fornecidos para posterior análise:

- Alcance Efetivo – para alguns modelos o alcance é igual ao efetivo (esférico e

linear), para outros, como o gaussiano e exponencial, o alcance efetivo representa 3a e

1,7a, respectivamente, devido ao longo espaço de curvatura da curva (GUERRA, 1988);

- Estrutura ou Proporção Espacial C/(C+C0) – que determina quanto da variância

espacial está presente na variância total da amostra.

Dependendo do comportamento da variância (h) para altos valores de h, os

modelos podem ser classificados em: modelos com patamar e modelos sem patamar.

Os modelos com patamar normalmente são ajustes que representam a

estacionaridade de segunda ordem, onde a variância aumenta com o aumento da distância

entre amostras, até atingir o patamar onde se estabiliza (MACHADO, 1994). Já os modelos

sem patamar satisfazem apenas a hipótese intrínseca e os variogramas podem ser definidos,

mas não se estabilizam em nenhum patamar.

5.4.1. Modelos com patamar

Para os modelos com patamar são encontradas, basicamente, quatro funções

teóricas que se ajustam aos modelos de variograma: a) linear; b) esférico; c)exponencial;

d) gaussiano (VIEIRA et al., 1983).

Definindo C0 como efeito pepita, C0 + C como patamar e a como alcance esses

modelos são:

5.4.1.1. Modelo linear

A equação do modelo linear é:

ha

CCh 0 ah 0 (18)

CCh 0

ah (19)

Page 35: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

32

onde: C/a é o coeficiente angular para 0<h<a. Neste modelo (Figura 16), o patamar é

determinado por inspeção; o coeficiente angular, C/a, é determinado pela inclinação da reta

que passa pelos primeiros pontos de (h), dando-se maior peso àqueles que correspondem a

maior número de pares; o efeito pepita, C0, é determinado pela interseção da reta no eixo

(h); o alcance, a, é o valor de h correspondente ao cruzamento da reta inicial com o

patamar; e C = patamar - C0.

Figura 16. Modelo Linear.

5.4.1.2. Modelo Esférico

A equação do modelo esférico é:

3

02

1

2

3

a

h

a

hCCh ah 0 (20)

CCh 0

ah (21)

O modelo esférico (Figura 17) é obtido selecionando-se os valores do efeito pepita

(C0) e do patamar (C0 + C), depois passando uma reta que intercepte o eixo y em C0 e seja

tangente aos primeiros pontos próximos de h=0. Esta reta cruzará o patamar à distância

Page 36: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

33

a'=2/3 a. Assim, o alcance (a) será a=3a'/2. Como definido, o modelo esférico é

aproximadamente linear até cerca de 1/3 a, conforme Vieira (2000).

Figura 17. Modelo Esférico.

Vários pesquisadores (TRANGMAR et al., 1987; PAZ et al., 1996; SALVIANO,

1996) afirmam que o modelo esférico é o mais adaptado para descrever o comportamento

de variogramas de atributos de plantas e de solos. Neste o patamar e o alcance são

claramente identificados e geralmente o efeito pepita é pequeno em relação a este

patamar (LAMPARELLI et al., 2001).

5.4.1.3. Modelo Exponencial

A equação do modelo exponencial é:

a

h

eCCh3

01

0 < h < d (22)

onde: d é a máxima distância na qual o variograma é definido. Uma diferença fundamental

entre o modelo exponencial e o esférico é que o exponencial (Figura 18) atinge o patamar

apenas assintoticamente, enquanto que o modelo esférico o atinge no valor do alcance. Os

Page 37: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

34

parâmetros C0 e C para os modelos exponencial e gaussiano são determinados da mesma

maneira que para o esférico.

Figura 18. Modelo Exponencial.

O gráfico para o modelo exponencial aumenta mais devagar da origem em direção

ao patamar, e não se pode dizer que o modelo atinja realmente o patamar (LAMPARELLI

et al., 2001). Caso o efeito pepita seja muito pequeno e a estrutura de variabilidade

crescer de maneira bastante suave, o variograma pode ser melhor ajustado pelo modelo

gaussiano. Esse modelo é altamente desejável, pois apresenta boas propriedades, como

uma continuidade na variabilidade a medida que os pontos se afastam entre si.

5.4.1.4. Modelo Gaussiano

A equação do modelo gaussiano é:

2

3

01

a

h

eCCh 0 < h < d (23)

O modelo gaussiano (Figura 19) é um modelo transitivo, muitas vezes usado para

modelar fenômenos extremamente contínuos (ISAAKS; SRIVASTAVA, 1989).

Page 38: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

35

Figura 19. Modelo Gaussiano.

Semelhante no modelo exponencial, o modelo gaussiano atinge o patamar

assintoticamente e o parâmetro a é definido como o alcance prático ou distância na qual o

valor do modelo é 95% do patamar (ISAAKS; SRIVASTAVA, 1989). O que caracteriza este

modelo é seu comportamento parabólico próximo à origem.

5.4.2. Modelos sem patamar

Estes modelos correspondem a fenômenos que têm uma capacidade infinita de

dispersão, e por isso, não têm variância finita e a covariância não pode ser definida. Indicam

presença de tendência nos dados. Eles podem ser escritos da seguinte maneira:

BAhCh 0

0 < B < 2 (24)

Os parâmetros A e B são constantes que definem o modelo, sendo B estritamente

maior que zero e menor que dois para garantir a condição de positividade definida

condicional (GUIMARÃES, 2004).

Page 39: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

36

5.5. Escalonamento do variograma

Quando se escalona um variograma pela variância, o efeito pepita torna-se

automaticamente uma fração do patamar (VIEIRA et al., 1998), facilitando as

interpretações e comparações entre variogramas de diferentes propriedades, já que assim

pode verificar se contam com o mesmo padrão de variabilidade espacial, uma vez que

assumem valores em uma escala padronizada.

Quando se escalonam dois variogramas de variáveis diferentes eles podem

passar a apresentar variabilidade espacial semelhante, ou seja, valores próximos de efeito

pepita, alcance e patamar (VIEIRA, 1997). Quando isto ocorre, a razão mais provável é

que os processos que regulam estas variáveis na área de estudo são semelhantes no

espaço. Espera-se este comportamento para variáveis como CTC e V%, principalmente

em áreas pequenas, uma vez que expressam grandezas semelhantes, e sendo assim

espera-se que tenham comportamentos espaciais parecidos (VIEIRA, 1997).

Como a escala de (h) pode variar muito é utilizado o escalonamento dos

variogramas individuais para a uniformização.

1

1

hhsc (25)

onde: 1 é o fator de escala. Os fatores de escala pode ser: valor da S2 de cada variável;

valor da média ao quadrado; C do variograma individual.

Após escalonar os variogramas, a soma dos parâmetros C0 e C deve ser 1, já que

o fator de escala utilizado são os valores das variâncias (VIEIRA, 1997). Caso esse valor

se exceda e se apresente como 1,1, significa que o patamar está excedendo a variância

em 10%.

Na Figura 20 é apresentado o variograma não escalonado e o variograma

escalonado.

Page 40: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

37

Figura 20. Variograma não escalonado e variograma escalonado pela variância dos

dados.

6. Interpolação de dados

A técnica da confecção dos mapas de isolinhas, onde são geradas estimativas de

valores em pontos não amostrados a partir de pontos amostrados, denomina-se

interpolação de dados (ZIMBACK, 2003).

Muitos autores pesquisaram métodos de interpolação e principalmente

compararam os diversos métodos, como: método da triangulação (LAM, 1983), método

dos polígonos (ISAAKS; SRIVASTAVA, 1989), método do inverso da distância

(BROOKERS, 1991; GOTWAY et al., 1996), método do vizinho mais próximo (MYERS,

1991). Entretanto esses métodos não fornecem o algoritmo dos erros associados aos

resultados obtidos o que ocorre apenas com a metodologia geoestatística da Krigagem,

segundo um modelo contínuo de variação espacial (HOSSEINI et al., 1993; YOST et al.,

1982).

A Krigagem é o método de interpolação geoestatística, que usa a dependência

espacial expressa no variograma entre amostras vizinhas para estimar valores em qualquer

posição dentro do campo, sem tendência e com variância mínima. Estas duas características

fazem da Krigagem um interpolador ótimo (BURGESS; WEBSTER, 1980). Todavia não há

garantia que o mapa obtido pela Krigagem tenha o mesmo variograma e a mesma variância

que os dados originais, pois se trata, pela própria natureza do método, de um mapa com

valores suavizados. Essa questão é resolvida pela simulação, que permite infinitas

realizações de mapas, cada qual com aproximadamente o mesmo variograma e a mesma

variância que os dados originais. Teoricamente a média de um grande número de mapas

0.0

0.5

1.0

1.5

0 5 10 15 20Distância (h)

Vari

ân

cia

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

0 5 10 15 20Distância (h)

Vari

ân

cia

Page 41: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

38

simulados deve fornecer resultados mais reais e, consequentemente, mais confiáveis para

predições.

O nome Krigagem foi dado em homenagem ao engenheiro de minas Sul Africano,

Krige. Segundo Rossi et al. (1994), três características da Krigagem a distinguem dos outros

métodos de interpolação. São elas: pode fornecer uma estimativa maior ou menor que o

valor das amostras, sendo as técnicas tradicionais restritas as faixas de variações das

amostras; tem a vantagem de usar a distância e a geometria entre as amostras, enquanto

que os métodos tradicionais usam distâncias euclidianas para avaliar as amostras; e,

diferente dos métodos tradicionais, a Krigagem leva em conta a minimização da variância do

erro esperado, por meio de um modelo empírico da continuidade espacial existente ou do

grau de dependência espacial com a distância ou direção, expresso pelo variograma.

Como postulado por Burrough et al. (1998), quando os dados são abundantes, a

maior parte dos métodos de interpolação produz valores semelhantes. Os métodos

tradicionais de interpolação espacial, como triangulação, média local das amostras e

método da distância inversa, estão amplamente disponíveis nos programas do mercado.

No caso de dados esparsos, no entanto, tais métodos possuem limitações na

representação da variabilidade espacial, porque desconsideram a anisotropia e a

continuidade do fenômeno que se quer observar. Além disso, deixam sem resposta

algumas questões importantes, tais como: o tamanho ideal do domínio ou da janela de

estimação, a forma e a orientação que deve ter a janela para se obter uma estimação

ótima, se existem outros modos para estimar os pesos além daqueles baseados em

função de distância, e quais são os erros (incertezas) associados aos valores estimados.

Segundo Oliver e Webster (1990), a Krigagem engloba um conjunto de métodos

de estimação: Krigagem simples, Krigagem ordinária, Krigagem indicativa, Krigagem

universal, Krigagem disjuntiva, Cokrigagem, etc.

A Krigagem ordinária é mais utilizada do que a Krigagem simples por não exigir

conhecimento nem estacionariedade da média sobre toda a área estudada; o

conhecimento da média em uma determinada área de trabalho exige que se tenha tido

muitos dados anteriores ao atual estágio, que permitam tal estimativa (ANDRIOTTI, 2005).

Page 42: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

39

6.1. Krigagem ordinária

A Krigagem ordinária utiliza um estimador linear não-viciado com mínima variância

("BLUE-Best Linear Unbiased Estimator") para interpolação do atributo medido em

posições não-amostradas (ISAAKS; SRIVASTAVA, 1989). Linear porque suas estimativas

são feitas por combinações lineares; Unbiased (sem viés) porque o erro de estimativa

esperado é nulo; e best porque seu objetivo é minimizar a variância destes erros de

estimativa (INOUE et al., 1999). O estimador é uma combinação linear que é uma média

móvel e leva em conta a estrutura de variabilidade encontrada para aquela variável

(medida), expressa pelo variograma e pela localização dos valores conhecidos

(LAMPARELLI et al., 2001). Pontos próximos da posição a ser interpolada apresentam

maiores pesos que os mais distantes.

Na Krigagem ordinária, que é a mais utilizada, e descrita por Trangmar et al. (1985),

o valor interpolado de uma variável regionalizada Z(x0), num local x0, pode ser determinada

por:

n

i

i xZxZ1

10 (26)

onde:

)( 0xZ = valor estimado para local 0x não amostrado;

)( ixZ = valores obtidos por amostragem no campo; e

i = pesos associados ao valor medido na posição xi

A melhor estimativa de z*(x0) é obtida quando:

a) o estimador é não tendencioso

0* 00 xZxZE (27)

b) a variância da estimativa é mínima

Page 43: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

40

mínimoxZxZVar 00* (28)

Para que z* seja uma estimativa não tendenciosa de z, a soma dos pesos das

amostras deve ser igual a 1.

1 i (29)

Para obter a variância mínima sob a condição de 1 i , introduz-se o

multiplicador de Lagrange para a dedução das equações e o sistema de Krigagem

resultante é:

0

1

,, xxxx i

n

i

jii

(30)

onde: é o multiplicador de Lagrange.

A variância de estimativa é dada por:

0

2 ,xxiiE (31)

O sistema de equações da Krigagem contém n+1 equações e n+1 incógnitas e

uma única solução produz n pesos e um multiplicador de Lagrange .

Em notação matricial, chamando de A a matriz das variâncias dos valores

amostrados envolvidos na estimativa de z*(x0); a matriz coluna que contém os pesos i

e o multiplicador de Lagrange e b a matriz coluna das variâncias entre os valores

amostrados e o ponto a ser estimado, tem-se:

bA (32)

Page 44: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

41

E, portanto:

bA 1 (33)

A variância da estimativa 2

E é dada por:

t

E b2 (34)

As matrizes A, b e são:

A=

01......11

1,......,,

..............................

..............................

..............................

1,......,,

1,......,,

21

22212

12111

nnnn

n

n

xxxxxx

xxxxxx

xxxxxx

b=

1

,

......

......

......

,

,

2

1

nn

n

n

xx

xx

xx

=

n

...

...

...

2

1

(35)

Obs.: i) A matriz A é simétrica e possui diagonal principal igual a zero, ou igual ao

valor do efeito pepita.

ii) Os valores 1 que aparecem nas matrizes A e b são consequência do

multiplicador de Lagrange.

iii) O sistema deve ser resolvido para cada estimativa z* e para cada variação do

número de amostras envolvidos na estimativa.

Segundo Landim, 2000, ao ser constatado que a variável não possui continuidade

espacial na área estudada, não há sentido lógico em estimar/interpolar usando a

Krigagem, e o único meio disponível para se verificar a existência ou não de continuidade

espacial e, se houver, quais os parâmetros que caracterizam este comportamento

regionalizado, é a análise variográfica.

A maneira como é feita a coleta de amostras e a sua representatividade

determinam como deverá ser calculada a Krigagem ordinária: pontual ou em bloco. A

Krigagem pontual é indicada quando a coleta é de amostras simples, isto é, não foram

Page 45: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

42

misturadas várias amostras para compor uma amostra composta, sendo neste caso é

indicado a Krigagem em bloco porque ela irá representar uma área.

De acordo com Uzumaki (1994), o sistema de Krigagem ordinária tem solução

única se o modelo de variograma for válido. A Krigagem, além de ser um estimador não

tendencioso, é um interpolador exato, isto é, se o ponto a ser estimado coincidir com um

dos pontos amostrados, o valor estimado deverá ser igual ao valor amostrado.

6.1.1. Exemplo: estimativa de um ponto

Este exemplo foi retirado de Landim (2003). Seja uma situação hipotética em que

se dispõem de 4 pontos com observações referentes à profundidade de um filão

mineralizado e se deseja estimar em um novo pontos a profundidade desse veio (Figura

21). Supõe também que a análise variográfica revelou um modelo linear para os dados

com uma relação de 5m2 km-1 , dentro de uma vizinhança de 40 km.

Modelo linear: = 5 h

Figura 21. Pontos amostrais.

Pontos Xi Yi Zi

1 0 30 500

2 30 30 450

3 0 0 550

4 30 0 490

X 15 15 ?

Como os pontos se apresentam numa rede quadrada de dimensões 30 x 30, as

distâncias entre eles são:

Page 46: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

43

kmdddd 3043423121 (36)

kmdd 43,423241 (37)

kmxdxdxdxd 21,214321 (38)

Pelo modelo linear do variograma, tais distâncias correspondem às seguintes

variâncias:

205,10621,21 km (39)

215000,30 km (40)

215,21243,12 km (41)

Desse modo, pode-se construir o sistema de equações para a estimativa por

Krigagem ordinária do ponto X:

(42)

o qual é resolvido segundo

BA1

(43)

Page 47: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

44

(44)

(45)

Isso significa que, como esperado pela distribuição regular dos pontos, cada um

deles tem o peso de 0,25 para a estimativa de X:

mxZ 50,49745025,055025,045025,050025,0 (46)

A variância associada a tal estimativa é:

22 063,849875,215,10625,05,10625,05,10625,05,10625,0 mSk

(47)

mSk

169,9 (48)

Supondo que, a distribuição dos valores da estimativa apresente distribuição

normal em torno do valor real e que, portanto, 95% dessa distribuição está no intervalo de

mais ou menos 1,96 desvio padrão, tem-se que o intervalo de confiança é da ordem de

9,169 * 1,96 = 18 m.

A estimativa do ponto X é, portanto: 497,50 m 18 m.

Page 48: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

45

Supor, em seguida, que um dos pontos de controle coincida com aquele a ser

estimado, por exemplo, que o local X seja o mesmo que 1 (Figura 22). Neste caso apenas

o vetor B apresenta-se modificado, permanecendo inalterado a matriz A :

Figura 22. Pontos amostrais a ser estimado.

(49)

Resolvendo o sistema, encontra-se o seguinte resultado:

11 e 0

432 (50)

mxZ 5004900550045005001 (51)

que é exatamente o valor do poço1.

A variância da estimativa, como esperado, é igual a:

015,212015001500012 k

S (52)

Isso mostra que a Krigagem é um método que fornece interpoladores exatos, pois

ao prever valores em pontos previamente conhecidos o faz sem erro.

Page 49: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

46

Através da análise de mapas de contorno ou de superfície, gerados por meio da

Krigagem, pode-se tomar decisões importantes, por exemplo, em relação ao aumento da

eficiência na utilização de fertilizantes, com redução de custo e aumento de produtividade.

Isto porque a aplicação de recomendações médias de fertilizantes, usualmente utilizadas

pelos agricultores, pode resultar em uma super ou sub-fertilização de uma área, com

implicações negativas no ambiente e na relação custo-benefício (MULLA et al., 1992). O

mapeamento da variabilidade espacial das propriedades do solo permite a aplicação de

fertilizantes por zonas de manejo, de forma diferenciada, favorecendo a otimização da

produtividade, aumentando a eficiência do insumo, maximizando os benefícios e

reduzindo custos.

Conforme (LANDIM, 2000), a técnica da Krigagem apresenta as seguintes

vantagens:

- valores estimados baseiam-se no variograma; se for apropriado, fornece as seguintes

informações: - parâmetros adequados de amostragem: número de amostras, distribuição e

densidade; - parâmetros adequados de busca: tamanho de área de busca, forma (circular

ou elipsóide) e, se elipsóide, orientação do eixo principal; - parâmetros adequados de

grade: tamanho das células, forma e orientação; - natureza da distribuição espacial da

variável investigada: uniformidade da distribuição, importância relativa da influência

espacial x casual; - previsibilidade da variação da variável avaliada;

- se o variograma for apropriado controla a Krigagem, com as seguintes vantagens: - evita

ponderação arbitrária dos pontos amostrados; - permite a determinação das melhores

estimativas sem tendenciosidade: o melhor estimador é aquele que produz a melhor

precisão (menor variância); - permite o estabelecimento de limites de confiança, indicando

se os resultados são aceitáveis e se a estratégia de amostragem deve ser modificada; -

precisão, contornos suaves, artefatos indesejáveis raros a não ser nas bordas do mapa;

- interpolador exato: os valores estimados são exatamente iguais aos valores amostrados

na mesma posição;

- estima além dos limites máximo e mínimo dos valores dos pontos amostrados;

- modela tanto tendências regionais quanto anomalias locais;

- Calcula variância dos pontos estimados (erros), que podem ser utilizadas para:

Page 50: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

47

- quantificar um intervalo de valores (±) para os pontos estimados, definindo estimativas

realistas;

- calcular intervalos de confiança para verificar a probabilidade dos valores ocorrerem

dentro de um intervalo de ± 2 unidades de desvio padrão da média; variâncias mapeadas

podem indicar locais para adensamento da amostragem.

Segundo Landim (2000), a técnica da Krigagem apresenta as seguintes

desvantagens:

- o usuário pode não compreender o uso dos controles matemáticos e apesar disto

resultados são sempre obtidos;

- é necessário tempo para preparo do variograma e entendimento de geoestatística;

- pode não ser possível a construção de um variograma adequado devido à natureza da

variação espacial da variável analisada. Isto pode ocorrer devido à magnitude da

amostragem e por erros analíticos;

- requer longo tempo de computação para grupos de dados grandes ou complexos.

- necessidade de programa capacitado.

Conforme Landim (2000), a técnica da Krigagem deve ser utilizada quando:

- estiverem presentes tanto tendências regionais quanto anomalias locais;

- anomalias local não presente em toda a área, por ex. em ambientes fluvial;

- quiser estimar com base em uma Média global;

- tiver dados irregularmente amostrados ou agrupados;

Conforme Landim (2000), a técnica da Krigagem não deve ser utilizada quando:

- ocorrer menos de 30 pontos amostrados: número insuficiente de pares para modelar o

variograma;

- valores discrepantes de Z: removê-los antecipadamente;

- erro grande e inexplicado (efeito pepita pronunciado);

- amostras de populações diversas.

7. Validação de modelos de variogramas

O ajuste do variograma é um procedimento que fica a critério do pesquisador, mas

geralmente é feito "a sentimento". Para este tipo de ajuste pode-se utilizar algumas

Page 51: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

48

técnicas chamadas de validação cruzada ou de autovalidação para selecionar o

variograma adequadamente (GUIMARÃES, 2004).

7.1. Validação cruzada

Para a comparação dos métodos de interpolação alguns critérios são utilizados,

como por exemplo: quadrado médio do erro (WARRICK et al., 1988), quadrado da soma

dos erros (LASLETT et al., 1987) e coeficiente de correlação entre os valores observados

e estimados obtidos pela validação cruzada (cross-validation) proposto por Leenaers et al.

(1990).

Com toda a subjetividade e variabilidade de resultados nos cálculos dos

parâmetros do variograma, é importante que se tenha um meio para verificar se o modelo

ajustado é satisfatório ou não (DAVID, 1988), bem como para validar o plano de Krigagem

antes do seu uso na construção de mapas.

O método da reutilização da amostra utilizado por Schucany (1981), tem o

propósito de predição de locais não amostrados. Mais tarde, Davis (1987) descreveu o

método de “deixar um dado de fora” (leaving-one-out), ressaltando a diferença da

validação cruzada com outro método, muito confundido em inúmeros trabalhos, que tem

função distinta que é o “jack-knifing”.

O processo de validação cruzada, de acordo com Myers (1997), é bastante

simples: remove-se um dado do conjunto de dados amostrais e, usando-se um estimador

e função ponderada relacionada com a distância, estima-se o valor retirado, utilizando-se

as amostras remanescentes. Têm-se, agora, dois valores para o mesmo ponto, o real e o

estimado. O erro da estimação pode ser calculado pela diferença entre o valor real e o

estimado, sendo repetido para cada local amostrado.

O erro padrão de estimação avalia quantitativamente o ajuste do variograma e os

erros dele decorrentes na Krigagem, utilizando-se dos conceitos definidos por Davis

(1987).

Um fator que afeta o cálculo de precisão do método de interpolação é o número de

amostras vizinhas usadas para a estimação (GOOVAERTS, 1997). O raio de pesquisa

onde serão avaliadas as amostras, também, é muito importante para uma boa estimação

e, consequentemente, uma boa validação, como o definido por Kane et al. (1982).

Page 52: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

49

Deve ser ressaltado ainda que, a estimação do valor depende do modelo

variográfico escolhido, (ISAAKS; SRIVASTAVA, 1989).

8. Krigagem indicativa

A Krigagem indicativa, consiste basicamente na aplicação da Krigagem ordinária

para a variável transformada, ou seja, a variável resultante da aplicação da função não

linear f(z) = 0 ou 1. O conceito inicial foi apresentado por Journel (1983) como uma

proposta para construir uma função de distribuição de probabilidades acumuladas

(cumulative distribution function, “cdf”) para a estimativa de distribuições espaciais. O

conceito da transformação indicativa é dos mais simples e amigável, visto que os

variogramas indicativos são os mais fáceis de modelar (LANDIM; STURARO, 2002).

No processo básico da Krigagem, a estimativa é feita para determinar um valor

médio em um local não amostrado. Pode-se, porém, também fazer estimativas baseadas

em valores que se situam abaixo ou acima de um determinado nível de corte (cutoff)

(LANDIM; STURARO, 2002).

Este procedimento, estabelecido para vários níveis de corte (percentis, decis e/ou

quartis, por exemplo) de uma distribuição acumulada, conduzirá a uma estimativa de

vários valores dessa distribuição em um determinado local, cuja função pode ser ajustada

(LANDIM; STURARO, 2002).

Segundo a metodologia geoestatística os valores de um determinado atributo num

determinado ponto do espaço x podem ser considerados como uma realização de uma

variável aleatória (VA), descrita como Z(x). No ponto x, portanto, Z(x) pode assumir

diferentes valores para o atributo considerado, com cada valor associado a uma

determinada probabilidade. Desse modo, uma variável aleatória, contínua ou discreta,

após ordenada pode ser caracterizada pela sua função de distribuição acumulada

condicionada, isto é, uma função de distribuição acumulada condicionada aos n dados

amostrados (conditional cumulative distribution function, “ccdf”) (LANDIM; STURARO,

2002).

Para se atingir estes objetivos o primeiro passo, na Krigagem indicativa, é

transformar os dados originais em indicadores, isto é, transformar os valores que estão

acima de um determinado nível de corte em zero (0) e os que estão abaixo em um (1):

Page 53: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

50

1cj

vi se cjvv (53)

0cj

vi se cjvv (54)

onde vc = nível de corte e vj é o valor observado.

A frequência acumulada de valores observados, por exemplo, abaixo do nível de

corte pode ser expressa por:

n

i

cjcvi

nvF

1

1 (55)

De modo idêntico, a proporção de valores abaixo do nível de corte pode, também,

ser considerada como a média ponderada dos indicadores, no caso 1, situados na

vizinhança do local avaliado segundo:

n

j

cjjcviwvF

1

(56)

onde wj são os pesos, cuja soma deve ser 1 pela condição de não viés; ij os

indicadores e vc o nível de corte.

Desta forma, são calculados os variogramas experimentais indicativos para

determinados níveis de corte e estabelecidos os modelos variográficos para os mesmos.

Os variogramas indicativos podem ser estimados pela função:

hN

i

cc

h

civxivhxi

Nvh

1

2,,

2

1, (57)

onde:

h = passo (lag) básico

Vc= nível de corte (cutoff)

N = número de pares

Page 54: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

51

Efetuando-se a Krigagem ordinária pontual nos valores transformados, obtém-se a

probabilidade de vi < vc. À medida que se incrementa vc, obter-se-ão valores estimados da

função de distribuição de probabilidades acumuladas, assim expresso (LANDIM;

STURARO, 2002):

n

vviE

n

vvF cc

, (58)

com (vi;vc) = 1, se vi ≤ vc.

Definidas as funções da distribuição acumulada, pode-se, portanto, obter qualquer

intervalo probabilístico da variável, ou seja:

ij

vFvF (59)

onde: vj > vi .

Por fim, de posse dessas proporções para os vários níveis, estabelece-se a

função de distribuição acumulada condicionada para os diversos locais de ocorrência da

variável sob análise.

Se não há níveis de corte com especial significado com relação à variável sob

estudo, o usual é escolher 9 níveis correspondentes aos decis da distribuição.

Independentemente do número de níveis distribuição acumulada da curva será

sempre em função de um número finito de pontos. Para uma estimativa completa haverá

necessidade de interpolações, entre os níveis considerados, e extrapolações para as além

do primeiro e do último nível.

Antes de efetuar a Krigagem indicativa, é necessário que para cada nível de corte

seja encontrado um variograma e uma boa aproximação, se possível, é procurar encontrar

o mesmo modelo para todos eles, principalmente aquele correspondente à mediana

(ISAAKS; SRIVASTAVA, 1989).

Page 55: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

52

9. Cokrigagem

9.1. Variograma cruzado

Existem alguns casos em que a determinação de variáveis em estudo é cara e de

difícil amostragem, comprometendo assim o estudo da variabilidade espacial de tal

variável. Para esses casos aplica-se um método chamado cokrigagem que se baseia nos

parâmetros expressos por um variograma cruzado entre duas variáveis para a estimativa

de novos valores em locais não amostrados.

Os variogramas cruzados têm por objetivo descrever a variabilidade espacial e/ou

temporal simultâneas entre duas variáveis aleatórias, sendo que, uma dessas variáveis

deve ser de simples determinação (covariável), isto é, fácil amostragem e/ou baixo custo e

apresentar uma alta correlação espacial com a variável de difícil determinação (variável

primária) que se deseja estimar valores. Desta forma, estará trabalhando com a idéia de

covariável.

Considerar duas variáveis {Z1(t1i), i=1,...,n1} e {Z2(t2j), j=1,...,n2}, com as

amostragens feitas no mesmo espaço (área ou tempo), mas que o número de amostras de

Z1 seja superior ao número de amostras de Z2 (n1 >n2). Assumindo que pelo menos a

hipótese intrínseca está sendo atendida para cada variável individualmente e para a

distribuição conjunta das variáveis, pode-se definir os variogramas individuais e os

variogramas cruzados como:

212112

mmxZhxZEhCov (60)

e

121221

mmxZhxZEhCov (61)

Consequentemente, o variograma cruzado entre estas variáveis será:

xZhxZxZhxZhN

hhN

i

22

1

11122

1 (62)

Page 56: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

53

O variograma cruzado só será calculado quando algumas exigências forem

atendidas:

A) As informações existentes devem ser provenientes da mesma posição geográficas

para ambas as variáveis. Isto significa que Z1 e Z2 devem ser definidas para os

mesmos locais;

B) As variáveis em estudo Z1 e Z2 devem ser correlacionadas. A covariável utilizada

deve apresentar uma alta correlação espacial com a variável primária a ser

estimada;

C) As variáveis Z1 e Z2 devem apresentar dependência espacial individualmente. Tanto

a variável primária a ser estimada, quanto a covariável utilizada, devem apresentar

o variograma experimental ajustado a um modelo teórico, e parâmetros bem

definidos;

D) Para que a cokrigagem seja aplicada, as variáveis Z1 e Z2 devem apresentar

dependência espacial em conjunto, dependência esta expressa pelo variograma

cruzado.

9.1.1. Características ideais

Um variograma cruzado com características que podem ser identificadas como

ideais, teria aparência do variograma simples (de uma única variável, ou seja, patamar

definido, variância crescente para pequenas distâncias, modelo esférico), porém, com

significados diferentes, pelo simples fato de envolver o produto das diferenças de duas

variáveis diferentes. Por exemplo, ao contrário do variograma, não é obvio que o valor do

variograma cruzado para h=0, deva ser nulo. Assim, além de espaços menores do que à

distância de amostragem, acumulado no mesmo parâmetro, está à falta de correlação

entre as duas variáveis. O alcance aqui representa apenas o final ou a distância máxima

de dependência espacial entre as variáveis. Já o patamar do variograma cruzado, se

existir, deve aproximar-se do valor da covariância entre as duas variáveis. Assim, quando

as duas variáveis forem de correlação inversa, isto é, quando aumenta uma a outra

diminui, a covariância será negativa e, consequentemente, o variograma cruzado será

negativo. Os modelos utilizados para o variograma cruzado são os mesmos já discutidos

para o variograma simples (VIEIRA, 1998).

Page 57: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

54

9.2. Cokrigagem

A cokrigagem é um procedimento geoestatístico segundo o qual diversas variáveis

regionalizadas podem ser estimadas em conjunto, com base na correlação espacial entre

si. É uma extensão multivariada do método da Krigagem quando para cada local

amostrado obtém-se um vetor de valores em lugar de um único valor.

A aplicação da cokrigagem torna-se bastante evidente quando duas ou mais

variáveis são amostradas nos mesmos locais dentro de um mesmo domínio espacial e

apresentam significativo grau de correlação. Valores ausentes não se tornam

problemáticos, pois o método deve ser usado exatamente quando uma das variáveis

apresenta-se sub-amostrada em relação às demais (LANDIM et al., 2002).

A estimativa de uma variável Z* para qualquer local x0

deve ser uma combinação

linear de Z1

e Z2, ou seja:

1 2

1 1

210

*n

i

n

i

iiii xZxZxZ (63)

Em que N1

e N2

são os número de vizinhos medidos de Z1

e Z2, respectivamente, e

λ1

e λ2

são os ponderadores associados a Z1

e Z2

os quais são distribuídos de acordo com

a dependência espacial de cada uma das variáveis entre si e com a correlação cruzada

entre elas. Da mesma forma que a Krigagem, para que este estimador seja ótimo, ele

também deve ter variância mínima e ser não tendencioso.

10. Utilização do programa GS+® para análise geoestatística e interpolação

O programa GS+® é um aplicativo completo e de fácil interação que esta disponível

no mercado para a análise geoestatística. Pode ser adquirido ou encontrada uma versão

de demonstração no endereço: http://www.gammadesign.com. O programa possui uma

excelente ajuda interna, através do “Help” do programa.

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55

10.1. Utilização do programa GS+® para gerar variograma

São apresentados exemplos de importação dos dados, análise exploratória dos

dados, confecção e ajuste do variograma, interpolação dos dados, validação do modelo, e

representação gráfica dos dados interpolados. Nos exemplos será utilizada a Versão 7.0

do GS+® (Figura 23).

Figura 23. Programa GS+® Versão 7.0.

10.1.1. Importação dos dados

Como ponto de partida é descrito a estrutura do arquivo de dados com vistas a

posterior análise geoestatística, pois, é necessário que os valores obtidos estejam

referenciados, ou seja, tenham suas coordenadas bem definidas. Será realizado a análise

bidimensional e, portanto, tem-se as coordenadas X e Y para cada observação.

O arquivo pode ser criado no próprio programa GS+® ou em outro programa, como

o Excel®, necessitando, neste caso de uma importação de dados ou de "copiar" e "colar".

Os dados podem ser importados de vários aplicativos, porem recomenda-se fazer a

planilha de dados no Excel® para posterior importação, devido à facilidade de manuseio.

Page 59: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

56

Ao abrir o programa aparece uma planilha semelhante ao Excel®. Clicar em Impot

file (Figura 24) e procurar onde se encontra a planilha elaborada no Excel®.

Figura 24. Importação de dados para o GS+®

A planilha deve aparecer no GS+®. Clicar OK. Caso ocorra o aparecimento de

dados estranhos ou símbolos, verificar se em Iniciar – Configurações - Painel de

Controle – Configurações Regionais está selecionado Ingês (EUA), por que no GS+® o

sistema não é o métrico e o decimal é representado por ponto e não vírgula.

A Figura 25 mostra o aspecto básico do arquivo de dados.

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57

Figura 25. Janela inicial do GS+® com exemplo de arquivo de dados contento as

coordenadas (x,y) e 2 variáveis para a análise (densidade do solo e % de

argila).

Na primeira coluna encontra-se a coordenada X, na segunda coluna a coordenada

Y e na terceira e quarta colunas tem-se as variáveis, ou seja, neste caso estão sendo

consideradas duas 2 variáveis (Z1 e Z2).

No topo de cada coluna, quando clicado, aparece a Figura 26 abaixo, onde pode

ser selecionado o nome de cada variável. Para selecionar a variável a ser estudada basta

clicar na coluna correspondente e selecioná-la como a variável principal. Por exemplo,

procede-se da seguinte forma:

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58

Figura 26. Janela para colocar o nome da variável e para selecionar a variável a ser

analisada.

- Clicar sobre a coluna de interesse (coluna 3, neste exemplo); a coluna é

selecionada e aparece a segunda janela, indicando a coluna ativa.

- Clicar em Z (Primary variable) para selecionar esta coluna como sendo sua

variável de analise.

- Clicar em OK para confirmar a opção

Pode-se ainda trabalhar com duas variáveis simultaneamente. Neste caso

seleciona-se uma variável Z2 como covariável.

10.1.2. Análise Exploratória dos dados

A barra de ferramenta apresenta os seguintes símbolos que são destinados a este

tipo de análise (Figura 27):

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59

Figura 27. Barra de ferramenta para análise exploratória.

Os ícones não ativos são destinados a análise com duas variáveis (variograma

cruzados, cokrigagem, etc).

Para exemplificar o resultado deste tipo de análise será utilizado os dados da

primeira variável (densidade do solo - coluna 3).

Clicando no ícone Σ, os principais parâmetros estatísticos são disponibilizados

(Figura 28).

Figura 28. Estatísticas da variável “densidade do solo”.

Como uma análise geral desses dados verifica-se que a densidade do solo

apresentou média de 1,328 (g cm-3), com uma dispersão média em torno desse valor de

0,202 (g cm-3) e, portanto, uma variabilidade de 15,21%. Deste modo nota-se que as

observações se dispersam pouco em torno da média. O menor valor observado (0,82 g

cm-3) e o maior valor observado (1,82 g cm-3) reforçam a idéia de baixa variabilidade das

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60

observações e também mostram que, provavelmente, não ha valores discrepantes que

poderiam ser atribuídos a erros de determinação, digitação ou de amostragem. O

histograma mostra uma tendência dos dados à simetria e este fato também pode ser

verificado por meio dos coeficientes de assimetria e curtose associados aos seus

respectivos erros padrão, que são respectivamente: 0,35±0,22 e -0,44±0,44. Como

assimetria e curtose esta próximos de zero tem-se uma distribuição normal aproximada

dos dados.

Notar ainda que existe a possibilidade de se fazer análises com dados

transformados.

Para disponibilizar os gráficos de distribuição de freqüência, clicar como Figura 29.

Figura 29. Análise gráfica dos dados

No detalhamento da distribuição da variável em um primeiro momento tem-se a

visualização do histograma e posteriormente pode-se fazer análises com distribuição de

freqüências acumuladas e gráfico da distribuição normal.

Qualquer modificação dos gráficos pode ser realizada usando Edit graph.

Uma outra análise utilizada no GS+® é a localização espacial dos pontos

amostrados com relação a intervalos de ocorrência. Para visualizar a espacialização da

amostragem, clicar como Figura 30.

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61

Figura 30. Localização espacial das observações

Verifica-se, por meio da Figura 30, que a princípio há indícios de concentração de

valores altos ou baixos em setores específicos da malha, mas parece não existir tendência

nos dados e, provavelmente, se existir relação espacial, esta poderá ser representada por

um variograma médio (isotrópico).

10.1.3. Confecção e ajuste do variograma

Na confecção dos variogramas, selecionar Variogram-Z, para visualizar o

variograma teórico.

Ativando o ícone do variograma, o programa apresenta a seguinte janela (Figura

31):

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62

Figura 31. Análise da variância

A distância máxima para cálculo da variância deve ser no máximo igual à

máxima distância de coleta da amostra. O GS+® adota como critério inicial 50% da

distância máxima, isto se justifica pelo fato de que a grandes distâncias o número de pares

para o cálculo da variância reduz-se drasticamente, fazendo com que a estimativa da

variância tenha pouca precisão. Este valor pode ser alterado pelo usuário.

Os passos para cálculo das variâncias consiste em como as variâncias vão ser

agrupadas. Quanto maior for este valor menos pontos ter-se-a no variograma.

Vale ressaltar também que, se este passo for muito pequeno, tem-se classes de

distância sem pares para cálculo da variância.

Para a análise do variograma isotrópico o ângulo de tolerância (offset tolerance)

deve ser de 90° e, neste caso, os variogramas para as diferentes direções serão iguais.

Não sera abordado neste texto a discussão sobre isotropia e anisotropia e procedimentos

de análise de anisotropia.

Na janela “variogram options” da Figura 33, se não for marcado as opções tem-

se apenas o variograma experimental. Se for marcado a primeira opção, aparecerá uma

linha tracejada que representa a variância amostral (s2), sendo desejável que, quando o

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63

nível de estabilização do variograma seja próxima a esta linha. Ao ser marcada a segunda

opção tem-se uma proposta de modelo ajustado.

A Figura 32 ilustra o resultado de um variograma.

Figura 32. Exemplo de um variograma

Notar que a Figura 32 apresenta ainda a opção model e a opção expand. O

resultado da execução dessas funções são apresentados nas Figuras 35 e 36.

A Figura 33 exibe as opções de modelos de variogramas.

Page 67: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

64

Figura 33. Modelos e análises dos modelos

Conforme observado na Figura 35 o modelo ajustado aos dados de densidade do

solo é o esférico, com um valor de efeito pepita de 0,0137 e patamar de 0,04600. O

alcance encontrado para a densidade do solo é de 3,61m, ou seja, num raio de até 3,61m

os dados estão correlacionados espacialmente. A soma de quadrado do erro é de 3,537

10-5 (ou 0,00003537), que é um erro muito pequeno, e o r2 é de 86%, mostrando assim

que o modelo ajustado ao variograma experimental é adequado. A relação entre o C e o

patamar, ou seja o índice de dependência espacial, foi de 70% apresentado moderada

dependência espacial, conforme ZimbacK (2001).

O GS+® permite, no comando model (Figura 33), visualizar os modelos com os

respectivos ajustes feito pelo programa (vale relembrar que o GS+® seleciona o modelo

com a menor soma de quadrados de resíduos (RSS)). Ao usuário é permitido a

modificação do modelo selecionado ou, então, dos parâmetros dos modelos e, realizadas

modificações, deve ser dado OK para que o programa tome este modelo como o modelo

de variabilidade espacial ou temporal daquela variável. Para retornar ao modelo padrão do

GS+® clicar no comando Autofit.

Observações:

a) O programa não apresenta o modelo com efeito pepita puro. Para obter este

modelo utilize o modelo linear com C0 = C0 +C.

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65

b) No ajuste do modelo a sensibilidade do usuário é muito mais importante do que

os valores de R2 e RSS e, portanto, tentativas de ajustes diferentes ao proposto pelo

programa devem ser utilizadas, mesmo que isso cause queda no valor de R2 e acréscimo

no valor de RSS.

g) O programa não apresenta a opção de ajuste de modelo sem patamar.

A Figura 34 mostra o resultado da execução do comando expand.

Figura 34. Variograma e opções de edição

Nesta tela tem-se a exibição das variâncias calculadas, do modelo de variograma

ajustado e dos parâmetros desse modelo. A listagem dos valores de variâncias (Figura 35)

com as respectivas distâncias de cálculo (list values), permite que estes valores sejam

transportados para outros programas e tenha a opção de agrupar vários modelos em uma

única figura.

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66

Figura 35. Valores listados.

Deve-se selecionar Standardized variogram, quando se quer um variograma

padronizado, ou seja, o variograma onde cada variância é dividida pela variância dos

dados (Figura 36). Este tipo de variograma é utilizado para comparar variogramas de

diferentes dados com escalas diferentes.

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67

Figura 36. Variograma padronizado

10.2. Interpolação dos dados no GS+®

A interpolação dos dados pode feita pelo método do inverso ponderado das

distâncias (IDW), por Krigagem pontual ou em bloco e pela simulação condicional.

A Figura 37 mostra a janela da Krigagem no GS+®. Para ativar a Krigagem basta

ativar o ícone com a letra k. Como apresentado na figura 39 a Krigagem realizada foi a

pontual, que deve ser utilizada quando cada valor observado corresponde a um único

ponto; quando for utilizado um conjunto de pontos para representar um valor a Krigagem

deve ser em bloco.

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Figura 37. Krigagem no GS+®.

A Krigagem pode ser expressa por meio de mapas, sendo necessário para isto,

ativar o ícone map, tendo como resultado a Figura 38.

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Figura 38. Opções de mapas no GS+®.

10.2.1. Validação do modelo

O Coeficiente de Regressão apresenta o ajuste da equação de regressão linear

entre os valores reais ou obtidos experimentalmente e os valores estimados por

interpolação. Na Figura 39 está representado um exemplo de validação cruzada.

De acordo com o resultado da validação cruzada na Figura 39, a interpolação por

Krigagem esta estimando bem os dados de densidade do solo.

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70

Figura 39. Validação cruzada da Krigagem no GS+®.

10.2.2. Representação Gráfica dos Dados Interpolados

Os dados podem ser representados de várias maneiras e em várias classes. A

seguir exemplo de representação em 2D (Figura 40) e em 3D (Figura 41).

Figura 40. Representação da interpolação em 2D.

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71

Figura 41. Representação da interpolação em 3D.

Os pontos mais altos da representação 3D correspondem aos maiores valores de

densidade do solo.

11. Utilização do programa GS+® para interpolar por Krigagem Indicativa

Os dados são proveniente de um levantamento efetuado pelo “Swiss Federal

Institute of Technology” em Lausanne/Suíça (GOOVAERTS, P. (1997) – Geostatistics for

Natural Resources Evaluation: Oxford University Press). Nos 359 pontos foram coletados

solos para análise de cádmio (ppm), cobre (ppm), chumbo (ppm), cobalto (ppm), cromo

(ppm), níquel (ppm) e zinco (ppm). Porém neste exemplo será utilizado apenas os valores

dos teores de chumbo (Pb).

Para realizar a análise por Krigagem indicativa deve ser feita a transformação dos

valores dos dados para valores binários 0-1.

O nível de corte, necessário para a transformação binária 0-1, é de 50 para

chumbo. Esses valores são definidos como sendo o máximo tolerável para um solo ser

considerado não poluído.

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72

Para a transformação binária usar o aplicativo Excel®|função (fx)|Lógica|se, da

seguinte maneira:

Para chumbo =SE(F2<=50,0,1)

Na Figura 42 esta apresentado o mapa de amostragem dos dados.

Figura 42. Mapa de amostragem dos dados binários.

Ao realizar a análise variográfica dos dados binários de Chumbo obtém-se a

Figura 43.

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73

Figura 43. Resultado da análise variográfica dos dados binários do chumbo.

O modelo e parâmetros do variograma binário de chumbo esta apresentada na

Figura 44. Utilizando um lag de 2,81 e passo de 0,19, o modelo ajustado aos dados

binários foi o exponencial. O valor de efeito pepita (C0) encontrado foi 0,1252; de patamar

foi 0,2514; e um alcance de 0,87m, ou seja, até um raio de 0,87m os dados estão

correlacionados espacialmente. O índice de dependência espacial (IDE) é de 50%, sendo

classificado como dependência moderada, de acordo com Zimback (2001).

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74

Figura 44. Modelo e parâmetros do variograma binário do chumbo.

A validação cruzada dos dados binários esta apresentada na Figura 45.

Figura 45. Validação cruzada dos dados binários do chumbo

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75

O resultado da interpolação por Krigagem indicativa do chumbo esta apresentada

na Figura 46.

Figura 46. Mapa de interpolação por Krigagem indicativa do chumbo.

Normalmente o resultado se apresenta na forma de uma mapa com dimensões

regulares, um quadrado ou um retângulo, englobando, portanto, uma área maior do que

aquela amostrada. Há, porém, situações em que se quer o resultado referente apenas à

área amostrada e, portanto, restrita a uma polígono irregular. Para tanto obedecer ao

seguinte procedimento, na janela interpolação selecionar a opção include irregular

shapes (polygons) e clicar em Define (Figura 47).

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Figura 47. Definindo malha irregular.

Na janela Define Polygon Outlines escrever na primeira linha exclude e inserir os

valores das coordenadas limite da área (Figura 48).

Figura 48. Definindo malha irregular com as coordenadas limites.

Depois de inserir os valores das coordenadas limites dar Exit e pedir para calcular

na janela da interpolação, gerando o mapa com contorno (Figura 49).

Page 80: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

77

Figura 49. Mapa irregular do Chumbo.

12. Uso do GS+® no ajuste de variograma cruzado e interpolação por Cokrigagem

para geração de mapas

12.1. Exemplo de aplicação com malha reticulada da variável primária completa

Para o exemplo em questão sera considerado duas variáveis, Radiação Solar (R

solar) e a Evapotranspiração (Evapot), ambas compostas por uma malha regular com 364

pontos cada. A planilha de dados com o conjunto de observações das variáveis e suas

coordenadas pode ser observada logo abaixo na Figura 50.

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Figura 50. Planilha de dados com os pontos das coordenadas e variáveis completa a

serem utilizados na geração do variograma cruzado.

Sera utilizado a (R solar) como variável primária e a (Evapot) como covariável, ou

seja, a variável (Evapot) servirá como suporte para estimativa da (R solar). A escolha da

variável primária e covariável podeser efetuada com um “click” sobre a coluna e célula na

qual se encontra o nome da respectiva variável, assim como observado nas Figuras 51 e

52.

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Figura 51. Janela de definição da variável primária do conjunto de dados.

Figura 52. Janela de definição da covariável do conjunto de dados.

Observar que ao definir a variável primária e a covariável, fica designado a letra (Z)

e (Z2) respectivamente, para identificá-las, e ainda, todos os atalhos da barra de

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80

ferramentas ficam disponíveis para ativação. A Figura 53 define todos os ícones que serão

utilizados como ferramentas para realização da análise em questão.

Figura 53. Identificação dos ícones ativos na barra de ferramentas utilizados na geração

do variograma cruzado e Cokrigagem.

Como visto anteriormente, para a realização da Cokrigagem é necessário que

algumas exigências sejam atingidas. Ver agora, quais as ferramentas que serão utilizadas

para observar se essas exigências são satisfeitas para os dados em questão:

1º. As informações das variáveis devem ser provenientes de posições

geográficas coincidentes, logo (Z) e (Z2) amostradas nos mesmos locais:

As formas de analisar se as variáveis que estamos estudando são constituídas de

dados amostrados em locais coincidentes, seria observando a minha planilha de dados

(worksheet) ou clicando na ferramenta que ilustra a dispersão dos dados da variável (Z) e

(Z2) na malha amostral, representada pelo seguinte ícone na barra de ferramentas,

respectivamente:

(Z) (Z2)

As Figuras 54 e 55 ilustram a dispersão dos dados da variável primária (R solar) e

da covariável (Evapot) na malha amostral, permitindo observar que, as variáveis

apresentam coincidência de amostragem para todas as observações, atendendo assim a

1º exigência.

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Figura 54. Janela de ilustração da malha amostral com a distribuição das observações da

variável primária.

Figura 55. Janela de ilustração da malha amostral com a distribuição das observações da

covariável.

2º. As variáveis em estudo (Z) e (Z2) devem ser correlacionadas:

As variáveis utilizadas para a geração da CoKrigagem devem apresentar correlação

linear entre si. A confirmação dessa exigência pode ser observada com o auxílio da

análise descritiva de “Regressão” representada na barra de ferramenta pelo ícone:

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82

Com um “clik” sobre o ícone, abre-se uma janela que expressa o gráfico da análise

de regressão entre as variáveis, juntamente com o coeficiente de determinação (R2) e os

coeficientes que determinam o modelo ajustado. A Figura 56 ilustra o gráfico da regressão

entre a variável primária Z (R solar) e a covariável Z2 (Evapot).

Figura 56. Gráfico e coeficientes da analise de regressão entre as variáveis utilizadas na

Cokrigagem.

Como pode ser observado visualmente na figura acima, pela distribuição dos

pontos experimentais ao longo da reta (modelo teórico) e pelo valor do coeficiente de

determinação R2 = 0.968, a variável primária (R solar) e a covariável (Evapot) apresentam

uma alta correlação positiva, atendendo assim a 2º exigência para aplicação da

Cokrigagem.

3º. (Z) e (Z2) devem apresentar variogramas definidos isoladamente:

Tanto a variável primária (Z) quanto à covariável (Z2) devem apresentar

dependência espacial individualmente para aplicação da CoKrigagem. Deve-se, portanto,

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83

ajustar um variograma para cada variável, utilizando na barra de ferramentas os seguintes

ícones respectivamente:

(Z) (Z2)

As Figuras 57 e 58 mostram os variogramas ajustados e seus parâmetros, tanto

para a variável primária como para a covariável, evidenciando assim que as variáveis em

estudo apresentam dependência espacial isoladamente.

Figura 57. Variograma e seus parâmetros modelo exponencial para variável primária (R

solar).

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Figura 58. Variograma e seus parâmetros ajustado ao modelo exponencial para covariável

(Evapot).

Atendida as exigências impostas para a aplicação da cokrigagem, o próximo passo

é o ajuste das duas variáveis em um só variograma, que mostrara se as variáveis

apresentam dependência espacial em conjunto. Para isso sera utilizada a ferramenta

variograma cruzado, representada na barra de ferramentas pelo ícone:

A Figura 59 ilustra o resultado do variograma cruzado ajustado, e seus parâmetros

para a variável primária (R solar) utilizando a (Evapot) como covariável.

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Figura 59. Variograma cruzado e seus parâmetros ajustados ao modelo exponencial para

variável primária (R solar) usando como covariável a (Evapot).

Observa-se uma melhora de ajuste quando se utiliza o variograma cruzado em

relação ao variograma simples para a variável primária (R solar), baseado nos valores do

RSS (Soma do Quadrados dos resíduos), principal parâmetro adotado pelo programa

GS+® na escolha do melhor ajuste para o variograma gerado, sendo que, quanto menor

esse valor melhor o ajuste. Isso é confirmado analisando as Figuras 57 e 59, onde os

variogramas ajustados para a variável (R solar) apresentam redução no RSS de 16,1 para

0,832, respectivamente. Verifica-se ainda que a utilização da Evapotranspiração como

covariável na estimativa da Radiação solar provocou alteração no alcance da dependência

espacial com redução de 3,06 para 2,82.

Com o ganho no ajuste utilizando o variograma cruzado em relação ao simples,

o passo seguinte é realizar a co-crigagem. Para isso vamos utilizar o mesmo ícone que é

utilizado para a Krigagem simples, representada na barra de ferramentas como:

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86

Na janela de interpolação por Krigagem, no campo “Type” marque a opção

“point kriging” e “Cokring”, como mostra a Figura 60. Antes de gerar a grade interpolada

por coKrigagem, valide o modelo ajustado por meio da “Cross-Validate”.

Figura 60. Aspecto da janela de interpolação por cokrigagem em pontos para a variável (R

solar).

Ao clicar em “Cross-Validade”, abre -se uma janela que esboça o gráfico da

regressão e seus coeficientes entre a observação real da variável (R solar) amostrado em

campo e seu valor estimado pela cokrigagem, como mostra a Figura 61.

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87

Figura 61. Validação cruzada da variável (R solar) estimadas por cokrigagem, baseada

nos parâmetros do variograma cruzada ajustado, utilizando como covariável a

Evapotranspiração.

Na Figura 61 observar que, quanto mais afastada estiver à reta da linha

pontilhada, maiores serão os desvios entre as observações reais amostradas em campo e

as estimadas pela cokrigagem, neste caso. Sendo que, quando a reta estiver acima da

linha pontilhada ela estará superestimando e quando abaixo, subestimando os valores das

observações, com o valor do intercepto passando a ser negativo.

Para saber se as observações da variável (R solar) serão mais bem estimadas por

meio da cokrigagem, deve-se comparar a sua validação cruzada com a da Krigagem

ordinária, que é ilustrada na Figura 62. Primeiramente, percebe-se visualmente que a reta

esta praticamente sobrepondo a linha pontilhada, evidenciando assim uma estimativa bem

melhor das observações da variável, que as apresentadas pela validação da CoKrigagem.

Ou ainda, baseado nos valores do coeficiente de regressão e do intercepto, que

constituem a equação da regressão, os melhores valores são encontrados para a

validação da Krigagem simples, com coeficiente de regressão próximo de 1 (um) e

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88

intercepto próximo a 0 (zero), correspondendo a 1,002 e 0,02 respectivamente,

demonstrando assim ser um ótimo estimador, sem tendências e com variância mínima.

Figura 62. Validação cruzada da variável (R solar) estimadas por Krigagem simples,

baseada nos parâmetros do variograma ajustado.

Neste caso, mesmo com um ajuste melhor do variograma cruzado, a aplicação da

cokrigagem se torna desnecessária e sem sentido, pois não se obteve nenhum ganho no

uso da cokrigagem em relação à Krigagem simples. A principal explicação para o ocorrido

pode estar atrelado à malha amostral da variável primária utilizada, que apresenta o

mesmo número de observações da sua covariável. A vantagem de se utilizar a

cokrigagem normalmente existe quando a variável que se deseja estimar (variável

primária) apresenta uma menor densidade de amostragem que a covariável, como a

seguir.

Page 92: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

89

12.2. Exemplo de aplicação com malha reticulada para variável primária incompleta

Para esse exemplo, sera utilizado as mesmas variáveis, e da mesma forma como

no caso anterior, a variável primária (R solar) será estimada com auxílio da covariável

(Evapot). A mudança aqui ocorrerá na densidade da malha amostral da variável (R solar),

que será inferior a da sua covariável. Isso para observar se, com o uso da cokrigagem

baseada nos parâmetros do variograma cruzado, iremos obter melhorias na estimativa,

quando comparada com a Krigagem simples. Para observar a mudança na malha da

variável (R solar) utilize as ferramentas de análise descritiva.

A diminuição no número de observações pode ser visualizada pelo “Resumo

Estatístico da variável primária (Z)”, representadas pelo seguinte ícone na barra de

ferramenta:

Além do resumo estatístico da variável primária (R solar), observa-se abaixo na

Figura 63, que foram excluídas 184 observações das 364 totais.

Figura 63. Janela do resumo estatístico da variável primária (R solar), em destaque o

número de observações que constitui a nova malha de amostragem e o

numero de pontos exclusos.

Page 93: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

90

Com a retirada de mais da metade das observações, têm-se uma nova malha

amostral para a variável a ser estimada (R solar). Com essa nova malha sera repetido

todos os passos realizados no primeiro exemplo, no que se refere às exigências impostas

para aplicação da cokrigagem e observar se elas são satisfeitas. Os resultados desses

passos são ilustrados pelas Figuras 64 a 68.

Figura 64. Janela de ilustração da nova malha amostral com a distribuição das

observações da variável primária (R solar).

Figura 65. Janela de ilustração da malha amostral com a distribuição das observações da

covariável (Evapot).

Page 94: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

91

Figura 66. Variograma e seus parâmetros, ajustado ao modelo exponencial para variável

primaria (R solar).

Figura 67. Variograma e seus parâmetros, ajustado ao modelo exponencial para

covariável (Evapot).

Page 95: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

92

Figura 68. Variograma cruzado e seus parâmetros, ajustado ao modelo exponencial para

variável primária (R solar) usando como covariável a (Evapot).

Com base nas Figuras 66 e 68, assim como no primeiro exemplo, houve uma

melhoria no ajuste ao se utilizar o variograma cruzado em relação ao variograma simples

para a variável primária (R solar). O variograma cruzado apresentou menor valor do

parâmetro RSS (1,94) e maior R2 (0,890). Verificou-se ainda com a utilização da (Evapot)

como covariável na estimativa da Radiação solar, um aumento no IDE de 0,869 para

0,999 e uma alteração no alcance da dependência espacial com redução de 5,16 para

4,62.

Atendida as exigências impostas para a aplicação da cokrigagem e com o ganho

no ajuste utilizando o variograma cruzado em relação ao simples, deve-se analisar a

validação cruzada da CoKrigagem.

As Figuras 69 e 70 mostram o resultado da validação cruzada para a variável (R

solar) interpolada por cokrigagem e Krigagem simples, respectivamente. Comparando a

validação cruzada por cokrigagem com a validação da Krigagem simples, baseado no

coeficiente de regressão e no intercepto, os melhores valores são encontrados para a

validação da cokrigagem, com coeficiente de regressão igual a 0,926, mais próximo de 1

Page 96: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

93

(um) e intercepto igual a 1,44, mais próximo a 0 (zero), e ainda, maior R2 (0,46),

demonstrando assim ser um estimador melhor que a Krigagem simples.

Figura 69. Validação cruzada da variável (R solar) estimada por cokrigagem, baseada nos

parâmetros do variograma cruzado ajustado.

Page 97: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

94

Figura 70. Validação cruzada da variável (R solar) estimadas por Krigagem simples

baseada nos parâmetros do variograma ajustado.

Sendo assim, sera utilizado a grade interpolada por cokrigagem para a geração do

mapa de isovalores da variável (R solar). A Figura 71 ilustra o mapa da variável (R solar)

gerado por Krigagem ordinária e por cokrigagem.

Page 98: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

95

(a)

(b) Figura 71. a) Mapa de isovalores da (R solar) gerado por Krigagem simples; b) - Mapas de

isovalores da (R solar) gerado por cokrigagem.

Avaliando ainda a estimativa das observações da variável pela validação cruzada

nas Figuras 69 e 70, observar-se visualmente pelo afastamento da reta a linha pontilhada,

que a cokrigagem, a partir de um valor médio da variável, superestima a medida que os

valores diminuem e subestima de acordo com o seu aumento. O contrário ocorre para a

Page 99: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

96

Krigagem ordinária que apresenta intercepto negativo (-1,74). Esse comportamento pode

ser observado também comparando os valores da variável nas diferentes regiões entre os

mapas da Figura 71.

13. Utilização do programa Surfer®

para confecção de mapas

O Surfer® é um programa gráfico para gerar mapas e superfícies tridimensionais

no sistema operacional Microsoft Windows® (Figura 72). O programa interpola dados no

formato XYZ, onde X e Y são as coordenadas, espacialmente irregulares, originando uma

grade de dados regularmente espaçados, gravados num um arquivo [GRD].

Figura 72. Programa Surfer® Versão 8.0.

O Surfer® utiliza quatro tipos básicos de arquivo: arquivos de dados (.dat),

arquivos de grade (.grid), arquivos de contorno (.boundary) e arquivos surfer (.srf).

Arquivos de dados (.DAT) (Data files): São os arquivos que contém os dados de

entrada.

Page 100: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

97

Arquivos de grade (Grid files): gerados a partir de cálculos resultantes dos dados

do usuário. São usados para produzir mapas de contorno e plotagem de superfície,

variação de volume, cálculos matemáticos de grade e resíduo. Estes arquivos contêm um

conjunto regularmente espaçado de dados Z, organizados em colunas (Y) e linhas (X).

Arquivos de contorno (Boundary files): São arquivos que utilizam os dados dos

arquivos gride para gerar mapas de contorno e superfície, ou um único setor dos dados.

Estes arquivos podem tanto ser compostos por vetores, metafiles ou bipmaps.

Arquivos surfer [.SRF] são os arquivos gerados pelo programa, onde todos os

objetos e padrões da janela de plotagem serão armazenados.

Orientando-se na tela do Surfer®

O Surfer® possui dois modos de utilização: o modo Plot e o modo Worksheet.

O modo Plot serve para confecção de mapas, desenhos, interpolação de dados e

edição de imagens. Este é o modo de exibição principal do programa.

O modo worksheet serve para a entrada de dados e é um modo periférico para

criação e edição de planilhas.

Ao abrir um novo documento (Plot) no Surfer® (Figura 73), é visualizada a seguinte

tela.

Page 101: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

98

Figura 73. Apresentação da tela do modo PLOT.

Na Barra de Ferramentas (Figura 74), encontra-se todas as funções e comandos

disponíveis no programa. Abaixo observa-se cada um destas funções e seus comandos.

Figura 74. Itens do primeiro menu.

Em File encontram-se as opções para abrir, salvar arquivos, imprimir mapas ou

superfícies, mudar as opções de impressão, criar novos arquivos, fechar e importar e

exportar arquivos em formatos diferentes dos utilizados pelo Surfer® (LANDIM et al.,

2002).

O item Edit é utilizado basicamente para copiar, colar, apagar, selecionar e

identificar objetos (mapas, legendas, símbolos etc.), além de desfazer e refazer

procedimentos imediatamente anteriores e posteriores executados (LANDIM et al., 2002).

View é usado para definir o modo de visualização das figuras, escalas e réguas

auxiliares (LANDIM et al., 2002).

Page 102: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

99

No item Draw estão ferramentas para desenho e texto que podem ser

acrescentados aos mapas, úteis para a apresentação de um mapa final (LANDIM et al.,

2002).

O item Arrange possui comandos para a manipulação (orientação e ordenação)

dos objetos da figura, tais como rotação e ordem (sobreposição) desses objetos (LANDIM

et al., 2002).

Em Grid encontram-se os subitens mais importantes do programa, que são

utilizados para a geração das malhas de pontos dos mapas, sendo o núcleo do SURFER®.

Map contém os recursos de visualização dos mapas gerados, podendo ser um

mapa de contornos, mais comumente usado, mapa de pontos amostrais, relevo

sombreado, mapa de vetores e superfícies pseudo 3-D, além da associação com mapas

base. Também nesse submenu são encontradas as opções de associação, escala e

rotação de mapas (LANDIM et al., 2002).

O item Window do menu principal somente é usado para a organização das

janelas de plotagem e planilha de dados (LANDIM et al., 2002).

Por fim, o item Help possui as informações que podem ser necessárias para

entender os algoritmos do programa e seu funcionamento (LANDIM et al., 2002).

Conforme a figura 75 os comandos de File são:

Figura 75. Itens do primeiro menu File.

New: Cria um novo documento (Plot, Worksheet)

Page 103: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

100

Open: Abre um documento existente.

Close: Fecha o documento atual.

Save: Grava o documento atual.

Save As: Grava o documento com um novo nome.

Import: Importa contornos, metafiles e bipmaps.

Export: Exporta para diferentes formatos.

Print: Imprime o documento atual para a impressora instalada.

Print Setup: Exibe a lista de impressoras instaladas e permite as opções de

alteração.

Page Layout: Modifica os formatos da página.

1,2,3,: Abre os arquivos especificados.

Preferences: Options Controle os padrões de exibição, dos objetos selecionados

e as unidades da página.

Exit: Sai do SURFER®.

Conforme a figura 76 os comandos de Edit são:

Figura 76. Itens do primeiro menu Edit.

Undo: Desfaz a última mudança feita na janela Plot. Esta função pode reverter

diversas mudanças, permitindo retornar a etapas anteriores.

Redo: Refaz o último comando Undo. Esta função pode reverter diversos Undos,

permitindo retornar a etapas desfeitas.

Page 104: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

101

Cut :Remove o objetos selecionados e coloca-os na área de transferência. Este

comando só é disponível se algum objeto for selecionado.

Copy: Copia os objetos selecionados da área de transferência. Este comando só

é disponível se algum objeto for selecionado.

Paste: Cola uma cópia da área de transferência no documento ativo. Este

comando só é disponível quando esta não está vazia.

Paste Special: Especifica o formato do objeto quando colado no documento ativo.

Delete: Apaga os objetos selecionados.

Select All: Seleciona todos os objetos da janela ativa.

Deselect All: Cancela a seleção de todos os objetos

Invert Selection: Seleciona objetos não-selecionados/cancela seleção de objetos

selecionados.

Object ID: Nomeia um ID para o objeto selecionado (útil para o Gerenciador de

Objetos).

Reshape: Modifica polígonos e polilinhas existentes.

Properties: Exibe as propriedades do objeto selecionado

Conforme a figura 77 os comandos de View são:

Figura 77. Itens do primeiro menu Edit.

Page: Enquadra toda a página na janela ativa.

Fit to Window: Enquadra todo o documento na tela do computador.

Actual Size: Enquadra todo o documento ao tamanho original.

Full Screen: Permite a visualização do documento em toda a tela.

Page 105: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

102

Zoom Commands

Zoom In: Aumenta ao dobro da escala atual.

Zoom Out Diminui a metade da escala atual.

Zoom Rectangle Aumenta de acordo com o retângulo definido pelo usuário.

Zoom Selected Enquadra o objeto selecionado em toda a tela.

Zoom Realtime Enquadra o objeto suavemente, conforme o movimento do

cursor.

Redraw: Redesenha o documento.

Auto Redraw: Automaticamente redesenha o mapa cada vez que uma alteração

é feita.

Rulers: Exibe régua auxiliar

Drawing Grid: Exibe grade auxiliar para desenho

Toolbars: Permite Selecionar as barras de ferramentas ativas

Status Bar: Exibe ou esconde a barra de status

Object Manager: Exibe ou esconde o Gerenciador de objetos

Conforme a figura 78 os comandos de Draw são:

Figura 78. Itens do primeiro menu Draw.

Text: Cria um bloco de texto.

Polygon: Cria um polígono fechado.

Polyline: Cria uma polilinha.

Symbol: Cria um símbolo centrado.

Rectangle: Cria um retângulo.

Rounded Rect: Cria um retângulo arredondado.

Ellipse: Cria uma elipse.

Page 106: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

103

Conforme a figura 79 os comandos de Arrange são:

Figura 79. Itens do primeiro menu arrange.

Order Object: Move o objeto selecionado à frente ou atrás dos outros objetos.

Order Overlay: Move a camada selecionada para à frente ou atrás das outras

camadas.

Combine: Reúne os objetos selecionados.

Break Apart: Separa os objetos selecionados

Rotate: Gira o objeto selecionado.

Free Rotate: Gira o objeto selecionado utilizando o mouse.

Align Objects: Alinha os objetos dentro de um retângulo pré-selecionado.

Transform: Modifica Posição e dimensão (x,y) do objeto e rotaciona.

Conforme a figura 80 os comandos de Grid são:

Page 107: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

104

Figura 80. Itens do primeiro menu grid.

Data: Produz um arquivo grade [.GRD] para um conjunto de dados X,Y,Z.

Variogram: Gera um variograma.

Function: Produz um arquivo gride [.GRD] com funções definidas pelo usuário.

Math: Produz um arquivo gride [.GRD] através de operação matemáticas em um

arquivo gride pré-existente.

Calculus: Oferece opções usada para interpretar dados [.GRD].

Filter: Filtra um arquivo [.GRD] utilizando um algoritmo de filtração e gera um novo

arquivo [.GRD]

Spline Smooth: Recria um arquivo [.GRD] com um novo número de linhas e

colunas.

Blank: Serve para remover parte dos dados de um arquivo [.GRD].Cria um novo

arquivo com (blank) [.GRD] com base em um [.GRD] existente e um arquivo [.BLN].

Convert: Converte arquivos [.GRD] em ASCII e binários, e converte [.GRD] para

X,Y,Z [.DAT]

Extract: Cria um arquivo gride subgrupo de um arquivo gride existente.

Transform: Altera o posicionamento XY de um valor pontual dentro de um arquivo

gride

Mosaic

Volume: Realiza cálculos de volume e área entre arquivos [.GRD]

Slice: Cria um perfil linear de um arquivo [.GRD] e um arquivo de contorno [.BLN]

Page 108: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

105

Residuals: Calcula as diferenças entre valores nas superfícies [.GRD] e os

valores originais

Grid Node Editor: Permite alterar individualmente cada ponto no gride [.GRD]

Conforme a figura 81 os comandos de Map são:

Figura 81. Itens do primeiro menu map.

Base Map: Cria um mapa base a partir de uma arquivo de contorno, metafile ou

bitmap

Contour Map: Cria um mapa de contorno (curva de nível) a partir de um arquivo

gride ou arquivo DEM

Post: Cria um mapa de pontos definidos

Classed Post: Cria um mapa de pontos definidos baseado na variação dos dados

Image: Cria uma imagem resterizada a partir de um arquivo gride ou DEM

Shaded Relief: Cria um mapa de relevo sombreado a partir de um arquivo gride

ou DEM.Vector Map:Cria um campo vetorial (Gradiente)

Surface: Cria uma superfície 3D a partir de um arquivo gride ou DEM.

Wireframa: Cria um gráfico “gradeado” 3D a partir de um arquivo grade.

Scale Bar: Cria uma escala de distâncias.

Digitize: Cria um arquivo de dados a partir das coordenadas do mapa ativo.

TrackBall: Controla a rotação e giro dos mapas ou sobreposições selecionados.

Scale: Controla a escala dos mapas ou sobreposições selecionados.

Limits: Define a extensão dos mapas ou sobreposições selecionados.

Stack Maps: Alinha os mapas selecionados na página.

Page 109: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

106

Overlay Maps: Combina os mapas selecionados em uma sobreposição.

Break Apart: Separa mapas sobrepostos pelo comando overlay.

Arquivo de dados

Um mapa é construído a partir das posições espaciais de pontos obtidos no

campo e são, normalmente, representados pelos valores X, Y e Z. As coordenadas são os

valores X, posição do ponto no eixo da ordenada leste-oeste, e Y, posição na abscissa

norte-sul, e Z é o valor observado da variável nesse ponto (LANDIM et al., 2002).

Para acessar a planilha de dados basta selecionar FILE/NEW/WORKSHEET,

como na figura 82.

Figura 82. Acesso à planilha de dados.

Aberta a planilha (Figura 83), basta completar as células com os dados, podendo

colocar rótulos na primeira linha das colunas com nome das variáveis. Podem se gravadas

diversas variáveis, porém o programa executa apenas uma variável por vez (LANDIM et

al., 2002).

Page 110: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

107

Figura 83. Exemplo de planilha de dados.

O comando File, Edit, Window e Help do WORKSHEET são iguais as do Plot.

Conforme a Figura 84 os comandos de Format são utilizados para formatar a

planilha do Worksheet

Page 111: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

108

Figura 84. Itens do primeiro menu.

Conforme a figura 85 os comandos de Data são:

Figura 85. Itens do primeiro menu.

Page 112: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

109

Sort: organiza os dados de forma crescente.

Transform: Transforma os dados, fazendo operações editáveis.

Statistics: Faz análise estatística descritiva dos dados.

13.1. Importação dos dados

O arquivo pode ser criado no próprio programa Surfer® ou em outro programa

como o Excel®, necessitando, neste caso de uma importação de dados ou de "copiar" e

"colar". Os dados podem ser importados de vários aplicativos. Recomenda-se fazer a

planilha de dados no Excel® para posterior importação.

Ao abrir o worksheet programa aparece uma planilha semelhante ao Excel®. Clicar

em File/Open procurar onde se encontra a planilha elaborada no Excel® e abrir o arquivo

(Figura 86).

Figura 86. Importação de dados para o Surfer®.

A Figura 87 mostra o aspecto básico do arquivo de dados.

Page 113: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

110

Figura 87. Worksheet do Surfer® com exemplo de arquivo de dados contento as

coordenadas (x,y) e 2 variáveis para a análise (densidade do solo e % de

argila).

Neste exemplo tem-se um arquivo de dados no Surfer®. Na primeira coluna temos

a coordenada X, na segunda coluna temos a coordenada Y e da terceira a quarta colunas

temos as variáveis.

13.2. Análise Exploratória dos dados

Para realizar a análise exploratória deve ser selecionada a coluna com a variável a

ser analisada e ao clicar em Data/Statistcs aparecerá a seguinte janela (Figura 88):

Page 114: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

111

Figura 88. Janela para a análise exploratória.

Na janela Statistcs deve ser selecionado as opções Number of values, Minimum

ou outras que forem necessárias, para a análise exploratória e clicar em OK, para

aparecer os resultados (Figura 89):

Page 115: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

112

Figura 89. Estatísticas da variável “dens. do solo”.

Como uma análise geral desses dados verifica-se que a densidade do solo

apresentou média de 1,328 (g cm-3), com um desvio padrão em torno de 0,20 (g cm-3) e,

portanto, uma variabilidade de 15,21%, deste modo nota-se que as observações se

dispersam pouco em torno da média. O menor valor observado (0,87 g cm-3) e o maior

valor observado (1,82 g cm-3) reforçam a idéia de baixa variabilidade das observações e

também mostram que, provavelmente, não ha valores discrepantes que poderiam ser

atribuídos a erros de determinação, digitação ou de amostragem. O histograma mostra

uma tendência dos dados à simetria e este fato também pode ser verificado por meio dos

coeficientes de assimetria e curtose, que são respectivamente: 0,35 e -0,41, como

assimetria e curtose esta próximos de zero temos uma distribuição normal aproximada dos

dados.

Para ir para o Plot basta clicar no ícone New (Figura 90):

Page 116: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

113

Figura 90. Ícone new para ir ao plot.

Uma outra análise utilizada no Surfer® é a localização espacial dos pontos

amostrados. O mapa dos pontos amostrados se consegue pelo menu Map/Post Map/New

Post Map, e indica a posição espacial das amostras na área (Figura 91).

Figura 91. Localização espacial das observações.

Page 117: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

114

Entre suas propriedades pode-se definir o símbolo para o ponto, seu tamanho e

cor e inclusive rotular pontos com o nome da amostra se for especificado no arquivo de

dados, por exemplo, para separar amostras de diferentes naturezas ou medida por

diferentes técnicas (Figura 92).

Figura 92. Editando o mapa de pontos amostrais.

Para editar o mapa de pontos é só dar um clique duplo no mapa que aparecerá as

janelas de edição, e para editar os eixos x e y, dar clique duplo sobre o eixo desejado

(Figura 93).

Figura 93. Mapa de pontos editado.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Mapa de pontos da Ds

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Y (

m)

Page 118: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

115

Para criar um mapa de pontos com classificação, selecione a opção Map/Post

Map/ New Classed Post Map, selecione o arquivo. Esta opção criará um mapa de pontos,

com uma diferenciação entre os pontos baseado no valor da variável (Figura 94).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Mapa de pontos classificado

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Y (

m)

Figura 94. Mapa de pontos classificados.

Verifica-se, por meio da Figura 96, que a princípio há indícios de concentração de

valores altos ou baixos em setores específicos da malha, mas parece não existir tendência

nos dados e, provavelmente, se existir relação espacial, esta poderá ser representada por

um variograma médio (isotrópico).

13.3. Confecção e ajuste do variograma

Na confecção do variograma, selecionar Grid/Variogram/New variogram,

selecionar o arquivo e solicitar para abrir (Figura 95).

Page 119: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

116

Figura 95. Janela para análise da variância.

Selecionar as colunas correspondentes as coordenadas X, Y e a variável a ser

analisada, neste caso densidade do solo, e dar OK. Observa-se pela Figura 96 que foi

gerado um variograma, em que o modelo teórico não esta ajustado ao modelo

experimental. O padrão é sempre aparecer o modelo linear, o que, evidentemente, deve

ser corrigido

Figura 96. Variograma sem modelo teórico ajustado. (IDEM)

Page 120: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

117

O ajuste do modelo teórico ao modelo experimental é feito visualmente no Surfer®,

ao contrário do GS+®, em que o ajuste é automático. Para fazer o ajuste dê um clique

duplo sobre o variograma, onde aparecerá a seguinte janela (Figura 97):

Figura 97. Janela para ajuste do modelo teórico ao experimental.

Para a análise do variograma isotrópico o ângulo de tolerância (offset tolerance)

deve ser de 90° e, neste caso, os variogramas para as diferentes direções (anisotrópico)

serão iguais ao variograma isotrópico.

Na janela de ajuste do modelo teórico clique na aba Model e remova os

componentes do variograma. Clicar em Add para adicionar o um modelo teórico, por

exemplo o esférico (Spherical), em Scale digiti o valor 0,042 e em Length (A) o valor 3,7

(Figura 98). O Scale corresponde a componente estrutural e o Length ao alcance.

Page 121: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

118

Figura 98. Ajuste do modelo teórico ao experimental.

Clique em Add para adicionar o efeito pepita (nugget effect), em Erro Variance

digiti o valor 0,008 e em Micro variance o valor 0 (Figura 99).

Figura 99. Ajuste do efeito pepita do modelo teórico.

Conforme observado na Figura 101 o modelo ajustado aos dados de densidade do

solo é o esférico, com um valor de efeito pepita de 0,008 e patamar de 0,042. O alcance

Page 122: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

119

encontrado para a densidade do solo é de 3,7m, ou seja, num raio de até 3,7m os dados

estão correlacionados espacialmente.

Para retornar ao modelo padrão do Surfer® utilize o comando AutoFit.

A edição do variograma é feita dando um clique duplo sobre o variograma e

editando (Figura 100).

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5

Distância (m)

0

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07V

ario

gra

ma

Direction: 0.0 Tolerance: 90.0Dens. do solo

Figura 100. Variograma editado.

Observações: No ajuste do modelo a sensibilidade do usuário é muito importante,

pois o programa não disponibiliza informações sobre a acurácia do ajuste.

A aba Plot possibilita a visualização da variância estatística e o número de pares

de cada ponto do variograma experimental (Figura 101).

Page 123: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

120

Figura 101. Número de pares do ponto do variograma experimental.

13.4. Interpolação dos dados no Surfer®

A interpolação dos dados em geoestatística é feita por Krigagem.

A Krigagem no Surfer® é realizada indo em Grid/Data, seleciona o arquivo com os

dados e pede para abrir, aparecerá a seguinte janela (Figura 102):

Figura 102. Krigagem no Surfer®.

Na janela da Krigagem deve ser selecionado as colunas correspondentes as

coordenadas X, Y e a variável a ser analisada. Em Gridding Method deve ser

Page 124: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

121

selecionado o interpolador, neste caso, a Krigagem. Clique em Advanced Options (Figura

103):

Figura 103. Opções avançadas da Krigagem.

Na janela opções avançadas da Krigagem, clique em Get variogram para

carregar os parâmetros do variograma ajustado. Em Kriging Type selecione o tipo de

Krigagem, neste caso point (pontual). Dê Ok nas duas janelas (opções avançadas da

Krigagem e Grid Data). A interpolação por Krigagem foi realizada.

13.4.1. Validação do modelo

O Coeficiente de Regressão descreve o ajuste da equação de regressão linear

entre os valores reais ou obtidos experimentalmente e os valores estimados por

interpolação.

Para realizar a validação cruzado no Surfer®, antes de dar Ok na janela de Grid

Data, clique em Closs Validade, e dê Ok na janela que abre. Será salvo uma planilha

(.dat) na pasta de trabalho (Figura 104).

Page 125: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

122

Figura 104. Tabela com valores real e estimado pela Krigagem.

Observa-se que na coluna C, os valores reais de densidade do solo (amostrado),

na coluna E os valores estimados de densidade do solo pela Krigagem e na coluna F a

diferença entre os valores estimados e reais.

13.4.1.1. Representação Gráfica dos Dados Interpolados

Os dados podem ser representados de várias maneiras e em várias classes

(classes de manejo).

Para criar o mapa basta ir Map/Contour Map/New Contour Map (Figura 105), e

escolher o arquivo de malha (GRID), gerado pelo procedimento de interpolação por

Krigagem.

Page 126: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

123

Figura 105. Menu para criação do mapa de contornos.

O mapa gerado pode ser editado com um duplo clique sobre ele e seus objetos

(Figura 106).

Figura 106. Ferramentas de edição do mapa.

Com estas ferramentas é possível preencher com cores ou padrões, suavizar os

contornos, mudar as escalas de cores, rotular as isolinhas, mudar o padrão, cor e

espessuras das linhas, entre outras opções. A escala de cor que acompanha o mapa

também pode ser editada. A opção de cores, com a respectiva escala, permite uma

Page 127: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

124

melhor visualização de valores mais altos e mais baixos assumidos pela variável. Figura

107 do mapa editado.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Densidade do solo (g dm )

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Y (

m)

0.8

0.95

1.1

1.25

1.4

1.55

1.7

1.85

-3

Figura 107. Mapa editado.

Para inserir símbolo no mapa como o Norte vai em Draw/Symbol clique onde

quer inserir o símbolo. Desative a ferramenta de inserir símbolo, por exemplo, dando Esc.

Selecione a ferramenta de seleção do Surfer® (seta branca) e clique sobre o local onde

inseriu o símbolo (Figura 108) e escolha o tipo de símbolo (Norte) e tamanho que quer

adicionar (Figura 109).

Page 128: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

125

Figura 108. Ícone de inserir símbolo.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

X (m)

Densidade do solo (g dm )

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Y (

m)

0.8

0.95

1.1

1.25

1.4

1.55

1.7

1.85

-3

Figura 109. Mapa editado e com o Norte.

A superfície 3-D (wireframe), na realidade pseudo 3-D, permite uma melhor

visualização espacial do comportamento da variável. É criada com o mesmo arquivo de

malha de interpolação (.GRD) pelo menu Map/Wireframe. Este mapa pode ser editado da

mesma forma que o mapa anterior (Figura 110).

Page 129: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

126

-3

0.85

0.95

1.05

1.15

1.25

1.35

1.45

1.55

1.65

1.75

1.85

g dm

Figura 110. Mapa 3D editado.

Os pontos mais altos da representação 3D correspondem aos maiores valores de

densidade do solo.

13.5. Representação Gráfica dos Dados Interpolados de uma malha irregular

Será utilizado o dado de uma malha irregular conforme Figura 111.

0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5

X (m)

Mapa de pontos

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

5.5

Y (

m)

Figura 111. Mapa de amostragem de malha irregular.

Page 130: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

127

Ao realizar a análise variograma e interpolação destes dados obtemos um mapa,

conforme o apresentado na Figura 112.

0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5

X (m)

Chumbo (ppm)

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

5.5

Y (

m)

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Figura 112. Mapa de interpolação por Krigagem indicativa do chumbo.

Ao observar o mapa de pontos e o mapa gerado pela Krigagem percebe-se que

em alguns pontos do mapa de Krigagem os valores foram extrapolados, ou seja, foi

estimado valores fora da área de amostragem. Para solucionar este problema devemos

fazer uma mascara de contorno da área amostrada. Para tanto obdecer ao seguinte

procedimento: selecionar mapa de pontos na tela, clique com o botão direito do mouse e

escolhe a opção digitize (Figura 113).

Figura 113. Seleção da ferramenta de digitalização.

Page 131: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

128

Com a ferramenta de digitalização selecionada, em seguida marcar no mapa os

pontos de contorno para a área escolhida (Figura 114).

Figura 114. Digitalização do contorno do mapa.

Após digitalizar os pontos de contorno para a área desejada, gravar o arquivo com

a extensão *.bln, no caso digit.bln (Figura 115).

Figura 115. Salvando digitalização.

Page 132: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

129

Automaticamente será gravada nesse arquivo, com coordenadas XY referentes à

área escolhida, a primeira linha contendo o número de pontos e separados por virgula a

opção 1. Essa opção significa que a área interna do polígono é que será omitida. Como

não é essa a intenção, entrar na planilha de dados do Surfer® e substituir a opção 1 por 0

(Figura 116). Nesse caso a área externa ao polígono é que será omitida.

Figura 116. Arquivo digitalizado.

Após gravar o arquivo *.bln, com a opção 0, escolher no Menu Grid a opção Blank

(Figura 117).

Figura 117. Opção Blank do menu Grid.

Page 133: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

130

Abrir o arquivo *.GRD referente ao mapa utilizado inicialmente (Figura 118).

Figura 118. Abrindo arquivo .grd.

Em seguida abrir o arquivo *.bln (Figura 119).

Figura 119. Abrindo arquivo .bln.

Gerar um mapa com a área selecionada e gravar um novo arquivo *.GRD (Figura

120).

Page 134: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

131

Figura 120. Salvando mapa com contorno no formato .grd.

Para a visualização do arquivo gerado anteriormente, entrar no menu Map e

escolher Map Contour/New map contour. O resultado será um mapa com a área

selecionada (Figura 121).

0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5

X (m)

Mapa de Chumbo (ppm)

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

5.5

Y (

m)

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Figura 121. Mapa de chumbo com contorno.

Page 135: Aplicação da Geoestatística em Ciências Agrarias

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