RELAÇÕES ENTRE FATORES INFLUENTES DA ANÁLISE DE ... · a aplicação da Geoestatística em...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM TECNOLOGIA EM GEOPROCESSAMENTO RELAÇÕES ENTRE FATORES INFLUENTES DA ANÁLISE DE SEMIVARIOGRAMAS RELATÓRIO DE ESTÁGIO Enio Júnior Seidel Santa Maria, RS, Brasil 2017

Transcript of RELAÇÕES ENTRE FATORES INFLUENTES DA ANÁLISE DE ... · a aplicação da Geoestatística em...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM

TECNOLOGIA EM GEOPROCESSAMENTO

RELAÇÕES ENTRE FATORES INFLUENTES DA ANÁLISE DE SEMIVARIOGRAMAS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Enio Júnior Seidel

Santa Maria, RS, Brasil 2017

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RELAÇÕES ENTRE FATORES INFLUENTES DA ANÁLISE DE SEMIVARIOGRAMAS

Relatório de Estágio apresentado ao Curso Tecnologia em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da UFSM, como requisito parcial para obtenção do título de

Tecnólogo em Geoprocessamento.

Enio Júnior Seidel

Orientador: Prof. Dr. Elódio Sebem

Santa Maria, RS, Brasil 2017

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Universidade Federal de Santa Maria Colégio Politécnico da UFSM

Tecnologia em Geoprocessamento

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório de Estágio na Área de Geoprocessamento

RELAÇÕES ENTRE FATORES INFLUENTES DA ANÁLISE DE SEMIVARIOGRAMAS

elaborado por Enio Júnior Seidel

como requisito para obtenção do título de Tecnólogo em Geoprocessamento

COMISSÃO ORGANIZADORA:

Elódio Sebem, Dr. (Presidente/Orientador)

Diogo Belmonte Lippert, Dr. (UFSM)

Angela Pellegrin Ansuj, Drª. (UFSM)

Santa Maria, 04 de Julho de 2017.

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Universidade Federal de Santa Maria Colégio Politécnico da UFSM

Tecnologia em Geoprocessamento

RELAÇÕES ENTRE FATORES INFLUENTES DA ANÁLISE DE SEMIVARIOGRAMAS

Relatório de Estágio realizado no Departamento de Estatística – UFSM

elaborado por Enio Júnior Seidel

Prof. Dr. Elódio Sebem (Presidente/Orientador)

Profª. Drª. Angela Pellegrin Ansuj (Supervisor)

Enio Júnior Seidel (Estagiário)

Santa Maria, 04 de Julho de 2017.

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RESUMO

Relatório de Estágio Colégio Politécnico da UFSM

Universidade Federal de Santa Maria

RELAÇÕES ENTRE FATORES INFLUENTES DA ANÁLISE DE SEMIVARIOGRAMAS

AUTOR: ENIO JÚNIOR SEIDEL ORIENTADOR: PROF. Dr. Elódio Sebem

Santa Maria, 04 de Julho de 2017.

Foi realizado Estágio Supervisionado, de 400 horas, no departamento de Estatística da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no município de Santa Maria – RS, com o objetivo

realizar um levantamento de informações sobre os parâmetros geoestatísticos em periódicos

da área de Ciências Agrárias, para compor um banco de dados e investigar possíveis aspectos

que levem a proposição de melhorias nos métodos de amostragem para um melhor

mapeamento da variabilidade espacial. Este relatório apresenta as atividades realizadas e os

resultados obtidos durante o desenvolvimento do estágio. As atividades foram fundamentais para o

amadurecimento e o entendimento da atuação profissional, sendo que foi possível executar as

tarefas com êxito e obter resultados interessantes para a área de investigação da variabilidade

espacial. Destaca-se que a leitura dos artigos, a definição dos principais aspectos relacionados

a aplicação da Geoestatística em atributos de Solo, a confecção de banco de dados e a

investigação das relações entre fatores influentes da análise de semivariogramas permite

observar que a dependência espacial é variável conforme variam os diferentes fatores de

campo.

Palavras-chave: Geoprocessamento. Geoestatística. Análise de semivariogramas. Atributos

de solo.

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SUMÁRIO

1 IDENTIFICAÇÃO E OBJETIVOS...................................................................................7

1.1 Identificação..................................................................................................................7

1.2 O Departamento de Estatística......................................................................................7

1.3 OBJETIVOS................................................................................................................8

1.3.1 Objetivo Geral...............................................................................................................8

1.3.2 Objetivos Específicos....................................................................................................8

1.4 JUSTIFICATIVA........................................................................................................8

2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................9

2.1 Geoestatística.................................................................................................................9

2.2 Análise de semivariogramas........................................................................................12

3 DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO E RESULTADOS...........................................16

3.1 Métodos aplicados..............................................................................................................16

3.2 Resultados obtidos.............................................................................................................24

4 CONCLUSÃO.....................................................................................................................34

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................35

REFERÊNCIAS......................................................................................................................35

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1 IDENTIFICAÇÃO E OBJETIVOS

1.1 Identificação

Área: Geoestatística/Ciência do Solo

Título: Relações entre fatores influentes da análise de semivariogramas

Coordenação:

Profª. Drª. Angela Pellegrin Ansuj - Universidade Federal de Santa

Maria/Departamento de Estatística.

Palavras-chave:

� Geoprocessamento,

� Geoestatística,

� Análise de semivariogramas

� Atributos de solo

Executores:

Enio Júnior Seidel, Acadêmico do Curso Superior de Tecnologia em

Geoprocessamento, UFSM.

Angela Pellegrin Ansuj, Professora do Departamento de Estatística da UFSM.

Elódio Sebem, Professor do Colégio Politécnico da UFSM.

1.2 O Departamento de Estatística

Chefe do Departamento: Profª. Drª. Angela Pellegrin Ansuj

O Departamento de Estatística do Centro de Ciências Naturais e Exatas da

Universidade Federal de Santa Maria desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão

que abrangem quase a totalidade dos cursos de graduação e pós-graduação, que possuem

disciplinas de Estatística em sua grade curricular, existentes na UFSM. Além disso, o

Departamento mantém atualmente um curso específico de graduação - Bacharelado em

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Estatística - noturno, com duração de cinco (05) anos, e um curso de Pós-Graduação em nível

de Especialização - Estatística e Modelagem Quantitativa - diurno.

O Departamento possui 18 professores efetivos que desenvolvem interações com

diversas áreas, dentre essas a área de Ciências Rurais. Desse modo, o departamento

disponibiliza atividades de ensino, pesquisa e extensão em temas de Estatística aplicada em

Ciências Rurais.

Desta maneira, o Departamento de Estatística, possibilitou a realização do estágio em

estudo de aspectos da aplicação da Geoestatística em Ciências Rurais, especificamente em

atributos de solo.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo do estágio foi realizar um levantamento de informações sobre os

parâmetros geoestatísticos em periódicos da área de Ciências Agrárias, para compor um banco

de dados e investigar possíveis aspectos que levem a proposição de melhorias nos métodos de

amostragem para um melhor mapeamento da variabilidade espacial.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Definir os fatores de campo relevantes e relacionados à análise geoestatística em atributos de

solo.

• Confeccionar um banco de dados composto por fatores de campo e estimativas de

parâmetros geoestatísticos.

• Analisar as relações entre os fatores de campo e as estimativas geoestatísticas.

1.4 Justificativa

Muitos aspectos da análise de semivariogramas ainda necessitam ser melhor estudados

como, por exemplo, questões relacionadas ao tamanho de amostra, geometria de amostragem,

distância entre pontos na malha de amostragem, distâncias máximas de estimação do

semivariograma, etc.

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Neste sentido, uma das possíveis abordagens a se utilizar é confeccionar bases de

dados a partir de resultados práticos já apresentados na literatura para gerar propostas de

melhoria nos aspectos geoestatísticos com base em dados práticos.

A área de Geoprocessamento tem fundamental importância nestas questões de

mapeamento de atributos de solo, destacando sua distribuição espacial. Pelo fato de que a

Geoestatística, como uma metodologia de SIG, fornece técnicas de mapeamento de atributos a

partir do comportamento das correlações espaciais de tais atributos, realizar o estágio

integrando técnicas de Geoestatística e Estatística permite uma melhor avaliação dos fatores

influentes na aplicação de metodologias geoestatísticas.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Geoestatística

Compreender a distribuição espacial de dados oriundos de fenômenos ocorridos no

espaço é um desafio para a pesquisa em várias áreas do conhecimento como em saúde,

ambiente, geologia, agronomia, entre outras (Druck et al., 2004). E, neste sentido, o

Geoprocessamento pode fornecer ferramentas fundamentais e adequadas para vencer tais

desafios de pesquisa.

No que tange aos métodos de pesquisa em Geoprocessamento é possível destacar as

abordagens de análise espacial, com ênfase nas técnicas de Geoestatística.

A abordagem da análise espacial é medir propriedades e relacionamentos, levando em

consideração a localização espacial do fenômeno de forma explicita, ou seja, a intenção é

incorporar o espaço à análise que será realizada (Druck et al., 2004).

O objetivo da Geoestatística é a caracterização espacial de uma variável por meio da

avaliação de sua distribuição e variabilidade espaciais, com determinação das incertezas

associadas (Yamamoto e Landim, 2013).

A Geoestatística nasceu da necessidade de modelar recursos geológicos (concentração

de metais em jazidas minerais e qualidade de águas subterrâneas), e atualmente, os métodos

geoestatísticos são aplicados em diversos temas das Ciências da Terra e do ambiente (Soares,

2006).

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Pode-se dizer que um conceito que inspira a utilização da Geoestatística é a Primeira

Lei da Geografia, apresentada por Tobler (1969 citado por Louzada, 2011, p. 24), que diz que

“coisas mais próximas se parecem mais que coisas mais distantes”. De acordo com Seidel

(2013), isso significa que os atributos variam no decorrer do espaço, de modo que em locais

próximos as características são similares, e conforme as distâncias aumentam, as

características tendem a se tornarem menos semelhantes.

Ao se considerar dados dependendo das localizações ou distâncias, se está

considerando que existe dependência espacial. Segundo Olea (2006), a diferença fundamental

entre Geoestatística e Estatística Clássica é que na primeira se supõe a existência de

autocorrelação espacial. A ocorrência de autocorrelação espacial nos atributos em estudo se

deve pelo fato de que, no campo, os fenômenos se distribuem de forma contínua em um

determinado espaço. A figura 1 mostra um exemplo de uma malha de amostragem, indicando

a forma de indexação da variável no espaço, e um mapa de interpolação, indicando a forma de

distribuição contínua da variável no espaço.

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

x

y

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

X Coord

Y C

oord

-3

-2

-1

0

1

2

*Simulação realizada no pacote geoR (Ribeiro Jr e Diggle, 2001) do software R (R Core Team, 2017). Figura 1 – Exemplos de malha de amostragem e de distribuição espacial de uma

variável em uma área.

As técnicas geoestatísticas quantificam a continuidade espacial das variáveis, em

modelos de interpolação tendo por base a sua variabilidade espacial e em modelos de

simulação estocástica que quantificam a incerteza ligada ao fenômeno espacial (Soares,

2006).

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Segundo Journel e Huijbregts (2003) e Soares (2006), os fenômenos espaciais

possuem duas características importantes:

a) um aspecto estrutural, relacionado com uma representação funcional;

b) um aspecto estocástico, relacionado com a noção de variável aleatória.

Essas duas características fazem com que a variável dependa de uma componente de

efeito fixo, que pode ser modelada por uma função matemática e dependa de uma componente

aleatória que expressa a variabilidade espacial (Seidel, 2013).

Em essência, uma variável estudada levando em conta o aspecto espacial (indexada

em determinadas localizações) pode ser entendida como sendo um processo estocástico, isto

é, o processo estocástico, é indexado pelas coordenadas do local (Seidel, 2013).

Para Schabenberger e Gotway (2005), de forma geral, os modelos estatísticos são uma

decomposição da variável resposta em uma estrutura matemática descrevendo a média e em

uma estrutura estocástica adicional que descreve a variação e a covariação entre as respostas.

Assim, tem-se a representação do processo estocástico dada por:

'')(')()( εεµ ++= sssZ (1)

em que: )(sµ é a componente determinística, )(' sε é a componente regionalizada do

processo estocástico, e ''ε é a componente aleatória.

A modelagem pelos processos estocásticos pode ser dita como uma Geoestatística

Geral. Como o processo estocástico apresenta, em geral, apenas uma única realização no

espaço, são necessárias algumas hipóteses de estacionariedade para que a modelagem da

variável possa ser realizada.

As hipóteses tiram a teorização de uma abordagem geral, e introduzem uma

abordagem de Geoestatística Estacionária, em que podem ser consideradas duas hipóteses de

estacionariedade: a hipótese de estacionariedade de segunda ordem, que é uma hipótese mais

restirtiva; e a hipótese intrínseca, que é uma hipótese menos restritiva (Seidel, 2013).

A estacionariedade de segunda ordem existe se a média e a variância do processo

estocástico são independentes da localização e a covariância existe e depende de direções e de

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distâncias entre pontos no espaço. Caso ocorra isotropia no processo estocástico, a

covariância dependerá apenas das distâncias. Matematicamente, tem-se:

2,)()]([ RsssZE ∈∀== µµ

222 ,)()]([ RsssZVar ∈∀== σσ

2,),()()](),([ RsshfssfsZsZCov jijiji ∈∀=−=

Nesta abordagem é possível utilizar a covariância, a correlação ou a semivariância

para modelar a variabilidade espacial do fenômeno em estudo.

Outra possibilidade é considerar a hipótese intrínseca. Nesta hipótese introduz-se o

conceito de incremento. O incremento é um processo estocástico definido pela diferença:

)()( hsZsZIncremento +−= (2)

em que: Z(s) é a variável na localização s, Z(s+h) é a variável na localização s+h e h é

a distância entre estas duas localizações.

A ideia intuitiva da utilização do incremento é a comparação entre as variáveis Z(s) e

Z(s+h), ou seja, avaliar o relacionamento entre as variáveis separadas pela distância h (Seidel,

2013). A média e a semivariância do incremento são dadas, respectivamente, por:

2,,0)]()([ RhsshsZsZE ∈+∀=+−

2,),()]()([2

1RhsshhsZsZVar ∈+∀=+− γ

A hipótese intrínseca é a mais utilizada para a modelagem da variabilidade espacial e é

aplicada por meio do uso da semivariância.

2.2 Análise de semivariogramas

Quando se relacionam as semivariâncias com as distâncias em um gráfico, se tem a

construção do semivariograma. A figura 2 mostra um exemplo de um semivariograma teórico

genérico.

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*Adaptado de Seidel (2013). Figura 2 – Exemplo de semivariograma.

O semivariograma, na forma mais usual, apresenta a semivariância média para cada

distância. O estimador mais utilizado na literatura para estimar a semivariância média é o

estimador clássico de Matheron (1963):

∑ +−==

)(

1

2)]()([)(2

1)(ˆ

hn

iii hsZsZ

hnhγ (3)

em que: n(h) é o número de pares de pontos separados a uma distância h e )]()([ hsZsZ ii +− ,

para i=1,2,...,n(h), é o incremento.

Conforme maiores forem as distâncias entre as observações, menores se tornam as

relações entre as variáveis e menor é a dependência espacial (Seidel, 2013).

Existem outros estimadores propostos na literatura como pode ser visto em Mingoti e

Rosa (2008) e Félix et al. (2016).

Quando se constrói o semivariograma deve-se considerar dois detalhes importantes:

primeiramente, cada distância (lag) deve ter, ao menos, 30 pares de pontos; em segundo lugar,

sugere-se utilizar no máximo 50% da maior distância entre pontos (Journel e Huijbregts,

2003).

A segunda recomendação é subjetiva, pois não necessariamente usar 50% da máxima

distância é o ideal. Por exemplo, se o alcance for maior que a metade da maior distância, não

será adequadamente estimado no semivariograma se usarmos tal recomendação. No pacote

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geoR (Ribeiro Jr e Diggle, 2001) do software R (R Core Team, 2017) é possível usar qualquer

percentual da máxima distância, sendo que o default é usar 100% da maior distância entre

pontos.

A partir do semivariograma amostral é necessário ajustar um modelo teórico para

descrever adequadamente e de forma geral a variabilidade do fenômeno espacial. Os modelos

de semivariograma podem ser separados em aqueles que possuem patamar e os que não

possuem patamar. Os que possuem patamar são modelos válidos sob suposição de

estacionariedade de segunda ordem e possuem os parâmetros: Efeito pepita; Contribuição;

Patamar; Alcance.

Existem muitos modelos de semivariograma com patamar, sendo possível destacar, os

modelos esférico, exponencial, gaussiano, pentaesférico, cúbico, wave (Olea, 2006), dentre

outros.

A figura 3 mostra uma ilustração de um modelo de semivariograma, com patamar,

ajustado com seus parâmetros descritos.

*Adaptado de Seidel (2013). Figura 3 – Exemplo de ajuste de modelo de semivariograma, com patamar, com seus

parâmetros.

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O alcance é uma distância até a qual existe dependência espacial. É a distância até a

qual as amostras são correlacionadas espacialmente.

O efeito pepita é uma variância residual devida a efeitos aleatórios ou erros amostrais.

A contribuição é a variância estrutural que é devida a estrutura de dependência

espacial. Esta variância descreve a magnitude da variabilidade espacial no sentido vertical do

semivriograma.

Já o patamar é a variância total, sendo a soma das variâncias residual e estrutural. O

patamar é semelhante ao valor da variância do atributo (Trangmar et al., 1985; Jordão et al.,

2015).

A partir das relações entre efeito pepita e patamar é possível obter uma medida de

dependência espacial na forma:

100.(%)

=

PT

EPGDE (4)

em que: EP é o efeito pepita e PT é o patamar.

Esta medida foi inicialmente proposta em Trangmar et al. (1985) e mais explorada em

Cambardella et al. (1994). Em seu estudo, Cambardella et al. (1994), propôs uma

classificação da dependência espacial a partir da medida GDE(%), da seguinte maneira: Se

GDE(%) ≤ 25%, então ocorre dependência espacial fraca; Se 25% < GDE(%) ≤ 75%, então

tem-se dependência espacial moderada; Se GDE(%) > 75%, ocorre dependência espacial

forte.

A variabilidade espacial das propriedades do solo tem sido estudada desde que

percebeu-se a pouca eficácia das ferramentas clássicas da Estatística em estudos de solos, e é

justamente nesses casos que a Geoestatística tem suas principais aplicações (Vitória et al.,

2012). Nesse sentido, Vieira (2000) conclui sua obra indicando que, em aplicações em Solos,

a Geoestatística deve ser adotada como rotina em análises de dados, para possibilitar maior

exatidão científica nas recomendações.

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3 DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO E RESULTADOS

Este relatório descreve as atividades realizadas e os respectivos resultados obtidos. O

estágio foi desenvolvido no período de 13 de março a 16 de junho de 2017, perfazendo um

total de 400 horas de atividades, sob orientação do prof. Dr. Elódio Sebem e sob supervisão

da profª. Drª. Angela Pellegrin Ansuj.

3.1 Métodos aplicados

Para o desenvolvimento do estágio, definiu-se primeiramente a intenção em se

confeccionar um banco de dados inicial para, em caráter exploratório, entender quais fatores

ou variáveis seriam importantes para se estudar os aspectos relacionados à

descrição/caracterização da variabilidade espacial em atributos de solos.

Num primeiro momento foram realizadas leituras e confecção de resenhas de artigos

publicados em alguns periódicos nacionais que aplicaram Geoestatística em estudos de

Ciências do Solo. A partir dessas atividades, ocorreram reuniões de discussão sobre tais

artigos com o objetivo de definir quais aspectos desses artigos seriam interessantes de serem

tabelados e analisados.

Assim, a primeira definição obtida no desenvolvimento do estágio foi a de

confeccionar uma lista de fatores e variáveis de interesse para a construção de um banco de

dados. O quadro 1 mostra tal lista de fatores e variáveis.

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Codificação Descrição

Artigo Codificação de identificação do artigo

Ano_Publicacao Ano de publicação do artigo

Revista Periódico de publicação do artigo

Fatores de campo

Atributo Denominação do atributo

Longitude Coordenada geográfico da área de estudo (Longitude)

Latitude Coordenada geográfico da área de estudo (Latitude)

Altitude_m Altitude média da área de estudo (m)

Local Cidade, Região ou Estado em que o estudo foi realizado

Area_ha Tamanho da área (ha) na qual foi realizado o estudo

Tipo_Solo Tipo de solo da área de estudo

Camada Camada de solo em que foram coletadas as amostras

Malha Forma da malha de amostragem (Regular ou Irregular)

Dist_Minima_Pontos_m Distância mínima entre pontos na malha de amostragem

MaxDist_m Distância máxima entre pontos na malha de amostragem

n Tamanho da amostra

Variáveis de atributo

Media Valor da média do atributo

Variancia Valor da variância do atributo

CV Valor do coeficiente de variação do atributo

Variáveis espaciais

Semivariograma Se é apresentado semivariograma (Sim ou Não)

hmax Tamanho do eixo das distâncias do semivariograma

pontos_no_semivar Número de lags no semivariograma

Estimador Se é apresentada a expressão do estimador clássico (Sim ou Não)

Modelo Modelo de semivariograma ajustado

EP Valor do efeito pepita

CT Valor da contribuição

PT Valor do patamar

Alcance Valor do alcance

GDE_CT Razão entre contribuição e patamar

GDE_EP Razão entre efeito pepita e patamar

Classificacao Classificação da dependência espacial

Quadro 1 - Lista de fatores e variáveis a serem coletadas dos artigos.

Os fatores/variáveis foram separados em: Fatores de Campo; Variáveis de Atributo; e

Variáveis Espaciais.

Os fatores de campo se referem aos elementos oriundos de características do terreno,

relevo, características do solo, tipo de atributo e formas de amostragem e de coleta de

amostras. As variáveis de atributo são assim denominadas por descreverem o comportamento

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do atributo em termos de tendência central e de variabilidade. Já as variáveis espaciais são

determinantes de características que descrevem aspectos da estrutura de variabilidade espacial

do atributo.

Após definidos os fatores e variáveis a serem selecionadas de cada artigo publicado,

passou-se à discussão de quais bases de indexação de periódicos e quais periódicos seriam

considerados para o desenvolvimento do banco de dados. A partir de reuniões e discussões

ficou definido que a base de indexação a ser usada para coleta de artigos seria o portal de

periódicos Scientific Electronic Library Online (SciElo Brasil). Esta base foi considerada por

ser uma base de fácil acesso e que tem indexados os principais (mais relevantes) periódicos

nacionais da área de Ciências Agrárias. A figura 4 mostra uma visão inicial do portal SciElo

Brasil.

Figura 4 - Visão do portal da SciElo Brasil.

A figura 5 mostra a lista de periódicos da área de Ciências Agrárias que estão

indexados na SciElo Brasil.

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Figura 5 - Periódicos da área de Ciências Agrárias indexados na SciElo Brasil.

Para compor um banco de dados inicial para estudo de relações entre fatores e

variáveis influentes na avaliação e descrição da variabilidade espacial delimitou-se uma janela

temporal de artigos publicados entre 2012 e 2016, contemplando os últimos 5 anos.

A busca dos artigos, no portal Scielo Brasil, foi então planejada da seguinte maneira:

Utilizar, primeiramente, as palavras-chave "Geoestatística" e "Solo" e o ano específico de

interesse; Num segundo momento, refazer a busca com as palavras-chave "Geostatistics" e

"Soil" e o ano específico de interesse.

A forma de busca, por palavras-chave em português e em inglês, foi escolhida para

garantir uma maior abrangência de artigos, pois alguns periódicos ainda possibilitam

publicação de artigos em idioma português, mas outras já aderiram exclusivamente o idioma

inglês. As figuras 6 e 7 apresentam, como exemplo, as buscas de artigos realizadas no portal

da SciElo Brasil, com as palavras-chave em português e em inglês, respectivamente, para o

ano de 2016.

20

Figura 6 - Exemplo de busca de artigos com as palavras-chave "Geoestatística" e

"Solo" e ano de publicação "2016".

21

Figura 7 - Exemplo de busca de artigos com as palavras-chave "Geostatistics" e "Soil"

e ano de publicação "2016".

A partir de reuniões e discussões foram definidos os seguintes critérios de inclusão

para a coleta dos artigos no portal SciElo Brasil:

1 - O periódico, do qual o artigo será coletado, deve ter Qualis Capes no extrato B1 ou

superior para a avaliação de 2015 (mais atual).

2 - O artigo deve apresentar nos materiais e métodos uma figura (croqui) mostrando a

área em que o estudo foi realizado, com apresentação de escala gráfica e/ou coordenadas

UTM de forma legível, para possibilitar cálculo de distâncias aproximadas. A obtenção das

distâncias máximas entre pontos foram obtidas com utilização de escalimetro.

22

3 - O artigo deve apresentar, pelo menos, alguma das estimativas de efeito pepita,

contribuição, patamar ou alcance.

Assim, após a busca dos artigos e aplicação dos critérios de inclusão foram coletados

em definitivo 30 artigos. Destes, 7 artigos publicados em 2012, 8 publicados em 2013, 5 em

2014, 8 artigos no ano de 2015 e 2 artigos publicados em 2016.

Foram obtidos 3 artigos no periódico Bragantia (Qualis B1), 1 artigo no periódico

Ciência e Agrotecnologia (Qualis A2), 2 artigos no periódico Engenharia Agrícola (Qualis

B1), 2 artigos no periódico Pesquisa Agropecuária Brasileira (Qualis B1), 11 artigos no

periódico Revista Brasileira de Ciência do Solo (Qualis A2), 6 artigos no periódico Revista

Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental (Qualis B1), 2 artigos no periódico Revista

Ceres (Qualis B1), 1 artigo no periódico Revista Ciência Agronômica (Qualis B1) e 2 artigos

no periódico Scientia Agricola (Qualis A1). O quadro 2 apresenta os artigos coletados.

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Artigo Citação Título 2012-1 Santos et al. (2012) Variabilidade espacial de atributos físicos em solos de vale aluvial no

semiárido de Pernambuco

2012-2 Mello et al. (2012) Distribuição espacial da precipitação e da erosividade da chuva mensal e anual no estado do Espírito Santo

2012-3 Teixeira et al. (2012) Uncertainties in the prediction of spatial variability of soil CO2 emissions and related properties

2012-4 Skorupa et al. (2012) Propriedades de solos sob vegetação nativa em Minas Gerais: distribuição por fitofisionomia, hidrografia e variabilidade espacial

2012-5 Maciel et al. (2012) Distribuição espacial de cobre, zinco e níquel em um Latossolo após quinze anos da aplicação de lodo de esgoto

2012-6 Burak, Passos e Andrade (2012) Variabilidade espacial de atributos químicos do solo sob cafeeiro Conilon: relação com textura, matéria orgânica e relevo

2012-8 Gontijo et al. (2012) Variabilidade e correlação espacial de micronutrientes e matéria orgânica do solo com a produtividade da pimenta-do-reino

2013-1 Dalchiavon et al. (2013) Sugarcane productivity correlated with physical-chemical attributes to create soil management zone

2013-2 Neves Neto et al. (2013) Análise espacial de atributos do solo e cobertura vegetal em diferentes condições de pastagem

2013-3 Oliveira et al. (2013) Variabilidade espacial de atributos físicos em um cambissolo háplico, sob diferentes usos na região sul do Amazonas

2013-4 Kamimura et al. (2013) Variabilidade espacial de atributos físicos de um latossolo vermelho-amarelo, sob lavoura cafeeira

2013-5 Costa et al. (2013) Effects of vinasse application under the physical attributes of soil covered with sugarcane straw

2013-6 Santos et al. (2013) Spatial continuity of soil attributes in an atlantic forest remnant in the Mantiqueira Range, MG

2013-7 Dalchiavon et al. (2013) Strategy of specification of management areas: rice grain yield as related to soil fertility

2013-8 Oliveira et al. (2013) Microrrelevo e a distribuição de frações granulométricas em Cambissolos de origem calcária

2014-1 Dalchiavon et al. (2014) Inter-relações da produtividade de cana soca com a resistência à penetração, umidade e matéria orgânica do solo

2014-2 Bottega et al. (2014) Sampling grid density and lime recommendation in an Oxisol

2014-3 Lima et al. (2014) Variabilidade de atributos do solo sob pastagens e mata atlântica na escala de microbacia hidrográfica

2014-4 Nascimento et al. (2014) Zonas homogêneas de atributos do solo para o manejo de irrigação em pomar de videira

2014-5 Viola et al. (2014) Distribuição e potencial erosivo das chuvas no estado do Tocantins

2015-1 Siqueira et al. (2015) Estacionariedade do conteúdo de água de um Espodossolo Humilúvico

2015-2 Oliveira Filho et al. (2015) Zona de manejo para preparo do solo na cultura da cana-de-açúcar

2015-3 Azevedo, Bueno e Pereira (2015) Spatial variability of soil properties in an agrarian reform settlement

2015-4 Mendonça et al. (2015) Spatial uncertainty of nutrient loss by erosion in sugarcane harvesting scenarios

2015-5 Siqueira, Silva e Dafonte (2015) Distribuição espacial da condutividade elétrica do solo medida por indução eletromagnética e da produtividade de cana-de-açúcar

2015-6 Leal et al. (2015) Characterization of potential CO2 emissions in agricultural areas using magnetic susceptibility

2015-7 Bahia et al. (2015) Field-scale spatial correlation between contents of iron oxides and CO2 emission in an Oxisol cultivated with sugarcane

2015-8 Corado Neto et al. (2015) Variabilidade espacial da resistência à penetração em neossolo litólico degradado

2016-3 Oldoni e Bassoi (2016) Delineation of irrigation management zones in a Quartzipsamment of the Brazilian semiarid region

2016-6 Richetti et al. (2016) Técnicas para detecção de pontos influentes em variáveis contínuas regionalizadas

Quadro 2 - Artigos coletados para confecção do banco de dados.

A partir dos 30 artigos foram coletados 325 atributos com informações sobre o modelo

de semivariograma ajustado. Deste total, 30 atributos tiveram ajuste de modelo de efeito

pepita puro. Assim, considerando apenas os ajustes de modelos de semivariograma com

dependência espacial evidente, teve-se um total de 295 atributos.

24

Portanto, a partir deste momento considera-se o banco de dados composto por 295

linhas (atributos de solo) e por 30 colunas (fatores e variáveis).

Para a confecção do mapa de representação das localizações dos artigos no território

do Brasil é utilizado o software QGIS.

Para realizar as análises descritivas e os testes de hipóteses é usado o software R (R

Core Team, 2017). Nos casos em que houve normalidade, utilizou-se testes de hipótese

paramétricos; nos casos em que não ocorreu normalidade, usou-se testes de hipóteses não

paramétricos. Em todos os testes de hipótese considerou-se nível de significância de 5%.

3.2 Resultados obtidos

O primeiro resultado propriamente dito é a composição de um banco de dados inicial

com informações relevantes ao estudo da variabilidade espacial de atributos de solo. A figura

8 apresenta uma visão parcial do banco de dados em formato txt (texto separado por

tabulação).

Figura 8 - Visão parcial do banco de dados em formato txt.

A construção deste banco de dados foi inspirada no estudo de Seidel e Oliveira (2016)

que, coletaram dados reais a partir de 25 artigos publicados, de 2006 a 2015, em periódicos

indexados na SciElo Brasil.

25

Uma primeira análise de frequência pode ser realizada mostrando o número de artigos

e o número de atributos que possuem informações sobre os fatores de campo, sobre as

variáveis do atributo e variáveis espaciais. Esta análise é apresentada na tabela 1.

Tabela 1 - Número de artigos e atributos para os quais tem-se informação referente aos fatores de campo, variáveis do atributo e variáveis espaciais. Fatores de campo Artigos Atributos

Denominação do atributo 30 295

Coordenada geográfico da área de estudo (Longitude) 23 222

Coordenada geográfico da área de estudo (Latitude) 23 222

Altitude média da área de estudo (m) 15 170

Cidade, Região ou Estado em que o estudo foi realizado 29 284

Tamanho da área (ha) na qual foi realizado o estudo 15 154

Tipo de solo da área de estudo 22 231

Camada de solo em que foram coletadas as amostras 27 257

Forma da malha de amostragem (Regular ou Irregular) 29 287

Distância mínima entre pontos na malha de amostragem 21 208

Distância máxima entre pontos na malha de amostragem 30 295

Tamanho da amostra 29 283

Variáveis de atributo

Valor da média do atributo 21 179

Valor da variância do atributo 21 179

Valor do coeficiente de variação do atributo 21 179

Variáveis espaciais

Se é apresentado semivariograma (Sim ou Não) 16 118

Tamanho do eixo das distâncias do semivariograma 16 118

Número de lags no semivariograma 16 118

Se é apresentada a expressão do estimador clássico (Sim ou Não) 14 125

Modelo de semivariograma ajustado 30 295

Valor do efeito pepita 29 280

Valor da contribuição 29 280

Valor do patamar 29 280

Valor do alcance 30 295

Razão entre contribuição e patamar 30 293

Razão entre efeito pepita e patamar 30 293

Classificação da dependência espacial 30 293

Observa-se a partir da tabela 1 que ocorre uma heterogeneidade na forma de

apresentação das informações, sendo que só a denominação do atributo, a máxima distância

da malha de amostragem, o modelo ajustado, o valor do alcance, a razão entre efeito pepita e

26

patamar, a razão entre contribuição e patamar e a classificação da dependência espacial

constam em todos os artigos. As informações menos recorrentes se referem a apresentação da

expressão do estimador clássico de semivariância, da altitude média (m), do tamanho da área

(ha) de estudo e da apresentação do gráfico do semivariograma.

Ainda, com base na tabela 1, em relação aos atributos, apenas a denominação do

atributo, a máxima distância da malha de amostragem, o modelo ajustado e o valor do alcance

constam para os 295 atributos. As informações menos recorrentes se referem a apresentação

do gráfico do semivariograma.

Para realizar uma visualização das localizações dos artigos no território nacional é

apresentado um mapa na figura 9. Este mapa é realizado com um arquivo vetorial (Datum

WGS84 com coordenadas geográficas decimais) com os polígonos representativos dos

estados do Brasil, constituindo o polígono do país. Um arquivo txt (texto separado por

tabulação) foi criado com as coordenadas geográficas decimais (Datum WGS84) das

localizações dos 23 artigos, obtidas por uso da calculadora geográfica

(http://www.dpi.inpe.br/calcula/). O banco de dados original está em coordenadas

geográficas: graus, minutos e segundos. Assim, com base no arquivo vetorial do Brasil e o

arquivo de coordenadas dos artigos foi gerado o mapa representativo das localizações dos

artigos. Destaca-se que a maioria dos artigos foram gerados de pesquisas realizadas no

sudeste do país.

27

Figura 9 - Mapa de localização dos artigos no território do Brasil.

Um próximo procedimento foi obter a análise descritiva dos fatores e variáveis do

banco de dados, análise esta que é apresentada na tabela 2.

28

Tabela 2 - Análise descritiva dos fatores e variáveis quantitativos do banco de dados.

Estatística Altitude (m) Area (ha) Distância mínima entre pontos (m)

Distância máxima entre pontos (m)

Mínimo 8,50 0,25 0,50 45,00

máximo 934,00 58652800,00 177,67 1060000,00

média 275,60 1142600,08 22,00 72459,57

mediana 240,00 3,00 5,40 229,00

DP 260,3769 8132642,3941 42,4312 234648,1244

CV 94,4764 711,7663 192,8831 323,8332

n 170 154 208 295

Estatística n h máximo (m) pontos no semivariograma Valor do CV

Mínimo 25,00 6,00 4,00 0,08

máximo 820,00 562000,00 31,00 195,14

média 123,26 14735,58 12,77 31,96

mediana 101,00 178,00 11,00 24,01

DP 124,4541 88771,9095 5,7977 28,0595

CV 100,9676 602,4322 45,3971 87,8059

n 283 118 118 179

Estatística Valor do alcance (m) GDE (CT/PT) GDE (EP/PT)

Mínimo 1,60 16,04 0,00

máximo 1071000,00 100,00 83,96

média 36503,28 69,29 30,71

mediana 70,50 69,95 30,05

DP 128890,3909 21,4034 21,4034

CV 353,0927 30,8901 69,6922

n 295 293 293 * DP=Desvio padrão; CV=Coeficiente de Variação (%); n=Tamanho da amostra; h máximo

(m)=Tamanho do eixo das distâncias no semivariograma (m); GDE (CT/PT)=Razão entre contribuição e patamar (%); GDE (EP/PT)=Razão entre efeito pepita e patamar (%).

Não foram realizadas as análises descritivas das variáveis Valor da média, Valor da

variância, Valor do efeito pepita, Valor da contribuição e Valor do patamar, pois cada atributo

possui uma unidade de medida específica, que faz com que os valores possuam grandezas

distintas e não sejam comparáveis diretamente. Apenas os fatores e variáveis que possuem a

mesma unidade de medida para todos os atributos ou sejam dados em percentual são

apresentados na tabela 2.

Com base na tabela 2 observa-se que ocorre alta variabilidade nos valores dos fatores

e variáveis, indicando uma heterogeneidade nos valores utilizados. Por exemplo, as distâncias

mínimas (m) usadas nas malhas de amostragem variaram de 0,50 m até 177,67 m, o que

mostra grande amplitude de valores usados nos artigos.

29

Além disso, verifica-se, pela tabela 2, que os valores de alcance (m) da dependência

espacial variaram de 1,60 m até 1.071.000,00 m o que mostra a amplitude de tamanhos de

áreas e distâncias nos estudos. O alcance mediano foi de 70,50 m, já o alcance médio foi de

36.503,28 m, indicando assimetria positiva na distribuição do alcance (m).

Já a razão entre contribuição e patamar (%), que indica o grau de dependência

espacial, mostra que a dependência espacial média é de 69,29%, quase idêntico ao valor da

mediana (69,95%), gerando, na média, uma classificação de dependência moderada

(Cambardella et al., 1994). Os valores da razão entre efeito pepita e patamar (%) geram

interpretação idêntica em relação à classificação da dependência espacial.

Outra análise descritiva realizada observa a frequência com que as categorias dos

fatores e variáveis qualitativos ocorrem nos atributos. Esta análise é apresentada na tabela 3.

Observa-se, pela tabela 3, que os atributos foram estudados em 5 tipos de solos.

Percebe-se, ainda, que apenas 40% dos atributos estudados tiveram apresentado o gráfico do

semivariograma.

Outro destaque a se fazer é que os modelos esférico e exponencial são os

predominantemente usados para modelar a variabilidade espacial dos atributos de solo,

representando mais de 76% dos casos. Este resultado corrobora com os achados de Montanari

et al. (2008) que comenta que vários estudos de variabilidade espacial em solos usaram

predominantemente os modelos esférico e exponencial de semivariograma.

Em relação à classificação da dependência espacial, sugerida por Cambardella et al.

(1994), percebe-se, pela tabela 3, que há uma tendência de atributos com dependência

espacial de moderada a forte. Claro que a categorização em moderada dependência possui

mais de 50% dos casos.

30

Tabela 3 - Frequência de categorias dos fatores e variáveis qualitativas do banco de dados. Tipo de solo Contagem Percentual (%) Malha Contagem Percentual (%)

Argissolo 28 12,12 Regular 157 54,70

Cambissolo 56 24,24 Irregular 130 45,30

Espodossolo 24 10,39 Total 287 100,00

Latossolo 65 28,14 Semivariograma Contagem Percentual (%)

Neossolo 58 25,11 Sim 118 40,00

Total 231 100,00 Não 177 60,00 Camada de solo Contagem Percentual (%) Total 295 100,00

0.00-0.03m 4 1,56 Modelo Contagem Percentual (%)

0.00-0.05m 6 2,33 Esférico 116 39,32

0.00-0.10m 62 24,12 Exponencial 111 37,63

0.00-0.15m 4 1,56 Gaussiano 63 21,36

0.00-0.20m 86 33,46 Pentaesférico 4 1,36

0.00-0.30m 3 1,17 Wave 1 0,34

0.00-0.40m 12 4,67 Total 295 100,00

0.05-0.10m 6 2,33 Classificação Contagem Percentual (%)

0.10-0.13m 4 1,56 Fraca 4 1,37

0.10-0.20m 12 4,67 Moderada 164 55,97

0.20-0.30m 2 0,78 Forte 125 42,66

0.20-0.40m 30 11,67 Total 293 100,00

0.20-0.50m 5 1,95

0.25-0.28m 4 1,56

0.40-0.60m 12 4,67

0.50-1.00m 5 1,95

Total 257 100,00 *Semivariograma=Se é apresentado o gráfico do semivariograma; Classificação=Classificação da

dependência espacial (Cambardella et al., 1994).

Para dar continuidade ao estágio, definiu-se comparar as relações ou os

comportamentos de aspectos da estrutura de variabilidade espacial (variáveis espaciais) em

distintas categorias dos fatores de campo. Esta atividade se baseia na ideia de que ocorrem

diferentes comportamentos para distintos fatores influentes no campo, pois de acordo com

Cherubin et al. (2014), vários estudos mostram que a dependência espacial varia de acordo

com os tipos de solo, relevo, atributos estudados, distâncias entre amostras e usos e manejos

do solo.

Primeiramente, pensou-se em categorizar os fatores de campo quantitativos da

seguinte maneira:

31

- As mínimas distâncias entre pontos (m) foram discretizadas em duas categorias: <

5,4 m, indicando valores menores que a mediana do fator; >= 5,4 m, indicando valores

maiores ou iguais que a mediana.

- As máximas distâncias entre pontos (m) foram categorizadas em: < 229,0 m,

indicando valores menores que a mediana do fator; >= 229,0 m, indicando valores maiores ou

iguais que a mediana.

- Os tamanhos de amostras foram discretizados em: < 101, valores menores que a

mediana dos tamanhos de amostra; >= 101, indicando valores de tamanho de amostra maiores

ou iguais a mediana.

Já os fatores de campo qualitativos foram categorizados na forma:

- As camadas: Superficial, contemplando as camadas 0,00-0,03m, 0,00-0,05m, 0,00-

0,10m, 0,00-0,15m, 0,00-0,20m, 0,00-0,30m e 0,00-0,40m; Profunda, contemplando as

camadas de solo 0,05-0,10m, 0,10-0,13m, 0,10-0,20m, 0,20-0,30m, 0,20-0,40m, 0,20-0,50m,

0,25-0,28m, 0,40-0,60m e 0,50-1,00m.

- As malhas foram categorizadas em: Regular; Irregular.

- Os tipos de solo são categorizados em: Argissolo; Cambissolo; Espodossolo;

Latossolo; Neossolo.

Após gerar a categorização dos fatores de campo, são realizadas as comparações de

médias da Razão entre efeito pepita e patamar [GDE (EP/PT)] (%) em diferentes categorias

dos fatores de campo, conforme tabela 4.

32

Tabela 4 - Comparação de medianas da Razão entre efeito pepita e patamar (%) em diferentes categorias dos fatores de campo.

Camada n GDE (EP/PT) (%) Valor p* Superficial 175 33,73 0,0228 Profunda 80 24,45 Malha n GDE (EP/PT) (%) Valor p* Regular 155 33,80 0,0064 Irregular 130 25,18 Máxima distância entre pontos (m)

n GDE (EP/PT) (%) Valor p*

< 229,0 m 113 37,09 0,0027 >= 229,0 m 180 26,99 Mínima distância entre pontos (m)

n GDE (EP/PT) (%) Valor p*

< 5,4 m 101 37,60 0,3336 >= 5,4 m 105 32,00 n (tamanho da amostra) n GDE (EP/PT) (%) Valor p* < 101,0 139 24,10 0,0010 >= 101,0 142 37,80 Tipo de solo n GDE (EP/PT) (%)$ Valor p# Argissolo 28 49,90 a < 0,0001 Neossolo 58 39,42 b Latossolo 65 37,00 b Cambissolo 54 27,14 b Espodossolo 24 0,68 c

* Teste de Mann-Whitney a 5% de probabilidade. # Teste de Kruskal-Wallis a 5% de probabilidade. $ Medianas seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente, pelo teste de Dunn, a 5% de probabilidade.

Percebe-se, pela tabela 4, ocorrerem diferenças de comportamento mediano para a

Razão entre efeito pepita e patamar (%) para diferentes camadas de solo, para diferentes

formas de malhas, para distintas máximas distâncias entre pontos, para diferentes tamanhos de

amostra e para distintos tipos de solo. De modo geral, ocorrem menores razões mediana em

camadas de solo profundas, em malhas de amostragem irregulares, para maiores máximas

distâncias entre pontos. Além disso, destaca-se que ocorre maior dependência espacial (menor

razão mediana) para solos do tipo Espodossolo, sendo que este é o único tipo de solo que

apresenta dependências espacial mediana classificada como forte, se for considerada a

classificação de Cambardella et al. (1994).

Seguindo as atividades do estágio, procedeu-se à avaliação das possíveis semelhanças

entre os valores das variâncias dos atributos e os valores dos patamares estimados nos

semivariogramas dos atributos. Este procedimento é realizado para verificar, na prática, se

ocorrem semelhanças entre variância amostral e patamar estimado, pois de acordo com

Trangmar et al. (1985) e Jordão et al. (2015) estas duas medidas são semelhantes, nos casos

em que ocorrem ajustes de modelos com patamar. Para realizar esta análise, primeiramente,

para eliminar os efeitos de diferentes unidades de medidas dos atributos, faz-se a razão entre

patamar e variância (Patamar/Variância). A priori, se os valores de patamar e variância forem

33

semelhantes, o valor da razão do patamar pela variância será próximo de 1. A tabela 5

apresenta a avaliação da mediana da razão entre patamar e variância.

Tabela 5 - Avaliação da mediana da razão entre patamar e variância para diferentes categorias dos fatores de campo.

Camada n Patamar/Variância Valor p* Superficial 129 1,00 0,2498 Profunda 46 1,08 0,0311 Malha n Patamar/Variância Valor p* Regular 97 1,02 0,2151 Irregular 74 1,00 0,2629 Máxima distância entre pontos (m)

n Patamar/Variância Valor p*

< 229,0 m 82 1,00 0,6046 >= 229,0 m 97 1,06 0,6738 Mínima distância entre pontos (m)

n Patamar/Variância Valor p*

< 5,4 m 70 1,09 0,0341 >= 5,4 m 72 0,88 < 0,0001 n (tamanho da amostra) n Patamar/Variância Valor p* < 101,0 77 1,00 0,7311 >= 101,0 90 1,02 0,4117 Tipo de solo n Patamar/Variância Valor p Argissolo 12 1,00 0,5560* Cambissolo 31 0,87 0,0024* Espodossolo 12 1,36 0,0003# Latossolo 29 1,01 0,6736# Neossolo 58 1,11 0,0004*

* Teste de Wilcoxon; # Teste t; para a hipótese nula de que a média da razão entre patamar e variância é igual a 1, com 5% de probabilidade.

Observa-se, pela tabela 5, que nas camadas superficiais de solo, nas malhas regulares e

irregulares, nas maiores e menores máximas distâncias entre pontos, para menores e maiores

tamanhos de amostra e para os tipos de solo Argissolo e Latossolo, ocorrem valores de razão

entre patamar e variância próximos de 1, indicando que nestas situações tem-se semelhança

entre os valores de patamar e variância.

Por outro lado, em camadas profundas de solo, menores mínimas distâncias entre

pontos e para os solos Espodossolo e Neossolo, tem-se valores de patamar maiores que os

valores de variância, pois a razão mediana foi maior do que 1. E, para maiores mínimas

distâncias e para os solos do tipo Cambissolo, observam-se menores valores de patamar do

que de variâncias, já que a mediana das razões entre patamar e variância foi menor do que 1.

Assim, de modo geral, observam-se semelhanças entre os valores de patamar e

variância. Neste sentido, poderiam ser usados tanto valores de patamar quanto valores de

34

variância para possíveis análises, de modo que não haveria grandes distinções entre um valor

ou outro.

Seguindo as atividades, outra tarefa realizada foi relativa ao estudo dos aspectos

relacionados ao semivariograma, de modo que se consideraram, neste caso, os atributos para

os quais foram apresentadas as imagens dos gráficos dos semivariogramas. A tabela 6 mostra

a comparação de medianas da razão entre efeito pepita e patamar para diferentes tamanhos do

eixo das distâncias do semivariograma e diferentes números de pontos dos semivariogramas.

Tabela 6 - Avaliação da mediana da razão entre efeito pepita e patamar para diferentes elementos do semivariograma.

Tamanho do eixo h do semivariograma (m)

n GDE (EP/PT) (%) Valor p*

< 178,0 55 42,66 < 0,0001 >= 178,0 63 22,60 Número de lags no semivariograma

n GDE (EP/PT) (%) Valor p*

< 11 52 35,54 0,0546 >= 11 66 29,85

* Teste de Mann-Whitney a 5% de probabilidade.

É possível destacar, pela tabela 6, que para maiores tamanhos do eixo de distâncias do

semivariograma têm-se menores valores da razão entre efeito pepita e patamar e

consequentemente, maior dependência espacial. Em relação ao número de lags no

semivariograma não ocorreram diferenças significativas entre as medianas da razão entre

efeito pepita e patamar.

4 CONCLUSÃO

Foram obtidos 30 variáveis/fatores de campo que podem influenciar nos aspectos da

amostragem e da avaliação da variabilidade espacial.

O banco de dados inicial confeccionado permite realizar investigações com base em

dados reais publicados em artigos de periódicos nacionais.

Com base nas observações realizadas, a dependência espacial é maior para camadas

profundas de solo, estudos com malhas irregulares de amostragem, maiores máximas

35

distâncias de amostragem, menores temanhos de amostra, para solos do tipo Espodossolo e

para ajustes de semivariogramas com maiores eixos de distância.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio possibilitou realizar atividades profissionais considerando os aprendizados

obtidos no decorrer do curso. As atividades foram fundamentais para o amadurecimento e o

entendimento da atuação profissional.

Foi possível executar as tarefas com êxito e obter resultados importantes para a área de

investigação da variabilidade espacial.

De modo geral, as camadas de solo, os tipos de malhas de amostragem, as diferentes

máximas distâncias de amostragem, os variados tamanhos de amostra e os diversos tipos de

solo podem interferir de alguma maneira na variabilidade espacial de atributos de solo.

Estes aspectos podem auxiliar na definição de estratégias de pesquisa em futuros

estudos. Contudo, mais estudos devem ser realizados para que se possam ter maiores

subsídios nas definições de métodos de amostragem e análise de dados em aplicações de

Geoestatística.

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