aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

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APLICAÇÃO DO MÉTODO NATM NA EXECUÇÃO DE TÚNEL EM ROCHA Victor Barreto de Oliveira Lima Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Engenheiro Civil. Orientadora: Prof.ª Elaine Garrido Vazquez Rio de Janeiro Março de 2016

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APLICAÇÃO DO MÉTODO NATM NA EXECUÇÃO

DE TÚNEL EM ROCHA

Victor Barreto de Oliveira Lima

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

Título de Engenheiro Civil.

Orientadora: Prof.ª Elaine Garrido Vazquez

Rio de Janeiro

Março de 2016

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APLICAÇÃO DO MÉTODO NATM NA EXECUÇÃO

DE TÚNEL EM ROCHA

Victor Barreto de Oliveira Lima

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

Prof.ª Elaine Garrido Vazquez

Profª. Associada, D.Sc., EP/UFRJ (Orientadora)

Prof. Leandro Torres Di Gregorio

D.Sc., EP/UFRJ

Prof.ª Alessandra Conde de Freitas

D.Sc., EP/UFRJ

Rio de Janeiro

Março de 2016

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III

Lima, Victor Barreto de Oliveira

Aplicação do Método NATM na Execução de

Túnel em Rocha/ Victor Barreto de Oliveira Lima. – Rio

de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016.

X, 65 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia do Civil, 2016.

Referencias Bibliográficas: p. 55 a 57

1. Introdução. 2. Metodologia de execução de

túneis. 3. Caso estudado: Desvio do Rio Joana - RJ. 4.

Considerações finais.

I. Elaine Garrido Vazquez. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Curso de Engenharia Civil. III. Aplicação do

Método NATM na execução de túnel em Rocha.

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IV

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, sem ele nada disso seria possível.

Gostaria de agradecer ao meu pai Marcos Souto de Lima pelos primordiais

ensinamentos e oportunidades que me foram dadas. Agradeço também a minha mãe

Lúcia Barreto de Oliveira pelo carinho e incentivos recebidos ao longo desta jornada.

Agradeço a toda minha família, irmãos, avós, tios, tias e primos pela paciência e

compreensão nos momentos de ausência causados por motivos acadêmicos.

Aos amigos e colegas da Escola Politécnica pela ajuda determinante na trajetória que

agora se conclui, em especial:

Júlio Cezar Dhyppolito, Rodrigo Villa Nova, Thiago Gisbert, Fábio Teller, Guilherme

Potiguara, Daniel Macedo, Rodrigue Totolo, Vítor Mussa, Vinicius Machado, Fabio

Luiz, Lays Cristina, Priscila Sanchez, Paula Nejaim, Naiala Fidélis, Stela Magaldi, Elisa

Belisário, Suellen Paixão, Karine Trajano e Liz Vieira.

Um agradecimento especial para os colegas de profissão que fizeram parte de meu

desenvolvimento como Engenheiro Civil, em especial:

Rogério Cícero Castor, Daniel Antunes, Ugo Porciúncula, Heraldo Xavier, Matheus

Marques, Guilherme Martin, Filipe Ribeiro, Fernando Franco, Rafael Padilha, Rogério

Justino e Lígia Rangel.

Por fim agradeço a todos os professores que fizeram parte dessa jornada e tanto

contribuíram em minha formação. Em especial agradeço a professora e orientadora,

Elaine Garrido Vazquez, por sua dedicação e preocupação perante todos os alunos desta

Escola.

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V

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica /UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenharia Civil.

APLICAÇÃO DO MÉTODO NATM NA EXECUÇÃO

DE TÚNEL EM ROCHA

Victor Barreto de Oliveira Lima

Março/2016

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

Curso: Engenharia Civil

A falta e a valorização do espaço na superfície das grandes cidades vêm acarretando em

uma crescente demanda pelo uso do espaço subterrâneo. Com o avanço dos estudos

geológicos e geotécnicos muitos métodos de execução de túneis foram aperfeiçoados e

vem sendo utilizados atualmente. O presente trabalho tem como objetivo detalhar o

processo de execução de túneis pelo método NATM (New Austrian Tunneling Method),

abordando seus principais conceitos, atividades preliminares, metodologia de suporte e

seus mecanismos de controle e instrumentação. Mais precisamente será abordado o

método de desmonte de rocha a fogo conhecido como Drill and Blast, onde serão

estudados seus principais processos como o plano de fogo, perfuração da rocha,

carregamento com explosivos, detonação e controle de vibrações no maciço. Para a

melhor compreensão do método em estudo foi abordado o caso da obra de Desvio do

Rio Joana, que contempla a execução de túneis na região da Grande Tijuca - RJ e tem

por objetivo a contenção de enchentes na região.

Palavras Chave: Túnel, NATM, escavação em rocha, Drill and Blast

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VI

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirement for the degree of Civil Engineer.

APPLICATION OF NATM METHOD IN TUNNEL

EXECUTION ON ROCK

Victor Barreto de Oliveira Lima

March/2016

Advisor: Elaine Garrido Vazquez

Course: Civil Engineering

The lack and the appreciation of space on the surface of the big cities are increasing the

demand for the use of underground space. With the advancement of geological and

geotechnical studies, many tunnels execution methods were improved and are currently

being used. The present paper aims to detail the tunnels execution process by the

NATM (New Austrian Tunneling Method) method, addressing its main concepts,

preliminary activities, support methodology and its methods of control and

instrumentation. More precisely it will be address the rock blasting method with fire

known as Drill and Blast, where its main processes will be studied as the fire plan, rock

drilling, loading with explosives, blasting and vibration control in the rock. For better

understanding of the method in study it was addressed the case of the deviation of River

Joana which addresses the execution of tunnels in the Great Tijuca - RJ and aims the

flood containment in the region.

Keywords: Tunnel, NATM, rock excavation, Drill and Blast

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VII

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ................................................... 1

1.2 OBJETIVO ............................................................................................. 3

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................... 3

1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................ 4

1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS .......................................................... 4

2 METODOLOGIA DE EXECUÇÃO DE TÚNEIS ................................... 5

2.1 VALA A CÉU ABERTO (VCA) ........................................................... 5

2.2 MÉTODO MECANIZADO (TBM - TUNNEL BORING MACHINE) .. 6

2.3 NEW AUSTRIAN TUNNELING METHOD (NATM)............................. 8

2.3.1 HISTÓRICO ..................................................................................... 8

2.3.2 CONCEITOS DO NATM ................................................................. 9

2.3.3 INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICAS E GEOTÉCNICAS .............. 11

2.3.4 TRATAMENTOS PRELIMINARES À ESCAVAÇÃO ............... 13

2.3.5 MÉTODO DRILL AND BLAST ...................................................... 17

2.3.6 ELEMENTOS DE SUPORTE E REVESTIMENTO DO TÚNEL 21

2.3.7 INSTRUMENTAÇÃO .................................................................... 28

3 CASO ESTUDADO – DESVIO DO RIO JOANA - RJ .......................... 30

3.1 APRESENTAÇÃO DO CASO EM ESTUDO ..................................... 30

3.2 GEOLOGIA DA REGIÃO ................................................................... 32

3.3 TRATAMENTOS PRELIMINARES À ESCAVAÇÃO ..................... 34

3.4 MÉTODO EXECUTIVO EM ROCHA ............................................... 36

3.4.1 PLANO DE FOGO ......................................................................... 36

3.4.2 PERFURAÇÃO DA ROCHA ........................................................ 36

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VIII

3.4.3 CARREGAMENTO/DETONAÇÃO ............................................. 37

3.4.4 LIMPEZA/CHOCO ........................................................................ 39

3.4.5 EXECUÇÃO DOS ELEMENTOS DE SUPORTE ........................ 41

3.5 SISMOGRAFIA ................................................................................... 46

3.6 INSTRUMENTAÇÃO ......................................................................... 49

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 52

4.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................ 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 55

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS .................................................................. 57

ANEXO I: PERFIL GEOTÉCNICO/SONDAGENS .................................... 59

ANEXO II: PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS ....... 60

ANEXO III: PROJETO DE ENFILAGENS ................................................. 61

ANEXO IV: PLANO DE FOGO ..................................................................... 62

ANEXO V: PROJETO DE ARMAÇÃO DA CAMBOTA ........................... 63

ANEXO VI: PROJETO DE TIRANTE ......................................................... 64

ANEXO VII: RELATÓRIO DE INSTRUMENTAÇÃO .............................. 65

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IX

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Túnel romano“Cloaca Massima” .......................................................... 1

Figura 2: Método VCA direto ............................................................................... 6

Figura 3: Tunnel Boring Machine - “Shield” - Metrô de São Paulo .................... 7

Figura 4: Parcialização da seção do túnel ............................................................. 9

Figura 5: Modelo representativo das enfilagens ................................................. 13

Figura 6: Tubo Schedule e Válvula manchete .................................................... 14

Figura 7: Execução de CCPH ............................................................................. 15

Figura 8: Projeto de pregagens ........................................................................... 16

Figura 9: Plano de fogo ....................................................................................... 17

Figura 10: Perfuração da rocha com perfuratriz hidráulica ................................ 19

Figura 11: Execução de concreto projetado ........................................................ 22

Figura 12: Bomba de concreto projetado via úmida por pistões SP 305 ............ 23

Figura 13: Cambota metálica treliçada ............................................................... 24

Figura 14: Representação de um arco invertido ................................................. 25

Figura 15: Malha de aço ..................................................................................... 26

Figura 16: Seção de um túnel com tirantes ......................................................... 27

Figura 17: Instrumentação em obras de túneis ................................................... 29

Figura 18: Topografia da bacia do canal do mangue .......................................... 30

Figura 19: Bacia hidrográfica do canal do Mangue ............................................ 31

Figura 20: Visão geral do traçado ....................................................................... 32

Figura 21: Sondagem SM - 95 ............................................................................ 33

Figura 22: Tabela de classificação do maciço .................................................... 34

Figura 23: Execução de enfilagens tubulares injetadas ...................................... 35

Figura 24: Marcação do plano de fogo no maciço ............................................. 36

Figura 25: Perfuração da rocha com o jumbo ..................................................... 37

Figura 26: Explosivos encartuchados ................................................................. 38

Figura 27: Carregamento da frente com o uso de explosivos ............................. 38

Figura 28: Frente de escavação após a detonação .............................................. 40

Figura 29: Execução de bate choco .................................................................... 41

Figura 30: Adição de fibras de plástico ao concreto projetado........................... 42

Figura 31: Cambota metálica instalada ............................................................... 43

Figura 32: Telas de aço aplicadas no revestimento do túnel .............................. 44

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X

Figura 33: Instalação de tirantes ......................................................................... 45

Figura 34: Sismógrafo minimate plus ................................................................. 46

Figura 35: Relatório sismográfico de detonação e explosivos ........................... 47

Figura 36: Raio de influência da detonação........................................................ 48

Figura 37: Edificação abandonada no trajeto do túnel ....................................... 48

Figura 38: Ajuste no plano de fogo .................................................................... 49

Figura 39: Pino de recalque da seção de convergência do túnel ........................ 50

Figura 40: Projeto de locação dos marcos superficiais ....................................... 50

Figura 41: Marcos superficiais ........................................................................... 51

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Os túneis segundo Vieira (2003) são passagens artificialmente abertas, em formações

rochosas ou sob o solo, construídas para facilitar o escoamento de água, o acesso a minas e,

principalmente, a comunicação entre locais isolados pela topografia da região.

Apesar dos estudos geológicos e geotécnicos serem relativamente recentes, os túneis são uns

dos mais antigos tipos de construção já realizados pelo homem. O túnel mais antigo que se tem

registro foi construído na Babilônia sob o leito do rio Eufrates a cerca de 4000 anos, com o objetivo

de fazer a ligação entre o palácio e um templo. Os gregos a cerca de 1800 anos atrás construíram

túneis que são utilizados até hoje para o transporte de água. (ASSIS, 2002)

A mais conhecida e impressionante obra de túnel da Idade Antiga foi a “Cloaca Massima”,

ilustrada na Figura 1, uma monumental obra romana de esgoto urbano com dimensões

extraordinárias para a época, chegando a mais de 3 metros de largura e mais de 4 metros de altura.

Figura 1: Túnel romano“Cloaca Massima”

Fonte: http://www.thehistoryblog.com/2016

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2

Com o passar do tempo e o crescimento das grandes cidades, logo os estímulos ás

construções de túneis deixaram de ser apenas o de transportar água, como ocorria na Roma Antiga,

e passaram a ser também o de execução de canais de navegação, acesso a minas, passagens

ferroviárias e mais recentemente passagens rodoviárias.

A ampliação do uso dos túneis ampliou também o número de vidas expostas aos riscos da

falta de conhecimento geológico, geotécnico e de execução que faziam parte das construções

subterrâneas. O alto número de acidentes e os desperdícios de recursos neste tipo de obra fizeram

com que os estudos dos solos e as técnicas de execução avançassem, permitindo assim com que

novos métodos construtivos fossem criados e cada vez mais os túneis fizessem parte do dia a dia

das grandes cidades.

No Brasil a indústria tuneleira começou a se desenvolver na segunda metade do século XIX,

mesmo antes do advento de dinamite para a escavação de túneis em rocha. Os primeiros túneis

ferroviários no país foram abertos por volta de 1860. A mais importante obra de túnel neste período

foi na Estrada de Ferro Dom Pedro II, no Japeri - Barra do Piraí, na Serra do Mar no Estado do Rio

de Janeiro. (ROCHA, 2012)

Nos últimos anos vêm ocorrendo um significativo crescimento no número de construções

subterrâneas no país. Conforme consta em Rocha (2012), uma recente pesquisa efetuada pelo

Comitê Brasileiro de Túneis constatou que o volume total construído na década de 1990 era inferior

a quatro milhões de metros cúbicos, nos cinco anos seguintes o volume saltou para mais de onze

milhões, com uma taxa proporcional significativa de aumento de mais de 500%.

Hoje em dia muitos são os métodos utilizados na execução de túneis ao redor do mundo, um

dos mais importantes deles é o NATM (New Austrian Tunneling Method). O método chegou ao

Brasil na década de 1970, para a construção da Ferrovia do Aço entre as cidades de Belo Horizonte

e Rio de Janeiro, e é hoje ao lado do método mecanizado um dos mais utilizados na construção de

túneis no país.

Existem muitos projetos de túnel sendo realizados atualmente no país como as obras do

metrô e do Rodoanel de São Paulo, metrô, Rodovia Transolimpica e Transoeste no Rio de Janeiro,

metrô de Fortaleza e Transposição do Rio São Francisco no estado da Bahia. (MASCARENHAS,

2014)

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1.2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é o de apresentar o método de escavação de túnel NATM (New

Austrian Tunneling Method), abordar seus conceitos básicos, seus elementos estruturais, suas etapas

construtivas e por fim seus mecanismos de controle e execução (instrumentação e sismografia).

Mais precisamente será abordado o método de desmonte de rocha à fogo conhecido como Drill and

Blast, onde serão analisados o processo de perfuração da rocha e de carregamento da frente do túnel

com o uso de explosivos.

Para a melhor compreensão do método, será abordado neste trabalho o caso da obra de

“Desvio do Rio Joana”, na região da Grande Tijuca, Rio de Janeiro. A obra consiste na execução de

túneis pelo método NATM, e tem o intuito de conter as enchentes na bacia do canal do mangue na

região do Maracanã.

1.3 JUSTIFICATIVA

Com o crescente desenvolvimento urbano observado no cenário mundial e nacional, torna-se

cada vez mais necessária a utilização dos espaços subterrâneos a fim de aliviarmos o frequente

“congestionamento” encontrado na superfície das grandes cidades. Tendo em vista este cenário, os

túneis são hoje a melhor solução para diversos tipos de problemas encontrados nas grandes

metrópoles como: a precária drenagem urbana, o caos no trânsito, a falta de espaço e a topografia

desfavorável.

Apesar do grande crescimento no número de construções de túneis no país, o potencial é

ainda maior, já que o Brasil ainda se encontra bastante atrasado em relação a sua infraestrutura

urbana quando comparado a países desenvolvidos. Devido a toda esta demanda, é fundamental o

conhecimento dos mais variados métodos de execução de túneis e suas aplicações, tornando

possível a escolha da melhor solução.

Dentre os principais métodos de execução de túneis utilizados atualmente está o NATM.

Este método possui diversas vantagens como, por exemplo, a pequena interferência na superfície,

tornando-o mais vantajoso do que métodos destrutivos (principalmente em regiões urbanas), e o

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4

baixo custo que o colocam a frente de métodos mecanizados que utilizam “tatuzões” para a

escavação.

1.4 METODOLOGIA DE PESQUISA

O trabalho foi desenvolvido baseado em pesquisas a livros técnicos, teses de mestrado,

artigos, manuais técnicos de empresas, sites na internet e através de consultas a engenheiros

especializados na área.

Através da supervisão do orientador acadêmico, das pesquisas bibliográficas e do estudo

prático obtido através do acompanhamento da obra abordada neste trabalho, foi possível a

compilação das informações que serão apresentadas a seguir.

1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

No primeiro capítulo foi abordada a contextualização do tema, onde o autor apresentou um

breve histórico da construção de túneis e abordou o cenário atual no país. Foi abordado também o

objetivo, a justificativa e a metodologia de pesquisa utilizada no trabalho.

No segundo capítulo serão brevemente abordados os métodos de escavação de túneis

mecanizado e destrutivo. Mais detalhadamente será abordado o método NATM, onde serão

apresentados os seus principais conceitos, elementos de suporte e etapas construtivas.

No terceiro capítulo será apresentada a aplicação do método NATM em rocha na obra de

Desvio do Rio Joana, localizada na cidade do Rio de Janeiro. A obra tem o objetivo de conter as

enchentes na região do Maracanã e contempla a execução de 2700 metros de túnel sendo 1500 deles

em rocha.

No quarto e último capítulo será apresentada a conclusão, onde serão abordadas as

considerações finais do autor e onde serão sugeridas propostas de trabalhos futuros na área.

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5

2 METODOLOGIA DE EXECUÇÃO DE TÚNEIS

Atualmente existem diversos métodos para a execução de túneis sendo aplicados ao redor do

mundo como, por exemplo, o método da Vala a Céu Aberto (método destrutivo), o método TBM

(método mecanizado), e o New Austrian Tunnelling Method (método NATM). Os métodos foram

evoluindo ao longo dos anos, e hoje, cada um deles possui vantagens e desvantagens que irão ser

decisivas para a escolha da metodologia ideal para cada caso.

A escolha do método construtivo a ser aplicado nem sempre é algo simples a se fazer,

existem diversas variáveis que precisam ser analisadas como o custo, o prazo e as condicionantes

geológicas do local. Além disso, é possível que em uma mesma obra, sejam necessárias a utilização

de mais de um método construtivo, como na linha 4 do metrô do Rio de Janeiro onde houve uma

conjugação dos métodos NATM e TBM.

Neste capítulo serão citados brevemente os métodos VCA, o método TBM, e mais a fundo

será estudado o método NATM, que, tanto no ponto de vista financeiro quanto no ponto de vista de

sua versatilidade, por muitas vezes acaba sendo o mais atrativo deles. Referente ao método NATM,

serão abordados seus principais conceitos, seus elementos de suporte, os tratamentos preliminares

que precedem a escavação, a sequência executiva e os mecanismos de controle para a avaliação da

eficácia do método.

2.1 VALA A CÉU ABERTO (VCA)

Também conhecido como método destrutivo devido às suas interferências na superfície, este

método possui variações, podendo ser feito de forma direta ou invertida. O método direto ou Cut

and Cover consiste na abertura de valas de grandes dimensões e na execução de contenções laterais

nas paredes do solo através de pranchas metálicas ou de madeira, fincadas perpendicularmente ao

solo e travadas e escoradas entre si com o uso de pontaletes e longarinas.

Após a execução do escoramento nas paredes de contenção, poderá então ser construída a

estrutura definitiva do túnel seguida do reaterro do trecho que fora escavado. As etapas do método

direto podem ser observadas na figura 2 a seguir:

Page 16: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

6

Figura 2: Método VCA direto

Fonte: http://slideplayer.com.br/2016

O método VCA invertido ou Cover and Cut, é utilizado em casos onde a superfície

interditada necessita ser rapidamente liberada. O método consiste na execução das paredes de

contenção laterais diretamente pela superfície do terreno através de paredes guias. Feitas as

contenções laterais, apenas será necessária a escavação até a laje superior do túnel e não mais até a

parte inferior como no método VCA direto, permitindo assim a rápida liberação do tráfego na

superfície.

Segundo Cerello (1998), as principais dificuldades encontradas na execução de valas a céu

aberto são: a remoção das interferências como as redes de gás, água, esgoto e energia; o

escoramento dos prédios vizinhos à obra a fim de evitar acidentes; e o possível remanejamento do

tráfego e desapropriações na região no entorno da obra.

2.2 MÉTODO MECANIZADO (TBM - TUNNEL BORING MACHINE)

O desenvolvimento de equipamentos mecanizados para a escavação a frio de túneis em

rochas vem crescendo acentuadamente desde a década de 80, desde então vem cada vez mais

tomando o espaço do tradicional método Drill & Blast que usa explosivos para a escavação em

rocha. A eliminação do desconforto ambiental causado pelo uso de explosivos e a velocidade de

Page 17: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

7

avanço adquirida com a adoção do método mecanizado são os principais fatores que contribuem

para este crescimento do TBM.

A primeira obra de túnel onde houve a aplicação do método TBM foi realizada na Inglaterra

sob o Rio Tâmisa, em 1825, mediante o avanço de uma couraça metálica que proporcionava

segurança no processo de escavação e revestimento. Com o passar dos anos, essa couraça metálica

evoluiu para diversos tipos de modernos equipamentos tuneladores. No Brasil, o primeiro túnel a

utilizar essa tecnologia foi o Metrô de São Paulo na década de 70. (FRANCO, 2014). O mais

moderno shield em operação no Brasil hoje em dia está sendo utilizado para a construção da Linha

5 – Lilás, do metrô de São Paulo, e pode ser observado na figura a seguir.

Figura 3: Tunnel Boring Machine - “Shield” - Metrô de São Paulo

Fonte: http://www.tuneis.com.br/2016

Existem diversos tipos de máquinas tuneladoras, com variados tamanhos e tipos de terreno

onde possam atuar, porém todos os modelos têm duas funções principais, a escavação e a contenção

do terreno. Isso faz com que todos os equipamentos tenham um sistema de funcionamento bastante

parecido.

As principais vantagens do processo mecânico através de máquinas tuneladoras comparado

com o método tradicional a fogo, são a segurança devido a maior capacidade de sustentação das

paredes, a redução do overbreak (escavação maior do que a necessária) causado pelas explosões, a

maior velocidade de avanço, o menor uso de mão de obra e a diminuição dos danos causados no

entorno da área escavada.

Page 18: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

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As principais desvantagens na utilização do método mecanizado são os altos custos de

aquisição, montagem, instalação e operação do equipamento, tornando sua utilização viável

somente para túneis longos com percursos maiores do que oito quilômetros. Outra importante

condicionante no uso do TBM é relacionada aos diferentes tipos de maciço que podem estar

presentes no traçado dos túneis, e que podem inviabilizar o uso do equipamento que deve operar

corretamente em todos os tipos de maciços presentes no traçado.

2.3 NEW AUSTRIAN TUNNELING METHOD (NATM)

2.3.1 HISTÓRICO

O NATM (New Austrian Tunnelling Method) foi desenvolvido entre 1957 e 1965 por

Pacher e Rabcewicz, que reivindicaram as inovações tecnológicas do concreto projetado e criaram

um método para execução de túneis. O NATM é uma filosofia de projeto e construção baseada em

critérios de observação. O ponto de partida é o sistema de classificação e descrição qualitativa de

maciços rochosos e as condições que estes apresentam quando são escavados. (BALAGUER,

2014). Com o passar do tempo o método foi evoluindo, ganhando destaque e passou a substituir

outros métodos convencionais de escavação de túneis.

A metodologia se fez inovadora devido às vantagens econômicas que se obtinham ao se

aproveitar a capacidade de suporte do terreno. Segundo Campanhã et al. (1998), seu princípio

básico é fazer com que o terreno, em vez de atuar somente como carga sobre o revestimento

do túnel, atue também como um elemento que colabora com resistência da estrutura .

O método chegou ao Brasil pela primeira vez em 1970, na Rodovia dos Imigrantes, e se

implantou definitivamente a partir de 1975 na execução dos 72 km de túneis da Ferrovia do Aço.

Segundo Ribeiro (2000), a maior vantagem do NATM é a liberdade que se tem ao poder

projetar diferentes formas e tamanhos de seções de escavação e ao poder aplicar variadas

sequências construtivas. Isso possibilita com que o projetista seja capaz de adaptar o método para

diferentes tipos de situações e solos, sem que ele fique restrito à disponibilidade de equipamentos,

geometria do túnel ou até mesmo existência de dispositivos e materiais de revestimento.

Page 19: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

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2.3.2 CONCEITOS DO NATM

Um dos mais importantes conceitos do NATM é o princípio da estabilização pelo alívio

controlado das tensões do maciço. Este alívio dá ao maciço a condição de atuar como suporte da

estrutura e não apenas como carregamento. Cada maciço possui um tempo de auto sustentação

diferente e que irá definir o momento ideal para a aplicação dos elementos de suporte como o

concreto projetado e os tirantes. Estes elementos devem ser aplicados após uma acomodação inicial

do maciço e antes de sua desestabilização, de forma a reduzir a dimensão dos suportes necessários.

Outro importante princípio do método NATM é o de parcialização da seção. A melhor

forma de execução de um túnel é a escavação em seção plena com o fechamento mais rápido

possível da seção. No entanto, quer pela limitação de equipamentos ou pela limitação do próprio

maciço, nem sempre isto é possível, tornando necessária a parcialização da seção de escavação de

forma sequencial conforme o exemplo da figura a seguir.

Figura 4: Parcialização da seção do túnel

Fonte: Mascarenhas, 2014

Segundo Campanhã et al. (1998), outro importante conceito do NATM está relacionado com

o formato das seções, devem-se evitar as seções transversais com cantos vivos, dessa forma

elimina-se o problema de concentração de tensões, que pode levar o material do suporte à

plastificação (ruptura). Devem-se privilegiar formatos arredondados que ajudem no equilíbrio das

tensões no maciço, como o formato concatenaria, por exemplo, que induz o suporte a trabalhar

predominantemente sob esforços de compressão.

Page 20: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

10

No quadro a seguir constam os quinze mais importantes princípios nos quais está baseado o

método NATM segundo Murakami (2001).

Quadro 1 – Conceitos do NATM

CONCEITOS DO NATM

Conceito 1

Através do alívio de tensões, o maciço circundante ao túnel que

inicialmente atua como elemento de carregamento passa a participar do

suporte.

Conceito 2

Preservar a qualidade do maciço circundante tanto quanto possível com

cuidados durante a escavação e aplicação do suporte, evitando o início

de um processo de deterioração do maciço.

Conceito 3

Impedir a deformação excessiva do maciço de forma que ela perca a

capacidade de auto suporte passando a constituir um carregamento sobre

o suporte.

Conceito 4

Trabalhando-se com deformações compatíveis com o maciço a

capacidade autoportante é conservada passando este a trabalhar como

um elemento portante.

Conceito 5

Caracterizar geológica e geotecnicamente o maciço de forma a se obter

o máximo subsídio na definição do melhor método construtivo e para o

dimensionamento do sistema de suporte e do revestimento.

Conceito 6

Adequar a parcialização da frente de escavação em função do

comportamento do maciço, do tempo de auto sustentação, da

deformabilidade do material e dos equipamentos disponíveis.

Conceito 7

Utilizar o suporte adequado em termos de resistência e deformabilidade

no momento certo, tirando partido da capacidade de auto suporte do

maciço.

Conceito 8

Não devem ser deixados espaços vazios entre o suporte e o maciço que

permitam o desagregamento do material e consequente perda da

capacidade de auto-suporte.

Conceito 9

Utilizar-se de elementos de suporte (concreto projetado, telas,

ancoragens e cambotas) necessários e suficientes para impor tensões

confinantes que equilibrem a abertura mantendo as deformações em

níveis aceitáveis.

Conceito 10

Manter o fechamento do AID em distâncias compatíveis com a

capacidade de carga da calota aberta e o mais próximo possível da frente

de escavação.

Conceito 11 Definir uma seção de escavação com a menor área possível.

Page 21: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

11

Conceito 12

Conceber formas que privilegiem o equilíbrio dos carregamentos

predominantemente por esforços de compressão, ou seja, procurar

formas arredondadas.

Conceito 13

Realizar o acompanhamento das deformações através de

instrumentação, cujas leituras servirão para subsidiar as revisões e

otimizações do processo construtivo e do projeto, além de permitir o

monitoramento da segurança da obra.

Conceito 14

O acompanhamento das instrumentações deve indicar a total

estabilização dos deslocamentos após a conclusão do suporte e do

revestimento.

Conceito 15 Drenar o maciço sempre que a presença da água possa provocar algum

dano ou mecanismo que ponha em risco a obra e o local de trabalho.

Fonte: Mascarenhas, 2014

2.3.3 INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICAS E GEOTÉCNICAS

Antes de se iniciar o projeto de um túnel devem ser realizadas investigações preliminares do

terreno. As construções dos túneis estão diretamente ligadas às características dos solos e das

rochas, portanto suas investigações geológicas e geotécnicas são vitais para o sucesso dos projetos,

facilitando assim sua execução.

No método NATM é fundamental que se conheça cada trecho do túnel, já que é a partir das

características do terreno que serão definidas as metodologias executivas, o dimensionamento do

revestimento, os equipamentos, a mão de obra, os materiais e diversos outros fatores inerentes à

execução do túnel. Uma eficiente investigação geológica geotécnica irá reduzir os custos e prazos

da obra, já uma investigação mal feita pode causar danos irreparáveis na construção do túnel.

Segundo Chiossi (1979) a fase mais importante dos trabalhos preliminares à construção de

um túnel é a exploração cuidadosa das condições geológicas da região. A locação de um túnel,

apesar de depender de outros fatores, somente é definida, após as definições da geologia da região,

pois, dependendo da qualidade do maciço, ou da presença de uma área excessivamente fraturada, o

traçado pode sofrer alterações em relação ao que se tinha previsto.

Page 22: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

12

2.3.3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS MACIÇOS

As rochas que constituem o planeta Terra são classificadas e agrupadas de acordo com sua

gênese, sua litologia (definida pela maior presença de alguns minerais em sua composição) e

também por suas características estruturais. Assim, para estudos da geologia do planeta foi feita

uma subdivisão em três grandes grupos ou classes: Rochas Ígneas ou Magmáticas, Rochas

Sedimentares e Rochas Metamórficas. (GERALDI, 2011)

Segundo Geraldi (2011), as principais estruturas tectônicas que devem ser consideradas em

um modelo geoestrutural são as provenientes de deformações nos maciços em estado plástico

(dobras, zonas de cisalhamento, foliações, lineações) ou em estado rígido (juntas/fraturas, falhas).

Outros parâmetros importantes na classificação das rochas são as questões geomecânicas do maciço

como, por exemplo, o grau de alteração, a coerência, a resistência e o fraturamento das rochas.

Ainda segundo Geraldi (2011), são adotadas cinco classes para determinar a classificação do

maciço rochoso a ser escavado. Estas classes são definidas de acordo com os parâmetros de

classificação detalhados anteriormente e estão apresentadas no quadro a seguir:

Quadro 2 – Classificação das rochas

CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS

Classe I

Maciços de rocha sã, sem alterações, coesos e autoportantes, com

ausência de planos de fraturas, que, no entanto poderão ocorrer de

forma isolada.

Classe II Maciços de rocha sã, sem alterações, coesos e autoportantes, porém

já apresentando pelo menos um plano de fratura.

Classe III

Maciços de rocha sã, fraturada, ainda com certo grau de autos

suporte e coesão, porém entrecortados por planos de fraturas

orientados segundo diferentes direções e mergulhos, associadas a

maiores concentrações de agua subterrânea.

Classe IV

Maciços de rocha mais fraturada e apresentando faixas intercaladas

de rocha alterada, com coesão reduzida, autos suporte e

estabilidade temporária, quadro que pode se agravar pela presença

de água subterrânea.

Classe V

Maciços formados por solo de alteração ou rocha totalmente

alterada, com pouca ou nenhuma coesão, ausência de autos suporte

e estabilidade quando escavados. Na presença de água estes

maciços podem ser classificados como Classe VI.

Fonte: Geraldi, 2011

Page 23: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

13

2.3.4 TRATAMENTOS PRELIMINARES À ESCAVAÇÃO

Caso o tempo de auto sustentação do maciço seja insuficiente para permitir a execução dos

trabalhos de escavação e suporte, o solo deverá receber um tratamento antes dedar-se continuidade

à escavação. Na figura 5 pode-se observar um modelo representativo de um dos mais frequentes

tipos de tratamento utilizados em obras de túneis, as enfilagens. Estas enfilagens são instaladas na

parte superior da frente do túnel, servindo como uma “laje” que irá suportar parte da carga acima do

túnel, e aumentando então o tempo de sustentação do maciço.

Figura 5: Modelo representativo das enfilagens

Fonte: Solotrat engenharia geotécnica, 2016

O tratamento do solo pode ser executado de diversas maneiras, para se definir qual o melhor

tipo de tratamento a ser executado deve ser feito um estudo geológico e geotécnico para se

determinar qual a classificação do maciço e seu tempo de sustentação. Nos itens a seguir serão

abordados os principais tipos de tratamentos do solo executados em túneis.

2.3.4.1 ENFILAGENS MECÂNICAS

Este tratamento consiste na cravação de barras ou chapas de aço no maciço através de

martelos pneumáticos. Este tipo de tratamento não possui injeção de calda de cimento. A

sustentação dada ao maciço com este tipo de tratamento é pouco significativa, sendo utilizada

Page 24: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

14

apenas quando o solo já possui certa auto sustentação. Outra situação onde este tipo de tratamento é

adotado é quando por condições de vizinhança desfavoráveis evitam-se tratamentos que utilizam

injeções de calda de cimento e que possam causar movimentações no terreno.

2.3.4.2 ENFILAGEM TUBULAR INJETADA

Neste tipo de enfilagem primeiramente são executados os furos na abóboda do túnel através

de uma perfuratriz, logo em seguida é introduzido no furo um tubo de aço. Estes tubos possuem

furos onde são instaladas válvulas manchete (figura 6), esta válvula é composta por borrachas que

vedam os furos. Junto ao tubo são amarradas mangueiras por onde será injetada a calda de cimento

até que a pressão seja suficiente para que as válvulas manchetes se rompam.

É comum que antes da execução da injeção necessária para romper as manchetes, seja

executada a bainha, uma injeção de baixa pressão para preencher o espaço anelar de melhor forma

possível. Após a realização da injeção, as enfilagens formam então um arco resistente de proteção

acima da seção de escavação do túnel, tornando mais seguro o seu avanço.

Figura 6: Tubo Schedule e Válvula manchete

Fonte: Autor, 2016

Page 25: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

15

2.3.4.3 COLUNAS DE CCPH

As colunas de CCPH (Cement Churning Horizontal Pile) são originárias da tecnologia Jet

Grounting que nada mais é do que uma tecnologia de consolidação de solos que permite a execução

in loco, sem escavação, de corpos de solo-cimento de forma aproximadamente cilíndrica, dotados

de elevadas características mecânicas e impermeabilidade. (SOUZA, 2003)

Para a execução do CCP inicialmente é executado o furo através de hastes de uma

perfuratriz roto-percussiva. Juntos a haste que executa a perfuração, existem bicos injetores que

fazem a injeção da calda de cimento ao mesmo tempo em que lentamente é retirada a haste do furo.

Está injeção é feita sob alta pressão de bombeamento (superiores a 300 kgf/cm²) gerando uma

energia cinética capaz de desagregar o solo e formar então uma coluna de solo-cimento de diâmetro

variável (0,40 a 1,00 m).

Na figura a seguir pode ser observada a frente de serviço de um túnel após a execução das

colunas de CCP.

Figura 7: Execução de CCPH

Fonte: Souza, 2003

Page 26: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

16

2.3.4.4 ENFILAGEM DE BULBO CONTÍNUO

A enfilagem de bulbo contínuo é similar à execução do CCP horizontal com a diferença de

que após a execução da coluna de solo-cimento é introduzido no furo um tubo de aço dando

armação à coluna.

2.3.4.5 PREGAGENS

Alguns maciços apresentam-se tão instáveis que a frente de escavação desmorona,

prejudicando a execução dos serviços e a segurança dos operários. Para que se resolva esta situação,

muitas vezes é necessária a execução das pregagens (figura 8). A execução consiste na perfuração

horizontal da frente de serviço, e instalação de tubos rígidos de PVC com diâmetro de 64 a 100

milímetros com até 15 metros de comprimento. Depois de instalados os tubos, são realizados então

injeções com calda de cimento. (GERALDI, 2011)

Figura 8: Projeto de pregagens

Fonte: Obra de Desvio do Rio Joana (Vallejos Engenharia LTDA, 2016)

Page 27: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

17

2.3.5 MÉTODO DRILL AND BLAST

O método NATM pode ser aplicado na escavação de túnel em solo ou em rocha. De acordo

com Geraldi (2011), nas escavações dos túneis em rocha ainda predominam as técnicas da

metodologia tradicional, denominada mundialmente como metodologia D&B - Drill and Blast

(perfuração e detonação). Esta metodologia é composta por várias etapas que precisam ser

executadas ordenadamente, formando um ciclo de escavação bem definido. Nos itens a seguir serão

tratados cada uma dessas etapas.

2.3.5.1 PLANO DE FOGO

Antes de se iniciar a perfuração da frente para a execução do carregamento com explosivos é

necessário que se tenha em mãos o plano de fogo. No plano de fogo será definida a disposição dos

furos que serão carregados com os explosivos. Os furos devem ser devidamente marcados e

perfurados dentro da seção de escavação, e são diferenciados em função da sua localização na

seção. Na figura a seguir pode ser observado um projeto de plano de fogo.

Figura 9: Plano de fogo

Fonte: Obra de Desvio do Rio Joana (Vallejos Engenharia LTDA, 2016)

Page 28: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

18

Os furos do pilão são aqueles localizados no centro da seção e cuja função é promover a

abertura inicial da frente a ser detonada. Além dos furos de pilão existem os furos de contorno

(localizados na borda da seção), os furos de sapateira (localizados na base da seção) e os furos de

alívio localizados no pilão e cuja função é auxiliar no corte do maciço.

Conforme consta em Franco (2014), a profundidade dos furos do plano de fogo, assim como

a condições geológicas e geomecânicas do maciço, são os fatores determinantes para projetar o

avanço de cada detonação em uma frente de escavação. Segundo Geraldi (2011), um plano de fogo

corretamente planejado e executado garantirá um avanço por detonação da ordem de 90% a 95% da

profundidade dos furos.

Um projeto de plano de fogo deve conter quais serão os tipos e quantidades de explosivos a

serem utilizados, a profundidade e o diâmetro dos furos, a quantidade de furos, a área da seção de

escavação, o volume de rocha a ser escavado, o avanço médio projetado, a razão de perfuração

(m/m³), a razão de carga (Kg/m³) e a distribuição de retardos por tempo de espera.

É importante notar que cada furo tem um tempo de detonação diferente, e que são definidos

através dos retardos. Estes retardos possuem a acurácia de milissegundos e são os responsáveis por

dar à detonação um melhor aproveitamento, já que a partir deles é criada a face livre no pilão que

permite com que o maciço quebre mais facilmente.

2.3.5.2 PERFURAÇÃO DA ROCHA

O método Drill and Blast consiste na perfuração e detonação da frente do túnel. Para a

execução destes furos são usadas perfuratrizes. Segundo Franco (2014) estas perfuratrizes podem

ser divididas em três grandes grupos de acordo com o princípio mecânico utilizado (percussão,

percussão + rotação, rotação). Cada modelo possui sua aplicação, vantagens e desvantagens,

necessitando assim que haja um estudo preliminar antes da escolha do equipamento que será usado.

Por muito tempo foram utilizadas perfuratrizes pneumáticas para a perfuração de rochas,

porém, devido a grande perda de ar comprimido comum neste tipo de operação, recentemente esses

equipamentos vem sendo substituídos por alternativas como, por exemplo, os conjuntos de

acionamento hidráulico. Esses conjuntos hidráulicos, conhecidos também como jumbo, são mais

Page 29: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

19

potentes e conseguem perfurar a rocha com velocidades até duas vezes maiores do que os outros

tipos de rompedores. (FRANCO, 2014)

O dimensionamento e a seleção das perfuratrizes devem ser em função da área da seção de

escavação, do avanço médio previsto, da velocidade de perfuração que se deseja obter e da litologia

e condições estruturais dos maciços rochosos. Na figura a seguir pode-se observar um modelo

esquemático de uma perfuratriz executando a furação do maciço.

Figura 10: Perfuração da rocha com perfuratriz hidráulica

Fonte: http://www.portomaravilha.com.br/2016

2.3.5.3 CARREGAMENTO DOS EXPLOSIVOS

Após a perfuração da rocha deve ser realizado então o carregamento da frente de serviço

com o uso de explosivos. Segundo Geraldi (2011) uma substância pode ser considerada explosiva

quando sofre transformações químicas imediatas e violentas ao ser devidamente iniciada ou ativada,

passando do estado sólido ou liquido para o estado gasoso em um tempo infinitesimal, produzindo

grande quantidade de energia em forma de gases sob altas pressões e temperaturas.

Os explosivos fabricados no Brasil podem ser separados em quatro classes, que são as

pólvoras; as dinamites (gelatinosos e sem gelatinosos); os ANFO e série NCN (nitrato de amônio);

e as emulsões oxidantes.

Segundo Franco (2014) três conceitos importantes no estudo de explosivos são: velocidade

de detonação, a densidade, e a razão de carga dos explosivos. Pode-se definir a velocidade de

detonação como a velocidade de transformação da massa explosiva, que está na faixa de 2500 m/s

Page 30: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

20

até 7000m/s. A densidade de um explosivo é a relação entre a concentração de carga explosiva por

metro linear de furo. Por fim, a razão de carga que é definida pela quantidade de explosivo,

geralmente expressa em gramas, necessário para fragmentar 1 m³ de rocha.

De acordo com Geraldi (2011), pode-se fazer uma pré-seleção dos explosivos em função da

rocha a ser detonada. As Rochas duras, como granitos, gnaisses e basaltos, requerem explosivos

velozes e de alta densidade, já as rochas mais frágeis, como arenitos, calcários e formações rochosas

alteradas, muito fraturadas ou estratificadas, demandam explosivos mais lentos e de baixa

densidade.

Para viabilizar a detonação são necessários vários acessórios com diferentes funções, todos

eles projetados e desenvolvidos para que os envolvidos na atividade tenham o máximo de segurança

possível. Alguns dos acessórios fabricados no Brasil são os estopins de queima, o cordão ignitor, as

espoletas elétricas, o cordel detonante, os retardos e os iniciadores eletrônicos.

2.3.5.4 CONTROLE DE VIBRAÇÃO / SISMOGRAFIA

A detonação com o uso de explosivos na escavação de túneis libera uma grande quantidade

de energia. Entretanto, apenas uma pequena parte dessa energia, cerca de 30%, é consumida para

fragmentar a rocha. A outra parte dessa energia liberada se transforma em ondas mecânicas, que

percorrem o meio sólido, gerando vibrações e calor. (FRANCO, 2014)

Devido a estas vibrações que se propagam pelo maciço, é de fundamental importância o seu

acompanhamento, principalmente em áreas urbanas onde edificações podem ser afetadas. Esse

controle e monitoramento das vibrações serão feitos através da instrumentação sísmica com auxilio

de equipamentos denominados sismógrafos. Os sismógrafos irão gerar relatórios que servirão de

parâmetro para a avaliação dos efeitos da detonação no maciço.

Para caracterizar as vibrações no interior do maciço é usual utilizar o conceito de velocidade

de partícula que, segundo Geraldi (2011), é a velocidade de vibração induzida a uma partícula do

maciço rochoso por uma detonação. Esse parâmetro é considerado o que melhor caracteriza o

comportamento da propagação das vibrações no interior da rocha e é medido em variadas direções.

Page 31: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

21

Os riscos de ocorrência de danos induzidos por vibrações do terreno devem ser avaliados

levando-se em consideração a magnitude e a frequência da velocidade de vibração de partícula de

pico. Como cada tipo de estrutura apresenta uma frequência natural de vibração, pode-se

estabelecer um limite de velocidade de vibração de partícula de pico (mm/s) aceitável em áreas

residenciais para que não ocorram danos às mesmas. (MASCARENHAS, 2014)

2.3.6 ELEMENTOS DE SUPORTE E REVESTIMENTO DO TÚNEL

Um dos principais elementos responsáveis por suportar as cargas do maciço em uma obra de

túnel pelo método NATM é o concreto, mais precisamente o concreto projetado. Porém, até que o

concreto atinja resistência suficiente para suportar tais esforços, são necessários alguns elementos

de suporte para atuar nos momentos iniciais logo após a projeção do concreto. A seguir serão

tratados os principais elementos de suporte utilizados no método NATM.

2.3.6.1 CONCRETO PROJETADO

Segundo Silva (1997) entende-se por concreto projetado como sendo o concreto (cimento,

areia, pedrisco, água e aditivos) que é transportado por um mangote de borracha desde o

equipamento de projeção até um bico, onde por meio de ar comprimido é projetado a grande

velocidade contra uma superfície (figura 11).

O concreto projetado é aplicado em diversos tipos de projetos, porém seu uso dá-se

principalmente em obras subterrâneas, onde suas características como a boa adaptação em

diferentes tipos de superfícies, sua facilidade e sua agilidade na projeção do concreto são de grande

valia. As primeiras aplicações de concreto projetado no Brasil ocorreram em 1970, na execução dos

túneis da rodovia dos imigrantes. Com a introdução do método NATM, o concreto projetado vem

sendo largamente empregado na formação do revestimento de estruturas de obras subterrâneas

(AMARAL FILHO, 1995).

Page 32: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

22

Figura 11: Execução de concreto projetado

Fonte: Solotrat engenharia geotécnica, 2016

Devido às excessivas acomodações do solo ocasionadas pela demora na aplicação do

revestimento dos túneis, torna-se fundamental em obras deste tipo a utilização do concreto

projetado, que graças a sua facilidade e agilidade de execução, colaboram com a capacidade de auto

suporte do maciço escavado.

A reflexão de agregados e os desplacamentos de concreto, que podem chegar a 50% do

volume projetado, são os principais inconvenientes do uso desta técnica. Entre as vantagens estão às

economias de custo e de prazo, em que devido à capacidade de auto sustentação do concreto, não é

necessária a utilização de formas, desformas e escoramentos. (VIEIRA, 2003)

Existem duas formas para a execução do concreto projetado, a projeção via seca e a projeção

via úmida, diferindo entre si principalmente pelo momento em que a água é adicionada na mistura

do concreto. Na projeção via seca os materiais secos (areia, cimento, aditivos e pedriscos) são

misturados na bomba sem a adição de água e impulsionados por ar comprimido através de um

mangote de borracha até um bico de projeção. A água só é adicionada a mistura no bico de projeção

através de outra bomba de alta pressão.

A quantidade de água na mistura é regulada pelo mangoteiro (profissional que possui a

função de lançar concreto projetado), por tal motivo o concreto projetado por via seca vem sendo

cada vez menos usado já que se torna mais difícil o seu controle de qualidade comparado com a

projeção via úmida.

Page 33: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

23

Suas principais vantagens em relação à projeção via úmida são os baixos custos de locação

do equipamento e a menor quantidade de cimento utilizado na mistura. Suas desvantagens são a

maior reflexão (perda), maior produção de poeira, requer grande volume de ar comprimido e possui

produtividade baixa (4m³/h). (VIEIRA,2003).

Diferente da projeção via seca, na projeção via úmida o concreto é lançado já com a adição

de água na bomba (cimento, areia, água, pedrisco e aditivos). A adição do aditivo acelerador de

pega é apenas realizada no bico do mangote. A qualidade do concreto projetado via úmida vai

depender de sua correta dosagem, homogeneização e correto teor de aditivo superplastificante e

acelerador de pega.

O processo de projeção via úmida permite um melhor controle do fator água/cimento, o que

resulta em uma maior uniformidade tanto do produto como no acabamento da superfície tratada.

Outras vantagens são o menor ricochete de agregados, o menor consumo de ar e a melhor

conservação dos equipamentos de projeção e seus acessórios. Na figura a seguir pode ser observado

um equipamento de projeção via úmida.

Figura 12: Bomba de concreto projetado via úmida por pistões SP 305

Fonte: https://www.duxbb.com.br/2016

Para grandes volumes aplicados, como em obras de túneis, é essencial a utilização de

aditivos, aceleradores de pega. Neste aspecto o projetado por via úmida apresenta vantagens já que

ao permitir uma melhor uniformidade, o produto tende a reduzir o consumo de aditivos e apresentar

características melhores que o via seca, no entanto o consumo de cimento é maior para as mesmas

resistências obtidas no processo de via seca.

Page 34: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

24

2.3.6.2 CAMBOTAS METÁLICAS

As cambotas são perfis metálicos geralmente em forma de arco (figura 13), laminados ou

treliçados, aparafusados e soldados. Possuem diversas funções como a de suportar as cargas iniciais

do terreno, servir de gabarito para o revestimento de concreto, guia para o correto alinhamento do

túnel, guia para a execução do tratamento do solo e apoio para a colocação de telas de aço ao redor

do túnel.

Figura 13: Cambota metálica treliçada

Fonte: Autor, 2016

A cambota só começa a atuar quando encosta totalmente no maciço, por isso é importante o

preenchimento por completo do espaço entre a cambota e o maciço com concreto projetado. Após o

concreto endurecer e adquirir resistência suficiente, a cambota deixa de ter função estrutural já que

o concreto por si só passa a resistir aos esforços solicitantes, por esse motivo as cambotas

geralmente não entram nos cálculos estruturais de resistência. (ZANELATO, 2003)

2.3.6.3 ARCO INVERTIDO DEFINITIVO (AID)

Os arcos invertidos ou “inverts” são necessários em escavações de túneis em solos não

consolidados ou quando existem esforços laterais advindos da movimentação do maciço. Essas

Page 35: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

25

estruturas podem ser de concreto armado ou projetado, provisórios ou definitivos, dependendo das

condições do maciço e da seção empregada. (BALAGUER, 2014)

O suporte do túnel trabalha como um anel contínuo, que deve ser concluído o mais

brevemente possível, para isso, após a colocação das cambotas e do revestimento do túnel, deve ser

executado o AID para que haja o fechamento do arco da seção. Na figura a seguir pode-se observar

um modelo representativo do AID.

Figura 14: Representação de um arco invertido

Fonte: Autor, 2016

2.3.6.4 TELAS DE AÇO

Segundo Geraldi (2011), as telas metálicas soldadas são elementos de suporte bastante

utilizados em solo e em rochas muito alteradas. Após a aplicação de uma pequena camada de

concreto projetado com aproximadamente três centímetros de espessura, as telas são fixadas com o

auxílio de pequenos chumbadores. Em seguida é projetada uma nova camada de concreto,

incorporando a tela ao maciço.

As telas de aço quando aplicadas em túneis executados em solo e que utilizam cambotas

metálicas, geralmente são aplicadas apenas no revestimento secundário de concreto. Na figura a

seguir pode ser observada uma representação de tela metálica em associação com o concreto

projetado.

Page 36: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

26

Figura 15: Malha de aço

Fonte: Campanhã et al., 1998

2.3.6.5 FIBRAS PARA CONCRETO PROJETADO

Em execução de túneis em rocha costuma-se usar o concreto projetado com a adição de

fibras. Estas fibras, geralmente de aço, substituem o uso de telas e cambotas metálicas comuns na

escavação em solo. Segundo Campanhã et al. (1998), outra grande vantagem da utilização do

concreto projetado com fibras de aço, principalmente em rochas, é o de permitir acompanhar as

irregularidades da superfície escavada, não havendo vazios.

A adição de fibras de aço minimiza o comportamento frágil característico do concreto,

tornando-o um material pseudo dúctil, ou seja, continua apresentando uma resistência residual a

esforços nele aplicados mesmo após sua fissuração. A alteração do comportamento é função das

características das fibras, da matriz do concreto e da sua interação. Com isto o material passa a ter

exigências específicas para seu controle de qualidade, dosagem e mesmo aplicação, diferentes do

concreto convencional.

As possibilidades de aplicação do material são ampliadas, para algumas aplicações o

concreto reforçado com fibras apresenta vantagens tecnológicas e econômicas em relação ao

convencional, como é o caso do revestimento de túneis. Com a utilização de fibras o revestimento

do túnel não necessita a instalação de telas metálicas, o que acaba por agilizar o processo produtivo

e diminuindo os custos com a mão de obra.

Além das fibras de aço existem também as fibras feitas de polímeros sintéticos como, por

exemplo, as fibras de polipropileno e polietileno, que com os avanços tecnológicos conseguem

Page 37: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

27

atingir resultados estruturais tão satisfatórios quanto às fibras de aço. Além de terem um custo

menor, as fibras feitas de polímeros sintéticos possuem algumas vantagens em relação às fibras

metálicas como, a maior resistência ao fogo, a baixa condutibilidade elétrica e o manuseio

facilitado.

2.3.6.6 TIRANTES

Os Tirantes são elementos lineares capazes de transmitir esforços de tração entre suas

extremidades. Nas aplicações geotécnicas os tirantes possuem uma extremidade que fica fora do

terreno (cabeça de ancoragem), e um trecho enterrado que pode ser classificado como livre ou

ancorado. Além disso, os tirantes podem ser classificados como tensionados ou não tensionados.

Sua aplicação em obras de túneis tem por objetivo aplicar esforços de compressão no maciço,

reduzindo assim os processos de movimentação, deformação e ruptura.

Figura 16: Seção de um túnel com tirantes

Fonte: Obra de Desvio do Rio Joana (Vallejos Engenharia LTDA, 2016)

A aplicação é feita ao longo do túnel de forma radial, a malha de tirantes terá espaçamentos

definidos em projeto em função das características geológicas do maciço. Segundo Geraldi, 2011 a

utilização dos tirantes produz um arco de maciço sob forte compressão, conferindo maior

estabilidade à seção escavada. Recomenda-se antes de iniciar a perfuração para instalação dos

Page 38: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

28

tirantes a aplicação de uma camada de concreto projetado de 2 a 5 cm de espessura logo após a

escavação e remoção dos chocos.

Os furos para a instalação dos tirantes são executados pelo jumbo, ou martelos pneumáticos.

Para que a carga de trabalho dos tirantes seja atingida, são utilizadas junto a eles resinas químicas.

2.3.7 INSTRUMENTAÇÃO

A execução de túneis em solo ou em rocha está associada a uma mudança no estado de

tensões atuantes no maciço circundante. Essas mudanças de tensões causam movimentações que

tendem a se propagar pelo terreno até atingir a superfície do solo podendo então gerar recalques.

Dependendo da magnitude destes recalques, efeitos indesejáveis podem aparecer nas estruturas

vizinhas à escavação ou até mesmo na própria estrutura do túnel, tornando obrigatório o controle

das movimentações do solo, principalmente em áreas urbanas. O controle destas movimentações é

feito através do uso da instrumentação.

A instrumentação é instalada para medir, conhecer e monitorar os movimentos do solo, tanto

os superficiais como os no interior do maciço. Além disso, também medem pressões e esforços

sobre elementos estruturais, tanto antes como durante a execução da escavação, permitindo então

que sejam verificados os parâmetros de projeto e a eficácia do método. O NATM preconiza o uso

da instrumentação e a tem como um de seus princípios básicos.

Segundo Murakami (2011), através da instrumentação, pode-se monitorar a necessidade de

melhorias no desempenho do método construtivo, de forma a evitar ao máximo os danos nas

edificações e utilidades provocados por distorções e recalques.

Existem diferentes tipos de instrumentação, cada um deles com diferentes funções, na figura

a seguir pode ser observada uma representação com os principais instrumentos utilizados em obras

de escavação de túnel.

Page 39: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

29

Figura 17: Instrumentação em obras de túneis

Fonte Murakami,2001

Os marcos superficiais e os tassômetros são respectivamente responsáveis por controlar os

recalques na superfície do terreno e no interior do maciço logo acima da escavação. Os pinos de

recalque controlam as movimentações de edificações vizinhas à escavação e os recalques no interior

do túnel através de seções de convergência. Por fim são utilizados indicadores de nível d’água e

piezômetros responsáveis por controlar o nível freático e a pressão hidráulica no maciço.

A instrumentação irá gerar relatórios onde será possível a verificação dos recalques que

ocorrem tanto externa quanto internamente ao túnel. Para o melhor controle destes recalques,

devem ser definidos níveis de alerta e procedimentos a serem seguidos caso estes níveis sejam

atingidos. A diminuição dos avanços e a utilização de elementos de suporte são uma das medidas a

serem tomadas para a diminuição dos recalques.

Além da magnitude dos recalques, outro importante elemento a ser controlado através do

uso da instrumentação é a velocidade com que eles ocorrem, o que torna fundamental o

acompanhamento constante das movimentações do terreno.

Page 40: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

30

3 CASO ESTUDADO – DESVIO DO RIO JOANA - RJ

Neste capítulo serão analisados os projetos e a metodologia executiva aplicada nos trechos

em rocha na execução dos túneis da obra de Desvio do Rio Joana na região da Grande Tijuca no

Rio de Janeiro. A obra tem como função o escoamento da água do Rio Joana, servindo como

estrutura de macro drenagem e solução para os problemas de enchentes na região.

3.1 APRESENTAÇÃO DO CASO EM ESTUDO

Os problemas com enchentes e inundações são uma realidade constante na região

metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, principalmente na região da Grande Tijuca. Sua

constituição geomorfológica e geográfica, como pode ser observada na figura 18, se encontra em

meio a montanhas, serras e rios, tornando a topografia da região extremamente complexa e

problemática. Além disso, há o crescimento desordenado da região e a impermeabilização do solo,

o que acaba por agravar ainda mais a situação.

Figura 18: Topografia da bacia do canal do mangue

Fonte: www.youtube.com/2016

Page 41: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

31

A obra em questão engloba os bairros da Tijuca, Vila Isabel, Grajaú e Andaraí, e foi

dimensionada de forma a minimizar o problema de escoamento das águas pluviais na região, e

reduzir drasticamente a lâmina d’água no caso de enchentes, garantindo melhoria na qualidade de

vida e maior segurança a população. A obra consiste na execução de túneis e galerias que servirão

para desviar parte da vazão do Rio Joana para a Baía de Guanabara, visando o controle de enchentes

da bacia do Canal do Mangue (figura 19).

Figura 19: Bacia hidrográfica do canal do Mangue

Fonte: www.youtube.com/2016

A obra como um todo possui uma extensão de 3466 metros, sendo 2765 metros em túnel e o

restante formado por galerias abertas e fechadas. Nos trechos em túnel são previstos 1531 metros

em rocha e o restante em solo. O método construtivo utilizado na execução dos túneis foi o NATM,

isto devido aos inconvenientes gerados ao se utilizar o método destrutivo em uma região urbana

como a região da Grande Tijuca e ao alto custo demandado ao se utilizar o método de escavação

mecanizado para um trecho de apenas 2,7 quilômetros.

Devido à extensão do Projeto, o mesmo foi subdivido em trechos, a fim de facilitar o

gerenciamento da obra. Ao longo da extensão do túnel foram executados cinco poços de emboque

(A, B, C, D e E). Na figura a seguir pode ser observada uma visão geral do traçado do túnel e

localização dos cinco poços de emboque.

Page 42: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

32

Figura 20: Visão geral do traçado

Fonte: Autor, 2016

3.2 GEOLOGIA DA REGIÃO

Para que o perfil geotécnico da região fosse elaborado foram realizadas sondagens mistas.

Nestas investigações geotécnicas foram executadas sondagens a percussão com ensaios SPT nos

trechos em solo, e sondagens rotativas para trechos em rocha.

As profundidades das sondagens foram programadas em função do greide de projeto do

túnel (cota de base), e caso fossem detectadas condições de impenetrabilidade, o furo deveria seguir

pelo método rotativo em rocha até a cota programada. As sondagens a percussão foram executadas

conforme a NBR-6484 da ABNT.

O traçado do túnel foi todo estaqueado, no anexo I deste trabalho pode ser observado o perfil

geotécnico e as sondagens do trecho em rocha entre as estacas 120 e 125, à montante do poço de

emboque “A”. São apresentadas neste perfil as sondagens SM – 95, SM – 51, SM – 102, SM – 97 e

SM – 65. Parte da sondagem SM – 95 pode ser observada com maior detalhe na figura a seguir.

Page 43: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

33

Figura 21: Sondagem SM - 95

Fonte: Obra de Desvio do Rio Joana (Vallejos Engenharia LTDA, 2016)

A partir dos boletins de sondagem foram verificados alguns parâmetros de classificação do

maciço rochoso como, o grau de coerência da rocha, as características das descontinuidades do

maciço, o grau de faturamento, o grau de alteração e o RQD da rocha. No anexo II deste trabalho

pode ser observado como foram feitas as classificações destes parâmetros.

Com base nos parâmetros de classificação representados nas sondagens, foi possível a

classificação de todos os trechos em rocha e a elaboração de um perfil longitudinal detalhando as

características de cada um dos trechos da obra. Com base neste perfil obtiveram-se informações a

respeito dos elementos de suporte e dos equipamentos que seriam necessários para a execução do

túnel em cada trecho. A classificação do maciço foi feita a partir de características como o tempo

médio de sustentação sem suporte, da coesão, e do ângulo de atrito do maciço. Na figura 20 a seguir

pode ser observado como se apresentou esta classificação na obra em questão.

Page 44: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

34

Figura 22: Tabela de classificação do maciço

Fonte: Obra de Desvio do Rio Joana (Vallejos Engenharia LTDA, 2016)

A partir desta classificação, foi possível então que se elaborasse um perfil longitudinal do

túnel, detalhando as características de cada trecho e definindo a metodologia executiva de cada um

deles. A classificação do maciço irá definir alguns parâmetros do túnel como a espessura do

revestimento de concreto projetado e a quantidade de tirantes necessária na seção.

3.3 TRATAMENTOS PRELIMINARES À ESCAVAÇÃO

Nos trechos em rocha não é usual a execução de tratamentos preliminares a escavação,

exceto nos trechos com maciço rochoso fraco, muito fraturado e de baixa coesão. Nestes trechos

foram executadas enfilagens tubulares injetadas com comprimento de doze metros, sendo três

metros executados com tubo PVC e os nove metros restantes com a utilização de tubo de aço

galvanizado tipo schedule. No anexo III deste trabalho pode ser observado o projeto de enfilagens

tubulares utilizadas no projeto.

As manchetes foram colocadas a cada metro, e a injeção executada com fator água-cimento

1,0 (um). Na execução das enfilagens foi feita a injeção de um volume correspondente a dois sacos

de cimento a cada manchete. Antes da cada injeção definitiva estava prevista a injeção da bainha.

Os furos no maciço para a execução das enfilagens tubulares foram feitos através de uma

perfuratriz pneumática. A execução dos furos pode ser observada na figura 23 a seguir.

Page 45: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

35

Figura 23: Execução de enfilagens tubulares injetadas

Fonte: Autor, 2016

Em alguns trechos foram utilizados também enfilagens mecânicas com a cravação de barras

de aço no solo através de martelos pneumáticos. Seu uso se deu devido ao intenso desplacamento

ocorrido em alguns trechos do túnel.

Em trechos de maciço muito alterado e com a ocorrência de grande volume de água foram

utilizados barbacãs e drenos horizontais profundos (DHP) para retirar a água de dentro do maciço e

tornar mais seguro os serviços no interior do túnel.

Page 46: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

36

3.4 MÉTODO EXECUTIVO EM ROCHA

3.4.1 PLANO DE FOGO

O primeiro passo na escavação de um túnel em rocha é a marcação do plano de fogo na

frente de escavação com o auxílio de tinta (figura 24), esta marcação é feita pela equipe de

topografia através do uso de uma estação total e irá auxiliar na perfuração executada pelo jumbo.

O plano de fogo utilizado na obra possuía furos de sapateira, de contorno, de alívio e de

pilão. Devido ao tamanho reduzido da seção de escavação, não foi necessária a execução de plano

de fogo parcializado. No anexo IV deste trabalho pode ser observado o projeto do plano de fogo

utilizado, o detalhe do pilão, e algumas informações referentes a seção de escavação.

Figura 24: Marcação do plano de fogo no maciço

Fonte: Autor, 2016

3.4.2 PERFURAÇÃO DA ROCHA

Após a marcação do plano de fogo, pode então ser iniciada a perfuração do maciço feita pelo

jumbo. O tempo de execução da perfuração depende do equipamento utilizado, neste caso o serviço

levava em torno de duas horas para ser executado. Para garantir a correta perfuração do maciço de

Page 47: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

37

acordo com o projeto de plano de fogo, era realizado na obra um controle da profundidade e de

inclinação dos furos.

Além da perfuração do plano de fogo, neste momento o jumbo era utilizado também para a

execução dos furos onde seriam instalados os tirantes. Na figura a seguir pode ser observado o

jumbo executando a perfuração conforme indicado no plano de fogo.

Figura 25: Perfuração da rocha com o jumbo

Fonte: Autor, 2016

3.4.3 CARREGAMENTO/DETONAÇÃO

Após a execução dos furos, era iniciado então o carregamento da frente com o uso de

explosivos encartuchados. Os explosivos utilizados eram do tipo DINAPEX 100 (figura 26),

explosivos de emulsão com diâmetro de 1 ½” e 60 centímetros de comprimento. Todo o

carregamento era realizado com a supervisão do blaster, profissional responsável por aplicar as

informações definidas no projeto de plano de fogo na frente de serviço do túnel.

Page 48: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

38

Figura 26: Explosivos encartuchados

Fonte: Autor, 2016

Muitas vezes os furos encontravam-se obstruídos com pedaços de rocha, e necessitavam

limpeza com o auxílio de ar comprimido para que pudessem ser carregados. Para auxiliar no

carregamento dos furos mais altos era utilizado um manipulador, equipamento dotado de plataforma

e capaz de içar pessoas até pontos mais altos. Na figura a seguir pode ser observado o carregamento

da frente de serviço do túnel.

Figura 27: Carregamento da frente com o uso de explosivos

Fonte: Autor, 2016

Page 49: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

39

Para que os explosivos fossem colocados com o espaçamento adequado dentro dos furos,

eram utilizados pedaços de bambu onde eles eram amarrados e inseridos nos furos. Cada explosivo

possuía um acessório conhecido como retardador, responsável por dar aos explosivos diferentes

tempos de detonação. Eram conectados nos explosivos acessórios denominados brinéis,

responsáveis por interligar todos explosivos a apenas um fio central, denominado cordel. Este

cordel era levado até o exterior do túnel e conectado a uma caneta iniciadora responsável por iniciar

a detonação.

Por motivos de segurança, a partir do momento em que se iniciava o carregamento da frente

de serviço, o túnel era evacuado, permanecendo dentro dele apenas os profissionais responsáveis

por realizar o carregamento. Assim que o carregamento era concluído, o túnel era completamente

evacuado e a detonação era realizada do lado de fora do túnel com o auxílio de um cordel detonante

e uma caneta iniciadora. Antes que fosse iniciada a detonação era tocada uma sirene por três vezes

consecutivas a fim de alertar a vizinhança da obra.

3.4.4 LIMPEZA/CHOCO

Após a detonação eram necessários em torno de quarenta minutos de espera para que os

serviços dentro do túnel fossem retomados, isso porque após a detonação os explosivos emitem

gases tóxicos nocivos à saúde e que eram retirados do interior do túnel com o auxílio de um potente

ventilador.

Assim que estes gases eram expulsos do interior do túnel, era então iniciado o processo de

limpeza da frente de serviço, que após a detonação encontrava-se obstruída por grandes pedaços de

rocha como pode ser observado na figura a seguir.

Page 50: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

40

Figura 28: Frente de escavação após a detonação

Fonte: Autor, 2016

A retirada do material rochoso da frente de escavação era realizada com o auxílio de

escavadeiras e pá carregadeiras, responsáveis por colocar todo este material dentro de caminhões

caçamba que por sua vez realizavam o transporte do material para fora do túnel.

Após a limpeza da frente de escavação era iniciado então o processo de bate choco, processo

este que através do uso de rompedores pneumáticos consiste em soltar pedaços de rocha que se

encontram na iminência da queda, representando risco a execução dos serviços. Este processo é de

fundamental importância para a segurança da escavação e deve ser realizado por profissionais

capacitados. Na figura a seguir pode ser observado o processo de bate choco sendo realizado.

Page 51: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

41

Figura 29: Execução de bate choco

Fonte: Autor, 2016

Após a execução da limpeza da frente de escavação e da realização do bate choco, era

iniciada então a projeção do concreto para revestimento do túnel e a instalação dos elementos de

suporte, etapas que serão abordadas no item a seguir.

3.4.5 EXECUÇÃO DOS ELEMENTOS DE SUPORTE

3.4.5.1 CONCRETO PROJETADO

Após a detonação e a limpeza da frente de escavação era então iniciada a execução de

concreto projetado no revestimento do túnel. Para a execução do concreto projetado foi escolhida a

projeção via úmida, devido a algumas de suas vantagens como, a maior produtividade na projeção,

a menor perda por reflexão, a maior eficiência no uso de ar comprimido e a maior homogeneidade

do concreto.

A execução do revestimento do túnel foi feita por etapas. Inicialmente era realizada a

camada de regularização do revestimento, em seguida eram executadas a camada de revestimento

Page 52: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

42

primário e secundário de concreto projetado. As espessuras dessas camadas eram definidas de

acordo com a classificação do maciço rochoso, quanto melhores as qualidades do maciço menores

eram as camadas de concreto necessárias para sua estabilização.

Devido às boas propriedades estruturais, ao baixo custo e ao manuseio facilitado, foram

escolhidas para fazer parte da composição do concreto projetado de revestimento do túnel as fibras

de polietileno. As fibras eram adicionadas ao concreto pronto momentos antes à sua projeção. Na

figura a seguir pode ser observado o momento em que as fibras de plástico são adicionadas ao

concreto no interior do caminhão betoneira.

Figura 30: Adição de fibras de plástico ao concreto projetado

Fonte: Autor, 2016

O concreto utilizado na obra possuía fck igual a 30MPa e slump em torno de 21 centímetros.

Foram utilizados no preparo do concreto projetado o cimento CPV ARI RS como aglomerante, a

brita zero como agregado, e aditivos retardadores de pega e superplastificantes. Logo antes de se

iniciar a projeção do concreto, era adicionado junto ao bico de projeção o aditivo acelerador de pega

para que o concreto pudesse atingir altas resistências mais rapidamente.

Page 53: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

43

3.4.5.2 CAMBOTAS METÁLICAS

As cambotas metálicas foram utilizadas somente nos trechos onde foram encontrados

maciços rochosos com alto grau de alteração (classe IV e classe V), com a função de auxiliar no

suporte das cargas iniciais do terreno. Foram utilizadas nestes trechos cambotas metálicas treliçadas

montadas no próprio canteiro de obra. O projeto de armação das cambotas pode ser observado no

anexo V deste trabalho.

As cambotas metálicas somente eram instaladas após locação de seus “pés” e eixo por parte

da equipe de topografia. Na figura a seguir podem ser observadas três cambotas metálicas já

instaladas na seção do túnel.

Figura 31: Cambota metálica instalada

Fonte: Autor, 2016

Page 54: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

44

3.4.5.3 TELAS DE AÇO

As telas de aço assim como as cambotas metálicas também foram utilizadas somente nos

trechos onde foram encontrados maciços rochosos fracos (Classes III, IV e V). As telas foram

utilizadas em associação com o concreto projetado e tinham a função de auxiliar na capacidade de

suporte do mesmo. Nos trechos em que foram encontrados maciços rochosos mais resistentes, o uso

de fibras no concreto era suficiente para dar a capacidade de suporte necessária, anulando a

necessidade de telas de aço.

Nos trechos em que foram utilizadas cambotas metálicas as telas de aço eram amarradas na

mesma, já nos trechos em que as cambotas não foram necessárias, as telas foram instaladas com o

auxílio de grampos fixados no revestimento do túnel. Na figura a seguir podem ser observadas as

telas de aço já instaladas no revestimento do túnel.

Figura 32: Telas de aço aplicadas no revestimento do túnel

Fonte: Autor, 2016

Page 55: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

45

Existem no mercado variados tipos de telas de aço, com diferentes malhas, dimensões e

pesos. A tela de aço utilizada foi a Q 246 com malha 10cm x 10cm, espessura do fio com 5,6

milímetros e peso 3,91kg/m².

3.4.5.4 TIRANTES

Os tirantes foram utilizados em todo o trecho em rocha, porém suas quantidades e o

espaçamento entre eles foram determinados de acordo com a classificação do maciço. Nos trechos

em que a rocha possuía boa resistência, a quantidade de tirantes necessários para dar estabilidade ao

maciço era menor do que nos trechos em que a rocha possuía baixa resistência.

Os furos para a colocação dos tirantes foram feitos pelo jumbo (perfuratriz hidráulica) e sua

instalação feita com o auxílio de um martelo de coluna e de uma chave de impacto (figura 33),

responsáveis por inserir a barra de aço no furo e efetuar a mistura das resinas. Os tirantes eram

instalados após a execução de uma camada de regularização de concreto e não diretamente sob o

maciço. Após a execução dos tirantes eram realizados ensaios com o auxílio de um torquímetro para

que fossem averiguadas suas cargas de trabalho.

Figura 33: Instalação de tirantes

Fonte: Autor, 2016

Page 56: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

46

Foram utilizados na obra tirantes tipo ROCSOLO TC-5 com carga de trabalho de 10

toneladas e diâmetro de uma polegada. O comprimento dos tirantes era de três metros, sendo os dois

primeiros ancorados com resina pega lenta e o último ancorado com resina de pega rápida. No

anexo VI deste trabalho pode ser observado o projeto do tirante com mais detalhe.

3.5 SISMOGRAFIA

Como visto no item 2.3.5.4 a análise da sismografia é de fundamental importância para o

controle das vibrações causadas pelo uso de explosivos. As vibrações causadas pela detonação e o

deslocamento de ar podem causar danos às estruturas vizinhas com a ocorrência, por exemplo, de

vidros quebrados, paredes fissuradas e danos a estrutura de alguma edificação.

As vibrações devem respeitar limites estabelecidos por norma, tais limites variam de acordo

com as características das estruturas vizinhas á obra. No caso da obra em estudo, o túnel em rocha

passava logo abaixo de alguns trechos delicados como o Morro da Mangueira onde há a presença de

edificações com estruturas precárias e extremamente sensíveis as vibrações do terreno.

O controle e monitoramento das vibrações foram realizados através de um sismógrafo que

pode ser observado na figura a seguir.

Figura 34: Sismógrafo minimate plus

Fonte: usa.itmsoil.com/pages/Minimate+Plus,2016

Page 57: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

47

A partir das informações coletadas nestes equipamentos foi possível gerar relatórios com

informações como valores de pico da velocidade de vibração, de aceleração e de deslocamento de

partícula em três direções. Na figura a seguir pode ser observada parte de um relatório sismográfico

referente a uma das detonações ocorridas na obra. Em vermelho está destacado o valor de pico da

velocidade de partícula da detonação em questão, informação considerada como a que melhor

caracteriza o comportamento das vibrações no maciço.

Figura 35: Relatório sismográfico de detonação e explosivos

Fonte: Obra de desvio do rio Joana

Usualmente eram utilizados na obra dois aparelhos de sismografia, um deles posicionado

logo acima do eixo de túnel e o outro em algum ponto crítico dentro de um raio de influência

definido como de 50 metros. Na figura a seguir pode ser observada a abrangência do raio de

influência de uma das detonações ocorridas logo abaixo do Morro da Mangueira.

Page 58: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

48

Figura 36: Raio de influência da detonação

Fonte: Autor, 2016

Um dos pontos críticos do trajeto do túnel foi o trecho logo abaixo de uma edificação

abandonada que funcionava como uma antiga fábrica de botões e que pode ser observada na figura

37. Devido à situação em que se encontrava a edificação abandonada, foi tomada a decisão de se

alterar o plano de fogo no trecho em questão, para que houvesse uma redução nas vibrações

causadas pela detonação.

Figura 37: Edificação abandonada no trajeto do túnel

Fonte: Autor, 2016

Page 59: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

49

Mais especificamente, a modificação foi feita nos tempos de retardo dos furos do pilão. Essa

decisão foi fundamentada a partir da análise dos relatórios sismográficos anteriores, onde se

percebeu que as maiores velocidades de partícula estavam associadas aos menores tempos de

detonação, ou seja, nos furos do pilão.

Com a modificação feita nos tempos de retardo do pilão foi possível diminuir

consideravelmente os valores de pico das velocidades de partícula nas detonações, tornando mais

segura a escavação neste trecho e evitando maiores danos a edificação abandonada. Na figura a

seguir podem ser observados os pilões com os tempos de detonação antes do ajuste do plano de

fogo e depois.

Figura 38: Ajuste no plano de fogo

Fonte: Obra de Desvio do Rio Joana (Vallejos Engenharia LTDA, 2016)

3.6 INSTRUMENTAÇÃO

Como visto anteriormente no item 2.3.8 deste trabalho a instrumentação de um túnel tem por

objetivo monitorar as movimentações do maciço ao redor da escavação. Para fazer o controle das

movimentações no interior do túnel foram realizadas seções de convergência através de pinos de

recalque instalados na parede do túnel, cada seção contendo três pinos e espaçadas de cinco em

cinco metros. As leituras eram realizadas diariamente e documentadas em um relatório que pode ser

observado no anexo VII deste trabalho. Na figura a seguir pode ser observado um pino de recalque

da seção de convergência já instalado na parede do túnel.

Page 60: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

50

Figura 39: Pino de recalque da seção de convergência do túnel

Fonte: Franco, 2014

Para realizar o controle das movimentações na superfície do solo, foram executadas seções

de marcos superficiais espaçadas de cinco em cinco metros, cada seção contendo cinco marcos

conforme mostrado na figura a seguir.

Figura 40: Projeto de locação dos marcos superficiais

Fonte: Obra de Desvio do Rio Joana (Vallejos Engenharia LTDA, 2016)

Page 61: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

51

Para a execução dos marcos superficiais eram realizados furos na superfície do terreno

aonde eram inseridos tubos metálicos dotados de uma chapa de aço em sua base e uma cabeça

metálica em seu topo. Para garantir que as movimentações dos marcos superficiais fossem

exclusivamente originárias de recalques no solo e não houvesse nenhum tipo de dano externo no

mesmo, após colocação do tubo de aço, o furo era fechado com solo compactado, concreto e tampa

de proteção. Na figura a seguir podem ser observados os componentes de um marco superficial

utilizado na obra e um deles já instalado.

Figura 41: Marcos superficiais

Fonte: Obra de Desvio do Rio Joana (Vallejos Engenharia LTDA, 2016)

Toda a instrumentação executada na obra teve suas coordenadas e cotas cadastradas e

atualizadas na planta de locação do túnel. O monitoramento dos instrumentos foi iniciado antes da

ocorrência dos efeitos das escavações, e as leituras foram feitas diariamente em tabelas e gráficos

em função do tempo e do avanço do túnel.

Page 62: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

52

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O intenso crescimento das grandes cidades, a falta de espaço na superfície e sua crescente

valorização, vêm provocando um aumento da demanda por passagens subterrâneas no Brasil e em

outros países. Seja para servir como alternativa para o sistema de transporte (rodoviário ou

metroviário), para o sistema de abastecimento de água, de tratamento de esgoto, ou de drenagem

urbana, os túneis vêm sendo adotados como a melhor solução para a falta de espaço na superfície

das grandes cidades.

Apesar de serem um dos mais antigos tipos de construção já realizados pelo homem, o

domínio dos conhecimentos técnicos e teóricos em relação ao comportamento do solo e de sua

interação com a estrutura dos túneis é relativamente recente. Até pouco tempo atrás, quando não se

tinham conhecimentos geológicos e geotécnicos adequados, eram comuns a ocorrência de acidentes

neste tipo de obra, tornando de alto grau de risco qualquer obra de execução de túnel. Com o

aumento da demanda por obras subterrâneas, estudos foram desenvolvidos e tecnologias foram

criadas, tornando possível a execução de escavações de forma segura e eficiente.

Hoje em dia existem diversas metodologias sendo aplicadas na execução de túneis ao redor

do mundo. Seja pelo baixo custo em relação ao método mecanizado ou pela menor interferência na

superfície em relação aos métodos destrutivos, em diversas situações o método NATM é escolhido

como a melhor solução para a execução dos túneis. Tendo em vista as vantagens do método NATM

e sua crescente utilização no cenário atual, é fundamental que se conheçam os conceitos, etapas

construtivas e tecnologias associadas à sua execução.

Além da importância dada à execução da escavação do túnel em si, o presente trabalho

conclui que o sucesso de um projeto de túnel pelo método NATM está diretamente ligado a uma

investigação geológica bem feita. A partir das sondagens pode ser elaborado o traçado ideal que

auxilie na redução de custos e do prazo da obra. O conhecimento da classificação dos maciços

também será importante para a elaboração de custos precisos já que a partir dela serão definidos

alguns parâmetros como espessura do revestimento do túnel e os elementos de suporte que serão

utilizados.

Também foi mostrada neste trabalho a importância da execução de tratamentos preliminares

antes da escavação de um túnel. Estes tratamentos dão sustentação ao maciço e são utilizados

Page 63: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

53

principalmente em maciços rochosos fracos com alto grau de alteração e baixa capacidade de

suporte. Se bem executados, os tratamentos preliminares além de facilitarem os serviços de

escavação, aumentam a segurança da obra, evitando os frequentes desplacamentos e

desmoronamentos na frente de escavação.

Em relação aos elementos de suporte, algumas conclusões técnicas puderam ser observadas

como: as vantagens da utilização das fibras de concreto em substituição as telas de aço; as

vantagens ao se utilizarem fibras de plástico em detrimento da fibra de aço devido ao baixo custo e

maior resistência ao fogo; e da utilização de cambotas metálicas e telas de aço somente em trechos

com maciço rochoso fraco e muito alterado.

Este trabalho apresenta também a importância dos mecanismos de controle de execução do

método, como é o caso das instrumentações usadas na medição das movimentações do terreno, e da

sismografia responsável pelo controle das vibrações. Sem esses controles os riscos são altos e a

possibilidade de acidentes é iminente. A partir da correta leitura destes controles, atitudes podem ser

tomadas como, por exemplo, a redução dos avanços na escavação do túnel e a utilização de outros

elementos de suporte em sua sustentação.

Por fim o trabalho conclui que, devido às vantagens do método NATM diante de outros

métodos como o mecanizado e o destrutivo, sua execução foi a solução ideal encontrada para a

escavação do túnel responsável por desviar parte da vazão do Rio Joana e ajudar assim na

contenção de enchentes na região da Grande Tijuca no Rio de janeiro.

4.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

O presente trabalho teve por objetivo apresentar o método NATM de execução de túneis em

rocha. Sugere-se para outros trabalhos, o estudo detalhado da execução de túneis em solo,

comparando os equipamentos necessários em cada caso, os variados elementos de suporte utilizados

e a diferente mão de obra necessária para realizar os serviços.

Tendo em vista a importância destacada neste trabalho das investigações geológicas no

sucesso das obras, sugere-se também para trabalhos futuros o estudo das rochas. As rochas possuem

variadas propriedades como: dobras; foliações; fraturas; e falhas. Muitos profissionais de túnel

Page 64: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

54

apesar de possuírem vasto conhecimento na área de execução, muitas vezes não possuem

conhecimento adequado da classificação dos maciços rochosos, causando prejuízos à obra.

Seria importante também um estudo mais aprofundado sobre o comportamento, a execução

e a eficiência dos variados tipos de tratamento de solo existentes. É comum em obras de túneis que

a execução dos tratamentos preliminares fique sob responsabilidade de empresas terceirizadas,

ficando o engenheiro responsável pela obra fora do processo de tomada de decisões.

O método NATM na sua execução de túnel em rocha utiliza de explosivos para a escavação

do maciço, por esse motivo uma interessante sugestão para trabalhos futuros é o estudo do

funcionamento dos explosivos e da elaboração de planos de fogo. Estes estudos são importantes

para a execução de detonações cada vez mais eficientes e com o menor impacto possível no maciço.

Por lidar com o imprevisível, obras subterrâneas costumam ter um elevado número de

acidentes, por isso uma importante sugestão para trabalhos futuros é o estudo das práticas de

segurança inerentes a obras deste tipo. Além disso, também é de fundamental importância o estudo

dos procedimentos de qualidade inerentes a estas obras.

O concreto projetado é item fundamental no método NATM e merece ser estudado de forma

mais aprofundada. Questões como a utilização de aditivos e fibras irão influenciar diretamente no

comportamento do concreto e na sua interação com o maciço escavado, portanto o conhecimento de

suas propriedades não pode ser deixado de lado.

Finalmente sugere-se o estudo de outros métodos como o método mecanizado e o destrutivo,

comparando custos, prazos de execução e interferências na superfície. A partir do domínio do

processo executivo de cada método, de suas vantagens e de suas desvantagens, será possível a

escolha da solução ideal para cada caso.

Page 65: aplicação do método natm na execução de túnel em rocha

55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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em: Março de 2016.

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ANEXOS

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ANEXO I: PERFIL GEOTÉCNICO/SONDAGENS

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ANEXO II: PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS

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ANEXO III: PROJETO DE ENFILAGENS

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ANEXO IV: PLANO DE FOGO

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ANEXO V: PROJETO DE ARMAÇÃO DA CAMBOTA

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ANEXO VI: PROJETO DE TIRANTE

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ANEXO VII: RELATÓRIO DE INSTRUMENTAÇÃO