APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS BÁSICAS E GERENCIAIS DE …
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CLARISSA DALIA DE AZEVEDO
APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS BÁSICAS E
GERENCIAIS DE QUALIDADE EM PROJETOS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso MBA em Gerenciamento de Projetos, de Pós-Graduação lato sensu, Nível de Especialização, da FGV/IDE como pré-requisito para a obtenção do título de Especialista.
Orientador: Danielle Barbosa Paoliello
RECIFE – PERNAMBUCO
2019
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
PROGRAMA FGV MANAGEMENT
MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS
O Trabalho de Conclusão de Curso
Aplicação de Ferramentas Básicas e Gerenciais de Qualidade em Projetos de
Construção Civil
elaborado por Clarissa Dalia de Azevedo
e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gerenciamento
de Projetos, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do
curso de pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV
Management.
Recife, 07 de junho de 2019.
André Barcaui
Coordenador Acadêmico Executivo
Danielle Barbosa Paoliello
Orientador
TERMO DE COMPROMISSO
A aluna Clarissa Dalia de Azevedo, abaixo assinado, do curso de MBA em
Gerenciamento de Projetos, Turma PJ 27 do Programa FGV Management,
realizado nas dependências da FGV Nova Roma, no período de junho de 2017
a maio de 2019, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso
intitulado Aplicação de Ferramentas Básicas e Gerenciais de Qualidade em
Projetos de Construção Civil é autêntico, original e de sua autoria exclusiva.
Recife, 07 de junho de 2019.
Clarissa Dalia de Azevedo
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1 - Exemplo de folha de verificação ...................................................... 13
Figura 2 - Exemplo de Diagrama de Pareto ..................................................... 15
Figura 3 - Exemplo de diagrama de Ishikawa .................................................. 16
Figura 4 - Exemplo de histograma ................................................................... 17
Figura 5 - Exemplo de correlação positiva em gráfico de dispersão ................ 18
Figura 6 - Exemplo de correlação negativa em gráfico de dispersão ............... 19
Figura 7 - Exemplo de não correlação em gráfico de dispersão ...................... 19
Figura 8 - Gráfico para elaboração de gráfico de controle ............................... 20
Figura 9 - Exemplo do gráfico de controle ........................................................ 21
Figura 10 - Exemplo de fluxograma ................................................................. 22
Figura 11 - Símbolos utilizados em fluxogramas .............................................. 23
Figura 12- Exemplo de diagrama de relações .................................................. 25
Figura 13 - Exemplo de diagrama de afinidades .............................................. 28
Figura 14 - Exemplo de diagrama sistêmico .................................................... 30
Figura 15 - Exemplo de diagrama de matriz..................................................... 32
Figura 16 - Exemplo de matriz de priorização .................................................. 32
Figura 17 - Exemplo de PDPC ......................................................................... 34
Figura 18 - Exemplo de diagrama de setas ...................................................... 37
Figura 19 - Fluxograma para o processo de assistência técnica de projetos ... 42
Figura 20 - Análise de Causa-Raiz para problema relatado em projeto da
Empresa ........................................................................................................... 44
Figura 21 - Aplicação de gráfico de Pareto ...................................................... 48
Figura 22 - Aplicação de histograma de recursos ............................................ 50
Figura 23 - Aplicação de diagrama de Ishikawa ............................................... 51
Figura 24 - Aplicação de diagrama de árvore................................................... 53
Figura 25 - Correlação da produtividade de assentamento de cerâmicas com a
pluviometria ...................................................................................................... 56
Figura 26 - Correlação produtividade de execução de alvenaria com
pluviometria ...................................................................................................... 57
Figura 27 - Aplicação de PDPC ........................................................................ 59
Figura 28 - Aplicação de diagrama de relações ............................................... 60
Tabela 1 - Indicadores e metas utilizados relacionados ao desempenho de
projetos ............................................................................................................ 40
Tabela 2 - Exemplo de FOS utilizada nos projetos da Empresa ...................... 43
Tabela 3 - Aplicação de diagrama de matriz em um projeto da Empresa ........ 44
Tabela 4 - Comparação de produtividade medida com orçada ........................ 46
Tabela 5 - Aplicação de matriz de priorização.................................................. 61
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 8
2.1. Gestão da qualidade ........................................................................... 8
2.2. Gestão da qualidade em projetos ...................................................... 9
2.3. Ferramentas da qualidade ................................................................ 11
2.3.1. Folhas de Verificação ................................................................... 12
2.3.2. Diagrama de Pareto ...................................................................... 14
2.3.3. Diagrama de Ishikawa .................................................................. 15
2.3.4. Histograma ................................................................................... 17
2.3.5. Diagrama de Dispersão ................................................................ 18
2.3.6. Gráfico de Controle ....................................................................... 19
2.3.7. Fluxograma ................................................................................... 21
2.3.8. Diagrama de Relações ................................................................. 23
2.3.9. Diagrama de Afinidade ................................................................. 27
2.3.10. Diagrama Sistêmico ...................................................................... 28
2.3.11. Diagrama Matriz ........................................................................... 31
2.3.12. Matriz de Piorização ..................................................................... 32
2.3.13. PDPC ............................................................................................ 33
2.3.14. Diagrama de Seta ......................................................................... 35
2.4. Projetos de construção civil ............................................................ 38
3. METODOLOGIA ........................................................................................ 39
3.1. Descrição da empresa ...................................................................... 39
3.1.1. Diagnóstico da Gestão da Qualidade na Empresa ....................... 39
3.1.2. Análise de pontos de melhoria ..................................................... 45
4. PROPOSTA DE MELHORIA ..................................................................... 48
5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 63
6
1. INTRODUÇÃO
A Gestão da Qualidade atualmente possui papel estratégico nas
empresas, pois se preocupa em adequar o produto às necessidades dos
clientes, mantendo a eficiência do processo (PALADINI, 2004). Estes dois
objetivos são bastante almejados pela indústria da construção civil.
Os projetos de construção civil são caros, complexos, longos, demandam
definição assertiva do escopo e apresentam custos altíssimos para reparos de
defeitos (ASHFORD, 2013; RUMANE, 2013). Assim, este trabalho busca estudar
a aplicação das ferramentas da Gestão da Qualidade a projetos da construção
civil.
As ferramentas da qualidade já são utilizadas em gerenciamentos de
projetos (PMI, 2017), logo, podem ser aplicadas à projetos de construção civil.
Este trabalho busca analisar e viabilizar desta aplicação, propondo melhorias e
avaliando os seus impactos no desempenho dos projetos.
A pergunta problema do presente trabalho é: Como aplicar as ferramentas
de qualidade em projetos de construção civil de maneira viável, eficiente e
eficaz?
O objetivo final desta pesquisa é identificar as ferramentas básicas e
gerenciais de gestão da qualidade em projetos que podem ser aplicadas à
projetos da construção civil, propondo melhoria no uso das mesmas. Para tanto
foram definidos os seguintes objetivos específicos:
- Proceder à revisão de literatura sobre gerenciamento da qualidade em
projetos;
- Analisar o uso das ferramentas de qualidade em projetos da Empresa;
- Analisar os possíveis impactos da aplicação das ferramentas de
qualidade no desempenho de projetos de construção civil.
A metodologia utilizada na atual pesquisa é pesquisa bibliográfica e
documental.
O capítulo 2 aborda a revisão de literatura sobre a gestão de qualidade
em projetos, dando ênfase às ferramentas de qualidade. Foram estudados seus
objetivos, suas aplicações e o procedimento para construí-las. O capítulo 3
7
apresenta a Empresa que serviu como estudo de caso, analisando a verificação
de pontos de melhoria e problemas encontrados na gestão da qualidade em
projetos. Então, algumas ferramentas foram apresentadas como solução para a
Empresa estudada.
8
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Gestão da qualidade
Qualidade é uma palavra de domínio público e uso comum, portanto, a
maioria das pessoas atribui um significado para esta palavra. Entretanto, este
significado nem sempre está correto (PALADINI, 2004). As diferentes
interpretações para este termo podem gerar ambiguidade e confusão dentro das
organizações.
Para que a qualidade assuma um papel estratégico, é importante garantir
o bom entendimento da palavra (GARVIN, 1992). A qualidade pode ser definida
conforme cinco abordagens: a transcendente, a baseada no produto, a baseada
no usuário, a baseada na produção e a baseada no valor.
A abordagem transcendental define qualidade como “excelência inata”,
relacionando a qualidade à experiência que o produto proporciona. De forma
oposta, a abordagem baseada no produto define qualidade como uma variável
precisa e mensurável, ou seja, a qualidade está relacionada às quantidades de
recursos e componentes presentes nos produtos.
Por um lado, mais subjetiva, a abordagem baseada no usuário define
qualidade como “adequação ao uso”, levando em consideração que cada
indivíduo possui suas próprias necessidades e preferências. A visão de
qualidade baseada na produção considera qualidade a conformação com as
especificações. A abordagem baseada no valor relaciona o produto a seu preço,
considerando um produto de qualidade aquele que oferece desempenho ou
conformidade a um custo aceitável (GARVIN, 1992).
A atuação da Gestão da Qualidade possui uma vasta história, passando
por um processo evolutivo. A Gestão da Qualidade, que um dia se tratou
simplesmente da inspeção de produtos acabados, passou a priorizar o processo
produtivo e conformidade. A aplicação de conceitos estatísticos à qualidade
causou um novo salto em seu conceito (CARVALHO; PALADINI, 2005).
A Gestão da Qualidade também passou a incorporar a participação de
todos os trabalhadores e da alta gerência, o conhecimento das necessidades
dos clientes e o conceito de melhoria contínua (CARVALHO; PALADINI, 2005).
9
A Gestão da Qualidade, atualmente, possui um conceito abrangente e
dinâmico, inserido no mercado, garantindo vantagem estratégica, pois visa a
adequação do produto ao cliente (PALADINI, 2004). A qualidade, assim, está
inserida de modo estratégico, em um modelo em que se consideram os aspectos
fundamentais da sobrevivência das organizações (CARVALHO; PALADINI,
2005).
Devido à posição estratégica e abrangente a todos os setores e funções
de uma organização, a Gestão da Qualidade precisa ser iniciada nos cargos
mais altos da empresa. Os principais diretores e gerentes são os responsáveis
por direcionar e estender a qualidade nas organizações (OAKLAND, 2014).
Assim, a alta administração da empresa deve elaborar a política da qualidade,
que assegura o compromisso da empresa com a satisfação dos clientes e com
a melhoria contínua, de acordo com a filosofia da organização (PEKAR, 1995).
A política da qualidade é, portanto, o ponto de partida do planejamento da
qualidade, necessário para o posicionamento estratégico da qualidade
(PALADINI, 2004).
2.2. Gestão da qualidade em projetos
Projetos são empreendimentos temporários com objetivo de criar
serviços, produtos ou resultados únicos (PMI, 2017). O gerenciamento de
projetos envolve a aplicação de técnicas e ferramentas para garantir o uso
eficiente de recursos escassos e criar um produto único com restrições de tempo,
custo e qualidade (OLSEN, 1971).
O gerenciamento de projetos contribui com a melhoria de resultados em
questão de custo, prazos, escopo e qualidade. Além disso, o gerenciamento de
projetos facilita eventuais mudanças e a elaboração de estimativas para projetos
futuros (VALLE et al., 2014). A Gestão da Qualidade em Projetos contempla a
combinação de dois campos de conhecimento: a Gestão da Qualidade e o
Gerenciamento de Projetos (PETRICK; KLOPPENBORG, 2002).
Respeitando a definição atual de qualidade, a Gestão da Qualidade em
Projetos busca o atendimento das necessidades dos stakeholders, aplicando a
política de qualidade da empresa para planejar, gerenciar e controlar a qualidade
do projeto e do produto (PMI, 2017). Assim, esta disciplina abrange dois
10
aspectos: a qualidade do gerenciamento do projeto e a qualidade do produto do
projeto (VALLE et al., 2014).
A qualidade em projetos também desempenha um papel estratégico,
garantido a satisfação do cliente, externo ou interno, e contribuindo com a
melhoria de processos do projeto. A Gestão da Qualidade em Projetos deve
proporcionar melhoria no contexto organizacional, reduzindo custo de produção
e registrando dados e tendências, através do uso de metodologias e
ferramentas. Portanto, a Gestão da Qualidade em Projetos deve ser estruturada
de modo responsivo às tendências e mudanças no cenário (PETRICK;
KLOPPENBORG, 2002).
O registro e a documentação de dados são essenciais, pois facilitam a
percepção de rotinas de processos em projetos, apesar de sua natureza única,
contribuindo com a melhoria de processos e com a estimativa de linhas de base
em projetos futuros (PRIES; QUIGLEY, 2013).
Segundo o PMI (2017), a Gestão da Qualidade em Projetos é realizada
por meio de três processos: planejar o gerenciamento da qualidade, gerenciar a
qualidade e controlar a qualidade. No primeiro processo, são definidos os
balizadores da qualidade no projeto, estabelecendo os meios e metodologias
para avaliar o andamento do projeto (ROCHA et al., 2014).
O planejamento da qualidade em um projeto deve incorporar a política da
qualidade da organização e considerar os stakeholders, possivelmente
priorizando-os (ROSE, 2005). Ao planejar o gerenciamento de qualidade, a
organização deve ser considerada como um todo, sendo relevantes fatores
ambientais e os valores e documentos da empresa (PMI, 2017).
Para elaborar um planejamento efetivo, é necessário o levantamento de
dados, especialmente a respeito dos custos da qualidade, que podem ser
divididos em custos de prevenção de defeitos e custos para consertar defeitos
(PMI, 2017). De acordo com os dados levantados, os fatores da qualidade do
projeto devem ser priorizados, e então representados (PMI, 2017).
O processo gerenciar a qualidade se trata de executar o planejamento da
qualidade, identificando processos ineficientes e causas da má qualidade. Os
dados devem ser levantados, analisados e representados neste processo, de
modo que o desempenho da qualidade no projeto seja mensurado, sejam
11
gerados relatórios e realizadas solicitações de mudanças, caso necessário (PMI,
2017).
O controle da qualidade deve assegurar a conformidade do projeto com
as especificações, tomando medidas corretivas, caso necessário (PETRICK;
KLOPPENBORG, 2002).
2.3. Ferramentas da qualidade
As ferramentas da qualidade possibilitam a investigação de defeitos e
análise de suas causas, contribuindo com a redução de custos operacionais,
pois auxiliam o levantamento de informações e a análise sistêmica destas
informações. As ferramentas da qualidade, assim, atuam na identificação de
causas de defeitos e de possibilidades de melhorias (LINS, 1993).
Observa-se que as empresas que fazem uso de ferramentas da qualidade
mais extensamente apresentam melhor resultado de melhoria contínua,
concluindo que o uso de ferramentas é necessário para a melhoria contínua
(TARÍ; SABATER, 2003). As ferramentas são instrumentos com função definida,
que podem ser usadas em conjuntos, para alcançar objetivos mais brandos.
Neste caso, as ferramentas compõem as técnicas (TARÍ; SABATER, 2003).
As ferramentas da qualidade podem ser utilizadas durante o planejamento
da qualidade, para levantamento de dados ou para a análise crítica de
informações (DAHLGAARD; KRISTENSEN; KANJI, 2007). As ferramentas
gerenciais da qualidade surgiram posteriormente para complementar as
ferramentas básicas. Estas novas ferramentas, em geral, tratam os dados de
forma qualitativa, auxiliando a organização na análise de uma grande quantidade
de dados, criando hipóteses, relacionando elementos e estabelecendo
prioridades (DAHLGAARD; KRISTENSEN; KANJI, 2007).
As ferramentas gerenciais funcionam melhor quando trabalhadas em
níveis gerenciais e alta direção e para problemas não-estruturados (MIZUNO,
1993).
12
2.3.1. Folhas de Verificação
As folhas de verificação são formulários simples usados para facilitar a
coleta dos dados de forma padronizada e organizada. Elas já estão em formatos
prontos, contento os itens com as informações necessárias, permitindo uma
rápida percepção da realidade e uma imediata interpretação da situação (PRIES;
QUIGLEY, 2013).
Geralmente, a folha de verificação é a primeira ferramenta que possibilita
a determinação de um defeito em uma linha de produção, determinando a causa
de sua ocorrência, onde está localizado, como e quantas vezes ele ocorre. Elas
podem ser usadas para checar processos de produção, verificar, contar e
investigar aspectos dos itens defeituosos (MEIRELES, 2001).
Para elaborar uma folha de verificação deve-se primeiro estabelecer
exatamente o evento que vai ser estudado e os objetivos da coleta, para com
isto, identificar quais os dados necessários. Deverão ser definidos o tamanho da
amostra, a frequência com que serão coletados (diária, semanal ou mensal),
como e quando serão coletados (qual método será utilizado).
O formulário deve ser claro e de fácil manuseio, com as colunas
claramente tituladas, identificando se serão usados números, valores ou
símbolos, e com espaço suficiente para o registro dos dados. Deve ter ainda o
campo de identificação da pessoa responsável pelo preenchimento do
formulário. Antes da utilização da lista de verificação, é indicado que se faça um
pré-teste, para verificar se todos os dados necessários para análise estão na
lista (ROSE, 2005).
A equipe da coleta deve ser instruída quanto ao preenchimento do
formulário e uso dos equipamentos de medição. Estes devem ser aferidos.
É importante mostrar a importância da coleta para todas as pessoas
envolvidas, tanto as que vão fazer a coleta como as que trabalham na linha de
produção. Todas as pessoas envolvidas devem estar cientes que serão
realizadas medições e que eles devem realizar as operações da mesma forma
que são realizadas no dia a dia, para que seja possível fazer uma coleta de dados
que descreva o processo como ele realmente acontece (MEIRELES, 2001).
Existem vários tipos de folhas de verificação (COUTINHO, 2018):
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- Distribuição do Processo de Produção – é utilizada quando se quer
coletar dados de amostras da produção, para verificação de especificações e
variações em produtos.
- Verificação de Itens Defeituosos – é utilizado os tipos e a frequência em
que os defeitos ocorrem.
- Localização de Defeito – é utilizada para localizar exatamente onde
estão os defeitos, tais como manchas, sujeiras, riscos, pintas, bolhas etc.
- Causas de Defeitos – é utilizada para investigar as causas dos defeitos.
A folha de verificação é uma ferramenta básica, com muitas informações,
que se relaciona com a maioria das ferramentas, possibilitando a elaboração de
instrumentos necessários para identificação, análise e soluções dos problemas.
Tem como desvantagem a demora na coleta de dados (COUTINHO, 2018) A
figura 1 apresenta um exemplo do uso da folha de verificação.
Figura 1 - Exemplo de folha de verificação
Fonte: Meireles, 2001.
14
2.3.2. Diagrama de Pareto
O Diagrama de Pareto é composto por um gráfico de barras que ordena
as frequências das ocorrências dos problemas em ordem decrescente. Foi
desenvolvido por Joseph Moses Juran, consultor de qualidade, que observou
que poucos fatores seriam responsáveis pela maioria dos problemas (ROSE,
2005).
Juran se baseou nos estudos do economista e sociólogo Pareto, que
afirma que 80% dos problemas são ocasionados por 20% das causas, ou seja,
são poucas causas que originam a maioria dos problemas (SALES, 2013).
Os Diagramas de Pareto podem ser usados para identificar, detalhar e
encontrar as causas dos problemas, tais como operador, máquina, matéria-
prima, dentre outras, bem como possibilita identificar as causas que são
responsáveis pelos maiores problemas. O diagrama possibilita a análise para a
priorização de ações que tragam melhores resultados. Verifica a situação, após
a implementação das ações de melhoria (SELEME; STADLER, 2012).
Para elaborar o Diagrama de Pareto deve-se inicialmente identificar o que
vai ser analisado e em seguida coletar os dados (Folha de Verificação). Os dados
devem ser reunidos dentro de cada categoria. Em seguida, deve-se realizar os
cálculos dos percentuais (%) e percentual acumulado (%acc). Sugere-se a
elaboração de um eixo horizontal e dois eixos verticais (GRAEML; PEINADO,
2007).
Em seguida, deve-se listar no eixo horizontal os motivos do problema em
ordem decrescente de frequência da esquerda para a direita. Os itens de menos
importância devem ser colocados juntos dentro da categoria “Outros”. No eixo
vertical da direita, fazer uma escala de 0 a 100%, informando o valor percentual
acumulado. No eixo vertical da esquerda, uma escala de 0 até o valor total da
amostra (GRAEML; PEINADO, 2007). A figura 2 exemplifica um Diagrama de
Pareto.
15
Figura 2 - Exemplo de Diagrama de Pareto
Fonte: Wilkinson, 2006.
Da análise do Diagrama de Pareto, pode-se visualizar 80% dos problemas
mais representativos, o que facilita o direcionamento dos esforços, permitindo ao
gerente conseguir bons resultados com poucas ações. O diagrama pode ser
usado por muito tempo, possibilitando um processo de melhoria contínuo na
empresa. No entanto, pode existir uma tendência a deixar os 20% em segundo
plano, dificultando a obtenção de Qualidade 100% (WILKINSON, 2006).
2.3.3. Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Causa e Efeito é utilizado para descobrir a relação entre
um efeito e as causas que estão provocando este efeito, proporcionando uma
melhor visualização. Foi aplicado inicialmente no Japão. Esta ferramenta permite
descobrir, organizar e resumir conhecimentos de um grupo a respeito das
possíveis causas que contribuem para um determinado efeito (SELEME;
STADLER, 2012).
A utilização deste diagrama permite que cada membro da equipe localize
seu ponto de vista em um contexto mais amplo, sendo também possível
16
identificar o mecanismo de interação entre vários fatores e o problema abordado
(ROSE, 2005).
No Diagrama de Causa e Efeito, podem ser relacionadas as causa e sub-
causas (secundárias, terciárias etc.), sobre um efeito ou problema. Para elaborar
o Diagrama deve-se definir o problema (efeito) e colher as sugestões
(Brainstorming) das pessoas envolvidas no processo. Classificar as causas
encontradas no Brainstorming em “famílias ou categorias de causas”, que devem
ser escritas dentro de retângulos ligados diretamente ao eixo horizontal do
diagrama (GRAEML; PEINADO, 2007).
Uma família de causas amplamente utilizada é conhecida como 6M, que
inclui máquina, medida, meio ambiente, mão de obra, método, matéria-prima
(GRAEML; PEINADO, 2007). Escrever as sub-causas conforme indicado na
figura abaixo:
Figura 3 - Exemplo de diagrama de Ishikawa
Fonte: Marcondes, 2016.
O uso do Diagrama de Causa e Efeito, permite uma ampla visão de todas
as variáveis que interferem no bom andamento do processo, o que ajuda a
identificar as causas, resultando em ações adequadas para a solução do
problema e evitando ações e gastos desnecessários. O diagrama é limitado a
solução de um determinado problema.
17
2.3.4. Histograma
O histograma é uma ferramenta estatística da qualidade e é usado para
mostrar a variação em um processo em determinado período. Esta ferramenta
apresenta os dados numéricos de forma mais simples, do que inseridos em
grandes tabelas ou relatórios numéricos. Com ele pode-se verificar a frequência
de vezes que as saídas de um processo estão padronizadas, atendendo aos
requisitos estabelecidos e qual a variação que elas sofrem (BANAS, 2012).
O histograma é um gráfico de barras que representa grande quantidade
de dados da mesma categoria no intervalo analisado, por isso, sem espaço entre
as barras. Permite também a verificação de tendência à normalidade de dados
(BANAS, 2012).
Para fazer um histograma, deve-se identificar a saída do processo a ser
determinado qual o padrão que deve ter. Em seguida, faz-se a coleta dos dados.
Deve ser determinada a amplitude, que é a diferença entre o maior e o menor
valor dentro da amostra. São determinados, então, os intervalos e limites com a
função de dividir o intervalo de dados em intervalos iguais para calcular a
frequência de cada intervalo (TAGUE, 2005).
O número de intervalos depende da quantidade de dados coletados. Os
intervalos constituem o eixo horizontal do gráfico, conforme exemplificado na
figura 4. Após a determinação das frequências, que são plotadas no eixo vertical,
é desenhado o histograma (TAGUE, 2005).
Figura 4 - Exemplo de histograma
Fonte: Dahlgaard; Kristensen; Kanji, 2007.
18
Uma desvantagem do histograma é a ausência da visualização da
variação de dados com o tempo. O histograma também pode perder sua utilidade
caso a variação de dados seja resultado de duas distribuições distintas
(DAHLGAARD; KRISTENSEN; KANJI, 2007).
2.3.5. Diagrama de Dispersão
O Diagrama de Dispersão é usado para analisar a relação entre variáveis
e em que intensidade a mudança de um dado impacta o outro. Mostra o que
acontece com uma variável quando a outra muda, para testar possíveis relações
de causa e efeito. Para usar o Diagrama de Dispersão é preciso entender a
causa e o efeito que se deseja descobrir a correlação, ou seja, é a etapa seguinte
do Diagrama de Causa e Efeito. Com ele, pode-se avaliar se as ações positivas
apresentaram bons resultados (DIONISIO, 2018).
A relação entre as variáveis se chama correlação, que pose ser positiva,
negativa ou nula.
- Correlação positiva: quando há uma aglomeração dos pontos em
tendência crescente.
Figura 5 - Exemplo de correlação positiva em gráfico de dispersão
Fonte: Feitosa; Vasconcelos, 2016.
- Correlação negativa: quando há uma aglomeração dos pontos em
tendência decrescente.
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Figura 6 - Exemplo de correlação negativa em gráfico de dispersão
Fonte: Feitosa; Vasconcelos, 2016.
- Correlação nula – quando há uma grande dispersão entre os pontos,
indicando que não há nenhuma correlação aparente entre as variáveis.
Figura 7 - Exemplo de não correlação em gráfico de dispersão
Fonte: Feitosa; Vasconcelos, 2016.
Para construir o Diagrama de Dispersão deve-se selecionar a causa e o
efeito dos quais se deseja descobrir a relação; depois coletar os dados sob forma
de par ordenado (Folha de Verificação); desenhar os dois eixos do gráfico e
colocar a variável dependente no eixo vertical e a independente no eixo
horizontal; desenhar um ponto para cada uma das ocorrências dos dados e por
fim, verificar a disposição dos pontos para identificar se há correlação (SELEME;
STADLER, 2012).
2.3.6. Gráfico de Controle
Os gráficos de controle são usados para verificar se o processo está sob
controle, dentro dos limites estabelecidos. Tem como objetivo monitorar uma
determinada atividade ou processo contínuo a fim de descobrir algum desvio ou
variação desta atividade ou processo. Com eles pode-se avaliar, acompanhar e
20
manter a estabilidade do processo, além de prevenir defeitos, evitar
desperdícios, eliminar o que compromete a eficiência e reduzir custos
(LYONNET, 1991).
Para construir um Gráfico de Controle deve-se coletar os dados (Folha de
Verificação); calcular os parâmetros estatísticos de cada tipo de gráfico (valor
médio, média total, dispersão, média da dispersão, linhas de controle, fração
defeituosa, número de não conformidade, número de não conformidade com
variação U); desenhar as linhas de controle; plotar as médias das amostras nos
gráficos e por fim, verificar se os pontos estão dentro ou fora dos limites
estabelecidos (TAGUE, 2005).
Figura 8 - Gráfico para elaboração de gráfico de controle
Fonte: Blog Gestão Da Qualidade da Hadrion, 2017.
No acompanhamento de uma atividade ou processo, pode-se encontrar 2
tipos de variação:
- Causas comuns, que são inerentes ao processo e vêm de várias fontes
de pequenas variações. Ficam dentro do limite de controle. São mais difíceis de
eliminar, pois requerem o conhecimento e análise de todo o processo de
mudança: procedimentos, pessoas, padrões etc.
-Causas Especiais, que são variações que surgem ocasionalmente no
processo no processo. Ficam fora dos limites de controle. A eliminação está
geralmente relacionada à execução das atividades daquele processo. Uma vez
identificada, deve ser eliminada, bem como deve-se prevenir a reincidência da
mesma causa em ação preventiva.
21
Figura 9 - Exemplo do gráfico de controle
Fonte: Diniz, 2019.
Os Gráficos de Controle mostram tendência, ao longo do tempo, de um
determinado processo. Têm que ser atualizados, conforme o período mostrado
no gráfico (LYONNET, 1991).
2.3.7. Fluxograma
O fluxograma é a representação gráfica de uma sequência e interação
das etapas de um processo, por meios de símbolos gráficos. Os símbolos
proporcionam uma melhor visualização do funcionamento do processo,
ajudando seu entendimento e tornando a descrição do processo mais visual e
intuitiva. Permite um entendimento de forma rápida do funcionamento para todos
os membros do grupo. O fluxograma é uma ferramenta eficaz para o
planejamento e solução de problemas (TAGUE, 2005).
É usado para identificar o fluxo atual ou ideal no acompanhamento de
qualquer produto ou serviço com o objetivo de identificar desvios, falhas, bem
como verificar os vários passos do processo e se estão relacionados entre si. Na
definição do projeto pode ser utilizado para identificar as oportunidades de
mudanças e nas definições de limites (OAKLAND, 1994).
Para construir um fluxograma é necessário conhecer o processo,
identificando o início e o fim. Também é necessário conhecer a simbologia
adequada; documentar cada etapa do processo, registrando as atividades,
22
decisões e documentos. A figura 10 exemplifica o uso de um fluxograma e a
figura 11 apresenta alguns símbolos comumente utilizados nesta ferramenta.
Figura 10 - Exemplo de fluxograma
Fonte: Tague, 2005.
23
Figura 11 - Símbolos utilizados em fluxogramas
Fonte: Martins, 2012.
A existência de fluxogramas para cada processo é fundamental para
simplificação e racionalização do trabalho, permitindo a compreensão e posterior
otimização dos processos desenvolvidos em cada departamento ou área da
organização (LUCINDA, 2010).
2.3.8. Diagrama de Relações
O diagrama de relações busca estabelecer as relações de causa e efeito,
de maneira lógica e livre, a fim de encontrar uma solução apropriada para o
problema ou meta inicial. Esta ferramenta é indicada para a solução de
problemas complexos, logo, deve ser aplicada por funcionários de nível
gerencial, e para a prevenção de problemas, podendo ser utilizada desde o
estágio de planejamento (OAKLAND, 1994).
A identificação exata e isolamento dos fatores ajuda a eliminar
preconcepções a respeito do problema. Ao elaborar um diagrama de relações,
geralmente ocorre interação entre departamentos, que devem expressar
opiniões livremente, facilitando a obtenção de consenso esclarecendo possíveis
conflitos entre setores. Contudo, a elaboração de um diagrama adequado é um
24
processo difícil. Após a adição de informações suficientes, a solução se torna
evidente, contribuindo também para a obtenção de consenso (MIZUNO, 1993).
A cada mudança, novas informações devem ser acrescentadas ao
diagrama, o que demanda tempo, mas se trata de um processo descomplicado,
pois o estabelecimento de conexões entre fatores é fácil. A visualização lógica e
simplificada contribui para a apresentação do problema para a alta gerência,
logo, a complexidade do diagrama deve ser dosada cuidadosa para que seu
entendido seja simples. Porém, se os fatores foram expressos com muita
simplicidade, é possível que as setas indiquem direções falsas.
O diagrama não é restrito a uma estrutura específica, facilitando a
concepção e desenvolvimento de ideias através de brainstorming. Entretanto,
por não possuir estrutura específica, é possível que duas equipes construam
diagramas diferentes, encontrando soluções distintas, para o mesmo problema
(MIZUNO, 1993).
O diagrama de relações está ligado à análise relacional, que foca em
ambientes onde há incerteza, variedade de dados ou insuficiência de dados. A
análise relacional determina o grau de relação entre fatores. A aplicação da
análise relacional através de diagramas resultou na obtenção de soluções para
os problemas estudados. Assim, a eficácia de diagramas relacionais ficou
provada e seu uso foi expandido para diversas áreas, tais como operações de
avanços do Controle de Qualidade Total, garantia de qualidade de
desenvolvimento de política de qualidade, desenvolvimento de medidas para
eliminar falhas no processo de fabricação e melhorar operações,
desenvolvimento de atividade de um grupo pequeno, desenvolvimento de
políticas de prevenção de reclamações no mercado (MIZUNO, 1993).
A elaboração de diagramas de relação consiste na representação de
fatores, problemas, metas e meios através de frases curtas ou palavras,
inseridas em retângulos ou figuras ovais, conectadas através de setas. O
principal item ou problema deve ser posicionado no centro do diagrama
(diagrama de relações convergente para o centro), em um lado (diagrama de
relações direcionais intensivas), ou em qualquer outro local (diagrama de
25
indicações referenciais), visto que não há estrutura específica para esta
ferramenta.
Os demais fatores devem ser inclusos no diagrama à medida que são
identificados através de sessões de brainstorming e relacionados através de
setas. As setas podem ligar causa e efeito, apontando em direção ao efeito, ou
meios e metas, apontando em direção às metas. Mas, é importante lembrar que
não há regras para a representação do diagrama de relações, logo, se acordado
com antecedência com os membros da equipe, as setas podem apontar na
direção oposta. A figura 12 apresenta um exemplo de aplicação de diagrama de
relações.
Figura 12- Exemplo de diagrama de relações
Fonte: Tague, 2005.
Além dos três formatos já citados (diagrama de relações convergente para
o centro, diagrama de relações direcionais intensivas e diagramas de indicações
referenciais), os diagramas de relação podem também apresentar mais 3
formatos. Um deles cria uma tabela relacionando setores ou recursos da
organização com itens correlatos, desenvolvendo relações dentro da tabela.
Outro formato reúne os fatores do diagrama em zonas. Por último, os diagramas
de relações também podem ser desenvolvidos sistematicamente (MIZUNO,
1993).
26
Esta ferramenta é usada principalmente para solucionar problemas de
objetivos múltiplos ou de um único objetivo. A solução de problemas de múltiplos
objetivos se inicia com a formação da equipe, que geralmente é composta por
funcionários de departamentos distintos, que procede ao exame dos fatores e
itens principais através de sessões de brainstorming.
Para o levantamento de fatores, é importante a comunicação com
funcionários de nível operacional. Os fatores identificados são representados
através de frases sucintas em uma superfície visível para todos. Evidente a
exaustão de ideias, são desenhadas as setas que relacionam os fatores. Nesta
etapa é aconselhável a combinação de fatores semelhantes.
Após a revisão do diagrama e realização das alterações necessárias, os
principais itens devem ser destacados e analisados para a elaboração de
planejamento de plano de ação das soluções. Fatores intermediários não devem
ser ignorados, pois podem auxiliar o rastreamento de fatores principais.
Para apresentar potencialidade máxima, o diagrama de relações deve ser
revisto em função de eventuais mudanças. A solução de problemas de um único
objetivo também é iniciada com a formação de equipe, idealmente composta por
quatro ou cinco pessoas envolvidas com o problema, que devem se reunir
diversas vezes.
Primeiramente, ocorre uma reunião preparatória, na qual são definidos o
problema, a maneira de conduzir o processo e a forma de aplicação do diagrama
de relações. Durante a segunda reunião há uma sessão de brainstorming para
identificação de fatores, que devem ser relacionados com setas. Ao fim da
reunião, são distribuídas cópias do gráfico para os membros da equipe, que
devem analisar os se os fatores são realísticos e investigar o gráfico.
Na terceira reunião, cada membro expõe suas conclusões para que sejam
realizados os acréscimos e correções. Os fatores presentes no diagrama devem
ser classificados conforme a necessidade de mais informações e de tomada de
ação. Nas reuniões subsequentes, o resultado das ações executadas e fatores
principais devem ser examinados e o diagrama deve ser revisto para refletir
mudanças no ambiente (MIZUNO, 1993).
27
2.3.9. Diagrama de Afinidade
O diagrama de afinidades agrupa ideias, opiniões e informações conforme
a afinidade que apresentam entre si, através de um processo criativo. A
aplicação desta ferramenta é indicada para problemas que apresentam dados
ou pensamentos incertos e desorganizados, quando há intenção de eliminar
noções e pensamentos pré-existentes para adoção de um novo pensamento,
quando se deseja criar um entendimento único a respeito de uma situação ou
quando a alta gerência necessita ouvir seus empregados (MIZUNO, 1993).
O uso de diagramas de afinidade é apropriado quando há uma forte
necessidade de solucionar o problema, mas uma solução fácil não está
disponível. É importante ressaltar que este é um método demorado, não sendo
adequado para problemas que exijam soluções espontâneas (MIZUNO, 1993).
A construção de um diagrama de afinidades consiste basicamente na
obtenção de ideias e opiniões dos integrantes de um grupo, representação
destas em cartões através de frases claras e sucintas e agrupamento, criando
rótulos.
O primeiro passo para a elaboração de um diagrama por afinidades é a
geração de dados. Estes podem ser obtidos por observação direta do campo de
trabalho, revisão de literatura, entrevistas com especialistas ou sessões de
brainstorming.
Os dados devem, então, ser transferidos para cartões, que devem ser
embaralhados antes de serem agrupados. O agrupamento dos cartões deve ser
realizado com base no sentimento, ou seja, em um estado que precede a
consciência lógica. Não se espera uma classificação de cartões, apenas seu
agrupamento.
A cada grupo de cartões deve ser adicionado um cartão-rótulo, que
apresenta sucintamente a característica do grupo e é posicionado em cima dos
cartões correspondentes, conforme exemplificado na figura 13. Os grupos são
28
tratados como cartões individuais e ordenados para a construção de um
diagrama (PLAIN, 2007).
Figura 13 - Exemplo de diagrama de afinidades
Fonte: Rumane, 2013.
O diagrama de afinidades é uma maneira útil de reduzir grandes
quantidades de informações, facilitando a visão geral de um problema. É útil
também quando não se dispões de dados estatísticos suficientes para tomada
de decisão. A uso de diagramas de afinidade ajudam a percepção de
produtividade pelos membros, aumentando a satisfação com a solução
encontrada (RUMANE, 2013).
2.3.10. Diagrama Sistêmico
O diagrama sistemático, ou diagrama de árvore, é extremamente versátil
e pode ser aplicado em problemas de diversas naturezas diferentes, tais como
identificar causas de um problema, desenvolvimento de planos de ação, analisar
a confiabilidade de um sistema, auxiliar a tomada de decisões e realizar o
desdobramento de desejos de clientes, transformando-os em especificações de
produtos (TAGUE, 2005).
Esta ferramenta organiza metas e meios sistematicamente,
estabelecendo relações estre estes e avaliando a viabilidade das ações
29
propostas. O uso desta ferramenta se torna interessante na medida que os meios
relacionados às metas principais se tornam metas secundárias, às quais são
associados outros meios para alcançá-las. Por desdobrar as causas
secundárias, permitir a análise da propagação de problemas a partir da
ocorrência de diversas causa e permitir a identificação de sequências de
acontecimentos, esta ferramenta é considera bastante útil e eficaz (MIZUNO,
1993).
Para a construção de um diagrama sistemático, o primeiro passo é o
estabelecimento de objetivos e metas em frases curtas e diretas. As metas
estabelecidas devem ser analisadas, registrando as condições para seu alcance
e garantindo que há motivos pelos quais a meta deve ser alcançada. A seguir,
os meios devem ser registrados.
Os meios registrados podem ser principais ou secundários e dispostos em
grupos, representados por ideias mais importantes. Estes meios devem, então
ser selecionados conforme a natureza do problema e seu enfoque. É importante
garantir que os meios selecionados sejam exequíveis. Assim, a avaliação dos
meios deve ser realizada cautelosamente, para evitar a eliminação de meios que
poderiam ser interessantes caso utilizados em associação a outros meios ou
adaptados para a prática.
Em seguida, deve ser iniciada a etapa de sistematização de meios. A cada
meta devem ser associados os meios necessários para alcançá-la. Os meios,
então, se tornam metas secundárias, às quais são associados meios
necessários. O diagrama é construído através da alocação destes cartões à
direita da meta relacionada. O processo é finalizado com a confirmação que os
objetivos realmente levariam às metas estabelecidas (OAKLAND, 1994). A figura
14 apresenta um exemplo de uso de diagrama sistêmico.
30
Figura 14 - Exemplo de diagrama sistêmico
Fonte: Oribe, 2004.
Por sua versatilidade, o diagrama sistemático pode ser aplicado à
diversas situações. É uma ferramenta que pode substituir o uso de diagramas
de Ishikawa, especialmente quando há inúmeras causas associadas ao
problema ou quando há possibilidade de propagação de efeitos de causas
consideradas menos importantes. Pode ser aplicado também com o intuito de
identificar falhas e redução a taxa de não-conformidade, para o desenvolvimento
de políticas, metas e funções administrativas, como ferramenta de auxílio à
tomada de decisão (árvore de decisão) e como ferramenta para a análise
funcional na engenharia de valor (diagrama sistemático funcional) (ORIBE,
2004).
31
2.3.11. Diagrama Matriz
O diagrama de matriz é mais uma ferramenta que auxiliar a solução de
problemas, buscar possíveis melhorias e identificar causas. O diagrama de
matriz é utilizado quando o problema e suas causas não podem ser explicados
em apenas uma dimensão. Ou seja, é utilizado quando uma característica de um
produto está associada a diversos requisitos ou componentes totalmente
distintos de um produto, não sendo possível a análise através de um diagrama
sistemático. Também é utilizado para organização de dados e atribuição de
responsabilidades. Os itens descritos na primeira linha e na primeira coluna da
matriz são associados ou não de acordo com o problema. Assim, são
estabelecidas as relações fortes, moderadas ou possíveis entre os fatores
(TAGUE, 2005).
A construção das matrizes deve ser iniciada com a definição do problema
e da equipe a solucioná-lo. A seguir, são estabelecidas as variáveis que
influenciam o problema e suas possíveis soluções. Neste momento, o formato
da matriz deve ser decidido. Matrizes em formato de “L” relacionam apenas dois
tipos de variáveis, como, por exemplo, meios e metas, e são as matrizes mais
utilizadas.
As matrizes em formato de “T” adicionam mais uma dimensão, mas não
estabelecem relações entre todas as dimensões entre si. As matrizes em formato
de Y se tratam da combinação entre três matrizes tipo L. Possuem três
dimensões e todas se relacionam. O formato “X”, exemplificado na figura 15, tem
sua aplicação limitada, pois, apesar de apresentar quatro dimensões, não é
possível relacionar todas. Com uma visão 3D, é possível criar uma matriz com
formato “C”, interpretada em um cubo (RUMANE, 2013). Devem ser definidos
símbolos ou formato de dados para identificar e classificar os relacionamentos
entre os fatores citados para, então, proceder o preenchimento da matriz.
32
Figura 15 - Exemplo de diagrama de matriz
Fonte: Tague, 2005.
2.3.12. Matriz de Piorização
A matriz de priorização é usada para selecionar uma ou duas opções entre
diversas, em razão à sua importância e prioridade, estabelecida por
comparações par a par. Esta matriz, exemplificada na figura 16, é criada a partir
de um diagrama de matriz e associando pesos às relações entre fatores
(BOSWELL, 2000).
Figura 16 - Exemplo de matriz de priorização
Fonte: Boswell, 2000.
33
A priorização de ações para soluções de problemas é necessária devido
à escassez de recursos. O ideal seria a realização de todas as ações
identificadas para soluções de problemas ou melhorias, entretanto, muitas vezes
é inviável a implementação de diversas ações simultaneamente (BEAUDIN;
LEEUWEN; PELLETIER, 1999).
Um exemplo comum de matriz de priorização é a matriz GUT, que utiliza
três escalas para identificação das prioridades. As três escalas consideradas são
a gravidade, que é o impacto do fator, a urgência, que simboliza o tempo
disponível para a solução do problema, e a tendência, que indica o que
acontecerá com a situação caso não seja resolvida (SILVA; FÁVERI, 2016).
O produto dos valores das possíveis ações nestas escalas indica o grau
de priorização que deve ser atribuído à ação. Um uso muito comum para as
matrizes de priorização é na gestão de riscos (BOSWELL, 2000).
2.3.13. PDPC
O PDPC, exemplificado na figura 17, é uma ferramenta de solução de
problemas dinâmica, que é atualizada conforme o progresso dos
acontecimentos. Semelhante ao diagrama de árvore, por representar etapas em
direção a uma meta, porém é dinâmico, permitindo o controle de tempo. É
indicado em casos de mudança de situações ou quando são encontrados fatos
inesperados (OAKLAND, 2014).
34
Figura 17 - Exemplo de PDPC
Fonte: Tague, 2005.
Novas alternativas devem ser consideradas com a obtenção de
informações novas. Portanto, o PDCP é útil para prevenir acidentes sérios. O
PDCD não só antecipa soluções como responde a mudanças de condições, por
se tratar de um método dinâmico (CÉSAR, 2013).
O método é aplicado em duas etapas. Na primeira, durante o estágio de
planejamento, são coletadas informações e definido o problema. Todos os
problemas devem ser descritos e suas soluções devem ser antecipadas. A
situação atual, a situação desejada e as etapas entre elas são identificadas.
Caso alguma etapa no caminho seja considerada muito difícil, deve ser criado
um caminho alterativo, a partir de uma etapa alternativa à etapa considerada
muito difícil. Entretanto, existe a possibilidade do surgimento de novos
problemas ou percepções do problema. Assim, a segunda etapa do método
PDPC deve ser realizada a cada dois meses, ou conforme natureza do problema,
mantendo o diagrama PDPC atualizado (CÉSAR, 2013).
35
O PDPC pode seguir dois modelos distintos. Um modelo, muito usado
para evitar grandes acidentes, é iniciado pela situação de operação normal do
sistema e vai em direção à meta a ser alcançada. O outro modelo é iniciado pela
condição desejável (ou indesejável) e vai em direção à condição inicial.
A elaboração de um PDPC é iniciada com a discussões das questões.
Inicialmente, pode ser proposta uma linha básica como possível solução. Em
seguida, são selecionadas as questões que devem ser examinadas. A
viabilidade e resultados previstos de todas as soluções propostas devem ser
analisados. Nesta etapa, é importante a investigação de soluções alternativas.
Para cada questão, devem ser avaliadas sua urgência, probabilidade de
ocorrência, dificuldade e quantidade de operações requeridas. As soluções
alternativas e resultados previstos de cada questão devem ser analisados e
sequenciados com setas em direção à meta. Em seguida, as questões devem
ser priorizadas e relacionadas com linhas pontilhadas.
Caso mais de um departamento participe do processo, devem ser
atribuídas responsabilidades, identificando no gráfico nomes de departamentos
para os processos em questão. Por se tratar de um método dinâmico, o PDPC
demanda exames periódicos, que devem ser agendados previamente. Nas
reuniões periódicas são acrescentadas novas informações e é realizado o
controle do processo em função do previsto (MIZUNO, 1993).
A aplicação da ferramenta PDPC apresenta diversas utilidades. Por
compreender as ações de um sistema como um todo, cria um sumário
abrangente e eficaz para identificar erros. Permite a visualização da progressão
dos processos em ordem cronológica, inclusive a relação entre o início e o
término, permitindo a descoberta de condições indesejadas. Se trata de um
método simples, facilmente compreensível (CÉSAR, 2013).
2.3.14. Diagrama de Seta
O diagrama de seta surgiu como uma alternativa para o gráfico de Gantt.
Assim, seu uso está associado aos métodos de avaliação de programa (PERT)
e de caminho crítico (CPM). Este diagrama mostra a ordem requerida das
tarefas, as opções de cronogramas e problemas de recursos. É utilizado quando
36
o problema, as atividades envolvidas e suas durações são conhecidos. Esta
ferramenta auxilia a execução de projetos complexos, com atividades críticas
(TAGUE, 2005).
Os elementos utilizados na elaboração de diagramas de setas são: nós,
tarefas, número do evento e fantasmas. Os números de eventos estão contidos
em círculos, que simbolizam os nós, e indicam eventos ou ordem de eventos.
Tarefas são atividade que requerem tempo, ao contrário de fantasmas, que
apenas indicam a correlação entre tarefas. Na relação entre duas tarefas, uma
é a antecessora e outra a sucessora.
Para que a tarefa sucessora possa ser iniciada a tarefa antecessora deve
estar concluída. Mas, caso exista a possibilidade de execução de duas tarefas
simultaneamente, estas são paralelas. Uma tarefa fantasma pode ser adicionada
para simplificar relações entre tarefas, porém, é importante evitar o uso
demasiado de fantasmas para não aumentar demais a complexidade de
diagramas.
O diagrama de seta pode ser preparado com uso de cartões,
especialmente quando será desenvolvido por um grupo de pessoas. A primeira
etapa da elaboração do diagrama é o debate para identificação de tarefas e
representação destas em papéis. No centro de cada cartão deve ser desenhada
uma linha.
Na parte superior do cartão é escrito o tipo de trabalho referido e, na parte
inferior, o número de dias exigidos para sua conclusão. Pode ser interessante o
uso de cartões coloridos, de modo a atribuir responsabilidades às atividades. Os
cartões criados devem ser ordenados conforme relações entre tarefas. Caso
algum cartão fique de fora da ordenação, deve ser eliminado. Para posicionar
adequadamente os cartões, o processo que envolve o maior número de cartões
deve ser posicionado no centro para, depois, conforme relações entre tarefas,
os demais processos serem posicionados. Os nós e as setas devem ser
acrescentados, conforme exemplificado na figura 18 (MIZUNO, 1993).
37
Figura 18 - Exemplo de diagrama de setas
Fonte: Cantidio, 2009.
A seguir, o tempo estimado de execução de cada tarefa e tempo do nó
devem ser calculados. O tempo de cada tarefa é calculado independentemente
das demais tarefas e não deve ser superestimado. Há dois tipos de tempo para
nós: o tempo mais cedo e o tempo mais tarde, que indica o último tempo possível
que a operação pode ser concluída.
O tempo do nó inicial é igual a zero. Quando há apenas uma tarefa que
segue o nó inicial, o tempo mais cedo do nó seguinte é igual ao tempo do nó
anterior somado à estimativa de duração da tarefa. Quando mais de um nó
estiverem relacionados a um nó anterior, o tempo mais cedo de todos os nós
seguintes será igual ao tempo do nó anterior somado à duração da tarefa mais
longa entre o nó anterior e os nós seguintes.
O cálculo do tempo mais tarde é efetuado de maneira oposta ao cálculo
do tempo mais cedo, iniciando a partir de último nó, que terá o tempo mais tarde
igual ao tempo mais cedo. A folga é a diferença entre o tempo mais tarde e o
tempo mais cedo. Uma tarefa com folga igual a zero recebe o nome de trabalho
crítico.
O processo criado pelo trabalho crítico é o caminho crítico, que é o
percurso mais longo do diagrama. O gerenciamento de trabalhos críticos deve
receber atenção especial, pois, possui influência no tempo de conclusão de todo
o projeto (TAGUE, 2005).
38
2.4. Projetos de construção civil
A indústria da construção é um ambiente dinâmico, pois está contido em
um ambiente incerto, devido à longa duração dos projetos (CHAN; CHAN;
SCOTT, 2004). Outro fator que adiciona complexidade a projetos de construção
civil é a quantidade de stakeholders, incluindo o incorporador, o construtor,
clientes e fornecedores. Projetos de construção civil são caros, imóveis,
complexos e longos (RUMANE, 2013).
Defeitos na construção civil são geralmente de difícil ou custoso reparo.
Além disso, frequentemente o cliente adquire o imóvel antes de sua conclusão,
o que exige que o escopo seja muito bem definido e especificado (ASHFORD,
2003). Visto que, em projetos de construção civil, o produto é confeccionado no
mesmo local em que será utilizado e é imóvel, o fluxo de produção é dificultado,
causando, inclusive, alto índice de desperdício de materiais (BORGES, 2013). O
processo de construção ainda é predominantemente artesanal e realizado por
mão de obra precariamente qualificada (MOREIRA, 2004).
A crescente concorrência no setor levou as empresas a implementarem
práticas de gestão, buscando a agregação de valor às atividades realizadas e o
acompanhamento de mudanças no ambiente. Assim, o segmento de construção
civil encontra-se em um estado evolutivo da aplicação de boas práticas de
gerenciamento de projetos (PACHECO et al., 2016).
A Gestão da Qualidade em obras de construção civil é dificuldade pela
pouca repetitividade das ações, pois construções são sempre únicas, sendo
classificadas como projetos (RUMANE, 2013).
39
3. METODOLOGIA
Com o objetivo de verificar formas eficientes e viáveis da aplicação de
ferramentas da qualidade aos projetos de construção civil da Empresa, o
contexto na qual está inserida e seu sistema de gestão da qualidade foram
previamente estudados. A Gerente da Qualidade foi consultada, apresentando
os bancos de dados, processos e usos de ferramentas da qualidade na Empresa.
A seguir, foram identificados pontos de melhoria na gestão de projetos da
empresa através de entrevistas com a equipe de projetos e consultas aos
registros dos projetos.
3.1. Descrição da empresa
A Empresa estudada neste trabalho atua no setor de construção civil e
incorporação imobiliária na região Nordeste há mais de 15 anos. Por motivos de
sigilo, a Empresa não será identificada. O portfólio da Empresa é composto por
empreendimentos residenciais multifamiliares, especialmente de padrão baixo.
A Empresa costuma atuar com empreendimentos enquadrados no programa
Minha Casa Minha Vida, da Caixa Econômica Federal. A Empresa é certificada
na NBR ISO 9001:2015, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
e SiAC 2016 Nível A, do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do
Habitat (PBQP-H).
3.1.1. Diagnóstico da Gestão da Qualidade na Empresa
A Empresa possui alguma maturidade em gestão de projetos, possuindo
processos documentados e padronizados, medidas de desempenho de
gerenciamento de projetos e aplicação de boas práticas de gerenciamento de
projetos (PESSÔA; JÚNIOR, 2005). A Empresa possui modelos de documentos
que são adaptados para cada um de seus projetos. Os documentos de qualidade
aplicados aos seus projetos são: plano de qualidade do projeto, incluindo
métodos para realizar a coleta e análise de dados; procedimentos
documentados, que descrevem como determinadas atividades devem ser
40
realizadas; objetivos, metas e indicadores de qualidade. Os indicadores que a
Empresa utiliza em seus projetos estão citados na tabela 1:
Tabela 1 - Indicadores e metas utilizados relacionados ao desempenho de projetos
OBJETI-
VO META INDICADOR
PERIDIOCI-
DADE
RESPONSÁ-
VEL
Melhorar o desem- penho da
obra
Atingir 92.0% ou mais de conformidade no Checklist
de Segurança da Obra. Nota do checklist de segurança Mensal
Técnico de Segurança do
Trabalho
Atingir 90.0% ou mais de conformidade no Checklist
da Qualidade.
(Número de itens "CONFORMES" no Checklist da Qualidade (Obra) / Número total
de itens) x 100
Mensal Qualidade
Atingir 90.0% ou mais de conformidade no Checklist
de Meio Ambiente.
(Número de itens "CONFORMES" no Checklist de Meio Ambiente / Número total de
itens) x 100 Mensal Qualidade
Atingir 95% ou mais de aprovação dos serviços sem
retrabalho na Obra.
(Número de itens "CONFORMES" das FVS´s da Obra por mês/ Número total de itens das
FVS´s da Obra por mês) x 100
Mensal Setor de Engenharia
Atingir 80.0% ou mais do Planejamento Mensal da
Obra.
(Número de itens realizados no Planejamento Mensal da Obra / Número de itens previstos
do Planejamento Mensal da Obra) x 100
Mensal Setor de Engenharia
Não ultrapassar em 10% ou mais o valor do Orçamento
Mensal da Obra.
Percentual de estouro de orçamento da Planilha de Controle de Custos da Obra.
Mensal Setor de Engenharia
Atingir a produtividade de 1,03 hh/m² ou mais no
serviço de alvenaria interna por obra.
(Número de m² executados no ciclo mensal por homem dedicado exclusivamente ao
respectivo serviço / 176)
Mensal Setor de
Engenharia
Atingir a produtividade de 0,43 hh/m² ou mais no serviço de cimentado
interno por obra.
(Número de m² executados no ciclo mensal por homem dedicado exclusivamente ao
respectivo serviço / 176)
Mensal Setor de
Engenharia
Atingir a produtividade de 1,00 hh/m² ou mais no
serviço de emboço interno por obra.
(Número de m² executados no ciclo mensal por homem dedicado exclusivamente ao
respectivo serviço / 176) Mensal
Setor de
Engenharia
Atingir a produtividade de 1,46 hh/m² ou mais no
serviço de emboço externo por obra.
(Número de m² executados no ciclo mensal por homem dedicado exclusivamente ao
respectivo serviço / 176) Mensal
Setor de
Engenharia
Atingir a produtividade de 0,73 hh/m² + 0,80 hh/m de
capeaço, ou mais, no serviço de cerâmica interna
por obra.
(Número de m² executados no ciclo mensal por homem dedicado exclusivamente ao
respectivo serviço / 176) Mensal
Setor de
Engenharia
Atingir a produtividade de 0,73 hh/m² + 0,75 hh/m de
capeaço, ou mais, no serviço de cerâmica externa
por obra.
(Número de m² executados no ciclo mensal por homem dedicado exclusivamente ao
respectivo serviço / 176) Mensal
Setor de
Engenharia
Não ultrapassar 5% de mestras de parede da
fachada com espessura fora do intervalo de 3cm a 3,9
cm
(Número de espessuras não conformes/número de medição total) x 100
Mensal Setor de
Engenharia
41
OBJETI-
VO META INDICADOR
PERIDIOCI-
DADE
RESPONSÁ-
VEL
Melhorar o
desem- penho
da obra
Não ultrapassar 5% de mestras de parede com
espessura fora do intervalo de 1cm a 2cm
(Número de espessuras não conformes/número de medição total) x
100 Mensal
Setor de Engenharia
Não ultrapassar 5% de mestras de cimentado com espessura fora do intervalo de 3cm a 5cm
(Número de espessuras não conformes/número de medição total) x
100 Mensal
Setor de Engenharia
Não ultrapassar 5% de mestras de contrapiso com espessura fora do intervalo de 3cm a 5cm
(Número de espessuras não conformes/número de medição total) x100
Mensal Setor de
Engenharia
Analisar a taxa de frequência de
acidentes, seja qual for a gravidade, no canteiro de obras anualmente.
Quantidade de acidentes Anual Técnico de Segurança do Trabalho
Obter 85.0% ou mais de aprovação do
Checklist de Vistoria Final (unidades) na finalização da obra.
(Número de item "APROVADO" no Checklist de Vistoria Final (unidades) / Número Total de itens do Checklist de
Vistoria Final (unidades)) x 100.
Antes da vistoria de
entrega para o cliente
Setor de Engenharia
Fonte: Arquivos da Empresa
Alguns procedimentos são descritos na forma de fluxograma, ferramenta
que apresenta dados de forma informal. O fluxograma apresenta as entradas,
saídas e pontos de decisão de processos, os definindo e padronizando
(DIONISIO, 2018). Estes são aplicáveis a todos os projetos, de maneira
padronizar a qualidade da empresa como um todo. A figura 19 apresenta um
exemplo de fluxograma utilizado na Empresa.
42
Figura 19 - Fluxograma para o processo de assistência técnica de projetos
Fonte: Arquivos da Empresa
A coleta de dados na empresa é realizada através de checklists e folhas
e verificação, principalmente. Folhas de verificação são geralmente utilizadas na
coleta de dados de defeitos em projetos (DIONISIO, 2018). O uso de folhas de
verificação é muito simples, facilitando o treinamento e adaptação dos
funcionários (SELEME; STADLER, 2012). A Ficha de Ocorrência de Serviços
43
(FOS), representada na tabela 2, exemplifica o uso da ficha de verificação nos
projetos da Empresa.
Tabela 2 - Exemplo de FOS utilizada nos projetos da Empresa
FICHA DE OCORRÊNCIA DE SERVIÇOS - FOS
Obra: Alameda Park Residence
Mês analisado: Dez.18
SERVIÇOS TOTAL DE
INSPEÇÕES TOTAL DE
APROVAÇÃO % APROVAÇÃO
PES 13 Revestimento externo cerâmico
300 300 100,00%
PES 17 Forro de gesso 96 96 100,00%
PES 14 e PES 18 Contrapiso / imperm.
150 148 98,67%
PES 25 Inst. hidross. 448 448 100,00%
PES 15 Rejunte piso 96 96 100,00%
PES 17 Forro de gesso 90 90 100,00%
PES 13 Revestimento externo cerâmico
202 202 100,00%
PES 13 Revestimento externo cerâmico
540 540 100,00%
PES 17 Forro de gesso 126 126 100,00%
PES 13 Revestimento externo cerâmico
476 476 100,00%
TOTAL 2224 2222 99,91%
Fonte: Arquivos da Empresa
Para identificar a causa de defeitos, a Empresa faz uso do método dos
cinco porquês. Ou seja, a cada defeito encontrado, são realizadas cinco vezes a
pergunta “por que?” de modo identificar a causa-raiz. A figura 20 exemplifica o
uso deste método em um projeto da Empresa.
44
Figura 20 - Análise de Causa-Raiz para problema relatado em projeto da Empresa
Fonte: Arquivos da Empresa
São utilizados também, nos projetos da Empresa, os diagramas de matriz.
No Plano de Qualidade de cada projeto, são identificados através de um
diagrama de matriz as responsabilidades de cada funcionário da obra,
configurando um diagrama de matriz em “L” (RUMANE, 2013). Diagrama de
matriz pode ser denominado RAM (responsability assignment matriz) quando
utilizado para identificar responsáveis pelas atividades em projetos. Neste caso,
as atividades do projeto são relacionadas na primeira coluna da matriz e os
recursos disponíveis são descritos na linha superior (DIONISIO, 2018).
Tabela 3 - Aplicação de diagrama de matriz em um projeto da Empresa
ATIVIDADES/
RESPONSABILIDADES
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Gerenciamento da obra, acompanhamento do
cronograma físico-financeiro e análise do PQO.
E E E R R E
Acompanhamento e execução das atividades do PGRCC
E E R R R E E E E
Acompanhamento e execução das atividades do PCMAT e
PCMSO
R R R R R E E R E R
Monitoramento dos indicadores da qualidade específicos da obra
E E R E E
Atualização do mural da qualidade
E E R E
Organização e controle dos arquivos de procedimentos,
registros e documentos da obra
E E R E E
Interface com serviços especializados de engenharia
subcontratados
E E R R E
45
ATIVIDADES/
RESPONSABILIDADES Té
cn
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em
Ed
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Análise crítica e
compatibilização de projetos E E R R R
Guarda dos dispositivos de
inspeção e monitoramento
(instrumentos calibrados)
R R E R E
Solicitação, inspeção, manuseio
e armazenamento de materiais
controlados
E E E E R
Execução dos serviços controlados em conformidade
com os PES.
R R E E R R R
Inspeção e ensaios de serviços controlados
R R E R E
Contratação e gerenciamento de contrato de terceiros
E R R
Preservação dos serviços executados
R R E R E E
Acompanhamento das não-conformidades e ações
corretivas/preventivas propostas
E E R E E
Recepção e acompanhamento das auditorias
E E R E E E
Treinamentos nos PD’s E E R
Treinamento e implementação (NR-18, 33 e 35)
E R
Implantação e acompanhamento da CIPA
E E E E E E R
Análise Preliminar de Risco (APR) e emissão de Permissão
de Trabalho (PT)
E E E E E E E R
Controle da propriedade do cliente
R R E R E R
Rastreabilidade do concreto estrutural
R R E E R
Inspeção final e entrega da obra E E R R R E
Fonte: Arquivos da Empresa
3.1.2. Análise de pontos de melhoria
Para a devida sugestão de uso das ferramentas da qualidade nos projetos
da Empresa, foi realizado um levantamento e análise das lições aprendidas nos
projetos anteriores.
No banco de dados da Empresa, foram identificados os momentos nos
quais, na maioria dos projetos, o orçamento previsto foi extrapolado. Assim, foi
46
identificado o processo de assistência técnica pós-entrega como maior causador
de erros no orçamento. Variados serviços são executados no processo de
assistência técnica, causando um incremento significativo no custo do projeto.
Entretanto, os dados não são computados propriamente e não são considerados
no planejamento de outros projetos.
Também foram identificados custos acima do previsto com a contratação
e demissão de mão de obra. Em um projeto recente, por exemplo, uma equipe
inteira de pedreiros foi demitida em um mês para ser novamente recontratada no
mês seguinte. Caso a alocação de recursos nesta obra tivesse sido mais bem
planejada, este custo poderia ter sido evitado.
O custo com multas por atraso de obra tem superado o esperado nos
últimos projetos. Dessa forma, se faz necessária uma análise detalhada das
causas de atrasos em projetos para a prevenção e tomada de decisão rápida e
eficiente. Este é um aspecto que deve ser cuidadosamente estudado e
trabalhado, pois representa, além do custo material com multas, custo imaterial,
como prejuízo para a imagem e confiabilidade da Empresa no mercado.
Os processos executados devem estar sob controle para evitar atrasos
por retrabalho. É fundamental ressaltar o caminho crítico do projeto, dando
atenção especial às atividades que causam atraso geral na obra, se atrasadas.
Através de dados coletados em projetos da Empresa, para os serviços de
execução de alvenaria de vedação e assentamento de revestimento cerâmico,
por exemplo, apresentados na tabela 4, foi observado que a produtividade real
dos funcionários para muitos serviços é menor do que a média sugerida pela
literatura para a Região Metropolitana do Recife.
Tabela 4 - Comparação de produtividade medida com orçada
Produtividade média na literatura
Produtividade média medida
Assentamento revestimento
cerâmico 16,5 m2/(h/dia) 11,44 m2/(h/dia)
Execução de alvenaria de
vedação 13 m2/(h/dia) 10,47 m2/(h/dia)
Fonte: Autoria própria
47
A produtividade deve ser melhorada para reduzir as chances de atraso
em projetos. O aumento na produtividade não pode culminar em um aumento de
retrabalho dos serviços executados. A estimativa de duração das atividades
também deve ser melhorada, para incorporar a baixa produtividade registrada
historicamente nos projetos da empresa.
Para levantamento de mais pontos de melhorias e defeitos, foi realizada
uma reunião com membros da alta gerência da Empresa e gerentes de projeto.
Os participantes foram aconselhados a expor suas maiores dificuldades e
apresentar sugestões. Foi detectado que os gerentes de projeto estão receosos
e inseguros com a aplicação de novas tecnologias pela Empresa.
A Empresa está iniciando um novo projeto com o sistema construtivo de
paredes de concreto, nunca usado anteriormente. Os gerentes de projeto estão
inseguros quanto ao seu conhecimento técnico e capacidade de gerenciar uma
obra com esta nova tecnologia.
Durante esta reunião também foi relatado, pelo departamento comercial
da Empresa, que há certa insatisfação dos clientes em relação aos aspectos
considerados ultrapassados nos escopos dos projetos. Por sua natureza longa,
os projetos de construção civil têm seus escopos definidos anos antes da sua
conclusão, assim, no momento da entrega podem apresentar itens considerados
já ultrapassados e não desejados.
Tendo em vista a natureza dos projetos de construção civil, os gerentes
de projeto apontaram uma grande dificuldade em realizar alterações no escopo,
especialmente nas etapas finais da obra, quando os clientes mais expressam
suas novas opiniões e gostos. As alterações no escopo muitas vezes podem
representar custos elevados na obra, sem significar concretamente um aumento
na satisfação dos clientes e usuários do produto. É importante realizar uma
avaliação minuciosa das mudanças solicitadas pelos clientes para verificar a
viabilidade de suas aprovações.
48
4. PROPOSTA DE MELHORIA
Além do fluxograma, folha de verificação e matriz de relações, já usados
pela Empresa, serão propostas outras ferramentas da qualidade citadas
anteriormente, considerando as principais dificuldades e problemas enfrentados
durante os projetos.
Primeiramente, os dados referentes à assistência técnica de um projeto já
finalizado e fora do prazo de garantia foram compilados. Elaborou-se um
quantitativo dos chamados de assistência técnica registrados durante o período
de garantia deste projeto já finalizado. Assim, foi criado um gráfico de Pareto,
conforme figura 21, relacionando os tipos de serviços executados e suas
respectivas frequências.
Figura 21 - Aplicação de gráfico de Pareto
Fonte: Autoria própria
49
Esta ferramenta foi escolhida devido à grande variedade de serviços de
assistência técnica utilizados. Gráficos de Pareto são indicados para problemas
com diversas causas que afetam pouco a situação (LINS, 1993). Cada barra
representa um tipo de serviço de assistência técnica executado em um projeto.
Este gráfico identifica visualmente os problemas que representam a maior
parcela dos problemas e, consequentemente, devem ser priorizados (GRAEML;
PEINADO, 2007).
Com este gráfico, é possível identificar os aspectos que resultaram em
maior quantidade de defeitos, após entrega do produto. Observa-se que os dois
principais fatores causadores de problemas, as instalações hidráulicas e o piso
cerâmico, são responsáveis por aproximadamente 60% dos chamados de
assistência técnica.
Projetos em fase de planejamento devem receber atenção especial e
maiores investimentos nestes aspectos. Nos próximos projetos, é recomendada
a aquisição de revestimento cerâmico para piso de melhor qualidade. Além
disso, o gráfico de Pareto mostra a importância de realização eficiente de
treinamentos em assentamento de piso cerâmico.
Os dados do gráfico indicam que o procedimento de assentamento
cerâmico pode estar falho, necessitando de revisão. Para reduzir a quantidade
de chamados de assistência técnica relacionados às instalações hidráulicas, o
plano de controle de qualidade deste característico deve ser revisado.
O processo de inspeção das instalações hidráulicas deve ser mais
meticuloso e os responsáveis por este processo devem receber treinamento
para melhorar sua técnica. O processo de execução de instalações hidráulicas
também deve ser analisado e revisado, para reduzir a quantidade de defeitos.
Assim, o gráfico de Pareto se mostrou uma ferramenta eficaz para a identificação
dos pontos em que os novos projetos devem investir mais desde seu
planejamento.
Para redução de custos com contratação e demissão de funcionários, o
planejamento de um projeto, com início de execução previsto para agosto, foi
analisado. Foi construído um histograma de recursos, mostrando a quantidade
de pedreiros prevista para cada mês de execução de obra, conforme figura 22.
50
Figura 22 - Aplicação de histograma de recursos
Fonte: Autoria própria
Este histograma vai auxiliar o gerente de projetos a revisar o cronograma,
possivelmente adiantando algumas atividades previstas para dezembro de 2020.
A visualização simples, possibilitada pelo uso do histograma, permite a
identificação de pontos de melhoria no cronograma de projeto e planejamento
eficiente da contratação e demissão de mão-de-obra. Um histograma permite a
visualização rápida de uma grande quantidade de dados de foram que a
identificação da distribuição dos dados seja clara (TAGUE, 2005).
A equipe de projetos deve elaborar histogramas relacionados a outras
funções necessárias para o projeto, como serventes e carpinteiros. Quando
todas as funções operacionais foram devidas ajustadas, espera-se uma grande
redução de demissões.
O uso desta ferramenta também vai possibilitar a retenção de mão de obra
de qualidade, pois haverá redução de demissões desnecessárias. Esta retenção
é muito importante na indústria da construção civil, por ajudar na motivação,
espírito de equipe e compromisso dos funcionários.
A análise das causas de atraso de projetos foi realizada através de um
diagrama de Ishikawa. O diagrama foi baseado em um projeto no início de sua
execução, por já apresentar alguns dados a serem analisados e permitir com
51
maior facilidade mudanças no plano de projeto e organização do espaço físico
onde está sendo construída. Para a construção deste diagrama, as categorias
consideradas seguiram a lógica do 6M, se tratando de mão de obra, medidas,
meio ambiente, materiais, máquinas e métodos.
A aplicação desta lógica facilitou o desenvolvimento do diagrama e a
identificação dos responsáveis por cada causa. O processo de construção do
diagrama foi simples e intuitivo. A construção do diagrama de Ishikawa auxilia
na identificação e desdobramento de causas de um problema, se tratando de um
processo educativo e conscientizador, por qualificar o nível de compreensão da
equipe de projetos sobre o problema (LINS, 1993). Para a elaboração do
diagrama de Ishikawa, a participação de pessoas de setores diferentes foi
estimulada (GRAEML; PEINADO, 2007).
Figura 23 - Aplicação de diagrama de Ishikawa
Fonte: Autoria própria
A categoria meio ambiente surpreendeu por apresentar diversas e
relevantes causas. A categoria método também resultou em uma surpresa para
a equipe de projeto, que acreditavam que os métodos utilizados eram eficientes
suficientes. A categoria máquinas não apresentou nenhuma causa, pois a
construção civil não depende de máquinas complexas.
52
Com este diagrama, cada membro da equipe de projeto foi capaz de
perceber suas responsabilidades para evitar atrasos na obra. Devido à sua
natureza intuitiva e visual, a equipe de projeto está analisando a substituição do
uso do método dos cinco porquês pelo uso do diagrama de Ishikawa.
Tendo em vista a urgência e necessidade da redução de chances de
atraso em projeto e a complexidade das causas levantadas através do diagrama
de Ishikawa, algumas causas foram analisadas mais detalhadamente.
Relativo à categoria métodos, o processo de gestão de registros no
projeto foi analisado. Foi elaborado um diagrama de árvore para a identificação
das causas do problema e elaboração de planos de ação. O diagrama de árvore
ajuda não só a identificação da relação de causa e efeitos como de propagações
de problemas (ORIBE, 2004). O diagrama foi criado com auxílio de toda a equipe
de projeto, que se reuniu na sala de guerra para discutir as causas da baixa
eficiência do processo. Cada membro contribuiu com sua opinião e
conhecimentos próprios. O diagrama de árvore final está representado na figura
24.
54
O processo de gestão de registros em um projeto da empresa é aplicado
principalmente à gestão de projetos técnicos, de dados e de lições aprendidas.
A obra estudada relatou problemas devido ao uso de versões de projetos
técnicos já ultrapassadas.
Em visita à obra, algumas plantas referentes às revisões anteriores de
projetos técnicos foram vistas circulando pela obra. Esta situação pode causar
gastos significativos se não for corrigida rapidamente, pois a construção de
elementos conforme versões obsoletas de projetos podem comprometer a
construção de elementos futuros. Através do diagrama de árvore, foram
elaborados alguns planos de ação para este problema.
Será criada uma planilha de controle de projetos impressos na obra, onde
será registrado quem está em posse dos projetos no momento. Ao ser aprovada
uma nova versão de determinado projeto, as pessoas em posse de plantas
ultrapassadas serão localizadas para o descarte das mesmas.
As aprovações de novas versões devem ser divulgadas enfaticamente,
nas reuniões semanais, através de e-mail e através do informativo de qualidade.
Outro problema relacionado a projetos técnicos é a falha na compatibilização dos
mesmos. A compatibilização evita que componentes de projetos diferentes
estejam representados no mesmo espaço físico e melhora a disposição de
elementos do projeto.
A falta de compatibilização resulta em situações urgentes e isentas de
planejamento. Para melhorar a compatibilização de projetos, foi sugerido o uso
do modelo Building Information Modelling (BIM), que possui a capacidade de
compilar todos os projetos técnicos da construção de edifícios em um só arquivo,
e a aplicação de planilha de controle de revisões de projetos técnicos. A cada
atualização de um projeto técnico, os demais serão revisados.
O processo de coleta de dados também pode ser melhorado através da
substituição do uso de papéis por arquivos digitais, atualizados por tablet. Os
responsáveis pelas inspeções portarão tablets ao invés de inúmeras folhas de
papel, que acabam se rasgando e sujando, resultando em perda de dados.
Além disso, foi percebido que muitos serviços têm seu início atrasado
devido à demora da inspeção para aprovação do produto do processo anterior.
Assim, deverá ser elaborado um planejamento de execução de inspeções,
55
coerentemente com o cronograma do projeto. Deve ser analisada também a
possibilidade de realizar algumas das inspeções por atributos (atualmente todas
são realizadas por variáveis) e por amostragem.
Em relação às lições aprendidas, foram identificados dois problemas:
poucos registros são elaborados por projeto e a equipe de projetos não acessa
todos as lições aprendidas disponíveis, cometendo os mesmos erros que outras
equipes.
As lições positivas não são devidamente registradas, e a equipe de
projetos deve ser conscientizada de sua importância. Muitas vezes, o gerente de
projetos se depara com situações urgentes, que demandam decisões rápidas
para não causarem maiores problemas ao andamento do projeto. Estes
problemas urgentes muitas vezes não são registrados.
Para estimular o registro de todas as lições aprendidas, será criado um
diário de obras, onde diariamente serão descritas as lições aprendidas. O acesso
às lições aprendidas deve ser facilitado através da compilação dos registros por
fase do projeto. A consulta às lições referentes a cada fase de projeto será
incluída no cronograma, de forma que a equipe se lembre e visualize facilmente
informações relevantes para lidar com as etapas subsequentes.
O controle de processos nos projetos da Empresa será realizado através
de gráficos de controle. Visto que obras de construção civil são ambientes
instáveis e sua produção é praticamente artesanal, a qualidade dos serviços é
bastante afetada por fatores simples, com o humor do operário ou a situação
climática. Gráficos de controle ajudam a identificar tendências e interromper a
produção de modo evitar retrabalhos.
Para analisar o caminho crítico do projeto, em complemento ao já utilizado
gráfico de Gantt, serão criados diagramas de seta. Um diagrama de seta facilita
a visualização do processo construtivo, identificado as atividades críticas. Os
funcionários devem ser treinados nesta ferramenta, de modo que seu uso se
torne eficiente.
Com o objetivo de melhorar a estimativa de durações de tarefas e
identificar pontos de melhoria na produtividade do projeto, foram criados gráficos
de dispersão associando a produtividade e às condições meteorológicas.
Gráficos de dispersão permitem a identificação de relações entre uma causa e
um efeito (GRAEML; PEINADO, 2007), neste caso, entre a produtividade média
56
e a pluviometria. Os serviços usados como exemplo são a execução de alvenaria
de vedação e o assentamento de revestimento cerâmico, devido à grande
quantidade de dados referentes a estes serviços, que são muito comuns e
presentes em grande parte dos projetos. As médias mensais registradas por
diversos projetos da Empresa de produtividade destes serviços foram
associadas ao índice pluviométrico médio mensal da cidade do Recife. As figuras
25 e 26 mostram os resultados obtidos.
Figura 25 - Correlação da produtividade de assentamento de cerâmicas com a pluviometria
Fonte: Autoria própria
0
50
100
150
200
250
300
350
6 8 10 12 14 16 18
Produtividade Assentamento de Revestimento Cerâmico x Pluviometria
57
Figura 26 - Correlação produtividade de execução de alvenaria com pluviometria
Fonte: Autoria própria
Ambos os gráficos apresentaram a existência de uma correlação negativa
para os elementos analisados. Assim, é possível dizer que há queda na
produtividade quando chove. Os gerentes de projeto foram informados sobre
esta conclusão e foram instruídos a considerar este fator no planejamento de
seus projetos.
Visando a melhora na produtividade de execução de serviços nos
projetos, foi elaborado um PDPC, visto que esta ferramenta é eficaz no
planejamento de respostas a situações imprevistas (TAGUE, 2005). A equipe de
um projeto se reuniu visando criar um caminho que leve ao aumento da
produtividade. O PDPC criado está apresentado na figura 27. A princípio foram
identificados dois caminhos para a melhoria na produtividade: Aumentar a
produção por hora de trabalho efetivo ou reduzir a ociosidade.
Para aumentar a produção por hora, pode-se incentivar a mão de obra
com prêmios financeiros. Entretanto, esta medida pode ocasionar maior
quantidade de defeitos, prejudicando a qualidade do projeto. A criação de
competição entre as equipes foi uma medida apontada para aumentar a
produtividade.
Por outro lado, a ociosidade na obra é um fator relevante. Uma maior
eficiência na distribuição de materiais pode evitar que pedreiros fiquem parados
esperando o abastecimento de matéria-prima. É importante garantir que todos
0
50
100
150
200
250
300
350
6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00
Produtividade Execução de Alvenaria de Vedação x Pluviometria
58
os funcionários estejam cientes das atividades a serem realizadas no dia, assim
reduz o tempo que passam apenas esperando ordens.
A ferramenta Kanban pode ser utilizada para auxiliar os funcionários a
perceberem seus afazeres. A proatividade deve ser estimulada através de
palestras de conscientização e treinamentos.
60
Em relação à insegurança dos gerentes de projeto com o novo sistema
construtivo a ser adotado pela Empresa, foi criado um diagrama de relações.
Essa ferramenta permite o envolvimento de todos os setores, que muitas vezes
são ignorados em decisões de engenharia que os afetam.
O diagrama de relações busca identificar todos os fatores relacionados ao
emprego desta nova tecnologia, relacionando-os de forma visual e de fácil
interpretação. O diagrama de relações criado está representado na figura 28.
Figura 28 - Aplicação de diagrama de relações
Fonte: Autoria própria
Outro problema relatado foi a imposição de modificações no escopo do
projeto em fases finais devido às mudanças nos gostos e preferências dos
clientes. Infelizmente, muitas das solicitações dos clientes não podem ser
atendidas, por serem demasiadamente caras ou serem de implantação
complicada tecnicamente. Para a análise das solicitações de mudanças dos
clientes foi criada uma matriz de priorização.
Os critérios considerados nesta matriz são: o investimento necessário, a
operacionalidade da execução de mudança, a satisfação gerada nos clientes, a
61
abrangência dos resultados e o benefício gerado para a Empresa. Nesta tabela,
todos os critérios foram considerados crescentes, ou seja, um valor mais alto
para o critério investimento requerido significa, na verdade, que o investimento
necessário é mais baixo.
As pontuações das solicitações de mudanças foram somadas, de forma
criar um desempenho geral. As solicitações com maiores pontuações globais
foram priorizadas para implementação no projeto.
Tabela 5 - Aplicação de matriz de priorização
Satisfa
ção d
o
clie
nte
Opera
cio
nalid
ade
Investim
ento
requeri
do
Abra
ngência
dos
resultad
os
Ben
efício
para
a
em
pre
sa
Total
Revestimento cerâmico de fachada 5x10
4 1 2 5 5 17
Piscina com prainha 3 3 2 2 2 12
Bicicletário 2 1 5 2 2 12
Varanda gourmet 4 5 4 4 2 19
Espaço gourmet 4 2 2 4 3 15
Chuveiro a gás 2 1 2 1 1 7
Ar condicionado split 5 4 4 5 4 22
Coleta Seletiva 2 5 5 4 4 20
Reuso de águas pluviais 3 5 4 3 5 20
Fonte: Autoria própria
62
5. CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi propor aplicações das ferramentas de
qualidade a projetos de construção civil, analisando a viabilidade e impacto
destas aplicações. As ferramentas da qualidade permitem a aplicação da Gestão
da Qualidade, o que promove o sucesso de projetos.
Neste estudo, foram sugeridas aplicações destas ferramentas em projetos
de uma construtora e incorporadora do Recife, que se apresenta preocupada
com o processo construtivo, ainda bastante artesanal, causador de muitos
desperdícios e muito complexo.
Após estudo literário das ferramentas e análise dos principais problemas
e melhorias desejadas pela Empresa estudada, as ferramentas foram
desenvolvidas, se apresentando como soluções. A aplicação das ferramentas
aos problemas relatados nos projetos da Empresa se mostrou simples e de certa
forma intuitiva.
De modo geral, a experiência das equipes envolvidas foi positiva. Após
treinamento breve a respeito das ferramentas aplicadas, as equipes se
mostraram uma boa compreensão e certa facilidade para o desenvolvimento das
ferramentas.
As ferramentas de controle estatístico da qualidade (gráfico de controle)
demandam maior atenção e melhoria na gestão de dados para serem aplicadas
com sucesso. O uso das ferramentas gerenciais foi bem recebido pela Empresa.
Visto que os projetos são únicos e apresentam problemas não-estruturados,
estas ferramentas apresentaram soluções para situações e problemas
desconhecidos ou pouco repetidos.
Os resultados apresentados pelas ferramentas foram satisfatórios para as
equipes e a Empresa. A gestão de projetos na Empresa passará a incorporar os
resultados encontrados. Visto que a melhoria contínua faz parte da política de
qualidade da Empresa, o uso das ferramentas deve ser continuado com a
identificação de novos problemas e pontos de melhoria.
Assim, o uso das ferramentas da qualidade nos projetos de construção
civil tende a trazer melhorias na gestão dos projetos, redução de defeitos e
estimativas mal elaboradas, confiança geral para a equipe e maior capacidade
de adoção de novas tecnologias.
63
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