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Pasteur

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Que a união da classe, o amor pela Medicina, a valorização da relação médico-paciente e a formação de novos profi ssionais competentes e humanistas tragam para esta casa, cada vez mais, a ousadia, a coragem e a solidariedade que moveram aqueles homens sonhadores que em 1939 resolveram fundar uma Associação dos Médicos de Santos.

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Mensagem

Dra. Lourdes Teixeira HenriquesPresidente da APM Santos

Mensagem

1939 foi um ano complicado. Ha-via dois anos que a Polaca, a Constituição autoritária de Getúlio Vargas, instalara o Es-tado Novo e seu Tribunal de Segurança Nacional aplicava o conceito de um governo “liberto das peias da demo-cracia liberal”, a torto e a di-reito - “muito torto e nenhum direito”, garantia o escritor Graciliano Ramos, desde o fundo da cela da prisão. Ou como preferia, Carlos Drum-mond de Andrade, a época em que “o espião janta conosco”. O nazifascismo fazia escola em toda parte.

Santos ainda espiava as consequên-cias da revolução de 32. Mas o fazia ao som das “ondas radiofônicas”, o novo e poderoso meio de comunicação que trazia os discursos de Getúlio, mas trazia também Chico Alves, Araci de Almeida, Carmem Miranda, Dalva de Oliveira, Ataufo Alves, Lamartine Babo, Pixinguinha… Cantava-se “Camisa Lis-trada”, o grande sucesso da época, como uma homenagem a Noel Rosa, que partira, para nunca mais, em 37.

Era uma cidade em vertiginoso cres-cimento, acompanhando a Capital do Estado, onde “eram caminhões bon-des, autobondes, anúncios luminosos, relógios, faróis, motocicletas, telefones, gorjetas, postes, chaminés… eram má-quinas, e tudo na cidade era só máqui-na”, nas palavras de Mário de Andrade, que dispensou as vírgulas para imitar, no papel, o ritmo frenético da vida.

Santos era o paraíso dos dândis pau-listas com seus hotéis de luxo, uma ilha dos mais iguais que os outros, que podiam ver “The Public Enemy”, fi lme censurado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, em ses-sões privadas. Uma transgressão chic, que ajudava a trazer James Cagney e a “vénus platinada” Jean Harlow, para o centro dos modismos. Os “despa-chos telegráfi cos” dos jornais, subs-tituídos rapidamente pelo “jornal da

tela”. E bom mesmo eram as noites regadas a champanhe no Miramar, na Conselheiro Nébias - “vá ainda que chova”, dizia o slogan para ver o must do momento: Carlos Gardel.

Fazia um ano que o Porto de Santos fora elevado à condição de terminal de primeira classe e o café jorrava o dinhei-ro que gerava famas, enchia cassinos, lotava as ruas de Motoblocks e Fords, aquelas “máquinas maravilhosas”.

Médicos estavam em alta, mais que nunca. Usufruíam de uma gratidão sem fi m, depois de estarem na linha de fren-te do combate às epidemias nas duas décadas anteriores. Não havia sido, po-rém, como uma “tabelinha”, daquelas que aconteciam nas melhores “porfi as do esporte bretão”, a relação entre os médicos santistas e os engenheiros de Saturnino Brito. Como no futebol que despontava, as rivalidades cresciam. Mais importante foram os médicos ou os engenheiros? O bate-boca con-sumiu mais tempo que a epidemia.

Os engenheiros montaram sua asso-ciação em 37. Nada mais natural, frente aos fatos, que médico algum quisesse fi car atrás. Já havia três ou quatro anos que se conversava a respeito de uma associação. Segundo M.S. Remião, secretário da AMS por muitos anos, o patologista Samuel Augusto Leão de Moura sonhava reunir os colegas de profi ssão em uma entidade de classe, um lugar onde também seus familiares

pudessem conviver em momentos de lazer. E não só para isso, naturalmen-te. A rigor começou pela rusga – e até pela necessidade de unifi car a voz – a ideia de uma Associação dos Médi-cos de Santos. O associativismo, além disso, estava em alta. Leão de Moura montou uma comissão para estudar o assunto. Estavam nela Arthur Do-mingues Pinto, Osvaldo Santiago e Dirceu Vieira dos Santos, entre outros. A primeira assembleia foi sintomati-camente presidida por Mário Gracchi Pinheiro Lima, então chefe do Serviço Sanitário em Santos – posto de onde os médicos haviam apeado os enge-nheiros. Foi um êxito. Todos os parti-cipantes da reunião foram considera-dos fundadores da nova associação.

A data ofi cial, escolhida a dedo, foi o sete de setembro daquele ano de 1939. Leão de Moura foi o primeiro presidente da entidade que tinha sua sede na Av. Conselheiro Nébias 397, a mais requintada da cidade. Ao seu lado, na primeira diretoria, Antônio Guilherme Gonçalves, Mário Graccho Pinheiro Lima, Edgardo Boaventura, Edgard Falcão, José Cardamono, Antô-nio Arantes, Ciro Werneck de Almeida, Emílio Navajas Filho, Durval Livramen-to Prado, Hugo Santos Silva, José Dias de Moraes, Gastão Ayres e Nicolino Rebello Machado. O primeiro médico a falar em reunião científi ca em nossa AMS foi Emílio Navajas Filho, que re-

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Quando tudo começou...Quando tudo começou...

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latou observações de um Congresso de Ortopedia. A saúde já despertava interesse. No dia 10 de dezembro de 1939, por exemplo, aconteceu uma pa-lestra radiofônica nos estúdios da Hora Médica do Brasil, em que foi discutida a política hospitalar de Adhémar de Barros. Leão de Moura fi cou até 1940.

Em 1941, assumiu o cirurgião Arthur Domingues Pinto, profi ssional respei-tado internacionalmente e o primeiro a fazer uma cirurgia cardíaca a céu aberto na América do Sul. Na equipe da Santa Casa na época, operavam também os médicos Marcílio Dias Ferraz, Eduardo Barreto de Souza e Hermano Vascon-cellos. Em sua gestão na AMS Domin-gues Pinto incentivou muito a parte científi ca, organizando 15 reuniões com as salas lotadas de sócios. Em sua ges-tão estavam José Dias de Moraes, Dirceu Vieira dos Santos, Nicolino Re-bello Machado, Milton Macedo Soares, Ciro Werneck de Almeida, Alcebíades Salles, Car-los Moreira Gomes, Os-waldo Santiago, Manuel Silvestre Figueiredo, J.R. Araujo Costa, Emí-lio Navajas Filho, Marci-lio Dias Ferraz e Edgard Falcão. Em janeiro de 41 a AMS lançava seu pri-meiro boletim científi co.

Ao fi nal de seu man-dato já não se falava mais da encrenca com os engenheiros. Os tempos eram outros, tra-zendo novas preocupações, particularmente a guerra na Europa, que acabaria baten-do em nossas portas pouco tempo depois. Apesar de seu pouco tempo de existência, a Associação dos Médicos de Santos estava consoli-dada no início dos anos 40.

Em 1942, o mesmo ano em que no mês de setembro foi decretado o Estado de Guerra em todo território nacional, assumiu Dirceu Vieira dos San-tos, tendo na vice-presidência José Dias de Moraes. Em setembro desse ano o presidente da República, Getúlio Var-gas, prometeu auxiliar fi nanceiramen-te na construção do novo hospital da Santa Casa da Misericórdia de Santos.

Mais importante foram os médicos ou os engenheiros? O bate-boca consumiu mais

tempo que a epidemia.

Dias de Moraes incentivou a classe para a compra de uma sede, o que foi concretizado em assembleia ge-ral no dia 20 de outubro, quando foi

autorizada a aquisição. Nessa época, Dias de Moraes estava substituindo Dirceu Santos e foi feita a compra da sede na avenida Ana Costa 388, onde está até hoje, por CR$100.000,00.

José Dias de Moraes assume a pre-sidência em 1943, ano em que em se-

tembro foi inaugurado o novo hospital da Santa Casa da Misericórdia de San-tos, com solenidade e placas de home-nagem aos médicos ilustres. Na AMS, com os CR$ 40.000,00 que sobraram da verba obtida para a compra da casa fo-ram feitas reformas na sede. A vida so-cial fi cou mais descontraída para os mé-dicos, que compareciam na AMS para

uma partida de xadrez ou bilhar, cafezi-nhos e muitas conversas. Em sua gestão aconteceu a primeira reunião dançante.

Quando Edgardo Boaventura che-gou à presidência em 1944 Santos estava em uma ótima fase esportiva, brilhando nos Jogos Abertos de Tau-baté. A AMS, por sua vez, também se destacava no esporte vencendo o Torneio Esportivo envolvendo médi-cos, engenheiros e advogados. Nes-ta gestão foi inaugurada a barraca na Praia do Boqueirão, um novo ponto de encontro para a classe. Boaventu-ra chegou a ocupar o cargo de pre-

feito de Santos algum tempo depois. A Cidade nessa época já passava por problemas na área social, com a ex-pulsão de famílias carentes que mo-ravam em boxes, no Jóquei Clube de Santos, e não tinham para onde ir.

Chega 1945. Pilotos brasileiros são condecorados na Itália em fevereiro. Na Cidade, muitos prejuízos com o incêndio de uma fábrica de banana, na rua Sena-dor Dantas. Nesse mes-mo ano Jorge Amado vem a Santos para fazer conferência no auditó-rio da Rádio Atlântica. Na AMS é a vez de João Carlos de Azevedo na presidência. Com total dedicação ao cargo, ele

realizou as primeiras reuniões rei-vindicatórias de interesse da clas-se. Na área social, destaque para a realização da primeira festa junina.

O lado católico de Santos afl orou no ano de 1946, quando a cidade hospedou o chefe da Igreja Portu-guesa, o cardeal Manoel Gonçal-ves Cerejeira, com manifestações marcantes de fé e homenagens. Assume o pediatra Alberto José Aulicino. Eram tempos difíceis aqueles no porto de Santos, que

sofria com problemas de superlotação de mercadorias, necessitando urgente de uma ampliação. Em setembro desse ano foi promulgada a Constituição da República. Na AMS, uma gestão movi-mentada, com 40 reuniões científi cas, excursões, baile à fantasia, cursos de línguas para os médicos, jantar dançan-te de aniversário e a criação da Galeria

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Anos 50Anos 50� m da guerra quente nos trouxe a guerra fria. Ain-da nem tinha esse nome na verdade quando o go-

verno Dutra mostrou que a democra-tização iniciada em 45 não nos leva-ria automaticamente à democracia. A eleição seguinte, reconduzindo Getúlio Vargas ao poder, mostra-va também que seu apelo popular continuava intacto. “Bota o retrato do velhinho, bota no mesmo lugar”, vingavam-se as marchinhas do rádio.

No início dos anos 50 o otorrinola-ringologista Oscar dos Santos Dias Sobrinho estava na presidência da AMS. Com muita colaboração do ci-rurgião Marcílio Dias Ferraz, que ocu-pava o cargo de tesoureiro, comandou a reforma na sede, com uma gran-de campanha para angariar fundos.

Durante algum tempo as reuniões cientí� cas aconteceram na Santa Casa. Junto ao Jornal A Tribuna, Os-car dos Santos Dias conseguiu um espaço chamado Vida Médica, es-crita inicialmente por Maurício Fang.

Em setembro desse ano era inau-gurada a pedra fundamental da Re� naria de Petróleo de Cubatão, com a presença do presidente da República. Eurico Gaspar Dutra.

Durante a gestão de Edgard Ferraz Navarro, em 1951, a ci-dade presenciou um triste aci-dente, quando quatro crianças morreram num desabamen-to de terra no Monte Serrat. Em 8 de novembro a sede foi reaberta com uma reunião festiva e tendo como orador o primeiro presidente, Sa-muel Augusto Leão de Moura.

Em uma das reuniões cientí-� cas Arthur Domingues Pinto apresenta o primeiro caso de coarcta-ção da aorta. A grande novidade des-se período foi a � liação junto à Asso-ciação Paulista de Medicina, em 27 de dezembro.

Finalmente em 1952 o porto de San-tos começa a ser aparelhado, o que era uma previsão de melhoria econômica para a Cidade. Quem estava na presi-dência nesse ano era o cirurgião Marcí-lio Dias Ferraz, que em diretorias ante-riores participava ativamente da AMS. Em sua gestão foram criados os de-partamentos de especialidades, o que deu um grande impulso às atividades cientí� cas na sede. Realizou, inclusive, um Simpósio sobre Coma, com proje-ções de � lmes cientí� cos e colabora-ção do Colégio Internacional de Cirur-

giões. Criou o Departamento Cultural.Em 1953 foi a vez do cirurgião e

obstetra Acácio Ribeiro Valim, tam-bém escritor. Em agosto instalou o 2º Congresso Médico Regional da Associação Paulista de Medicina.

Nessa época, Santos era uma cida-de getulista até a medula. Não é de estranhar, portanto, que o suicídio de Getúlio, em 1954, gerasse um am-plíssimo sentimento nacionalista e o trabalhismo, com o novo conteúdo destilado pela tragédia do Catete, ex-plodisse na forma de uma ação políti-co-sindical, que carregava como ban-deira a tocante “Carta Testamento”.

Santos era o palco do Fórum Sin-dical de Debates, com 53 sindica-tos � liados, a mais poderosa orga-

dos Ex-presidentes, que foi mantida.Antônio Alves Arantes assumiu

em 1947, um ano importante para a paz mundial com a instalação da Assembleia Geral das Nações Uni-das, justamente para tentar evi-tar a ameaça de uma nova guerra.

Ele completou a classifi cação da biblioteca da AMS e trouxe como palestrante o professor Almeida Pra-do, que veio falar na solenidade de aniversário sobre “A Arte Através da Patologia”. Durante seu mandato também organizou campanhas con-tra o câncer e contra a tuberculose.

Edgard Boturão chegou à presi-dência no mesmo ano em que foi defi nida a política externa do Brasil.

A nível internacional, em 1948 tam-bém aconteceu um fato importante, quando a Rússia foi acusada de sabotar a paz. Na AMS tempos de cursos, reu-niões e uma bela exposição de Guio-mar Fagundes.

A compra de um projetor de slides veio atender as necessidades do gran-de número de reuniões científi cas. O Brasil abriu os debates na assembleia geral da ONU, enquanto a União So-viética detém o segredo da bomba atô-mica. No mercado internacional, o FMI faz a proposta de desvalorizar várias moedas estrangeiras para solucionar a escassez de dólares. Em Santos, Luiz de Souza Dantas Forbes na presidência da AMS deu início aos cursos de exten-

são universitária, como o de Medicina e Cirurgia. Na área cultural promoveu recitais de piano, violão, declamações e até humor, além de palestras sobre pintura e fotografi a. Na sede, aconte-ciam também as reuniões do lapetec. O jantar de aniversário da AMS ganhou brilho nos salões do Parque Balneário.

Ao fi nal da década de 40, a Associa-ção dos Médicos de Santos já era mais que uma experiência, mais que um es-forço, mais que a união de uma catego-ria ou classe.

Era sinônimo de ciência, cultura, ati-vidade. Como deve acontecer com o que vem para fi car, a Associação, aos dez anos de idade, já fazia, defi nitiva-mente, parte da paisagem da cidade.

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ACONTECE 7

Anos 60Anos 60

nização de trabalhadores no país, vanguarda das lutas sociais brasileiras.

Santos progredia, crescia emba-lada por maior liberdade comercial nas atividades portuárias e pela con-solidação da cidade como principal balneário paulista – os prédios art decó e de in� uências modernistas são um testemunho perene desse período em nossas ruas e avenidas. Juscelino Kubtscheck pode ter enter-rado o país em dívidas, mas exaláva-mos esperança por todos os poros.

Santos tinha um brilho próprio in-confundível, político e cultural, no � nal da década de 50 – ah!, o gla-mour que tinha, então, a esquerda.

Para a AMS fora um período bri-lhante aquele. A entidade avançara muito, aprofundando seus laços com a comunidade médica e com a cidade.

Participava ativamente do desenvol-

vimento cientí� -co daquela “era de milagres”, como não cansa-va de repetir O Cruzeiro, a gran-de revista ilustra-da que marcou aqueles anos tanto quanto a Copa do Mundo quanto a “pole-gada a mais” de

Marta Rocha. Sir Alexandre Fleming, a maior celebridade cientí� ca da época, veio receber seu título de sócio hono-rário da AMS, das mãos de nosso então presidente, Edmir Boturão, em 1954.

Victor Fernandes Vallejo assumiu no ano seguinte. Foi o ano em que Juscelino Kubitschek foi eleito Pre-sidente da República e também quando perdemos Carmen Miranda.

Mas eram bons tempos aqueles, quando era fácil reunir colegas e espo-sas na sede, todos se conheciam. Para Vallejo, sempre foi importante que a associação lutasse por melhores con-dições de trabalho para os médicos.

Em 1956 assumiu o ortopedista Emi-lio Navajas Filho, desenvolvendo um ótimo trabalho não só na área cientí-� ca, mas incentivando a frequência à sede nas reuniões sociais e culturais.

Seu sucessor foi o clínico e he-

moterapeuta José Ferreira Pontes.Em sua gestão começaram os tra-

balhos para quali� cação de médicos no Conselho Regional de Medicina, com as primeiras carteiras de identi-dade desse órgão na Baixada Santista.

Nessa época os médicos já pas-savam por alguns problemas com a Santa Casa, que impunha honorá-rios baixos, o que motivou a reor-ganização da Associação Pro� s-sional dos Médicos, entidade que antecedeu ao Sindicato dos Médicos.

A gestão de Aloysio Ribeiro de Mendonça foi em 1958, ano em que a sede ganhou seu primeiro jardim, oferecido gratuitamente pelo Hor-to Florestal. A vigésima diretoria da AMS foi presidida por Jayme Mel-chert de Castro. Um ano importante para a indústria brasileira, com o lan-çamento do Fusca com uma linha de montagem genuinamente nacional.

Melchert criou o Conselho de Orien-tação Cientí� ca, para coordenar todas as atividades da AMS, visando am-pliar as atividades cientí� cas. Reali-zando a I Jornada Médica Cirúrgica de Santos trouxe para a Cidade mé-dicos de todo país e Exterior. Dorival Caymmi veio fazer o show da festa ju-nina, entusiasmando os participantes.

Chegamos ao � m dos anos 50 com muita atividade e um enorme peso social. Previa-se mais para o futuro.

uem iniciou a terceira década foi o cirurgião e urologista Alcebíades Salles, que realizou na

sede além das reuniões cientí� cas, recitais de piano, violão e apresen-tação de uma peça infantil do mé-dico Oscar Von Pful. Em outubro desse ano o povo teve direito ao úl-timo voto direto antes da ditadura.

Quando o navio Uruguay Star dei-xou a barra de Santos em 1961, levan-do o ex-presidente Jânio Quadros, � -cou no cais mais que aquela multidão atônita e órfã de seu líder meteórico. Ficou um con� ito aberto. A cidade pa-raria nos dias seguintes numa greve que só seria encerrada com a posse do vice-presidente João Goulart. San-tos, que era para aquela época o que

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o ABC foi para a década de 80, tor-nou-se estão a “cidade vermelha”, “a república sindicalista”, rotulada pela mídia e pelos líderes conservadores.

Não interessava que os comunis-tas, na verdade, não tivessem a for-ça suposta ou que sindicato ou as-sociação algum guardasse as tais “armas de guerra” de que falavam os jornais. Mas Santos dividia-se nas ruas. Desmoronava, pelo medo, a unidade entre trabalhadores e clas-se média que perdurara, entre tapas e beijos, por quase três décadas.

O prefeito eleito em março de 1961, Luiz La Scala Júnior, sofreu um aciden-te estúpido no dia de sua diplomação, em 4 de abril, agonizou por 80 horas na Santa Casa e morreu. Dez dias de-pois tomou posse o vice, José Gomes, já tido como “aliado dos comunistas”, o que consolidou a imagem “subversi-va” da cidade junto aos golpistas que já planejavam o que viria em 1964. Confrontavam-se, de forma cada vez mais ríspida, os adeptos das “Reformas de Base” e os da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Santos frequentava mais os grandes jornais que a maioria das capitais brasileiras.

A política também passou a fa-zer parte das conversas antes mais amenas na Associação dos Médicos, agora na presidência de Heitor Mo-reno. Inovando na atividade social ele organizou sessões cinematográ� -cas para os sócios e tentou iniciar um serviço de refeições rápidas na sede, mas sem obter o movimento espe-rado. Em sua gestão a AMS recebeu um plano de credenciamento para seus associados da Re� naria Presi-dente Bernardes, no sistema de es-colha, que foi bem-aceito pela classe.

Jorge Vieira de Mello assumiu em 62, um tempo em que os médicos

prestavam serviços em praticamen-te todas as instituições de saúde, o número de pro� ssionais permitia essa situação. A AMS participou da programação da comemoração do Jubileu de Prata do Pronto Socorro Municipal. Na cidade, fracassava a greve geral que teve caráter nacional.

O clínico e cardiologista Jair de Oliveira Freitas deu sua contribuição para a história da entidade durante o ano de 63. Com sua conhecida sen-sibilidade e intuição aguçada perce-beu que vários problemas estavam surgindo para os médicos e criou uma Comissão de Defesa de Classe.

Cada vez mais esquentava o pano-rama político em Santos. A paranoia golpista concretizou-se na forma de uma intervenção generalizada na administração da cidade e nos sin-dicatos, prefeito deposto e preso inclusive, em abril de 64. A ira dos conspiradores materializou-se na for-ma de um navio. Chamava-se Raul Soares, um velho cargueiro sem mo-tores que foi encalhado defronte ao Paquetá, para servir de prisão po-lítica. Uma sombra sinistra ainda à busca de seu de� nitivo exorcismo.

Também no exercício pro� ssional as di� culdades aumentavam quan-do Gino Sarti chegou à presidência.

Era o ano em que se comemora-va o Jubileu de Prata da AMS e ele pessoalmente idealizou um movi-mento para arrecadar fundos para as comemorações, buscando ajuda com laboratórios, empresas, cole-gas e amigos. A união e a amiza-de entre os colegas era muito forte.

Em sua gestão foi realizado o I Se-minário das Classes Liberais, com apoio da AMB, com os temas princi-pais sobre seguro saúde e � uoreta-ção. Em 64 a Santa Casa da Miseri-

córdia foi considerado o hospital mais bem organizado da América do Sul.

Frederico Menzen Jr., patologista, comandou a entidade em 1965, rea-lizando as atividades com muito crité-rio para acompanhar os dias difíceis.

Ele foi o primeiro a promover reu-niões musicais com a participação só de médicos na execução, liderados pelo colega J. Carlos Braga de Souza.

Celso Aguiar foi presidente no ano de 1966, fez várias reformas na sede, aparelhou o salão de conferências com um serviço de alto-falantes, ins-talou aparelhos de ar-condicionado no salão principal, e fez um belís-simo baile de aniversário (de smo-king) no Parque Balneário Hotel.

A reunião cientí� ca mais polêmi-ca em sua gestão foi a mesa redon-da sobre a pílula anticoncepcional. Depois dele foi a vez de Antonio Augusto Arantes, o primeiro a as-sumir o mesmo cargo exercido por seu pai anteriormente. Foi um ano de muitos movimentos reivindicató-rios da classe, começaram as lutas para a escolha, ocorreu a uni� cação dos institutos, foram realizadas vá-rias assembleias na AMS. Foi o ano da criação da Faculdade de Ciências Médicas de Santos, com solenidade realizada na AMS, com a presença do prefeito Sílvio Fernandes Lopes.

Depois dele assumiu Antônio Tho-maz Pacheco Lessa Júnior, que tam-bém presidiu assembleias e reuniões da classe na luta pela dignidade pro-� ssional. Em sua gestão foi realiza-do o Congresso Pan-Americano de Medicina do Trabalho, organizado por Oswaldo Paulino. Em setembro desse ano uma vitória da Medicina: a realização de um transplante quá-druplo de coração, rins e pâncreas.

Outro fato que deve ser lembra-do foi a criação da Unimed, no dia 18 de dezembro, pelo médico Ed-mundo Castilho, para acabar com a invasão da medicina de grupo.

Na primeira eleição realmente livre após o golpe, Santos escolheu remar contra a maré, em 1968. Não só votou na oposição à ditadura, como elegeu o primeiro prefeito negro de uma ci-dade média brasileira, Esmeraldo Soa-res Tarquinio de Campos Filho. Entre a eleição e a posse em março de 69, o Brasil vive o golpe dentro do golpe,

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Anos 70Anos 70 início da quarta década trouxe Oswaldo Paulino, um grande conhecedor de Medicina do Trabalho,

para a presidência, agora de dois anos. Para promover a reforma na sede abriu um Livro de Ouro, que contou com a participação decisiva dos colegas. Também foi em busca de outra receita alternativa, lançan-do o atestado médico padronizado.

Para o biênio 71/73 chega Edmon Atik na diretoria da AMS. Ele ampliou as dependências da sede – inclusive a construção da piscina – e conse-guiu junto à diretoria da APM recur-sos para aquisição de terreno na Rua Bahia e construiu a Casa do Médico.

Em sua gestão começou a Gale-ria Piada, coordenada durante dez anos pelo ginecologista Léo Men-des Coelho e Mello, que trouxe grandes nomes para expor na AMS.

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que levaria à edição do Ato Institucio-nal n° 5, o AI-5. Tarquinio foi cassado, seu vice, Oswaldo Justo, renunciou em solidariedade, e veio a intervenção mi-litar e depois a decretação da cidade como “área de segurança nacional”, prefeitos nomeados pelo Conselho de Segurança Nacional. Santos torna--se, então, a capital dos políticos com mandatos extintos e com direitos po-líticos suspensos por dez anos. Entre eles estava, por exemplo, Mário Covas e Rubens Paiva, que teve menos sorte que o primeiro e morreu sob torturas.

Foi um período de temores inten-sos em que a liberdade de reunião e de expressão eram sinônimos de “subversão à ordem”. Lutávamos, também, ao nosso modo e no que

nos competia. Por exemplo na de-núncia, em 1967, durante a presi-dência de Antônio Augusto Arantes, da implantação do sistema de livre escolha pelo INPS, que aglutinou os antigos IAPs. “Isso não trará os be-nefícios anunciados, pelo contrário, colocará em risco todo o sistema pú-blico de saúde”, alertávamos contra a corrente, numa quase premonição.

Era 1969, 30 anos de vida associa-tiva. José Goulart Penteado dirigia a AMS. Cirurgião e angiologista compe-tente, ele realizou na sede o Congres-so Regional da Associação Paulista de Medicina, com 314 participantes.

Outra providência tomada em sua gestão foi a reforma dos es-tatutos, ampliando o manda-

to da diretoria para dois anos.Foram dezesseis longos anos até o

� m da intervenção em Santos, a pri-meira eleição livre somente aconteceu em 1984, na ebulição das “Diretas Já”. Durante este tempo, Santos viu esvaziar-se muito de sua importância econômica, política e cultural, não apenas em razão da ditadura, natu-ralmente, mas com uma boa ajuda do divórcio entre a população e seu go-verno. O resultado da eleição mostrou uma cidade “ranheta”, como anotou o editorial do jornal Folha de S. Pau-lo, que elegeu para prefeito, Oswaldo Justo, o vice que renunciara em 69, tendo como vice, o � lho de Esmeral-do Tarquinio, que morrera dois anos antes. “Justiça histórica”, dizia-se.

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antos terminou os anos 80 mantendo sua tradição política e elegendo a esquerda para governá-la. Não mais a esquerda comunista tradi-

cional, mas através do Partido dos Traba-lhadores, que escapara quase ileso da queda do Muro de Berlim, exatamente por não ser tradicional. Foram duas eleições consecutivas. Os solavancos

foram muitos, mas a cidade parecia querer ressur-gir no cenário nacional, retomar as energias perdi-das durante o longo período de interdição política. Os solavancos nacionais não eram menores.

No biênio 83/85 assume o clínico Mário da Cos-ta Cardoso Filho, que posteriormente foi tam-bém presidente da Associação Médica Brasileira.

SAnos 80Anos 80

De 1973 a 1977 (pela primeira vez, reeleição), Manoel Valente de Almeida e Silva esteve à frente da presidência da associação.

A Cidade de Santos passa por muitos proble-mas de enchentes, que duram até os nossos dias.

Ele concluiu as obras da piscina e da Casa do Médico, além de reformar o salão nobre e colocar as poltronas estofadas.

Promoveu campanha para aumentar o núme-ro de associados e, com a ajuda constante da es-posa Maria Júlia, conseguiu transformar o almoço de domingo em pontos de encontros dos colegas.

José Carlos do Rego foi eleito para o biênio 77/79 e foi ele quem abriu espaço para a instalação do Sindi-cato dos Médicos em uma das dependências da sede.

As críticas nessa época eram voltadas contra o INPS, de-vido à falta de recursos para a implantação de um progra-ma sério de saúde. Juntos, Sindicato e AMS defl agraram uma greve contra a Santa Casa, que durou cerca de duas semanas. Em sua gestão foi determinada a obrigatorieda-de de participar da Mútua Assistência a todos os sócios.

Depois de sua gestão duas chapas disputaram a

presidência da entidade para o biênio e saiu ven-cedor o ortopedista George Bitar, que instituiu a homenagem, durante o Dia do Médico, aos só-cios com mais de 40 anos nos quadros da entidade.

Arrojado, Bitar lançou uma rifa e com a ajuda dos co-legas conseguiu comprar a casa localizada nos fun-dos da sede, visando ampliar o espaço para os sócios.

Com ele foi criado o AMS Jornal, que continua até hoje. Em sua gestão foram realizadas várias assembleias em de-fesa da classe.

No período de 1981 a 1983 assumiu a presidência o cirurgião Luiz Fernando Chierighini Bueno, que recep-cionou em nossa sede o grande cientista Albert Sabin.

Os problemas com a Santa Casa continuam. Em maio, a Prefeitura de Santos intervém no hospital.

No dia 2 de outubro de 82 foi promovida a marcha da Santa Casa, organizada por líderes sindicais em solida-riedade às ameaças de demissões no hospital. A Santa Casa, que chegou a ser fechada neste período, foi moti-vo para muitas assembleias polêmicas na sede da AMS.

Nesse período a classe enfrentava uma nova realida-de: o fi m da época romântica do exercício da Medicina.

Eram tempos de luta para que os convênios respeitassem a Tabela AMB. Ocorreu a paralisação do serviço médico em Praia Grande. Também os médicos participaram, então, do Movi-mento Diretas Já, para a eleição do presidente da República.

Durante a próxima diretoria, 85/87, falava-se em San-tos na reativação do cassino do Monte Serrat, que se-ria uma grande atração e incentivo para o turismo local.

Na AMS estava na presidência o psiquiatra Gil-berto Simão Elias, em uma fase em que foram rea-lizadas várias assembleias durante o movimento de paralisação dos médicos da Prefeitura de Santos.

Os 50 anos da AMS foram comemorados na presidência de Itiberê Rocha Machado, que tinha na vice-presidência José Luiz Camargo Barbosa, que o sucedeu, assumindo a AMS em uma fase em que novamente os médicos se de-frontavam com o achatamento salarial e o domínio dos convênios que brigaram para determinar o nosso preço.

Em 89 o povo saiu às ruas para festejar o direi-to de votar novamente para presidente da República.

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Anos 90Anos 90a primeira eleição presidencial livre depois de 1961, Fernando Collor de Mello foi elei-to em 1989, abrindo um período de enor-me turbulência. Até sua renúncia – que

impediu a aplicação certa de um impeachment – o país passou por uma de suas mais complicadas e ricas fases históricas. Itamar Franco, o vice empossado, concluiu o governo conseguindo estabelecer uma certa estabilidade monetária. Uma necessidade tão premente para os brasi-leiros que levou o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, a uma fácil vitória na eleição de 1994, repetida em 98, graças a uma mudança na Constituição, permitindo a reeleição, instituto que inexistia no Brasil. Em Santos, uma reunião em novembro de 1990 defi nia o futuro do Porto de Santos. Era o início da privatiza-ção, um processo muito doloroso para os trabalhadores.

De 91 a 93 Oscar de Oliveira Júnior realizou uma festa dos anos 60 na AMS, trazendo um show dos Golden Boys. Um dos pontos de destaque foi a realização de um congresso de Cardiologia que re-uniu mais de 250 profi ssionais de todo Estado.

Em 94 aconteceu a implantação do real, uma nova moeda e, mais uma vez, uma nova esperança para o Brasil, que também conquistava o título de tetra-campeão do mundo. Em nossa associação Aléxis Ca-neiro reativou a Galeria Piada, realizou o I Recital do Coral da AMS, criou o Projeto Diac junto com a Uni-med (voltado para crianças carentes da comunidade) e enfrentou difi culdades fi nanceiras em época de crise.

Quando Alberto Augusto Guimarães Gonçalves assumiu em 95 a primeira providência foi sanear todos os problemas fi nanceiros da AMS. Depois realizou reformas administra-tivas e reformas urgentes na sede, como a reparação das instalações elétricas e do teto. Em sua gestão foi criada a Central de Convênios, uma tentativa da classe médica em lutar contra o poder das empresas querendo determinar os salários dos profi ssionais. Quase ao fi nal da gestão comprou

o terreno para ampliação da sede, com recursos próprios.Luiz Carlos Ferraz assumiu em 97 e terminou de pagar

o terreno para começar o projeto de reforma da sede. Esta reforma, entregue ofi cialmente em 18 de outubro de 1999, durante as comemorações do Dia do Médico, incluiu a construção de dois anfi teatros, construção de uma nova piscina com aquecimento solar e a criação de uma pinacoteca, novo salão de festas e nova cozinha.

Na área de assistência social criou o Departamen-to Jurídico (cível, criminal e trabalhista) gratuito para o associado, fi rmou convênios de saúde (odonto, psi-cologia e fonoaudiologia). Colocou a AMS na internet.

Os anos 90 podem ser caracterizados por um perío-

N

Prof. Dr. Carlos Henrique de Alvaren-ga Bernardes presidiu a AMS no perío-do de 1999 a 2002. Em sua gestão, fo-ram atuantes os Departamentos Social,

Cultural e Jurídico. Acrescido de melhoramento na sede com a aquisição de aparelhos de ar-condicionado para os auditórios e salão social, além da construção da churrasqueira para confraternização dos associados.

Houve muita luta para melhorar as condições fi nan-ceiras dos médicos através de negociações com os planos de saúde e cooperativas. Esta negociação con-tou, como não podia deixar de ser, com a colaboração das nossas entidades superiores e seus presidentes.

Na união de todos e com vários contatos em Brasília, con-seguiu-se viabilizar os políticos para defesa da nossa classe trabalhadora. Destaque ao colega Walter Bestane que foi orador do Dia dos Médicos em 2002, com o texto “O médi-co, em tempo e poesia” e ao homenageado Lauro Perrone.

Dr. Percio R. Becker Benitez presidiu a AMS de 2002 a 2005, tendo como destaque o lançamento da CBHPM à nível na-cional e o engajamento da comunidade médica, em todos os cantos do país, com uma mobilização sem preceden-tes. Os médicos de Santos participaram em massa daquele momento através de assembleias e uma passeata histórica.

A CBHPM foi o instrumento mais racional e jus-to elaborado para a valorização do trabalho mé-dico. Lamentavelmente faltou unidade e deter-minação à classe e às entidades e mais uma vez prevaleceram interesses contrários às procedentes reivin-dicações dos médicos trabalhadores e honestos do Brasil.

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Anos 2000Anos 2000

O

do ar intensas crises, agravadas por uma dramática mudança nas rela-ções de produção e consumo em todo o mundo e pela imposição de políticas monetaristas e de franca abertura de mercados, espalhada por todos os continentes, que aca-bou batizada de “globalização”.

Rearrumações, reformas, mudan-ças. Essas parecem ser as palavras chaves dos anos 90 que nos trouxe-ram queda de crescimento, desem-prego e queda do padrão de vida.

Santos não escapou da regra geral, naturalmente. Mas registrou inegá-veis avanços na área de saúde, por exemplo, embora nem sempre con-

sensuais fossem as mudanças feitas. A cidade, como ocorreu em 1963,

dividiu-se aos poucos, mas inapela-velmente.

A coalizão de centro-esquerda que governara a cidade até 96, foi substi-tuída no ano seguinte por uma coa-lizão de centro-direita, sob a direção do prefeito Beto Mansur, que encerra o século.

Com as distinções ideológicas já quase sem sentido, substituídas pe-las diferenças administrativas na per-cepção popular, aquela ênfase à saú-de pública, por exemplo, marca dos governos do início da década, foi mantida com poucas alterações e de-

veremos atravessar o milênio com as estruturas atuais.

Em 60 anos, o status do mé-dico mudou completamente.

Nossa associação com o esforço de todos os seus ex-presidentes e suas diretorias acompanhou os no-vos tempos. Todos tentaram, na medida do possível, fazer sua parte com responsabilidade e seriedade.

Nessa caminhada é importante fazer um agradecimento especial a todos esses profi ssionais que de-dicaram seu tempo à nossa entida-de, com muita determinação, e às suas esposas que os acompanha-ram com carinho e compreensão.

No triênio de 2005 a 2008, assumiu a presidência da AMS o Dr. Arnaldo Duarte Lourenço. Sua gestão caracterizou-se pela continuidade e efetiva estabilização fi nanceira, recupe-ração de quadro associativo e obras realizadas, tais como, reforma dos banheiros (onde se fez um para defi ciente), o bar, a cozinha, instalação de elevador, salão social, especial-mente aos anfi teatros do 2º andar, que também foram total-mente reformulados, melhorias, na academia, cobertura da quadra, reforma da piscina, melhorias na barraca de praia, pagamento de todas as dívidas pendentes, tudo isso prati-camente sem empréstimos. A reformulação do “Informativo A.M.S.” também foi realizada, melhorando a comunicação.

Diversos trabalhos comunitários se iniciaram, tendo como principal o Projeto Menina Mãe, idealizado pelo Dr Dirceu C Rolino, que frutifi ca até hoje. Encenação e realização de vá-rias peças de teatro, Dia das Crianças e Natal para creches.

A parte cultural também foi incentivada pela realização de exposições, vernissages e o Movimento Médico do Cafezinho Literário., onde se faziam saraus, apresenta-ções de consertos musicais no piano e dois congressos médicos literários, sendo o seu realizador o prof. Wil-liam M Harris, um grande realizador desse movimento.

A parte social foi também muito ativa, com as festas tra-dicionais, sempre muito frequentadas pelos associados e convidados. A Defesa de Classe, com Dr. João Sobreira,

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também foi signifi cante, nas lutas pela CBHPM, Honorários e o Ato Médico.

Enfi m, foi uma gestão profícua para a A.M.S., havendo na transição a for-mação de duas chapas concorrentes, fato que só havia acontecido uma vez, há muitos anos, encabeçadas respectivamente pelos Drs. Gerson Aranha e João Sobreira de Moura Neto, que venceu o pleito com muita lisura, dando continuidade aos traba-lhos, dos quais também participou.

Dr. João Sobreira de Moura Neto assume a presidência de 2008 a 2011, encontrando uma situação fi nancei-ra totalmente equilibrada, deixada pela diretoria anterior. Sempre afi -nado com APM estadual, participou de todos os movimentos reivindica-tórios da classe médica e aprofun-dou o processo de Integração.

Evento marcante deu-se no dia 18 de setembro de 2009, quan-do a AMS completou 70 anos.

Grande festa foi realizada no Mendes Convention Center, com a coordena-ção da APM Estadual e presença de sua diretoria sob a presidência do Dr. Jorge Cury. Aconteceram também várias ou-tras festas muito bem organizadas pelo diretor social Dr. Gilberto Guimarães.

A Drª. Lourdes Teixeira Henriques implementou o Projeto Menina-mãe, ampliando seu espaço físico e nú-mero de adolescentes atendidas, dando projeção do mesmo na socie-dade santista. Para dar sustentação fi nanceira ao projeto, foram organi-zadas as famosas “Noite da Pizza”.

Marcaram sua administração, a reforma do piano bar, um espaço

para a música agradável e acolhe-dora, a entrada foi mobiliada, cons-truiu a piscina infantil e ampliou o estacionamento frente a AMS.

Em 18 de outubro de 2011 assume a Dra. Lourdes Teixeira Henriques, pri-meira mulher a ser eleita presidente em 72 anos de história da AMS. Junto a sua diretoria tem a tarefa de dirigir a entidade no período de 2011 a 2014.

O ensino médico e a atualização científi ca foram tratados com especial atenção, prova disso foi a criação do Comitê Multidisciplinar de Acadêmi-cos como primeiro ato de sua gestão.

Com a intenção de agregar conhe-cimentos e permitir maior intercâmbio entre os 45 Departamentos Científi cos, foi criado o Congresso Interdiscipli-nar em 2012 com o tema “O Idoso”. Em 2013, já com parceria do CBC, cujo tema foi “Atualização em Clíni-ca Médica e Cirurgia” e em 2014,” Doenças Crônicas, Clínica e Cirurgia”.

Em 3 de agosto de 2012 foi ofi ciali-zada a Integração da AMS com a APM Estadual.

A nova forma de gestão, agora sob a denominação Associação Paulista de Medicina – Santos (APM Santos) respeita deliberação da Assembleia Geral realizada em 20 de março do mesmo ano, um passo histórico que signifi cou o fortalecimento das duas entidades e a sobrevivência de ambas.

No ano de 2013, a APM Santos fi r-mou parceria com a Harvard Medical School, fazendo parte do programa de educação médica continuada de-senvolvido pelo seu departamento de pesquisa. Assim, em 2014 acon-teceu semanalmente por video-conferência o curso Principles and Practice of Clinical Research de feve-reiro a outubro, além de dois work-shops em Boston e um no Brasil.

A Defesa Profi ssional primou pela união das três entidades (APM, Sindi-cato e CRM), numa luta árdua contra as operadoras de saúde e o governo fede-ral que trouxe médicos estrangeiros sem revalidação do diploma ao nosso país.

No setor da Responsabilidade Social foi dinamizado o Projeto Menina-mãe, criado o Movimento Loss e o Projeto Cuide-se, Doutor!

Ampliou-se o site, criou-se Face-book, twitter, e-mails marketing e fó-runs de discussão.

Inúmeras reformas somam-se aos equipamentos de alta defi nição que receberam os auditórios. Um orgu-lho, a profi ssionalização da secreta-ria, que está preparada para receber a nova diretoria em outubro de 2014.

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Ex-PresidentesDr. Samuel Leão de Moura 1939-1940Dr. Arthur Domingues Pinto 1941-1942Dr. Dirceu Vieira dos Santos 1942-1943

Dr. José Dias de Moraes 1943-1944Dr. Edgardo Boaventura 1944-1945

Dr. João Carlos de Azevedo 1945-1946Dr. Alberto Aulicino 1946-1947Dr. Antônio Arantes 1947-1948Dr. Edgard Boturão 1948-1949

Dr. Luiz de Souza Dantas Forbes 1949-1950Dr. Oscar Luiz Santos Dias Sob 1950-1951

Dr. Edgard Ferraz Navarro 1951-1952Dr. Marcilio Dias Ferraz 1952-1953

Dr. Acácio Ribeiro Vallim 1953-1954Dr. Edmir Boturão 1954-1955

Dr. Victor Vallejo Fernandez 1955-1956Dr. Emilio Navajas Filho 1956-1957Dr. José Ferreira Pontes 1957-1958

Dr. Jayme Melchert de Castro 1959-1960Dr. Aloysio Ribeiro de Mendonça 1958-1959

Dr. Alcebíades Salles 1960-1961Dr. Heitor Moreno 1961-1962

Dr. Jorge Vieira de Mello 1962-1963Dr. Jair de Oliveira Freitas 1963-1964

Dr. Gino Sarti 1964-1965Dr. Frederico Menzen Junior 1965-1966

Dr. Celso Aguiar 1966-1967Dr. Antônio Augusto Arantes1967-1968

Dr. Antônio Thomaz Pacheco Lessa Junior 1968-1969Dr. José Goulart Penteado 1969-1970

Dr. Oswaldo Paulino 1970-1971Dr. Edmon Atik 1971-1973

Dr. Manoel Valente de A. Silva 1973-1975Dr. Manoel Valente de A. Silva 1975-1977

Dr. José Carlos do Rego 1977-1979Dr. George Bitar 1979-1981

Dr. Luiz Fernando Chierighini Bueno 1981-1983Dr. Mario da Costa Cardoso Filho 1983-1985

Dr. Gilberto Simão Elias 1985-1987Dr. Itiberê Rocha Machado 1987-1989

Dr. José Luiz Camargo Barbosa 1989-1991Dr. Oscar Oliveira Junior 1991-1993

Dr. Aléxis Carneiro 1993-1995Dr. Alberto Augusto Guimarães Gonçalves 1995-1997

Dr. Luiz Carlos P. Dias Ferraz 1997-1999Dr. Carlos Henrique de Alvarenga Bernandes 1999-2002

Dr. Percio Ramón B. Becker Benitez 2002-2005Dr. Arnaldo Duarte Lourenço 2005-2008

Dr. João Sobreira de Moura Neto 2008-2011Dra. Lourdes Teixeira Henriques 2011-2014

Ex-PresidentesDr. Samuel Leão de Moura 1939-1940Dr. Arthur Domingues Pinto 1941-1942Dr. Dirceu Vieira dos Santos 1942-1943

Dr. José Dias de Moraes 1943-1944Dr. Edgardo Boaventura 1944-1945

Dr. João Carlos de Azevedo 1945-1946Dr. Alberto Aulicino 1946-1947Dr. Antônio Arantes 1947-1948Dr. Edgard Boturão 1948-1949

Dr. Luiz de Souza Dantas Forbes 1949-1950Dr. Oscar Luiz Santos Dias Sob 1950-1951

Dr. Edgard Ferraz Navarro 1951-1952Dr. Marcilio Dias Ferraz 1952-1953

Dr. Acácio Ribeiro Vallim 1953-1954Dr. Edmir Boturão 1954-1955

Dr. Victor Vallejo Fernandez 1955-1956Dr. Emilio Navajas Filho 1956-1957Dr. José Ferreira Pontes 1957-1958

Dr. Jayme Melchert de Castro 1959-1960Dr. Aloysio Ribeiro de Mendonça 1958-1959

Dr. Alcebíades Salles 1960-1961Dr. Heitor Moreno 1961-1962

Dr. Jorge Vieira de Mello 1962-1963Dr. Jair de Oliveira Freitas 1963-1964

Dr. Gino Sarti 1964-1965Dr. Frederico Menzen Junior 1965-1966

Dr. Celso Aguiar 1966-1967Dr. Antônio Augusto Arantes1967-1968

Dr. Antônio Thomaz Pacheco Lessa Junior 1968-1969Dr. José Goulart Penteado 1969-1970

Dr. Oswaldo Paulino 1970-1971Dr. Edmon Atik 1971-1973

Dr. Manoel Valente de A. Silva 1973-1975Dr. Manoel Valente de A. Silva 1975-1977

Dr. José Carlos do Rego 1977-1979Dr. George Bitar 1979-1981

Dr. Luiz Fernando Chierighini Bueno 1981-1983Dr. Mario da Costa Cardoso Filho 1983-1985

Dr. Gilberto Simão Elias 1985-1987Dr. Itiberê Rocha Machado 1987-1989

Dr. José Luiz Camargo Barbosa 1989-1991Dr. Oscar Oliveira Junior 1991-1993

Dr. Aléxis Carneiro 1993-1995Dr. Alberto Augusto Guimarães Gonçalves 1995-1997

Dr. Luiz Carlos P. Dias Ferraz 1997-1999Dr. Carlos Henrique de Alvarenga Bernandes 1999-2002

Dr. Percio Ramón B. Becker Benitez 2002-2005Dr. Arnaldo Duarte Lourenço 2005-2008

Dr. João Sobreira de Moura Neto 2008-2011Dra. Lourdes Teixeira Henriques 2011-2014

Jornalista Responsável

Edição e Diagramação

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APM Santos Edição Especial - 75 Anos

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Publicação fi nalizada em 01/10/2014.

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