Apontamentos de Problemas Sociais Contemporâneos

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Problemas Sociais Contemporâneos Compilação de LenaR – 2007-2008 1 27 Para que um problema social possa ser considerado um problema sociológico deve possuir condições de regularidade, uniformidade, impessoalidade e repetição. 27 A problematização sociológica dos problemas sociais implica uma desconstrução e um desmantelamento do seu significado social imediato para que se crie um significado de acordo com o discurso científico. 27 O interesse jornalístico não é condição para que um problema social possa ser considerado um problema sociológico. 28 Ao contrário da sociologia positivista (que defende que é possível conhecer, objectivamente, a realidade social dado existirem critérios universais do conhecimento e da verdade, ou seja, defende a procura de leis sociais a partir de um método indutivo- quantitativo e a separação absoluta entre factos e valores), a posição relativista advoga que não existe nenhum critério universal para o conhecimento e para a verdade, ou seja, a definição do que seja um problema social é sempre relativa e não uma característica inerente à situação em si. 29 As perspectivas do trabalho da sociologia que têm como objectivo desenvolver teórica e metodologicamente a sociologia enqto ciência (e não a correcção da realidade social) estudam, preferencialmente, os problemas sociológicos (e não os problemas sociais). 30 A Sociologia de Intervenção não é uma especialidade ou ramo sociológico, mas sim um modo de ver o trabalho do cientista social, que o desafia a ser contaminado por este, o leva a intervir activamente na realidade que estuda e a não separar os papéis de investigador e cidadão. 33 Em contraste com os teóricos da “Patologia Social”, que tendem usar noções emprestadas das ciências biológicas, os autores da perspectiva da “Desorganização Social” utilizam um conceito estritamente sociológico de problema social. 34 P/a perspectiva da desorganização social, o fenómeno da urbanização é central na criação de problemas sociais por ser um factor de mudança social e provocar o enfraquecimento das relações face a face e das tradições sociais. 36 De acordo com Fuller e Myers, entre os problemas sociais, os problemas morais (a eutanásia p.ex.) são os mais complexos, pois não existe consenso qto à própria indesejabilidade da situação. 40 A perspectiva do comportamento desviado entende que os problemas sociais reflectem, de forma mais ou menos directa, violações das expectativas normativas da sociedade, sendo que todo o comportamento que viola essas normas é considerado como comportamento desviado. 55 Um modelo de intervenção social em que se considera que cabe ao Estado o dever de ajudar o cidadão em situações de risco, e a este o direito de esperar ajuda do Estado, é a característica dominante do chamado “Estado Prtotector”. 55 O modelo que alguns autores designam de Estado Protector privilegiou os fins de segurança e de justiça em detrimento do fim de bem estar social que, por regra, foi remetido para a esfera da sociedade civil. 57-58 A consciência de que o bem-estar constitui uma das finalidades do Estado... teoria liberal... 61 A forte crítica à excessiva intervenção do Estado na resolução dos problemas sociais decorrentes do funcionamento do mercado, é típica das correntes liberais e neo- liberais.

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Resumo chave da disciplina de Problemas Sociais Contemporâneos do curso de Ciências Sociais

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27 Para que um problema social possa ser considerado um problema sociológico deve possuir condições de regularidade, uniformidade, impessoalidade e repetição.

27 A problematização sociológica dos problemas sociais implica uma desconstrução e um desmantelamento do seu significado social imediato para que se crie um significado de acordo com o discurso científico.

27 O interesse jornalístico não é condição para que um problema social possa ser considerado um problema sociológico.

28 Ao contrário da sociologia positivista (que defende que é possível conhecer, objectivamente, a realidade social dado existirem critérios universais do conhecimento e da verdade, ou seja, defende a procura de leis sociais a partir de um método indutivo-quantitativo e a separação absoluta entre factos e valores), a posição relativista advoga que não existe nenhum critério universal para o conhecimento e para a verdade, ou seja, a definição do que seja um problema social é sempre relativa e não uma característica inerente à situação em si.

29 As perspectivas do trabalho da sociologia que têm como objectivo desenvolver teórica e metodologicamente a sociologia enqto ciência (e não a correcção da realidade social) estudam, preferencialmente, os problemas sociológicos (e não os problemas sociais).

30 A Sociologia de Intervenção não é uma especialidade ou ramo sociológico, mas sim um modo de ver o trabalho do cientista social, que o desafia a ser contaminado por este, o leva a intervir activamente na realidade que estuda e a não separar os papéis de investigador e cidadão.

33 Em contraste com os teóricos da “Patologia Social”, que tendem usar noções emprestadas das ciências biológicas, os autores da perspectiva da “Desorganização Social” utilizam um conceito estritamente sociológico de problema social.

34 P/a perspectiva da desorganização social, o fenómeno da urbanização é central na criação de problemas sociais por ser um factor de mudança social e provocar o enfraquecimento das relações face a face e das tradições sociais.

36 De acordo com Fuller e Myers, entre os problemas sociais, os problemas morais (a eutanásia p.ex.) são os mais complexos, pois não existe consenso qto à própria indesejabilidade da situação.

40 A perspectiva do comportamento desviado entende que os problemas sociais reflectem, de forma mais ou menos directa, violações das expectativas normativas da sociedade, sendo que todo o comportamento que viola essas normas é considerado como comportamento desviado.

55 Um modelo de intervenção social em que se considera que cabe ao Estado o dever de ajudar o cidadão em situações de risco, e a este o direito de esperar ajuda do Estado, é a característica dominante do chamado “Estado Prtotector”.

55 O modelo que alguns autores designam de Estado Protector privilegiou os fins de segurança e de justiça em detrimento do fim de bem estar social que, por regra, foi remetido para a esfera da sociedade civil.

57-58 A consciência de que o bem-estar constitui uma das finalidades do Estado... teoria liberal ...

61 A forte crítica à excessiva intervenção do Estado na resolução dos problemas sociais decorrentes do funcionamento do mercado, é típica das correntes liberais e neo-liberais.

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64 O pensamento de Karl Marx constitui uma tentativa ambiciosa de sintetizar 3 grandes correntes de pensamento dominantes ao longo do séc. XIX: a filosofia alemã, o socialismo francês e a economia política britânica.

69 O primeiro passo para a construção do modelo de “Estado Intervencionista”, foi dado na Alemanha, nas décadas de 1870 e 1880, por iniciativa dos governos do chanceller Bismark, em resposta à pressão conjugada do movimento trabalhista alemão devido à situação de alto risco em que se encontravam os trabalhadores da indústria e da acção de grupos de académicos e políticos que se juntaram, p/denunciar os malefícios das opções liberais e para defender uma intervenção do Estado no combate aos problemas sociais.

69 A doutrina económica de John Keynes contribuiu fortemente para o desenvolvimento, a partir da crise de 1928, das políticas intervencionistas do Estado, ao defender a necessidade de uma vigorosa intervenção do Estado na economia, através de investimentos públicos, geradores de empregos.

69 A concepção económica de Keynes basearam-se numa vigorosa intervenção estatal através de investimentos públicos que criaram muitos empregos. Ao fazê-lo aumentaram o poder de compra o que provocou um crecimento da procura, revitalizou a economia e reduziu os problemas sociais e económicos.

70 O princípio da centralização, que obriga à criação de um sistema nacional único de protecção social (saúde e segurança social) constitui um dos principais fundamentos do Relatório Beveridge que lançou a base dos sistemas de protecção social da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

70 O princípio da universalidade, um dos princípios dos sistemas de segurança social defendido no Relatório Beveridge, consiste na extensão da protecção social a toda a população, qq que fosse a sua situação de rendimento ou de emprego.

70 Um dos progressos que o relatório Beveridge (1942) representou em relação ao modelo de protecção social pela 1ª vez instituído na Alemanha de Bismarck (1870-1880) foi a proposta de inclusão sob a protecção do Estado de grupos sociais que o modelo de Bismarck não contemplava (domésticas, crianças, inactivos).

88-89 O balanço térmico ideal para a manutenção da vida na Terra é proporcionado, principalmente, pela presença de vapor de água e dióxido de carbono existente na atmosfera. Estes gases absorvem a radiação solar infravermelha, emitida pela superfície terrestre impedindo, assim, que a radiação seja perdida para o espaço. Este fenómeno natural é denominado por “efeito de estufa”.

A libertação de CO2 resultante da conversão dos combustíveis fósseis, em conjunto c/outros gases (metano, óxidos de azoto, clorofluorcarbonetos e o ozono troposférico) potencia este efeito. A agricultura (devido à degradação da matéria orgânica e à utilização de fertilizantes), a desflorestação, alguns processos industriais e o depósito de resíduos em aterros sanitários, também contribuem para o efeito de estufa.

87 A implementação de normas regulamentadoras nos sistemas de tratamento de águas residuais, reduzindo as descargas de nutrientes e de substâncias tóxicas é uma das estratégias dirigidas à resolução do problema da qualidade da água disponível.

90-99 O chamado Protocolo de Quioto designa o protocolo assinado em 1997, por vários países no sentido de reduzir globalmente em 5,2% (níveis de 1990) as emissões dos gases que contribuem p/o efeito de estufa. Permitiu, ainda, a implementação de mecanismos (mecanismos de Quioto) que permitem o comércio de emissões entre países industrializados, a implementação e a cooperação conjunta entre países industrializados e em desenvolvimento, p/implementação de mecanismos de

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tecnologias amigas do ambiente.

Em 1998 dá-se a IV Conferência em Buenos Aires e foi acordado que 1) Mecanismos de financiamento p/apoio aos países em desenvolvimento p/apoio aos efeitos adversos das alterações climáticas (medidas de adaptação); 2) Desenvolvimento e transferência de tecnologias; 3) Actividades implementadas em conjunto; 4) Mecanismos de Quioto (prioridade ao desenvolvimento de mecanismos de tecnologias limpas).

Os acordos quase totalmente políticos firmados em Haia no ano de 2000 não se revelaram eficientes.

91 A utilização de energias alternativas aos combustíveis fósseis é uma das estratégias a seguir p/impedir o crescimento do efeito de estufa.

92 Os factores que influenciam directamente a rarefacção da camada do ozono são: a) emissões dos CFS; b) tetracloreto de carbono; c) metil-clorofórmio; d) halons; e) óxido de azoto e finalmente e) metano.

99 Entre as causas da desflorestação incluem-se a agricultura e o pastoreio. Na realidade estas 2 actividades exigem campos novos e mais férteis p/cultivo e pastagens que são roubados às florestas. Assim, os solos perdem fertilidade e o homem avança em busca de meios de novos meios de subsistência. Por outro lado, existem países que pactuam c/esta destruição na procura desenfreada de madeiras exóticas, novas ofertas turísticas, mão de obra barata, extracção de lenha e carvão, para além de muitas outras coisas, sem que tal beneficie, grandemente, as populações, directamente, afectadas. A esta redução da área coberta num processo natural ou artificial dá-se o nome de desflorestação.

100 Ao resultar na libertação de importantes quantidades de CO2, as queimas de florestas, por razões económicas ou outras, é um dos factores que contribui para o chamado “efeito de estufa”.

102 A seguinte definição “utilização repetida de bens e de produtos que contribui p/a diminuição do peso e do volume dos resíduos (urbanos e industriais) produzidos” refere-se ao processo de gestão de resíduos designado como “reutilização”.

102 Para os adeptos da perspectiva liberal, os problemas sociais e económicos resultam de assimetrias sociais decorrentes da exploração económica das classes económicas dominadas pelas classes económicas dominantes.

103 Um dos objectivos da recolha selectiva de resíduos é o de valorizar economicamente o seu aproveitamento.

127 O crescimento actual da população urbana mundial opera-se a um ritmo anual muito superior ao do crecimento da população rural.

127 Na viragem do século XX p/o século XXI, a maioria da população mundial reside nos países menos desenvolvidos (cerca de 80%).

138 De acordo com os cenários demográficos projectados, existe uma tendência p/que o envelhecimento da população no Mundo, até 2020, seja muito mais acentuada nos países mais desenvolvidos.

139 Entre os principais factores do chamado envelhecimento natural da populaçãp no topo da pirâmide etária (65 e mais anos) encontra-se o aumento da esperança média de vida.

141 O envelhecimento demográfico, acarreta maiores custos com a segurança social (c/pensões e reformas), c/a saúde (hospitais e medicamentos), c/a criação de infra-estruturas (lares, centros de dia). Todos este encargos financeiros p/com o Estado são suportados pela, cada vez mais reduzida, população activa, o que implica uma

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diminuição da sua qualidade de vida.

142 De acordo com as previsões das Nações Unidas, até 2050 a maioria da população com 60 e mais anos de idade, viverá nos países mais desenvolvidos.

151 Migrações internas são os movimentos definitivos ou sazonais, das populações, dentro de um país, território ou área restrita (definitivas = êxodo rural, do campo p/a cidade; sazonais = resposta a solicitações de trabalho fora das suas regiões habituais de residência, durante determinados períodos do ano). As causas das migrações internas são as económicas (desemprego, subemprego, baixos salários) e não económicas (ecológicas - infertilidade das terras, escassez de água potável e maior rigor do clima; sociais - conflitos, inexistência de infra-estruturas, etc.). A principal consequência é a crescente urbanização c/consequências ao nível demográfico (desertificação do interior e zonas rurais e aumento da densidade populacional nas áreas urbanas); nível familiar (abandono de mulheres, crianças e idosos) e nível social (desemprego, subemprego, baixos salários, precárias condições de vida nos bairros, tensões sociais, sobrecarga nos serviços de prestação de serviços).

Emigrante é o indivíduo que sai do seu país para ir trabalhar para outro país.

Migrações externas caracterizadas por alguns factores importantes: � Proximidade cultural entre os migrantes e a população de acolhimento (língua, etnia, cultura); � Estrutura familiar dos grupos migrantes (ex: a emigração é menos problemática p/os solteiros e isolados); � Duração do fluxo (relacionado c/a conjuntura económica e/ou decisões políticas dos países de origem e acolhimento); � Distância percorrida (pode envolver grandes distâncias ou curtas distâncias); � Duração de permanência (poderá ser definitiva ou temporária – contratos por temporada); � Qualificação dos migrantes (qto maiores mais facilidade na entrada e na integração); � Natureza das motivações (migrações políticas devido a guerras, revoluções, perseguições, etc. e migrações económicas devido ao desemprego, baixos salários, más condições de vida).

As causas das migrações externas são de ordem económica (questões de natureza laboral) e não económica (políticas, demográficas, familiares, pessoais, religiosas e culturais).

Devido às desigualdades económicas entre países ricos e pobres, bem como tensões de ordem política, demográfica e ecológica, há um número cada vez maior número de indivíduos a procurar outros países, sobretudo dos países menos desenvolvidos para os mais desenvolvidos. As consequências para os países de destino são de ordem económica, ordem demográfica e ordem sócio-política. Para os países de origem as consequências são de natureza económica (ex: contribuição financeira dos emigrantes c/o envio de remessas); demográfica (ex: envelhecimento da população) e social (ex: adopção de novas práticas aprendidas nos países de acolhimento).

Modelo das 4 fases: � Estada temporária; � Prolongamento da estada; � Maior consciência de fixação permanente; � Fixação torna-se permanente

151 O processo demográfico pelo qual se operam grandes transferência de população rural para os centros urbanos, tendo como resultado o crescimento proporcional da população urbana, pode ser classificado entre os casos de migração definitiva.

152-153 Uma das consequências mais notórias das migrações internas no mundo contemporâneo é a crescente urbanização.

153 O conceito de migração define-se como o movimento de uma população temporário ou permanente, de um local físico para outro.

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173 O aumento das oportunidades educacionais para as mulheres é uma das medidas indirectas incentivadoras para a promoção de famílias pequenas, ou seja, é uma das medidas anti-natalistas. Outras medidas nesse sentido são: aumento das oportunidades no mercado de trabalho.

174 Um dos exemplos mais marcantes de uma política anti-natalista, foi o estabelecimento a partir de 1979 pela R.P.China, de medidas que instituem benefícios pecuniários e sociais p/as famílias c/apenas um filho.

176 A realização das conferências mundiais sobre a população promovidas pelas Nações Unidas sobre o crescimento da população mundial parte da premissa de que esse crescimento é um potencial obstáculo ao desenvolvimento económico-social e ao bem-estar das populações.

189 Investimento externo directo designa todo o fluxo de capital estrangeiro destinado a uma empresa residente sobre a qual o estrangeiro não residente exerce controlo sobre a tomada de decisão.

190 A globalização pode ser definida como a interacção de 3 processos distintos que têm ocorrido ao longo dos últimos 20 anos e afectam as dimensões financeira, produtiva, comercial e tecnológica das relações económicas internacionais, tais como: � a expansão extraordinária dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais [a) Os dados mostraram que os empréstimos internacionais mais o investimento de acções em bolsa triplicaram entre 1987 e 1996. A internacionalização da produção ocorre qdo residentes de um país têm acesso (por meio do comércio internacional, investimento externo directo e relações contratuais) a bens e serviços c/origem noutros países. O investimento externo directo significa que um agente económico estrangeiro actua na economia nacional por meio de subsidiárias ou filiais, enqto as relações contratuais permitem que agentes económicos nacionais produzam bens ou serviços que têm origem no resto do mundo (contratos de know-how, marcas, patentes, franquias, parcerias e alianças estratégicas, p.ex.)]; � Crescimento/agitação da concorrência internacional - crescente importância da competitividade internacional na política económica dos países sugere que há uma rivalidade, cada vez maior, no sistema económico mundial. Os investidores institucionais actuam através de instituições financeiras internacionais ou, directamente, nos mercados nos quais têm interesse. Os mercados emergentes (fora dos países desenvolvidos) passaram a ter importantes centros financeiros p/aplicação ou intermediação de recursos (Hong Kong, S. Paulo, Varsóvia e outras). � Crescente integração dos sistemas económicos nacionais – qdo uma proporção crescente de activos financeiros emitidos por residentes está nas mãos de não-residentes e vice-versa. Indicadores importantes são o diferencial entre as taxas de crescimento das transacções internacionais e nacionais bem como o aumento da participação de títulos estrangeiros na carteira dos fundos de pensões norte-americanos.

Os factores determinantes da globalização agrupam-se em 3 conjuntos de factores: Os desenvolvimentos tecnológicos associados à revolução da informática e das telecomunicações com redução dos custos operacionais e dos custos das transacções globais; Ordem política e institucional devida à ascensão de ideias liberais dos anos 80 (governos de Thatcher e Reagan) cujo resultado deu origem a uma desregulamentação do sistema económico à escala mundial; Ordem sistémica e estrutural cujo ponto central é o de ver a globalização económica como parte de um movimento de acumulação à escala mundial (menor potencial de crescimento dos mercados domésticos dos países desenvolvidos o que leva à transferência de recursos da área produtiva para a financeira levando a uma expansão dos mercados de capitais domésticos e internacional).

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190 As chamadas Empresas de Capital Estrangeiro são também designadas empresas internacionais, multinacionais ou transnacionais.

191 Há investimento externo estrangeiro (IDE) quando um agente económico estrangeiro actua nas economias nacionais através de empresas subsidiárias ou de filiais, enqto as relações contratuais permitem que agentes económicos nacionais produzam bens ou serviços que têm origem no resto do mundo.

194 A revolução no domínio das tecnologias informáticas e das telecomunicações foi determinante p/o fenómeno globalização económica pq tornou muito mais fáceis e baratas a recolha e difusão de informação relativa aos mercados internacionais de capitais e a cordenação de operações produtivas espalhadas por todo o mundo.

204 Uma das fontes de poder externo das Empresas de Capital Estrangeiro reside na sua capacidade de mobilização de recursos (produtivos, financeiros ou outros) a uma escala global. Na verdade as ECE têm uma enorme capacidade para deslocar recursos de uma subsidiária para outra e de um país para outro, para além da política de dumping (no essencial, o dumping consiste em aplicar preços baixíssimos durante um determinado período de tempo, na esperança de arrasar com a concorrência, o que depois permite aplicar preços mais altos e confortavelmente, já que a concorrência foi eliminada) em qq mercado específico, por longo tempo, usando os recursos obtidos noutros países. Deste modo as ECE podem utilizar subsídios cruzados como táctica para controlar mercados, gerar poder económico e poder político.

229 O modelo curativo da saúde, numa perspectiva funcionalista (séc. XVII) e as estratégias que lhe correspondem, acentuam o aspecto curativo das ciências da saúde, segundo a qual a ruptura do equilíbrio na pessoa saudável se dá c/a doença pelo que o papel de reparação compete aos profissionais da saúde.

229 O modelo funcionalista de saúde que se desenvolveu no Ocidente depois do séc. XVII, acentua a dimensão curativa das ciências e técnicas da saúde.

235 Em termos mundiais, os principais grupos de transmissão da SIDA foram os toxicodependentes, heterossexuais e homo/bissexuais.

235 Os principais grupos de transmissão da SIDA são (por ordem decrescente de representação) os seguintes: a) toxicodependentes; b) heterossexuais e c) homo/bissexuais.

237 Dada a importância dos factores psicossociais, a tendência actual no domínio das estratégias para a saúde mental é a de redução de internamentos prolongados dos doentes mentais e da promoção da sua integração no meio comunitário e familiar.

243-244 Uma das consequências da redução drástica do ciclo de vida dos conhecimentos nas sociedades contemporâneas, é a progressiva perda de importância do peso relativo da formação inicial das pessoas em relação à formação contínua.

243 Um sistema de educação em que o peso da formação inicial é preponderante, é adequado a uma sociedade onde o ciclo de vida do conhecimento é longo.

249 Um dos objectivos da chamada Educação para o desenvolvimento é o de preparar as gerações contemporâneas para fazer um uso sustentado do meio-ambiente e dos recursos naturais disponíveis.

249 A necessidade de uma educação para o desenvolvimento e para a solidariedade é um dos factores que torna necessária a organização de sistemas educativos dirigidos a toda a população e não apenas às camadas mais jovens.

253 De acordo com os relatórios da ONU sobre o Desenvolvimento Humano, existe uma

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correlação entre a percentagem dos gastos nacionais c/a educação e a posição mais ou menos favorável de cada país em termos do Índice de Desenvolvimento Humano. O investimento em educação tem sido globalmente assimétrico, em detrimento dos países mais pobres, ou seja, a indústria do ensino carece de recursos materiais e essa carência é mais notória nos países que apresentam baixos IDH.

264 Para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra com êxito é necessário: a) materiais educativos de qualidade; b) espaços específicos; c) estratégias activas p/melhorar a comunicação educacional.

265 Todas as seguintes estratégias são especialmente adequadas qdo, ao aumento das necessidades e de procura de educação, não corresponde uma oferta suficiente por parte dos sistemas educativos: a) ensino à distância; b) utilização de espaços e recursos fora do sistema educativo convencional; c) alfabetização das pessoas p/utilização das tecnologias de informação e de comunicação.

276 O chamado eugenismo é uma orientação que defende intervenções p/a melhoria da espécie humana através de processos de selecção biológica e genética.

278 Fala-se de racismo institucional (surgido nos anos 60 nos EUA) assenta no pressuposto de que a sociedade está estruturada de modo a manter excluído um grupo específico e evitar a sua progressão na sociedade. Assim, as políticas ou acções tendem à marginalização do grupo visado. O Acto Único Europeu em 1993 (o efeito directo da livre circulação entre fronteiras da UE p/os seus nacionais, pressupunha a exclusão desse direito p/os não nacionais) foi interpretada como um exemplo de recismo institucional.

A teoria das raças divide o homem em categorias biológicas distintas. A diferenciação entre raças superiores e inferiores e a legitimação da supremacia das superiores face às inferiores designa-se por racialismo.

As raças foram substituídas por grupos étnicos ou culturais. Surge assim o novo racismo em oposição ao velho racismo biológico. Além da ênfase cultural, utilizam-se argumentos de teor económico, bem patente em períodos de recessão económica (veja-se o caso recente dos moçambicanos na África do Sul), o imigrante, estando em minoria cultural, acaba por ser o bode expiatório, a ameaça.

O racismo encerra 3 componentes: � a naturalização de um grupo (c/base nas características físicas naturais); � a percepção do outro como ameaça; � o apelo a medidas de protecção, discriminação ou segregação.

O racismo combina 2 princípios de exclusão: a desigualdade e a diferença. Até ao século XX a desigualdade dominou as explicações científicas biológicas. Hoje a diferença ocupa o centro do discurso de exclusão. Taguieff defende que as duas dimensões estão separadas. Já Wieviorka defende que as duas dimensões se completam. Segundo este o racismo só se manifesta se houver o sentimento de que o superior está ameaçado pelo inferior, a qualidade pela quantidade, a riqueza pela pobreza, etc., associando diferença e inferioridade.

Todorov define o racismo como uma “doença de passagem para a Modernidade”, considerando o surgimento de novas formas de valores holistas tais como o nacionalismo, racismo e totalitarismo.

281 Designam-se como fundamentalismos as crenças e a defesa de um conjunto de princípios religiosos (fundamentos) tidos como verdades fundamentais que deverão alicerçar a organização de toda a sociedade.

281 A xenofobia e o racismo estão interrelacionados já que ambos os conceitos se referem

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a uma diferenciação entre grupos que resulta na exclusão de uns face a outros. No entanto, a xenofobia diz respeito a um leque muito mais abrangente de diferenciações. Ao contrário do racismo, a xenofobia não constitui por si só uma ideologia.

287 O salário da mulher é visto como um complemento. As funções destinadas às mulheres são ditas compatíveis c/a natureza feminina (cuidar dos outros é de natureza feminina) pelo que se designa por maternidade social.

290 O conceito de relações de género não coincide com o conceito de diferença entre sexos, porque o primeiro sublinha a base social e cultural das relações entre homens e mulheres enqto o segundo toma a diferença física como base imutável dos papéis sexuais.

291 A Carta da Organização das Nações Unidas tem como princípio fundador (em 1945) a busca e a manutenção da paz mundial, mas também o da promoção do respeito dos direitos humanos e liberdades fundamentais.

305 O suicídio que Durkheim designou como altruista ocorre qdo a existência do indivíduo vale pouca coisa face à colectividade (ex: homens idosos ou doentes; viúvas, etc.)

322 Uma das razões pelas quais o consumo de bebidas alcoólicas nos adolescentes é desaconselhávelé o facto de o fígado não metabolizar o etanol antes dos 18 anos.

334 As tendências mais actuais da política social face à prostituição orientam-se p/a despenalização da prostituta e p/a penalização dos operadores que forneçam ou explorem essa actividade.

338 A pornografia tem sido vista por muitos sectores como socialmente perigosa, em virtude de se pensar que ela favorece a violência e a criminalidade, sobretudo o aumento de crimes sexuais; no entanto, a influência da pornografia na violência não está provada, sendo ainda necessários mais estudos sobre o assunto.

345 Para as teorias do crime como comportamento, um comportamento é considerado desviante qdo existe o consenso público de que as normas sociais foram violadas

346 P/a teoria do síndroma geral do desvio a relação existente entre drogas e crime não é directa, mas resulta do facto de o consumo de drogas favorecer a relação do indivíduo c/outras formas de comportamento desviante.

350 Um dos obstáculos ao estudo e intervenção no domínio da violência doméstica são os valores positivos que geralmente nutrimos pela família e que se traduzem, p.ex., na idea de violência e amor não podem coexistir na mesma família.

350 O terrorismo não deve ser confundido com a guerrilha , termo que designa a luta armada de grupos minoritários contra as forças armadas do Estado, c/o objectivo de restabelecer ou instaurar uma nova ordem (caso de Timor Lorosae).

No caso do terrorismo o objectivo é combater o poder instituído, sendo atingidos cidadãos inocentes que não têm qq relação pessoal c/os terroristas. Representa uma forma de luta radical praticada por cidadãos de um país contra o próprio Estado ou Estados estrangeiros.