Apostila 1 - Núcleo de Línguas

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ NÚCLEO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS SEDE ITAPERI LÍNGUA PORTUGUESA MÓDULO I

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Módulo 1 - UECE

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

NÚCLEO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

SEDE ITAPERI

LÍNGUA PORTUGUESA

MÓDULO I

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UNIDADE 1

LEITURA

A língua

Embora a ciência esteja investigando se os animais e as plantas se comunicam, o

que existe comprovado é que só o ser humano se comunica através da língua como

código. Mas, para que haja comunicação, é necessário que o falante utilize o mesmo código

(língua) e a mesma linguagem do ouvinte, caso contrário, ambos não irão se entender.

Veja o diálogo abaixo:

A patroa dirigindo-se à empregada:

- Também, você não descortina nada...

No outro dia, vendo as janelas sem cortina, a patroa lhe perguntou:

- O que foi que você fez, menina?

- Ué, a senhora mandou descortinar... (descortinar = ver além, ter alcance # retirar as

cortinas).

Dominar uma língua é importante, prioritariamente, para se poder efetivar a

comunicação. Borba (1991:9) defende que “a atividade de comunicação é uma constante

em qualquer escala da vida animal”, ou seja, se todos os animais se comunicam de alguma

maneira, imagine-se o quanto não é significativo para o homem, cuja vida é pautada por

diferentes linguagens. Indagar sobre que lingua(gem) “é comparável a – e alguns diriam

quase tão profunda – “o que é a vida?” (LYONS, 1987:15). Ocorre que, assim como não

existem pessoas indagando a qualquer momento de suas vidas sobre o sentido real de viver,

não existem pessoas se perguntando sobre o que é linguagem, o que é língua, ou mais

ainda, como fazer para dominá-las. Alguns acreditam que “memorizando regras

gramaticais” serão capazes de se comunicar bem. Outros, mesmo não compreendendo

particularidades da língua(gem), entendem que é preciso saber usar os elementos que

compõem uma língua.

É fundamental acreditar-se nesse último posicionamento, pois a habilidade

linguística (habilidade de usar a linguagem em conformidade com uma determinada

organização – língua – e de acordo com determinadas situações de uso) constitui um

aspecto muito importante da capacidade cognitiva, principalmente em sociedades mais

desenvolvidas cujas exigências são, a cada dia, mais e mais acentuadas.

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ENEM

TEXTO: COMUNICAÇÃO

Luís Fernando Veríssimo

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer.

Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome?

-- Posso ajudá-lo cavalheiro?

-- Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...

-- Um... como é mesmo o nome?

-- Sim?

-- Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra escapou por completo. É uma coisa

simples, conhecidíssima.

-- Sim, senhor.

-- O senhor vai dar risada quando souber.

-- Sim, senhor.

-- Olha, é pontuda, certo?

-- O quê, cavalheiro?

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-- Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, faz uma volta, aí

vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem

outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, com é mesmo que

se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o

negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?

-- Infelizmente, cavalheiro...

-- Ora, você sabe do que eu estou falando.

-- Estou me esforçando, mas...

-- Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?

-- Se o senhor diz, cavalheiro.

-- Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não

saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.

-- Sim, senhor. Pontudo numa ponta.

-- Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?

-- Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem

sabe o senhor desenha para nós?

-- Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação

em desenho.

-- Sinto muito.

-- Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um

débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje por acaso, me esqueci do nome desse raio.

Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum

problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer

um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando.

-- Eu não estava pensando em nada , cavalheiro.

-- Chame o gerente.

-- Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa

que o senhor quer é feita de quê?

-- É de... Sei lá. De metal.

-- Muito bem. De metal. Ela se move?

-- Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobrada

aqui e encaixa na ponta, assim.

-- Tem mais de uma peça? Já vem montado?

-- É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.

-- Francamente...

-- Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem

vindo, outra volta e clique, encaixa.

-- Ah! Tem clique. É elétrico.

-- Não! Clique, o que eu digo, é o barulho de encaixar.

-- Já sei! Ótimo!

-- O senhor quer uma antena para televisão.

-- Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo...

-- Tentemos por outro lado. Para o que serve?

-- Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a coisa

pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa.

-- Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um

gigantesco alfinete de segurança e...

-- Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!

-- Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!

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--É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... Como é mesmo o nome?

(VERÍSSIMO, Luís Fernando. In: Para gostar de ler.Vol 7. Ed.Ática. /São Paulo-SP.1992)

AMPLIANDO O LÉXICO

Você sabe o sentido de cavalheiro? E cavaleiro? Elabore uma sentença em que as

duas palavras apareçam.

Elabore uma sentença em que o verbo escapar tome outra significação.

Você concorda que o sentido de expansivo (última linha) corresponde ao sentido

dicionarizado? Justifique.

ENTENDENDO O TEXTO

1. Observe o comportamento do cliente e do vendedor e comente os trechos em que se

percebe claramente mudança de comportamento de ambos.

2. Retire o segmento em que a fala é conciliadora. Diga de quem é e por que a pessoa

se observa tal mudança.

CONTEXTUALIZANDO A GRAMÁTICA

Falhas na comunicação

Por que será que crianças, adolescentes e adultos que têm uma linguagem muito

diferente da padrão, quando chegam à escola demonstram tanta dificuldade em entender a

linguagem que a escola apresenta? São essas pessoas que não se comunicam bem ou a

escola que utiliza uma língua diferente da utilizada por esses estudantes?

Pensemos em nossos avós...Na época deles, existia um compartimento da casa

chamado alcova...Você sabe o que é?

Veja o depoimento de uma dona de casa conversando com sua empregada:

- Maria, quando lavar os banheiros, lave o box.

Quando a patroa retorna do trabalho, observa que os banheiros foram lavados,

menos o box, e pergunta à empregada por quê. Só então, a empregada confessou que não

sabia o que era um box.

Podemos concluir que, embora as pessoas conversem na mesma língua, podem

ocorrer problemas na comunicação, principalmente quando as expressões utilizadas pelo

falante forem diferentes da linguagem de uso do ouvinte.

Algumas expressões da língua também concorrem para falhas na comunicação.

Dentre elas, os termos:

Homônimos:

Homógrafos (palavras iguais ou parecidas na escrita e diferentes na pronúncia).

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Exemplos:. rego (subst.) – rego (verbo);

colher (verbo) – colher (subst.);

jogo (subst.) – jogo (verbo);

sede: lugar – sede: avidez;

governo /ê/ (substantivo) – governo /é/ (verbo)

Homófonos (palavras que possuem o mesmo som e grafia diferente).

Exemplos: cela: quarto de prisão – sela: arreio;

coser: costurar – cozer: cozinhar

concerto: espetáculo musical – conserto: ato ou efeito de consertar;

censo (recenseamento) – senso (sensatez, juízo).

perfeitos (palavras que possuem a mesma pronúncia e mesma grafia).

Exemplos: cedo (verbo) – cedo (advérbio de tempo);

sela (verbo selar) – sela (subst. Arreio);

leve (verbo levar) – leve (adj. pouco peso).

Parônimos: são palavras semelhantes na forma (pronúncia e grafia), mas diferentes no

significado.

Ex: Tráfego (trânsito) – Tráfico (comércio ilegal)

Mandado (ordem judicial) – Mandato (tempo de um político no cargo)

Polissemia – é a propriedade de uma palavra apresentar vários sentidos.

Ex: Não consigo passar o fio de lã na agulha de tricô.

Enrosquei minha pipa no fio daquele poste.

ENEM

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SAIBA O PORQUÊ...

Elementos da Comunicação

Pelas discussões feitas sobre a linguagem, pode-se dizer que ela é um instrumento

eficiente de interação social porque atua por meio de sistemas organizados de elementos.

Esses elementos são chamados signos e o sistema, língua. Contudo, para que a

comunicação se processe de forma satisfatória, é válido lembrar que:

Comunicar é tornar algo comum por meio de algum contato, ou seja, transmitir e

trocar alguma informação.

As informações se constituem mensagens – o objeto da comunicação – e são

formuladas pelo uso de um sistema de signos, o código linguístico, e de um

contexto (situação a qual a mensagem faz referência) – o referente;

O emissor (E) é o falante que formula a mensagem; o destinatário, o receptor (R).

E para que a comunicação se estabeleça é indispensável que R perceba o propósito

de E.

Emissor e receptor se valem de vários meios (sonoros e visuais, técnicos ou não)

para interagirem socialmente. Esses meios são denominados canais.

Quanto mais o emissor e o receptor dominarem o código e o contexto mais a

comunicação é bem sucedida;

Alguns problemas são, infelizmente, comuns: a) comunicação unilateral – quando

não há a troca de papéis entre emissor e receptor; b) ruído – quando algo em maior

ou menor intensidade prejudica a transmissão da mensagem. Exemplo: voz muito

baixa ou encoberta por outro som; a falta de atenção do receptor; a falta de domínio

da língua, do vocabulário específico para determinado assunto; a incompletude da

mensagem; c) redundância – quando não há informações novas na transmissão de

uma mensagem.

Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson, linguista russo, elaborou estudos

acerca das funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de

textos. As seis funções são:

1. Função referencial: referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função

referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações

objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado

nos textos jornalísticos.

2. Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua

atitude pessoal: emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do

emissor.

3. Função conativa: essa função procura organizar o texto de forma que se imponha sobre

o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina

essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este

ou aquele comportamento.

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4.Função fática: a palavra fático significa “ruído, rumor”. Foi utilizada inicialmente para

designar certas formas usadas para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa

função ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato,

buscando verificar e fortalecer sua eficiência.

5. Função metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-

se em seu próprio referente, ocorre a função metalinguística.

6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista,

utilizando combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a

manifestação da função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor

prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários.

Essas funções não são exploradas isoladamente; de modo geral, ocorre a superposição de

várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos identificar a finalidade

principal do texto.

ENEM

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AMPLIANDO CONHECIMENTOS

Ao se falar de comunicação, considera-se a linguagem na dicotomia fala e escrita.

Assim, quando um emissor transmite pela fala uma mensagem que não é plenamente

compreendida pelo receptor, o problema pode ser facilmente resolvido, pois, nessa

situação, os interlocutores percebem se houve ou não ruído, se houve ou não compreensão.

Entretanto, quando a comunicação ocorre por meio da linguagem escrita, os

problemas se agravam. Dessa forma, faz-se necessária uma breve exposição sobre as duas

modalidades (língua falada e língua escrita), para que se possa entender algumas das

dificuldades enfrentadas no processo de comunicação.

CONCEITUANDO

Linguagem: Atribui-se à linguagem todo sistema de sinais convencionais que nos permite

realizar a comunicação, podendo essa ser verbal e não verbal.

Língua: Todo um sistema convencional (mediado pelos parâmetros gramaticais) que

pertence a um grupo de indivíduos. Nesse caso, temos o Português, Espanhol, Francês,

Italiano, entre outros idiomas. Esse sistema é formado por um conjunto de sinais, que são

as palavras, e por um conjunto de regras as quais estabelecem a combinação desses sinais.

Fala: Se remete à concretização da língua, realizada por um indivíduo de uma dada

comunidade. Dessa forma, usufruindo de seu conhecimento acerca das leis combinatórias

que regem a língua, cada pessoa expressa de forma particular seus pensamentos e suas

emoções, tendo em vista o caráter único que norteia o perfil humano.

LINGUA FALADA X LINGUA ESCRITA

Segundo Martins, a comunicação não é regida por normas fixas imutáveis. Ela pode

transformar-se, através do tempo, e, se compararmos textos antigos com atuais,

perceberemos grandes mudanças no estilo e nas expressões.

Por que as pessoas se comunicam de formas diferentes? Temos que considerar

múltiplos fatores: época, região geográfica, ambiente e status sócio-cultural dos falantes.

Há uma língua padrão? O modelo de língua padrão é uma decorrência dos

parâmetros utilizados pelo grupo social mais culto. Às vezes, a mesma pessoa, dependendo

do meio em que se encontra, da situação sócio-cultural dos indivíduos com quem se

comunica, usará níveis diferentes de língua. Dentro desse critério, podemos reconhecer,

num primeiro momento, dois tipos de língua: a falada e a escrita.

A LÍNGUA FALADA PODE SER:

Culta – língua falada pelas pessoas de instrução, niveladas pela escola. Obedece à

gramática da língua-padrão.

Ex: “Abra a porta, não vês que sou eu mesmo?” (Virgílio Maia)

Coloquial – é a língua espontânea, usada para satisfazer as necessidades vitais do

falante sem muita preocupação com as formas linguísticas. Permite pequenos

deslizes gramaticais.

Ex: Cadê o livro que te emprestei?

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Vulgar ou inculta – é própria das pessoas sem instrução.

Ex: Me diz aí que horas é?

Regional – é a típica de cada região. Tem um patrimônio vocabular próprio de cada

região geográfica.

Ex: Que trem bão, sô! (região de Minas Gerais)

Grupal – é uma língua que pertence a grupos fechados. Ex: língua da medicina, do

direito, a língua dos adolescentes etc.

Ex: Cara, tipo assim, tu é mó limpeza. (grupo de adolescentes urbanos)

EXERCÍCIOS

1) Observe a tirinha:

Copyright © 2002 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todas os direitos reservados.

http://www.monica.com.br/cookpage.ogl?/ pag=comics/tirinhas/tira297. Acesso: 10 maio de 2010.

Na tirinha acima, as personagens Chico Bento e Zé Lelé travaram diálogo, envolvendo o

papel do espelho. Na ocasião, eles fizeram uso da variação:

a) coloquial da língua, mais comum à população não urbanizada.

b) coloquial da língua, incomum, sobretudo, à população rural.

c) culta da língua, representante, sobretudo, do espaço urbano.

d) técnica da língua, valorizando apenas o espaço não urbanizado.

e) erudita da língua, uma vez que as personagens representam a corte.

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2) Observe a tirinha:

DJOTA. ―Só dando gizada.‖ Correio Popular, Campinas, 12 ago. 2003.

Pode-se concluir após a leitura das falas na tirinha, que um dos aspectos mais conhecidos

de variação linguística é a diferença que caracteriza as chamadas variedades associadas à

geografia, observadas, por exemplo, entre as regiões e cidades do estado. Temos que a

representação do Mineirês se dá, sobretudo:

a) pela semelhança com um rádio fora de sintonia.

b) pela forma entendida de se pronunciar o fonema “r”.

c) pela supressão de sílabas dos vocábulos.

d) pelo frequente uso de gírias como são ilustradas por “oncotô” e “onquié”.

e) pelas significativas diferenças sociais que afastam as pessoas letradas daquelas que não

dominam o idioma culto.

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ENEM

Aula de português

A linguagem

na ponta da língua,

tão fácil de falar

e de entender.

A linguagem

na superfície estrelada de letras,

sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatando

o amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, esquipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-

me.

Já esqueci a língua em que comia,

em que pedia para ir lá fora,

em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortada

do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade

A LÍNGUA ESCRITA PODE SER:

Não literária – língua padrão

Coloquial

Vulgar ou inculta

Regional

Grupal – gíria e técnica

Literária – é o instrumento utilizado pelos escritores

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Segundo Perini, “há duas línguas no Brasil: uma que se escreve (que recebe o nome

de português) e outra que se fala (que é tão desprezada que nem tem nome). É essa última a

língua materna dos brasileiros. A outra (o português) tem de ser aprendida na escola, e a

maior parte da população nunca chega a dominá-la adequadamente”.

Diante do exposto, podemos concluir que o Português escrito é aprendido na escola,

a língua é a padrão e a gramática utilizada será a normativa, porque é nela que se encontram

as normas gramaticais da língua portuguesa. Quem nunca foi à escola, naturalmente, não

falará português, e sim o vernáculo brasileiro, pois, segundo o autor, essa é a língua que se

fala no Brasil.

O português também é a língua usada em Portugal e na África, mas o vernáculo é a

língua materna somente do brasileiro.

EXERCÍCIOS

1) Depreende-se que a linguagem é vista como meio de interação social entre os indivíduos

de uma comunidade. Partindo desse pressuposto, relate acerca da relação que se estabelece

entre os interlocutores envolvidos.

2) Eis que segue uma das criações artísticas do poeta Fernando Pessoa. Após analisá-la,

elucide os elementos em questão:

Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães

choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Fonte: http://www.grijalvo.com/Citas/b_Pessoa_Mar_portugues.htm

a- emissor ______________________________________________

b- receptor ______________________________________________

c- mensagem ____________________________________________

d- código _______________________________________________

e- canal ________________________________________________

f- contexto. _____________________________________________

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ENEM

TESTANDO CONHECIMENTOS

ATIVIDADE 1: A VAGUIDÃO ESPECÍFICA (MILLÔR FERNANDES)

- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.

- Junto com as outras?

- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer qualquer coisa

com elas. Ponha no lugar do outro dia.

- Sim, senhora. Olha, o homem está aí.

- Aquele de quando choveu?

- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.

- Que é que você disse a ele?

- Eu disse pra ele continuar.

- Ele já começou?

- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.

- É bom?

- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.

- Você trouxe tudo para cima?

- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para

deixar até a véspera.

- Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a

entrada e ele reclama como na outra noite.

- Está bem, vou ver como.

SOBRE O TEXTO:

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1) Observe e aponte as características de um texto falado.

2) Diga quem são provavelmente os personagens e sobre o que estão falando.

3) É possível saber o que é “isso” e o que são “as outras”, nesse texto?

4) Quem seria “o homem”?

5) “Eu disse pra ele continuar”. Continuar o quê?

6) O que seriam “as coisas”?

ATIVIDADE 2: Após as explicações sobre marcas de oralidade, reescreva o texto do

Millor Fernandes, fazendo algumas modificações de modo a eliminar tais marcas.

ATIVIDADE 4: Observe o quadro da Hildete

De acordo com as discussões sobre língua, atenda ao que é solicitado a seguir:

1) Que língua ela utiliza para se expressar?

2) Substitua o que achar necessário para mudar a linguagem de Hildete.

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UNIDADE 2 TEXTO: A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM

“A linguagem – a fala humana -

é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores.

É inseparável do homem,

segue-o em todos os seus atos.

A linguagem é um instrumento graças ao qual

o homem modela seu pensamento,

seus sentimentos,

suas emoções,

seus esforços, sua vontade e seus atos.

O instrumento, graças ao qual ele influencia e é influenciado.

A base última e mais profunda da sociedade humana.

Mas é também o recurso último e indispensável do homem,

seu refúgio nas horas solitárias em que o espírito luta com a existência,

e quando o conflito se resolve no monólogo do poeta

e na meditação do pensador.

Antes mesmo do despertar da nossa consciência,

as palavras já ressoavam à nossa volta,

prontas para envolver

os primeiros germes frágeis de nosso pensamento

e a nos acompanhar inseparavelmente através da vida.

Desde a mais humilde ocupação da vida cotidiana,

aos momentos mais sublimes e mais íntimos,

dos quais a vida de todos os dias retira,

graças às lembranças encarnadas pela linguagem, força e calor.

A linguagem não é um simples acompanhante,

mas sim um profundamente tecido na trama do pensamento;

para o indivíduo, ela é o tesouro da memória e

a consciência vigilante transmitida de pai para filho,

para o bem e para o mal.

a fala é a marca personalidade,

da terra natal e da nação,

o título de nobreza da humanidade.

(Hjelmslev)

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Das valiosas palavras citadas no poema de Hjelmslev, pode-se depreender que a

linguagem é a forma propriamente humana da comunicação com o mundo e com os outros,

da vida social e política, do pensamento e das artes.

AMPLIANDO O LÉXICO

Embora o autor empregue bastante a linguagem figurada, acreditamos que o texto seja de

fácil compreensão. Contudo, temos observado que nem sempre o sentido para a palavra

“valores ” – linha 2 – é facilmente identificado.

Dentre os verbetes para a palavra “valor”, Aurélio aponta:

1. Qualidade de quem tem força; audácia, coragem, valentia, vigor

2. Qualidade pela qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor grau;

mérito ou merecimento intrínseco; valia

Elabore um enunciado em que a palavra, quer no singular, quer no plural, aparece

com os dois significados.

O sufixo “vel”, também de acordo com Aurélio, é formador de adjetivos, a partir de radical

verbal latino (infinito, supino, part. pass.), ou vernáculo, e significa: 'digno de'; 'passível de

praticar ou sofrer determinada ação’. Exemplo: aproveitável, evaporável; corrigível.

Retire do texto todas as palavras formadas com esse sufixo e discuta o sentido

assumido no texto lido.

ENTENDENDO O TEXTO

1. Como você conceitua linguagem? Para que serve a linguagem? O que é língua?

2. Por que no poema a expressão linguagem está particularizada como fala humana?

(versos 1 e 2)?

3. Como justificar o verso “O instrumento, graças ao qual ele influencia e é influenciado”?

4. Por que se diz que a linguagem serve para o bem e para o mal?

5. Como identificar o processo de aquisição da linguagem a partir dos versos: “Antes

mesmo do despertar da nossa consciência, as palavras já ressoavam à nossa volta”?

6. Explique o que significa para você os três últimos versos do poema.

7. É possível pensar sem o intermédio da linguagem? Justifique.

8. Quais são os valores (funções) que a linguagem desempenha na sociedade? Enumere-

os.

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SAIBA O PORQUÊ...

Linguagem verbal e não-verbal

A dificuldade de leitura do personagem da tira deveu-se ao fato de ele ter

confundido as duas formas de linguagem utilizadas pelo homem na comunicação: a

linguagem verbal e a linguagem não-verbal. Hagar leu as imagens que, no contexto,

representam letras, como se fossem outras imagens.

Em muitos contextos, encontramos, além das letras, outras representações

simbólicas e, para haver compreensão dos inúmeros textos que nos circundam, faz-se

necessário o conhecimento das duas formas de linguagem.

Conhecer a linguagem não-verbal independe de conhecimento linguístico, mas é

totalmente dependente do conhecimento de mundo do leitor. Saber interpretar imagens

envolve diferentes conhecimentos.

Outro aspecto do estudo da linguagem diz respeito à sua utilização para fins

literários e à sua forma de apresentação em determinada época. Vejamos:

A ARTE LITERÁRIA

“Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma

revolução; alguns dizem mesmo que assim é que a natureza compôs as suas espécies”.

(Machado de Assis)

A literatura é uma manifestação artística e, entre suas várias faces, há pontos

comuns e pontos distintivos. Sabemos que o principal elemento de distinção é a maneira de

se expressar, a matéria-prima com que trabalha cada artista. A esse respeito, assim se

manifestou o crítico Alceu Amoroso Lima:

“A distinção entre literatura e demais artes vai opera-se nos seus elementos

intrínsecos, a matéria e a forma do Verbo.

De que se serve o homem de letras para realizar seu gênio inventivo? Não é, por

natureza, nem do movimento como o dançarino, nem da linha como o escultor ou o

arquiteto, nem do som como o músico, nem da cor como o pintor. E sim, da palavra.”

Entretanto, é necessário atentar para o fato de que não basta fazer uso da palavra

para produzir literatura. Lembremos que a função poética da linguagem ocorre quando a

intenção do emissor está voltada para a própria mensagem, quer na seleção e combinação

de palavras, quer na estrutura da mensagem, com as palavras carregadas de significado.

Os clássicos afirmavam que a “arte literária é a realização do belo literário”, ou seja,

trabalhando a palavra, o artista literário busca uma expressão formal − o ritmo, o estilo, a

forma, as figuras de linguagem − que nos proporcione o prazer estético. Porém, é

importante salientar que uma obra literária não se eterniza pelo aspecto formal, se não tiver

sustentação, também, no conteúdo. O poeta americano Ezra Pound, analisando a relação

entre literatura e a linguagem, afirmou:

“Literatura é a linguagem carregada de significado. Grande literatura é

simplesmente a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível”.

E mais adiante, analisando a utilidade da literatura:

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“A literatura não existe no vácuo. Os escritores, como tais, têm uma função social

definida, exatamente proporcional a sua competência como escritores. Essa é a sua

principal utilidade. (...) Um povo que cresce habituado à má literatura é um povo que está

em vias de perder o pulso de seu país e o de si próprio”.

Assim é que o artista, esse mágico criador de mundos, tem uma função social, e,

portanto, uma responsabilidade social. Não podemos esquecer jamais que o poeta é um

homem que tem necessidades relativas à sobrevivência, um homem que tem fome como

qualquer outro.

Observe como Cassiano Ricardo nos coloca diante de duas interrogações/respostas

essenciais para uma reflexão sobre o que é literatura:

Poética

I II

Que é a poesia? Que é o Poeta?

uma ilha um homem

cercada que trabalha o poema

de palavras com o suor do seu rosto.

por todos Um homem

os lados. que tem fome

Como qualquer outro

homem.

Na primeira estrofe, a poesia e sua matéria-prima − a palavra. Repare que imagem

forte: “a poesia é uma ilha cercada de palavras por todos os lados”. Isto significa que, tanto

para aquele que produz poesia como para aquele que lê, o fundamental é saber bracejar, é

saber sobreviver, vencer os obstáculos desse mar de palavra: caso contrário, não se chega à

ilha.

Na segunda estrofe, estamos diante da figura do poeta/ser humano que trabalha, que

sua e que tem necessidades básicas como qualquer outro ser humano.

Dessa forma, apenas como ponto de partida para iniciar nosso trabalho junto à

literatura, podemos constatar alguns fatos inegáveis:

A literatura é uma manifestação artística;

A palavra é o material da literatura, isto é, o artista literário explora a palavra em

sua totalidade (significado, som, desenho);

Em toda obra literária percebe-se uma ideologia, uma postura do artista diante da

realidade e das aspirações humanas.

Page 20: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

20

ALGUNS CONCEITOS SOBRE LITERATURA

“Arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra”. (Aristóteles)

“A literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do homem”. (Louis

de Bonald, pensador e crítico do Romantismo francês)

“O poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais, e sua obra como um

fim e não como um meio; como uma arma de combate”. (Jean-Paul Sartre)

AMPLIANDO CONHECIMENTOS

Língua(gem) e sociedade

O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente demonstrado.

Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros de uma

comunidade a possibilidade de comunicação, acredita-se, hoje, que seu papel seja cada vez

mais importante nas relações humanas, razão porque se faz indispensável o estudo de

diferentes formas de manifestação da linguagem verbal.

Observando-se os usos que se faz da linguagem, chega-se à conclusão de que

todas essas manifestações, quer na linguagem oral, quer na linguagem escrita, constituem-

se textos. Texto, na perspectiva de vários autores, pode ser compreendido como uma

manifestação linguística de qualquer extensão, oral ou escrita, orientada por formas

específicas (“forma” de conto, de crônica, de artigo de opinião, de poema, de relatórios,

etc.) e com funções: semântica – manifesta uma mensagem, tem um sentido para os

interlocutores – , e pragmática – revela um contexto, uma situação de uso da linguagem.

Seleção dos textos que aparecem com maior frequência na realidade social.

1. Textos Literários Conto

Novela

Obra teatral

Poema

2. Textos Jornalísticos Notícias

Artigo de opinião

Reportagem

Entrevista

3. Textos de Informação Científica Definição

Nota de enciclopédia

Relato de experimento científico

Monografia

Biografia

Relato histórico

4. Textos Instrucionais Receita

Instrutivo

5. Textos epistolares Carta

Solicitação

6. Textos Humorísticos Histórias em quadrinhos

7. Textos publicitários Aviso

Folheto, Cartaz

Page 21: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

21

(KAUFMAN, Ana Maria e RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, leitura e produção de textos. Artes Médicas. Porto

Alegre. RS. 1995, p. 13)

Segundo autores como Costa Val, Koch e Platão e Fiorin, “todo texto é uma

ocorrência linguística falada ou escrita, em que não se pode determinar a extensão, visto

que, até mesmo uma palavra pode ser um texto. Necessita-se de uma situação de

comunicação, tem uma unidade de forma e de sentido e há sempre uma intenção por trás da

existência de um texto.”

ATIVIDADE

1. Você considera a palavra FOGO! um texto? Justifique.

2. Imagine uma situação de comunicação onde a palavra FOGO apareça no interior de uma

unidade de sentido.

TESTANDO CONHECIMENTOS

POEMA

Pisaste um dia a terra descalça

Do “bua” e do “malus”,

Paraste um dia à sombra da casa alta

Estranhando o “tuaka”

E reparaste no seu dono

Cobrindo com a nudez de seu “hakfolik”

A campa dos antepassados.

Miraste o seu suor tórrido

Lavando as faces do seu rosto sujo;

Ouviste ainda o seu “hamulak”

Entoando em “tais” do seu “lulik”

E respeitassem o “manuaten”

(...)

(Xanana Gusmão, Timor Leste (Oceania). Apud Cereja e Magalhães, 2004; vol. 1, pág. 20)

AMPLIANDO O LÉXICO

bua – grão de areca (para mascar)

malus – folha de betal (planta trepadeira - para mascar)

tuaka – aguardente local

hakfolik – pano atado à cintura para tapar as partes pudendas.

Hamulak – prece, oração

Tais – pano para vestir, espécie de saia.

Lulik - sagrado

Manuaten – fígado de galo, símbolo de coragem e luta.

Page 22: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

22

ENTENDENDO O TEXTO

Explorar o texto para mostrar os itens abaixo

Signo – sistema – língua – fala

Falar sobre código – dominar a língua mostrando a necessidade de conhecer:

- o código, o contexto sócio-cultural, as modalidades denotativas e conotativas,

DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO

Palavra com significação restrita Palavra com significação ampla, criada pelo

contexto.

Palavra com sentido comum, aquele

encontrado no dicionário.

Palavra com sentidos que carregam valores

sociais, afetivos, ideológicos.

Palavra utilizada de modo objetivo Palavra utilizada de modo criativo, artístico.

Linguagem exata e precisa Linguagem expressiva, rica em sentidos.

ENEM

Page 23: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

23

Page 24: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

24

UNIDADE 3

Tecnologia e Leitura

O aparecimento dos meios de comunicação de massa baseados na imagem, na

linguagem oral (rádio, cinema, televisão, quadrinhos) e o aparecimento de novos meios de

registro de informação (fitas e discos magnéticos manejados por computadores) significam

uma clara mudança na situação e função da leitura no mundo contemporâneo.

A partir da divulgação da imprensa, a leitura se tornou o grande veículo da

informação, da cultura e do entretenimento. A literatura passou a ser a manifestação

artística mais generalizada. Lembremos que o acesso às grandes obras da pintura e da

música era extremamente limitado.

A reprodução mecânica da imagem, primeiro fixa, depois móvel e acompanhada

de som e amplamente difundida, tira da leitura o privilégio de ser o meio cultural

preponderante e quase exclusivo da informação e da difusão cultural. Esta mudança tem

efeitos curiosos: nos países desenvolvidos, os novos meios incrementam a leitura; nos

países menos desenvolvidos, esta entra em crise.

Nos países desenvolvidos, as indústrias editoriais têm cada vez mais demanda.

Cada vez é mais elevado o número de pessoas que dedicam uma ou mais horas por dia à

leitura. A imprensa abrange uma maior quantidade e variedade de temas.

Nos países menos desenvolvidos, mais precisamente em vários países latino-

americanos, a nova situação da leitura diante dos meios de comunicação de massa se traduz

em crise tanto na escola como fora dela. Na escola, o ensino da leitura se torna mais difícil.

Aumenta o número de crianças que, ao cabo de dois anos de estudo, ainda não sabem ler.

Fora da escola, o hábito de leitura de livros, especialmente literários e científicos, decresce

visivelmente.

As razões desta crise são muitas e nem todas atribuídas ao aparecimento dos

meios de comunicação de massa. Influi, por exemplo, a complexidade da vida econômica

dos países, que exige grandes mercados para tornar rentável a indústria editorial.

Ao analisar a crise, veem-se claramente dois fatos: primeiro, a leitura conserva

uma função importante na situação atual e tem nítidas vantagens sobre os meios de

comunicação de massa baseados na imagem e na palavra oral; segundo, é necessário e

possível tomar uma série de medidas para superar a crise e permitir que os países afetados

não se sintam privados de um meio fundamental para seu desenvolvimento, a leitura.

(Fragmento do livro Leitura; Teoria, avaliação e Desenvolvimento de Alliende e

Condemarim, 1987)

Page 25: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

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ENEM

TEXTO: ATO DE LER

O ato de ler é geralmente interpretado como a decodificação daquilo que está

escrito. Dessa forma, saber ler consiste num conhecimento baseado principalmente na

habilidade de memorizar determinados sinais gráficos (as letras). Uma vez adquirido tal

conhecimento, a leitura passa a ser um processo mecânico, prejudicado apenas por

limitações materiais (falta de luz ou mau estado do impresso, por exemplo) ou por questões

linguísticas (palavras de significado ignorado ou frases muito complexas).

No texto “a importância do ato de Ler”, você encontra um conceito de leitura

muito mais amplo do que essa mera habilidade mecânica. Podemos perceber que Paulo

Freire, educador brasileiro, concebe a leitura como um processo amplo e contínuo, que

inclui nosso relacionamento com a realidade e a forma como pensamos essa realidade e

esse relacionamento.

A sociedade de que somos parte produz e mantém uma cultura. Essa cultura é um

conjunto complexo e dinâmico que abrange desde rituais mínimos de convivência até

aprofundados conhecimentos científicos e técnicos. Desse conjunto fazem parte valores que

aprendemos a associar às coisas e às ações. Fazem parte também ideias sobre a realidade,

que muitas vezes nos levam a vê-la de uma forma pouco “real”. Aprender a ler o mundo

(adquirir a “inteligência do mundo”, nas palavras de Paulo Freire) significa conhecer esses

valores e essas ideias. Significa, também, pensar sobre eles, desenvolvendo uma posição

crítica e própria.

Aprender a ler a realidade em nosso cotidiano social. Desde crianças,

identificamos atitudes agressivas, diferenciando-as das receptivas. A convivência social nos

ensina a perceber quais lugares devemos frequentar, quais comportamentos devemos adotar

Page 26: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

26

ou evitar em situações determinadas. Adquirindo nossa cultura, aprendemos a ler nosso

grupo social, interiorizando os pequenos rituais estabelecidos para as relações sociais.

Aprendemos também que somos permanentemente “lidos”, o que nos leva a utilizar nosso

comportamento como uma forma de linguagem, capaz de agradar, despertar simpatia,

agredir, demonstrar indiferença.

Aprender a ler, a decodificar sinais, não pode prescindir da leitura de mundo. E,

aprender a ler o mundo é apropriar-se dos valores de nossa cultura, submetendo-os a um

processo permanente de questionamentos, de reflexões.

Já vimos que as leituras que fazemos são diferentes. Mas, antes mesmo de

pensarmos objetivos para o ato de ler, fazemos uma leitura sensorial. Nesta primeira

leitura, o leitor observa o objeto a ser lido, avaliando seu aspecto físico e a sensação tátil

que desperta. Essa atitude é importante e pode determinar o nosso relacionamento com o

material escrito.

A leitura sensorial costuma-se seguir a leitura emocional, quando passamos ao

conhecimento do texto propriamente dito, percorrendo as páginas e travando contato com o

“conteúdo”. A leitura sensorial e a emocional fornecem subsídios importantes para a

realização de um terceiro tipo de leitura: a intelectual. A leitura é intelectual, quando o

leitor nunca perde de vista o fato de que aquilo que está lendo foi escrito por alguém que

tinha propósitos determinados ao fazê-lo.

(Texto adaptado – Do texto ao texto – Ulisses Infante)

AMPLIANDO O LÉXICO

1. No texto, encontra-se a palavra “habilidade”. O que você tem a dizer sobre o seu

significado?

2. Consulte o dicionário e veja o sentido de prescindir e pressentir.

3. No texto, encontra-se o verbo “adquirir – adquirindo nossa cultura”. Apresente, em

breves enunciados, o adjetivo e o substantivo formados da mesma raiz.

ENTENDENDO O TEXTO

1. Que compreensão se pode ter do seguinte trecho: “O ato de ler é geralmente interpretado

como a decodificação daquilo que está escrito”.

2. Uma das dificuldades apontadas para o ato de ler diz respeito a questões linguísticas –

“palavras de significado ignorado ou frases muito complexas”. Sabe-se que “por palavras

de significado ignorado” não há dúvidas. Mas, e por “frases muito complexas”, o que você

diz?

3. De acordo com a compreensão do que foi lido, o que está submetido “a um processo

permanente de questionamentos, de reflexões”? Ver fragmento no 5º parágrafo.

SAIBA O PORQUÊ...

Compreende-se a leitura como uma produção mediada pelo texto em seu processo

de significação e construção do conhecimento. Trata-se de uma concepção que envolve o

Page 27: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

27

indivíduo, enquanto ser psicológico, que desenvolve suas habilidades cognitivas. E

enquanto ser social, inserido em determinadas práticas histórico-sociais de leitura nas quais

é definido: o que se permite ler, como se lê, quando se permite ler, para que ler.

Assim, estabelece-se uma distinção entre poder ler, saber ler e ter o prazer de ler.

Poder ler: ter acesso ao mundo da escrita;

Saber ler: adquirir as competências necessárias para ser leitor e ter o poder sobre

a língua;

Ter o prazer de ler: envolver-se com a leitura, ter entusiasmo pela apropriação

do mundo e do conhecimento, realizar descobertas, através do imaginário.

Repensar o ensino da leitura nas nossas escolas de forma a tornar sua

aprendizagem mais funcional significa concebe-la, a partir de três dimensões:

Como objeto de conhecimento

Como instrumento para aprendizagem

Como prazer, desfrute e distração.

ATIVIDADE 1:

1. Leia o texto “Lições de um Catedrático” e observe que foram omitidos alguns períodos.

Escolha, no elenco abaixo do texto, o período adequado ao preenchimento de cada lacuna,

observando que nem todos pertencem a este texto e que a ordem também foi alterada.

2. Indique as pistas textuais empregadas para o preenchimento das lacunas.

LIÇÕES DE UM CATEDRÁTICO

A cerveja brasileira não deixa nada a dever às estrangeiras, embora possua

características bem distintas das demais. -------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------

O Brasil instituiu o hábito da cerveja fria, mas tomá-la supergelada é uma

estupidez, avisa Houais, para quem os segredos de uma boa cerveja não são guardados

simplesmente por seus ingredientes.-------------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

--------. O toque individual fica por conta das quantidades, do fermento, do método de

preparo e da pureza dos ingredientes. “A água da Boêmia, por exemplo, é excepcional,

opina.

A maneira, de tomar cerveja, segundo o especialista, também requer cuidados. É

um pecado eliminar o colarinho. Ele deve ter o tamanho de um pequeno chapéu”. Garante-

se, assim, o sabor.----------------------------------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Quanto mais rápida, menor consistência ela possui.

A cerveja, ao contrário de outras bebidas, não precisa de acompanhamentos.-------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-------------------------------------------------------------------------------.

Page 28: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

28

Historicamente, é mais antiga que o vinho. Foi apreciada pelos egípcios há mais

de oito mil anos. -----------------------------------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------------------------------------Diz

Houais que antigamente a cerveja era encarada como qualquer bebida com fermentos

provenientes de cereais, grãos ou fibras.--------------------------------------------------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

ELENCO:

A) Pode ser bebida isoladamente, em virtude do seu alto poder diurético.

B) De fato, as cervejas voltadas para públicos específicos não encontraram, no Brasil, a

receptividade.

C) Hoje existe maior rigor quanto a esse conceito e o lúpulo passou a ser o principal

elemento indicador de uma cerveja.

D) Dirigida às classes A e B, a nova Black Prince’s tem alta fermentação, nos moldes das

importadas, e atende a uma clientela que estava em busca de uma cerveja preta sem o

tradicional sabor adocicado.

E) Na média, o colarinho precisa ocupar um terço do volume de cerveja no copo e precisa-

se ter atenção para a velocidade com que a espuma se dissolve.

F) Ao ser trazida da Europa, sem qualquer modificação para adaptar-se ao clima brasileiro,

foi repelida pelo alto teor de álcool.

G) Esses são imutáveis: o malte, que é a cerveja germinada e torrada, lúpulo, água pura e

algum cereal para ajudar na fermentação.

H) Quem atesta, é o acadêmico Antonio Houaís, autor do livro “A cerveja e Seus

Mistérios”, o qual registra que o produto nacional é mais leve, menos amargo e adequado

ao clima mais quente.

CONTEXTUALIZANDO A GRAMÁTICA TEXTUAL

Habilidades básicas de leitura

A leitura é um processo que envolve algumas habilidades, entre as quais a

decodificação, a interpretação e a compreensão. Contudo, descrever o processo de leitura

não é tão fácil quanto possa parecer, pois, se didaticamente podemos apontar "fases", não

podemos desconhecer que "o ato de ler" varia de leitor para leitor, isto é, o processo de

leitura apresenta dados semelhantes a grupos de leitores, mas não é um processo

necessariamente único para todos os tipos de leitores.

A leitura é iniciada pelo reconhecimento das palavras impressas, o que pode

ocorrer sílaba por sílaba, palavra por palavra, conjuntos de palavras ou captação de frases

inteiras. Após o reconhecimento do material gráfico, dá-se a interpretação - relação entre as

informações abstraídas e as informações trazidas pelo leitor - e a compreensão do texto.

Um passo seguinte poderá ser a confirmação da compreensão ou a retenção de informações

- a partir da interação autor/leitor, este poderá fazer a reprodução das ideias presentes no

texto, valendo-se de mecanismos variados como: resenha, resumo, esquemas, dentre outros.

Page 29: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

29

UNIDADE 4

Figuras de linguagem

As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as mensagens.

Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção (sintaxe), figuras de pensamento e

figuras de palavras.

Figuras de som

a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.

“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.

“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de

significados distintos.

“Eu que passo, penso e peço.”

Figuras de construção (sintaxe)

a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.

“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)

b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.

Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)

c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou

elementos do período.

“ E sob as ondas ritmadas

e sob as nuvens e os ventos

e sob as pontes e sob o sarcasmo

e sob a gosma e sob o vômito (...)”

d) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.

“De tudo ficou um pouco.

Do meu medo. Do teu asco.”

e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se

subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:

• De gênero

Vossa Excelência está preocupado.

• De número

Page 30: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

30

Os Lusíadas glorificou nossa literatura.

• De pessoa

“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha

verde e mole que se derrete na boca.”

f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre

porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.

A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.

g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.

“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.

“ Amor é um fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer”

Figuras de pensamento

a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo

sentido.

“Os jardins têm vida e morte.”

b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se,

com isso, efeito crítico ou humorístico.

“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese,

procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.

Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)

d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.

Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)

e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos

que são próprios de seres animados.

O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou

descendente (anticlímax)

“Um coração chagado de desejos

Latejando, batendo, restrugindo.”

g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).

“Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus!”

Page 31: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

31

Figuras de palavras

a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual,

com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A

metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica

subentendido.

“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”

b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja,

uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro

significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços

de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica

entre os termos. Observe:

Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)

c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um

conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais

se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.

O pé da mesa estava quebrado.

d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o

identifique com facilidade:

...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)

e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes

órgãos do sentido.

A luz crua da madrugada invadia meu quarto.

EXERCÍCIOS

01. (VUNESP) No trecho: "...dão um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o

máximo", a figura de linguagem presente é chamada:

a) metáfora

b) hipérbole

c) hipérbato

d) anáfora

e) antítese

02. (PUC - SP) Nos trechos: "O pavão é um arco-íris de plumas" e "...de tudo que ele

suscita e esplende e estremece e delira..." enquanto procedimento estilístico, temos,

respectivamente:

a) metáfora e polissíndeto;

b) comparação e repetição;

c) metonímia e aliteração;

d) hipérbole e metáfora;

e) anáfora e metáfora.

Page 32: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

32

03. (PUC - SP) Nos trechos: "...nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta

pra lá faltava nas estantes do major" e "...o essencial é achar-se as palavras que o violão

pede e deseja" encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:

a) prosopopéia e hipérbole;

b) hipérbole e metonímia;

c) perífrase e hipérbole;

d) metonímia e eufemismo;

e) metonímia e prosopopéia.

04. (VUNESP) Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô",

encontramos a

figura de linguagem chamada:

a) silepse de pessoa b) elipse c) anacoluto d) hipérbole e) silepse de número

05. (ITA) Em qual das opções há erro de identificação das figuras?

a) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro sono." (eufemismo)

b) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece. (prosopopéia)

c) Já não são tão freqüentes os passeios noturnos na violenta Rio de Janeiro. (silepse de

número)

d) "E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua..." (aliteração)

e) "Oh sonora audição colorida do aroma." (sinestesia)

06. (Santa Casa) - Elipse é uma das figuras de sintaxe mais usadas e pode ser definida como

sendo "a omissão, espontânea ou voluntária, de termos que o contexto ou a situação

permitem facilmente suprir".

De acordo com a definição, há um bom exemplo de elipse em:

a) "Entre cá dentro, berrou o guarda."

b) "O balão desceu cá para baixo."

c) "Lá fora, umidade; tinha garoado muito."

d) "Eu, parece-me que tenho uma fome danada."

e) "Do bar lançou-me para a sarjeta."

07. I - O vento vem vindo de longe,a noite se curva de frio.

(Cecília Meireles)

II - Do relâmpago a cabeleira ruiva

Vem açoitar o rosto meu.

(Alphonsus de Guimaraens)

III - A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.

(Monteiro Lobato)

IV - Nunca se afizera ao regime novo - essa indecência de negro igual a branco e qualquer

coisinha: a polícia! "Qualquer coisinha": Uma mucama assada no forno porque se

engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: "Como é ruim, a sinhá"...

(Monteiro Lobato)

Page 33: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

33

Assinale a alternativa que indica corretamente o ponto comum entre os respectivos trechos:

a) a metonímia e a prosopopéia - trechos I e II; eufemismo - trechos III e IV.

b) o assíndeto e a metonímia - trechos I e II; eufemismo - trechos III e IV.

c) o assíndeto e a prosopopéia - trechos I e II; hipérbole - trechos III e IV.

d) a inversão e a prosopopéia - trechos I e II; ironia - trechos III e IV.

e) a aliteração e a prosopopéia - trechos I e II; ironia - trechos III e IV.

08. Assinale a figura: "Em poucos momentos avistávamos a maravilhosa Rio de Janeiro".

a) metáfora b) silepse de gênero c) silepse de pessoa d) silepse de número

e) sinédoque

09. Em: "Ele lê Machado de Assis", há:

a) catacrese b) perífrase c) metonímia d) metáfora e) inversão

10. Nos versos: "Deixa em paz meu coração/que ele é um pote até aqui de mágoa" verifica-

se a seguinte figura de linguagem:

a) metonímia b) metáfora c) perífrase d) sinédoque e) catacrese

Page 34: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

34

UNIDADE 5

As sequências textuais

SEQUÊNCIAS TEXTUAIS

Modalidades discursivas: São as formas de organização linguístico-discursivas:

• narrar

• relatar

• argumentar

• expor

• descrever

• instruir

• dialogar

•Quando se classifica um certo texto como narrativo, descritivo ou dissertativo, não se está

determinando o gênero, mas uma tipologia textual predominante.

Sequências Textuais:

•Unidades mínimas de composição textual, ou seja, de protótipos.

•Visam a formar uma unidade textual coesa e coerente.

Além dos três tipos de redação normalmente estudados (descrição, narração e

dissertação), hoje existem mais três classificações dessas sequências: injuntiva, explicativa

e dialogal.

A sequência dissertativo-argumentativa (sequência argumentativa) caracteriza-se pela

discussão de uma problemática, com apresentação de ideias amparadas por argumentações

e fatos, culminando com uma tomada de posição ou defesa de princípios.

Exemplo:

Vejo o Brasil como um país em que, se de um lado existem aqueles que preconizam a

idoneidade, probidade e correção, por outro, há aqueles encarregados de sujar nossa

Pátria com atos inescrupulosos e sem o menor de sinal de respeito à população.

A sequência narrativa caracteriza-se por discorrer, contar, relatar fatos, sejam eles

fictícios ou reais. Em oposição à descrição, é intensamente dinâmica, por isso predominam

os verbos que indicam ação. Apresenta fatos, personagens, cenário, temporalidade.

Exemplo:

[...]

Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-

lhe bem. Lá se ia a oportunidade de ler o romance policial que eu comprara no aeroporto,

para me distrair na viagem. Suspirei e fiz o bacano respondendo que estava às suas

ordens.

[...]

Page 35: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

35

PONTE PRETA, Stanislaw. A estranha passageira

A sequência descritiva consiste em retratar com palavras algo que se viu ou se observou,

representando um objeto ou uma imagem. Nesse tipo de redação, os verbos de ação estão

em segundo plano, dando destaque aos substantivos e aos adjetivos.

Exemplo:

O homem que encontrei era alto, magro, parecia estar agitado e pedia por comida. Notei

nele um ar de sofrimento caracterizado pelas roupas sujas e rasgadas e mão bastante

calejadas quem sabe pelos descaminhos da vida.

A sequência injuntiva configura-se por orientar, instruir, através de passos que devem

obedecer a uma ordem. É típica dos manuais de orientação:

Exemplo:

Modo de usar: Aplique sobre a cutícula e deixe agir de 2 a 3 minutos. Empurre com o

auxílio de uma espátula. Se necessário, remova o excesso com o alicate de uma cutícula.

A sequência explicativa consiste em detalhar ou conceituar determinado elemento,

explicando a sua aplicação e suas particularidades. É típica dos dicionários e enciclopédias.

Exemplo:

Verbo intransitivo: É aquele verbo que não rege complemento para ter sentido completo. .

Ex.: os alunos já saíram.

A sequência dialogal representa a fala entre duas ou mais pessoas, chamadas de

interlocutores. Poderá vir inserida dentro de uma sequência narrativa.

Exemplo:

- Oi, como você está?

- Vou bem, obrigado. Há quanto tempo!!

- Pois é, essa correria louca...

- De repente, podemos marcar alguma coisa...

- Quem sabe agora!?

EXERCÍCIOS Observe o fragmento abaixo e responda às questões.

Na parte inferior, à esquerda do quadro, está uma figura fragmentada com a

cabeça cortada, e, ao centro, um braço, também cortado, agarra uma espada quebrada,

junto a qual se encontra uma flor. Na parte lateral esquerda, percebe-se uma mulher

segurando uma criança morta em seus braços. Acima dela, um touro observa a cena. Na

parte superior, uma lâmpada, que se assemelha a um olho, lança sua luz sobre a cena

reproduzida no quadro do pintor espanhol. No centro do quadro, abaixo da lâmpada,

pode-se perceber um cavalo ao lado do qual está uma lamparina elétrica sustentada por

uma mão. No lado direito do quadro, duas mulheres olham para o cavalo. No canto

superior direito, uma figura humana está sendo consumida por chamas...

01. Que sequência textual é predominante no fragmento e quais os elementos que o

justificam?

_________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

02. No trecho abaixo, indique qual é a sequência textual predominante:

Page 36: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

36

Configurar um endereço de retorno

· Inicie o Word;

· Clique no Botão Microsof Office e, em seguida, em Opções do Word;

· Clique em Avançado;

· Clique em OK;

· Reinicie o computador.

_________________________________________________________________________

03. (ENEM/2010)

Transtorno do comer compulsivo

O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, nos últimos anos, como

uma síndrome caracterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de

alimentos, porém, diferentemente da bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar

ganho de peso com os métodos compensatórios. Os episódios vêm acompanhados de uma

sensação de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos de culpa e de vergonha.

Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de

peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer

compulsivo é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais frequentemente

acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade. Pesquisas demonstram que 30% das

pessoas que procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de

transtorno do comer compulsivo.

Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).

Considerando as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-se que o texto tem a finalidade

de:

a) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da compulsão alimentícia.

b) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do comer compulsivo.

c) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com métodos simples.

d) expor de forma geral o transtorno compulsivo por alimentação.

e) encaminhar as pessoas para a mudança de hábitos alimentícios.

04. (ENEM / 2010)

A gentileza é algo difícil de ser ensinado e vai muito além da palavra educação. Ela

é difícil de ser encontrada, mas fácil de ser identificada e acompanha pessoas generosas e

desprendidas, que se interessam em contribuir para o bem do outro e da sociedade. É uma

atitude desobrigada, que se manifesta nas situações cotidianas e das maneiras mais

prosaicas.

SIMURRO, S. A. B. Ser gentil é ser saudável. Disponível em: http://www.abqv.org.br.

Acesso em: 22 jun. 2006 (adaptado).

No texto, menciona-se que a gentileza extrapola as regras de boa educação. A

argumentação construída

a) apresenta fatos que estabelecem entre si relações de causa e de consequência.

b) descreve condições para a ocorrência de atitudes educadas.

c) indica a finalidade pela qual a gentileza pode ser praticada.

d) enumera fatos sucessivos em uma relação temporal

e) mostra oposição e acrescenta ideias.

Page 37: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

37

05. Marque a afirmação correta em relação ao texto abaixo:

“Senti tocar-me no ombro; era Lobo Neves. Encaramo-nos alguns instantes, mudos,

inconsoláveis. Indaguei de Virgília, depois ficamos a conversar uma meia hora. No fim

desse tempo, vieram trazer-lhe uma carta; ele leu-a, empalideceu muito e fechou-a com a

mão trêmula.” (Machado de Assis, in Memórias Póstumas de Brás Cubas)

a)É texto dissertativo com alguns elementos descritivos.

b)Não se trata de texto narrativo, pois não há personagens.

c)É um texto descritivo, com alguns elementos narrativos.

d)O texto não apresenta personagem-narrador.

e)Trata-se de uma narração, sem nenhum traço dissertativo.

06. Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.

Também nas cidades de porte médio, localizadas nas vizinhanças das regiões

metropolitanas do Sudeste e do Sul do país, as pessoas tendem cada vez mais a optar pelo

carro para seus deslocamentos diários, como mostram dados do Departamento Nacional

de Trânsito. Em consequência, congestionamentos, acidentes, poluição e altos custos de

manutenção da malha viária passaram a fazer parte da lista dos principais problemas

desses municípios.

Cidades menores, com custo de vida menos elevado que o das capitais, baixo índice de

desemprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram suas frotas aumentadas em progressão

geométrica nos últimos anos. A facilidade de crédito e a isenção de impostos são alguns

dos elementos que têm colaborado para a realização do sonho de ter um carro. E os

brasileiros desses municípios passaram a utilizar seus carros até para percorrer curtas

distâncias, mesmo perdendo tempo em congestionamentos e apesar dos alertas das

autoridades sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo aumento da frota.

Além disso, carro continua a ser sinônimo de status para milhões de brasileiros de todas as

regiões. A sua necessidade vem muitas vezes em segundo lugar. Há 35,3 milhões de

veículos em todo o país, um crescimento de 66% nos últimos nove anos. Não por acaso oito

Estados já registram mais mortes por acidentes no trânsito do que por homicídios.

(O Estado de S. Paulo, Notas e Informações, A3, 11 de setembro de 2010, com

adaptações)

(MP/RS – 2010 – FCC) Não por acaso oito Estados já registram mais mortes por

acidentes no trânsito do que por homicídios. A afirmativa final do texto surge como

a) constatação baseada no fato de que os brasileiros desejam possuir um carro, mas perdem

muito tempo em congestionamentos.

b) observação irônica quanto aos problemas decorrentes do aumento na utilização de

carros, com danos provocados ao meio ambiente.

c) comprovação de que a compra de um carro é sinônimo de status e, por isso, constitui o

maior sonho de consumo do brasileiro.

Page 38: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

38

d) hipótese de que a vida nas cidades menores tem perdido qualidade, pois os brasileiros

desses municípios passaram a utilizar seus carros até para percorrer curtas distâncias.

e) conclusão coerente com todo o desenvolvimento, a partir de um título que poderia ser:

Carro, problema que se agrava.

Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.

CIDADE MARAVILHOSA?

Os camelôs são pais de famílias bem pobres, e, então, merecem nossa simpatia e nosso

carinho; logo eles se multiplicam por 1000. Aqui em frente à minha casa, na Praça

General Osório, existe há muito tempo a feira hippie. Artistas e artesãos expõem ali aos

domingos e vendem suas coisas. Uma feira um tanto organizada demais: sempre os

mesmos artistas mostrando coisas quase sempre sem interesse. Sempre achei que deveria

haver um canto em que qualquer artista pudesse vender um quadro; qualquer artista ou

mesmo qualquer pessoa, sem alvarás nem licenças. Enfim, o fato é que a feira funcionava,

muita gente comprava coisas – tudo bem. Pois de repente, de um lado e outro, na Rua

Visconde de Pirajá, apareceram barracas atravancando as calçadas, vendendo de tudo -

roupas, louças, frutas, miudezas, brinquedos, objetos usados, ampolas de óleo de bronzear,

passarinhos, pipocas, aspirinas, sorvetes, canivetes. E as praias foram invadidas por 1000

vendedores. Na rua e na areia, uma orgia de cães. Nunca vi tantos cães no Rio, e presumo

que muita gente anda com eles para se defender de assaltantes. O resultado é uma sujeira

múltipla, que exige cuidado do pedestre para não pisar naquelas coisas. E aquelas coisas

secam, viram poeira, unem-se a cascas de frutas podres e dejetos de toda ordem, e restos

de peixes da feira das terças, e folhas, e cusparadas, e jornais velhos; uma poeira dos três

reinos da natureza e de todas as servidões humanas.

Ah, se venta um pouco o noroeste, logo ela vai-se elevar, essa poeira, girando no ar, entrar

em nosso pulmão numa lufada de ar quente. Antigamente a gente fugia para a praia, para

o mar. Agora há gente demais, a praia está excessivamente cheia. Está bem, está bem, o

mar, o mar é do povo, como a praça é do condor – mas podia haver menos cães e bolas e

pranchas e barcos e camelôs e ratos de praia e assaltantes que trabalham até dentro

d’água, com um canivete na barriga alheia, e sujeitos que carregam caixas de isopor e

anunciam sorvetes e quando o inocente cidadão pede picolé de manga, eis que ele abre a

caixa e de lá puxa a arma. Cada dia inventam um golpe novo: a juventude é muito criativa,

e os assaltantes são quase sempre muito jovens.

Rubem Braga

(UFRJ – 2010 – NCE/UFRJ) 07. Em vários momentos do texto, Rubem Braga utiliza

longas enumerações cujos termos aparecem ligados pela conjunção E. Esse recurso tem a

seguinte finalidade textual:

a) trazer a idéia de riqueza da cidade, em sua ampla variedade;

b) mostrar desagrado do autor diante da confusão reinante;

c) indicar o motivo de a cidade ser ainda considerada “maravilhosa”;

d) demonstrar simpatia pelo comércio popular;

e) procurar dar maior dinamismo e vivacidade ao texto.

Page 39: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

39

Leia o texto a seguir para responder às próximas 2 questões.

A Carta de Pero Vaz de Caminha

De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem formosa. Pelo sertão, pareceu nos

do mar muito grande, porque a estender a vista não podíamos ver senão terra e arvoredos,

parecendo-nos terra muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem

prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é

muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste

tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. De tal

maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que

tem.

(In: Cronistas e viajantes. São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 12-23. Literatura

Comentada. Com adaptações)

(DETRAN/RN – 2010 – FGV) 08. A respeito do trecho da Carta de Caminha e de suas

características textuais, é correto afirmar que:

a) No texto, predominam características argumentativas e descritivas.

b) O principal objetivo do texto é ilustrar experiências vividas através de uma narrativa

fictícia.

c) O relato das experiências vividas é feito com aspectos descritivos.

d) A intenção principal do autor é fazer oposição aos fatos mencionados.

e) O texto procura despertar a atenção do leitor para a mensagem através do uso

predominante de uma linguagem figurada.

(DETRAN/RN – 2010 – FGV) 09. Em todos os trechos a seguir podemos comprovar a

participação do narrador nos fatos mencionados, EXCETO:

a) “Pelo sertão, pareceu-nos do mar muito grande,...”

b) “... Porque a estender a vista não podíamos ver senão terra e arvoredos,...”

c) “... Parecendo-nos terra muito longa.”

d) “Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro...”

e) “Mas, a terra em si é muito boa de ares,...”

Leia o texto a seguir para responder à próxima questão.

Painel do leitor (Carta do leitor)

Resgate no Chile

Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de salvamento de vidas, após 69 dias

de permanência no fundo de uma mina de cobre e ouro no Chile.

Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso, mostrando muita calma,

saúde, sorrindo e cumprimentando seus companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a

Page 40: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

40

ajuda técnica e material que os Estados Unidos, Canadá e China ofereceram à equipe

chilena de salvamento, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E, também,

dos dois médicos e dois “socorristas” que, demonstrando coragem e desprendimento,

desceram na mina para ajudar no salvamento.

(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel do leitor – 17/10/2010)

(DETRAN/RN – 2010 – FGV) 10. Considerando o tipo textual apresentado, algumas

expressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor diante do fato por ele narrado.

Tais marcas textuais podem ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO:

a) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”

b) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina de cobre e ouro no Chile.”

c) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”

d) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”

e) “... demonstrando coragem e desprendimento, desceram na mina...”

Page 41: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

41

UNIDADE 6

A coesão e a coerência fazem parte do rol de conhecimentos necessários a um

falante de uma língua, tanto para compreender o que lê, como para produzir textos (orais e

escritos) compreensíveis.

Fazer a leitura dos textos abaixo e comentar – se houver – alguma dificuldade para a

compreensão.

Menino do Rio

Menino do Rio

Calor que provoca arrepio

Dragão tatuado no braço

Calção corpo aberto no espaço

Coração de eterno flerte

Adoro ver-te

Menino vadio

Tensão flutuante do Rio

Eu canto pra Deus proteger-te

O Havaí

Seja aqui

Tudo o que sonhares

Todos os lugares

As ondas dos mares

Pois quando eu te vejo eu desejo teu desejo

Menino do Rio

Calor que provoca arrepio

Toma esta canção como um beijo

(Caetano Veloso)

O Show

O cartaz

O desejo

O pai

O dinheiro

O ingresso

O dia

A preparação

A ida

O estádio

A multidão

A expectativa

A música

A vibração

A participação

O fim

A volta

O vazio

(texto produzido por aluno do 1º grau)

TEXTO: LUZIA-HOMEM

Domingos Olimpio

Quando lhe serenou o ânimo atribulado, teve ímpetos de repelir o insulto com

represálias violentas, castigando, ela mesma, o insolente, custasse-lhe isto, embora, muita

vergonha, muito opróbrio, ou procurar auxílio na dedicação cega de Alexandre, com o qual

sabia poder contar para a vida e para a morte; mas, demoveram-na desse passo ponderações

das consequências de escândalo, um crime possível e a punição. Não queria arriscar o

moço, cuja alma impetuosa e forte parecia adormecida sob aparência de mansidão e doçura,

como a lâmina de uma faca acerada, escondida em bainha de veludo. Raulino era

demasiado ardente, tinha o coração na goela e seria capaz de estripulias graves. Demais,

por lhe haver prestado valioso serviço, pareceria exigir a paga com o apelo ao seu concurso.

Além, desses, não tinha um coração amigo onde fosse haurir conselho e procurar alívio da

confidência, válvula benéfica para o escoamento das mágoas, pesares e desgostos. As

moças da mesma idade, ainda não contaminadas pelo vírus pecaminoso, que empestava o

ambiente, evitavam-na com maneiras tímidas, discreto acanhamento, como se não fossem

iguais na condição e infortúnio.

Page 42: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

42

Muitas se afastavam dela, da orgulhosa e seca Luzia-Homem, com secreto terror,

e lhe faziam a furto figas e cruzes. Mulher que tinha buço de rapaz, pernas e braços

forrados de pelúcia crespa e entonos de força, com ares varonis, uma virago, avessa a

homens, devera ser um desses erros da natureza, marcados com o estigma dos desvios

monstruosos do ventre maldito que os concebera. Desgraça que lhe acontecesse não seria

lamentada; ninguém se apiedaria dela, que mais se diria um réprobo, abandonado, separado

pela cerca de espinhos da ironia malquerente, em redor da qual girava o poviléu feroz a

lapidá-la com chacotas, ditérios e remoques. Tal se lhe figurava, através dos exageros

pessimistas, a sua triste situação.

Uma vez, estando ela a banhar-se, depois de cheio o grande pote na cacimba

aberta no leito de areia do rio, em sítio distante dos caminhos e aguadas mais frequentadas,

surpreendeu-a Teresinha, a rapariga branca e alourada, bem parecida de cara e bem feita de

corpo, que era flexível como um junco, de sóbrias carnações e contornos graciosos.

OLÍMPIO, Domingos. Luzia-Homem. Ediouro, Rio de Janeiro.

AMPLIANDO O LÉXICO

Retire do texto, no mínimo, oito palavras desconhecidas ou pouco usadas. Pesquise o

sentido no dicionário. Escolha um contexto de uso e formule para cada uma delas um breve

enunciado.

ENTENDENDO O TEXTO

1. Qual o valor semântico de Quando na linha 1?

..............................................................................................................

2. A que se refere Isto na linha 2?

..............................................................................................................

3.O qual (linha 3) se refere a qual palavra anterior?

..............................................................................................................

4. Desse passo se refere a que na linha 4?

..............................................................................................................

5. Qual o valor semântico do e na linha 5?

..............................................................................................................

6. Quem é o moço na linha 6?

..............................................................................................................

7. Qual o valor semântico do como na linha 7?

..............................................................................................................

8. Desses quem na linha 10?

..............................................................................................................

9.Onde, a linha 10, repassa-nos qual ideia?

..............................................................................................................

10. Na, na linha 13, equivale a que palavra anterior?

..............................................................................................................

11. Os, na linha 19, corresponde a que anteriormente?

..............................................................................................................

Page 43: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

43

12. ela quem na linha 24?

..............................................................................................................

13. Que, na linha 27, corresponde a que palavra?

..............................................................................................................

É provável que você não tenha lido muitos textos como o “show”, isto é, textos sem

coesão, mesmo que bem estruturado – é uma narrativa com vários momentos.

Reescreva-o, mantendo a mesma estrutura de começo, meio e fim. Amplie cada verso

com outras informações.

CONTEXTUALIZANDO A GRAMÁTICA

A piada descrita abaixo requer, para a sua compreensão, uma compreensão de

mundo sobre o sentido de sabotar o trabalho, espionagem e conformismo pequeno-burguês.

Caso o leitor não contextualize o sentido dessas palavras à ideia de prisão, jamais poderá

achá-la interessante.

Vejamos o texto:

O primeiro informou:

- Eu, uma vez, cheguei atrasado à usina e fui preso por estar sabotando o trabalho

coletivo.

E o outro contou:

- Pois eu, como chegava todo dia mais cedo, fui preso por espionagem.

E o terceiro:

- Eu sempre cheguei na hora exata, todos os dias, durante anos, e fui preso por

conformismo pequeno-burguês.

(Ziraldo - Anedotas do Pasquim)

SAIBA O PORQUÊ...

A compreensão de um texto depende inicialmente do domínio de linguagem e da

habilidade de decodificar a mensagem. Mas são requisitos mínimos, apesar de importantes,

pois compreender um texto requer ainda: estabelecer relações coesivas (elos formados entre

as palavras que compõem um texto) e perceber se o texto é coerente com os conhecimentos

de mundo, de linguagem e de texto.

Vejamos outros exemplos.

“Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a

roupa”.

Percebemos claramente que há uma incoerência (falta de lógica) na relação

temporal estabelecida. Maria ou tinha terminado de lavar a roupa ou ainda estaria lavando-

a.

Page 44: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

44

“Meu filho não estuda nesta Universidade. Ele não sabe que a primeira

Universidade do mundo românico foi a de Bolonha. Esta Universidade possui imensos

viveiros de plantas.

A universidade possui um laboratório de línguas”.

Embora haja entre as palavras uma relação de sentido – meu filho/ele;

Universidade/a primeira do mundo/ Esta Universidade/Universidade – não há o sentido

dessas relações na composição do próprio texto. Falta lógica, falta coerência.

O texto seguinte apresenta inicialmente uma série de frases soltas. Contudo, o

segmento “todos os meus filhos” traz ao texto um sentido de unidade, uma lógica, uma

coerência.

“Luiz Paulo estuda na Cultura Inglesa. Fernanda vai todas as tardes ao laboratório

de física do colégio. Mariana fez 75 pontos na FUVEST. Todos os meus filhos são

estudiosos”.

AMPLIANDO CONHECIMENTOS

A coesão e a coerência textuais são de fundamental importância dentro do estudo

da produção textual. Um texto precisa ter elementos de ligação entre palavras, orações e

entre parágrafos. As ideias precisam se organizar harmonicamente, dando ao texto a função

primordial: comunicar. O que importa é que a mensagem seja repassada coerentemente e

que o redator seja capaz de analisar, refletir e questionar o tema em questão, valorizando a

ideia em detrimento à parte gramatical, mas não esquecendo que a primeira é também

resultado da segunda.

Os elementos de coesão são elementos gramaticais que, por sua vez, auxiliam no

processo de ligar as ideias de forma coerente, objetiva e de melhor compreensão por parte

do leitor, o mais importante elemento dentro do processo de escrita, uma vez que é ele o

receptor da mensagem. A mensagem precisa ser clara, bem definida, para que não dificulte

a compreensão por parte de quem lê. O escritor não pode escrever sem estudar a quem a

mensagem vai ser levada, daí a importância da coesão no texto. Diversos são os elementos

de coesão que estudaremos a partir de agora.

1. COESÃO LEXICAL: Ocorre quando expressões sinonímicas ou palavras sinônimas

retomam situações textuais anteriores com o objetivo de evitar repetições e tornar a

linguagem mais fluente.

Ex.: Estive ontem em Paris. A Cidade Luz continua linda.

Paris = Cidade Luz

Ex.: Em visita ao Rio de Janeiro, fui ao Maracanã. A Cidade Maravilhosa continua linda.

Rio de Janeiro = Cidade Maravilhosa

Ex.: "Romário fez apenas algumas corridas em redor do campo. Na próxima semana o

baixinho já volta a treinar com bola." (Folha de São Paulo)

Page 45: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

45

Romário = baixinho

OBSERVAÇÃO: É importante que tomemos cuidado com as ambiguidades:

Ex.: Laura recebeu Cláudia em sua casa. A desgraçada tem dois filhos de maridos

diferentes.

A desgraçada = Cláudia ou Laura?

2. COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO: É o processo pelo qual se abrevia uma expressão

inteira com o objetivo de fazer um resumo, deixando o texto fluir.

Ex.: "O Governo de Minas decretou moratória. Isto causou uma repercussão mundial." (O

Globo)

O Governo de Minas decretou moratória = isto

Ex.: "O Governo Federal tem intenção de extinguir o DNOCS. Os governadores

nordestinos não aceitam esta posição do Governo." (Diário do Nordeste)

O Governo Federal tem intenção de extinguir o DNOCS = esta posição

3. Coesão por elipse: Ocorre a partir da omissão de um termo para evitar repetição.

Ex.: Os grevistas se reuniram com os empresários. Na ocasião queriam aumento de salário.

Os grevistas = vazio na 2ª oração

Ex.: A noiva comprou um carro zero, e o noivo, um apartamento no centro da cidade.

“Comprou”, na 1ª oração, foi omitido na 2ª oração.

Ex.: As uvas chegaram em bom estado?

- Não, boa parte se estragou.

5. COESÃO REFERENCIAL: os advérbios e os pronomes substituem termos anteriores,

referem-se a eles, por isso são coesivos referenciais.

Ex.: Está vendo aquelas três crianças? A do meio é minha filha.

Ex.: Gosto muito do período natalino. No período natalino, as esperanças se renovam.

Veja o exemplo anterior acrescido de um coesivo referencial:

Gosto muito do período natalino. Nele, as esperanças se renovam.

TESTANDO CONHECIMENTOS

Partindo do texto estudado anteriormente, vamos compreender a função dos

elementos coesivos.

ATIVIDADE

1. Analise cada situação abaixo quanto aos elos coesivos:

Page 46: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

46

a) Temos duas chances de mostrarmos nosso talento: uma delas é no Festival da música

Brasileira.

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

..................................................................................................................................................

b) O Vasco da Gama não derrotou o Vitória na última partida. O time Cruz Maltino vai ter

que esperar pelo próximo ano.

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

..................................................................................................................................................

c) Fiz ontem a prova do vestibular. Nela estão as minhas esperanças.

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

..................................................................................................................................................

d) Servi salgados e refrigerantes para quase todos os convidados. Só não para o vovô que

está fazendo dieta.

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

..................................................................................................................................................

e) Garrafas, copos, colheres, tudo estava jogado no chão.

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

..................................................................................................................................................

f) As joias, fiz um grande esforço e comprei-as na loja da esquina. Uma que tem um amplo

estacionamento nos fundos.

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

2. Na tentativa de usar os elos coesivos com propriedade, um redator assim fez: "Visitei a

casa da vovó que dá os fundos para o mar." No que diz respeito à construção anterior, que

problemas podemos observar? Faça uma análise.

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

..................................................................................................................................................

3. Leia a frase: "A minha namorada passeava puxando sua cachorrinha Fulô. Um fusca as

atropelou. Verifiquei a boca dela e estava sangrando." Que tipos de problemas a estrutura

textual apresenta?

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

..................................................................................................................................................

Page 47: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

47

4. A banda Chiclete com Banana compôs a música Nana Banana, que traz passagens como

estas:

"Se eu pudesse ama-la-ía, mas não posso amar ela sem amor"

"Meu coração por ti gela, por ti gela ela sempre me gelou"

"Ela tinha dado um beijo, havia dado, o cara era um professor"

As três passagens trazem problemas de natureza linguística. Quais problemas são esses?

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................... .............

...................................................................................................................... .............................

...................................................................................................................................................

...................................................................................................................................................

.................................................................................................................................................

AMPLIANDO CONHECIMENTOS

A coerência é algo diretamente ligado à possibilidade de se encontrar sentido no

texto lido. Às vezes, não é possível o receptor atribuir um sentido ao texto, quer pela forma

como os elementos do texto são organizados (texto sobre Universidade), quer por algum

outro aspecto (texto do Ziraldo – a própria situação comunicativa; texto sobre a lavagem de

roupa, a contradição registrada).

Quando um texto apresenta “falhas” que prejudicam a sua compreensão, dizemos

que o texto apresenta incoerência. Esta pode ser local – quando não prejudica o sentido do

texto em sua totalidade – e total – quando realmente não é possível o entendimento.

Como a coerência diz respeito à materialidade do texto, qualquer tipo de

incoerência pode ser avaliado no nível de sua ocorrência.

Exemplos:

Semântica – a galinha estava grávida

Sintática – o amor é um sentimento onde não comporta ciúme.

Estilística – Prezado Lula, espero que o seu encontro com o presidente Bush seja

favorável a nossa terrinha. (o bilhete foi remetido por um ministro de Estado que não é

amigo pessoal do presidente Lula)

Pragmática – tem a ver com os nossos atos de fala. Ex.: Lúcia recebeu a visita de

uma amiga em um dia muito quente. A moça estava sufocando de tanto calor e disse: - que

bom que você tem um aparelho de ar condicionado em sua sala. Lúcia, contudo, perguntou

apenas se podiam começar a discutir o trabalho que iriam fazer juntas.

Ainda em relação à coerência, pode-se afirmar que é um mecanismo de linguagem

não-linear, ou seja, ela não está necessariamente presente na superfície do texto. Entretanto,

ela se relaciona com a coesão, que é explícita, visto responder pela relação que se

estabelece entre os elementos do texto.

Vícios de linguagem são, segundo Napoleão Mendes de Almeida, palavras ou

construções que deturpam, desvirtuam ou dificultam a manifestação do pensamento, seja

pelo desconhecimento das normas cultas, seja pelo descuido do emissor.

Ambiguidade: é a possibilidade de uma mensagem dois sentidos. Ela geralmente

é provocada pela má organização das palavras na frase. Vale lembrar que muitas pessoas

confundem ambiguidade com polissemia (possibilidade de uma palavra apresentar vários

sentidos em um contexto). Portanto a ambiguidade é uma parte integrante da polissemia.

Page 48: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

48

Ex.: "A mãe encontrou o filho em seu quarto." (No quarto da mãe ou do filho?)

"Onde está a cachorra da sua mãe?" (Que cachorra? a mãe ou a cadela criada pela

mãe?)

"Este líder dirigiu bem sua nação". ("sua"? nação da 2ª ou 3° pessoa(o líder)??).

A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união das sílabas de

palavras contíguas. Por isso temos que cuidar quando falamos sobre algo para não estarmos

ofendendo a pessoa que ouve. São exemplos desse fato:

"A boca dela é linda!"

"Dê-me uma mão, por favor."

"Ela se disputa para ele."

O pleonasmo geralmente é considerado uma figura de linguagem. Existe, porém, um

tipo de pleonasmo que consiste numa repetição inútil e desnecessária de termos em uma

frase (redundância), e por isso considerado um vício de linguagem. A esse tipo de

pleonasmo chamamos "Pleonasmo Vicioso ".

Diferentemente do pleonasmo tradicional, esse deve ser sempre evitado.

Ex: "Ele vai ser o protagonista principal da peça".

“ Meninos, entrem já para dentro!"

"Estou subindo para cima."

O Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à

gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo:

De concordância:

"Fazem três anos que não vou ao médico." (Faz três anos que não vou ao médico.)

"Aluga-se salas nesse edifício." (Alugam-se salas nesse edifício.)

De regência:

"Ontem eu assisti um filme de época." (Ontem eu assisti a um filme de época.)

"Eu namoro com Fernanda." (Eu namoro Fernanda.)

De colocação:

"Me empresta um lápis, por favor." (Empresta-me um lápis, por favor.)

"Me parece que ela ficou contente." (Parece-me que ela ficou contente.)

"Eu não respondi-lhe nada do que perguntou." (Eu não lhe respondi nada do que

perguntou.)

Page 49: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

49

O Eco (ou rima) ocorre quando há na frase terminações iguais ou semelhantes,

provocando dissonância.

"Falar em desenvolvimento é pensar em alimento, saúde e educação."

"O aluno repetente mente alegremente"

A Colisão ocorre quando há uso de uma mesma consoante em várias palavras.

"Eram comunidades camponesas com cultivos coletivos."

"O papa Paulo VI pediu a paz."

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADcio_de_linguagem, em 21 de julho de 2008.

TESTANDO CONHECIMENTOS

Observe os textos encontrados em comunicados de Igrejas, marque as incoerências e faça

as correções necessárias.

1. Não deixe a preocupação acabar você. Deixe que a Igreja ajude.

2. Terça à noite: sopão dos pobres, depois oração e medicação.

3. Para aqueles que tem filhos e não sabem, nós temos uma creche no segundo andar.

4. Esta tarde teremos congraçamento nos lados sul e norte da Igreja. As crianças serão

batizadas dos dois lados.

5. Sendo este o domingo de Páscoa, pediremos a Sra. Jandira que ponha um ovo no altar.

6. Quinta-feira às 5:00 haverá reunião do Clube das Jovens Mamães. Todas aquelas que

quiserem se tornar uma jovem mamãe, devem contatar padre Cavalcante em seu escritório.

7. Verifique se o texto a seguir possui coerência, ou não, e justifique o porquê.

João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida,

cuja frente dava para o leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o

horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, João,

sentado nos degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e

observava como sua sombra ao diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu

um cavalo que descia para a sua casa. As árvores e a as folhagens não o permitiam ver

distintamente. Entretanto observou que o cavalo era manco e tinha uma pequena marca na

orelha esquerda. Ao olhar de mais perto, verificou que o visitante era seu filho Guilherme,

que há vinte anos tinha partido para alistar-se no exército, e, em todo esse tempo, não havia

dado sinal de vida.

8. Reconheça os vícios de linguagem nas frases abaixo.

a) O cliente convenceu o advogado.

b) Iremos até o aeroporto passear.

c) Falta a sua rúbrica no contrato.

d) Trouxe um mamão.

e) Nós ainda não temos hot dog.

f) Subindo para cima você chega lá.

g) Aluga-se três apartamentos.

h) No último julgamento o réu absolveu o juiz.

Page 50: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

50

UNIDADE 7

O PARÁGRAFO COMO UNIDADE DE COMPOSIÇÃO

Professora: Abniza Pontes de Barros Leal

TEXTO:

“Na verdade, por que desejamos, quase todos nós, aumentar nossa renda? À

primeira vista, pode parecer que desejamos bens materiais. Mas, na verdade, os desejamos

principalmente para impressionar o próximo. Quando um homem muda-se para uma casa

maior num bairro melhor, reflete que gente “de mais classe” visitará sua esposa, e que

alguns pobretões deixarão de frequentar seu lar. Quando manda o filho a um bom colégio

ou a uma Universidade cara, consola-se das pesadas mensalidades e taxas pensando nas

distinções sociais que tais escolas conferem a pais e filhos.

Em toda cidade grande, seja na América ou na Europa, casas iguaizinhas a outras

são mais caras num bairro que noutro, simplesmente porque o bairro é mais chique. Umas

das nossas paixões mais potentes é o desejo de ser admirado e respeitado. No pé em que

estão as coisas, a admiração e o respeito são conferidos aos que parecem mais ricos. Essa é

a principal razão de as pessoas quererem ser ricas. Efetivamente, os bens adquiridos pelo

dinheiro desempenham papel secundário. Vejamos, por exemplo, um milionário que não

consegue distinguir um quadro de outro, mas adquiriu uma galeria de antigos mestres com

auxílio de peritos. O único prazer que lhe dão os quadros é pensar que se sabe quanto pagou

por eles; pessoalmente, ele gozaria mais, pelo sentimento, se comprasse cromos de Natal,

dos mais piegas, que, porém, não lhe satisfazem tanto a vaidade.

Tudo isso pode ser diferente e o tem sido em muitas sociedades. Em épocas

aristocráticas, os homens eram admirados pelo nascimento. Em alguns círculos de Paris, os

homens são admirados pelo seu talento artístico ou literário, por estranho que pareça. Numa

Universidade teuta é possível que um homem seja admirado pelo seu saber. Na índia, os

santos são admirados; na China, os sábios. O estudo dessas sociedades divergentes

demonstra a correção de nossa análise, pois em todas encontramos grande porcentagem de

homens indiferentes ao dinheiro, contanto que tenham o suficiente pra se sustentar, mas que

desejam ardentemente a posse dos méritos pelos quais, no seu meio, se conquista o mérito.”

(RUSSEL, Bertrand. Ensaios céticos, 1957)

CONCEITO

O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um

período, em que se desenvolve ou se explana determinada ideia central, a que geralmente se

agregam outras, secundárias, mas intimamente relacionadas pelo sentido.

Há vários processos de desenvolvimento e coordenação de ideias, pode haver também

diferentes tipos de construção de parágrafo, tudo dependendo, é claro, da natureza do

assunto, do gênero de composição, do propósito e idiossincrasias do autor e da espécie de

leitor a que se destina o texto escrito.

Page 51: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

51

IMPORTÂNCIA DO PARÁGRAFO

Facilitar ao escritor a tarefa de isolar, de ajustar convenientemente as ideias principais

da sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhe o desenvolvimento.

EXTENSÃO DO PARÁGRAFO

A extensão do parágrafo é variável em função:

a) divisão do assunto;

b) idiossincrasias do autor que não leva em consideração o critério da ideia central

Ex.:

Estávamos em plena seca.

Amanhecia. Um crepúsculo fulvo alumiava a terra com a claridade de um incêndio ao

longe.

A pretidão da noite esmaecia. Já começava a se individualizar o contorno da floresta,

a silhueta da montanhas ao longe.

A luz foi pouco a pouco tornando-se mais viva.

No oriente assomou o sol, sem nuvens que lhe velassem o disco. Parecia uma brasa,

uma esfera candente, suspensa no horizonte, vista através da ramaria seca das árvores.

(Observar que o trecho descritivo acima poderia estar contido em um único

parágrafo - a descrição do quadro amanhecer)

A floresta completamente despida, nua, somente esqueletos negros, tendo na fímbria

aceso o facho que a incendiou, era de uma eloquência trágica!

(o núcleo agora é floresta, portanto, a descrição corresponde a um parágrafo)

Amanhecia, e não se ouvia o trinado de uma ave, o zumbir de um inseto!

Reinava o silêncio das coisas mortas.

Como manifestação da vida percebiam-se os gemidos do gado, na agonia da fome, o

crocitar dos urubus nas carniças

(Os parágrafos acima poderiam estar igualmente contidos em um único

parágrafo. Contudo, a separação tem aceitação por percebermos a intenção do autor,

sua perspectiva de descrição)

(Rodolfo Teófilo. In: Nova Antologia Brasileira)

TÓPICO FRASAL

Em geral, o parágrafo-padrão (o de estrutura mais comum e eficaz) consta de duas ou

três partes: introdução ou tópico frasal (um ou dois períodos curtos iniciais em que se

expressa sumária e sucintamente a ideia-núcleo), o desenvolvimento (explanação da ideia

central) e a conclusão.

O tópico frasal, quando inicial, corresponde a uma generalização e segue um plano de

construção pelo método dedutivo: do geral para o particular.

Ex.:

"É o homem permanentemente fatigado. Reflete a preguiça invencível, a atonia

muscular perene em tudo: [na palavra demorada, no gesto contrafeito, no andar

desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência constante à imobilidade e

à quietude.]" (Euclides da Cunha)

Se o escritor iniciar pelas especificidades para em seguida apresentar suas conclusões

ou generalizações, estará utilizando o método indutivo (do particular para o geral)

Page 52: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

52

A importância do tópico frasal é controlar o escritor, não permitindo que ele faça

digressões, porque nele está a síntese do seu pensamento, restando-lhe apenas fundamentá-

lo. O tópico frasal é também um excelente meio de disciplinar o raciocínio.

DIFERENTES FEIÇÕES DO TÓPICO FRASAL

a) Declaração inicial

É a feição mais comum. Logo no início, o autor afirma ou nega alguma coisa

para, em seguida, justificar ou fundamentar a asserção, apresentando argumentos sob a

forma de exemplos, confrontos, analogias, razões, restrições, fatos ou evidência, processos

de explanação.

"Vivemos numa época de ímpetos. [A vontade, divinizada, afirma sua

preponderância, para desencadear ou encadear; o delírio fascista ou o torpor marxista são

expressões pouco diferentes do mesmo império da vontade. À realidade substituiu-se o

dinamismo; à inteligência substitui-se o gesto e o grito; e na mesma linha desse dinamismo

estão os amadores de imprecações e os amadores de mordaças (...)"] (Gustavo Corção, Dez

Anos)

"Não há sofrimento mais confrangente que o da privação da justiça. [As crianças

o trazem no coração com os primeiros instintos da humanidade, e, se lhes magoam essa

fibra milindrosa, muitas vezes nunca mais o esquecem, ainda que a mão, cuja aspereza as

lastimou, seja a do pai extremoso ou a da mãe idolatrada (...)]

(Luiz Vianna Antologia)

b) Definição

É um método preferentemente didático.

"Estilo é a expressão literária de ideias ou sentimentos. Resulta de um conjunto de

dotes externos ou internos, que se fundem num todo harmônico e se manifestam por

modalidades de expressão a que se dá o nome de figuras”.

(Augusto Magne. Princípios)

c) Divisão

É um processo quase sempre didático e, quase sempre, vem precedido de

definição.

"O silogismo divide-se em silogismo simples e silogismo composto."

(Jacques Maritain, Lógica Menor)

d) Alusão Histórica

Inicia por uma alusão a fatos históricos, lendas, tradições, crendices, anedotas

ou a acontecimentos de que o autor tenha sido participante ou testemunha.

"Conta uma tradição cara ao povo americano que o sino da Liberdade, cujos sons

anunciaram, em Filadélfia, o nascimento dos Estados Unidos, inopinadamente se fendeu,

estalando, pelo passamento de Marshall. Era uma dessas casualidades eloquentes, em que a

alma ignota das coisas para lembrar misteriosamente aos homens as grandes verdades

esquecida (...)”.

Page 53: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

53

e) Omissão de dados identificadores

É um processo que consiste na omissão de dados. Esta construção é observada

quando o escritor faz com que a atenção do leitor fique em suspenso durante um bom

tempo.

Ex.: Vai chegar dentro de poucos dias. Grande e boticelesca figura, mas passará

despercebida. Não terá fotógrafos à espera, no Galeão. Ninguém, por mais afoito que seja,

saberá prestar-lhe essa homenagem epitelial e difusa, que tanto assustou Ava Gardner.

Estará um pouco por toda parte, e não estará em lugar nenhum. Tem uma varinha mágica,

mas as coisas por aqui não se deixam comover facilmente, ou, na sua rebeldia, se comovem

por conta própria, em horas indevidas, de sorte que não devemos esperar pelas

consequências diretas do seu sortilégio.

(Carlos Drummond de Andrade, Fala, Amendoeira, p. 121)

f) Interrogação

A interrogação inicial frequentemente camufla um tópico frasal por declaração

ou por definição, como no exemplo abaixo. Este tipo tem o propósito de despertar a

atenção e o envolvimento do leitor.

“Sabe você o que é manhosando? Bem, eu lhe explico, que você é homem de

asfalto, e esse estranho verbo só se conjuga pelo sertão nordestino.

Talvez o amigo nem tenha tempo para manhosar, ou quem sabe se dorme tanto,

que ignora esse estado de beatitude, situado nos limites do sono e da vigília. O espírito está

recolhido, mas o ouvido anda captando os sons, que não mais interferem, todavia, com a

quietude, com a paz interior. Nesses momentos somos de um universo de sombras, em que

o nosso pensamento flutua livre, imitando aquele primeiro dia da Criação, quando a

vontade de Deus ainda era a única antes de separadas as trevas e a luz (...)”

(Dinah Silveira de Queiroz, manhosando, in Quadrante)

COMO DESENVOLVER UM PARÁGRAFO

1. Enumeração ou descrição de detalhes

É o mais comum. Ocorre de preferência quando o tópico frasal inicial é explícito.

Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luis do Maranhão parecia

entorpecida pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras escaldavam; as

vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes diamantes; as paredes tinham

reverberações de prata polida; as folhas das árvores nem se mexiam; as carroças d'água

passavam ruidosamente a todo o instante, abalando os prédios; e os aguadeiros, em mangas

de camisa e pernas (calças) arregaçadas, invadiam sem cerimônia as casas para encher as

banheiras e os potes. Em certos pontos, não se encontrava viva alma na rua; tudo estava

concentrado, adormecido; só os pretos faziam as compras para o jantar, ou andavam no

ganho.

(Aluisio de Azevedo, “O Mulato”)

Page 54: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

54

2. Contraste

Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com

a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o

Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis.

A politicalha é a indústria do explorar a benefício de interesses pessoais.

(Luiz Vianna Antologia)

3. Analogia e comparação

A analogia é uma semelhança parcial e imaginária. Por meio dela, se tenta explicar o

desconhecido pelo conhecido. Sua estrutura gramatical inclui com frequência expressões

próprias da comparação. Tem um valor didático

"O Sol é muitíssimo maior do que a Terra, e está ainda tão quente que é como uma

enorme bola incandescente, que inunda o espaço em torno com luz e calor."

"Sol é como uma enorme bola incandescente" - quanto à forma é uma comparação, mas

quanto conteúdo é uma analogia, pois tenta, por meio de uma semelhança parcial explicar o

desconhecido por algo conhecido.

Na comparação, as semelhanças são reais, sensíveis, expressas numa forma verbal

própria, em que entram normalmente os chamados conectivos de comparação (tão, tanto,

como, do que, tal qual) ou expressões equivalentes (lembrar, dar uma ideia, assemelhar-se)

"A paixão da verdade semelha, por vezes, as cachoeiras da serra."

4. Confronto

Quando os traços estabelecidos são apenas um paralelo.

"Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A

oração é o intimo sublimar-se da alma pelo contato com Deus. O trabalho é o inteirar, o

desenvolver, o apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a ação contínua sobre si

mesmos e sobre o mundo onde labutamos"

(Antologia Nacional)

5. Citação de exemplos

Assume duas funções básicas: didática e literária

Ex.: "As consoantes duplas ou geminadas constituíam, em latim, dois sons distintos.

Assim, uma palavra como, por exemplo, "gutta" pronunciava-se "gut-ta"(...)"

Ex.: "Como as caravanas do deserto africano, a primeira virtude dos bandeirantes é a

resignação, que é quase fatalista, e a sobriedade levada ao extremo. (por exemplo) Os que

parte não sabem se voltam e não pensam mais em voltar aos lares, o que frequentes vezes

sucede (...)" (João Ribeiro, História do Brasil)

6. Causação e motivação

Somente os fatos ou fenômenos físicos, históricos, sociológicos, políticos, etc, têm

causa; os atos ou atitudes praticados ou assumidos pelo homem têm razões, motivos ou

Page 55: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

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explicações. Da mesma forma, os primeiros têm efeitos, e os segundos, consequências.

Não é adequado perguntar quais foram os efeitos de ato praticado ou atitude assumida

por alguém. Deve-se perguntar quais as consequências ou os resultados.

Ex.:

Está vendo o resultado do que você fez? Viu as consequências da sua atitude?

Qual o motivo ou razão que levou alguém a agir desta ou daquela forma?

Qual o motivo de sua atitude?

Quais as causas da guerra do Paraguai?

Quais as causas do congestionamento das cidades modernas?

ATENÇÃO:

a) Não confundir causa (ou motivo) com efeito (ou consequência), tomando uma coisa

pela outra.

Ex.: O analfabetismo de cerca de 50% dos brasileiros é a causa do

subdesenvolvimento do Brasil.

b) Não confundir causa com circunstâncias de condições ocasionais (casuais e não

causais)

Ex.: A Chegada de D. João VI ao Brasil em 1808 ocasionou a fundação da Imprensa

Régia (e não, foi a causa)

7. Causa e efeito

Diz respeito a explicações de fatos ou fenômenos, quer das ciências naturais, quer

das sociais.

Ex.:

"A pressão exercida sobre um corpo sólido transmite-se desigualmente nas diversas

direções por causa da forte coesão que dá ao sólido sua rigidez"

"Os foguetes são engenhos movidos pela força da reação (tópico frasal por

generalização). [Assim, quando um moleque solta um foguete-mirim ou um busca-pé em

festas juninas, a pólvora química encerrada no tubo ou no cartucho queima rapidamente -

exemplo]. Da combustão de tal pólvora resultam (há uma causa) gases que determinam

(outra causa) pressão alta dentro do tubo. A força da ação atira (outra causa)

continuamente os gases para fora do tubo. Então, uma força de reação, igual e oposta à

ação, é exercida sobre o tubo pelos gases (outra causa). Destarte o foguete-mirim sobe

(efeito). É conceito errado pensar que os gases empurram o ar, produzindo a força. No

vácuo, os foguetes funcionam melhor"

8. Parágrafo por razões e consequências

O desenvolvimento de parágrafo pela apresentação de razões é extremamente

comum, porque, não raro, as razões, os motivos, as justificativas em se apoiam a

explanação de determinada ideia se disfarçam sob várias formas, nem todas

explicitamente introduzidas por partículas explicativas ou causais. Pode confundir-se,

muitas vezes, com o desenvolvimento por detalhes ou exemplos.

Page 56: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

56

Ex.:

["Tanto do ponto de vista individual quanto social, o trabalho é uma necessidade - 1],

não porque dignifica o homem e o provê do indispensável à sua subsistência, mas também

porque lhe evita o enfado e o desvia do vício e do crime."

ANÁLISE:

1 - O tópico por declaração inicial, cuja informação é por demais óbvia, perde a

obviedade quando desenvolvido por orações que apresentam as razões seguintes:

[porque dignifica o homem...] e [porque lhe evita o enfado...]

"É sina de minha amiga penar pela sorte do próximo, se bem que seja um penar

jubiloso. (declaração inicial) Explico-me. [Todo sofrimento alheio a preocupa e acende

nela o facho da ação, que a torna feliz] (uma razão). [Não distingue entre gente e bicho,

quando tem de agir] (outra razão), mas como há inúmeras sociedades com verbas para o

bem dos homens, e uma só, sem recurso, para o bem dos animais, é nesta últ ima que gosta

de militar. [Os problemas aparecem-lhe em cardume e parece que a escolhem de

preferência a outras criaturas de menor sensibilidade e iniciativa (...)] (apresentação das

consequências)

A apresentação de razões é processo típico da argumentação propriamente dita, pois

tem por finalidade não apenas definir, explicar ou interpretar, mas, principalmente,

convencer.

Lembre-se:

- Os fatos ou fenômenos têm causa;

- Os atos ou atitudes têm razões, motivos ou explicações.

- Os primeiros têm efeitos, e os segundos, consequências.

- A indicação das causas ou razões antes dos efeitos ou consequências é em essência

um processo de raciocínio dedutivo, ao passo que o inverso implica raciocínio

indutivo.

Elabore para cada tipo de parágrafo estudado o seu próprio texto.

CONTEXTUALIZANDO A GRAMÁTICA

A concordância é um campo vasto e muitas combinações da vontade do redator brigam

com a lógica da gramática. Vejamos como entender melhor as relações entre verbos e

sujeitos na atividade abaixo.

ATIVIDADE

Objetivo: Compreender as relações entre os verbos e seus respectivos sujeitos dentro do

texto, articulando as concordâncias verbais necessárias.

Marcar os verbos do texto e associá-los aos seus respectivos sujeitos observando a

concordância que existe entre eles.

Page 57: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

57

ROTATIVIDADE

Tanto no comércio quanto na construção civil, os dois líderes sindicais chamam

atenção para o problema da rotatividade de mão-de-obra. Conforme os dados do Cadastro

Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o índice de rotatividade na construção

civil em fevereiro foi de 5,90%. Já no comércio, atingiu 3,16%. “Hoje, o número de

empregados nas lojas é muito baixo. E, geralmente, as pessoas contratadas no final do ano

são dispensadas em fevereiro e março, diz Nascimento.”

Na construção civil, a rotatividade acontece conforme o estágio das obras. “No

início de um projeto, são mais de 60 pessoas trabalhando num canteiro. Quando vai se

aproximando a fase de acabamento, esse número cai para quarenta pessoas”, afirma Pereira.

Ambos destacam, ainda, a situação econômica como causa do desemprego. “O pequeno

empreendedor está com dificuldade de acesso ao crédito; os juros são altos e a inflação está

subindo. Tudo isso atrapalha as contratações porque freia a produção”, argumenta

Nascimento (SC).

ATIVIDADE

1. Artigos definidos e indefinidos.

Na tira abaixo, o garoto usa “o amigo” e “um amigo”. Qual a diferença semântica entre os

dois?

2.Complete o texto a seguir com preposições, combinações ou contrações, a fim de dar-lhe

sentido.

Uma doce descoberta.

O aspartame, um ____ os adoçantes artificiais mais usados atualmente, foi

descoberto _________ puro acaso, _______ 1965, _______ um laboratório dos Estados

Unidos. O químico James Schlatter, _____ a companhia Searle, estava pesquisando um

remédio ______ úlcera, baseado ______ a mistura _______ quatro aminoácidos diferentes.

Aminoácidos são os compostos _______ carbono que formam as proteínas. Schlatter estava

aquecendo a mistura ______ um frasco, quando algumas gotas espirraram _______ fora.

________ dar importância _______ o fato, ele prosseguiu seu trabalho. Um pouco mais

tarde, _______ o lamber o dedo ______ pegar uma folha _____ papel, percebeu um sabor

doce muito forte. Primeiro, achou que era um resto de açúcar ______ o café ______ a

manhã. Depois, percebeu que isso não podia ser verdade, pois havia lavado as mãos

_______ o chegar _____ o laboratório. Deduziu, então, que a origem _____ o sabor só

Page 58: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

58

poderia ser o frasco usado ______ a experiência. Como nenhuma _______ as substâncias

usadas era tóxica, Schlatter provou a mistura e reconheceu o gosto que saboreara _____ o

dedo, momentos antes.

PROBLEMAS DA LINGUAGEM ESCRITA

1. "Deputados tentam 'limpar' obras com irregularidades".

Dúvida: Tentaram limpar/legalizar? Ou, com o pretexto de limpar, praticaram obras

irregulares?

Soluções: Com irregularidades, deputados tentam limpar obras.

Deputados tentam limpar obras irregulares.

2. "A Casa Branca garante que haverão novos atentados".

Solução: o verbo haver no sentido de "ocorrer" não apresenta a flexão de plural.

3. "Com o início do horário de verão na próxima Segunda-feira, a bolsa de valores

passará a funcionar das...."

Solução: a vírgula deve, neste caso, separar as expressões circunstanciais.

"Com o início do horário de verão, na próxima Segunda-feira, a bolsa..."

4. "A osteoporose é uma doença que fragiliza os ossos, quebrando-se com facilidade".

Solução: O quê, de acordo com o texto, tem facilidade de quebrar? A osteoporose

quebra os ossos, ou os torna fáceis de quebrar?

A osteoporose é uma doença que fragiliza os ossos, quebrando-os com facilidade.

A osteoporose é uma doença que fragiliza os ossos e os torna facilmente quebráveis.

5. "Perguntou Judith Exner, uma das incontáveis amantes de Kennedy, que

simultaneamente mantinha um caso com o chefão mafioso Sam Giancana".

Solução: Com quem Judith Exner mantinha um caso? Com Kennedy e com o chefão da

máfia.

O pronome "que", então, dá sustentação às duas expressões.

"Perguntou J. Exner, que era uma das incontáveis amantes de Kennedy e

simultaneamente mantinha um caso com o chefão..."

6. "O partido só concorda em negociar se o governo retirar do Congresso o polêmico

projeto de lei, suspender as negociações com o FMI e repor as perdas salariais dos

funcionários públicos".

Solução: ao usar sequências verbais no modo subjuntivo, observar se todos os verbos

são regulares. No caso, repor/repuser

7. "Haja visto o progresso da ciência..."

Solução: a expressão "haja vista" significa veja-se a propósito e o segundo elemento

"vista" é sempre invariável; mas, o primeiro "haja" pode ser pluralizado "hajam".

Page 59: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

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"hajam vista os inúmeros avanços na Medicina"

8. "Para mim não errar..."

Solução: As preposições essenciais (a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em,

entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás) só aceitam mim e ti.

Outro engano bastante comum é o observado em:

"Entre eu e tu" / "Entre mim e ti".

9. "Vou estar enviando o fax"

Solução: Na verdade, não está havendo erro gramatical. Mas, como podemos sentir,

deve ser uma expressão utilizada em textos comerciais. Neste caso, deve-se observar

uma das regras de objetividade, evitando-se locuções verbais.

"Vou enviar o fax".

10. "Ir de encontro a..." - "Ir ao encontro de..."

De encontro a - quer dizer contra

"A medida desagradou aos funcionários, porque veio de encontro às suas aspirações". (a

medida foi contrária a)

Ao encontro de - quer dizer favorável a, para junto de.

"Isso vem ao encontro do desejo da turma" (Isso é favorável à turma)

"Vamos ao encontro dos amigos" (Vamos para junto dos amigos)

11. "Eu, enquanto diretor de marketing...."

Solução: Enquanto é uma conjunção temporal. "Eu, enquanto era diretor de marketing,

nunca deixei de...."

Mas, no caso acima, significa uma posição ocupada na empresa; portanto, fica melhor

"Eu, como diretor de marketing..."

12. "Fazem muitos anos que o Brasil tenta vencer suas dificuldades"

O verbo "fazer" quando se refere a tempo, ou indica fenômenos da natureza, não é

flexionado.

"Faz dois meses que os Estados Unidos sofreram um dos maiores atos terroristas".

13. "A nível de Brasil..."

Solução: Não usar a expressão "a nível", pois é uma expressão inútil. Deve-se procurar

outras formas de expressão.

"O MEC está fazendo esforços a nível de primeiro mundo". "O MEC está fazendo

esforços semelhantes aos de países de primeiro mundo"

14. "Não tive qualquer intenção de errar"

Page 60: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

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Solução: qualquer - pronome indefinido que expressa contextos possíveis em

enunciados afirmativos.

Nenhum - quando nos referimos a alguma coisa, negando-a

"Suas poesias estão dignas de figurar em qualquer obra literária"

"Juro que não sei de nenhum segredo"

15. "Há dez anos atrás..."

Solução: Este tipo de construção não deve ser utilizado nem mesmo com a intenção de

enfatizar o discurso.

16. "Éramos em oito na reunião"

Solução: Não podemos ter este tipo de construção. O verbo ser não comporta o uso da

preposição "em".

17. "Tratam-se de contratos onde as cláusulas contêm graves imprecisões".

Solução: Quando não se identifica o sujeito da oração; quando não se pode passar para

a voz passiva, há uma possibilidade muito grande de o "se" estar indicando a

indeterminação do sujeito.

Em língua portuguesa, temos duas formas de indeterminação do sujeito:

a) verbo na 3ª pessoa do plural

Ex.: Telefonaram para você ontem.

b) Verbo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome "se". Neste caso, o verbo

não apresenta complemento direto, ou seja, é uma construção que ocorre com

verbos intransitivos, transitivos indiretos e verbos de ligação.

Ex.: Vive-se bem em Fortaleza.

Precisa-se de profissionais competentes.

Trata-se de contratos contratos onde as cláusulas contêm graves imprecisões".

18. "Ele é um dos doze ministros que participarão da conferência"

Solução: um dos que - o verbo vai para o plural ou para o singular, nos seguintes casos.

a) o verbo fica obrigatoriamente no singular quando a referência é apenas a um

indivíduo.

Ex.: "O rio Tietê é um dos rios da capital paulista que desagua no Paraná"

b) o verbo fica obrigatoriamente no plural quando a referência é a todos os indivíduos.

Ex.: Ele é um dos doze ministros que participarão da conferência - a conferência

não podia, evidentemente, dar-se com apenas um ministro.

AMPLIANDO CONHECIMENTOS

ARTICULADORES ARGUMENTATIVOS

Conceito: elementos empregados na articulação sintática entre as orações.

Principais tipos:

de oposição: faz-se por duas formas: coordenação adversativa ou

subordinação concessiva

Page 61: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

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Exemplo: O brasileiro trabalha muito o ano inteiro, mas não consegue

ganhar suficiente para ter uma vida tranquila.

o Embora trabalhe muito o ano inteiro, o brasileiro não consegue ganhar

suficiente para ter uma vida tranquila.

De causa:

Exemplo: Porque estava com pressa, João não se despediu de todos os

amigos.

o João não se despediu de todos os amigos, porque estava com pressa.

De condição

Exemplo: Se você estudar um pouco todos os dias, verá que aprender não é

tão difícil como dizem.

De fim

Os políticos precisam agir para que a sociedade reencontre a paz.

De conclusão

Estava doente ontem à noite, logo não pode ir à festa de despedida.

ATIVIDADE SOBRE ARTICULADORES ARGUMENTATIVOS

1. Redija novas versões do texto abaixo, utilizando os articuladores sintáticos de oposição

(coordenação adversativa) em várias posições dentro da sentença em que aparecem.

A esquadra paraguaia largou de Humaitá à meia-noite, mas os navios de Barroso já

estavam a caminho, preparados para o combate.

2. Utilizando o texto básico do exercício anterior, redija novas versões dele, utilizando,

desta vez, os articuladores de oposição por subordinação concessiva.

3. Redija novas versões do texto abaixo, utilizando os articuladores sintáticos de fim:

O imperador não lhe prestou inteiro crédito à narração e ordenou-lhe expedisse para

São Cristovão dois batalhões de primeira linha, a fim de reforçar-lhe a guarda dos

paços.

4. Redija novas versões do texto abaixo, utilizando os articuladores sintáticos de causa:

Não consegui tirar meu passaporte nesta semana, porque a Polícia Federal estava sem

os formulários e sem os impressos.

5. Redija novas versões do texto abaixo, utilizando os articuladores sintáticos de

conclusão:

Aquele que sobe, por favor, deixa sempre rastro de humilhação, logo devemos ter

sempre coragem e confiança em nosso próprio esforço.

6. Relacione as três ideias do grupo de sentenças abaixo, em um só período, articulando as

sentenças da maneira que julgar mais adequada (articulação de causa, de oposição, de

fim, etc.). Faça isso três vezes, dando relevância, alternadamente, a cada uma das ideias.

Page 62: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

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(1) O Rio de Janeiro é o paraíso das confecções.

Nem todas as confecções do Rio de Janeiro são importantes.

Algumas confecções do Rio de Janeiro são clandestinas.

(2) Os países latinos compraram 192 milhões de dólares em armamento.

O Chile e o Brasil cobrem a metade dos 192 milhões de dólares.

Não há evidência de qualquer sinal de uma corrida armamentista.

(3) A porta fabricada pela Matsushita é à prova de arrombamento.

A porta fabricada pela Matsushita não tem chave.

A porta fabricada pela Matsushita funciona por computador.

7. Faça o mesmo exercício, agora apenas uma vez, obedecendo às indicações entre

colchetes.

(1) O fogo é, paradoxalmente, um importante regenerador de matas naturais [ideia

principal].

O fogo destrói a matéria orgânica necessária à formação do humo do solo. [oposição

à primeira].

O fogo destrói o excesso de material combustível acumulado no chão. [causa da

primeira].

(2) As mulheres assumiram a cumplicidade no papel da dominação masculina [ideia

principal].

As pessoas atribuem às mulheres a responsabilidade fundamental do romantismo

[causa da primeira].

O problema da dominação masculina vem explodindo, ultimamente [oposição à

primeira]

8. Uma mesma conjunção ou locução conjuntiva pode estabelecer relações diferentes entre

duas orações. Atentando bem para o sentido das frases abaixo, indique que tipo de

relação lógica é estabelecida pela conjunção ou locução conjuntiva.

a) Eles não paravam de falar desde que o filme começou.

b) Conseguirei assistir ao filme, desde que eles parem de falar.

c) Como todos esperavam, ele não compareceu.

d) Como estivesse chovendo, resolvemos não acampar.

e) Faz mais de dez anos que ele se formou.

f) Choveu tanto que as ruas ficaram alagadas.

g) Não mexia uma palha que não obtivesse lucro com isso

9. Apresentamos, a seguir, orações isoladas. Reúna-as em um único período,

estabelecendo entre elas uma relação de subordinação.

a) Era extremamente tímido.

Não o convidaram para ser o orador.

b) Morava em uma cidade litorânea.

Page 63: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

63

Nunca ia à praia.

c) O passageiro não pode embarcar.

O passaporte do passageiro extraviou-se

d) Marco comprou o ingresso com muita antecedência.

Marco queria conseguir um ótimo lugar na platéia.

e) Você vai arrumando a sala.

Eu vou arrumando a cozinha.

f) Os remédios foram queimados.

O prazo de validade dos remédios estava vencido.

O TEXTO NO AMBIENTE COMERCIAL

Uma das dificuldades com a produção de texto é o ajustamento desse texto às

situações de uso.

- O novo estilo redacional despreza os clichês e excessos que caracterizavam o antigo

texto empresarial. Podemos trabalhá-lo com técnicas e dicas prontas para obter-se uma

mensagem clara, precisa e objetiva.

- Este novo modelo de estilo também está sujeito a questões gramaticais, como por

exemplo: crase, concordância, uso de vírgula, pronomes, etc.

- As principais características são: Concisão

Objetividade

Clareza

Coerência

Linguagem formal e simples (não confundir com

pobreza de expressão)

Correção gramatical

ALGUMAS INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE REDAÇÃO

A. Como escrever e convencer pelo esclarecimento das informações?

Usando o código fechado

Exemplo de código aberto

“Soraia, ligue pela manhã para o diretor.”

Exercício: Diga se é código aberto ou fechado

- A palestra será à tarde.

- O tesoureiro foi ao banco para tratar de uns problemas da empresa

- Aguardamos sua resposta para breve

B. Como atrair a atenção do leitor?

Dispensando especial atenção à formulação do tópico frasal

Tópico frasal é uma frase que resume todo o pensamento que será desenvolvido no

corpo do parágrafo. Para atrair a atenção do receptor, é necessário que o próprio assunto de

um texto seja restrito. É preciso estabelecer uma ideia central para a carta e procurar

Page 64: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

64

restringi-la o mais possível. Os parágrafos devem ser escritos de modo que a ideia seja

identificada rapidamente.

"Com certeza você já passou por vários momentos em que gostaria de dar sua

opinião, sugerir algo novo ou mesmo esclarecer alguma dúvida sobre nossos

diversos produtos e serviços, mas sem que para isso fosse preciso ir até a agência.

Foi pensando nisso que a FICTUR...”

Exercício: Redija um tópico frasal comunicando mudança de endereço

C. Problemas comuns que devem ser evitados

1. Eliminar clichês e vícios de estilo

Verbosidade: característica de dizer de forma rebuscada o que pode ser dito de

forma mais simples. É uma tendência de razões históricas e deve ser suprimida em

função do contexto mercadológico que exige uma informação mais rápida ao

entendimento para maior agilidade de reposta.

Ex. Inolvidável consignar-se que o tema eleito para a disciplina legislativa também se

apresenta insurgente ao interesse público nos moldes em que foi vazada; eis que

presentemente cometidas às atribuições de planejamento do serviço de informática e

seus consectários mediatos, ao Centro de Processamento de Dados do Rio de Janeiro -

PRODERJ, circunstância esta que empresta ao projeto em pauta a nota de indesejável

paralelismo organizacional, subtraindo-lhe, por conseguinte, os requisitos afetos a não

convivência e oportunidade no que condiz ao interesse público" ( o projeto submetido à

apreciação não deve ser aprovado uma vez que já havia um órgão específico, o

PRODERJ)

Prolixidade: uso de palavras supérfluas como adjetivos desnecessários, advérbios

em excesso e formas verbais acompanhadas de verbos auxiliares.

Ex.

Acima citado citado

Acusamos o recebimento recebemos

Anexo à presente anexo

Antecipadamente somos gratos agradecemos

Conforme assunto em referência acima citado mencionado

Estamos anexando anexamos

Somos de opinião que.. acreditamos

Exercício: Elimine os vícios de linguagem

Encontrei um erro encontrei um erro de concordância verbal

A empresa Y naufragou a empresa Y entrou em concordata

Seria bom redigir pelo menos 10 linhas redija 10 linhas, pelo menos, por favor

Foram feitas muitas alterações no contrato fizemos (tantas) alterações no contrato

Repetições de ideias, palavras, verbos auxiliares

Page 65: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

65

Deve-se evitar as expressões verbais elaboradas com verbos auxiliares

Exemplos: Estava disposta a reescrever a carta / resolvera

O diretor tinha proporcionado um momento de reflexão / proporcionara

A secretária estava com receio de que o gerente a repreendesse /receava que

Vaguidade de expressões

Exemplos: Conjuntura atual

Aspecto

Casualmente

Digressões impertinentes

Redundâncias e pleonasmos viciosos

ATIVIDADE:

Eliminar a prolixidade do texto abaixo

"Agradecemos imensamente sua carta e seus interesse em realizar conosco sua

importante e tão esperada exposição. Nossa filial de eventos, contudo, está sendo

gerida pelas atuais e catastróficas dificuldades por que atravessa o país, não podendo,

por isso, a empresa investir em novas e atraentes formas contratuais. Fossem outras as

condições do momento, certamente teríamos a maior satisfação em divulgar seus

insignes negócios. Com nossos melhores agradecimentos pela oferta, manifestamos ao

ensejo as expressões de nossa elevada consideração e apreço."

Por:

Agradecemos seu interesse em realizar conosco sua exposição. Lamentamos informar-

lhe que a empresa não está investindo em novos contratos no momento, embora

reconheçamos tratar-se de produtos com boa aceitação no mercado.

Manifestamos nossa consideração pela oferta.

D. Clareza

A clareza consiste na expressão exata de um pensamento. Para obter clareza

recomenda-se o uso de período curto, de cinco a dez palavras. É aconselhável o uso de

orações coordenadas. É importante lembrar que são os substantivos e os verbos as

palavras que trazem um sentido mais exato ao texto, portanto deve-se evitar o uso de

adjetivos, advérbios e circunlóquios.

Exemplos:

Nossa empresa recebeu uma carta em que o Sr. Valter X nos comunicava como sua

viagem fora uma verdadeira catástrofe (viagem de quem? Do Sr. Valter? Da pessoa que

irá receber a comunicação?)

Lembre-se de que lhe avisamos que a desistência de nossa cliente, Sra. Isabel X, não

ocorreu por culpa sua.

Diante do ocorrido entre o Senhor e seu gerente, ficamos sem saber se o que lhe

dissemos concorreu para agravar a situação. (Dissemos ao senhor ou ao gerente)

Page 66: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

66

A clareza também é prejudicada:

a) pela ordem inversa em que as ideias são apresentadas;

Exemplos: A ordem o diretor mandou executar

b) pelo uso da voz passiva

Exemplo: A execução da ordem foi mandada pelo diretor

c) interrupção do pensamento

Exemplo: O gerente que não escreve o que diz, não é difícil prever as situações

conflitivas dentro de sua empresa.

d) deslocação de termos da oração

Exemplos: O gerente ouviu de seus funcionários as reivindicações salariais. Suportou a

empresa A da empresa B uma política tempestuosa de preços. Vencida em 16.04.01,

ainda não foi quitada a duplicata. Entre todos os empregados, antes de maio, corre a

informação de que os salários a empresa reajustará.

e) homônimos

A máquina de escrever é um instrumento acessório / A ....é um assessório

A inflação de 12% a.m. é uma infração ao nosso salário

E. Correção

A correção envolve, evidentemente, o conhecimento de regras gramaticais.

Acentuação - Trema:

Consequente / consequência / ambiguidade / eloquente / frequente

Verbo:

1. Sinônimos

Ter, haver, existir

Tem muito funcionário que não se preocupa com a performance da empresa

Não tem nada na sala / não existe nada na sala / não há nada na sala

2. Aspectos gerais do verbo

Indicativo - traduz certeza

Perfeito : expressa ação não habitual

Ex. Qdo a secretária ouviu o diretor, calou-se rapidamente

Imperfeito: expressa ação habitual

Ex. Qdo a secretária ouvia o diretor, calava-se rapidamente.

Exercício: transcreva as frases de acordo com o aspecto que melhor se adapte à

frase

O presidente (falava) a seus funcionário quando (começou) a chover.

Os empregados (acreditavam) que o novo produto seria o que o mercado

(esperava).

Page 67: Apostila 1 - Núcleo de Línguas

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Comunicamos a V.Sas. que até ontem a duplicata de seu aceite

(continuou/continuava) pendente por falta de pagamento.

Depois de receber novas informações, a secretária (voltou) a digitar o relatório.

Depois de receber novas informações, a secretária (voltava) a atender às ligações.

Exercício: corrigir se necessário

O diretor de vendas relatou que deviam haver muitos concorrentes interessados em

que a empresa não lançasse o novo pacote.

Do ponto de vista do vendedor, faz dois meses que não se vende como se deveria.

Nossa agência passa por dificuldades por causa das intensas chuvas que fizeram

com que as vendas caíssem.

É verdade, têm muitas empresas que não se preocupam com propaganda.

Seis diretores da empresa compareceram à Feira Internacional de Turismo, até

ontem apenas dois haviam regressado

Subjuntivo - traduz dúvida, suposição

3. Solecismo (vício de linguagem relacionado à sintaxe da língua)

Ex. Fazem 15 dias que enviamos o programa da excursão

Preferimos mais trabalhar a Transbrasil (preferir = querer mais)

BIBLIOGRAFIA

KAUFMAN, Ana Maria e RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, leitura e produção de

textos. Artes Médicas. Porto Alegre. RS. 1995.

MAGISTER, Apostilas de gramática. Universidade estadual do Ceará

MARTINS, Dileta Silveira. Português Instrumental. Porto Alegre. Editora Sagra Luzzatto,

2003.