APOSTILA 1 - TEOLOGIA

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TEOLOGIA SISTEMÁTICA I (No texto a ser estudado há partes do livro “Teologia Sistemática” de Wayne Grudem). A tarefa mais importante que um cristão pode realizar, em qualquer estágio de seu desenvolvimento espiritual, é estudar teologia sistemática. Isso pode soar extremo à tendência anti-intelectual do cristianismo popular, mas é conclusão necessária derivada da natureza da teologia. O estudo teológico possui um valor intrínseco, e ele é a pré- condição de todo conceito e atividade cristãos. Por exemplo, é o empreendimento intelectual da teologia que governa o objeto e o modo da oração, define a razão e a maneira da adoração, e formula a mensagem e a estratégia para o evangelismo. O proveito pessoal deste estudo e de qualquer estudo, depende muito do propósito individual de cada um de nós. Se a razão de estudar teologia for meramente satisfazer a curiosidade, as verdades que descobre não se satisfará mas produzirá perguntas inúteis e levará este para um lamaçal de dificuldades do qual facilmente não sai. Especulação não é o alvo do aluno sério. Este se satisfará com a verdade descoberta e a aplicará à sua vida devocional e na sua vida pública por ela ser a verdade. Nada errada de pesquisar o porquê da verdade se essa indagação não interfere com a prática daquela verdade. Se, por exemplo, o agricultor gasta a maior parte das suas energias em estudar como as plantas se multiplicam e não se contenta com o fato, logo o seu campo será tomado pelas ervas daninhas e resultará em celeiros vazios. Será assim com o aluno que não se contenta com o descobrimento da verdade, mas procura saber os muitos mistérios de Deus antes de obedecer ao que é revelado e mandado. Sua vida será cheia de incertezas e indagações e não será produtiva para a glória de Deus. O aluno sério que quer saber a verdade e, de fato, busque-a diligentemente para aplicá-la à sua vida, será frutífero como a arvore plantada a ribeiros de águas (Salmos 1:2,3) e como o homem preparado para toda a boa obra (II Timóteo 3:16,17). O nosso propósito de aprender da Palavra de Deus determina

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Teologia Sistemática 1

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TEOLOGIA SISTEMTICA I(No texto a ser estudado h partes do livro Teologia Sistemtica de Wayne Grudem).A tarefa mais importante que um cristo pode realizar, em qualquer estgio de seu desenvolvimento espiritual, estudar teologia sistemtica. Isso pode soar extremo tendncia anti-intelectual do cristianismo popular, mas concluso necessria derivada da natureza da teologia. O estudo teolgico possui um valor intrnseco, e ele a pr-condio de todo conceito e atividade cristos. Por exemplo, o empreendimento intelectual da teologia que governa o objeto e o modo da orao, define a razo e a maneira da adorao, e formula a mensagem e a estratgia para o evangelismo.

O proveito pessoal deste estudo e de qualquer estudo, depende muito do propsito individual de cada um de ns. Se a razo de estudar teologia for meramente satisfazer a curiosidade, as verdades que descobre no se satisfar mas produzir perguntas inteis e levar este para um lamaal de dificuldades do qual facilmente no sai. Especulao no o alvo do aluno srio. Este se satisfar com a verdade descoberta e a aplicar sua vida devocional e na sua vida pblica por ela ser a verdade. Nada errada de pesquisar o porqu da verdade se essa indagao no interfere com a prtica daquela verdade. Se, por exemplo, o agricultor gasta a maior parte das suas energias em estudar como as plantas se multiplicam e no se contenta com o fato, logo o seu campo ser tomado pelas ervas daninhas e resultar em celeiros vazios. Ser assim com o aluno que no se contenta com o descobrimento da verdade, mas procura saber os muitos mistrios de Deus antes de obedecer ao que revelado e mandado. Sua vida ser cheia de incertezas e indagaes e no ser produtiva para a glria de Deus. O aluno srio que quer saber a verdade e, de fato, busque-a diligentemente para aplic-la sua vida, ser frutfero como a arvore plantada a ribeiros de guas (Salmos 1:2,3) e como o homem preparado para toda a boa obra (II Timteo 3:16,17). O nosso propsito de aprender da Palavra de Deus determina ento muito do proveito pessoal destas aulas de doutrina. Espero que a sua inteno seja nobre.

A reflexo teolgica a atividade mais importante que um ser humano pode realizar. Essa declarao pode surpreender alguns leitores, mas uma explicao do significado e das implicaes do empreendimento teolgico fornecer justificativa para uma tal reivindicao. Consideraremos a natureza, a possibilidade e a necessidade desse campo de estudo a seguir. Neste texto, procurar-se- oferecer ao aluno uma introduo temtica da teologia sistemtica.

O Que Teologia?A palavra teologia vem de duas palavras gregas que significam Deus e palavra. Combinadas, temos a palavra teologia, que significa estudo de Deus. A palavra sistemtica se refere a algo que colocamos em um sistema. Teologia sistemtica , ento, a diviso da Teologia em sistemas que explicam suas vrias reas. Por exemplo, muitos livros da Bblia do informaes sobre os anjos. Nenhum livro sozinho d todas as informaes sobre os anjos. A Teologia Sistemtica coleta todas as informaes sobre os anjos de todos os livros da Bblia e as organiza em um sistema: Angelologia. Isto a Teologia Sistemtica: a organizao de ensinamentos da Bblia em sistemas de categorias.

Teologia a cincia de Deus. Deus o objeto e o tema da investigao teolgica. Cincia que procura o conhecimento profundo e em si auto-consistente, assim tambm a teologia. A lgica e a complexidade coerente so duas caractersticas de entendimento cientfico, assim a lgica e a complexidade coerente das verdades de Deus so caractersticas de teologia. Se declaraes resultem de uma viso superficial, no so cientficas. Tambm, se afirmaes bblicas resultem de familiaridade superficial, no podem ser ditas que so propriamente teolgicas. Se as declaraes se contradizem ou atacam uma e a outra, no so cientficas. Se as afirmaes bblicas se contradizem ou colidem uma a outra no podem ser uma teologia pura. Dedues superficiais so mtodos no cientficos e portanto no podem estabelecer a teologia. Uma declarao profunda, coerente, e correta deve vir de especialistas, no de novatos, assim a teologia vem de Deus pela Sua Palavra ensinada pelo Seu Esprito. necessria, para chegar a uma deduo cientfica, uma pesquisa detalhada, assim a teologia uma cincia, pois requere pesquisas detalhadas. A teologia uma cincia que interessa tanto com o infinito quanto o finito, tanto Deus quanto o universo. A sua matria abrande muito mais do que a soma de todas as outras cincias e a cincia muito mais necessria do que elas. Quando a teologia dita que uma cincia de Deus, no quer dizer que Deus pode ser completamente entendido. Pode ter uma cincia sem ter uma oniscincia daquela cincia. Se no fosse, qualquer cincia seria impossvel para qualquer homem. Mas o alvo da cincia ainda de explicar exaustiva e completamente. Tanto mais a cincia estudada, mais ela conhecida. Na teologia este alvo nunca pode ser atingida, mas mais dela ser conhecida com o seu estudo progressivo. Teologia no tica. tica abrange somente o moral e dever do homem para com Deus e para com o homem (os dez mandamentos). No inclui o Evangelho e a Redeno e muitos outros assuntos divinos. tica somente judicial. afetada com a teologia Crist mas a teologia mais abrangente do que mera tica. Teologia no simplesmente a religio. A religio faz parte da teologia, no vice-versa. A religio concerne o relacionamento do homem com o universo mas a teologia concerne o relacionamento da natureza com a existncia de Deus. Religio cuida somente da relacionamento com a deidade; mas a teologia trata primeiramente a divindade em Si, e depois o relacionamento da criatura com Ele. Porqu Estudar Teologia?Ela base da adorao verdadeira (Joo 4:23,24; ver II Samuel 6:1-9) Ela a marca fundamental do Cristo (Sal 119:11; Mateus 7:21; I Joo 2:3-5; Apocalipse 3:8) Ela a razo da existncia da Igreja aqui no mundo (Mateus 28:18-20; I Tim 3:15; ver Efsios 1:23; 3:10; Hebreus 10:25-27) Ela o cuidado de um Pastor srio (I Timteo 4:6, 13-16; II Timteo 4:1-5; Tito 2:1) Ela a fonte da F e o gozo da vida Crist quando est acoplada a um amor fervoroso a Deus (Jeremias 15:16; Daniel 11:32; Romanos 10:17; I Corntios 8:1-3; 13:8; I Timteo 1:19; ver II Timteo 4:2,3) Ela comida apetitosa para o servo de Deus (Salmos 19:10; Jeremias 15:16; Joo 6:35; Hebreus 5:13, 14; I Pedro 2:2; Apocalipse 10:10) Ela a arma que Cristo usou em batalhas espirituais (Mateus 4:1-11; Efsios 6:17; Hebreus 4:12; ver Apocalipse 19:15) Ela a instruo para o mancebo que quer apresentar-se aprovado a Deus (II Timteo 2:15; Judas 20,21; ver Apocalipse 3:22) Ela mais firme que qualquer voz do cu que possamos ouvir, mais firme que qualquer revelao que possamos ver, e mais firme que qualquer experincia que possamos experimentar (Lucas 16:19-31; Glatas 1:8; II Pedro 1:17-21). Ela o estmulo para crescimento espiritual (I Salmos 119:9; Joo 5:39; 17:17-19; II Pedro 3:18; II Timteo 3:14).Quais Tipos Diferentes de Teologia Existem?Teologia Crist Resultado de inspirao divina. Uma significncia bem geral. Teologia baseada no que revela a Bblia. Teologia Dogmtica No resultado de ordens eclesisticas, mas de estudo exegtico das Escrituras.Teologia Bblica Um exame das Escrituras por partes separadas (por livros ou por autores, etc.) O seu mtodo fracional, estudando apenas pores e, portanto, inferior Teologia Sistemtica. Teologia Sistemtica Teologia Bblica examinando a Bblia toda como uma unidade completa. Contrabalanceia e corrige a teologia bblica, pois providencia os assuntos separados com a significncia da verdade completa. A teologia sistemtica superior teologia bblica, pois menos subjetivo a raciocnio da mente humana. mais fcil injetar um erro na poro separada do que deturpar o corpo inteiro das Escrituras. mais fcil fazer uma concordncia de um erro doutrinrio entre, por exemplo, os quatro Evangelhos do que achar uma concordncia do erro considerando a Bblia toda. Mas o corpo inteiro da verdade deve interpretar a parte e no vice-versa. A interpretao da Escritura deve ser segundo a medida da f (Romanos 12:6, f no sentido da coleo toda de verdades). Quando as vrias doutrinas tm sido deduzidas, construdas e defendidas exegeticamente e com o bom senso (raciocnio), devem ento ser sistematizadas. A teologia sistemtica tem o alvo de exibir a ordem lgica e o inter-relacionamento das verdades inspiradas por Deus e reveladas nas Escrituras. Introduo Geral: necessrio antes de comear o estudo teolgico propriamente conhecer o ponto de partida. Na tarefa teolgica, procura-se expressar de forma ntida e detalhada a natureza de Deus, os seus planos para com a humanidade, e a resposta devida do homem em relao a Deus. Como Deus alm da criao, no possvel conter a Deus dentro de uma caixinha bem definida. Deus maior que a compreenso humana, logo o esforo para definir a Deus de incio impossvel.Comea-se, portanto definindo os procedimentos de pesquisa, bem como a definio da matria. Sendo Deus a matria, h de incio srios problemas a serem resolvidos. Definir literalmente quer dizer, colocar limites. Assim, a tarefa da teologia de oferecer parmetros definidos para explicar e comunicar verdades referentes ao infinito. Qualquer descrio que se possa fazer ser falha, pois a tarefa de incio impossvel. Como j fora dito, a tarefa impossvel por questo da infinitude de Deus, mas tambm a conseqncia da finitude humana. Em decorrncia da finitude humana, h tambm a questo do ponto de partida do indivduo. Todo indivduo comea o esforo investigativo com algumas bases preliminares.

Estas bases so consideradas com no precisando terem necessidade de apoio comprovatrio, pois so aceitas como premissas dadas e incontrovertidas. As premissas com as quais cada indivduo trabalha, porm, diferem de indivduo a indivduo, especialmente deparando-se com culturas e cosmovises diversas. Por causa do mesmo se procurar aqui delinear algumas das premissas ou pressupostos do autor, bem como algumas diretrizes hermenuticas que sero aplicadas no transcurso deste estudo. Estas ltimas so necessrias por causa da dependncia no texto bblico para a tarefa teolgica mo. Dar-se- neste estudo todo cuidado para pesquisar as bases exegticas para cada referncia e apoio bblico que vem sendo sugerido. No ser possvel concluir esta tarefa, mas no possvel ser feito o esforo adequado.

A Natureza Da Teologia

A palavra TEOLOGIA refere-se ao estudo de Deus. Quando usada num sentido mais amplo, a palavra pode incluir todas as outras doutrinas reveladas na Escritura. Ora, Deus o supremo Ser que criou e at agora sustenta tudo o que existe, e a teologia procura entender e articular, de uma maneira sistemtica, a informao por Ele revelada a ns. Assim, a teologia se preocupa com a realidade ltima. Visto que o estudo da realidade ltima, nada mais importante. Porque contempla e discuta essa realidade, ela, conseqentemente, define e governa cada rea da vida e do pensamento. Portanto, assim como Deus o Ser ou realidade ltima, a reflexo teolgica a atividade humana ltima.Muitos advertem contra estudar teologia para o prprio bem dessa. O esprito anti-intelectual dessa gerao tem se infiltrado de tal maneira na igreja, que eles recusam a crer que alguma atividade intelectual possua valor intrnseco. Para eles, at mesmo conhecer a Deus deve servir para um propsito maior, provavelmente pragmtico ou tico. Embora o conhecimento de Deus deva afetar a conduta de algum, , contudo, um engano pensar que o empreendimento intelectual da teologia sirva a um propsito que seja maior do que ela mesma. Os cristos devem afirmar que, visto que estudar teologia conhecer a Deus, e esse o maior propsito do homem, a teologia, portanto, possui um valor intrnseco. Jeremias 9:23-24 diz:Assim diz o Senhor: No se glorie o sbio em sua sabedoria nem o forte em sua fora nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: emcompreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor e ajo com lealdade, com justia e com retido sobre a terra, pois dessas coisas que me agrado, declara o Senhor. No h finalidade maior a que o conhecimento de Deus pretende alcanar, e no h propsito maior para o homem seno o de que conhecer a Deus. O conhecimento teolgico produz demandas morais e outros efeitos na vida de uma pessoa, mas essas no so propsitos maiores do que a tarefa teolgica de conhecer a revelao verbal de Deus.

A Possibilidade Da Teologia

Um pr-requisito para se construir um sistema teolgico provar que o conhecimento teolgico possvel. Jesus diz que Deus Esprito (Joo 4:24); ele transcende a existncia espao-temporal do homem. A questo que ento se levanta diz respeito a como os seres humanos podem conhecer algo sobre Ele. Deuteronmio 29:29 tem a resposta: As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a ns e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei (Deuteronmio 29:29).Teologia possvel porque Deus se revelou a ns atravs das palavras da Bblia. Deus revelou sua existncia, atributos e exigncias morais a todo ser humano, incluindo tal informao dentro da mente do homem. A prpria estrutura da mente humana inclui algum conhecimento sobre Deus. Esse conhecimento inato, conseqentemente, faz com que o homem reconhea a criao como a obra de um Criador. A grandeza, magnitude e o desgnio complexo da natureza servem para lembrar ao homem de seu conhecimentoinato sobre Deus. Os cus esto declarando a glria de Deus. A vasta expanso mostra o seu trabalho manual. Um dia fala disso a outro dia; uma noite mostra conhecimento a outra noite. No h discursos, no h palavras;

Nenhum som ouvido delas. Sua voz estende-se por toda a terra, suas palavras at os confins do mundo (Salmo 19:1-3). Portanto, a ira de Deus revelada dos cus contra toda impiedade e injustia dos homens que suprimem a verdade pela injustia, pois o que de Deus se pode conhecer manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criao do mundo os atributos invisveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, tm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens so indesculpveis; porque, tendo conhecido a Deus, no o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graas, mas os seus pensamentos tornaram-se fteis e o corao insensato deles obscureceu-se(Romanos 1:18-21). Embora o testemunho da natureza concernente ao seu criador seja evidente, oconhecimento do homem sobre Deus no vem da observao da criao. A ltima obra das suas mos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, no se ouve a sua voz..Sua realidade invisvel seu eterno poder e sua divindade tornou-se inteligvel, desde a criao do mundo, atravs das criaturas, de sorte que no tm desculpa. A passagem em Romanos nos informa que o conhecimento de Deus no vem de procedimentos empricos, mas do que tem sido diretamente escrito na mente do homem um conhecimento inato: De fato, quando os gentios, que no tm a Lei, praticam naturalmente as coisas requeridas pela lei, tornam-se lei para si mesmos, embora no possuam a Lei; pois mostram que os requerimentos da Lei esto escritas em seu corao. Disso do testemunho tambm a sua conscincia e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os (Romanos 2:14-15). Os telogos chamam isso de REVELAO GERAL. Esse conhecimento de Deus inato na mente do homem e no se origina da observao do mundo externo. O homem no infere do que ele observa na natureza que deve existir um Deus; antes, ele conhece o Deus da Bblia antes de ter acesso a qualquer informao emprica. A funo da observao estimular a mente do homem a recordar esse conhecimento inato de Deus, que foi suprimido pelo pecado, e tambm por esse conhecimento inato que o homem interpreta a natureza.

Toda pessoa tem um conhecimento inato de Deus, e para onde quer que ele olhe, a natureza lembra disso. Todos os seus pensamentos e todas as suas experincias do testemunho irrefutvel da existncia e dos atributos de Deus; a evidncia inescapvel. Portanto, aqueles que negam a existncia de Deus so acusados de suprimir a verdade pela sua perverso e rebelio, e ao reivindicaram ser sbios, tornaram-se loucos (Romanos 1:22). Em outras palavras, a revelao geral de sua existncia e atributos por toda a sua criao isto , o conhecimento inato do homem e as caractersticas do universo deixam aqueles que negam a sua existncia sem escusa, e assim eles so justamente condenados.Embora uma pessoa tenha um conhecimento inato da existncia e dos atributos de Deus, e o universo criado sirva como um lembrete constante, a revelao geral insuficiente para conceder conhecimento salvfico de Deus e de informao impossvel de ser assim obtida. Assim, Deus revelou o que Lhe agradou nos mostrar atravs da revelao verbal ou proposicional isto , a Escritura. Essa a sua REVELAO ESPECIAL. Atravs dela, ganha-se informao rica e precisa concernente a Deus e s suas coisas. tambm atravs da Escritura que uma pessoa pode obter um conhecimento salvfico de Deus.Uma pessoa que estuda e obedece a Escritura ganha salvao em Cristo:Quanto a voc, porm, permanea nas coisas que aprendeu e das quais temconvico, pois voc sabe de quem o aprendeu. Porque desde criana vocconhece as Sagradas Letras, que so capazes de torn-lo sbio para a salvao mediante a f em Cristo Jesus. (2 Timteo 3:14-15)O conhecimento de Deus tambm possvel somente porque ele fez o homem sua prpria imagem, de forma que h um ponto de contato entre os dois, a despeito da transcendncia de Deus. Animais ou objetos inanimados no podem conhecer a Deus como o homem, mesmo se lhes fosse dada sua revelao verbal. Quando ento os gentios, no tendo Lei, fazem naturalmente o que prescrito pela Lei, eles, no tendo Lei, para si mesmo so Lei; eles mostram a obra da lei gravada em seus coraes, dando disto testemunho sua conscincia e seus pensamentos... . Deus preferiu nos revelar informao atravs da Bblia em palavras, ao invs de imagens ou experincias. A comunicao verbal tem a vantagem de ser precisa e acurada, quando propriamente feita. Visto que esta a forma de comunicao que aBblia assume, um sistema teolgico digno deve ser derivado de proposiesencontradas na Bblia, e no de quaisquer meios de comunicao no-verbais tais como sentimentos ou experincias religiosas.

Ora, todo sistema de pensamento parte de um princpio primeiro, e usa o raciocnio dedutivo ou indutivo, ou ambos, para derivar o restante do sistema. Um sistema que usa raciocnio indutivo no confivel e desbanca para o ceticismo, visto que a induo sempre uma falcia formal, que freqentemente depende de informao emprica, e produz concluses universais a partir de particularidades. A certeza absoluta vem somente de raciocnio dedutivo, nos quais particularidades so deduzidas de universalidades por necessidade lgica.Contudo, visto que o raciocnio dedutivo nunca produz informao que j no esteja implcita nas premissas, o princpio primeiro de um sistema dedutivo contm todas as informaes para o resto do sistema. Isto significa que um princpio primeiro por demais estrito no conseguir produzir um nmero suficiente de proposies para providenciar aos seus partidrios uma quantidade significativa de conhecimento. Assim, induo e princpio primeiro inadequados tornam ambos impossvel o conhecimento.Mesmo que um primeiro princpio parea ser amplo o suficiente, devemos providenciar justificativa para afirm-lo. Sua justificao no pode vir de uma autoridade ou princpio mais altos, porque ento ele no seria o primeiro princpio ou a autoridade ltima dentro do sistema. Uma autoridade ou princpio menor dentro de um sistema no pode verificar o primeiro princpio, visto que deste prprio princpio primeiro que esta autoridade ou princpio menor depende. Portanto, um primeiro princpio de um sistema de pensamento deve ser auto-autenticador ele deve provar a si mesmo verdadeiro. A autoridade ltima dentro do sistema cristo a Escritura; portanto, nosso princpio primeiro a infalibilidade bblica, ou a proposio, A Bblia a palavra de Deus.

Embora haja argumentos convincentes para apoiar um tal princpio mesmo se algum fosse empregar mtodos empricos, de forma que nenhum incrdulo poderia refut-los, o cristo deve consider-los como inconclusivos, visto no serem os mtodos empricos confiveis. Alm do mais, se fssemos depender da cincia ou de outros procedimentos empricos para verificar a verdade da Escrituras, estes testes permaneceriam ento como juzes sobre a prpria palavra de Deus, e assim, a Escritura no mais seria a autoridade ltima em nosso sistema. Como Hebreus 6:13 diz, Quando Deus fez a sua promessa a Abrao, por no haver ningum superior por quem a posio auto-contraditria de que o conhecimento impossvel.Veja meus outros escritos que mostram como os mtodos cientficos e empricos de investigao impedem a descoberta da verdade. Como uma menor parte de sua estratgia apologtica, o cristo pode empregar argumentos empricos para refutar objees de incrdulos, que freqentemente reivindicam se apoiar em dados empricos.Todavia, os argumentos mais fortes para o Cristianismo no dependem de raciocnio emprico ou induo, que so fatalmente defeituosos. Em outro livro argumento que o empirismo faz com que o conhecimento seja impossvel.jurar, jurou por si mesmo. Visto que Deus possui autoridade ltima, no h nenhuma autoridade maior pela qual algum possa pronunciar a Escritura como infalvel. Entretanto, nem todo sistema que reivindica autoridade divina tem dentro do seu princpio primeiro o contedo para provar a si mesmo. Um texto sagrado pode contradizer a si mesmo, e auto se destruir. Outro pode admitir a dependncia da Bblia crist, mas por outro lado, essa condena todas as outras alegadas revelaes. Ora, se a Bblia verdadeira, e ela reivindica exclusividade, ento todos os outros sistemas de pensamento devem ser falsos. Portanto, se algum afirma uma cosmoviso no-crist, ele tem de, ao mesmo tempo, rejeitar a Bblia. Isto gera um confronto entre as duas cosmovises. Quando isto acontece, o cristo pode estar confiante que seu sistema de pensamento impenetrvel aos ataques alheios, e que o prprio sistema bblico fornece o contedo para tanto defender como atacar em taisembates. O cristo pode destruir a cosmoviso de seus oponentes questionando o princpio primeiro e as proposies subsidirias do sistema. O princpio primeiro do sistema se contradiz? Ele falha em satisfazer aos seus prprios requerimentos? O sistema se desmorona por causa de problemas fatais de empirismo e induo? As proposies subsidirias contradizem uma a outra? Ele se apropria de premissas crists no dedutveis de seu prprio primeiro princpio? O sistema d respostas adequadas e coerentes para as questes ltimas, tais como aquelas concernentes epistemologia, metafsica e tica?

Para repetir, o princpio primeiro do sistema cristo a infalibilidade bblica, ou a proposio, A Bblia a palavra de Deus. Deste princpio primeiro, o telogo pe-se a construir um sistema de pensamento inclusivo baseado na revelao divina infalvel. At onde este raciocnio correto, toda parte do sistema deduzido por necessidade lgica do princpio primeiro infalvel, e , assim, igualmente infalvel. E, visto que a Bblia a revelao verbal de Deus, que requer nossa adorao e comanda nossa conscincia, um sistema de teologia deduzido com validade lgica autorizado e obrigatrio. Portanto, at onde este livro for acurado na apresentao do que a Escritura ensina, seu contedo resume o que todos os homens devem crer, o que os cristos esto comprometidos a crer, e o que objetivamente verdadeiro.Como Estudar Teologia?A maneira propcia de estudar qualquer assunto teolgico : 1) Exegtico Examinao detalhada das Escrituras como uma coleo completa da revelao de Deus. de deduzir a doutrina das prprias Escrituras. Chamamos este mtodo de estudo indutivo (Raciocnio cuja concluso uma proposio universal e necessria que se estabelece pelo exame de todos os objetos de uma classe). A interpretao das Escrituras a primeira responsabilidade do telogo. Como o filsofo dependa naquilo que est na sua prpria mente, assim o telogo necessita olhar exegeticamente nas Escrituras em primeiro lugar. 2) Racional Justificar e defender essa doutrina com a lgica. Quando a doutrina conhecida, ela pode ser defendida com os argumentos de bom senso contra objees e ataques alheios. O raciocnio humano no pode revelar qualquer coisa, mas pode defender o que tem sido revelado.O processo adequado para a leitura e o estudo do texto bblico de certa forma bem complexa, mas o essencial realmente ler o texto bblico em sua integridade muitas vezes. Ajudas hermenuticas e fatos referentes histria, lnguas, e contextos sociais ajudam a apontar o leitor na direo certa para fazer uma boa exegese. Nada disso valer a pena, portanto, se o leitor omitir uma leitura cuidadosa do prprio texto bblico. No final das contas, o leitor tem a responsabilidade de averiguar todas as informaes passadas luz do prprio texto bblico. No campo da teologia nada diferente. Deve-se ouvir e ler o que dizem os telogos, mas logo necessrio trazer tudo de volta frente leitura do texto bblico. A Bblia deve ser tanto o ponto de partida do exerccio teolgico, como tambm o ponto de retorno para verificar as concluses obtidas.

expressamente necessrio lembrar que o esforo da teologia sistemtica deve depender do estudo criterioso do texto bblico, aproveitando bem as investigaes exegticas feitas sobre o texto bblico. nesses termos, portanto, que se oferece aqui as seguintes colocaes introdutrias em sentido de montar ou definir o guia hermenutico a ser estabelecido e proposto. esta proposta hermenutica que servir de base para o esforo teolgico decorrente. Espera-se chegar a ler o texto bblico de acordo com as suas prprias normas, sem for-la a se encaixar dentro de um padro pr- estabelecido. Esse esforo, porm, deve ser avaliado em todo ponto, pois, havendo falhas em qualquer etapa da investigao, o resultado final refletir essas eventuais falhas metodolgicas nas suas concluses.Pressupostos Teolgicos:Segue uma lista parcial dos pressupostos interpretativos do autor desta obra. essencial em todo esforo interpretativo bblico e teolgico estabelecer o ponto de partida do intrprete. Esses pressupostos informaro o processo deste estudo bem como os seus resultados finais. Mesmo que seja a inteno do autor ajudar o leitor e aluno no processo de formar a sua prpria teologia, osseus pressupostos informam e guiam todo o processo. No possvel colocar aqui todos os pressupostos do autor, pelo simples fato do indivduo no saber delinear todos os pressupostos com os quais trabalha. Muitos deles so ocultos demais para poder alistar conscientemente.Espera-se aqui poder colocar o mais claro possvel o ponto de partida do autor.

Os pressupostos teolgicos deste autor incluem os da lista a seguir:

O autor pressupe que o enfoque bblico por natureza teolgico e deve ser lido dentro deste enfoque.

O texto bblico a fonte de autoridade para f e prtica (princpio essencial dos batistas).

Um texto deve ser lido dentro do seu prprio contexto, procurando sua mensagem contextual.

Somente depois de tratar o que um dado texto diz por si mesmo, deve-se comparar sua mensagem com a de outro texto.

O pano de fundo veterotestamentrio deve ser visto como fundamental compreenso do Novo Testamento, secundrio em importncia apenas a quaisquer alteraes colocadas por Jesus.

Um texto difcil no deve receber o peso teolgico dado a um texto claro.

Em alguns casos, a interpretao exata do texto bblico no ficar clara, mesmo com muito estudo detalhado.

O uso de comentrios, dicionrios e outros livros de ajuda no estudo de uma passagem, porm deve sempre tomar lugar secundrio ao estudo do texto bblico por si mesmo.

O tipo literrio de uma passagem implica na sua interpretao apropriada.

Quando se encontra um texto que aparentemente no apia um conceito teolgico, o texto est sendo mal-interpretado, ou o conceito teolgico deve ser reformulado at que esteja conforme com a mensagem bblica.

A teologia um estudo sempre em andamento, pois o homem finito e no chega a um ponto de compreender plenamente o infinito.

O texto bblico apresenta Deus muito mais atravs do que faz, do que por meio de descries abstratas e proposicionais.

No se deve separar teologia do conceito de revelao, pois somente pela auto-revelao de Deus que se pode conhecer a Deus.

No se deve forar um conceito neo-testamentrio sobre um texto qualquer que no apresenta o mesmo ensino.

No se deve forar um texto bblico dentro de um molde teolgico.

importante lembrar que as tradues atuais da Bblia esto, em geral, baseados em tradies de tradues primitivas de homens bem intencionados, mas que estavam apenas comeando a estudar a Bblia e, portanto, deve-se sempre que possvel recorrer s lnguas originais.

A f exige aceitar um compromisso com Deus, mesmo quando no se conhece plenamente todo aspecto das exigncias do compromisso, nem de antemo as respostas aos questionamentos teolgicos.6

As perguntas essenciais a serem feitas ao texto bblico so Quem Deus?, Quem sou eu? e O que Deus quer comigo?.

Lembra-se ao aluno que o texto essencial para ser estudado a prpria Bblia. A teologia sistemtica, tem como interesse sistematizar o contedo teolgico da mesma para transmitir suas verdades de forma coerente e organizada.Mesmo que o esforo da sistemtica de resumir e organizar o ensino bblico, haver sempre a necessidade de recorrer ao texto bblico por pelo menos trs razes: 1) a falcia e limitao humana em resumir e categorizar todo o ensino teolgico da Bblia;

2) a responsabilidade do indivduo em averiguar de acordo com a prpria Bblia a certido dos ensinos transmitidos; e

3) a riqueza da narrativa bblica em transmitir verdades teolgicas atravs de eventos revelacionais, os quais no se classificam de forma natural em listase definies sistemticas, mas no quotidiano do indivduo e do povo (essas formas comunicativas encerram ensino teolgico nas interaes humanas e divinas, como tambm no revelar as pressupostos teolgicos com os quais os personagens trabalham).A riqueza e a amplitude do texto bblico, bem como o seu carter e seu estilos literrios dificultam toda e qualquer tentativa de sistematizar o seu ensino. Para desta dificuldade tem a ver com a necessidade de cada indivduo aplicar a teologia sua realidade especfica. No basta ter as respostas de outras pocas concernentes s dvidas e inquietaes de outros contextos.Importa saber aplicar o conhecimento teolgica para dar resposta apropriada aos assuntos do dia e da vivncia do indivduo.

Limitaes do Estudante:

Em certos casos, o estudante encontrar no texto da narrativa bblica uma palavra, uma frase ou um conceito que no esclarecido pelo contexto e no se encaixa dentro do referencial do estudante. necessrio lembrar que a leitura do texto e sua interpretao devida no um processo de pesquisa cientfica que sempre dar respostas de pronta entrega. O estudante ter que viver com certas dvidas referentes a certas passagens, reconhecendo as suas prprias limitaes de interpretao. No existe caixa tamanha para conter Deus, nem um molde de fabricao humana no qual cada texto bblico se encaixe perfeitamente. Como exemplo, a compreenso da encarnao de YHWH em Jesus Cristo excede a compreenso humana.

Ao encontrar um texto difcil, a responsabilidade de fazer uma leitura criteriosa do texto aumenta. Aumenta tambm a necessidade do leitor apoiar-se em Deus em meio falta de compreenso. Deus no muda, porm a interpretao humana do texto pode mudar atravs do estudo e da iluminao divina. Por outro lado, a Bblia indica que nem tudo est ao alcance da sabedoria humana. Deus no se preocupa em responder todas as dvidas e perguntas do homem,pois nem todas so de interesse real. A curiosidade humana em si no m, pois por meio dela que se aprende. No lcito, porm, exigir respostas referentes s curiosidades, antes de aceitar o que o texto ensina claramente. O homem responsvel pelo que conhece e a convocao divina exige compromisso com Deus desde o chamado obedincia, sem importar a compreenso ou falta de compreenso dos detalhes.

bom lembrar, tambm, que a revelao bblica tem origem na limitao humana para compreender o Criador e Sua vontade. Se o homem tivesse pleno conhecimento, a revelao bblica no teria sido necessrio. Por causa da incapacidade do ser humano para compreender o infinito que YHWH se revelou. Logo o homem deve lembrar-se de suas limitaes ao aproximar-se para interpretar a revelao divina. Em termos de revelao, o leitor limitado primeiramente ao texto bblico. A Bblia a regra de f e prtica. Isso no quer dizer que todos concordaro na interpretao devida de uma dada passagem. Quando um texto apresenta dificuldades interpretativas, o leitor responsvel estuda com mais cuidado e usa cautela referente s suas concluses interpretativas. O texto claro sempre deve ter mais peso de que o texto enigmtico (de difcil interpretao), porm nem sempre se ter uma concluso definitiva sobre um texto difcil. O prprio Apstolo Paulo disse que agora conhecemos em parte. O enfoque, ento, deve sempre cair sobre a mensagem clara do texto, no sobre assim chamadas mensagens escondidas. Segundo disse um aluno do Programa de Educao Teolgica por Extenso, Se o texto no diz, no inventa!.Permanece, ento, a necessidade de procurar com diligncia a mensagem originalmente intencionada dos autores bblicos, para que possa ento ser aplicado tambm ao contexto atual.Na teologia, este conceito reflete a necessidade de uma pesquisa intensa referente ao ensino bblico que fornece sustentao para todo aspecto da sistematizao e do ensino proposto. No se deve sustentar uma posio teolgica com base em Gnesis captulo 1,pois a passagem no sustenta o ensino. Da mesma forma, ensino sobre a imortalidade vem com o Novo Testamento, no desde o Antigo. Tais distines devem ser feitas para que o telogo e sistematizador tenha base bblica mais coerente na sua proposta e no seu ensino teolgico.