Apostila de introdução a teologia contemporânea
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Transcript of Apostila de introdução a teologia contemporânea
Introdução
É com muita alegria que apresento-lhes o material de estudo para a matéria Teologia
contemporânea, este material não é um recurso exaustivo sobre o assunto. O objetivo
aqui é lançar bases históricas, teológicas e filosóficas para os seus estudos de teologia
contemporânea podemos chamar este material de Bases para o Conhecimento da
Teologia Contemporânea. Não pense que você saberá tudo sobre o assunto ao fim da
leitura deste material, pois ele apenas é uma base para seus estudos. Ele é um guia para
que você possa fazer uma análise crítica das diversas teologias que permeiam nossa Era.
E como foi dito e veremos no material é uma análise crítica, o fato de ser uma teologia
não significa que esteja certa, queremos também observar a doutrinas que surgiram ao
longo da história e ver como influenciaram as teologias atuais, e como as teologias e
teólogos pós-modernos estão influenciando nossa sociedade e como podemos lidar com
muitas ameaças que surgiram para derrubar a Verdade, pois o pós-modernismo é uma
rejeição a verdade e como crentes precisamos aprender a defender a verdade, pois a
verdade é a Palavra de Deus, se a rejeitamos estamos rejeitando o próprio Deus.
Bons estudos!
Índice:
Parte 1: Definições
A. O que é teologia?
B. Os Níveis da teologia
C. O que é teologia contemporânea?
D. Importância do estudo da teologia contemporânea
Parte 2: Precedentes históricos da teologia contemporânea
1. Período Patrístico
I. Dois grandes desafios surgiram durante este período
II. Os Concílios ecumênicos
III. Os credos ecumênicos
2. Idade Média
Teólogos influentes na idade média e suas teologias
3. Os períodos da reforma e do pós-reforma
4. Idade moderna até os dias atuais
Diversos Teólogos contemporâneos e suas teologias
Apêndice 1
Apêndice 2
Bibliografia:
Distribuição das notas
Exercícios e um trabalho.
Serão passados exercícios de fixação e um trabalho que valerão nota.
Trabalho 1 (será entregue no dia 14/05/2012):
Escolher um dos teólogos contemporâneos da lista que será passada e
fazer um trabalho sobre:
a. A história deste teólogo
b. Uma análise da teologia deste teólogo
c. Quais pontos da teologia dele não é bíblica e o porquê.(sua
resposta deve ser fundamentada na Bíblia)
Trabalho 2 (será entregue no último dia de aula):
Criar um sistema bíblico para se defender de cada uma das teologias
contemporâneas estudadas em sala.
Leituras:
As Leituras exigidas valerão 15% da nota e as sugeridas valerão pontos extras
a. Exigidas:
Toda a apostila
O Livro Teologia Sistemática Histórica e filosófica
Páginas 37-197
b. Sugerida:
Teremos leituras sugeridas para cada capítulo estudado.
Um livro que auxiliara seus estudos e que terá muitos capítulos nas leituras
sugeridas será: Raízes da teologia Contemporânea de Hermisten Maia Pereira da Costa
da Editora Cultura Cristã
Avaliações:
As Avaliações valerão uma boa parte dos pontos, nelas será avaliado se você
aprendeu ou não o que foi ensinado em sala. Lembre-se o objetivo não é te reprovar,
mas sim avaliar o que você aprendeu.
Parte 1: Definições
A. O que é teologia?
Em termos simples teologia é o
estudo de Deus. Podemos abranger um
pouco mais definindo a teologia como o
estudo de Deus e seus atributos, caráter,
e coisas divinas. A teologia se divide em vários ramos, ou seja áreas de estudos
diferentes, veja alguns exemplos:
Teologia Bíblica—Esta se organiza cronologicamente, tratando os assuntos
Bíblicos na ordem em que aconteceram e não necessariamente na ordem em que foram
escritos.
Teologia Sistemática—Nesta teologia A Bíblia é estudada por temas e
categorias, como por exemplo: o estudo de Deus, Jesus, Etc.
Teologia Histórica—que traça a história e o desenvolvimento da interpretação
doutrinária e envolve o estudo da história da igreja.1
Teologia contemporânea—que definiremos mais para frente.
B. Os Níveis da teologia ou tipos das teologias2
Além dos ramos da teologia encontramos alguns níveis nos quais ela aparece nas igrejas
hoje. Olson define como cinco tipos de teologias, eu preferi o termo nível, pois de fato
ela está se referindo a níveis em que a teologia alcança, intelectual ou pragmaticamente,
como se fosse uma balança onde é preciso encontrar equilíbrio entre a teoria e a prática.
Observe:
1 Boyer (p. 637)
2 Este Tópico foi extraído e adaptado a partir de Iniciação a teologia, Roger Olson
Leitura sugerida:
a) Introdução do livro: Raízes da teologia
Contemporânea. (páginas 7-16)
Leitura exigida:
b) Capítulo 5 do livro Teologia Sistemática,
Histórica e Filosófica do McGrath (p. 175-197)
• Teologia popular-Crença não refletida baseada na fé cega e tradição. Ignora a
busca de um porque, trata o estudo como falta de espiritualidade. (Ex: crença
nos Iluminantes ou no satanismo da Coca)
• Teologia Leiga-Esta surge quando o cristão começa a questionar o clichês e
lendas, e passa a examinar e entender a sua fé. Neste Nível a pessoa começa a
fundamentar melhor sua fé. (Participa da EBD, começa a ler uns livros de
introdução a teologia e começa a refletir melhor sobre a sua fé)
• Teologia ministerial—Fé refletida por ministros treinados e educadores nas
igrejas cristãs, de alguma maneira passaram por centros de formação básica.
(pessoas vocacionadas para algum tipo de trabalho e que receberam o devido
treinamento, tais como minicursos, palestras, especializações, seminário, etc.)
• Teologia profissional—Requer habilidade requer habilidade no conhecimento
Bíblico e teológico. E consiste na instrução de leigos e obreiro a ultilizá-la. (O
Nome não é pejorativo, se refere aqueles que estão em seminários teológicos
instruindo obreiros e ministros. Pessoas com um conhecimento Bíblico
adequado para ensinar a outros segundo a sua área)
• Teologia acadêmica—altamente especulativa Filosófica e visa sobretudo outros
teólogos, ela peca por nem sempre estar ligada a igreja e pouca relação tem com
a vida cristã autentica. ( ela coloca o foco no academicismo e muitas vezes
ignora a prática da fé)
Observando os níveis da teologia é possível concluir que há um maior risco nos
extremos, pois a Teologia acadêmica se foca muito no conhecimento. O problema é que
na maioria dos casos essa se torna uma religião teórica e que não transforma a vida do
teólogo, pois deixa de ser espiritual para ser um mero exercício acadêmico (como
ilustrado a seguir na figura 1) onde há uma demasiada ênfase na mente. Já a teologia
popular é uma fé extremamente emocional e irracional, voltada apenas para a prática
com uma forte necessidade de milagres e manifestações sobrenaturais e em alguns casos
objetos como amuletos e lenços para a sobrevivência, desconectada de uma reflexão
Bíblica aprofundada (como representado na figura 2). Temos que buscar em Deus um
equilíbrio, para que nossa teologia seja bem fundamentada e aprofundada nas
Escrituras, e ao mesmo tempo prática. O conhecimento adquirido deve nos compelir a
ação, como Tiago afirma a fé sem obras é morta, porém não pode ser uma teologia tão
pragmática que trata o estudo como pecado ou falta de espiritualidade.
C. O que é teologia contemporânea?
Definição:
“É o Estudo analítico-crítico das manifestações teológicas surgidas após a reforma e,
em geral, contrárias ao sistema dela.
Isto não significa que a teologia contemporânea tenha como escopo por exemplo o
catolicismo; não, na realidade ela estuda com evidente maior ênfase a “teologia
protestante” proveniente da reforma, especialmente, aqueles teólogos e/ou movimentos
que seguiram caminhos contrários—ainda que parcialmente—ao pensamento e ao
espírito da Reforma, exercendo um influencia decisivano desenvolvimento teológico,
quer “ortodoxo”, quer não.” 3 Hermisten
Sendo assim a teologia contemporânea é uma análise Crítica do desenrolar histórico da
teologia especialmente após a reforma protestante.
3 Costa, Hermisten M.P. 1956- Raízes da teologia contemporânea. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2004 (p.15)
D. Importância do estudo da teologia contemporânea
Embora a princípio possa parecer uma matéria enfadonha e cansativa, a teologia
contemporânea é de grande importância para nosso pensamento teológico como afirma
Hermisten ela:
a) Impede a estagnação do estudo da Bíblia;
b) Fomenta o interesse pelo estudo Bíblico e teológico;
c) Esclarece e fortalece as convicções próprias;
d) Areja a mente para encontrar novos elementos da teologia;4
e) Aumenta a cultura teológica;
f) Faculta o conhecimento dos pontos de vista contrários;
g) Fornece base para combater sistemas contrários à Palavra;
h) Proporciona maior firmeza ao ministro e autoridade naquilo que fala;
Como bem observou Roger Nicole: “Não podemos esperar que o nosso
próprio ponto de vista seja recomendado se nos mostramos totalmente
ignorantes da posição sustentada por outros.
i) Ensina-nos a tirar lições importantes, até mesmo daqueles dos quais
discordamos;
j) Desperta-nos muitas vezes, para temas que têm sido negligenciados pelos
círculos evangélicos;5
4 A questão aqui não é abandonarmos o que cremos, mas abrirmos o leque para receber o que é Bíblico
e conhecer falsas doutrinas que permeiam o meio teológico.
5 Idem 1 (P. 16)
Parte 2: Precedentes históricos da teologia
contemporânea
É sempre uma atividade difícil
periodizar a História da Igreja, sem
correr o risco de equivocar-se ou entrar
em desacordo com outras análises
historiográficas. É como afirma
Hermisten:6 “Quando escrevemos
história, devemos ter em mente que é-
nos impossível atingir a origem absoluta
de todas as coisas, inclusive do nosso
assunto. O que podemos fazer é, quem
sabe, uma alusão aqueles fatos e períodos que, por sua fecundidade foram, dentro de
nossa perspectiva, de extrema relevância para o tema ou período por nós tratado,
sabendo contudo, que estes são decorrentes de outros e outros. A história é composta
de fragmentos que interagem e se interpretam”
Quero aqui fazer um resumo simplificado sem entrar em detalhes de
periodização, pois o nosso foco estará em algumas das teologias antigas que deram
origem a teologias contemporâneas7, sendo assim vamos nos focar um pouco no
desenrolar teológico ao longo da história do cristianismo nesta etapa de nossa apostila,
como colocado supra cima vamos organizar um pouco dos fragmentos da história da
teologia até chegarmos na teologia contemporânea, este breve histórico da teologia
serve para compreendermos melhor as raízes da teologia contemporânea, e assim
entendermos os fatores que deram origem a mesma.
1. Período Patrístico
6 Idem 3 (p. 29)
7 Veja o apêndice—ele contém gráficos que para auxiliar seus estudos
Leitura sugerida:
Os Pais da igreja e a teologia contemporânea.
Este material será disponibilizado pelo
professor.
Leitura exigida:
b) parte 1 do livro Teologia Sistemática,
Histórica e Filosófica de McGrath vai da
página 37 até a 167, entendendo que é uma
grande quantidade de leitura, esta poderá ser
feita em duas semanas.
O período Patrístico8 leva este nome por se referir a época em que viveram os
pais da igreja, também se refere as suas ideias e teologias. Em geral este período se
inicia ao fim da era apostólica (100 d. C.) e se estende até o concílio da Calcedônia
(451).
I. Dois grandes desafios surgiram durante este período
A) Eles precisavam combater as heresias que surgiram dentro da Igreja. E na
procura por essas respostas a igreja formula suas mais importantes doutrinas, nesta
etapa surgem os Apologetas (A natureza de Cristo, a divindade do Espírito Santo,
trindade, salvação pela graça, etc.) e também neste período é formulado o Cânon
Bíblico.
B) Além da questão das teologias, surgiu outro grande problema, como os cristão
iriam lidar com a poesia, a filosofia e a literatura secular, diante da responsabilidade
missionária da igreja? Surgiu então um debate sobre o assunto:
1. Para Justino, tudo veio de Deus, Cristo é o meio pelo qual tudo foi
criado, logo tudo de bom que há nas culturas seculares pertencem aos cristãos. O
problema desta posição é que o Cristianismo era igualado a cultura secular.
2. Tertuliano defendia que o cristianismo era um movimento
contracultural, que recusava deixar-se contaminar, de qualquer forma, pelo
contexto mental e moral no qual se encontrava arraigado.9 O problema desta
posição é que ela ignorava qualquer herança intelectual da cultura secular, como
por exemplo os cristãos não poderiam utilizar recursos da retórica clássica em
seus discursos.
3. Um fator que mudou o curso deste discurso foi a união da igreja com o
estado em 313 com a conversão de Constantino, se Roma se tornara serva do
evangelho, o mesmo não poderia ser feito com sua cultura?
4. Agostinho apresenta uma posição mais equilibrada, para ele os
Israelitas que saíram do Egito com Moisés levaram consigo ouro e prata para
que pudessem fazer um uso mais apropriado destes recursos, mas não levaram os
8 Patrístico—Normalmente esse termo significa ramo do estudo teológico que trata do estudo dos pais
da igreja. McGrath (p 41)
9 McGrath, Alister e.,1953- Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: uma introdução a teologia
cristã—São Paulo: Shedd Publicações, 2005. p.51
ídolos feitos de ouro. Da mesma forma a cultura e a filosofia e a cultura do
mundo antigo poderiam ser usadas pelos cristãos, nas coisas em que fossem
corretas, contribuindo assim com a causa cristã.
Quanto a responsabilidade missionária, a igreja precisou articular um novo
discurso teológico, formulando novas categorias mais argumentativas. De forma
sistemática e com mais clareza em suas exposições. Uma questão que se nota, é que
quando o cristianismo se tornou a religião oficial do império10, o ímpeto missionário
chegou o fim.11
10 Dois acontecimentos ocorridos neste período merecem destaque: o primeiro deles é o chamado “Edito
de Milão”, ocorrido em 313 d.C. Ele vai dar forma àquilo que ficou posteriormente conhecido como a
“virada constantiniana”. As perseguições (extremas e impiedosas nos reinados de Domiciano, Décio e
Diocleciano) cessaram com Constantino, o qual se converte à fé cristã e eleva esta ao status de “Religio
licita”. O Cristianismo passa a ter os mesmos direitos que as demais religiões. Suas propriedades e bens,
anteriormente confiscadas, são devolvidas. Com o “Edito de Ambrósio” em 380 d.C. a religião
cristã se torna, mais do que religião permitida entre outras, ela se converte na única religião
oficial do Império romano. Se por um lado a Igreja agora tinha todos os meios para evangelizar
o mundo, o lado negativo deste período é a perda da vitalidade da fé, uma vez que a adesão à
Igreja não se dava mais por meio da fé viva, mas por nascimento ou pertença ao império
romano.
11 Material de estudos de introdução a teologia Instituto Metodista Isabela Hendrix, Aula 4;
II.Os Concílios ecumênicos
No período Patrístico aconteceram
concílios que ficaram conhecidos como
concílios ecumênicos. “Por meio deles deu-se
a cristalização da fé cristã nos seus aspectos
mais fundamentais. A base do que cremos
hoje, foi lançada já neste período.”12
Visto a ameaça de Arianismo à
divindade de Cristo, em 325 d.C. Constantino
convocou um Concílio para a cidade de
Nicéia com o intuito de debater sobre a
divindade de Cristo. E contra a ameaça ariana
a Igreja decidiu-se pela fé na igualdade de
substâncias entre o Pai e o Filho, o qual é
“Deus de Deus”.
Em 381 d.C. a Igreja se reúne em
Constantinopla novamente para um Concílio no qual de discutiu sobre a divindade do
Espírito Santo.
Em 431 dC em Éfeso o tema conciliar era novamente a divindade de Cristo e sua
relação com Maria, sua Mãe. Neste conclave cunhou-se a expressão teológica;
“Theotokos”.
Em 451 na cidade de Calcedônia tratou-se em Concílio do tema relacionado às
duas naturezas de Cristo. Decidiu que Cristo tem duas naturezas (Divina e humana) em
uma única pessoa.
III. Os credos ecumênicos
Durantes os Concílios foram formulados credos que lançaram Bases para a
teologia Cristã. Credo e confissão são confundidos, porém são duas coisas distintas:
12 Idem 8
Importante!!!
Arianismo: Essa Teologia surgiu á partir de
um mestre chamado Ário no início do Século
IV. E suas Crenças eram basicamente um
ataque a divindade de Cristo; Negavam que
Jesus era o Deus eterno encarnado;
Declaravam que Cristo era um ser criado;
Elaborou maneiras de popularizar seu ensino
(Ex: Músicas e poesias); Reconhecia que
Cristo era mais do que um simples homem,
mas era menos que Deus; para Ario Jesus era
quase Deus, mas não Deus completamente;
doutrina mascarada com palavras que
pareciam ortodoxas; Afirmou o Senhorio de
Cristo, mas não sua deidade; afirmava que
Jesus era o “Filho unigênito” de Deus, para
negar sua deidade.
Confissão se refere ao conjunto de dogmas e ênfases específicas de uma
denominação, a confissão é uma declaração denominacional.
Credo em termos gerais se refere a uma declaração que pertence a toda igreja
cristã, é uma declaração de crenças que todo cristão é capaz de aceitar e observar, por
isso o nome credos ecumênicos, pois pode ser aceito por qualquer pessoa cristã. Por
definição ecumenismo é um movimento que visa a unificação das igrejas cristãs13, no
caso destes credos ainda não haviam tantas denominações, era uma igreja cristã lutando
para sobreviver, e esses credos lançaram grande bases para as teologias cristãs hoje,
porém a palavra “ecumênico” já não é tão bem recebida mais, visto a divergência
teológica e falsas doutrinas que surgiram e continua surgindo ao longo da história no
meio Cristão. Estão surgindo cada vez mais teologias que têm afetado o cristianismo de
forma negativa e gerando mais e mais divisões. Em breve entraremos em algumas
destas teologias inclusive o movimento carismático e ecumênico.
2. Idade Média
A idade média (ou medieval) é
definida por muitos como o “Idade das
trevas”, por ser um período de
instabilidade e insegurança. O termo
idade Média tem sua origem nos
escritores renascentistas para definir o
período intermediário “que se instalara
entre as glórias da Antiguidade
clássica e sua época. Portanto, eles
criaram o termo “Idade Média” como
referência a uma fase monótona e
estagnada, que separava dois períodos
importantes e criativos.” 15
A seguir vamos destacar três
termos importantes para a compreensão
13 Dicionário aurélio
14 Idem 10 (P. 4) 15 Idem 8 (p. 67)
Importante!!!
“A idade medieval, chamada de escolástica na
historiografia eclesiástica, marcou uma época na
qual a Igreja, diferentemente do período
Patrístico, não tinha mais a grande tarefa de
missionar o mundo “pagão”. O continente
europeu já se considerava cristianizado. Neste
contexto é que surge o conceito de “Cristandade”
medieval. A Igreja, por força de sua influência e
poder, já não tinha mais interlocutores na
sociedade civil. O Papel da Igreja e o conceito de
Cristandade se resumiam na seguinte assertiva:
“Roma locuta, causa finita”, isto é: a Igreja de
romana (o Papa) falou, não há mais discussão.”14
Neste período suguem os maiores erros
doutrinários da igreja católica.
desta época importantes deste período:
I. Renascimento: Foi um renovação cultural, com um avivamento
literário e artístico que aconteceu na sociedade europeia por volta dos séc XIV a XVI16.
Iniciou-se na Itália e se espalhou por toda a Europa. Uma ênfase neste período foi o
retorno ao esplendor da Antiguidade, e uma rejeição as conquistas da idade média.
Segundo Hermisten no renascimento: “O homem é o tema e senhor da história;
já não esperava fatore divinos; antes, pelo contrário, emprega seu talento pessoal para
conseguir realizar seus desejos; já não é mero espectador passivo do universo mas seu
agente, lutando para modificar, melhorar e recriar.”17
II. Escolasticismo:18 foi um movimento intelectual deste período. Em
geral os escolásticos são conhecidos por debater questões de Teologia e filosofia com
muita complexidade ao ponto de surpreender historiadores atuais. Em contra partida, os
assuntos discutidos também surpreendem por serem assuntos extremamente triviais.
Eles são frequentemente retratados por debater, por exemplo, quantos anjos poderiam
dançar juntos na cabeça de um alfinete, este debate em particular nunca aconteceu, mas
retrata o tipo de assuntos fúteis que este grupo de acadêmicos perdia o tempo
discutindo.
Neste período se dá o rompimento com platonismo mediado por Agostinho e a
adoção do Aristotelismo.
“Este movimento enfatizou a justificação racional, bem como a apresentação
dessas crenças de forma sistemática”19 seguindo o pensamento da época onde o
antropocentrismo passa a dominar, os escolásticos colocam uma ênfase demasiada na
capacidade mental para de alcançar a salvação. E também não se refere a um sistema
exclusivo de crenças, antes se refere a uma forma de separar a teologia por temas. O
problema é que o Escolasticismo acabou por se apoiar em temas muito triviais como já
foi dito. O Escolasticismo não é um conjunto de doutrinas específicas, mas sim uma
abordagem ou um método, logo existiam várias linhas de Escolasticismo.
16 Aqui há uma divergência entre historiadores uns colocam XIV e XV outros colocam XV e XVI, mas como eu falei nossa ênfase não está nas datações, até por que é difícil datar este período. 17 Idem 3 ( p. 67) 18 Segundo Cairns(p.187) termos Escolasticismo e Escolástico tem suas raízes na palavra grega Schole
que significa lugar onde se aprendia. 19 Idem 8 (P. 71 )
III. Humanismo: “Atualmente, o termo humanismo passou a significar
uma cosmovisão que nega a existência ou a importância de Deu, ou seja, voltada a uma
perspectiva exclusivamente secular. Não era esse o significado da palavra na época do
renascimento. A maioria dos humanistas daquele período era religiosa e preocupada
com a purificação e renovação do cristianismo, não com sua abolição.”20
O problema é que o humanismo ainda estava no espírito Antropocentrista, é
como Hermisten cita Sachaff: “Humanismo é a colocação do homem no centro de todas
as coisas, fazendo-o a medida de todas as coisas”21 O termo humanismo é muito difícil
de ser definido, de acordo com McGrath22 existiu no passado duas linhas de
interpretação desse movimento predominavam. Para uma o humanismo era um
movimento voltado ao estudo de línguas e literatura clássica. De acordo com a segunda
o humanismo foi basicamente um conjunto de ideias que encerrava a nova filosofia do
renascimento, ambas as interpretações do humanismo apresentam suas falhas.
O humanismo incorporou a filosofia renascentista, que surgiu em reação ao
Escolasticismo, que era aristotélico.
“O Humanismo renascentista, sem dúvida, tomou uma parte importante da
realidade, todavia, em geral, esqueceu-se da principal e, o mais trágico de tudo, é que
o esquecido é Aquele Quem dá sentido a tudo o mais. Deste modo, a valorização do
homem tornou-se paradoxalmente a destruição da própria dignidade, como ser
essencial que é, resultante da imagem de Deus.” 23
Teólogos influentes na idade média e suas teologias
O espírito da época influenciou na teologia trazendo uma demasiada ênfase na
necessidade de demonstrar a fé de forma racional e na sistematização das doutrinas
cristãs. A filosofia foi um recurso valioso para a teologia neste período, ela 1)
demonstrava a racionalidade da fé, facilitando assim uma apologia aos críticos não
cristão da época e 2) os artigos de fé poderiam ser avaliados sistematicamente de forma
a serem melhor compreendidos.
Vamos agora observar alguns teólogos que se destacaram neste período, bem
como o desenrolar de suas teologias:
20 Idem 8 (P. 74) 21 Idem 3 (p. 67) 22 Idem 8 (p. 74) 23 Idem 3 (p. 69)
Anselmo de Cantuária- Sua obra mais notável foi “Cur Deus homo?”
(Por que Deus se fez homem). Ele desenvolve neste livro de forma racional a
“doutrina da satisfação”, segundo a qual, Deus precisou de um sacrifício perfeito
para reparar a falta (dívida) dos seres humanos. Isto se deu por meio do
sacrifício perfeito do Deus-homem, Jesus Cristo. Segundo Grath: “essa obra
exibe características do que há de melhor no Escolasticismo: Apelo a razão,
ordenação lógica dos argumentos, investigação incansável acerca das
implicações dos conceitos e a convicção fundamental de que, no íntimo o
evangelho cristão é racional e pode ser apresentado dessa forma”24.
Duas frases famosas de Anselmo Fides Quaerens intellectum (A fé em
busca do conhecimento),credo ut intellegam (creio para que possa conhecer)
demonstram a racionalidade da fé cristã, não é uma fé cega em algo irracional,
antes é uma fé que traz o conhecimento!
Tomás de Aquino- Sua obra mais famosa é a Summa Theologiae
(suma teológica) nesta obra eles expõe de forma detalhada os assuntos
fundamentais da teologia cristã, como por exemplo a relação entre fé e a
teologia. Sua obra se divide em três partes. A Primeira parte trata essencialmente
de Deus. A segunda parte trata da reconciliação da humanidade com Deus. E a
terceira parte trata da obra redentora de Cristo para trazer salvação a
humanidade. Também seguindo o espírito da época em sua teologia vemos uma
apresentação racional e sistemática de seus pensamentos.
Duns Scotus- Este é considerado uma das mentes mais brilhantes da
idade média, ele era defensor do aristotelismo, defendia também o
voluntarismo25, ele também defendia a impecabilidade de Maria26, Tomás de
Aquino defendia que Maria era pecadora como todos nós, porém Scotus Cria
que Cristo havia eixado Maria livre da mancha do pecado original.
Guilherme de Occam- Também defendia o voluntarismo, mas é sua
posição filosófica que lhe traz destaque. Ele insistia que a simplicidade era uma
virtude teológica e filosófica ao mesmo tempo. Era como se ele tivesse uma
navalha que eliminava todas as hipóteses que não fossem necessariamente
24 Idem 8 (p. 80) 25 Doutrina que defende que a vontade divina tem primazia sobre o intelecto divino. 26 Essa ideia deu origem a Mariolatria: adoração a Maria feita hoje pela igreja católica, que trata Maria como uma co-intercessora, levando nossos pedidos a Cristo que por sua vez os leva a Deus. O que vai contra o que a Bíblia diz em 1 Timóteo 2.5-7.
essenciais, (isso vai contra a teologia escolástica que como já vimos se
concentrava em frugalidades). Ele descartou a ideia de “ambiente de graça” que
seria algo sobrenatural colocado por Deus na alma humana para que esta
pudesse receber a salvação, ele defendia uma justificação mais pessoal, sem a
necessidade desse passo intermediário, pois ele o considerava desnecessário e
irrelevante. Para ele a salvação ocorria de forma direta, desde que o pecador se
convertesse.
Erasmo de Roterdã- Ele considerava os leigos escolarizados o recurso
mais importante da igreja, por isso seu apelo era direcionado a eles. Em sua obra
Enchiridion militis christiani (Manual do Soldado Cristão) ele desenvolvia a
ideia nova e atraente que a igreja de sua época poderia ser reformada mediante a
um retorno coletivo aos escritos dos patriarcas e da Bíblia. Defende a
importância de uma leitura frequente da Bíblia para os leigos, pois com esta a
igreja poderia ser reformada e renovada. Esta obra é simples, porém culta, e é
prática, sendo mais acessível aos leigos. Em seu livro ele defende que o futuro
da igreja estava nas mãos dos leigos e não do clero. Ele também dá uma forte
ênfase na “religião interior” trazendo uma compreensão melhor do verdadeiro
cristianismo. Um exemplo é que ele se opunha a confissão de pecados a padres.
Ele também contribuiu com a produção do primeiro Novo Testamento
em grego, o que provocou grandes resultados, pois os teólogos agora tinham
acesso ao texto em seu idioma original. Produziu edições confiáveis das obras
dos pais da igreja. Até então os teólogos tinham acesso apenas a algumas
citações de trechos descontextualizados dos pais da igreja, mas agora tinham
obras confiáveis e completas em suas mãos, o que trouxe um grande progresso
no avanço teológico. Talvez o maior exemplo seja a teologia Agostiniana causou
grande impacto sobre Calvino que estudaremos mais a frente.
Antes de passarmos para o próximo período quero fazer umas considerações aqui. Neste
período surgiu um grande interesse na devoção a Maria, devido a teologia de Duns
Scotus, surgiu então um grande debate uns defendiam a impecabilidade de Maria,
outros defendiam que ela era pecadora como qualquer outro, mas foi agraciada por
Deus, a Mariolatria tem início neste período.
3. O período da reforma
Agora passamos para um dos mais importantes períodos para o cristianismo da idade
média, que é quando a igreja passa pela reforma tão desejada por Erasmo.
Antes de falarmos da reforma quero apenas destacar três homens que prepararam
o caminho para a mesma: John Wiclif, Jon Huss27 e Savonarola eles são conhecidos
como os precussores da reforma, eles lutaram por uma reforma interna na igreja
católica com a reformulação das doutrinas e dogmas da mesma, para que ela se tornasse
atenta a sua verdadeira missão neste mundo.
Hermisten define a reforma protestante como:
“Um movimento eminentemente religioso e teológico (Pelo menos em
sua origem) à insatisfação espiritual de dezenas de pessoas—que certamente
expressavam o sentimento de milhares de outras anônimas—que através dos
tempos não encontram na igreja romana espaço para a manifestação da sua fé
nem alimento para as suas necessidades espirituais. As insatisfações não visam
criar uma nova igreja mas, sim, tornar a existente mais bíblica. Portanto a
reforma não deve ser vista como um movimento externo mas, sim, como um
movimento interno por parte dos ‘católicos’ piedosos—que diga-se de
passagem, ao longo dos séculos tinham manifestado sua insatisfação, quer
através do misticismo28, quer através de uma proposta mais ousada—que
desejam reformar a sua igreja, revitalizando-a, transformando-a na igreja dos
fiéis.”29
Os reformadores
Martinho Lutero—Infelizmente os percussores da reforma não foram bem
sucedidos em sua tentativa de um reforma interna, pois a igreja católica havia se perdido
nas trevas, mas no dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero (1483-1546) fixa nos
portões da Igreja de Wittenberg suas 95 teses30. As teses refutavam a ideia de penitência
e indulgências e destacava a salvação somente pela fé. Este evento é o pontapé inicial
do período da reforma protestante e a causa da expulsão de Lutero da igreja católica.
27 John Huss foi queimado vivo pela igreja católica por causa de suas ideias. 28 Embora a palavra Misticismo possua vários significados, o misticismo aqui tratado é um movimento que visa um contato mais direto com Deus pela intuição imediata ou pela contemplação, ou seja é uma circunstancia de experiência ao lado de Deus e não apenas um conhecimento racional. 29 Idem 3 (p. 75-76) 30 Teses disponíveis no blog: http://dyonekendel.blogspot.com.br/2013/03/as-95-teses-demartinho-lutero-por.html
Neste ponto se inicia a reforma externa, antes haviam tentado mudar a igreja católica,
mas a única solução seria um cisma.
Ele formulou a doutrina mais importante paras os protestantes, a doutrina da
justificação pela fé. E também formulou o “tripé” da fé protestante: sola gratia (só a
graça), sola fides (só a fé) e sola Scriptura (só as Escrituras). Uma outra contribuição
muito importante de Lutero foi a tradução do Novo Testamento para a língua alemã
realizada em 1522.
João Calvino—Após Lutero, surge o francês João Calvino (1509-1564) como
reformador na Suíça, mais especificamente em Genebra. Calvino era um teólogo com
extraordinária capacidade de articulação do discurso teológico (nisto ele superou em
muito a Lutero). Por conta de sua inteligência ele escreveu as famosas “Institutas da
religião Cristã” embora ele seja muito conhecido pela sua doutrina da predestinação e
eleição incondicional, que de forma equivocada muitos crentes a tratam como uma obra
onde se fala apenas sobre a predestinação, mas predestinação é apenas um dos tópicos
das institutas, nelas ele desenvolveu uma teologia sistemática que fundamenta diversas
doutrinas que são fundamentais hoje essências para a igreja protestante.
Em resposta a Reforma protestante, veio a chamada Reforma católica ou
contrarreforma, surge junto a esse movimento a fundação da Companhia de Jesus
(Ordem dos Jesuítas), que, sob a liderança de Inácio de Loyola, tinha a tarefa de
reconquistar os territórios perdidos para a Reforma evangélica. Um segundo
acontecimento no periodo da contrarreforma católica vê-se no Concílio de Trento
(1545-1563), no qual ficaram cristalizadas as doutrinas católicas da justificação e dos
sacramentos, entre outros.
Ortodoxia
O termo ortodoxia é uma transliteração31 da palavra grega òí que
significa doutrina certa, embora essa palavra não apareça na Bíblia, ela foi comumente
usada por diversos autores.32
Mesmo que os ortodoxos não defendo a detenção exclusiva da verdade, creem
professá-la em seu sistema teológico, de acordo com Hermisten a ortodoxia como
sistema de pensamento, em qualquer campo ela de baseia nos seguintes pressupostos:
1) O Homem pode conhecer a verdade.
2) A verdade é conhecida.
3) O que aquela comunidade ou grupo confessa
corresponde a verdade.
Uma vantagem da ortodoxia é que ela traz uma difusão maior do conhecimento.
O problema é que, ás vezes há uma grande ênfase na razão, E veremos agora como a
ortodoxia influenciou ao protestantismo.
Ortodoxia protestante
A ortodoxia protestante surge no Século 17, período entre a reforma e o
iluminismo. Esse movimento buscou uma sistematização das doutrinas reformadas, foi
uma busca por uma rigidez e exatidão doutrinária.
Dois marcos da ortodoxia protestante:
1) Amplitude: Houve um esforço para preservar a sã doutrina contras
heresias. A ideia foi apresentar a sã doutrina da forma mais razoável
possível, e assim sistematizaram as doutrinas, em um sistema
doutrinário solidamente elaborado, que serviu de manual doutrinário
e confessional para a igreja. Sendo assim a ortodoxia protestante
defende que a Bíblia é a Palavra de Deus e verdade absoluta.
31 Transliteração é representar os caracteres de uma palavra de um idioma, por caracteres similares, de outro idioma. No caso a palavra ortodoxia tem a mesma pronuncia em grego, apenas foi escrita em letras do nosso alfabeto, similares as do alfabeto grego. 32 Aristóteles usa o vocábulo Ortodoxein dando o sentido de “reta opinião”, Eusébio de Cesaréia 325 d.C usou essa palavra referindo-se a Clemente e Orígenes, como sendo eles os representantes da ortodoxia da igreja. Dionísio, bispo em corinto, convertido por meio da pregação de Paulo em atenas também usa essa palavra no sentido de opinião reta. Fonte: Hermisten (p.234)
2) Simplicidade: Ao mesmo tempo em que queriam apresentar a sã
doutrina da forma mais completa possível, eles também precisavam
torna-la compreensível a pessoas simples para que estas pudessem se
filiar as igrejas e entender o que estas ensinavam. Este movimento
entendia a reponsabilidade individual de cada ser humano perante
Deus, por isso houve este esforço para que todos conhecesse as
doutrinas Bíblicas.
4. Idade moderna até os dias atuais
Compreendendo o pensamento moderno
De acordo com Hermisten: “Os séculos 16 e 17 foram decisivos para o
pensamento contemporâneo, sendo um período(...) crucial no desenvolvimento
moderno”33 por isso vamos observar mais de perto esse período que antecede ao
período moderno, pois no período moderno já entramos diretamente no estudo da
teologia contemporânea.
Teologia moderna não foi fruto de um evento isolado na historia da humanidade,
não surgiu a partir de simplesmente um novo conceito, ou por determinada forma de
pensar e avaliar a realidade. De acordo com Hermisten34 a teologia moderna é fruto da
evolução histórica permeada por transformações econômicas, filosóficas, religiosas,
educacionais e políticas, entre outras35, e como todas essas estão entrelaçadas, fica
difícil determinar especificamente a principal causa do modernismo, porém podemos
entender que todas essas mudanças em conjunto deram origem ao modernismo.
A Modernidade
33 Idem 3 (p. 210) 34 Idem ao anterior 35 O documentário da BBC History of the world por Andrew Marrs (episódio 7: Age of Industry) expõe a situação histórica dessa época, a revolução industrial e diversas mudanças em diversas áreas que transformaram o mundo neste período, embora seja um documentário da época ele ajuda a compreender o cenário cultural no surgimento do pensamento moderno.
A modernidade ou o modernismo pode ser definida em termos simples como a “crença
de que a verdade existe e o método científico é a única maneira confiável de determinar
essa verdade.”36 A teologia contemporânea começa no fim do período da modernidade,
mas antes de entrarmos na teologia contemporânea ainda veremos algumas ideologias
que a precederam.
O Iluminismo
A teologia do século XX começou em 1914, mas sua história remete a tempos mais
antigos, à época que a precedeu e à qual a mentalidade emergente dessa era
respondeu. Portanto, para uma melhor compreensão da teologia do século XX é
necessário um contraste com a teologia do século XIX. Como esta última tem seu
contexto no Iluminismo, sua análise deve ser feita a partir da Idade da Razão.
Luiz Felipe
No Iluminismo, a razão humana substitui a revelação imposta externamente na posição
de árbitro da verdade, pois a razão passou a determinar o que vinha a ser a revelação.
A máxima de Anselmo foi invertida: “Creio naquilo que posso compreender.” No
Iluminismo, a razão humana substitui a revelação imposta externamente na posição de
árbitro da verdade, pois a razão passou a determinar o que vinha a ser a revelação. A
máxima de Anselmo foi invertida: “Creio naquilo que posso compreender.” Luiz Felipe
Uma outra marca característica do otimismo iluminista diz respeito à visão das
capacidades morais humanas. O Iluminismo colocou grande ênfase sobre a
moralidade, não sobre o dogma. Ele também declarou que os poderes do raciocínio
humano podiam tanto descobrir a lei moral natural escrita dentro de cada pessoa
quanto levar à obediência a essa lei. Sem dúvida alguma, esta antropologia otimista se
difere muito da antropologia dos reformadores (p.ex.: Depravação total).
A busca pela verdade neste período:
36MacArthur, John- A Guerra pela Verdade—São Paulo, Ed. Fiel, 2008 (p. 37)
Parte 3: Conhecendo os teólogos e as teologias
contemporâneas
Neo-ortodoxia
A neo-ortodoxia se caracterizou pela tentativa dos teólogos de redescobrir o significado
para o mundo moderno de certas doutrinas que haviam sido centrais para a antiga
ortodoxia cristã, foi uma tentativa de reformar a ortodoxia. Por um lado, os teólogos
neo-ortodoxos seguiram o liberalismo mais antigo, vendo o Iluminismo com
naturalidade e, assim como seus antecessores, aceitando o criticismo bíblico. Por outro
lado, os pensadores mais jovens rejeitavam aquilo que consideravam ser a cultura cristã
do liberalismo, que surgiu da ênfase na teologia natural37. Eles estavam preocupados
com o fato de o liberalismo protestante ter se esforçado tanto para tornar a fé cristã
aceitável à mentalidade moderna a ponto de perder o evangelho. A Palavra de Deus – a
voz do Ser Transcendente – não proclamava mais as boas-novas de reconciliação com a
humanidade perdida em pecado.
Existem dois extremos na neo-ortodoxia:
a. Visão demitizante—Defendida por Rudolf Bultmann e Shubert Ogden, eles
criam que a bíblia é um livro cheio de mitos a lendas e que para uma pessoa encontrar a
palavra de Deus precisa demitizar, tirar os mitos da Bíblia. Para essa visão Bíblia em si
mesma não é revelação alguma; é apenas uma expressão primitiva, mitológica,
mediante a qual Deus se revela pessoalmente, desde que demitizado da maneira correta.
b. Encontro pessoal—Defendida por Karl Barth e Emil Brunner, nutre uma visão
mais ortodoxa das Escrituras. Barth embora defenda que existam imperfeições no
registro Bíblico, afirma que a Bíblia é a fonte da revelação de Deus. Afirma ele que
Deus nos fala mediante a Bíblia-que ela é o veículo de sua revelação. Brunner afirma
que que a revelação de Deus não é proposicional(i.e., feita por meio de palavras).
Assim, a Bíblia, como se nos apresenta deixa de ser uma revelação de Deus, passando
a ser mero registro da revelação pessoal de Deus aos homens de Deus em eras
37 Essa teologia é uma tentativa de provar a existência de Deus por meios naturais, ou seja, a razão e a experiência.
passadas. Todavia, sempre que o homem moderno se encontra com Deus, mediante as
Escrituras Sagradas, a Bíblia torna-se a Palavra de Deus para nós. Em contraposição
à visão ortodoxa, para os teólogos neo-ortodoxos a Bíblia não seria um registro
inspirado. Antes, é um registro imperfeito, que apesar dessa mesma imperfeição,
constitui o testemunho singular da revelação de Deus. Quando Deus surge no registro
escrito, de maneira pessoal, a fim de falar ao leitor, a Bíblia nesse momento torna-se a
Palavra de Deus para esse leitor.38
Sendo assim para a neo-ordotoxia a Bíblia só é a Palavra de Deus quando ela
pode ser experimentada de alguma forma, ele não é a palavra de Deus em sí, ela se torna
a palavra de Deus quando ele fala conosco através dela. (para mais detalhes veja o
apêndice 2).
O que cremos sobre a inspiração????
Escritura é inspirada (soprada) por Deus (2 Tm 3.16-17), de forma
plena e verbal, ou seja, ela é completamente inspirada em todas as suas
partes e em todas as suas palavras com está escrito “Toda a escritura é
inspirada por Deus”, em I Coríntios 2:10-13 Paulo afirma que o que ele
falava não provinha de sabedoria humana, mas sim de palavras ensinada pelo
próprio Espírito, que por sua vez perscruta todas as coisas por ser Deus, e
é este o Espírito que direcionou os escritores ao registrarem a vontade de
Deus em sua Palavra. Que os escritores foram homens Santos que falaram
da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21), ou seja, Espírito
Santo os direcionou enquanto escreviam, para que suas palavras fossem
exatamente o que Deus quisesse registrar, pois a Bíblia é a palavra de
Deus.
38 Geisler p.20
O pós-modernismo
Para estudarmos teologia contemporânea precisamos entender a visão na era em
que vivemos, a saber, o pós-modernismo. Até agora observamos de eras passadas já
entramos em teologia contemporânea, pois ela começa no modernismo, mas o
modernismo também já passou, a era em que vivemos é conhecida como o pós-
modernismo.
“De modo geral o pós-modernismo é marcado por uma tendência de
repudiar qualquer conhecimento seguro e sólido da verdade. O pós-modernismo
sugere que, se a verdade objetiva existe, ela não poder ser conhecida de modo
objetivo ou com algum grau de certeza; porque (segundo os pós-modernistas) a
subjetividade da mente humana torna impossível o conhecimento da verdade
objetiva.” 39
A tolerância a qualquer ideologia se tornou o marco do pós-modernismo que se
contrapõe a ideia do modernismo de que a verdade pode ser alcançada pelo ser humano
por meio do intelecto. O maior dogma da pós-modernidade é a crença de que ninguém
pode saber algo com plena certeza. A incerteza é a nova verdade!
Rejeição a proposição
Os pós modernistas rejeitam a verdade proposicional, bem como a neo-
ortodoxia,
39 Idem 26 (p. 39)
O Teísmo Aberto
“As ondas gigantes que provocaram a tremenda catástrofe na Ásia no
final de dezembro de 2004 afetaram também os arraiais evangélicos,
levantando perguntas acerca de Deus, seu caráter, seu poder, seu
conhecimento, seus sentimentos e seu relacionamento com o mundo e as
pessoas diante de tragédias como aquela. Dentre as diferentes respostas a
essas perguntas, uma chama a atenção pela ousadia de suas afirmações:
Deus sofreu muito com a tragédia e certamente não a havia determinado ou
previsto; ele simplesmente não pôde evitá-la, pois Deus não conhece o
futuro, não controla ou guia a história, e não tem poder para fazer aquilo
que gostaria. Esta é a concepção de Deus defendida por um movimento
teológico conhecido como teologia relacional, ou ainda, teísmo aberto ou
teologia da abertura de Deus.“40
Essa teologia leva esse nome porque ela é um movimento contra o teísmo
fechado, que crê na imutabilidade, onisciência, a justiça e onipotência de Deus. “O
nome “Teísmo Aberto” deriva da afirmação de que o próprio Deus está aberto para
novas experiências, incluindo a experiência de aprender sobre os eventos progressivos
da história do mundo, à medida que se manifestam.”41 Sendo assim teísmo aberto é
uma tentativa de colocar Deus em pé de igualdade com o homem. Deus não sabe o
futuro, ele o está construindo com o homem, ele não é onisciente, ele está descobrindo
as coisas com o homens, os eventos tudo o que acontece é construído pelo homem e
Deus que nada mais é que um simples amigo do homem, o teísmo aberto coloca o home
na mesma posição hierárquica que Deus.
No Brasil um dos principais defensores do teísmo aberto é Ricardo Gondin,
usando o termo teologia relacional, afirmando que é diferente do teismo aberto, mas que
no fundo é a mesma teologia.42
Augutus Nicodemus nos apresenta um resumo dos principais pontos da teologia
do teísmo aberto43:
40 Campos, Heber C. O TE Í S M O AB E RTO: UM EN S A I O IN T R O D U T Ó R I O. http://www.monergismo.com/textos/presciencia/teismo-aberto_heber.pdf 41 http://www.monergismo.com/textos/presciencia/teismo-aberto_heber.pdf 42 Veja: http://tempora-mores.blogspot.com.br/2007/04/meu-caro-ricardo-gondim.html
1. O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão
subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de
suas criaturas.
2. Deus não é soberano. Só pode haver real relacionamento entre Deus e suas
criaturas se estas tiverem, de fato, capacidade e liberdade para cooperarem ou
contrariarem os desígnios últimos de Deus. Deus abriu mão de sua soberania para que
isto ocorresse. Portanto, ele é incapaz de realizar tudo o que deseja, como impedir
tragédias e erradicar o mal. Contudo, ele acaba se adequando às decisões humanas e, ao
final, vai obter seus objetivos eternos, pois redesenha a história de acordo com estas
decisões.
3. Deus ignora o futuro, pois ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende
com o passar do tempo. O futuro é determinado pela combinação do que Deus e suas
criaturas decidem fazer. Neste sentido, o futuro inexiste, pois os seres humanos são
absolutamente livres para decidir o que quiserem e Deus não sabe antecipadamente que
decisão uma determinada pessoa haverá de tomar num determinado momento.
4. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava se arriscando, pois
não sabia qual seria a decisão dos anjos e de Adão e Eva. E continua a se arriscar
diariamente. Deus corre riscos porque ama suas criaturas, respeita a liberdade delas e
deseja relacionar-se com elas de forma significativa.
5. Deus é vulnerável. Ele é passível de sofrimento e de erros em seus conselhos e
orientações. Em seu relacionamento com o homem, seus planos podem ser frustrados.
Ele se frustra e expressa esta frustração quando os seres humanos não fazem o que ele
gostaria.
6. Deus muda. Ele é imutável apenas em sua essência, mas muda de planos e até mesmo
se arrepende de decisões tomadas. Ele muda de acordo com as decisões de suas
criaturas, ao reagir a elas. Os textos bíblicos que falam do arrependimento de Deus não
devem ser interpretados de forma figurada. Eles expressam o que realmente acontece
com Deus.
43 http://www.monergismo.com/textos/presciencia/augustus_teologia_relacional.htm
Missão integral e teologia da libertação
a. Teologia da libertação
A Teologia da Libertação é uma reflexão teológica que tem como proposta o
comprometimento político da fé com a realidade histórica sob a perspectiva da
luta por libertação das classes subalternas. Desenvolveu-se em um momento
histórico-político da realidade latino-americana no qual o tema da revolução
era o elemento mobilizador da cultura política da esquerda. Nesta pesquisa,
investigou-se a Teologia da Libertação com base na reflexão do teólogo
brasileiro Leonardo Boff. Utilizou-se como principais referências de análise
três livros seus, escritos entre a segunda metade da década de 1970 e início
dos anos 80: Teologia do cativeiro e da libertação de 1976, O caminhar da
igreja com os oprimidos de 1980 e Igreja, carisma e poder de 1981. Outros
livros de L .Boff, bem como de Clodovis Boff e do teólogo peruano Gustavo
Gutiérrez foram utilizados como material de apoio. A Teologia da Libertação
foi analisada como elemento integrante de uma cultura de contraposição à
sociedade capitalista. Ao tentar unir a problemática terrena da transição da
sociedade capitalista para uma nova sociedade com a temática teológica da
libertação, a contraposição de Boff ganhou um caráter progressista, mas na
contramão da modernidade. Apoiou-se em teorias sociais: o marxismo e a
teoria da dependência, em sua reformulação teológica, visando a conferir
eficácia política a fé. No entanto, a sua contraposição ao capitalismo é
mediada pelos princípios do cristianismo primitivo e se baseia em uma aliança
histórica entre o povo brasileiro e o catolicismo. Esses aspectos conferem a
sua reflexão uma dimensão romântica, pois ao racional contrapõe o
irracional, ao desencantamento do mundo a religiosidade popular e à
sociedade a comunidade.44
Sob a palavra “libertação”, não está subentendida a obra de Cristo por nós, e sim
os ideais do marxismo45.A palavra, dentro desse movimento teológico significa:
1) Libertação política das pessoas e setores socialmente oprimidas.
44 Claudete Gomes Soare, Teologia da libertação no Brasil : aspectos de uma critica politico-
teologica a sociedade capitalista, Data de Defesa: 31-08-2000 45 O marxismo é a doutrina derivada das teorias desenvolvidas pelos filósofos alemães Karl Marx e
Friedrich Engels. Estes dois intelectuais reinterpretaram o idealismo dialéctico de Georg Wilhelm Friedrich Hegel como o materialismo dialéctico e propuseram a criação de uma sociedade sem classes. Aos movimentos políticos fundados na interpretação desta doutrina dá-se-lhes o nome de marxistas. fonte: Conceito de marxismo-O que é, Definição e Significado:http://conceito.de/marxismo#ixzz2UattD4d5
2) Libertação social para melhores condições de vida, uma mudança radical
nas estrutura, resultante da criação contínua de uma nova maneira de ser
e de uma revolução permanente.
3) Libertação pedagógica para uma consciência crítica através do que o
pedagogo brasileiro Paulo Freire chamou de “conscientização”, sendo o
cerne dessa conscientização o despertar da consciência das massas
miseráveis que vivem a cultura do silêncio, para se interarem da
dominação social, política e econômica que lhes é imposta.
Para os teólogos que defendem a teologia da libertação eles ensinam que a igreja
tem como propósito a pregação da libertação social dos oprimidos. Da mesma forma
que a salvação consiste na libertação da opressão e da injustiça, o pecado se resume
apenas em termos de desumanidade humana.
A teologia da libertação e a soteriologia
A salvação, dentro da cosmovisão libertária, se resume em “um processo que
abarca o homem e a história”, e o evangelho, em nossa época, deve ter uma
transcrição e aplicação política. O encontro com Deus é descrito como “o
compromisso com o processo histórico da humanidade”. Essa concepção de salvação
talvez corresponda à ideia judaica de messianismo na época de Cristo, mas pouco
tem a ver com o conceito tal como utilizado por Jesus e por Paulo. A
responsabilidade social é um dever do cristão, mas a salvação não se restringe a
essa responsabilidade: salvação significa perdão e cancelamento dos pecados
cometidos contra Deus (Hebreus 9.28, 1João 3.5). Nesse processo de teologia
libertária, a missão da igreja acaba por confundir-se com confrontamento político e
adesão e exposição de ideias sociais, mas a missão do cristão, segundo a Bíblia, é
proclamar que o filho de Deus ressuscitou e tem poder de perdoar pecados.46
Sua hermenêutica é rejeita que a Bíblia é revelação divina e parte do princípio de
que as questões sociais predominam sobre as espirituais, para eles Deus pode ser
conhecido por meio da história humana e não por meio da linguagem objetiva ou por
um sistema doutrinário.
46 Leonardo Gonçalves, Teologia da Libertação: Uma resposta teológica à crise econômica e social Latino-Americana 7 DE OUTUBRO DE 2009, fonte: teologiacontemporanea.wordpress.com
A teologia da libertação está fundamentada em uma
postura na qual a presente práxis histórica se transforma em
norma canônica para descobrir a vontade de Deus. Ao refletir
algo parecido com a ética situacional, a teologia da libertação
não pode escapar das mesmas acusações levantadas contra ela:
moralidade relativista e pragmática. Ela foge totalmente a
ortodoxia reformada, e não há nenhuma possibilidade de um
crente evangélico sustentá-la sem cair em contradição, isso
porque a “Sola Scriptura” não admite nenhum “somado a”, ou
“junto com”.47
Se você observar essa teologia você verá que embora tendo surgindo um pouco
antes do pós-modernismo (décadas de 60-70) ela reflete em muitos aspectos a ideologia
pós-modernista, como por exemplo, seu relativismo. Essa teologia é mais um sistema
político do que de fato uma teologia. Agora vamos partir para uma descendente dessa
teologia.
b. Missão integral
“A Teologia da Missão Integral é uma variante protestante da
Teologia da Libertação”. Ariovaldo Ramos
Uma Síntese Teológica da Missão Integral
A síntese a seguir foi feita por Luiz Felipe Havier e foi retirada do livro Missão
Integral. Esse livro é a coleção das palestras dos principais preletores do Congresso
Brasileiro de Evangelização II (CBE II), realizado em Belo Horizonte, no fim de 2003.
Especialmente, será focada a palestra de Ed René Kivitz. Aqui vamos conhecer um
pouco mais sobre o que os teólogos da missão integral ensinam.
A teologia da missão integral oferece uma lente através da qual se lê as
Escrituras em busca de referenciais para a presença do cristão e da comunidade cristã no
mundo: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo. 20:21).
1) A soteriologia da missão integral é o domínio de Deus, de direito e de fato,
sobre todo o universo criado, por meio daqueles que foram restaurados à imagem de
47 Gonçalves (web)
Jesus Cristo, o primogênito dentre muitos irmãos. A salvação é o reino de Deus em
plenitude, onde a vontade de Deus é realizada, concretizada em perfeição. A redenção
pessoal é apenas uma parcela do que o Novo Testamento chama de salvação: o novo
céu e a nova terra.
2) A eclesiologia da missão integral é o novo homem coletivo. Deus não está
salvando pessoas; está restaurando a raça humana. Estar em Cristo é não apenas ser
nova criatura, mas também, e principalmente, ser nova humanidade. Não mais ser
descendente de Adão, mas de Cristo, o novo homem – homem novo. O caos do
universo é fruto da rebeldia da raça humana em relação ao Deus Criador. A redenção do
universo – fazer convergir todas as coisas em Cristo – é resultado da reconciliação da
raça humana com Deus, pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo a
humanidade. No cristianismo, a salvação é pessoal, a peregrinação espiritual é
comunitária, e nada, absolutamente nada, é individual. A igreja é a unidade dos
redimidos que são transformados de glória em glória, pelo Espírito Santo, até que todos
cheguem juntos à estatura de varão perfeito.
3) A missiologia da missão integral é a sinalização histórica do reino de Deus,
que será consumado na eternidade. A igreja, corpo de Cristo, é o instrumento prioritário
pelo qual Cristo, o cabeça, exerce seu domínio sobre todas as coisas no céu, na terra e
debaixo da terra, não apenas neste século, mas também no vindouro. A missão da igreja
é manifestar aqui e agora, na maior densidade possível, o reino de Deus que será
consumado ali e além. O convite ao relacionamento pessoal com Deus é apenas uma
parcela da missão. A missão integral implica a ação para que Cristo seja Senhor sobre
tudo, todos, em todas as dimensões da existência humana.
4) A antropologia da missão integral é a unidade indivisível entre o “pó da terra”
e o “fôlego de vida” – as dimensões física e espiritual do ser humano (Gn.
2:7). “Corpo sem alma é defunto; alma sem corpo é fantasma”; “ Cristo não veio só a
alma do mal salvar, também o corpo ressuscitar”. A ação missiológica e pastoral da
igreja afeta a pessoa humana em todas as suas dimensões: bio-psico-sócioespiritual – a
pessoa inteira em seu contexto; o homem em suas circunstâncias.
5) O kerigma, a evangelização na missão integral é a proclamação de que Jesus
Cristo é o Senhor, seguida da convocação ao arrependimento e à fé, para acesso ao reino
de Deus. A oferta de perdão para os pecados pessoais é o início da peregrinação
espiritual, porta de entrada para o relacionamento de submissão radical a Jesus Cristo. A
partir disso, a pessoa humana e tudo quanto ela produz passam a servir aos interesses do
reino de Deus, existindo e funcionando em alinhamento ao caráter perfeito de Deus.
6) A proposta da missão integral como agenda ministerial para a igreja é mais do
que o mix evangelismo pessoal + assistência social – esta geralmente funcionando como
isca ou argumento evangelístico. O referencial da missão integral para a presença do
cristão e da comunidade cristã no mundo é mais do que a construção e multiplicação de
igrejas locais, para onde os cristãos se retiram do mundo e passam a exercer funções que
viabilizam a igreja, a instituição religiosa, como um fim em si mesmo. A convocação da
missão integral é para a rendição ao senhorio de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados
e para o recebimento do dom do Espírito Santo. A partir disso, passa-se a integrar um
corpo, o corpo de Cristo – ambiente para a experimentação coletiva dos benefícios da
cruz, responsável por transbordar tais benefícios ao mundo, como anúncio profético do
novo céu e da nova terra. O caminho missiológico e pastoral da missão integral é
afetivo, relacional, em detrimento de ser metodológico, operacional; é comunitário, em
detrimento de ser institucional; é devocional, em detrimento de ser gerencial.
7) A igreja é a comunidade da graça, comunidade terapêutica, agência de
transformação social, sinal histórico do reino de Deus, instrumentada pelo Espírito
Santo, enquanto serve incondicionalmente a Jesus Cristo, Rei dos reis, Senhor dos
senhores.
Entendendo melhor
Após ler a síntese acima, vamos tentar entender um pouco melhor essa teologia.
Por que o nome missão integral? De acordo com Renê Padilla missão integral é uma
missão que inclui tanto a evangelização com o serviço e a ação social.48 Se você já
conversou com um teólogo que defende essa teologia é bem provável que você já ouviu
a expressão: Desenvolver o ser humano como um todo. Isso porque essa sentença é a
suma da teologia da missão integral. A ideia é desenvolver o ser humano em todos os
aspectos.
Vamos agora avaliar mais alguns aspectos dessa teologia, a partir de citações de
um de seus principais defensores, Padilla:
1) Cada igreja, onde quer que esteja é chamada a participar da missão de Deus
– Missão que tem um alcance local, um alcance regional e também um alcance
48 C.Renê Padilla, O que é missão integral. Viçosa, MG, Ultimato, 2009. (p. 100)
mundial.49 Para ele a igreja que não está envolvida em missões nestes três aspecto nada
mais é que um clube social. E também ele prega que toda igreja deve estar envolvida em
missões, pois todos têm um sacerdócio, logo todos são missionários.
2) Todas as igrejas enviam e todas as igrejas recebem50 com isso ele está
afirmando que todas as igrejas têm algo a ensinar e algo a aprender umas com as outras,
com isso essa teologia cai na defesa do ecumenismo, para ele ser Cristão é ser cristão
ecumênico é comprometer-se com a construção de um mundo de justiça, paz e
integridade da criação.51 Só será possível alguém realizar missão integral se estiver
disposto a abraçara causa de transformar o mundo por meio do ecumenismo, ele ainda
ensina que o ecumenismo sem o cristão é um tipo de secularismo, porém o cristão sem o
ecumenismo é alguém que ensina uma falsa soteriologia.
3) “O mundo é um campo missionário e cada necessidade humana é uma
oportunidade de ação missionária.”52 Com isso essa teologia defende que cada cristão
e um missionário e a oportunidade de ação missionária está relacionada a ação social,
pois para essa teologia a ação social ou a diaconia como definida por muitos, é a forma
de se pregar a palavra, sendo assim essa teologia peca em considerar que a ação social
substitui a pregação do evangelho. Entendemos a importância da ação social, pois a “fé
sem obras é morta”, porém esta não substitui a pregação do evangelho e sim a
acompanha, o problema com a missão integral é que muitas vezes acham que a ação
social falará por si.
Em conclusão vimos que a missão integral tem esse nome por que visa
desenvolver o ser humano como um todo, logo o ser humano deve estar integralmente
envolvido com a obra missionária, com a ação social e com outros seres humanos sendo
este último impossível sem um ecumenismo. Embora a prática da fé seja importante, ou
melhor indispensável para a vida cristã, a mesma não supera a pregação da palavra,
assim como a fé sem obras é morta, as obras sem a pregação do evangelho são ações em
vão.
49 Idem (p. 18) 50 Idem (p.20) 51 Idem (p. 131) 52 Idem (p. 20)
Teologia Feminista
Esta capítulo será um pouco diferente, vocês concluirão sua prova com um
trabalho em grupo. Vocês deverão ler o texto a seguir, avaliar o feminismo e fazer
um trabalho em grupo. Todos os alunos devem participar, no fim vocês farão uma
apresentação oral com os seguintes pontos:
Breve histórico do feminismo
Explicar o que essa teologia defende
Buscar uma resposta Bíblica ao feminismo teológico
Por que não temos pastoras em nossas igrejas? O texto texto “I Timóteo 2:
9-15 à luz das Escrituras” do Pr. Daniel Gouvêa irá te auxiliar nesta questão.
O texto a seguir foi extraído do site: http://www.bibliapage.com/mulher1.html
ORIGENS DO FEMINISMO CRISTÃO
No fim do século passado, um grupo de mulheres cristãs norte-americanas,
lideradas por Elizabeth Cady Stanton, começaram a se reunir periodicamente para
estudar todas passagens bíblicas onde havia referência à mulher, a fim de relê-las e
interpretá-las à luz da nova consciência que a mulher tinha de si mesma. Nesses
encontros nasceu a Woman’s Bible, editada em duas partes, respectivamente em 1895 e
1898, uma obra que abalou o mundo protestante americano. A realização desse vasto
projeto de revisão e re-interpretação da Bíblia por parte de um grupo de mulheres é o
primeiro sinal marcante de uma nova consciência da mulher, que amadureceu também
no interior de comunidades cristãs. A idealização da Bíblia da Mulher foi considerado
como um fato tanto cultural como eclesial e como ponto de partida de um longo
processo, que levaria em torno dos anos sessenta — contemporaneamente ao emergir
das teologias da libertação — à elaboração do projeto de uma “teologia feminista”.
1.1 No campo católico
Fundou-se a “Aliança Internacional Joana D’Arc”, instituída na Grã-
Bretanha em 1911. Foi um dos primeiros movimentos no meio católico e propunha-
se a “assegurar a igualdade dos homens e das mulheres em todos os campos”. As
associadas da Aliança usavam como lema de reconhecimento a fórmula: “Pedi a Deus:
Ela vos ouvirá!” O uso polêmico do feminino “Ela” a propósito de Deus sublinhava
que Deus não é nem masculino nem feminino, mas está além das diferenciações sexuais,
relativizando assim, pelo menos no plano linguístico, o predomínio do gênero
masculino.
1.2 No campo protestante
Verificou-se outro momento importante no período de 1956 a 1965, quando as
principais correntes do protestantismo decidiram admitir as mulheres no pastorado, fato
que representou uma grande novidade eclesiológica nestas comunidades, com exceção
das igrejas livres do Estados Unidos que praticavam a ordenação de mulheres desde
1853.
A Teologia da Mulher
No contexto da vivaz proliferação das teologias do genitivo surgiu, nos anos
Cinqüenta, também uma “teologia da mulher”. No ano mariano de 1954, em que se
celebrava o centenário da definição do dogma da Imaculada Conceição (1954), um número
especial da revista L’Agneau d’Or propôs “o esboço de uma teologia da mulher”, tema que
foi retomado nos anos seguintes, por exemplo, na publicação da obra “Elements pour une
théologie de la femme” (Rondet) e em “Pour une théologie de la féminité” (Henry). A
teologia feminista é decididamente crítica com relação à “teologia da mulher” por
causa da sua unilateralidade e de seuandrocentrismo (pensamento centrado em sí própria ou
preocupada consigo mesma); com efeito, ela foi elaborada por teólogos (e, além do mais,
“clérigos”), que não elaboravam uma correspondente “teologia do homem “, ou “teologia da
masculinidade”, além disto, também por força de sua própria origem utilizavam acriticamente
representações e esquemas mentais derivados da dominante cultura patriarcal. Karl Barth, foi
mais correto, sob o perfil metodológico, quando dedicou uma seção da sua Kirchliche
Dogmatik (no vol. III/4, editado em 1951) a uma “antropologia dos sexos”, onde enfrentava o
tema antropológico de homem e da mulher, ainda que sua exposição, do ponto de vista do
conteúdo, não estivesse isenta de esquemas mentais derivados também da cultura patriarcal.
A Teologia Feminista
Se quisermos utilizar a categoria de “teologia do genitivo” para dar uma primeira
definição da teologia feminista, será preciso dizer que ela é, ao contrário da teologia da mulher,
uma teologia do genitivo subjetivo, isto é,uma teologia de mulheres é feita pelas
mulheres: “Pela primeira vez, concretamente, as mulheres se tornaram sujeito da
própria experiência de fé, da sua formulação e da relativa reflexão, e por isso,
sujeito do fazer teologia”, e, somente na dependência deste novo fato cultural e eclesial, a
teologia feminista é também uma teologia do genitivo objetivo: mulheres cristãs refletem
sobre sua experiência humana e cristã, e experimentam criticamente sua
experiência. Desse modo a teologia feminista introduz no círculo hermenêutico — o círculo que
liga a experiência do passado fixada nos textos da Bíblia e da tradição à experiência atual da
mulher — a outra metade da humanidade e da Igreja, enriquecendo a experiência de fé, a sua
formulação e as suas expressões. A teologia feminista é a teologia de mulheres cristãs
que tem a coragem de “fazer viagem rumo à liberdade”; ela não quer ser unilateral, mas
reagir com eficácia à unilateralidade da teologia dominante e prática eclesial, e se apresenta
como uma contribuição “à dimensão incompleta da teologia”, em vista de uma
autêntica “teologia da integralidade”.
O Neo-feminismo
A teologia feminista se constitui e se afirma num confronto crítico com as instâncias
do feminismo moderno. Na história do feminismo — que nasce semanticamente não só como
termo, mas também como movimento diversamente organizado na primeira metade do século
XIX, na França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e se difunde nos outros países do Ocidente — é
possível identificar dois estágios:
- o estágio dos movimentos pela emancipação da mulher (até o início dos
anos Sessenta), representavam as várias organizações feministas empenhadas nas
lutas pela igualdade dos direitos civis;
- e um estágio posterior ao primeiro (a partir dos anos Sessenta), em que o
feminismo, primeiro nos Estados Unidos e depois no resto da Europa, assumiu a forma de
movimentos de “libertação da mulher” (neo-feminismo), que impulsionaram as lutas da
teologia feminista, para além da Igualdade. A consciência da mulher experimenta uma
profunda transformação e, agora, percebe que lhe é atribuído um papel e um lugar, num mundo
que permanece mundo do homem; assim sendo, questiona este mundo masculino e os seus
modelos antropocêntricos e as suas estruturas patriarcais.
O neo-feminismo vai além da emancipação e da igualdade, que contudo continuam
sendo um pressuposto necessário de um vasto processo, que é ao mesmo tempo psicológico,
socioeconômico e cultural:
a) Ele comporta uma libertação fundamental e radical das mulheres, que reivindicam
a autonomia como seres humanos: trata-se, pois, de um processo (sócio) psicológico;
b) além disso, ele pressupõe uma lúcida análise dos fatores sociais e econômicos,
que estiveram em jogo na opressão das mulheres: trata-se também de um processo social e
econômico;
c) por fim, ele se revolta contra uma cultura unilateralmente masculina, asssumindo
assim também a forma de contra-cultura.
A teologia feminista é expressão de mulheres, ao mesmo tempo feministas e cristãs,
que compartilham com outras irmãs - num relacionamento ideal e militante que responde pelo
nome de irmandade. A nova consciência da mulher e a militância para a emancipação e a
libertação da mulher, está empenhada em suas comunidades a uma reflexão de fé. Trata-se,
então, de uma forma de “teologia contextualizada”, em que a reflexão teológica não acontece
de forma predominantemente acadêmica, mas surge depois, a partir de um determinado
contexto de compromisso e de militância. Segue-se que a teologia feminista não tem a
sistematicidade da teologia acadêmica; é uma teologia feita por fragmentos, e não uma
teologia sistemática e completa; é uma teologia mais narrativa do que argumentativa, na
medida em que não parte de conceitos abstratos, mas do relato participado e compartilhado na
escuta, de histórias de experiências, para chegar, a partir daí, à formulação da experiência de
Deus. Contudo, ainda que na fragmentariada, a teologia feminista alcançou tal grau de
elaboração que se constituiu num relevante fenômeno teológico.
A teologia feminista assume a mesma estrutura das teologias da libertação, que se
auto-compreendem como “segundo ato”. Uma autêntica teologia cristã é sempre “segundo ato”:
a inteligência teológica pressupõe a fé, uma experiência de fé, uma espiritualidade como
primeiro ato. “Uma teologia que não se situe no contexto de uma experiência de fé
corre o risco de converter-se numa espécie de metafísica religiosa, numa roda que
gira no ar sem mover o carro” (Gustavo Gutiérrez).
Por isso: a experiência de fé vem em primeiro ato e a teologia vem em segundo ato.
O ato primeiro é pressuposto de uma experiência de fé contextualizada por um compromisso
exigente (teologia contextualizada); da opção pelos pobres (na teologia latino-
americana de libertação), da luta contra o racismo da sociedade branca (na teologia negra
da libertação); é uma militância nas lutas de libertação (teologia militante); é uma práxis
(termo mais adequado do que prática ou ação) transformadora de torcidas relações de
dependência e de dominação. Também a teologia feminista se articula como “segundo
ato”, como reflexão que pressupõe como “primeiro ato” um compromisso e uma
militância nos movimentos de emancipação e de libertação da mulher. É uma teologia
que opera numa constante correlação de ação e reflexão. Letty Russel fala de “teologia da
libertação em perspectiva feminista”; Elisabeth Schtissler Florenza apresenta a teologia feminista
como “teologia crítica de libertação” para sublinhar, ao mesmo tempo, a função teórica de
crítica frente à cultura e à práxis dominante na Igreja e na sociedade, mas também, frente à
própria teologia, e conjuntamente o empenho prático, a militância nos movimentos de libertação
da mulher.
A teologia feminista não é, pois, uma nova versão, revista e corrigida, da
teologia da mulher, porque tem sua origem numa situação cultural e eclesial
diferente e trabalha com uma metodologia baseada numa nova relação entre teoria
e prática. Também não se pode falar de uma “teologia feminina”, expressão que aliás
não é usada, e que, se fosse usada, serviria apenas para perpetuar estereótipos, que a teologia
feminista procura pelo contrário demolir: uma “teologia feminina” exigiria como contrapartida a
elaboração de uma “teologia masculina”, ao passo que a teologia feminista se auto-
compreende como uma contribuição crítica para uma “teologia da
integralidade”. Algumas teólogas e teólogos católicos falam também de uma “teologia ao
feminino”, entendendo com esta expressão uma reflexão teológica elaborada por parte de
mulheres e/ou a partir de mulheres, na medida em que levanta o tema da “questão feminina”:
trata-se de uma abordagem ainda ligada à abordagem da teologia da mulher, e à qual falta o
caráter da militância como “primeiro ato”, que é um dos elementos básicos da teologia da
libertação em geral, e da teologia feminista em especial.
O termo teologia feminista é comparável, semanticamente, àquele da teologia negra:
como a “teologia negra” é uma teologia da libertação dos negros, assim a teologia
feminista é uma teologia da libertação das mulheres, uma reflexão elaborada e praticada
por mulheres que militam no movimento de libertação da mulher, e, como tal, se inscreve no
vasto e variado espaço das teologias da libertação.
4. PERSPECTIVAS E CORRENTES DA TEOLOGIA FEMINISTA
A teologia feminista não é um bloco unitário: nela é possível identificar uma diversidade
de perspectivas e uma variedade de correntes, indicamos apenas três:
4.1 A primeira corrente
Situa-se explicitamente no interior da tradição biblico-cristã e das suas instituições e
busca exercitar uma função profética frente à sociedade, mas também e sobretudo frente à
Igreja. É a corrente básica da teologia feminista, que realiza plenamente a caracterização geral,
que foi dada acima, e as caracterizações temáticas que serão dadas a seguir. Ela compreende,
para citar os nomes e as obras mais importantes: nos Estados Unidos, Letty Russell, Rosemary
Radford Ruether, Phyllis Tribel, Elizabeth Schussier Florenza, Nelle Morton, Anne Carr; e na
Europa, Karl Elizabeth Borresen, Catharina Helkes, Elisabeth Moltmann-Wendel e Marga Buhrig.
4.2 A segunda corrente
Compreende mulheres, que não se situam mais na corrente da tradição bíblico-cristã,
mas se movem num espaço aberto, pós-cristão, em busca de novos caminhos para fazer a
experiência de transcendência. Enquanto na primeira corrente o discurso permanece um
discurso cristão, na segunda corrente ainda se faz um discurso religioso, que não é
mais, pelo menos prevalentemente, cristão. Aqui se colocam Mary Daly, a partir
de Beyond God the Father (1973) e Peggy Ann Way, que teorizou “a autoridade da
possibilidade”: “Estou contente por não encontrar mais nenhuma segurança na Bíblia, na
história, nos mitos e nas estruturas. Estou contente com o meu modo atual de compreender,
que fundamenta a autoridade do meu ofício nas possibilidades do futuro e numa fé na qual eu
experimento tão profundamente que nenhuma criatura poderá separar-me do amor de Deus,
que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8:39), nem a Bíblia nem a história nem os mitos
nem as estruturas ou a consciência masculina... Uma parte da autoridade do meu ofício está na
possibilidade de libertar a Deus do abuso, que o liga a uma hermenêutica masculina, à história
ou à estrutura gramatical”.
Quando a mulher decide abandonar o espaço da sociedade sexista e da Igreja
patriarcal, ela experimenta uma vida nova, entra num espaço novo. Neste caminho as mulheres
se unem numa liga, que Daly define como “Irmandade”, entendida geralmente como “o estar-
junto” das mulheres num caminho de libertação. A irmandade é, antes de tudo, a “comunidade
do êxodo” do espaço sexista, e por isso é uma liga “anti-mundo” , enquanto comporta o êxodo
do velho mundo sexista; e, também, uma liga “anti-igreja”, enquanto comporta o abandono da
Igreja, que é “a tumba das mulheres”. Mas a irmandade não é apenas, em sentido negativo, a
comunidade de expatriadas e de exiladas espirituais; é também, de forma positiva, rede
noosférica da libertação, comunidade da comunicação, aliança cósmica, enquanto exprime a
chegada das mulheres a uma nova harmonia com o ser, com o próprio Eu, com o universo e
com Deus como fonte energética do ser e da vida.
A HERMENÊUTICA BÍBLICA FEMINISTA
A hermenêutica bíblica feminista comporta um trabalho múltiplo, que exige se dê atenção:
a) aos textos patriarcais, onde o influxo patriarcal chega até ao conteúdo das afirmações
teológicas; a própria teologia do matrimônio em Ef 5,21-23 ´´e expressa em termos de
subordinação da mulher ao homem;
b) à interpretação patriarcal dos textos dada pela tradição eclesiástica;
c) à história da transmissão do texto e das suas traduções; é sabido — para dar apenas um
exemplo — que em Rm 16,7 Paulo saúda como “apóstolos” Andronico e Júnias; mas, a partir do
século XIV edições e traduções grafaram Júnios em vez de Júnias, porque não viam como o
Novo Testamento podia dar a uma mulher o nome de apóstolos.
1. Pragmatismo
Neste tópico vamos iniciar com a definição de Champlin para pragmatismo:
O termo Pragmatismo deriva-se do termo grego prâgma=coisa, fato,
matéria... Sua forma verbal é Prassein= realizar. O pragmatismo ensina que
pensamentos, ideias e ações só têm valor em termos de consequências
práticas. Dentro desse sistema filosófico, não há nenhum conjunto fixo teórico
de valores. Antes, todos os valores são testados quanto às suas consequências
práticas. As ideias devem ter valor monetário. Qualquer ideia é considerada
inútil, a menos que tenha o poder de atuar sobre as coisas ou de modificá-las.
Aquilo que é prático. Provê o seu próprio valor; mas, se for deixado como uma
teoria, será meramente uma curiosidade. A verdade não é fixa e nem imutável.
Pelo contrário, a verdade é determinada por aquilo que é prático e funcional.
As consequências práticas são o teste da veracidade de qualquer ideia.
Usualmente, o pragmatismo é relativista. A minha verdade não é,
necessariamente, a verdade de outrem; o Que funciona no meu caso, não é o
que menciona, necessariamente, no caso de outrem. O pragmatismo, pois, é
utilitarista.
O pragmatismo, como um sistema filosófico, tem sido uma contribuição
norte-americana para a filosofia, o que ocorreu nos fins do século XIX e no
século XX. Mas, conforme disse William James, um dos principais expositores
desse sistema: (O pragmatismo) é um novo nome para certas maneiras antigas
de pensar. Essa palavra tomou-se urna espécie de termo generalizado para
referir-se a várias teorias sobre significação, verdade, conhecimento, método.
intelectual e ética. Comum a todas essas teorias é a ênfase sobre o caráter
evolutivo e mutável da. Realidade, a incerteza do conhecimento teórico e a
relevância do conhecimento em situações práticas, a necessidade de submeter
a teste ideias e atos, mediante aquilo que eles produzem, a natureza
instrumental das ideias. Os homens agem a fim de encontrar soluções para
situações problemáticas e as soluções assim encontradas podem ser chamadas
de verdade: mas nenhuma chamada verdade é algo rígido e eterno. Os
filósofos pragmáticos minimizam a distinção entre o pensamento e a prática. O
próprio ato de pensar é um modo de realizar, e pensar bem é realizar bem".53
Se observarmos detalhadamente a história da igreja vamos ver que as teologias
que surgiam sempre refletiam de alguma forma a visão cultural de sua época, e nos pós
modernismo não é diferente, a primeira teologia contemporânea que vamos estudar é o
pragmatismo. Que nada mais é a tolerância a tudo e a todos do pós-modernismo
refletida na teologia. Infelizmente os teólogos pós-modernos estão dispostos a abraçar
tudo o que lhes é apresentado em nome da tolerância. O pós-modernismo prega
tolerância e o pragmatismo a abraça.
Como exposto por Champlin o pragmatismo atual revive do empirismo, e vai
mais além sendo uma expressão liberal da teologia.
A ideia central do pragmatismo é que se algo funciona, deve ser trazido para a
igreja, com o fim de atrair pessoas, e isso é feito ignorando princípios bíblicos sobre
adoração, prática e métodos evangelísticos. ele abandonam os princípios bíblicos para
abraçar a pratica.
53 CHAMPLIN, Russell Norman: Encicolpédia de Bíblia, teologia e filosofia. Volume 5. Editora hagnos
A cabana
Um reflexo da teologia pós moderna
Um livro que é um best seller e que é muito
lido no meio evangélico e difunde essas ideias é o
famoso: A cabana de William P. Young54.
Neste livro Jesus é um homem estilo
jardineiro usando um macacão, Deus é uma senhora
afro descendente, e o Espírito Santo é uma asiática. O autor embora afirme não tratar de
questões teológicas no seu livro, ele indubitavelmente entre em questões teológicas,
como uma pessoa tenta escrever um livro sobre Deus que não seja teológico, Teologia
não é o estudo de Deus?
O autor tenta pintar um quadro de que Deus não é aquele ser tão superior como
pensamos, ele é tão amigo que para nos relacionarmos com ele precisamos quebrar
esses dogmas de reverencia e formalidade, Em um determinado momento do livro Deus
pai entra na casa dançando funk americano (um absurdo!). O autor falha ao criar uma
imagem para cada pessoa da trindade, e mais em um dado momento Deus pai (ou
melhor dizendo uma mulher) lhe mostra suas cicatrizes da cruz, isso torna tudo muito
confuso e dá abertura a crença de que ambas as pessoas da trindade sofreram na cruz.
Ele também se mostra universalista, em dados momentos ele passa a ideia de que não
haverá sofrimento eterno e ele tenta passar a ideia de que Deus é muito bom, ignorando
os princípios da justiça de Deus, e acaba por deixar subentendido que no fim todos
serão de alguma forma salvos.
Muitos crentes estão lendo este livro e o considerando uma benção, já vi vários
cristão afirmando que é uma das maiores obras cristãs que já leram, por que será que
este livro é tão aceito?
A resposta é simples, refletindo o pensamento pós-moderno o autor está
interessado em quebrar paradigmas fundamentados na Bíblia e inserir uma visão
deturpada de Deus, que visa alisar o ego das pessoas que leem o livro, passando a ideia
de que você pode continuar como está Deus é bom e vai salvar você mesmo assim, é
isso o que o pós-modernismo defende, continue do jeito que você está, pois a verdade é
relativa. Infelizmente muitos crentes estão sendo enredados por essa obra que sutilmente
54 Esse autor também é adepto do universalismo cristão, crença de que independente do que a pessoa faça no fim todos serão salvos.
Leitura exigida: A Cabana -
Abrigo para a Alma ou
Barraco Teológico? por Dr.
Carlos Osvaldo Cardoso Pinto
fere os princípios Bíblicos. Agora Faça a Leitura exigida: A Cabana - Abrigo para a
Alma ou Barraco Teológico? E responda as questões proposta a seguir:
Exercício
Após ler os textos que falam sobre a cabana anote os erros
doutrinários que você viu nesta obra:
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Quais são os princípios Bíblicos que esses erros ferem?
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A Igreja emergente
DEFINIÇÃO
Por ser um movimento característico da pós-modernidade,
a igreja emergente é difícil de ser definida e alguns autores até
mesmo hesitam em dizer que ela pode ser caracterizada como um
movimento.
Os próprios envolvidos preferem se caracterizar como
uma “conversação” emergente. Há que se lembrar que o pós-
modernismo é caracterizado pela negação da possibilidade de
qualquer metanarrativa abrangente. No ambiente pós-moderno o
pluralismo relativista domina o cenário das ideias, negando a
possibilidade de um único caminho, a possibilidade de regras
fixas. As características de fluidez, imprecisão e falta de um
padrão que possa abranger todas as comunidades que se
reconhecem como emergentes tornam a tarefa da definição ainda
mais difícil. Por outro lado, é impossível deixar de observar que
um número cada vez maior de comunidades com origens dentro
do cristianismo chamam a si mesmas de emergentes. Seguindo a
tese de Carson – “sempre que surge um movimento cristão que se
apresenta como reformista ele não deve ser sumariamente
descartado”, faz-se necessário um esforço na busca de
compreender o que caracteriza de fato esses movimentos
emergentes.
Teologia da properidade
Apêndice 1
Gráficos da cronológica da história do Cristianismo
Estes gráficos foram extraídos da Bíblia Ilúmina e inseridos nesta apostila com a função
de auxiliar os alunos a se situarem melhor historicamente, neles encontramos alguns dos
teólogos e acontecimentos mais importantes da história do cristianismo, ele
complementa a parte 2 de nossa apostila os: Precedentes históricos da teologia
contemporânea. Estes gráficos são complementos para que você possa se situar em que
ponto da história você está ao estudar determinado teólogo ou acontecimento
relacionado ao cristianismo.
Eles servem como complemento para traçarmos uma linha cronológica até a
teologia contemporânea, assim passamos pelas teologias que surgiram ao longo da
história que deram origem a mesma.
Do ano 100 ao 312
Apêndice 2
Apêndice extraído a apostila de teologia contemporânea do
instituto metodista isabela Hendrix
Neo-ortodoxia de Barth, A Palavra de Deus e a Bíblia
Aqui, uma pergunta se faz necessária: Qual a fonte da teologia cristã para
Barth? Para Barth, a única fonte de teologia cristã é a Palavra de Deus.
Entretanto, essa Palavra consiste em três formas ou modos:
1) Jesus Cristo e toda a história dos atos de Deus que levaram até a
vida de Jesus e estão relacionados a ela, bem como a sua morte e
ressurreição. Essa é a própria revelação, o evangelho em si;
2) As Escrituras, a testemunha privilegiada de toda a revelação divina;
3) A proclamação do evangelho através da igreja.
Obs. As duas últimas formas são Palavra de Deus apenas num sentido
instrumental, pois tornam-se Palavra de Deus quando Deus as utiliza para
revelar Jesus Cristo.
Conseqüentemente, a Bíblia não é a Palavra de Deus numa forma
estática. A Palavra de Deus tem sempre um caráter de acontecimento; de certa
maneira é o próprio Deus revelando o seu agir. A Bíblia torna-se Palavra de
Deus em um acontecimento: “A Bíblia é a Palavra de Deus à medida que Deus
faz com que ela seja sua Palavra, à medida que Ele fala através dela” (Karl
Barth, Church Dogmatics I/1, 109).
Críticas e controvérsias:
a) de um lado, os liberais o acusavam de elevar a Bíblia a uma
posição especial que quase a igualava à doutrina tradicional da
inspiração verbal, removendo-a, desta forma, de uma perspectiva
histórico-crítica;
b) Do outro, os conservadores atacavam a forma como Barth
subordinava as Escrituras a uma revelação indeterminada e como
negava explicitamente a sua infalibilidade, sendo que alguns chegaram a
rotular sua teologia de “novo modernismo”.
Nenhuma destas críticas tocaram o cerne da questão.
a) por um lado, Barth, de fato, negava a posição dada às
Escrituras pela ortodoxia clássica. Ele fazia distinção entre Bíblia e
Palavra de Deus, afirmando que, “aquilo que temos na Bíblia é, de
qualquer maneira, uma série de tentativas humanas de se repitir e
reproduzir essa Palavra de Deus em palavras e pensamentos humanos
e em situações humanas específicas” (Karl Barth, Church Dogmatics I/1,
113).
b) Por outro lado, Barth advertia seriamente contra o perigo de se
concluir que a inspiração divina das Escrituras – sua posição especial
como testemunha privilegiada de Jesus Cristo – é meramente um
julgamento humano. Ele afirmava que sua inspiração não é uma questão
de quanto valor se dá a elas ou como se sente em relação a elas.
Inspiração
Não é a fé que faz da Bíblia a Palavra de Deus. Mas não há melhor maneira de
proteger a objetividade da verdade de que ela é a Palavra de Deus do que
insistindo que ela exige e ao mesmo tempo fundamenta a fé. Se isso é vero,
pudesse compreender a inspiração da Bíblia como uma decisão divina que é
tomada continuamente na vida da igreja e de seus membros.
Autoridade Bíblica
Para Barth, a Bíblia é a Palavra de Deus, pois sempre de novo, independente
de qualquer decisão ou iniciativa humana, Deus a usa para realizar o milagre
da fé em Jesus. A atitude apropriada da igreja em relação às Escrituras deve
ser de obediência e submissão, pois a única autoridade acima delas é o próprio
Cristo. Além disso, a Bíblia tem autoridade sobre a igreja pois “é um registro –
aliás, historicamente é o mais antigo registro contínuo – da origem e, portanto,
das bases e da natureza da Igreja (...) Assim, as Sagradas Escrituras têm
sempre uma autoridade única e singular sobre a Igreja” (Karl Barth, Church
Dogmatics I/2, 540).
Logo, fica evidênte que Barth tinha a mais alta consideração pela Bíblia,
colocando-a sobre todas as autoridades humanas e, ao mesmo tempo,
subordinando-a a Jesus. Na Dogmática da Igreja ele a tratou como se fosse
verbalmente inspirada e doutrinariamente infalível. Ele nunca apelou para outra
autoridade além das Escrituras ou superior a elas. Muito pelo contrário, ele
afirmou que, sob Cristo e em completo acordo com ele, é essencial para a fé
cristã considerar que: “No fim, o que conta é saber se determinado dogma
encontra-se nas Escrituras” (Karl Barth, Church Dogmatics I/1, 287).
Bibliografia:
Bíblia Almeida. ARA, SBB.
Costa, Hermisten M.P. 1956- Raízes da teologia contemporânea. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2004 (p.15)
McGrath, Alister e.,1953- Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: uma
introdução a teologia cristã—São Paulo: Shedd Publicações, 2005.
Boyer, Orlando 1983- Pequena Enciclopédia Bíblica—São Paulo: Editora Vida
2006.
Cairns, Earle E. O Cristianismo através dos séculos: Uma história da igreja
cristã—2ª Ed—São Paulo: Vida Nova, 1995.
MacArthur, John- A Guerra pela Verdade—São Paulo, Ed. Fiel, 2008
CHAMPLIN, Russell Norman: Encicolpédia de Bíblia, teologia e filosofia. Editora
hagnos (diversos volumes)
Sites:
http://www.pulpitocristao.com/2009/10/teologia-contemporanea-uma-analise-do-
pensamento-teologico-do-seculo-xx/
http://teologia-contemporanea.blogspot.com.br/
http://teologiacontemporanea.wordpress.com/
http://teologiahoje.blog.com/category/teologos-contemporaneos/
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http://www.monergismo.com
Videos
O documentário da BBC History of the world por Andrew Marrs
http://www.youtube.com/watch?v=L1pFCPA1Kzg&list=PL4F4A47990B14F76
0&index=5 (A reforma protestante Parte 1)
http://www.youtube.com/watch?v=nTGJCeD6i_c&list=PL4F4A47990B14F760
&index=6 (A reforma protestante Parte 2)
https://www.youtube.com/watch?v=SUEX48MB6nE (Devocional com o Pastor
Maurício Abreu sobre teologias conteporâneas, realizada no dia 20/09/2011 no
Seminário Teológico Batista Nacional Enéas Tognini.)
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