APOSTILA -...

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INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA APOSTILA GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA MINAS GERAIS

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  • INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA

    APOSTILA

    GESTO DA INOVAO TECNOLGICA

    MINAS GERAIS

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    CONCEITO DE CINCIA

    A ideia de cincia a que talvez ns estejamos mais acostumados diz respeito a certa

    viso tradicional constantemente encontrada na mdia no especializada ou em

    declaraes pblicas de autoridades em respeito s supostas virtudes da cincia. Quem

    nunca assistiu a filmes descrevendo o trabalho de frios cientistas de jaleco branco isolados

    em seu laboratrio que numa atitude neutra, desenvolvem pesquisas que podem mudar o

    destino da humanidade para sempre, com a mais absoluta imparcialidade cientfica? Tal

    esteretipo tem l sua razo de ser, pois a viso tradicional de cincia, envolve um nmero

    de premissas que tendem a ser aceitas sem maiores questionamentos. Por exemplo h a

    ideia de que objetos no mundo natural so objetivos e reais e tem uma existncia

    independente da dos seres humanos. A ao humana basicamente incidental ao carter

    objetivo do mundo externo. Consequentemente, o conhecimento cientfico determinado

    pelas caractersticas estruturais do mundo fsico. Assim, fazer cincia significa trabalhar

    com uma srie de mtodos e procedimentos sobre os quais h consenso geral.

    Considerando tudo isso, pode-se ento afirmar que a cincia uma atividade individualista

    e cognitiva1 (Woolgar, 1996).

    Tal definio de cincia comeou a ser construda no sculo 17, quando da

    inveno das cincias naturais. No entanto o seu uso como paradigma de toda e qualquer

    investigao cientfica deu-se no sculo 19, quando o filsofo francs August Comte criou

    1 Ato de adquirir um conhecimento

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    o termo positivismo 2 para nomear uma doutrina geral de acordo com a qual todo

    conhecimento genuno baseado na experincia sensvel e somente pode ser avanado

    por meio da experimentao e da observao sistemtica. Atualmente o termo positivismo

    aplicado s cincias sociais com a inteno de identificar o cientista social como um

    observador da realidade social. Assim, o produto da investigao do cientista social pode

    ser formulado de modo anlogo ao das cincias naturais, isto , em leis ou generalizaes

    do mesmo tipo das estabelecidas em relao aos fenmenos naturais.

    Scientiae

    Scientiae era simplesmente o termo latino para conhecimento. O termo cientista

    teve uma de suas primeiras aparies por volta de 1840 num discurso de William Whewell

    cuja inteno era a de diferenciar os filsofos naturais dos outros filsofos. A ideia de

    cincia que surgiu no sculo 17 e perdura at hoje oriunda de algumas instituies

    filosficas medievais e de certas atividades religiosas. Por exemplo, em 1663 foi fundada

    na Inglaterra por ordem real, a sociedade real para aprimoramento por experimento do

    conhecimento natural. A cincia moderna foi influenciada tambm por filsofos como

    Francis Bacon, cuja nfase na lei positiva da natureza deslocava preocupaes dos

    princpios dedutivos escolsticos da lgica, da matemtica e da observao simples para a

    colaborao sistemtica da especulao, articulao e experimentao. Muitas pessoas

    2 Sistema criado por Augusto Comte que se baseia nos fatos e na experincia, e que deriva do conjunto das cincias

    positivas, repelindo a metafsica e o sobrenatural. Obs: Metafsica - Cincia do supra-sensvel. Parte da Filosofia que

    estuda a essncia dos seres. Inventrio sistemtico de todos os conhecimentos provenientes da razo pura. Conhecimento

    geral e abstrato.

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    que lidam com cincia acreditam que somente atividades que se enquadrem no conceito

    acima podem ser consideradas cientificas.

    Essa viso de cincia derivada das cincias naturais modificou-se ao longo do

    tempo. Por exemplo, durante muito tempo houve a ideia de que uma tese s era cientfica

    se fosse baseada em fatos ao invs de opinies. Isso foi depois substitudo pela ideia de

    que uma tese para ser cientfica tinha de ser provvel. Tal critrio por sua vez foi

    derrubado pelo princpio da falsificao, do filsofo Karl Popper (1934). No livro a lgica

    da descoberta cientfica Popper afirma que uma tese s cientfica se for falsificvel. Por

    exemplo, a teoria da relatividade de Einstein baseava-se, entre outras coisas, na ideia de

    que corpos slidos defletem a luz. Tal proposio era altamente improvvel, na perspectiva

    da fsica Newtoniana, ainda ento dominante. Se fosse falsa, a proposio colocaria a

    perder (falsificaria) a teoria inteira. Seguindo esse raciocnio, a psicanlise, por exemplo

    no pode ser considerada uma teoria cientfica, j que no falsificvel. No h como

    provar a existncia do inconsciente. A capacidade da teoria freudiana de acomodar e

    explicar todo o comportamento humano era vista por Popper como o aspecto mais fraco do

    trabalho de Freud, j que a levava a uma falta de condio de previsibilidade. Assim,

    teorias psicanalticas No so precisas o suficiente para que tenham implicaes

    negativas, ficando ento imunizadas contra a falsificao experimental.

    Considerando tal noo de cincia como verdadeira, somos levados a concluir que a

    atividade do verdadeiro cientista aquele do jaleco branco em seu laboratrio

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    altamente organizada dentro dos princpios cientficos para descobrir a verdade. Mais do

    que isso, acreditamos tambm que o conhecimento cientfico desenvolve-se atravs de

    uma linha sucessiva de descobertas que vo se acumulando. Infelizmente tal prtica limpa

    parece estar longe de qualquer verdade positivista ou no. Para verificar se a atividade

    cientfica dos cientistas linha-dura era realmente cientfica nos termos deles, cientistas

    sociais conduziram uma boa quantidade de estudos etnogrficos 3 envolvendo longos

    perodos de intensiva e sustentada observao participante de atividades laboratoriais

    dirias (e.g. Knorr Cetina, 1981; Lynch, 1985; Latour & Woolgar, 1986; Traweek, 1988).

    Primeiro foi verificado que as atividades cientficas dos cientistas de laboratrio se davam

    em meio a extrema desordem e baguna. Segundo, ao contrrio do que se supunha,

    cientistas tinham, na prtica, poucas oportunidades de refletir sobre a verdade de um

    dado resultado. Ao invs disso, eles demonstravam uma atitude bastante pragmtica:

    ficavam excitados com a publicao de resultados no porque estes revelavam a

    verdade, mas por deixarem aberta a possibilidade de se estruturar um prximo e talvez

    decisivo experimento. Terceiro, decises sobre que tipo de experimento realizar, tipos de

    instrumentos a usar, e sobre as interpretaes mais apropriadas eram altamente

    dependentes das condies locais, circunstncias e oportunidades.

    Pode-se concluir ento que a atividade cientfica parece ser melhor classificada

    como construtiva do que como descritiva. Como diz Woogar (1988), cientistas no se

    3 Etnografia: Ramo da Antropologia que trata historicamente da origem e filiao de raas e culturas; antropologia

    descritiva. Obs: Antropologia - Conjunto de estudos sobre o homem, como ser animal, social e moral.

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    engajam meramente na descrio passiva de fatos pr-existentes sobre o mundo. Ao

    contrrio, se preocupam com uma formulao ativa e com uma construo do carter do

    mundo. Nas suas atividades dirias, cientistas constroem rascunhos, memorandos, e-

    mails, cartas, artigos, grficos, figuras, etc. Uma quantidade de avaliaes e decises

    laboratoriais so implcitas no chamado material bsico do laboratrio. Metais usados em

    experimentos, por exemplo, so escolhidos entre uma variedade de fontes, animais usados

    em testes so cuidadosamente criados e alimentados, e a gua usada em experimentos

    purificada de acordo com procedimentos pr-estabelecidos. Os instrumentos e objetos

    usados em laboratrios tambm so considerados neutros por serem meramente usados

    ou aplicados aos materiais ou organismos que fazem parte da pesquisa. Ocorre que

    mesmo a utilizao de meras mquinas, envolve humanos, e consequentemente, depende

    de processos interpretativos. Muitos aparelhos usados em laboratrios so desenhados de

    acordo com princpios estabelecidos a partir de investigaes anteriores. Por exemplo o

    espectrmetro4 de ressonncia nuclear magntica no uma caixa preta neutra, mas o

    resultado de vinte anos de pesquisa em fsica. Ao usar tal aparelho, cientistas invocam

    uma atitude neutra que na verdade derivada e formatada em consequncia de uma

    grande quantidade de selees, intervenes e decises empreendidas por comunidades

    anteriores de cientistas. Portanto a prtica cientfica parece ser muito mais criativa e

    construtiva do que tem sido veiculado por verses objetivistas da cincia.

    4 Instrumento usado na determinao do ndice de refrao, medindo-se o ngulo externo de um prisma de uma

    substncia e tambm o seu ngulo de desvio mnimo para luz de uma espcie dada.

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    Outra ideia de cincia

    H uma outra ideia sobre cincia que inclusive mais velha do que a que foi

    apresentada anteriormente. Esta ao invs de relacion-la com a metodologia de pesquisa

    tendo a experimentao ao centro, a define como uma abordagem sistemtica. Trata-se da

    cincia dos significados ou hermenutica. Uma cincia hermenutica estabelece uma

    diferena entre explicao e interpretao, entre verdade e significado. Uma pessoa pode

    no descobrir a verdade sobre a prpria vida, mas pode estruturar o seu significado. O

    cientista que adota este paradigma no busca a verdade l fora, tal como o cientista

    natural. Tal verdade se faz presente atravs da criao de alguma coisa como dados de

    pesquisa. Freud por exemplo faz isso tratando sonhos e outros pedaos de evidncia

    como dados e ento vai alm das aparncias para encontrar a verdade ou significado.

    Nesse caso, porque h um processo de criao do objeto de estudo, o mundo

    interpretado de alguma forma antes que seja estudado. Assim, o pesquisador assume sua

    ontologia. Portanto o mtodo hermenutico5 envolve avaliao, que por sua vez pode ter

    uma relao reflexiva com a vida do pesquisador, podendo influenciar o seu

    redirecionamento.

    Uma abordagem cientfica que favorece a hermenutica o construcionismo social.

    Construcionistas sociais enfatizam que processos de avaliao esto presentes em toda a

    5 Arte de interpretar o sentido das palavras, das leis, dos textos etc. Interpretao dos textos sagrados e dos que tm valor

    histrico.

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    prtica cientfica tanto em cincia natural, quanto em cincia social, pois em ambas as

    crenas e valores pessoais do cientista assim como as ideologias da sua cultura

    influenciam as descobertas. Assim, no h cientista, mas um eu cientfico, construdo, tal

    como outros Deus, dos materiais disponveis nos processos que prevalecem.

    A cincia uma atividade social com um papel na histria da nossa cultura, e uma

    prtica com dimenses polticas. Por enfatizar mtodo, razo e apelo evidncia, a cincia

    se estabeleceu como autoridade superior experincia subjetiva e aos pronunciamentos

    religiosos. Toda atividade cientfica comea como um empreendimento hermenutico

    estruturado em significados. Mesmo a mais experimental das perspectivas assume um

    significado implcito, j que tem de determinar o que interessa, quais ideias ou problemas

    valem a pena ser investigados. A linguagem cientfica tem sido dominada por uma

    separao entre evidncia e teoria e tem confiado na distino entre a descrio dos

    eventos ou observaes e os pronunciamentos que os explicam. A epistemologia da

    cincia demanda que haja padres ou regularidades e uma ordem subjacente a ser

    descoberta.

    A ordenao usual atravs de teorias onde leis so teoremas num sistema

    dedutivo e os padres da natureza so revelados por experimentos que testam essa

    ordem terica. Sem tal estruturao no haveria sentido em fazer cincia. Na verdade o

    status dessa ordenao e como ela surge que constantemente disputado.

    Historicamente, o debate comeou com a tese de Francis Bacon de que teorias devem

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    derivar de uma crena na verdade da natureza. Seu empirismo desafiava uma prtica

    acadmica baseada no conhecimento dedutivo aristotlico e acabou se tornando uma

    viso amplamente aceita de que induo e descobertas empricas deviam ser a base

    suprema do raciocnio cientfico. Aps Bacon, os debates se concentraram na realidade

    das teorias e fatos com empricos e racionalistas divergindo sobre papel da evidncia e o

    status da teoria na criao da ordem explicativa. O emprico Hume insistia que todo o

    ordenamento terico estruturado na experincia, que a base do conhecimento. J

    Descartes enfatizava o papel da razo na gerao do conhecimento indicando que o

    conceito de causalidade necessrio para a organizao da experincia em teoria e

    evidncia. Kant resumiu o debate entre racionalismo e empirismo ao declarar que ns

    vemos causas no mundo dos fenmenos, mas elas existem somente na realidade

    psicolgica devido ao nosso maquinrio cognitivo inato (argumento transcendental). Assim

    a noo de causa uma construo da mente humana.

    Os construcionistas vo alm do argumento Kantiano em seu ceticismo6 sobre a

    realidade das teorias e entidades ao sugerir que a ordem terica no encontrada na

    natureza, mas lida nela. Os significados dos padres observados dependem da

    interpretao humana e no das sombras da aparncia. Alm disso, nossa leitura da

    natureza limitada no por causa dos sentidos humanos, mas porque os processos de

    construo do conhecimento e a natureza fundamentalmente social da mente humana so

    6 Doutrina filosfica dos que duvidam de tudo e afirmam no existir a verdade, que, se existisse, seria o homem incapaz

    de conhec-la. Estado de quem duvida de tudo; pirronismo.

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    objeto de convenes lingusticas e sociais. O importante aqui no somente o que teorias

    referenciam ou representam, mas tambm como elas so elaboradas. Os atos de

    perceber, observar e raciocinar so situados na prtica social. Ns estamos sempre dentro

    de uma linguagem e de uma sociedade. A razo e a experincia so dimenses de como

    ns organizamos e fazemos o conhecimento. Em resumo, ns enxergamos atravs das

    lentes embaadas das nossas representaes culturais.

    Representao e objetos

    O realismo epistemolgico7 encontrado em verses tradicionais da cincia assume

    que o mundo pode ser imaginado numa relao direta entre representao e objeto. A

    ideia de representao um conjunto de crenas e prticas de acordo com as quais vrias

    entidades (significados, causas, motivos, intenes, fatos, objetos, etc.) existem a priori em

    relao s suas representaes superficiais (documentos, aparncias, signos, imagens,

    aes, comportamento, linguagem, conhecimento, etc.). Construcionistas sociais negam tal

    percepo da realidade por a entenderem como algo socialmente construdo, de modo

    mltiplo e dinmico. Em outras palavras, a noo humana de realidade resulta de um

    intrincado processo de construo e negociao profundamente enraizadas na cultura

    7 Epistemologia: Teoria ou cincia da origem, natureza e limites do conhecimento.

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    (Bruner, 1990). Assim, observaes, cientficas ou no, so mais bem entendidas se

    situadas dentro de um contexto e de uma perspectiva. Portanto, objetos, eventos e o

    mundo real no existem independentemente da interpretao humana.

    O construcionismo social moderno deve muito da sua existncia ao pragmatismo8,

    movimento filosfico liderado por pensadores como William James e John Dewey. James

    afirmou que significados so estabelecidos a partir de aes no mundo, no por reflexo

    intelectual. A sociologia 9 do conhecimento, iniciada por Karl Mannheim tambm teve

    impacto no construcionismo. Mannheim argumentava que o conhecimento se desenvolvia

    como um processo social, dessa forma, a origem das ideias podia ser objeto de

    investigao sociolgica. Assim ao invs de formular perguntas ao modo da cincia

    tradicional, isto , se tal ideia verdadeira ou falsa, a pergunta torna-se por qu esse tipo

    de conhecimento, nesse momento da histria?.

    O excessivo relativismo do construcionismo social porm gerou certas inquietaes

    de ordem tica, moral e poltica por dar a entender que se tudo relativo, qualquer coisa

    pode ser vlida. Tal constatao pode levar a uma certa comodidade poltica e existencial.

    Diante de tal indagao, Edwards et al. (1995) responde que no h contradio entre ser

    um relativista10 e ser um membro de uma dada cultura com compromissos, crenas e um

    senso comum compartilhado de realidade. A ideia de que derrotar o realismo implica

    necessariamente que todos os nossos valores ficaram deteriorados no mais

    convincente do que a ideia de que a vida sem Deus destituda de significado e valor. A

    morte de Deus no fez o resto do mundo desaparecer. Na verdade o deixou para ns

    fazermos. O que restou para ns no foi um mundo sem significado ou valor, um mundo de

    absoluta imoralidade onde tudo permitido, tal como concludo por Nietzsche e

    Dostoyevsky, mas precisamente o contrrio. H uma quantidade de valores e significados

    sobre os quais se pode argumentar, alterar, defender e inventar, incluindo o metavalor de

    que alguns desses significados e valores podem ser declarados universais e auto

    evidentes. Auto evidncia aqui o resultado ao invs da negao da argumentao. Em

    8 nfase no pensamento filosfico na aplicao das idias e das conseqncias prticas de conceitos e conhecimentos;

    filosofia utilitria. Tratamento dos fenmenos histricos com referncia especial s suas causas, condies antecedentes e

    resultados. Considerao das coisas de um ponto de vista prtico. 9 Cincia que se ocupa dos assuntos sociais e polticos, especialmente da origem e desenvolvimento das sociedades

    humanas em geral e de cada uma em particular. Segundo Augusto Comte, o conjunto das cincias que tratam do homem

    na sociedade, isto , sob o aspecto moral, jurdico, poltico, econmico etc. Cincia ou estudo das leis fundamentais das

    relaes, instituies e outras entidades sociais. 10

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    outras palavras, ao considerarmos conhecimento, realidade e verdade como construes

    humanas, somos levados a trabalhar e defender um ponto de vista. Assim, no so os

    valores humanos que se tornam decadentes e sim certos valores autorais (Bruner, 1990)

    ou a autoridade final que pode decidir sobre a verdade para alm do dilogo, do debate, e

    da argumentao. Portanto o conceito de verdade cientfica torna-se relacionado a como

    as coisas so na prtica, com a ideia de ao e no de contemplao.

    INOVAO TECNOLGICA:

    Arte ou Mtodo?

    CONCEITOS INICIAIS

    As demandas novas e crescentes por produtos econmica e ambientalmente

    corretos e inesperados desafios decorrentes deste processo no mundo globalizado atual

    exigem que se pense e atue de uma nova maneira.

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    preciso ressaltar que inovao tecnolgica est associada sobrevivncia das

    empresas no mercado. preciso unir criatividade e a ao inovadora que resultem em

    vantagem competitiva frente aos seus competidores.

    De acordo com dados de pesquisas j realizadas pelo Ministrio de Cincia e

    Tecnolgica (MCT), as quais iremos analisar com maior detalhe nas prximas aulas, uma

    boa parte das empresas reconhecem que a Inovao fundamental para alcanar ou

    sustentar uma vantagem competitiva num mercado em acelerada transformao, mas

    ainda bem restrito no Brasil o nmero de empresas que efetivamente trabalham pela

    inovao.

    Para que a inovao tecnolgica ocorra em sua plenitude, alguns aspectos so

    fundamentais:

    preciso primeiramente aprender a ousar com responsabilidade e antes, superar o

    medo de ousar;

    O sucesso de um negcio est relacionado capacidade do empreendedor de

    buscar o diferente para fazer com maior eficcia e eficincia, buscando sempre

    realizar atividades com maior eficincia e eficcia o quase-impossvel;

    preciso aceitar que a nica certeza que tudo mudar;

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    Agindo deste modo, as ameaas podem ser transformadas em oportunidades de

    melhoria. Ainda importante ressaltar que h uma confuso entre os significados entre

    criatividade com inovao. So dois termos distintos, porm correlatos. "Criatividade

    pensar coisas novas. Inovao fazer coisas novas.

    A inovao, portanto, fruto da criatividade. A criatividade o meio, o processo e no

    o produto. Ou seja, necessrio que se tenha um raciocnio criativo para produzir ideias

    novas que vo gerar coisas novas, ou seja, INOVAO. Iremos estudar mais

    detalhamente estes conceitos. Alis, fundamental iniciarmos nosso estudo sobre

    inovao tecnolgica nas empresas definindo alguns conceitos.

    propsito, onde podemos encontrar facilmente estas definies?

    Bem, estas definies so amplamente divulgadas pela FINEP (Financiadora de

    Estudos e Projetos), que rgo federal responsvel em promover as ferramentas

    necessrias para que a Inovao Tecnolgica ocorra de maneira mais significativa no

    Brasil. Deste modo, podemos acessar o site da FINEP

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    (http://www.finep.gov.br/o_que_e_a_finep/conceitos_ct.asp) no qual um glossrio bastante

    rico est disponvel para consulta. Deste site, retiramos as seguintes definies sobre

    Inovao:

    INOVAO - Significa a soluo de um problema tecnolgico, utilizada pela primeira vez,

    descrevendo o conjunto de fases que vo desde a pesquisa bsica at o uso prtico,

    compreendendo a introduo de um novo produto no mercado em escala comercial, tendo,

    em geral, fortes repercusses socioeconmicas. LONGO, W.P. Conceitos Bsicos sobre

    Cincia e Tecnologia. Rio de Janeiro, FINEP, 1996. v.1.

    ou ainda

    INOVAO - a introduo no mercado de produtos, processos, mtodos ou sistemas

    no existentes anteriormente ou com alguma caracterstica nova e iferente da at ento

    em vigor.GUIMARES, Fbio Celso de Macedo Soares. FINEP. Rio de Janeiro, 2000.

    INOVAO no arte mtodo

    INOVAO o instrumento especfico do esprito empreendedor. o ato que contempla

    os recursos com a nova capacidade de criar riqueza

    http://www.finep.gov.br/o_que_e_a_finep/conceitos_ct.asphttp://www.finep.gov.br/o_que_e_a_finep/conceitos_ct.asp#pesquisabasica#pesquisabasica
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    INOVAO DE PROCESSO

    TECNOLGICO

    De acordo com o descrito no site da FINEP: a adoo de mtodos de produo

    novos ou significativamente melhorados, incluindo mtodos de entrega dos produtos. Tais

    mtodos podem envolver mudanas no equipamento ou na organizao da produo, ou

    uma combinao dessas mudanas, e podem derivar do uso de novo conhecimento. Os

    mtodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos tecnologicamente novos ou

    aprimorados, que no possam ser produzidos ou entregues com os mtodos

    convencionais de produo, ou pretender aumentar a produo ou eficincia na entrega de

    produtos existentes. Por exemplo, uma mudana de processo em telecomunicaes para

    introduo de uma rede inteligente pode permitir a oferta ao mercado de um conjunto de

    novos produtos, tais como espera de chamada ou visualizao da chamada. OECD. Oslo

    Manual. Paris, OCDE/Eurostat, 1997, cap.3, pag.51.

  • 17

    INOVAO DE PRODUTOS E PROCESSOS TECNOLGICOS (PPT)

    Tambm de acordo com o descrito no site da FINEP: Compreende as implantaes

    de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnolgicas

    em produtos e processos. Uma inovao PPT considerada implantada se tiver sido

    introduzida no mercado (inovao de produto) ou usada no processo de produo

    (inovao de processo). Uma inovao PPT envolve uma srie de atividades cientficas,

    tecnolgicas, organizacionais, financeiras e comerciais. Uma empresa inovadora em PPT

    uma empresa que tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou

    com substancial tecnolgica durante o perodo em anlise. A exigncia mnima que o

    produto ou processo deve ser novo (ou substancialmente melhorado) para a empresa (no

    precisa ser novo no mundo). Esto includas inovaes relacionadas com atividades

    primrias e secundrias, bem como inovaes de processos em atividades similares.

    OECD. Oslo Manual. Paris, OCDE/Eurostat, 1997, cap.3. pg 47.

    De acordo com estas definies, fica claro que a Inovao Tecnolgica abrange

    vrios aspectos relacionados entre si.

    Outra questo importante a diferena entre Inovao e Inveno.

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    Tambm de acordo com o descrito no site da FINEP, INVENO uma concepo

    resultante do exerccio da capacidade de criao do homem, que represente uma soluo

    para um problema tcnico especfico, dentro de um determinado campo tecnolgico e que

    possa ser fabricada ou utilizada industrialmente. O certificado de adio de inveno um

    aperfeioamento ou desenvolvimento introduzido no objeto de determinada inveno. A

    proteo cabvel para o depositante ou titular da inveno anterior a que se refere (Art.

    76 da LPI). O desenho industrial a forma plstica ornamental de um objeto ou o conjunto

    ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando

    resultado visual novo e original na sua configurao externa e que possa servir de tipo de

    fabricao industrial (Art. 95 da LPI). INPI. Patentes e Desenhos Industriais. Disponvel na

    Internet. http://www.inpi.gov.br.

    Portanto, INVENO um termo intimamente ligado com INOVAO. Toda

    INVENO pode vir a gerar uma INOVAO, desde que seja inserida no mercado

    consumidor com xito, ou seja, com sucesso.

    Deste modo, a Inovao Tecnolgica est intimamente relacionada em como fazer

    melhor o que j fazemos bem, em como fazer em menos tempo, com mais economia, em

    menos etapas, com mais facilidade e com menos recursos. Inovar gerar alternativas

    melhores para velhas solues ou alternativas novas para resolver novos e velhos

    problemas. Assim, se voc fizer diferente e melhor alguma atividade, isto pode fazer a

    http://www.inpi.gov.br/
  • 19

    diferena entre liderar ou correr atrs do lder. Para fazer diferente preciso pensar

    diferente.

    Um novo olhar exige uma percepo e um raciocnio ampliados. As boas ideias

    nascem, acima de tudo, pela curiosidade, pela ousadia em perguntar o porqu das coisas.

    A inovao surge quando acreditamos que tudo pode ser melhorado. Com esta breve

    introduo da disciplina, iremos agora propor algumas atividades a fim de propiciar um

    melhor entendimento dos conceitos aqui discutidos.

    MODELOS DE MUDANAS

    TECNOLGICAS

    O atual cenrio da economia caracterizado pela competio cada vez mais

    acirrada, a qual modelos tradicionais e tcnicas eficazes de gesto so rapidamente

    disseminados, exigindo das organizaes uma maior capacidade de formular e

    implementar estratgias que possibilitem superar os crescentes desafios de mercado e

    atingir seus objetivos de curto, mdio e longo prazos.

  • 20

    A velocidade de ocorrncia das mudanas no ambiente competitivo pode estar

    associada a vrios fatores, onde destacam-se o desenvolvimento tecnolgico, a integrao

    de mercados, o deslocamento da concorrncia para o mbito internacional, a redefinio

    do papel organizacional, alm das alteraes do perfil demogrfico e dos hbitos dos

    consumidores. Tais mudanas tm exigido uma reestruturao das estratgias adotadas

    pelas organizaes e uma capacidade contnua de inovao e adaptao, atravs dos

    Sistemas de Informao (SI) e da Tecnologia da Informao (TI).

    Os Sistemas de Informao podem ser definidos como um conjunto de elementos ou

    componentes inter-relacionados que armazena, coleta, processa e distribui dados e

    informaes com a finalidade de dar suporte s atividades de uma organizao. J a

    Tecnologia da Informao pode ser todo e qualquer dispositivo que tenha capacidade para

    tratar dados e ou informaes, tanto de forma sistmica como espordica, quer esteja

    aplicada ao produto ou no processo atravs de recursos tecnolgicos e computacionais

    para a gerao e uso das informaes nas organizaes, incluindo aquelas utilizadas ao

    processamento e transmisso de dados, voz, grficos e vdeos.

    Dessa forma, o principal benefcio que a tecnologia da informao traz para as

    organizaes a sua capacidade de melhorar a qualidade e a disponibilidade de

    informaes e conhecimentos importantes para a empresa, seus clientes e fornecedores.

  • 21

    Os sistemas de informao mais modernos oferecem s empresas oportunidades sem

    precedentes para a melhoria dos processos internos e dos servios prestados ao

    consumidor final.

    O uso da reengenharia de processos para direcionar os novos sistemas de

    informao proporciona um aumento significativo da satisfao dos clientes, e/ou a

    reduo de custos, ao contrrio das iniciativas que envolvem o uso de tecnologia apenas

    para fazer mais rpido o mesmo trabalho.

    A atual economia mundial est vivendo um momento de profundas transformaes,

    em que se opera a mais inovadora das revolues j experimentadas. O ambiente e as

    formas de gesto das organizaes vm sendo completamente modificados em

    decorrncia da transformao dos valores e das mudanas tecnolgicas e demogrficas

    ocorridas nos ltimos anos. O ambiente empresarial est mudando continuamente,

    tornando-se mais complexo e menos previsvel, e cada vez mais dependente de

    informao e de toda a infra-estrutura tecnolgica que permite o gerenciamento de

    enormes quantidades de dados.

    A tecnologia est gerando grandes transformaes, que esto ocorrendo a nossa

    volta de forma gil e sutil. uma variao com consequncias fundamentais para o mundo

    empresarial, causando preocupao diria aos empresrios e executivos das corporaes,

    com o estgio do desenvolvimento tecnolgico das empresas e/ou de seus processos

    internos. A convergncia desta infra-estrutura tecnolgica com as telecomunicaes que

    aniquilou as distncias, est determinando um novo perfil de produtos e de servios.

  • 22

    Com o desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento, novas formas de pensar,

    diferentes daqueles valores emergentes da poca da industrializao esto surgindo, pois

    as mquinas que antes apenas substituam a fora fsica, agora complementam a

    capacidade mental do ser humano, ou seja, o modo de produo de bens vem sendo

    substitudo pelo modo de produo do conhecimento.

    Dessa forma, as organizaes comearam a valorizar um recurso primordial para sua

    sobrevivncia: a informao. As empresas diagnosticaram que pela gesto da informao

    tornaram-se competitivas, organizadas e aptas a responder s mudanas exigidas pelo

    cenrio econmico mundial.

    O real desafio das instituies no identificar a mudana a qual se adaptar, e sim,

    entender e avaliar corretamente o escopo dessas mudanas para que possam tambm

    planej-las, pois, as organizaes alm de serem produtos do meio em que existem,

    tambm so agentes de mudanas.

    Um dos primeiros usos do termo estratgia foi feito h aproximadamente 3.000 anos

    pelo estrategista chins Sun Tzuo, que afirmava que todos os homens podem ver as

    tticas pelas quais eu conquisto, mas o que ningum consegue ver a estratgia a partir

    da qual grandes vitrias so obtidas.

  • 23

    Segundo MINTZBERG (1996), o termo estratgia assumiu o sentido de habilidade

    administrativa na poca de Pricles (450 a.C.), quando passou a significar habilidades

    gerenciais (administrativas, liderana, oratria, poder). Mais tarde, no tempo de Alexandre

    (330 a.C.), adquiria o significado de habilidades empregadas para vencer um oponente e

    criar um sistema unificado de governana global.

    Estratgia significava inicialmente a ao de comandar ou conduzir exrcitos em

    tempo de guerra um esforo de guerra. Representava um meio de vencer o inimigo, um

    instrumento de vitria na guerra, mais tarde estendido a outros campos do relacionamento

    humano: poltico, econmico e ao contexto empresarial, mantendo em todos os seus usos

    a raiz semntica, qual seja, a de estabelecer caminhos. Origina-se assim como um meio

    de um vencer o outro", como uma virtude de um general de conduzir seu exrcito vitria,

    utilizando-se para isso de estratagemas e instrumentos que assegurassem a superioridade

    sobre o inimigo.

    No existe um conceito nico, definitivo de estratgia. O vocbulo teve vrios

    significados, diferentes em sua amplitude e complexidade, no decorrer do desenvolvimento

    da Administrao Estratgica.

    THOMPSON JR. e STRICKLAND III (2000) definem estratgia como sendo um

    conjunto de mudanas competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam

    para atingir o melhor desempenho da empresa. (...) o planejamento do jogo de gerncia

  • 24

    para reforar a posio da organizao no mercado, promover a satisfao dos clientes e

    atingir os objetivos de desempenho.

    J WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000), que a definem como planos da alta

    administrao para alcanar resultados consistentes com a misso e os objetivos gerais da

    organizao.

    A Administrao Estratgica teve uma constituio tardia em relao a outras

    disciplinas tradicionais do Conhecimento Administrativo. Surgiu como uma disciplina

    hbrida, sofrendo influncias da sociologia e da economia; , essencialmente, uma

    evoluo das teorias das organizaes (VASCONCELOS, 2001). Somente a partir da

    dcada de 1950 passou a receber maior ateno dos meios acadmico e empresarial,

    quando ento alavancou o seu desenvolvimento, notadamente a partir dos anos 60 e 70.

    At os anos 50, a preocupao dos empresrios se restringia aos fatores internos s

    empresas, como a melhoria da eficincia dos mecanismos de produo, uma vez que

  • 25

    ainda no existia um ambiente de hostilidade competitiva, o mercado no era muito

    diversificado e oferecia oportunidades de crescimento rpido e no muito complexo.

    Catalisada pelos esforos de guerra, a partir dos anos 50 a complexidade do mundo

    empresarial aumentou, passando a exigir um perfil gerencial mais empreendedor,

    respostas mais rpidas e corretas ao de concorrentes, uma redefinio do papel social

    e econmico das empresas e uma melhor adequao nova postura assumida pelos

    consumidores. nesse cenrio que se constituiu a AE. Seu objetivo principal pode ser

    definido como uma adequao constante da organizao ao seu ambiente, de maneira a

    assegurar a criao de riquezas para os acionistas e a satisfao dos seus stakeholders

    (reclamantes da empresa: acionistas, empregados, clientes e fornecedores).

    A Administrao Estratgica , atualmente, uma das disciplinas do campo da

    Administrao de maior destaque e relevncia, pela produo cientfica e tambm pelo

    nmero de consultorias organizacionais. Qualquer organizao, conscientemente ou no,

    adota uma estratgia, considerando-se que a no adoo deliberada de estratgia por uma

    organizao pode ser entendida como uma estratgia. Alm disso, a importncia maior da

    AE est no fato de se constituir em um conjunto de aes administrativas que possibilitem

    aos gestores de uma organizao mant-la integrada ao seu ambiente e no curso correto

    de desenvolvimento, assegurando-lhe atingir seus objetivos e sua misso. A estratgia,

    nesse contexto, assim como a organizao e o seu ambiente, no algo esttico,

    acabado; ao contrrio, est em contnua mudana, desempenhando a funo crucial de

  • 26

    integrar estratgia, organizao e ambiente em um todo coeso, rentvel e sinrgico para

    os agentes que esto diretamente envolvidos ou indiretamente influenciados.

    Analisando-se a evoluo do pensamento estratgico, observa-se que ele passou por

    diferentes fases e contextos semnticos. Desde sua origem milenar, o vocbulo estratgia

    assumiu diversos significados, sem, contudo, perder sua raiz semntica. Representa hoje

    um importante instrumento de adequao empresarial a um mercado competitivo e

    turbulento, preparando a organizao para enfrent-lo e utilizando-se, para isso, de suas

    competncias, qualificaes e recursos internos, de maneira objetiva e sistematizada.

    A estratgia empresarial, apesar de ter sua elaborao concentrada na alta

    administrao, deve ser conhecida por todos os funcionrios da organizao, os quais

    devem atuar de forma participativa na sua implantao. Essa atuao dos funcionrios

    como colaboradores necessria em razo do carter transitrio e adaptativo dessa

    estratgia, que um processo contnuo e propenso a mudanas e adequaes,

    mergulhado em um contexto de incertezas macroeconmicas.

    Em virtude da turbulncia do ambiente de mercado atual, a Administrao Estratgica

    deve ser vista como um processo contnuo, no qual as estratgias devem ser

    constantemente revistas, pois nem sempre se alcanam os objetivos pretendidos. Uma

  • 27

    estratgia pretendida pode ser realizada em sua forma original, modificada ou at mesmo

    de forma completamente diferente.

    Conforme Porter (1989), a estratgia identifica a posio da empresa no ambiente

    competitivo e a forma como ela poder continuar ou, at mesmo, melhorar sua posio em

    relao a seus concorrentes. Fica evidente, assim, que os gerentes necessitam de

    informao sobre a organizao e o ambiente externo da empresa, com vista a identificar

    ameaas e oportunidades, criando um cenrio para uma resposta eficaz e competitiva.

    No entanto, Beuren afirma que:

    Assim, se o tipo de estratgia que orienta a organizao est voltada

    liderana em custos, ento, a nfase maior deve estar centrada no

    controle de custos, a fim de conseguir uma expanso de vendas

    praticando preos inferiores aos de seus concorrentes. (1998, p. 46)

    Uma mentalidade voltada somente para o lucro, dentro deste novo ambiente torna-se,

    a longo prazo, mais um obstculo do que um orientador para um desempenho

    organizacional superior. A organizao da Era da Informao, da estratgia centrada,

    possui enfoque maior na diferenciao nos produtos e servios. Outros fatores devem ser

    perseguidos para a obteno de vantagem competitiva, tais como: qualidade, tecnologia,

    inovao, dentre outros. Portanto, o tipo de estratgia que orientar a organizao

    determinante do escopo para alcan-la.

    Observa-se, ento, que a informao atua como diferenciador para a gesto

    estratgica das organizaes. Contudo, o conjunto de informaes necessrias para a

  • 28

    elaborao da estratgia empresarial torna-se cada vez mais complexa em funo da

    velocidade do movimento dos agentes do mercado.

    No entanto, os responsveis pela elaborao da estratgia empresarial, a fim de

    identificar tanto as ameaas quanto as oportunidades em potencial para a empresa,

    requerem informaes diferenciadas.

    BIO (1985), acrescenta que o planejamento e o controle so a essncia para a

    tomada de deciso, uma vez que dependem de informaes oportunas e confiveis para

    os processos decisrios.

    Para Ricci, citado por Beuren:

    o processo de deciso pode ir de um extremo, onde as solues ou

    respostas j esto programadas e podem ser automatizadas, at

    outro, onde os problemas so amplos e complexos, no previstos,

    no estruturados e demandam grande volume de informaes. (1998,

    p. 47)

    Assim, no h um procedimento padro nas organizaes, no que diz respeito

    diviso das funes do gerenciamento da informao na fase de execuo estratgica.

    Porm, adotando formas de gerenciamento, atravs de um sistema, as informaes sero

    direcionadas solues que problemas podem apresentar.

  • 29

    SISTEMAS DE INFORMAO - SI

    Tendo em vista que a economia industrial est sendo substituda pela economia da

    informao e, neste tipo de economia a concorrncia caracterizada pela maneira eficaz

    de utilizao das informaes, necessrio que as organizaes utilizem o Sistema de

    Informao - SI como uma ferramenta estratgica fundamental que ir destac-la pelos

    ganhos de qualidade e produtividade, na realizao de seus objetivos e de sua misso.

    A distino entre dado, informao e conhecimento imprescindvel para o melhor

    entendimento do funcionamento de um sistema de informao. Oliveira define que dado

    qualquer elemento identificado em sua forma bruta que por si s no conduz a uma

    compreenso de determinado fato ou situao (1996, p. 34). A partir do dado

    transformado, obtm-se a informao, o que habilitar que a empresa a alcanar seus

    objetivos pelo uso eficiente dos recursos, permitindo, atravs de seu gerenciamento, a

    tomada de decises.

    Para gerar uma informao pela relao estabelecida entre dados, exige-se

    conhecimento. No entanto, Stair afirma que "conhecimento o corpo ou as regras,

    diretrizes e procedimentos usados para selecionar, organizar e manipular os dados, para

    torn-los teis para uma tarefa especfica" (1998, p. 5).

  • 30

    Portanto, o Sistema de Informao um mecanismo de apoio gesto, desenvolvido

    com base na tecnologia de informao e com o suporte da informtica para atuar como

    condutores das informaes, visando facilitar, agilizar e otimizar o processo decisrio nas

    organizaes.

    ESTRATGIAS DE INOVAO

    A inovao pode ser gerida, desde que se saiba para onde

    e como olhar. Para a fazer acontecer, os executivos so responsveis pela busca

    constante de novas oportunidades. Mas, como adverte Peter Drucker, encontrar

    essas oportunidades e transform-las em solues exige uma grande disciplina

    Por: Peter Drucker

    Existe uma grande discusso em torno do conceito de personalidade empresarial.

    Contudo, foram poucos os empresrios com quem trabalhei nos ltimos 30 anos que

    ostentavam esses traos de personalidade. O que todos os empresrios bem sucedidos

    parecem ter em comum no um tipo especfico de personalidade, mas um

  • 31

    empenhamento dirigido para a prtica sistemtica da inovao.

    A inovao a funo especfica da capacidade empresarial, seja num negcio j

    existente, numa instituio de servio pblico ou num pequeno negcio iniciado por um

    indivduo na cozinha da famlia. o meio atravs do qual um esprito empreendedor cria

    novos recursos de produo de riqueza ou desenvolve recursos j existentes com um

    potencial refinado para a criao de riqueza.

    Existe atualmente uma grande confuso em torno da definio exata de

    capacidade empresarial. O termo, contudo, refere-se no dimenso ou longevidade de

    qualquer empresa, mas sim a um certo tipo de atividade. E precisamente no centro desta

    atividade que est a inovao: o esforo para criar uma mudana intencional e centrada no

    potencial econmico ou social de uma empresa.

    As fontes de inovao

    Existem, obviamente, inovaes que provm de rasgos de genialidade. No entanto,

    a maioria das inovaes e, especialmente, as de maior sucesso, resultam de uma procura

    consciente e intencional de oportunidades de inovao, que se resumem a apenas

    algumas situaes.

    Existem quatro tipos de oportunidades que se encontram facilmente no interior das

    empresas ou das indstrias:

    Ocorrncias inesperadas;

    Incongruncias;

    Necessidades de processo;

    Alteraes no mercado e na indstria.

  • 32

    Existem, por seu turno, trs fontes de oportunidades exteriores empresa, que

    compem o ambiente social e intelectual circundante:

    Alteraes demogrficas;

    Alteraes na percepo;

    Novos conhecimentos.

    Estas fontes podem, contudo, sofrer uma sobreposio. Dada a diferente natureza

    subjacente ao seu risco, dificuldade ou complexidade, o potencial para a inovao poder

    residir em mais do que uma rea ao mesmo tempo. Mas, em conjunto, estas

    oportunidades correspondem grande maioria de todas as oportunidades que facilitam a

    inovao.

    Ocorrncias inesperadas. Consideremos, em primeiro lugar, a fonte mais fcil e

    simples de oportunidade de inovao: o inesperado. No incio dos anos 30, a IBM

    desenvolveu a primeira mquina moderna de clculo, concebida para ser utilizada

    em bancos. Mas em 1933 os bancos no compravam equipamentos novos. De

  • 33

    acordo com Thomas Watson, Sr., fundador e presidente executivo da empresa

    durante um longo perodo, o que salvou a IBM foi a explorao de um sucesso

    inesperado: a Biblioteca Pblica de Nova Iorque estava interessada em adquirir uma

    mquina. Ao contrrio dos bancos, as bibliotecas, na era do New Deal, possuam

    recursos financeiros, e Watson acabou por vender mais de uma centena de

    mquinas a bibliotecas que, de outra forma, teriam ficado nos armazns da IBM.

    Os sucessos e os fracassos inesperados so fontes extremamente produtivas de

    oportunidades de inovao, pois a maioria dos negcios no lhes presta ateno,

    negligencia-os e at os insulta. O cientista alemo que, por volta de 1905, sintetizou

    a novocana, o primeiro narctico no aditivo, tencionou utiliz-la em delicadas

    intervenes cirrgicas, como a amputao. Os cirurgies, contudo, preferiam

    utilizar a anestesia geral (o que ainda acontece). A novocana despertou um forte

    interesse entre os dentistas. O seu inventor passou o resto da vida em escolas de

    medicina dentria, atacando os dentistas que davam um uso imprprio sua nobre

    inveno, utilizando-a em situaes que ele no tinha previsto.

    Embora este exemplo seja uma caricatura, ilustra da melhor forma a atitude que os

    gestores professam em relao ao inesperado: Isto nunca deveria ter acontecido.

    Os sistemas de registo empresariais ampliam ainda mais esta espcie de reaco,

    pois no do qualquer tipo de ateno a possibilidades no previstas. O relatrio

    tpico mensal ou trimestral contm, na sua primeira pgina, uma lista dos problemas

    ou seja, as reas que no atingiram os resultados esperados. Este tipo de

    informao necessria, pois ajuda a prevenir a deteriorao do desempenho.

    Mas tambm restringe o reconhecimento de novas oportunidades. O primeiro

    reconhecimento de uma possvel oportunidade aplica-se, geralmente, a uma rea

    na qual a empresa est a ter um desempenho melhor do que o que foi inicialmente

    previsto. Assim, os negcios genuinamente empreendedores, possuem duas

    primeiras pginas uma pgina de problemas e outra de oportunidades e os

    gestores despendem exatamente o mesmo tempo a analisar cada uma das pginas.

    Incongruncias. Os Laboratrios Alcon representam uma das histrias de sucesso

    da dcada de 60, pois Bill Conner, o co-fundador da empresa, explorou uma

    incongruncia na tecnologia medicinal. A operao s cataratas era a terceira ou

    quarta interveno cirrgica mais comum. Durante os ltimos 300 anos, os mdicos

    sistematizaram-na a tal ponto que o nico passo fora de moda que restava era o

    corte do ligamento. Os cirurgies oftalmologistas aprenderam a cortar o ligamento

  • 34

    com sucesso absoluto, mas era um procedimento to diferente do resto da

    operao, que normalmente temiam faz-lo. Este comportamento era incongruente.

    Durante 50 anos, os mdicos estiveram ao corrente de uma enzima que poderia

    dissolver o ligamento sem haver necessidade de o cortar. Tudo o que Conner fez foi

    adicionar uma defesa a esta enzima que lhe dava mais alguns meses de vida. Os

    cirurgies aceitaram imediatamente o novo composto e a Alcon viu-se subitamente

    no meio de um monoplio mundial. Cerca de 15 anos mais tarde, a Nestl comprou

    a empresa por um preo simptico. Uma incongruncia deste tipo no que diz

    respeito lgica ou ritmo de um processo apenas uma possibilidade que poder

    surgir entre as oportunidades de inovao. Uma outra fonte a incongruncia entre

    realidades econmicas. Por exemplo, sempre que uma indstria possui um mercado

    em crescimento mas fracassa nas suas margens de lucro como, por exemplo, as

    indstrias de ao dos pases desenvolvidos entre 1950 e 1970 estamos perante

    uma incongruncia. A resposta inovadora: fbricas com dimenses mais reduzidas.

    Necessidades de processo. Aquilo a que chamamos atualmente media teve as

    suas origens em duas inovaes que se desenvolveram por volta de 1890 como

    resposta a uma necessidade de processo. Uma foi a mquina de impresso

    Linotype, de Ottmar Mergenthaler, que tornou possvel a produo rpida e em larga

    escala de jornais. A outra diz respeito a uma inovao social, a publicidade

    moderna, inventada pelos primeiros verdadeiros editores de jornais, Adolph Ochs,

    do New York Times, Joseph Pulitzer, do New York World, e William Randolph

    Hearst. A publicidade abriu-lhes as portas para distriburem notcias praticamente de

    graa, a partir dos lucros provenientes do marketing.

    Alteraes no mercado e na indstria. Uma das maiores histrias de sucesso da

    Amrica empresarial diz respeito firma de corretagem Donaldson, Lufkin &

    Jenrette, adquirida pela Equitable Life Assurance Society. A DL&J foi fundada em

    1960 por trs jovens licenciados pela Harvard Business School, que

    compreenderam que a estrutura da indstria financeira estava a sofrer alteraes

    medida que os investidores institucionais se tornavam dominantes. Estes jovens no

    possuam praticamente nem capital nem contactos. Mesmo assim, em poucos anos,

    a empresa tornou-se lder na negociao de comisses de transaes e uma das

    grandes estrelas de Wall Street. Foi a primeira empresa de corretagem a ser

    reconhecida legalmente e a ser cotada na bolsa.

  • 35

    Quando uma indstria cresce rapidamente o valor crtico poder rondar os

    40% de crescimento em 10 ou menos anos a sua estrutura muda. Empresas

    estveis, concentradas em defender aquilo que j tm, tendem a no contra-atacar

    quando um recm-chegado as desafia. Na verdade, quando as estruturas do

    mercado ou da indstria sofrem alteraes, os lderes da indstria tradicional

    teimam em negligenciar os segmentos de mercado que esto a registar maiores

    crescimentos. As novas oportunidades raramente se enquadram na forma como a

    indstria abordou desde sempre o mercado, o definiu ou o organizou. Os inovadores

    sofrem, desta forma, a tendncia para serem deixados ss durante longos perodos.

    Alteraes demogrficas. Das fontes externas das oportunidades de inovao, as

    demogrficas so as de maior confiana. O sucesso inicial do Club Mediterrane

    exemplo disso. Durante os anos 70, os observadores poderiam ter detectado a

    emergncia de um largo nmero de jovens ricos e educados na Europa e nos

    Estados Unidos. Descontentes com o tipo de frias que os seus pais, pertencentes

    classe trabalhadora, gozavam em Brighton ou Atlantic City, estes jovens

    constituam os clientes ideais para uma nova e extica verso das escapadelas

  • 36

    prprias da juventude. No entanto, s o Club Mediterrane percebeu a tendncia e a

    antecipou.

    Os gestores sempre souberam que a demografia interessa, mas sempre

    acreditaram que as estatsticas populacionais se alteram lentamente, o que no

    aconteceu, por acaso, neste sculo. Na verdade, as oportunidades de inovaes

    tornadas possveis pelas alteraes no nmero existente de pessoas e na sua

    distribuio de idade, educao, ocupao e localizao geogrfica esto entre

    as mais recompensadoras e menos arriscadas procuras de inovao.

    Alteraes na percepo. Em vez de celebrarem as grandes melhorias que

    conseguiram realizar na rea da sade nos ltimos 30 anos, os americanos

    parecem concentrar-se na distncia que ainda os separa da desejada imortalidade.

    Esta atitude criou muitas oportunidades para inovaes: mercados para revistas de

    sade, para todos os tipos de alimentos mais saudveis e para aulas de exerccio

    fsico ou equipamento de jogging. Um dos negcios que tem apresentado

    crescimentos rpidos o das empresas que fabricam equipamentos para exercitar o

    corpo em casa.

    Uma mudana na percepo no altera factos, mas modifica o seu significado

    e de forma extremamente rpida. Levou menos de dois anos para que os

    computadores deixassem de ser considerados como grandes ameaas ou como

    coisas que s as grandes empresas poderiam usar para passarem a ser encarados

  • 37

    como algo que se compra para calcular os impostos a pagar no final do ano. A

    economia no dita, necessariamente, uma mudana to radical. O que determina

    algum a ver um copo meio cheio ou meio vazio mais uma questo de disposio

    do que um facto, e uma alterao de humor desafia, muitas vezes, a quantificao.

    Mas no abstracto, concreto. Pode ser definido e testado. E poder ser

    explorado para uma oportunidade de inovao.

    Novos conhecimentos. Na histria das inovaes, aquelas que so baseadas em

    novos conhecimentos sejam eles cientficos, tcnicos ou sociais esto muito

    bem posicionadas. Elas so as superestrelas da capacidade empreendedora: elas

    recolhem a publicidade e o dinheiro. Representam aquilo em que pensamos quando

    falamos de inovao, apesar de nem todas as inovaes baseadas no

    conhecimento serem importantes.

    Para ser eficaz, este tipo de inovao exige, normalmente, mais do que um

    tipo de conhecimento. Consideremos uma das maiores inovaes baseadas em

    conhecimentos eficazes: os bancos modernos. A teoria do banco empreendedor

    ou seja, o uso intencional do capital para gerar desenvolvimento econmico foi

    formulada pelo conde de Saint-Simon durante a era de Napoleo. Apesar da

  • 38

    proeminncia de Saint-Simon, foi s 30 anos aps a sua morte, em 1825, que dois

    dos seus discpulos, os irmos Jacob e Isaac Pereire, estabeleceram o primeiro

    banco empreendedor, o Crdit Mobilier, e desenvolveram aquilo que atualmente

    denominamos capitalismo financeiro. Os Pereire no possuam quaisquer

    conhecimentos de banca comercial moderna. O Crdit Mobilier falhou

    redondamente. Alguns anos mais tarde, dois jovens, um americano, J. P. Morgan, e

    um alemo, Georg Siemens, juntaram a teoria francesa de banca empreendedora e

    a teoria inglesa de banca comercial, que resultou nos primeiros bancos modernos

    de sucesso, o J. P. Morgan & Company, em Nova Iorque, e o Deutsche Bank, em

    Berlim. Dez anos mais tarde, um jovem japons, Shibusawa Eiichi, adaptou o

    conceito de Siemens ao seu pas e edificou os fundamentos da economia moderna

    japonesa. Estes exemplos ilustram como funciona a inovao com base no

    conhecimento. Longos perodos de incubao e a necessidade de uma

    convergncia entre os diferentes tipos de conhecimento explicam os ritmos

    peculiares destas inovaes, as suas atraes e perigos. Durante o longo perodo

    de gestao, h muita conversa e pouca ao. Depois, quando os elementos

    finalmente convergem, assiste-se a grande excitao e atividade.

    Embora possa ser difcil, a inovao com base no conhecimento pode ser gerida. O

    sucesso exige uma anlise cuidadosa das vrias formas de conhecimento

    necessrias para tornar a inovao possvel. J. P. Morgan como Siemens fizeram-

    no quando embarcaram nos seus negcios.

    Embora possa parecer paradoxal, a inovao com base em conhecimentos muito

    mais dependente do mercado do que qualquer outro tipo de inovao. A empresa britnica

    De Havilland construiu o primeiro avio a jacto para passageiros sem antes ter analisado o

    mercado, no identificando por isso dois factores cruciais. Um dizia respeito

    configurao, ou seja, a dimenso certa com a carga adequada para as viagens nas quais

    um avio a jacto deveria dar companhia area maiores vantagens. O outro era

    igualmente simples: como poderiam as companhias areas financiar a compra de um avio

    to caro? Como a De Havilland no efetuou a anlise necessria, a Boeing e a Douglas,

    ambas americanas, tomaram conta da indstria dos avies a jacto.

    Para o empreendedor, existe muito mais do que do que somente a inovao sistemtica

    por exemplo, estratgias empreendedoras distintas e princpios de gesto inovadores,

    que so igualmente necessrios para a empresa estvel, para as organizaes de servio

  • 39

    pblico e para os novos empreendimentos. Mas os alicerces da capacidade

    empreendedora, como prtica e como disciplina, so a prtica da inovao sistemtica.

    OS GRANDES PRINCPIOS DA

    INOVAO

    Uma inovao sistemtica e intencional inicia-se com a anlise das fontes de novas

    oportunidades. Dependendo do contexto, as fontes tero importncia distinta em pocas

    diferentes.

    Ateno ao mercado. Como a inovao conceptual e perceptiva, os possveis

    inovadores precisam ver, perguntar e ouvir. Seguidamente, devem procurar

    potenciais utilizadores para estudarem as suas expectativas e necessidades.

    Simplicidade. Para ser eficaz, uma inovao deve ser simples e centralizada. O

    maior elogio que uma inovao pode receber mede-se pelas seguintes palavras:

    Isto bvio! Por que motivo no pensei nisso? to simples! Mesmo a inovao

    que cria novos utilizadores e mercados dever ser direcionada para uma aplicao

    especfica.

  • 40

    Especificidade. As inovaes eficazes comeam por ser pequenas. Tentam fazer

    algo especfico. Poder ter sido a ideia elementar de colocar o mesmo nmero de

    fsforos em todas as caixas (costumavam ser 50) que deu aos suecos um

    monoplio mundial durante meio sculo. Pelo contrrio, ideias que revolucionam

    uma indstria dificilmente funcionam.

    Aspirao liderana. Ningum poder prever se uma determinada inovao se

    transformar num grande negcio ou num feito modesto. Mas uma inovao de

    sucesso dever aspirar, desde o incio, a representar um standard, a determinar a

    direo de uma nova tecnologia ou indstria. Se uma inovao no aspirar

    liderana desde o incio, pouco provvel que seja inovadora o suficiente.

    Persistncia. Acima de tudo, uma inovao requer mais trabalho do que

    genialidade. Exige conhecimento. Os inovadores raramente trabalham em mais do

    que uma rea. Thomas Eddison, por exemplo, trabalhava estritamente no campo

    elctrico. Na inovao, existe talento, ingenuidade e conhecimento. Mas quando

    tudo est dito e feito, o que a inovao exige trabalho rduo, centralizado e

    intencional.

  • 41

    FORMAS DE ACESSO TECNOLOGIA

    A filosofia, a religio e as artes sempre tiveram um papel relevante no

    condicionamento do comportamento humano. Entretanto, com o desenvolvimento da

    cincia e da tecnologia, estas vieram ocupar, gradativamente, papel cada vez mais

    importante como agentes modeladores do modo de vida do homem.

    A Cincia, como fator dominante nas crenas do homem, existe h cerca de 350

    anos; a Tecnologia, como fator preponderante na indstria e na economia, h 200 anos.

    Nestes breves perodos de tempo, entretanto, se demonstraram como foras

    revolucionrias incrivelmente poderosas e estamos apenas no princpio de suas aes

    transformadoras da vida humana.

    Atravs das descobertas cientficas e das aplicaes tecnolgicas correspondentes,

    foi que o ser humano se tornou capaz de atingir os seus mais relevantes objetivos

    materiais e econmicos. A rpida acumulao de conhecimentos e o desenvolvimento das

    tecnologias associadas criaram as bases necessrias realizao destes objetivos. Como

    consequncia, a inovao tecnolgica, promovendo a produtividade, trouxe um progresso

  • 42

    sem precedentes indstria e se constitui, cada vez mais, em fator imprescindvel

    prosperidade.

    As diversas etapas da evoluo humana tm sido, muitas vezes, descritas pelo que

    pode ser considerada a orientao tecnolgica do perodo. Deste modo, tivemos a idade

    da pedra, a do bronze e do ferro, e assim sucessivamente. Presentemente, chegamos

    fase mais adiantada de um perodo que se iniciou com a Revoluo Industrial do sculo

    XVIII, se acelerou com a 2a. Guerra Mundial e culminou com a era em que vivemos: a era

    nuclear e da informtica.

    Os efeitos da cincia e da tecnologia sobre a sociedade so profundos e

    abrangentes.

    O primeiro a considerar, trata do efeito intelectual direto sobre as pessoas, que tem

    provocado o abandono de muitas crenas tradicionais e a adoo de outras referendadas

    pelo mtodo cientfico e pela tcnica.

    Os efeitos sobre a indstria, e como consequncia sobre a economia, so de tal

    importncia que redimensionaram, drasticamente, a participao dos recursos humanos no

    sistema produtivo e vem exigindo repetidas reciclagens no treinamento dos empregados.

  • 43

    No que diz respeito guerra, os efeitos so dramticos, culminando com a

    capacidade do homem em vir a destruir a humanidade, o que trouxe profundas

    modificaes polticas, a par de novos conceitos na conduo dos conflitos.

    Os efeitos considerados provocaram, por sua vez, profundas mudanas na

    organizao social e trouxeram uma nova concepo sobre o lugar do homem no

    Universo.

    Como resultado de tudo isto, vivemos hoje em uma sociedade cientfico-tecnolgica

    caracterizada pelo fato de que o conhecimento cientfico e a tecnologia afetam a vida diria

    de todos, bem como a organizao poltica, econmica, social e militar.

    A nossa gerao a primeira com a possibilidade tcnica de antever um futuro

    material seguro, de forma concreta, sem a implausvel extrapolao dos conhecimentos

    existentes.

    O crescimento econmico continuado , frequentemente, atacado, sob o

    fundamento de que destri os valores ambientais que so, muitas vezes, mais valorizados

    por si mesmos do que pela sua capacidade de sustentao biolgica ou fsica da

    existncia humana.

    Nestas condies, embora a cincia e a tecnologia tenham nos assegurado os

    meios para atender s necessidades de todos, as evidncias so poucas de que a

    aplicao real desses meios seja inteiramente compatvel com outros objetivos como:

    democracia, liberdade pessoal, meio ambiente esteticamente satisfatrio e preservao da

  • 44

    natureza primitiva ou da dignidade individual. Estes objetivos, na verdade, representam

    valores culturais derivados e a cultura, certamente, faz parte das condies de contorno

    que condicionaro as decises sobre a futura tecnologia.

    Evidentemente, os interesses das sociedades industrialmente avanadas e aquelas

    em pases em desenvolvimento nem sempre podem coincidir. Se as sociedades

    materialmente mais avanadas decidirem que j tm o suficiente de progresso material e

    se voltarem para outros valores, elas podero tentar impedir o desenvolvimento de outros

    pases. Estes iro, certamente, se contrapor a seus intentos, indo a busca daquilo que as

    sociedades avanadas j alcanaram. Para consecuo de seus objetivos, os pases

    desenvolvidos podero criar dificuldades e restries livre disseminao da tecnologia, e

    mesmo da cincia, estabelecendo assim uma nova forma de colonizao, atravs do

    domnio exclusivo da Cincia e Tecnologia.

    necessrio estabelecer limites para o condicionamento da opinio pblica,

    inclusive por processos subliminares. Por outro lado, os ambientalistas temem que a

    biotecnologia possa transformar a natureza de acordo com parmetros fixados pelo

    homem e no pela prpria natureza. Esta intromisso da tecnologia na natureza poder

    alterar a prpria percepo da vida pelo homem. Teme-se que as futuras geraes

    venham a perceber a vida apenas como mais um manipulvel programa de computador.

    No estamos certos tambm de que organismos geneticamente alterados - ainda que

    potencialmente benficos para o homem - no venham a produzir consequncias

    desastrosas quando liberados no meio ambiente.

  • 45

    So inmeras, portanto, as questes de ordem tica, legal e social que precisam ser

    analisadas e equacionadas.

    COOPERAO ENTRE UTILIZADORES

    DO CONHECIMENTO

    OS TIPOS DE CONHECIMENTO HUMANO

    Conhecimento consiste em uma crena verdadeira e justificada (Plato, 428ac a

    347ac) A forma de buscar as realidades vem do conhecimento, no das coisas, mas do

    alm das coisas. Esta busca racional contemplativa, isto significa buscar a verdade no

    interior do prprio homem.

    Conhecimento a relao que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja

    conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se d a conhecer. Segundo Cortella (1999), o

  • 46

    conhecimento a relao na qual intervm o sujeito e o objeto, no estando verdade

    nem no sujeito, nem no objeto, mas precisamente na interao entre eles.

    Por que conhecer?

    O ser humano conhece basicamente movido por duas necessidades intrnsecas:

    sobrevivncia e evoluo.

    Como conhecer?

    O ser humano, assim como todo ser vivente, conhece o mundo ao seu redor atravs

    dos sentidos. Constata-se assim que, o conhecimento em sua manifestao mais

    elementar, produto da percepo sensorial. Contudo, o ser humano vai, alm disto, pois

    produz conhecimento atravs do raciocnio. Cervo e Bervian (2004) explicam esta

    diferena entre conhecimento sensvel e conhecimento intelectual. O conhecimento

    sensvel corresponde apropriao fsica, por exemplo, a representao de uma onda

    luminosa, de um som, o que acarreta uma modificao de um rgo corporal do sujeito

    cognoscente. Observam que tal tipo de conhecimento encontrado tanto em animais

    como no homem.. J o conhecimento intelectual ou racional corresponde a uma

    representao no sensvel, o que ocorre com realidades tais como conceitos, verdades,

    princpios e leis.

  • 47

    No processo de apreenso da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode

    penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao estudar o homem, por exemplo, pode-

    se tirar uma srie de concluses sobre a sua atuao na sociedade, baseada no senso

    comum ou na experincia cotidiana; pode-se analis-lo como um ser biolgico, verificando

    atravs de investigao experimental, as relaes existentes entre determinados rgos e

    suas funes; pode-se question-lo quanto sua origem e destino, assim como quanto

    sua liberdade; finalmente, pode-se observ-lo como ser criado pela divindade, sua

    imagem e semelhana, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.

    Apesar da separao metodolgica entre os tipos de conhecimento popular, filosfico,

    religioso e cientfico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa:

    um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da fsica, pode ser crente praticante de

    determinada religio, estar filiado a um sistema filosfico e, em muitos aspectos de sua

    vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.

    Para melhor entender cada um desses tipos de conhecimento, vamos inicialmente

    traar um paralelo entre o conhecimento cientfico e o conhecimento popular, para depois

    sinteticamente identificar o que caracteriza cada um deles.

  • 48

    O conhecimento cientfico e outros tipos de conhecimento

    Ao se falar em conhecimento cientfico, o primeiro passo consiste em diferenci-lo de

    outros tipos de conhecimentos existentes. Para tal, analisemos uma situao muito

    presente no nosso cotidiano.

    O parto no mbito popular (parteira) e o parto no mbito da cincia da

    medicina (maternidade).

    Tipos de conhecimentos que se encontram mesclados neste exemplo:

    - Emprico, popular, vulgar: transmitido de gerao em gerao por meio da educao

    informal e baseado na imitao e na experincia pessoal.

    - Cientfico: conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de

    procedimentos cientficos. Visa explicar "por que" e "como" os fenmenos ocorrem.

  • 49

    Correlao entre Conhecimento Popular e Conhecimento Cientfico

    O conhecimento vulgar ou popular, tambm chamado de senso comum, no se

    distingue do conhecimento cientfico nem pela veracidade, nem pela natureza do objeto

    conhecido. O que diferencia a FORMA, O MODO OU O MTODO E OS

    INSTRUMENTOS DO CONHECER.

    Aspectos a considerar:

    A cincia no o nico caminho de acesso ao conhecimento e verdade.

    Um objeto ou um fenmeno pode ser matria de observao tanto para o cientista

    quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento cientfico e outro ao vulgar

    ou popular a forma de observao.

    Tanto o "bom senso", quanto "cincia" almejam ser racionais e objetivos.

    Caractersticas do Conhecimento Popular

    Se o "bom senso", apesar de sua aspirao racionalidade e objetivo, s consegue

    atingir essa condio de forma muito limitada, pode-se dizer que o conhecimento vulgar,

  • 50

    popular, o modo comum, corrente e espontneo de conhecer, que se adquire no trato

    direto com as coisas e os seres humanos.

    " o saber que preenche a nossa vida diria e que se possui sem o haver procurado ou

    estudado, sem a aplicao de um mtodo e sem se haver refletido sobre algo". (Babini,

    1957:21).

    Verificamos que o conhecimento cientfico diferencia-se do popular muito mais no que

    se refere ao seu contexto metodolgico do que propriamente ao seu contedo. Essa

    diferena ocorre tambm em relao aos conhecimentos filosfico e religioso (ou

    teolgico).

    CONHECIMENTO POPULAR

    Superficial - conforma-se com a aparncia, com aquilo que se pode comprovar

    simplesmente estando junto das coisas.

    Sensitivo - referente a vivncias, estados de nimo e emoes da vida diria.

    Subjetivo - o prprio sujeito que organiza suas experincias e conhecimentos.

    Assistemtico - a organizao da experincia no visa a uma sistematizao das ideias,

    nem da forma de adquiri-las nem na tentativa de valid-las.

    Acrtico - verdadeiros ou no, a pretenso de que esses conhecimentos o sejam no se

    manifesta sempre de uma forma crtica.

    Exemplo: A chave est emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a

    porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.

  • 51

    CONHECIMENTO FILOSFICO

    fruto do raciocnio e da reflexo humana. o conhecimento especulativo sobre

    fenmenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenmenos gerais do

    universo, ultrapassando os limites formais da cincia. A filosofia encontra-se sempre

    procura do que mais geral, interessando-se pela formulao de uma concepo unificada

    e unificante do universo. Para tanto, procura responder s grandes indagaes do esprito

    humano, buscando at leis mais universais que englobem e harmonizem as concluses da

    cincia.

    Exemplo: "O homem a ponte entre o animal e o alm-homem" (Friedrich

    Nietzsche, 1844-1900)

    Valorativo - seu ponto de partida consiste em hipteses, que no podero ser submetidas

    observao. As hipteses filosficas baseiam-se na experincia e no na

    experimentao.

    No verificvel - os enunciados das hipteses filosficas no podem ser confirmados nem

    refutados.

    Racional - consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados.

  • 52

    Sistemtico - suas hipteses e enunciados visam a uma representao coerente da

    realidade estudada, numa tentativa de apreend-la em sua totalidade.

    Infalvel e exato - suas hipteses e postulados no so submetidos ao decisivo teste da

    observao, experimentao.

    CONHECIMENTO RELIGIOSO OU TEOLGICO

    Apoia-se em doutrinas que contm proposies sagradas, valorativas, por terem sido

    reveladas pelo sobrenatural, inspiracional e, por esse motivo, tais verdades so

    consideradas infalveis, indiscutveis e exatas. um conhecimento sistemtico do mundo

    (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino. Suas evidncias

    no so verificadas. Est sempre implcita uma atitude de f perante um conhecimento

    revelado. O conhecimento religioso ou teolgico parte do princpio de que as verdades

  • 53

    tratadas so infalveis e indiscutveis, por consistirem em revelaes da divindade, do

    sobrenatural.

    CONHECIMENTO CIENTFICO

    Real, factual - lida com ocorrncias, fatos, isto , toda forma de existncia que se

    manifesta de algum modo.

    Contingente - suas proposies ou hipteses tm a sua veracidade ou falsidade conhecida

    atravs da experimentao e no pela razo, como ocorre no conhecimento filosfico.

    Sistemtico - saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e no

    conhecimentos dispersos e desconexos.

    Verificvel - as hipteses que no podem ser comprovadas no pertencem ao mbito da

    cincia.

    Falvel - em virtude de no ser definitivo, absoluto ou final.

  • 54

    Aproximadamente exato - novas proposies e o desenvolvimento de novas tcnicas

    podem reformular o acervo de teoria existente.

    MTODOS CIENTFICOS

    Todas as cincias caracterizam-se pela utilizao de mtodos cientficos; em

    contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes mtodos so cincias.

    Dessas afirmaes podemos concluir que a utilizao de mtodos cientficos no da

    alada exclusiva da cincia, mas no h cincia sem o emprego de mtodos cientficos.

    Conceitos de mtodo

    "Caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho no tenha

    sido fixado de antemo de modo refletido e deliberado". (Hegenberg, 1976:II-115).

    "Forma de selecionar tcnicas e avaliar alternativas para ao cientfica". (Ackoff In:

    Hegenberg, 1976:II-116).

    "Forma ordenada de proceder ao longo de um caminho". (Trujillo, 1974:24).

  • 55

    "Ordem que se deve impor aos diferentes processos necessrios para atingir um fim

    dado". (Jolivet, 1979:71).

    "Conjuntos de processos que o esprito humano deve empregar na investigao e

    demonstrao da verdade". (Cervo e Bervian, 2004:23).

    "Caracteriza-se por ajudar a compreender, no sentido mais amplo, no os resultados da

    investigao cientfica, mas o prprio processo de investigao". (Kaplan In: Grawitz,

    1975:I-18).

    Desenvolvimento histrico do mtodo

    A preocupao em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem desde os primrdios

    da humanidade, quando as duas principais questes referiam-se s foras da natureza, a

    cuja merc vivia os homens, e morte. O conhecimento mtico voltou-se explicao

    desses fenmenos, atribuindo-os a entidades de carter sobrenatural. A verdade era

    impregnada de noes supra-humanas e a explicao fundamentava-se em motivaes

    humanas, atribudas a "foras" e potncias sobrenaturais.

  • 56

    medida que o conhecimento religioso se voltou, tambm, para a explicao dos

    fenmenos da natureza e do carter transcendental da morte, como fundamento de suas

    concepes, a verdade revestiu-se do carter dogmtico, baseada em revelaes da

    divindade. a tentativa de explicar os acontecimentos atravs de causas primeiras, os

    deuses, sendo o acesso dos homens ao conhecimento derivado da inspirao divina. O

    carter sagrado das leis, da verdade, do conhecimento, como explicaes sobre o homem

    e o universo, determina uma aceitao sem crtica dos mesmos, deslocando o foco das

    atenes para a explicao da natureza da divindade.

    O conhecimento filosfico, por sua vez, parte para a investigao racional na tentativa

    de captar a essncia imutvel do real, atravs da compreenso da forma e das leis da

    natureza.

    O senso comum, aliado explicao religiosa e ao conhecimento filosfico, orientou

    as preocupaes do homem com o universo.

    Somente no sculo XVI que se iniciou uma linha de pensamento que propunha

    encontrar um conhecimento embasado em maiores garantias, na procura do real. No se

    buscam mais as causas absolutas ou a natureza ntima das coisas; ao contrrio, procuram-

    se compreender as relaes entre elas, assim como a explicao dos acontecimentos,

    atravs da observao cientfica, aliada ao raciocnio. Da mesma forma que o

    conhecimento se desenvolveu, o mtodo (a sistematizao de atividades) tambm sofreu

    transformaes.

    O pioneiro a tratar do assunto, no mbito do conhecimento cientfico, foi Galileu Galilei

    (1564-1642), primeiro terico do mtodo experimental. Discordando dos seguidores do

    filsofo Aristteles, (384ac 322ac) considera que o conhecimento da essncia ntima das

    substncias individuais deve ser substitudo, como objetivo das investigaes, pelo

    conhecimento das leis que presidem os fenmenos. As cincias, para Galileu, no tm,

    como principal foco de preocupaes, a qualidade, mas as relaes quantitativas. Seu

    mtodo pode ser descrito como induo experimental, chegando-se a uma lei geral atravs

    da observao de certo nmero de casos particulares. Os principais passos de seu mtodo

  • 57

    podem ser assim expostos: observao dos fenmenos; anlise dos elementos

    constitutivos desses fenmenos, com a finalidade de estabelecer relaes quantitativas

    entre eles; induo de certo nmero de hipteses; verificao das hipteses aventadas por

    intermdio de experincias; generalizao do resultado das experincias para casos

    similares; confirmao das hipteses, obtendo-se, a partir delas, leis gerais. Galileu Galilei

    parte do pressuposto de que o conhecimento cientfico o nico caminho seguro para a

    verdade dos fatos.

    Ao lado de Galileu e Francis Bacon, no mesmo sculo, surge Ren Descartes

    (1596 -1650). Com sua obra, Discurso do Mtodo, afasta-se dos processos indutivos,

    originando o mtodo dedutivo. Para ele, chega-se certeza atravs da razo, princpio

    absoluto do conhecimento humano. Postula, ento, quatro regras: evidncia, que diz para

    no acolher jamais como verdadeira uma coisa que no se reconhea evidentemente

    como tal, isto , evitar a precipitao e o preconceito e no incluir juzos, seno aquilo que

    se apresenta com tal clareza ao esprito que torne impossvel a dvida; anlise, que

    consiste em dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas necessrias para

    melhor resolv-las, ou seja, o processo que permite a decomposio do todo em suas

    partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos complexo; sntese, entendida

  • 58

    como o processo que leva reconstituio do todo, previamente decomposto pela anlise,

    consistindo em conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos

    mais simples e mais fceis de conhecer, para subir, em seguida, pouco a pouco, at o

    conhecimento dos objetos que no se disponham, de forma natural, em sequncias de

    complexidade crescente; enumerao, que consiste em realizar enumeraes to

    cuidadosas e revises to gerais que se possa ter certeza de nada haver omitido.

    Com o passar do tempo, outras vises foram sendo incorporadas aos mtodos

    existentes, fazendo com que surgissem tambm outros mtodos, como veremos adiante.

    Antes, porm, cabe apresentar o conceito de mtodo moderno, independente do tipo.

    Para tal, ser considerado que o mtodo cientfico a teoria da investigao e que

    esta alcana seus objetivos, de forma cientfica, quando cumpre ou se prope a cumprir as

    seguintes etapas:

    Descobrimento do problema - ou lacuna, num conjunto de acontecimentos. Se o problema

    no estiver enunciado com clareza, passa-se etapa seguinte; se estiver, passa-se

    subsequente;

    Colocao precisa do problema - ou ainda, a recolocao de um velho problema luz de

    novos conhecimentos (empricos ou tericos, substantivos ou metodolgicos);

    Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema - ou seja, exame do

    conhecido para tentar resolver o problema;

    Tentativa de soluo do problema com auxlio dos meios identificados - se a tentativa

    resultar intil, passa-se para a etapa seguinte, em caso contrrio, subsequente;

    Inveno de novas ideias - hipteses, teorias ou tcnicas ou produo de novos dados

    empricos que prometam resolver o problema;

    Obteno de uma soluo - exata ou aproximada do problema, com o auxlio do

    instrumental conceitual ou emprico disponvel;

  • 59

    Investigao das consequncias da soluo obtida - em se tratando de uma teoria, a

    busca de prognsticos que possam ser feitos com seu auxlio. Em se tratando de novos

    dados, o exame das consequncias que possam ter para as teorias relevantes;

    Prova ou comprovao da soluo - confronto da soluo com a totalidade das teorias e da

    informao emprica pertinente. Se o resultado satisfatrio, a pesquisa dada como

    concluda, at novo aviso. Do contrrio, passa-se para a etapa seguinte;

    Correo das hipteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obteno da

    soluo incorreta - esse , naturalmente, o comeo de um novo ciclo de investigao.

    GESTAO DO CONHECIMENTO

    o conceito que cria rotinas e sistemas para que todo o conhecimento adquirido

    num determinado ambiente cresa e seja compartilhado. Uma importante funo da GC

    explicitar, registrar e disseminar por toda a organizao maneiras de fazer que esto

    restritas a indivduos, propiciando a gerao de novos conhecimentos. Nas organizaes,

    a criao, explicitao, compartilhamento, apropriao e aplicao do conhecimento, so

    algumas etapas que ilustram o processo de GC. Quando se considera as micro e

    pequenas empresas, dimenses como a viso estratgica dos scios e diretores, cultura

  • 60

    organizacional e aprendizado com o ambiente externo, so consideradas fundamentais

    para a GC. Uma questo prtica na gesto do conhecimento nas empresas est em como

    transformar informao em conhecimento, e considerando-se que o conhecimento tcito

    tambm inclui dados que muitas vezes nem so percebidos pelos indivduos, tem-se uma

    questo mais abrangente: como transformar experincia e/ou vivncia em conhecimento?

    A busca pela obteno de conhecimento, alm da informao e da prtica, mostra

    que o fator humano e sua interao com o ambiente so fundamentais no enriquecimento

    e manifestao dos conhecimentos tcito e explcito dos membros da organizao,

    colocando as pessoas em interao produtiva, tornado-as parceiras na socializao,

    combinao, compartilhamento e apropriao de conhecimento produzido em equipes. Na

    GC, o conhecimento explcito, ou aquele que pode ser mais facilmente codificado, tem uma

    caracterstica mais voltada s tecnologias da informao e comunicao, principalmente

    atravs do uso de ferramentas (intranets, grupos de discusso, datawarehouse, etc.) que

    facilitam integrar e trocar informao e conhecimento, sofisticar projetos, olhar a

    informao em vrios contextos, entre outros. Os trabalhadores do conhecimento

    gerenciam a si mesmos, tm a aprendizagem e o ensino contnuos como parte de sua

    funo, tm alta mobilidade e so parceiros do empreendimento. O profissional de GC

    precisa conhecer bem tanto os negcios quanto as tecnologias. Outra questo para se

    pensar a GC a criatividade, que pode ser classificada em trs focos: econmico, visto

    nas inovaes de produto e tecnologia; empreendedorismo visto na criatividade de novos

    negcios e estratgias; e cultura e arte, visto na criatividade em novas fronteiras da arte e

    inovaes culturais. As empresas so mais focadas no primeiro e segundo focos, porm,

    de forma limitada ao negcio em que atua.

  • 61

    No espao pblico, cabe s polticas pblicas incorporar os trs focos atuando em

    incubadoras, polticas de cincia e tecnologia, servios de apoio aos negcios,

    promovendo cultura e educao, ou seja, criando espaos de interao e promoo da

    criatividade e do conhecimento, podendo esse ser um dos caminhos para a poltica pblica

    que considere a GC.

    A descrio desse verbete partiu de pontos de discusses, fruns e chats, que

    consideravam questes como gesto do conhecimento nos espaos privado e pblico,

    prticas gerenciais relacionadas a uma efetiva gesto do conhecimento, a importncia das

    tecnologias da informao e comunicao, as dimenses tcitas e codificadas do

    conhecimento e como compartilhar conhecimento no espao pblico. Elaborado pela troca

    de e-mails atravs de uma rede de discusso.

    Muito se fala sobre a importncia do conhecimento no atual mundo dos negcios.

    Mas como empresas brasileiras encaram esse conceito e o traduzem em seu dia-a-

    dia? Pesquisa indita realizada com executivos de grandes organizaes mostra que

    h avanos nessa rea, porm restam "territrios a ocupar".

    Estamos diante de um cenrio de rara complexidade, no mundo corporativo e na

    sociedade em geral. Fenmenos econmicos e sociais, de alcance mundial, so

    responsveis pela reestruturao do ambiente de negcios. A globalizao da economia, E

    impulsionada pela tecnologia da informao e pelas comunicaes, uma realidade da

    qual no se pode escapar.

  • 62

    nesse contexto que o conhecimento, ou melhor, que a gesto do conhecimento

    (KM, do ingls Knowledge Management) se transforma em um valioso recurso

    estratgico para a vida das pessoas e das empresas. No de hoje que o conhecimento

    desempenha papel fundamental na histria. Sua aquisio e aplicao sempre

    representaram estmulo para as conquistas de inmeras civilizaes. No entanto, apenas

    "saber muito" sobre alguma coisa no proporciona, por si s, maior poder de competio

    para uma organizao. quando aliado a sua gesto que ele faz diferena. A criao e a

    implantao de processos que gerem, armazenem, gerenciem e disseminem o

    conhecimento representam o mais novo desafio a ser enfrentado pelas empresas. Termos

    como "capital intelectual", "capital humano", "capacidade inovadora", "ativos intangveis" ou

    "inteligncia