Apostila de Armamentos e Muniçoes
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FNC – FACULDADE NOSSA CIDADE
Armamentos e Munições
Um Conceito para Gestores de Segurança
Jair Barbosa
[email protected] www.jairbarbosa.com.br
2011
Essa apostila foi desenvolvida a partir de conhecimento prático e teórico ao tema, pelo Professor Jair Barbosa, e adaptados para apresentação didática. Sua cópia total ou parcial, deve ter citada sua autoria nos moldes de: Apostila de Armamento e Munições. BARBOSA, Jair A. M. - Faculdade Nossa Cidade - FNC. Carapicuíba - SP. 2011.
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Prof. Jair Barbosa Armamento e Munição
Armamentos e Munições Prof. Jair Barbosa
www.jairbarbosa.com.br
Introdução
Nos tempos atuais muito se relaciona as armas de fogo com a criminalidade e violência, sendo tema de discussões políticas e de opinião pública, fazendo parte cotidiana de manchetes de jornais e telejornais, não apenas no Brasil mais em todo o mundo.
Nessa Apostila que iremos estudar, ao seu final, teremos outra visão do signi-ficado o da palavra “arma de fogo”.
Estudaremos sua origem e evolução, sua história, os impactos causados por essa invenção no mundo e na história da humanidade. Seus inventores também serão citados, a forma como imaginaram e porque chegaram a essa idéia.
Conheceremos também os diferentes tipos de munição, sua função, aerodi-mânica e engenharia para atingir determinado fim. Falaremos de mitos e verdades de munições e entenderemos qual e por que usar essa ou aquela munição nesse ou naquele serviço.
Nossos estudos se concentrarão nas armas: revólver calibre 38, pistola calibre 380 e espingarda calibre 12 “pump”.
Falaremos também de armas não letais, com foco nas usadas na atuação da Segurança Privada.
Por fim conheceremos a legislação que rege o uso de arma de fogo e muni-ções em nosso país, além de Portarias que incorporam o uso de arma de fogo e munições no serviço de Segurança Privada.
Bom estudo!
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Prof. Jair Barbosa Armamento e Munição
SUMÁRIO
Introdução ....................................................................................................... 02
Sumário .......................................................................................................... 03
1. Introdução ao Curso ................................................................................... 06 2. Objetivo do Curso ..................................................................................... 07 3. História e Evolução das Armas de Fogo ................................................... 08 3.1. Arma Primitiva ................................................................................. 08 3.2. Surgimento do Canhão .................................................................. 08 3.3. Armas Portáteis ............................................................................. 09 3.3.1. Como carregar a arma ................................................................... 09 3.4. Surgimento da Munição ................................................................. 10 3.5. Cartucheiras .................................................................................. 10 3.6. Garruchas ...................................................................................... 10 3.7. Munição (cartucho ou bala) ............................................................ 11 4. Revólver ................................................................................................... 12 4.1. O surgimento do Revólver .............................................................. 12 4.2. O Revólver calibre 38 ..................................................................... 13 4.3. As partes de um revólver ................................................................ 14 5. Pistolas ..................................................................................................... 16 5.1. O surgimento das pistolas .............................................................. 16 5.2. Partes de uma pistola ..................................................................... 20 5.3. Incidentes de tiro com pistola ......................................................... 22 5.4. Manutenção de pistolas .................................................................. 23 6. Espingarda calibre 12 ............................................................................... 24 6.1. O surgimento da Espingarda calibre 12 .......................................... 24 6.2. Partes de uma Espingarda calibre 12 “pump” ................................. 25 6.3. O “Choke” ...................................................................................... 27 7. Munições .................................................................................................. 29 7.1. Como surgiram as munições .......................................................... 29 7.2. Tipos de munição ........................................................................... 30 7.3. Munições de revólver ..................................................................... 34 7.4. Munições de pistola ........................................................................ 35 7.5. Munições de espingarda calibre 12 ................................................. 37 8. Armas não-letais ...................................................................................... 38 8.1. Introdução ........................................................................................ 38 8.2. Bastão tonfa ..................................................................................... 39 8.3. Gás de pimenta ............................................................................... 40 8.4. Pistola taser ..................................................................................... 41
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9. Legislação ................................................................................................ 44 10. Curiosidades .................................................................................... 45 11. Anexos ............................................................................................. 48 11.1 Anexo 01 – O Revólver e suas Principais Dúvidas ......................... 48 11.2 Anexo 02 – As Origens Históricas do Bastão Tonfa ........................ 61 11.3. Anexo 03 – Lei 10.826 – Estatuto do Desarmamento ..................... 65
Figuras
01. Figura 3.1 – Arma primitiva; ............................................................. 08 02. Figura 3.2 – Canhão; ...................................................................... 08 03. Figura 3.3 – Espingardas do séc. XV; ............................................. 09 04. Figura 3.4 – Pistolas do séc. XV; .................................................... 09 05. Figura 3.5 – Armas variadas do séc. XV; ........................................ 09 06. Figura 3.6 – Cartucho de espingarda; ............................................. 10 07. Figura 3.7 – Cartucheira; ................................................................. 10 08. Figura 3.8 – Garrucha; ................................................................... 10 09. Figura 3.9 – Munição e suas partes; ............................................... 11 10. Figura 4.1 – Samuel Colt; ............................................................... 12 11. Figura 4.2 – Primeiro modelo de revólver; ...................................... 12 12. Figura 4.3 – Revólver dividido em partes; ....................................... 14 13. Figura 4.4 – Revólver calibre 38; .................................................... 15 14. Figura 5.1 – Mauser 712; ............................................................... 16 15. Figura 5.2 – Mauser C96; ............................................................... 16 16. Figura 5.3 – Glock 18 calibre 9mm com carregador prolongado (vista
pelo lado esquerdo); ............................................................................................ 17 17. Figura 5.4 – Glock 18 calibre 9mm “Rear Sear Configuration” (Caute-
rizador de Configuração Traseira); .............................................................. 17 18. Figura 5.5 – Glock 18 calibre 9mm com carregador prolongado (vista
pelo lado direito); ................................................................................................. 17 19. Figura 5.6 – Glock 18 calibre 9mm com coronha tática; ................. 17 20. Figura 5.7 – Colt calibre .45 A1 fabricada em 1911; ....................... 18 21. Figura 5.8 – Colt calibre .45 M1991A1; ........................................... 18 22. Figura 5.9 – Partes de uma pistola; ................................................. 20 23. Figura 5.10 – Incidente com pistola (munição inchada); ................. 22 24. Figura 5.11 – Incidente com pistola (“torre” ou “igrejinha”); ............. 22 25. Figura 5.12 – Pistola desmontada para manutenção; ..................... 23 26. Figura 6.1 – Espingarda cal 12 dividida e partes; ............................ 25 27. Figura 6.2 – Espingarda Calibre 12 “pump”; .................................... 26 28. Figura 6.3 – Gráfico de intervalos de “Choke”; ................................ 27 29. Figura 6.4 – Tipos de “Choke”; ........................................................ 28
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30. Figura 7.1 – Munição tipo Cartucho (plástico e papelão);................ 29 31. Figura 7.2 – Munição tipo “Bala”; ..................................................... 29 32. Figura 7.3 – Munição de ponta ogival ou roller point; ...................... 32 33. Figura 7.4 – Munição de ponta oca ou stop power; ......................... 32 34. Figura 7.5 – Cartuchos de espingarda calibre 12; ........................... 33 35. Figura 7.6 – Munições de revólver; ................................................. 34 36. Figura 7.7 – Munições de pistola; ................................................... 35 37. Figura 7.8 – Munições de pistola – linha Gold; ................................ 35 38. Figura 7.8 – Munições de espingarda calibre 12; ............................ 37 39. Figura 8.1 – Bastão tonfa; .............................................................. 39 40. Figura 8.2 – Gás de pimenta líquido; .............................................. 40 41. Figura 8.3 – Gás de pimenta espuma; ............................................ 40 42. Figura 8.4 – Pistola taser; ............................................................... 41 43. Figura 8.5 – Correntes nervosas do corpo humano; ....................... 41 44. Figura 8.6 – Pistola taser dividida em partes; ................................. 42
Tabelas
1. Tabela 7.1 – Indica os diferentes tamanhos, pesos, materiais e modelos dos projéteis; ............................................................................................................. 30
2. Tabela 7.2 – Chumbo para cartucho da espingarda calibre 12; ................ 33 3. Tabela 7.3 – Projéteis para revólver; ......................................................... 34 4. Tabela 7.4 – Projéteis para pistola; ........................................................... 35 5. Tabela 7.5 – Projéteis da linha Gold para pistola; ..................................... 36
Bibliografias
1. Revistas pesquisadas ............................................................................... 83 2. Sites pesquisados ...................................................................................... 83
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1. INTRODUÇÃO AO CURSO
Para que possamos conhecer uma arma de fogo, temos que primeiro entender uma arma de fogo. Para isso conheceremos sua história e evolução, bem como a revolução que esse instrumento causou no mundo.
Para nós, Profissionais da Área de Segurança, uma arma é única e exclusi-vamente um instrumento de defesa, onde há portamos sempre no intuito de usá-la para a proteção própria, de terceiros ou do patrimônio.
Primeiro vamos entender o que é arma e o que é munição. Então vejamos:
Arma
1. Instrumento de ataque ou de defesa.
2. Qualquer objeto que sirva para tais fins.
3. Cada uma das subdivisões básicas da tropa do exército: infantaria, cavala-ria, artilharia, engenharia, comunicação.
Arma branca: Qualquer arma constituída de lâmina e cabo.
Arma de fogo: A que lança projéteis por meio de detonação de uma carga ex-plosiva, com fogo ou de modo mecânico.
Dicionário Aurélio.
Munição
1.Nome comum a qualquer material de guerra ou não, com que se devem pro-ver tropas, navios de guerra, etc.
2. Projéteis, pólvora, etc, com que se carregam armas de fogo, carga.
Dicionário Aurélio.
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2. OBJETIVO DO CURSO
• Conhecer os diferentes tipos de armas;
• Conhecer os diferentes tipos de munição;
• Ter noções de manuseio de arma;
• Poder definir qual a melhor arma e munição para um determinado serviço;
• Discutir normas e procedimentos de segurança para utilização e armaze-namento de arma e munição; e
• Legislação competente.
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3. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DAS ARMAS DE FOGO
A partir dos conceitos apresentados, entenderemos além do conhecimento de o que é uma arma de fogo, saberemos de onde elas vêm, o porquê existe, desde quando, para que e por quem foram inventadas, quais os impactos causados na história da humanidade, entres outras curiosidades.
Vamos agora viajar na história das armas de fogo e entendermos a linha do tempo de sua criação e evolução:
3.1. Arma primitiva
A arma de fogo teve sua origem
na China, no século IX, sendo que
seu funcionamento era feito pelo car-
regamento manual e com acionamen-
to de um pavio (figura 3.1).
3.2. Surgimento do canhão
Os árabes aperfeiçoaram o inven-
to da arma de fogo no século XIII,
quando os canhões passaram a ser
feitos de madeira e reforçados com
cintas de ferro. Mas a contribuição
decisiva veio no século XIV, quando
surgiram os primeiros canhões de
bronze (figura 3.2).
Figura 3.1
Figura 3.2
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3.3. Armas portáteis
As primeiras armas de fogo portá-
teis aparecem no século XV. Assim
foi comemorada como uma verdadei-
ra revolução, pois a partir de então,
os soldados ganham outra importân-
cia e as táticas de guerra mudam
completamente (figura 3.3).
Após os trabucos e bacamartes,
as armas ficaram mais portáteis na
forma de pistolas. As garruchas ti-
nham a mesma forma de carrega-
mento e acionamento, porém bem
menores e mais fáceis de manusear
(figura 3.4).
3.3.1. Como carregar a arma
A forma de se carregar as armas
era pelo cano, onde se colocava pól-
vora, se socava com uma vareta, en-
tão se colocava o chumbo e nova-
mente se socava sendo colocada
uma “bucha”, e só depois poderia se
efetuado o tiro (figura 3.5).
Figura 3.4
Figura 3.3
Figura 3.5
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3.4. Surgimento da munição
No século XVII, com o surgimento
do fuzil de pederneira, a pontaria me-
lhora, mas muitos disparos falham e o
soldado ainda precisa abastecer ma-
nualmente a arma com a pólvora e o
projétil.
No século XIX, a criação dos car-
tuchos e dos mecanismos de carre-
gamento pela culatra tornou as armas
mais confiáveis e impulsionou de vez
a tecnologia bélica. (figura 3.6).
3.5. Cartucheiras
Existem espingardas cartucheiras
de um ou dois canos, sua inovação
com a recarga pela culatra com car-
tucho, foi muito importante para a
época devida à facilidade de municiar
(figura 3.7).
3.6. Garruchas
Com a invenção da bala, aprimo-
rou-se a arma e principalmente a pre-
cisão do tiro, sendo que a primeira
arma de fogo a usar uma bala foi à
pequena garrucha (figura 3.8).
Figura 3.6
Figura 3.7
Figura 3.8
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3.7. Munição (cartucho ou bala)
A munição é dividida em 4 partes principais (figura 3.9).
• Estopim ou espoleta,
• Cápsula ou estojo,
• Pólvora ou propelente,
• Projétil.
Figura 3.9
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4. REVÓLVER
4.1. O surgimento do Revólver
Em 1830, com 16 anos, Samuel Colt (figura 4.1) arrumou um trabalho em um
navio mercante com destino à Índia. Em seu ocioso, ele divertia-se com desenhos
de uma nova arma, uma que poderia disparar repetidamente sem precisar ser
recarregada. Embora inúmeras armas de repetição já tivessem sido desenvolvi-
das, nenhuma delas havia se tornado popular com o público, geralmente porque
eram complicadas demais e de difícil manejo (figura 4.2).
Colt desenvolveu um simples cilindro giratório para munição. Inicialmente, as
pessoas não ficaram particularmente impressionadas com a nova arma, mas em
torno de 1850, a companhia de Colt desfrutou um sucesso fenomenal. Em 1856,
ele chegava a produzir 150 armas por dia, apenas para dar conta da crescente
demanda.
A arma teve um profundo efeito social nos Estados Unidos e mais tarde no
resto do mundo. Armado com um revólver, qualquer um poderia matar outra pes-
soa em questão de segundos. Guerra, crime, aplicação da lei e até mesmo dis-
cussões cotidianas encontram um elemento novo e letal.
Figura 4.1
Figura 4.2
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4.2. O Revólver calibre 38
O revólver calibre 38, da fabricante Colt, lançado em 1873, foi o modelo de re-
vólver mas produzido por diversas companhias, se tornando o calibre líder de
vendas no Brasil. Apelidado de "três-oitão", seu calibre (diâmetro interior do cano)
equivale a 0,38 polegadas ou 9 milímetros. A arma não é muito pesada, chegando
a 650 gramas.
No setor de Segurança Pública e Privada, o revólver calibre 38 foi instituído
como a arma de uso mais apropriada.
Por ser o revólver uma arma de fácil manuseio, se tornou a arma usada na
Segurança, e pelo calibre 38 ser de bom impacto, deixando o oponente sem ação
imediata, é a arma perfeita para a Segurança Privada, tem bom porte, ótima em-
punhadura, fácil manuseio, bom poder de fogo e boa precisão.
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4.3. As partes do revólver
O revólver, independente de seu calibre ou fabricante, tem algumas partes
fundamentais em seu conjunto, e é assim dividido (figura 4.3):
Alça de mira;
Massa de mira;
Cano;
Boca do cano;
Vareta do extrator;
Tambor;
Dedal serrilhado;
Cão;
Gatilho;
Guarda mato;
Cabo ou coronha; e
Corpo.
Vamos então descrever um revólver, explanando suas principais característi-
cas técnicas, onde podemos citar:
Arma curta (pequenas dimensões);
De porte (pelo seu pequeno volume);
Ação Simples (quando está engatilhado) e Dupla (demais tiros);
De repetição (é necessária a ação muscular para que funcione);
Alma raiada (são sulcos dentro do cano);
Figura 4.3
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Recarga manual (tem que ser colocada munição por munição);
Capacidade de munição de 5 a 7 cartuchos em média (podendo chegar até a 12 munições nos casos de arma de competição, em geral de calibre 22);
Possui um tambor no centro com diversas câmaras onde são colocados os cartuchos;
Após os disparos os estojos vazios permanecem na câmara da arma, sen-do seu remuniciamento mais demorado, pois é necessário que se abra o tambor, retirem-se os estojos e coloque-se uma a uma a nova munição. Existem duas fer-ramentas que viabilizam a recarga, são o Jet-loader e Speedy-loader.
O revólver basicamente não necessita de muito conhecimento técnico para o uso, ou seja, devido sua simples constituição, basta carregar o tambor com as munições de calibre correspondente e pressionar a tecla do gatilho. Caso a muni-ção não dispare seja pelo motivo que for, basta acionar novamente o gatilho para que a próxima munição seja disparada.
Obs.: O revólver é de manuseio mais simples, além de ser mais barato que as pistolas, sendo a arma mais difundida no Brasil (figura 4.4).
Figura 4.4
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5. PISTOLAS
5.1. O surgimento da pistola
Pistola é uma arma de fogo portátil, leve, de cano curto, elaborada para ser
manejada com uma só mão. Uma pistola geralmente é uma arma pequena de boa
empunhadura e rápido manuseio, feita originalmente para uso pessoal (uso por
uma pessoa) em ações de pequeno-alcance. No século XV o termo era usado pa-
ra definir também pequenas facas que podiam ser escondidas dentro das roupas
de uma pessoa. No século XVIII o termo começou a ser usado para definir a pe-
quenas armas de fogo de mão.
As pistolas são classificadas por calibre, definindo em vários países as de uso
permitido ou não, por suas potências diferenciadas. Pistolas do mesmo calibre
podem utilizar munições diferentes, aumentando seu poder de impacto, perfuração
ou dano interno no alvo.
Pistolas são, geralmente, semi-automáticas, ou seja, disparam um projétil por
cada vez que se comprime o gatilho, recolocando outro cartucho na câmara, es-
tando esse pronto para o disparo seguinte. Existem também alguns modelos to-
talmente automáticos, sendo essas podendo disparar vários tiros enquanto se
mantiver o gatilho pressionado. Sua eficácia é duvidosa, dado o pequeno tamanho
da arma (cano) e cadência de tiros muito rápida.
Um modelo automático de pistola é a Mauser 712 (figura 5.1) uma variante da
famosa Mauser C96 (figura 5.2). Eram bastante comuns as pistolas totalmente
automáticas na Espanha, sendo produzidas por exemplo pela fabricante Astra.
Figura 5.1
Figura 5.2
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Atualmente a fabricante austríaca Glock produz um modelo automático, em
calibre 9mm, a Glock 18 (figuras 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6). Pistolas, além de outras ar-
mas de fogo, são utilizadas no tiro esportivo. Pistola automática: Maior capacidade
do carregador, maior efeito de "coice" inferior, maior velocidade do disparo.
Ao término do século XIX vários projetistas e marcas, vinham trabalhando em
armas curtas em que o efeito ação-reação da explosão do projétil desencadeava
Figura 5.6
Figura 5.5
Figura 5.4
Figura 5.3
18
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o movimento de peças ou componentes da arma. O princípio das armas semi-
automáticas só foi possível quando apareceu e se consolidou a munição de cartu-
cho metálico. Uma das primeiras armas semi-automáticas lançadas comercial-
mente no mercado foi projetada pelo norte americano Borchardt, fabricada na A-
lemanha e poucos anos depois serviu como base para os desenhos de George
Luger.
A Mauser, Cal 7.63 também marcou um avanço importante. Mas coube ao in-
ventor mais brilhante, John Moses Browning, criar a arma que marcaria os próxi-
mos 50 anos. Nascido em Utah, USA, o filho de um armeiro mórmon, Browning,
aos 20 anos, trabalhando em negócio familiar, inventou vários modelos de rifles
que chamaram a atenção da companhia Winchester. Browning desenvolveu for-
midáveis e prósperos projetos para aquela companhia, mas as relações deteriora-
ram e emigrou para a Europa, indo trabalhar com a companhia Belga FN. Lá de-
senvolveu uma série de armas no calibre .25, .32, .380, .38 e .45. Muitos destes
projetos foram fabricados nos Estados Unidos, sob licença da companhia Colt.
As armas simples e robustas de Browning terminaram marcando uma regra e
impondo o sistema de deslizamento flutuante e destacável da armação, meca-
nismo de extração do cartucho usado, carregador na culatra, trava, retenção da
peça flutuante, facilidade de desarmamento e necessidade de poucas peças para
operação da arma. A consagração destas armas veio em 1911, quando as forças
armadas dos Estados Unidos adotaram como arma regulamentar do Governo, no
calibre .45 e lhe deram a denominação A1 (figuras 5.7 e 5.8).
Figura 5.7
Figura 5.8
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A arma permaneceu em serviço até a década de 80, foi copiada, imitada e
serviu como inspiração para dezenas de modelos de outros fabricantes na Espa-
nha, Suíça, França, Argentina, México, Bélgica, etc... A arma semi-automática Colt
1911 A1 é um arma de ação simples, com cão externo, trava no cabo e outra ma-
nual, miras fixas e carregador com capacidade de 7 cartuchos calibre .45.
O sucesso da arma foi tão grande que ainda é atual, passado quase um sécu-
lo de seu projeto, a Colt segue fabricando sob a denominação 1991 A1 e ela, ou
suas derivações, devidamente preparadas, são as armas que se utiliza no tiro es-
portivo.
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5.2. Partes de uma pistola
A pistola, independente de seu fabricante, tem algumas partes fundamentais
em seu conjunto, e é assim dividido (figura 5.9):
Slide ou ferrolho;
Alça de mira;
Registro de segurança e de-
sarmador do cão;
Massa de mira;
Cão;
Cano;
Alavanca de desmontagem;
Retém do ferrolho;
Gatilho;
Cabo ou coronha;
Guarda mato;
Retém do carregador; e
Carregador.
Vamos então descrever uma pistola, explanando suas principais característi-
cas técnicas, onde podemos citar:
Arma curta (pequenas dimensões);
De porte (pelo seu pequeno volume);
Figura 5.9
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Ação Simples (quando está engatilhada, a cada acionamento do gatilho a arma fica pronta para um próximo disparo);
Semi-automática (faz todo o processo do disparo sem que haja a necessi-dade da ação humana);
Alma raiada (são sulcos dentro do cano);
Recarga por carregador (as munições são colocadas no carregador e este é inserido na arma);
Capacidade de munição de 7 a 19 cartuchos em média (podendo chegar até a 30 munições ou mais nos casos de arma com prolongador no carregador);
É recarregada com carregadores (vulgarmente conhecidos como “pente”);
Após cada disparo os estojos vazios são arremessados para fora da arma através da janela de ejeção. Para se carregar novamente a pistola, basta que o usuário aperte o botão do “retém do carregador” para soltar o carregador vazio e colocar o carregador completo com munições.
Obs.: a pistola é uma arma mais sofisticada que o revólver, tendo como gran-de vantagem o maior poder de fogo em relação ao número de munições e a facili-dade de recarga, porém exige maior técnica do atirador, sendo a pistola a arma que mais provoca incidentes de tiros.
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5.3. Incidentes de tiros com a pistola
Um dos incidentes de tiro ocorridos com a pistola é quando a munição está ve-lha ou úmida e seu disparo não acontece (figura 5.10), sendo que a munição “in-cha” e acaba travada no cano da arma, não sendo possível o disparo nem a troca da munição automaticamente, sendo necessária a intervenção do atirador, retiran-do a munição do cano, e engatilhar novamente a arma deixando-a pronta para um novo disparo.
Outro incidente comum durante o disparo com pistola é quando o estojo vazio
fica preso entre o ferrolho e a janela de extração do estojo (figura 5.11). Esse inci-
dente é chamado de “torre” ou “igreja”. Para extinguir o problema, basta o atirador
dar meio golpe no ferrolho, como fosse engatilhar a arma. Digo meio golpe porque
a munição já está posicionada no cano da arma, e caso o atirador de um golpe
completo, vai substituir uma em condições de uso por outra, causando a perca
desta, podendo fazer falta futura.
Figura 5.10
Figura 5.11
23
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5.4. Manutenção de pistolas
A pistola como já foi dito anteriormente, é uma arma que necessita de uma
maior técnica para seu manuseio, no que diz respeito a sua manutenção não é
diferente.
Por ser uma arma de muitas molas e encaixes milimetricamente perfeita,
qualquer disfunção nesse mecanismo pode danificar o bom funcionamento da ar-
ma.
Uma dica que se é repassada pelos armeiros, quanto à manutenção da pisto-
la, é de fazer a limpeza apenas das peças superficiais, desmontando-a apenas
pelas travas (figura 5.12), evitar desmontar peças que seja necessário a utilização
de ferramentas, e lavá-la com óleo diesel apenas, nunca aplicar vaselina, grafite,
óleo de máquina ou outro produto semelhante.
Obs.: qualquer anormalidade que o atirador perceber no funcionamento da
pistola, procure imediatamente um armeiro, pois qualquer anormalidade pode cau-
sar o travamento da pistola, e infelizmente só veremos isso quando chegar na ho-
ra de usá-la, onde podemos estar defendendo a nossa vida ou de uma pessoa a
qual temos que proteger.
Figura 5.12
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6. ESPINGARDA CALIBRE 12
6.1. O surgimento da Espingarda calibre 12
É uma arma desenvolvida para caça de grandes animais, com seu surgimento
por volta de 1600. A espingarda de dois canos foi apresentada em 1873. As es-
pingardas de repetição, a “pump”, surguiu em 1904, e se tornaram muito popula-
res no início do século XX, onde seus proprietários confiavam tanto em suas es-
pingardas que muitos levaram sua arma particular a Primeira Guerra Mundial ao
invés de rifles, onde foram apelidadas de “trench guns”, ou armas de trincheira em
português.
Desde a criação da espingarda calibre 12, do modelo “pump”, essa vem sendo
muito utilizada e fazendo parte de arsenais militares e de civis, onde sua forma de
tiro, que espalha os chumbos atingindo um campo maior de tiro, conquistando dia-
a-dia mais adeptos.
Podemos fazer uma comparação entre a espingarda calibre 12 e um rifle, no
seguinte sentido, imaginemos que a espingarda calibre 12 é uma lata de spray,
que abrange muito mais espaço em um papel, porém não cobre de tinta na primei-
ra espirrada, já o rifle, podemos comparar a uma caneta, que com apenas uma
passada no papel, faz um risco fino, porém consistente.
Temos outra atribuição à espingarda calibre 12, o impacto psicológico, esse
usado principalmente pelas forças da Segurança Pública no trato com distúrbios
civis, usando-a de forma a intimidar as pessoas pelo seu porte robusto.
25
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6.2. Partes de uma Espingarda calibre 12 “pump”
A espingarda calibre 12, do modelo “pump”, independente de seu fabricante,
tem algumas partes fundamentais em seu conjunto, e é assim dividido (figura 6.1):
Soleira;
Coronha;
Caixa da culatra;
Abertura de ejeção;
Carregador de munição;
Cano;
Massa de mira;
Gatilho;
Abertura do carregador de mu-
nição; e
Telha.
As espingardas têm alguns componentes básicos a serem vistos:
Começando pela parte de trás, quase sempre há uma coronha que permite a
fixação da espingarda nos músculos do ombro. Alguns fabricantes ainda acres-
centam uma soleira no final da coronha, para amortecer o recuo que se sente ao
atirar. Existem espingardas, geralmente do tipo assalto, que possuem coronhas
dobráveis ou até mesmo nenhuma.
Examinando mais à frente, encontraremos todas as partes que são associa-
das ao disparo. Elas incluem o gatilho, que se conecta a mola e ao cão. Algumas
Figura 61.
26
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espingardas possuem um cabo de pistola, que se prolonga abaixo do gatilho. O
cão ativa o conjunto de parafusos e a agulha, que se apóia contra o cartucho a
ser disparado.
Ainda no meio da arma, agora estamos na câmara, onde ocorre o carrega-
mento, descarregamento e o disparo. A câmara pode ser alcançada do lado da
arma. Conectado à câmara está o cano, que é o longo tubo pelo qual passa a
munição ao sair da arma. A espingarda possui um tambor ligado à câmara, que
pode ter o formato de um segundo tubo mais curto abaixo do cano, de um cilindro
ou de cartucho retangular que se prende no cano, chamado de bomba. Pode ha-
ver também uma telha anexa ao tubo mais curto, que é usada para mecanizar
parcialmente o processo de carregamento e descarregamento. Na parte de cima
do cano, você irá encontrar uma saliência, que é usada como mira.
Vamos então descrever uma espingarda calibre 12 “pump” (figura 6.2), expla-
nando suas principais características, onde podemos citar:
Arma longa (de médio porte);
Arma portátil (pode ser transportada por apenas uma pessoa, porém é difícil
sua dissimulação)
Alma lisa (não existem sulcos no interior do seu cano);
Ação dupla (a cada disparo há a necessidade de novamente engatilhar);
De repetição (necessita de força muscular humana para engatilhar);
Com recarga manual (é necessária a recarga de uma munição por vez de
forma manual);
Figura 6.2
27
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6.3. O “Choke”
O Choke é uma ligeira constrição do diâmetro do cano de uma espingarda
próximo à sua boca.
A finalidade do choke é melhorar o agrupamento do chumbo e/ou aumentar
seu alcance útil. Temos 03 tipos de choke, o pleno, modificado e cilíndrico (figura
6.3). Assim, um disparo em um alvo com 30’’ de diâmetro (762 mm) colocado a 40
jardas (36,6 m) de distância da boca da arma, deverá conter cerca de 65/75% do
número de bagos do cartucho original se o choke for pleno, 45/55% se modificado,
e 25/ 35% se for cilíndrico. A figura desta folha mostra os melhores intervalos de
utilização para cada tipo de choke:
Assim é definido cada tipo de chock (figura 6.4):
Choke pleno: é quando se comprimi a saída do cano, então os chumbos saem
mais aglomerados;
Choke modificado: é quando se comprime a saída do cano, em menor propor-
ção em relação ao chock pleno, onde os chumbos saem agrupados, porém atin-
gem uma circunferência maior; e
Figura 6.3
28
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Choke cilíndrico: é quando o cano não mostra diferenças de diâmetros desde
o seu começo até a saída, onde os chumbos se espalham mais que nos outros
tipos de chock. Temos ainda dentro do chock cilíndrico, sua versão aprimorada,
onde já se busca um maior agrupamento dos chumbos.
Figura 6.4
29
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7. MUNIÇÕES
7.1. Como surgiram as munições
As primeiras munições surgiram no século XIX junto com o surgimento das
cartucheiras. Eram feitas inicialmente de papelão, e mais tarde passaram a ser de
latão ou plástico (figura 7.1).
Os cartuchos proporcionaram uma evolução na maneira de se usar o arma-
mento, pela velocidade de remuniciar a arma e pelo poder de fogo adquirido.
Mais tarde com o surgimento das garruchas por volta do século XVI, surgiram
as “balas” (figura 7.2), que eram munições que tinha um tiro mais precisas que os
de cartuchos.
Figura 7.1
Figura 7.2
30
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7.2. Tipos de munição
Existem vários tipos de munição, desde munições para canhão até munições
de calibres pequenos como a 635. Porém mais importante que saber escolher
uma arma para a defesa, é saber escolher o tipo de munição mais adequada para
o uso.
Agora iremos ver vários tipos de projéteis que estão presentes em “balas” e
cartuchos. Verifiquem o modelo do projétil, seu tamanho e peso, onde cada qual
tem uma diferença aerodinâmica e de estrutura, para serem usadas em diferentes
circunstâncias, todas essas (tabela 7.1) retiradas do site da CBC (Companhia Bra-
sileira de Cartuchos) através do site http://www.cbc.com.br/, como segue:
.25 Auto .32 Auto .32 Auto .32 S&W .32 S&WL .32 S&WL .380 Auto .380 Auto 9mm Luger
ETOG ETOG EXPO CHOG CHCV EXPO ETOG EXPO ETOG
.251" 50gr
.311" 71gr
.311" 71gr
.314" 98gr
.314" 98gr
.314" 98gr
.355" 95gr
.355" 95gr
.355" 115gr
9mm Luger 9mm Luger 9mm Luger 9mm Luger .38 SPL .38 SPL .38 SPL .38 SPL .38 SPL
ETOG EXPO EXPP "Flat" CHOG CHOG CHOG CHOG-TP CHCV CSCV
.355" 124gr
.355" 115gr
.355" 95gr
.356" 124gr
.358" 158gr
.358" 158gr
.358" 158gr
.358" 148gr
.358" 158gr
Tabela 7.1
Tabela 7.1
31
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.38 SPL .38 SPL .357 Magnun .357 Magnun .38 Super Auto .38 Super Auto .40 S&W .40 S&W .40 S&W
EXPO EXPO EXPP EXPO CHOG ETOG EXPO ETPP CSCV
.357" 125gr
.357" 158gr
.357" 158gr
.357" 158gr
.356" 160gr
.356" 125gr
.400" 155gr
.400" 155gr
.400" 160gr
.45 Auto .45 Auto .45 Auto .45 Auto .223 .223 .264 (6,5mm) .308
ETOG CSCV ESCV EXPO ETPT EXPT ETPT "Boat Tail" ETOG
.451" 230gr
.452" 200gr
.451" 230gr
.451" 185gr
.224" 55gr
.224" 55gr
.264" 143gr
.308" 110gr
.308 .308 .308 .308 .44-40 .44 Magnun .454 Casull 12 (balote)
ETPT ETPT "Boat Tail" ETPT "Boat Tail" EXPT CHPP EXPP EXPP Chumbo
.308" 150gr
.308" 150gr
.308" 162gr
.308" 150gr
.427" 200gr
.451" 240gr
.451" 260gr
.691" 390gr
Tabela 7.1
Tabela 7.1
Tabela 7.1
32
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O modelo de projétil utilizado é muito importante, pois cada tipo tem uma fina-
lidade. Existem dois tipos mais comuns, os de ponta ogival ou roller point e os de
ponta oca ou stop power. Vamos definir cada um deles.
Ponta ogival ou roller point (figura 7.3) – são os projéteis com as pontas arre-
dondadas, por esse motivo tem poder de penetração.
Ponta oca ou stop power (figura 7.4) – são os projéteis vulgarmente conheci-
dos como “dum-dum”. Esse modelo de projétil tem alto poder de impacto, transfe-
rindo uma enorme carga de energia ao alvo, imobilizando-o imediatamente. Pela
composição de sua ponta, esse modelo reduz as chances de ricocheteio. Outra
vantagem desse modelo de projétil é que não transfixa o alvo.
Para espingardas como a calibre 12, se usam munições do tipo cartucho, que
podem ser carregados de diferentes maneiras, com apenas um chumbo ou com
Figura 7.4
Figura 7.3
33
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vários chumbos (Tabela 7.2). Veja uma demonstração projetada pela CBC, em
que se pode ter idéia de como é carregado um cartucho de espingarda calibre 12.
Número do Chumbo 12 11 9 8 71/2 7 6 5 3 1 T TTT SG Knock Down Balote
Diâmetro em milímetros 1,25 1,50 2,00 2,25 2,38 2,50 2,75 3,00 3,50 4,00 5,00 5,50 8,40 18,65 17,6
Quantidade aproximada de bagos em 10 gramas
870 457 216 151 130 110 83 64 40 27 14 10 2,80 32,0*
gramas a unidade 28,35*
gramas a unidade
Assim entendido, a figura abaixo ilustra a disposição dos bagos de chumbo
colocados no interior do cartucho (figura 7.5).
Tabela 7.2
Figura 7.5
34
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7.3. Munições de revólver
As munições de revólver (figura 7.6) são feitas com latão, com projéteis de to-
dos os modelos e materiais. As munições podem ter cargas normais, a +P (maior
pressão) ou +P+ (pressão ainda maior), essas últimas com pressão de disparo
superior as normais, sendo recomendada a utilização em armas modernas e a-
propriados para resistir às pressões desenvolvidas pelo tiro, ou seja, armas com o
cano reforçado.
Os projéteis mais usados para as munições de revólver são os abaixo mostra-
dos (tabela 7.3).
Figura 7.6
Tabela 7.3
35
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7.4. Munições para pistola
As munições para pistolas (tabela 7.7) são muito parecidas com as de revólve-
res, porém não tem culote. Os projéteis das munições de pistola são dos mesmos
modelos das munições do revólver.
Os projéteis mais usados para as munições de pistola são os abaixo mostra-
dos (tabela 7.4).
Para pistolas a CBC desenvolveu munições com excelência em Stop Power, a
linha Gold (figura 7.8), veja abaixo:
Tabela 7.7
Tabela 7.4
Figura 7.8
36
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Existem também para pistolas, os projéteis das munições da linha Gold (tabela
7.5), desenvolvidas pela CBC, como segue:
Tabela 7.5
37
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7.5. Munições de espingarda calibre 12
As munições de espingarda calibre 12 são do tipo cartucho, e podem ser
constituídas por muitos “bagos” ou chumbos, ou ainda com apenas um chumbo, o
chamado “balote” (figura 7.9).
Esse tipo de calibre também é muito usado para a utilização de munição “não-
letal” e “química”.
Figura 7.9
38
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8. ARMAS NÃO-LETAIS
8.1. Introdução
Arma não-letal foi desenvolvida com o intiuto de provocar situações de
desconforto extremo às pessoas atingidas, fazendo com que sofram a ponto de
interromperem um comportamento violento imediatamente, mas de forma que tal
interrupção não provoque riscos à vida desta pessoa, caso seja usada em
condições normais e forma técnica.
Alguns exemplos de armas não-letais são o gás lacrimogênio, munições com
projéteis de borracha, bastões (tonfa e cassetete), canhões de água, gás/spray
"pimenta" e pistolas elétricas.
A denominação "arma não letal", segundo alguns doutrinadores e juristas, é
equivocada, pois o uso de tais tipos de arma pode provocar invalidez temporária
ou permanente, ou até mesmo a morte, caso utilizadas de maneira excessiva ou
errada. E por esse motivo que alguns há denominam de "armas menos letais" ou
"armas intermediárias".
Seu uso está previsto na doutrina do “Uso Progressivo da Força” devendo ser
usada somente nos casos quando realmente indispensável e na medida e usando
as técnicas necessárias para conter o agressor, sempre com o pensamento de
causar o minimo dano sua integridade.
Portanto, armas não-letais devem ser usadas como um complemento, e não
um substituto, da arma de fogo na atividade de Segurança, seja Pública ou
Privada.
39
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8.2. Bastão tonfa
O bastão tonfa (figura 8.1) é uma arma originária do Japão na ilha de Okinawa
como instrumento de defesa da população, porém inicialmente era apenas uma
ferramenta usada na colheita do arroz.
Na Segurança Pública e Privada, o bastão tonfa se tornou uma das armas
não-letais mais utilizadas, pois é de fácil manuseio e de grande eficiência.
Devemos sempre lembrar que o bastão tonfa é uma arma de defesa, e seu
incorreto uso pode causar danos irreversíveis e até a morte do oponente, e apesar
de ser de fácil manuseio, existem técnicas para seu uso, as quais devem ser rigo-
rosamente observadas pelo Agente de Segurança.
Figura 8.1
40
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8.3. Gás de pimenta
O gás de pimenta ou também conhecido como spray de pimenta, é um arma
não-letal de açao temporária, sendo composto por agentes químinicos que agem
nas mucosas do corpo, ou seja, olho, nariz e boca, podendo ser aderido por mais
partes do corpo caso o oponense esteja muito suado, com os poros abertos.
É uma arma não-letal muito utilizada pela Forças Públicas de Segurança no
contexto de Disturbios Civis, sendo o gás de pimenta um agente lacrimogénio e
que causa grande impacto nas massas.
Existem duas formas de apresentação de gás de pimenta, uma na forma
liquída (figura 8.2) e outra na forma de espuma (figura 8.3). O uso incorreto de
ambos pode causar danos irreversíveis a saúde do oponente, principalmente aos
olhos, podendo causar até cegueira.
O uso correto indicado é de uma distância entre 1,5 e 2 metros, onde se
posiciona o jato na direção do rosto do oponente. Nunca use o gás de pimenta em
locais fechados e sem ventilação.
Apesar de ser um agente com baixo grau de periculosidade, pode causar a
morte do oponente por asfixia.
Figura 8.2
Figura 8.3
41
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8.4. Pistola taser
A pistola taser (figura 8.4) é uma moderna arma não-letal desenvolvida para
produzir no oponente uma descarga elétrica, causando a imobilidade total em mé-
dia de 5 segundos, dependendo do modelo. A distância do tiro também depende
do modelo a ser usado.
O princípio de seu mecanismo é atingir o sistema nervoso do oponente atra-
vés de descarga de corrente elétrica (figura 8.5), causando uma imobilidade mo-
mentânea, tempo suficiente para o Agente de Segurança imobilizar o oponente,
causando a esse o mínimo de lesão.
Sistema Nervoso Central - (cérebro e coluna espinhal) - Centro de comando e processamen-to de informações para a tomada de decisões.
Sistema Nervoso Sensorial - Nervos que transportam as informações do corpo (tempera-tura, tato, etc.) para o cérebro.
Sistema Nervoso Motor - Nervos que trans-portam os comandos do cérebro até os múscu-los para controlar os movimentos do corpo.
Aparelhos de Choque Elétrico - Agem no Sis-tema Nervoso Sensorial, causando dor. Pes-soas muito fortes, ou sob o efeito de dro-gas/álcool, podem ser imunes aos aparelhos de choque elétrico.
Armas TASER - Age no Sistema Nervoso Sensorial e, também, no Sistema Nervoso Motor. Paralisando e derrubando IMEDIATA-MENTE qualquer pessoa, não importando quão forte, treinada - ou mesmo drogada ou embria-gada - esta esteja.
Figura 8.5
Figura 8.4
42
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Essa arma não-letal esta sendo difundida e utilizada no mundo todo, princi-
palmente pela Forças Públicas de Segurança. Os aeroportos foram os primeiros
órgãos a aderirem ao seu uso.
Para melhor entendermos seu funcionamento, vamos visualizar os componen-
tes que forma a pistola taser (figura 8.6).
Confetes de identificação;
Dardos;
Tampas de identificação;
Fiação;
Mira laser;
Cartucho;
Retém do cartucho;
Gatilho;
Massa de mira;
Alça de mira;
Indicador de energia e da-
taport;
Trava de segurança ambi-
destra; e
Compartimento de pilhas.
Figura 8.6
43
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9. LEGISLAÇÃO
A legislação brasileira referente à compra, porte e posse de arma de fogo se
restringem a Lei 10.826 de 22 de dezembro de 2003, e referem-se ao Estatuto do
Desarmamento, que foi regulamentado pelo Decreto nº 5.123 de 01 de julho de
2004.
A Lei 10.826 doutrinou o registro, posse e comercialização de armas de fogo e
munições sobre o SINARM (Sistema Nacional de Armas), definindo crimes, quem
pode comprar e portar arma de fogo, entre outras providências.
Vamos estudar a Lei 10.826 na integra, conforme anexo 03 desta obra.
44
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10. CURIOSIDADES
Veja algumas propagandas das décadas de 30 e 50 de comércio de arma de
fogo nos Estados Unidos, onde a indústria bélica realiza sem discrição alguma.
Beretta Minx: “Meu nome é Beret-
ta. Me leve contigo. Sou calibre 22,
bem petit. Meu tamanho é meu prin-
cipal charme. Encaixo perfeitamente
em seu bolso ou bolsa. Adoraria pas-
sar mais tempo contigo. Me leve junto
para sua companhia e proteção. Uma
coisa fofa sobre mim é que você não
precisa ser um grande homem mus-
culoso para conseguir disparar”.
Colt: “Qual foi à última vez que
você se deu um presente de natal?”
Ammunition: “Faça sua própria
munição. Quatro cartuchos pelo pre-
ço de um”.
45
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Daisy Air Rifles: “Compre essa
carabina de cowboy”. Anúncio de es-
pingarda de pressão voltado para
crianças.
He-Man: “Até que enfim, a novís-
sima He-Man Calibre 22. Fabricado
pela famosa Ithaca Gun, fabricantes
de armas de fogo desde 1880”.
Iver Johnson: “Revólveres não
são brinquedos. Eles atiram e matam.
Você pode precisar apenas uma vez
em sua vida: compre agora e você o
terá nesse momento. Totalmente se-
guro. Disparo acidental impossível”.
46
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Rugger.44: “Carabina Magun
Rugger .44. Boa para matar cervos
do campo”.
Smith & Wesson: “Quando é a-
penas você ou ele, a nova .41 Smith
& Wesson pode salvar sua vida!”
Thompson: "Thompson Subme-
tralhadora. A arma portátil mais efici-
ente que existe”.
47
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Marlin: “Eu atiro para acertar. Eu atiro
com a Marlin 366”.
Ele tem apenas 2.16 polegadas,
o Swiss Mini Gun é o menor revólver
funcional do mundo, completo, inclu-
sive a munição. Dispara com minús-
culas balas de 0.35 polegadas.
Segundo o site oddee.com, este
é provavelmente o maior revólver do
mundo. Réplica do modelo Reming-
ton 1859, ele mede 1,26 metro de
comprimento e foi idealizado por
Ryszard Tobys.
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11. ANEXO
11.1. Anexo 01
O Revólver e as suas Principais Dúvidas
É fácil perceber, mesmo para o observador mais distraído, que a principal Ar-
ma Curta do cidadão brasileiro ainda é o revólver. Ao contrário do consumidor eu-
ropeu, mais afeito às pistolas semi-automáticas, ou o norte-americano, acostuma-
do a possuir sem problemas qualquer tipo de armamento que deseja, nós, os bra-
sileiros, temos uma longa convivência com, basicamente, um só tipo de Arma Cur-
ta. As razões para isso possuem origens econômicas, tecnológicas e sociais, ne-
cessitando muito papel e tinta (ou bits) para ser razoavelmente explicada ao Lei-
tor.
Mas, de maneira simplificada, pode-se afirmar que por falta de opções o con-
sumidor brasileiro se "acostumou" ao revólver e adquiriu, a princípio, certa "resis-
tência" em se adaptar às armas semi-automáticas. Para isso contribui fortemente
o fato das empresas nacionais de Armas Curtas só recentemente se interessarem
por pistolas semi-automáticas e apresentarem uma longa tradição na confecção
de revólveres, mais fáceis e baratos de produção. É de se notar que no histórico
de quase todas as empresas nacionais de Armas Curtas consta que elas foram
fundamentadas na produção de revólveres, a maioria cópias diretas de modelos
norte-americanos.
Do ponto de vista técnico, o revólver também tem a sua preferência nacional
calçada na maior facilidade de adestramento e emprego frente às pistolas semi-
automáticas, a princípio mais complexas de manejo e disparo. Deve-se sempre
notar que poucos são os que lucidamente procuram cursos de Tiro para aprender
corretamente o uso de sua arma pessoal e, nesse caso, o revólver se apresenta
como mais passível de favorecer o "auto-aprendizado".
Recentemente, o mercado de Armas & Munições tem visto o fortalecimento da
posição de algumas pistolas semi-automáticas, notadamente a linha das Forjas
49
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Taurus, as pistolas argentinas Bersa e a austríaca Glock, ambas em calibre .380
ACP.
Atendendo, então, a já comentada "preferência nacional", procurarei respon-
der a maioria das expectativas dos Leitores a respeito do revólver, esse nosso
velho conhecido.
Evolução Gradual
Oficialmente, o primeiro revólver prático e funcional foi desenvolvido pelo cé-
lebre Samuel Colt em 1836 com o seu modelo "Paterson", ao qual se seguiu uma
infindável série de outros produtos, numa evolução contínua e segura. Samuel
Colt teve a feliz idéia de criar uma arma onde diversas câmaras dispostas num
tambor eram automaticamente alinhadas para disparo pela rotação deste. O sis-
tema de municiamento ainda era a ante carga e o disparo se efetuava por inter-
médio de espoletas colocadas em "ouvidos" aparafusados no fundo das câmaras.
Mas, o usuário de um revólver do tipo criado por Samuel Colt, pela maior capaci-
dade de fogo oferecida pelo alinhamento automático das câmaras, não mais fica-
ria restrito a apenas 1 ou 2 tiros, fato muito apreciado numa época em que os
combates geralmente eram sangrentos corpo a corpo.
Com o pleno advento da munição metálica, por volta de 1865, muitas firmas,
hoje grandes e sólidas companhias, começaram a conquista de um vasto mercado
ávidas por Armas Curtas práticas e confiáveis para emprego principalmente na
defesa pessoal. Smith & Wesson, Colt, Remington e Melvin & Huebert, entre ou-
tras, foram empresas que muito floresceram nesse período e concorreram forte-
mente para oferecer cada vez mais produtos que conquistassem maior parcela de
consumidores.
Na virada do século XX, o revólver como Arma Curta de uso pessoal começou
a sentir os efeitos de uma crescente concorrência de outro tipo de armamento com
princípios mecânicos mais elaborados e complexos: a pistola semi-automática.
Por outro lado, as Armas Curtas começavam a ser empregadas em outras ativida-
50
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des tais como Tiro ao Alvo e a Caça de pequeno e médio porte. Assim, o revólver
teve de sofrer aprimoramentos, não somente para atender a evolução tecnológica,
mas também para obedecer aos novos empregos que as Armas Curtas teriam
com seus consumidores.
No advento da geração Magnum, com o lançamento do .357 Magnum pouco
antes do início da 2a Guerra Mundial, o revólver teve grande fortalecimento em
sua posição perante as pistolas, pois a potência de sua munição era algo extraor-
dinário para a época e difícil de ser empregada em mecanismos do tipo semi-
automático. Assim, os revólveres novamente tomavam a dianteira na preferência
do mercado, principalmente após a criação de outras munições de nível Magnum,
tais como o .44 Magnum e .41 Magnum. A partir dos anos 80 essa hegemonia de
emprego de calibres Magnum seria ameaçada pelo aparecimento de pistolas es-
pecialmente desenvolvidas para receber munições de grande potência. Ao revól-
ver restaria a simplicidade de manuseio e a versatilidade de poder operar normal-
mente com uma mesma munição em diferentes níveis de potência, algo problemá-
tico para as armas semi-automáticas, pois estas dependem da energia de recuo
de sua munição para operarem.
O aparecimento do primeiro revólver em aço inoxidável, o Smith & Wesson
Modelo 60 em 1964, foi outra inovação tecnológica de "peso" e a evolução dos
mecanismos de disparo, aperfeiçoados com sistemas de bloqueio automático de
percussão, trouxeram maior segurança no emprego desse tipo de arma.
Como derradeiro avanço tecnológico, pode-se considerar o revólver em titânio
como a última fronteira, embora eu considere as armas da Wesson Firearms (Dan
Wesson), com seus poderosos calibres, estrutura modular e canos removíveis,
como o máximo em termos de evolução.
Mas o revólver possui excelentes predicados e mesmo sofrendo concorrência
das armas semi-automáticas certamente irá permanecer em sólida preferência,
principalmente quando suas características de funcionamento e emprego são bem
compreendidas. Apesar do forte crescimento na preferência das Armas Curtas
51
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semi-automáticas em nosso mercado, percebo, no contato com amigos e leitores,
um permanente interesse nos revólveres. Através de e-mails, telefonemas e con-
versas em clubes pude formar uma lista das principais dúvidas existentes quanto
ao emprego adequado desse tipo de arma e sua posição frente às pistolas. Muitas
dessas dúvidas são também de interessados em adquirir uma pistola semi-
automática, os quais procuram se informar se sua decisão será correta ou mesmo
se encontrará desvantagens na troca. Então, vamos as dúvidas....
1- Quais as vantagens e desvantagens do revólver?
Apesar de ser um mecanismo já próximo do máximo em termos de desenvol-
vimento tecnológico, o revólver apresenta inúmeras vantagens que o fazem pre-
sente em qualquer séria lista de opções de compra. Algumas das principais vanta-
gens residem na já comentada facilidade de manejo, versatilidade de emprego,
rapidez de aprendizado e na intrínseca segurança para o usuário novato.
Por apresentar um mecanismo mais simples e de fácil operação, o revólver é
o ponto básico de todo início de aprendizado com Armas de fogo. Iniciar um nova-
to na prática do Tiro, defensivo ou mesmo desportivo, através de pistolas semi-
automáticas, representa dispêndio de maior esforço na compreensão do manejo
seguro de uma arma e o correto uso desta. Já o revólver, em calibres de baixa e
média potência, facilita o aprendizado de conceitos básicos de segurança e mane-
jo de Armas de fogo e os rudimentos das técnicas de Tiro.
Em termos de segurança, o revólver possibilita a rápida conferência de estar
carregado ou não e, graças aos mecanismos de barra de transferência e/ou blo-
queio, o disparo da arma só se dará caso o gatilho seja efetivamente acionado.
Esse fator, mais a facilidade de empunhadura e disparo, facilitam o emprego do
revólver mesmo por pessoas recém iniciadas no Tiro ou em situações de excessi-
vo "stress".
Outro fator de vantagem para o revólver é sua inerente "condescendência" no
uso de munições de potências e projéteis diferentes. Como esse tipo de arma não
52
Prof. Jair Barbosa Armamento e Munição
depende da munição para operar a seqüência de disparo, qualquer padrão de
combinação é aceito sem problemas de funcionamento. Isto confere suficiente
versatilidade para, num mesmo revólver, colocar-se munição de Tiro ao Alvo, por-
tanto de baixa potência, em conjunto com cargas bem mais "quentes" destinadas
ao uso defensivo.
O fato de o revólver não depender da munição para operar seu mecanismo de
disparo o faz sensata escolha quando o assunto é Segurança pessoal. Embora
nos presentes dias o foco das atenções sejam as semi-automáticas de grande
capacidade de munição, o revólver, com apenas 6 tiros, possui a virtude de não
deixar o seu proprietário com uma arma "travada" por mau funcionamento durante
uma condição de extremo perigo. Se, quando acionado, o revólver percutir uma
munição que não dispare, somente será necessário acionar novamente o gatilho
para se alinhar outra munição pronta para uso. Em tal situação, muitas armas se-
mi-automáticas podem tomar preciosos segundos para se sanar a falha e estar
novamente em condição de emprego. Por esse motivo é que muitos dos policiais
veteranos ainda optam pelo revólver por sentirem mais confiança no seu meca-
nismo e funcionamento.
É certo que a pouca capacidade de munição dos revólveres, frente às pistolas
semi-automáticas, os fazem alvo de algumas críticas em termos de emprego tático
em defesa. As condições de Tiro Defensivo são as mais variadas possíveis e mui-
tos preferem confiar em armas de grande capacidade de munição ao invés de en-
frentar situações com a "desvantagem" de possuírem apenas 6 tiros.
Outro ponto de crítica é quanto ao volume apresentado pelo revólver frente à
nova geração de pistolas semi-automáticas super compactas. Neste ponto, não há
muito que fazer, pois não se pode reduzir mais o perfil de um revólver sem reduzir
também o número de tiros em seu tambor.
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2- Qual tipo de arma é mais segura: revólver ou pistola?
Em toda a longa historia de desenvolvimento do revólver seu mecanismo in-
terno sofreu aperfeiçoamento gradual no sentido de torná-lo cada vez mais um
mecanismo confiável e seguro de emprego. Mas nem sempre foi assim e muitos
revólveres de concepção e projeto mais antigos eram verdadeiras "armadilhas" em
termos de disparos acidentais.
Com o aparecimento das armas semi-automáticas no início do século, o revól-
ver tradicional começou a ser comparado perante um mecanismo de operação
mais sofisticado e ao mesmo tempo complexo de manejo, mas que possuía diver-
sos sistemas de segurança. Esses sistemas de segurança em armas semi-
automáticas expunham mais as falhas do revólver quanto a ser mecanismo confi-
ável para o usuário, forçando uma efetiva evolução.
Diversos sistemas de bloqueio do mecanismo de disparo foram desenvolvidos
ao longo dos anos visando evitar o acionamento do revólver por crianças ou pes-
soas desautorizadas. Desde travas de mão, do tipo empregado nas pistolas Colt,
até fechaduras especiais, vários sistemas bloqueadores foram sendo lançados
para tornar a guarda e manuseio de revólveres mais seguro. O mais recente de-
senvolvimento é apresentado pelas Forjas Taurus, que bloqueia o cão do revólver
pelo simples travamento do acionamento do cão da arma, fazendo uso de uma
chave especial.
O mecanismo de disparo de um revólver moderno é hoje tido como algo alta-
mente desenvolvido em termos de segurança, pois em seu projeto são estudadas
formas de bloquear o disparo da arma em caso de queda acidental ou percussão
da munição sem que seja intencionalmente acionado o gatilho. Com isso, o revól-
ver pode ser considerado um mecanismo de emprego seguro, desde que sempre
mantido em suas características originais e em bom estado de conservação.
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3- Disparos em "seco" afetam o mecanismo?
Houve épocas em que o cão de um revólver tinha o pino de percussão como
uma extensão fixa de seu corpo. Assim, o impacto da percussão era transferido
diretamente para a espoleta da munição, garantindo mais confiabilidade de sua
ignição. Isso também significava que, sem munição na câmara, o cão e seu pino
percussor batiam por inteiro no chassi da arma, muitas vezes quebrando-se em
partes devido as precárias técnicas de têmpera daquelas épocas. As técnicas de
têmpera e a qualidade dos materiais mudaram muito durante os quase 160 anos
de desenvolvimento do revólver, mas o medo de se disparar em "seco" e ter uma
arma danificada permaneceu até os dias de hoje.
Com os excelentes sistemas de disparo e a qualidade dos materiais encontra-
dos nos dias de hoje na maioria das armas, revólveres ou mesmo pistolas, é ple-
namente seguro o disparo em "seco" sem o comprometimento da integridade do
mecanismo. O único senão é feito quanto as armas em calibre .22 de fogo lateral
(rimfire) pois nesse tipo de munição a forma de ignição da espoleta se dá na late-
ral do estojo e o pino percussor deve "picotar" a borda do mesmo tendo a beirada
da câmara como anteparo. Repetidos disparos em "seco" com armas em .22
"Rimfire", nos tradicionais calibres .22 Short, .22 Long Rifle ou .22 Magnum, resul-
tarão, invariavelmente, em deformação da lateral da câmara pela "batida" direta do
percussor sem o amortecimento da borda do estojo.
Quanto aos revólveres de fogo central, o disparo em "seco" é até recomenda-
do por alguns especialistas tais como o famoso Atirador John Saw e o articulista
Dick Metcalf, da conceituada revista norte-americana "Shooting Times". De acordo
com essas abalizadas opiniões, o tiro em "seco" é indicado como a forma mais
racional de "acomodar" o mecanismo de disparo em armas novas além de servir
como excelente treino para o Atirador ao habituá-lo com o "peso" e curso de acio-
namento do gatilho. Mesmo assim, deve-se recomendar parcimônia nesse tipo de
atividade, pois o mecanismo de disparo e a estrutura da arma estarão sendo exi-
gidos de uma forma para a qual não foram necessariamente preparados.
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4- O que é melhor: percussor fixo ao cão ou flutuante?
Nos presentes dias existem dois sistemas de percussão num revólver: o dire-
to, representado por armas do tipo Smith & Wesson e Rossi, e o sistema de per-
cussão indireta ou flutuante, encontrado em armas da Taurus, Colt e Ruger, por
exemplo.
No sistema de percussão direta, o pino percussor localiza-se no cão, como
nas antigas armas do século passado, mas possui movimento suficiente para im-
pedir que se quebrem quando percutir uma câmara vazia. Quando liberado pelo
gatilho, o cão e seu percussor atingem diretamente a espoleta. No caso do siste-
ma de percussão indireta o cão atinge uma barra de transferência a qual faz um
pino percussor flutuante detonar a espoleta.
O sistema de percussão direta é confiável quanto a poder atingir a espoleta
mesmo quando a arma estiver com excessiva sujeira e o sistema indireto se apre-
senta como mais lógico de construção e menos sujeito a quebras. Ambos são sis-
temas igualmente confiáveis de emprego e convivem em paralelo, de acordo com
a filosofia tecnológica adotado pelas empresas que o usam em seus projetos.
5- Devo amaciar o gatilho de meu revólver?
Ajustar o gatilho de qualquer arma para atender preferências pessoais é algo
plenamente possível e justificável. Como toda máquina de uso individual, o revól-
ver pode receber "afinamentos" que o tornam mais adaptáveis às necessidades de
seu usuário, facilitando o emprego. Contudo, certas regras de bom senso devem
ser seguidas no "amaciamento" de um gatilho visando garantir resultado positivo,
não prejudicar a arma e nem causar acidentes irreparáveis.
Diversos especialistas em Armas curtas recomendam que não se inicie ne-
nhum tipo de "amaciamento" antes da arma disparar aproximadamente 500 tiros.
Esses tiros podem ser substituídos por algumas centenas de disparos "em seco"
pois a intenção desse trabalho é fazer com que o mecanismo interno da arma se
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movimente repetidamente, perdendo aquela "dureza" e rebarbas de peça nova
recém saída da linha de montagem. Partir para "amaciar" gatilhos de revólveres
sem uma etapa de acomodação do mecanismo de disparo pode trazer decepções
quanto ao resultado final.
O passo seguinte será estudar junto a um armeiro competente os "pesos" de
gatilho desejados sempre tendo em mente que gatilhos excessivamente "leves"
são mais adequados à prática de Tiro ao Alvo e podem causar acidentes quando
indevidamente empregados. Também deve-se alertar que cortar aleatoriamente e
sem conhecimento alguns elos das molas internas do mecanismo de disparo pode
ser uma fonte segura de dor de cabeça. Como as molas trabalham em equilíbrio,
somente um armeiro experiente poderá saber como "aliviar" o peso do gatilho e
polir as peças internas de maneira correta.
Pessoalmente prefiro gatilhos com 900 a 1000 gramas para ação simples e
algo em torno de 4500 gramas para ação dupla.
6- Porque tiros com munições diferentes causam variações no alvo?
As Armas Curtas reagem imediatamente e em proporção à energia de recuo
produzida pela sua munição. Esse fenômeno já foi assunto de extenso artigo com
o título "Administrando o recuo" na edição nº 31 de MAGNUM. Naquele artigo foi
explicado que a variação de concentrações dos impactos com uma mesma arma e
munições diferentes está relacionada à ação do recuo. Como o revólver começa a
se movimentar tão logo a munição é disparada, o projétil mais pesado leva maior
fração de tempo para sair do cano e deixá-lo quando o mesmo estiver em movi-
mento de ascensão. Por outro lado, projéteis mais leves deixam o cano mais rapi-
damente e tendem, por esse motivo, a se concentrar em pontos mais baixos dos
agrupamentos obtidos pelos projéteis pesados. Esse efeito é mais aparente nos
revólveres pois eles possuem uma maior diferença entre a linha imaginária do
centro do cano e o eixo do braço do Atirador.
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Como num mesmo revólver é possível empregar inúmeras variantes de muni-
ções em diferentes níveis de potência, é também recomendado que o usuário trei-
ne constantemente com sua arma, principalmente se esta for utilizada em Defesa
Pessoal e possuir miras fixas.
7- Cano maior tem vantagem?
Essa questão será sempre relacionada ao emprego destinado à determinada
arma. Ninguém deve esperar que aquele seu revólver de 4 polegadas seja um
"ferramenta de múltiplo uso" e sirva para a prática de todas as atividades do Tiro.
Mesmo os revólveres de constituição equilibrada como aqueles em calibres Mag-
num e cano de 6 polegadas, terão mais vantagens de emprego em determinadas
atividades do que em outras.
Todos sabem que o comprimento de cano pode favorecer o aproveitamento
da potência da munição por oferecer mais espaço para a expansão dos gases e
aceleração do projétil. Mas daí a pensar que um revólver com cano de 8 polega-
das de comprimento pode ser a resposta definitiva como armamento de Seguran-
ça Pessoal, se afigura como um exagero sem propósito.
Mesmo sendo compactos e de fácil porte e dissimulação, revólveres com
comprimento de 2, 2 1/2 e 3 polegadas de cano não conseguem acelerar plena-
mente sua munição. Por esse motivo não se deve esperar que certas munições do
tipo "ponta oca" funcionem com eficiência total, pois esses projéteis necessitam
atingir determinada faixa de velocidade para se expandir.
O comprimento de 4 polegadas se aproxima da medida ideal para emprego
em situações de Defesa por favorecer um equilíbrio entre aproveitamento de mu-
nição, relativa facilidade de porte e maleabilidade. Embora apresentem desemba-
raço em ação, armas com canos de 4 polegadas de comprimento somente serão
eficientes em caça de médio porte se forem em calibres Magnum. Para Tiro de
precisão então, os revólveres de 4 polegadas de cano não conseguem apresentar
os mesmos resultados que armas com comprimento superior.
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Canos de 6 e 8 polegadas são mais indicados para a prática de Tiro Desporti-
vo e Caça, por favorecer a precisão e aproveitamento da potência da munição. Em
Defesa, esses comprimentos de cano tornam-se desconfortáveis e de emprego
desajeitado.
8- Empunhaduras anatômicas valem à pena?
Como acontece com o "amaciamento" do gatilho, a empunhadura de uma ar-
ma pode se escolhida ou adaptada para se ajustar às exigências ou ergonomia de
seu proprietário. Para isso existem diversos fabricantes e artesãos especializados
em empunhaduras, oferecendo uma vasta gama de produtos de forma a atender
qualquer gosto e orçamento. O assunto foi extensamente comentado na edição nº
31 de MAGNUM no artigo "Empunhaduras de Armas Curtas", onde procurei des-
crever todos os pontos e detalhes desse tipo de componente e apresentar os seus
principais fabricantes.
Empunhaduras em plástico, borracha ou neoprene são ideais em "peças de
serviço" por resistir a maus tratos e favorecer a aderência na mão da pessoa,
mesmo em situações de umidade e "stress". Por outro lado, empunhaduras de
madeira são imbatíveis em beleza e acabamento, apresentando ainda a vanta-
gem, nas mãos um bom artesão, de serem adaptadas às necessidades ergonômi-
cas de seu usuário.
Pessoalmente, tenho preferência para desenhos do tipo "Combat", com enta-
lhe para dedos, pelo fato dessa empunhadura ser de fácil emprego em qualquer
atividade do Tiro.
9- Devo portar uma câmara vazia como forma de segurança?
Isso ainda é um assunto polemico, com raízes na época em que os revólveres
tinham percussor fixo no cão e não possuíam sistema de travamento no mecanis-
mo de disparo. Em revólveres "antigos", de fabricação antes dos anos 70, era
mais seguro portar uma câmara vazia, na posição do percussor, de maneira a se
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evitar que este ficasse em contato com a espoleta da munição e viesse a disparar
acidentalmente em caso de queda da arma. Hoje em dia esse tipo de procedimen-
to é dispensável, pois todos os revólveres modernos saem de fabrica com um a-
perfeiçoado sistema de disparo, portando bloqueadores de percussão, os quais
impedem o disparo acidental, a não ser que se esteja pressionando o gatilho.
Algumas instituições policiais do Brasil exigem dos seus membros o porte de
suas armas com uma câmara vazia para prevenção de acidentes, visto que esse
fato já foi ocorrência relativamente comum no passado. É de se adiantar que em
muitos desses casos de disparos acidentais, a maioria por queda das armas, se
deu com revólveres em má conservação, modelos antigos ou com adiantado des-
gaste. É certo que, para essas instituições, o uso de uma câmara vazia aumenta a
segurança do revólver, mas por outro lado, deixa o policial em situação de desvan-
tagem em questão de volume de fogo frente a bandidagem.
10- Quantos tiros meu revólver "agüenta"?
É comum surgir perguntas tais como "quantos mil tiros posso dar?" ou "meu
revólver agüenta tantos mil tiros?". Como qualquer outra ferramenta, o revólver
tem um nível de desgaste de acordo com a forma de emprego e grau de conser-
vação. Se o proprietário de uma Arma de fogo somente fizer uso de munição "soft"
para Tiro ao alvo, seu revólver (ou pistola) poderá disparar dezenas de milhares
de tiros antes de começar a sair dos padrões de tolerância. Se, no entanto, o ati-
rador somente fizer uso de munições "quentes" em sua arma, esta certamente
terá um tempo de vida útil menor e deverá ser avaliada periodicamente quanto à
exatidão de seu funcionamento. Esse desgaste será mais agravado se o atirador
conservar mal sua arma, por desleixo ou por erros nas etapas de limpeza.
Num revólver, o desgaste pode ser observado nas folgas entre o tambor e o
cano, além de uma excessiva erosão no cone de forçamento do cano. Outras par-
tes podem ser afetadas, tais como a força de ação das molas e a condição física
do pino percussor. No entanto, mesmo com o emprego de munições de alto de-
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sempenho, somente será aparente alguma forma de desgaste após 4 ou 5 mil ti-
ros, valor raramente alcançado pelo cidadão comum.
E qual o limite de uma Arma de fogo? O limite de emprego, ou seja, quando
uma arma deve ser analisada quanto ao seu desgaste, se dará no momento em
que as suas principais partes começarem a apresentar folgas e desalinhamento,
comprovando que as tolerâncias normais encontram-se comprometidas. Nesse
estágio, alcançado após milhares de tiros, o proprietário deve levar sua arma a um
competente armeiro para avaliação, possíveis ajustes e reparos. Como forma de
ilustração, já tive em mãos um bem conservado revólver Smith & Wesson com
mais de 145.000 tiros, o qual, após o devido recondicionamento, pôde continuar
atirando normalmente. De uma maneira razoável, pode-se considerar algo entre
5.000 e 10.000 tiros como um tempo de vida normal para uma Arma de fogo, o
mesmo que rodar 100.000 km com um automóvel.
Por José Joaquim D'Andrea Mathias
Versão atualizada de artigo originalmente publicado na Revista Magnum edi-
ção no 42.
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11.2. Anexo 02
As Origens Históricas do Bastão Tonfa
Por nossos conhecimentos de Artes Marciais e dedicação a especialização do
magistério de um sistema de Defesa Pessoal Policial Especializada, tivemos a
oportunidade de visitar várias Corporações, Órgãos e empresas que se utilizam da
Tonfa, e tivemos uma péssima impressão, pois muitas vezes os profissionais aca-
bam causando lesões corporais em outros e até mesmo se auto agredindo, ou por
muitas vezes deixando de utilizar de um material eficiente, por achar dificuldades
na utilização, ou por medo. Muitos desses profissionais perderam a Tonfa em o-
corrências, e conseqüentemente pagam outra para o órgão em que trabalham.
A Tonfa tem sua origem no Kobudô Japonês, que é o estudo das técnicas an-
tigas de artes marciais japonesas, mais precisamente teve sua origem na ilha de
Okinawa para defesa de seus habitantes. A Tonfa passou por um processo de
evolução e teve vários nomes, como: TWNFA, TUINFA, TONKUWA, TUNFA,
TUIFA e TONGWA. A hipótese mais aceita pelos especialistas no assunto é de
que inicialmente era uma ferramenta agrária utilizada na colheita de grãos, mais
precisamente para descascar e moer arroz, na confecção do saquê, uma bebida
muito popular consumida neste país.
Foi então uma arma improvisada, oriunda da necessidade de defesa, não era
uma arma de guerra, veio da adaptação de ferramentas agrárias como tantas ou-
tras armas do repertório do antigo Kobudô, há ex. do Nunchaku (vara articulada de
descascar grãos), o Sai (Tridente usado para plantar grãos), Ekudi (Remo dos
barcos de pesca) e a Kama (pequena foice de colher arroz). Uma curiosidade so-
bre a Tonfa é que com o passar do tempo não era incomum vela sendo usada
como cabide para pendurar kimono nos antigos Dojôs. Penso que faziam isto para
ocultar seu verdadeiro propósito dos inimigos.
Estas armas até então improvisadas, tiveram sua pratica associada ao Karate
(Caminho das Mãos Vazias) e ao Kempo (Mão da China), pois eram as artes mar-
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ciais praticadas naquele tempo em Okinawa como defesa pelos habitantes, duas
Tonfas eram freqüentemente usadas simultaneamente, e era uma arma muito efi-
ciente contra ladrões, posteriormente, devido a sua eficiência acabou sendo incor-
porada por outros sistemas de lutas e sendo difundida pelo mundo também no
Kung Fu (Chinês), no Tae Kwan Do (Coreano) e em outras artes Marciais. Obser-
vando-se que a Tonfa era apenas um instrumento agrário, começamos a imaginar
como é que se tornou um instrumento de defesa. Esta é uma história muito bonita
e interessante.
A China é herdeira de uma civilização com mais de 4 mil anos de registros his-
tóricos contínuos, mas que só no século XIII mantém contato freqüente com o O-
cidente, por intermédio de mercadores, como o veneziano Marco Pólo.
A Tonfa era chamada de Tonkuwa na antiga China, era um instrumento utili-
zado para bater grãos de arroz nas lavouras. Durante a Invasão japonesa na Chi-
na, o Imperador japonês confiscou todas as armas que estivessem em mãos dos
chineses, a fim de evitar possíveis rebeliões, estratégia usada pelos EUA na ocu-
pação do Japão na 2ª Guerra Mundial.
Até a segunda metade do século XIX, o Japão resiste ao imperialismo ociden-
tal. Em 1874, o Japão envia tropas contra Taiwan para testar a resistência chine-
sa. Porém por normas fundamentadas pelo Reino Unido os japoneses retiram su-
as tropas da China.
O expansionismo japonês volta a se manifestar em 1879 com a anexação das
ilhas Ryukyu, sob protesto chinês. O principal objetivo do Japão, porém, é a Co-
réia, que ocupa posição estratégica e possui grandes reservas minerais, especi-
almente de carvão e ferro. A China, também busca consolidar sua influência nessa
região. Surgem confrontos armados entre facções coreanas pró-China e as favo-
ráveis ao Japão. Os dois países enviam tropas para conter o conflito. Os japone-
ses insistem em permanecer na Coréia, o que a China considera uma agressão a
seus interesses.
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A guerra começa em agosto de 1894 com o bombardeio de barcos japoneses
pelas forças navais chinesas. O Japão contra-ataca derrotando o adversário. No
início de 1895 invade também a Manchúria e a província de Chan-tung, toma porto
Arthur e controla o acesso marítimo e terrestre a Pequim. A China sofria basica-
mente um processo de escravidão, tudo que se produzia naquele país era para
benefício do Japão. Todos na China já estavam exaustos com a exploração japo-
nesa, pois se tornaram escravos do Japão.
Um dia um jovem agricultor da ilha de Okinawa até então tomada pelo império
do sol nascente e mesclada culturalmente à China, foi agredido em praça pública
por um ocupante japonês, cansado de apanhar, não teve outra escolha a não ser,
tomar a Tonkuwa (Tonfa) das mãos de uma das mulheres que batiam arroz para
se defender do Bo, ou seja, a vara longa, usada naquela época pelos ocupantes
japoneses. Brilhantemente o rapaz conseguiu se safar do ataque. Foi um fato que
jamais saiu da mente dos que presenciaram a cena. Completamente inovador e
genial. Quem diria, um instrumento agrário, virando um instrumento de defesa?
Nascia para os habitantes de Okinawa que se refugiavam nas lavouras, a espe-
rança de serem livres... Estes passaram a se utilizarem de várias outras ferramen-
tas agrárias, tais como a vara longa (BO), o tridente (SAI), e a foice (KAMA), além
dos remos dos barcos dos pescadores (EKUDI) e até mesmo dos malhos de grãos
(o popular NUNCHAKU) como armas para se defenderem dos japoneses. O Ja-
pão vence a China na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), em que disputava o
controle da Coréia. A paz é selada em 1895 pelo Tratado de Shimonoseki. A Chi-
na é obrigada a reconhecer a independência coreana e a pagar indenização de
guerra ao Japão, além de ceder territórios e abrir quatro portos ao comércio japo-
nês. Com a vitória militar, recebe as ilhas de Taiwan (Formosa) e dos Pescadores,
além de volumosa indenização. Por manter o interesse na Coréia, o Japão entra
em guerra com a Rússia (1904-1905). Novamente vitorioso, consolida-se como
potência e inicia sua expansão imperialista.
Devido à vitória do Japão na Guerra Sino-Japonesa, muitos chineses e corea-
nos imigraram para o Japão, levando consigo a bagagem do conhecimento das
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artes marciais, e também a história do rapaz que havia vencido um samurai com
uma Tonfa.
Durante a Segunda Guerra Mundial o governo militarista japonês alia-se à A-
lemanha e à Itália em 1940 e ocupa a Indochina francesa no ano seguinte. A ex-
pansão militar coloca o Japão em choque com os EUA.
Em dezembro de 1941, os japoneses realizam um ataque-surpresa e destro-
em a esquadra norte-americana ancorada em Pearl Harbor, no Havaí. O Japão
toma o sudeste da Ásia e a maior parte do Pacífico Ocidental, mas é derrotado
pelas forças aliadas e retira-se das áreas ocupadas. A rendição só acontece em
setembro de 1945, após a explosão das bombas atômicas jogadas pelos EUA nas
cidades de Hiroshima e Nagasaki. Os norte-americanos ocupam o Japão até abril
de 1952 e impõem uma Constituição e um sistema de governo nos moldes da de-
mocracia ocidental. O Japão assina em 1954 um tratado de defesa mútua com os
EUA, que inclui a instalação de bases militares norte-americanas. As instituições
políticas conservam, porém, certas características anteriores, como a tradição de
lealdade ao chefe.