Apostila de Doutrinas Biblicas Basicas

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APOSTILA DE DOUTRINAS BÍBLICAS BÁSICAS Claiton André Kunz 2011

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APOSTILA DE DOUTRINAS BÍBLICAS

BÁSICAS

Claiton André Kunz

2011

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© 2011, Pr. Claiton André Kunz – Faculdade Batista Pioneira

2I - BÍBLIA

A palavra "Bíblia" deriva da palavra grega biblion (rolo ou livro). Mais exatamente,

um biblion era um rolo de papiro (uma planta semelhante a uma taquara, cuja casca interna era secada, para se tornar um material de escrita de uso generalizado no mundo antigo). Hoje a palavra tem uma conotação mais significativa: refere-se ao Livro por excelência, o registro conhecido da revelação divina.

1.1 – REVELAÇÃO * Pode alguém conhecer em profundidade a Deus? (Zofar – Jó 11.7). DEUS: Criador (Gn 1.1), existe livremente, separado da existência do homem. HOMEM: foi criado (Gn 1.27) e está em completa dependência de Deus. Diferença de existência, conhecimento (só Deus conhece verdadeiramente a Si mesmo;

nosso auto-conhecimento não inclui o conhecimento de Deus) e no aspecto moral/espiritual. Solução: Deus precisa se revelar. 1.1.1 - Revelação Geral: Meios: Criação (At 14.15-17; Rm 1.19-20);

História (Dn 2.21); Consciência (Gn 1.26-27; Rm 2.14-15; Jo 1.4,9).

Efeitos: Proporciona conhecimento de Deus; Dá base para a vida moral da sociedade (Rm 2.14-15); Torna o homem culpado diante de Deus (Rm 1.20); Favorece o entendimento da revelação especial. 1.1.2 - Revelação Especial: É o desvendamento que Deus faz de si mesmo, dentro da história da salvação e na

palavra interpretativa das Escrituras. Meios: Hb 1.1-3 = “Muitas vezes e de muitas maneiras”. 1) Sorte: At 1.21-26 (escolha de Matias);

2) Teofanias: Ex 3.2 (manifestação visível/audível de Deus + Anjo do Senhor); 3) Urim e Tumim: Ex 28.30; 4) Anjos: Lc 2.10; 5) Eventos: Ez 25.7; 6) Profetas e Apóstolos: Ef 3.5; 7) Sonhos: Gn 31.11ss (Jacó); Mt 2.12 (José); 8) Milagres: Ex 4; Jo 5.36; 9) Verbo Encarnado: Jo 1.1,14,18; 10) Visões: At 10 (Pedro e Cornélio), Apocalipse; 11) Escrituras: registro das revelações, para as gerações seguintes. 1.2 – INSPIRAÇÃO - Examinar: 2 Tm 3.16 e 2 Pe 1.21 = a Palavra é inspirada; homens são movidos. - Inspiração é a “Influência sobrenatural, exercida pelo Espírito Santo, sobre homens

divinamente esco-lhidos, em virtude da qual seus escritos tornaram-se fidedignos e autoritários” (Carl F. H. Henry)

1.3 - CANONIZAÇÃO Por canonização (canonicidade) das Escrituras queremos dizer que, de acordo com

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3“padrões” determinados e fixos, os livros incluídos nelas são considerados partes integrantes de uma revelação completa e divina, a qual, portanto, é autorizada e obrigatória em relação à fé e à prática. A palavra grega kanon derivou do hebraico kaneh que significa junco ou vara de medir (Ap 21.15); daí tomou o sentido de norma, padrão ou regra (Gl 6.16).

A canonização de um livro da Bíblia não significa que a nação judaica ou a igreja tenha dado a esse livro a sua autoridade canônica; antes significa que sua autoridade, já tendo sido estabelecida em outras bases suficientes, foi consequentemente reconhecida como pertencente ao cânon e assim declarado pela nação judaica e pela igreja cristã. Os critérios para tal, eram:

1) Autoria: escrito por um dos apóstolos ou alguém relacionado; por profeta, etc. 2) Universalidade: o livro deveria ser aceito universalmente pela igreja ou sinagoga. 3) Conteúdo do Livro: o livro deveria possuir qualidades espirituais, sem qualquer ficção. 4) Inspiração: O livro deveria possuir evidências de inspiração. O Sínodo de Jamnia (90 d.C) reconheceu oficialmente os livros do Antigo Testamento e o

Concílio de Cartago (397 d.C.) reconheceu os 27 livros do Novo Testamento. 1.4 - PRESERVAÇÃO É a operação divina que garante a permanência da Palavra Escrita, com base na aliança que

Deus fez acerca de Sua Palavra eterna (Sl 119.89,152; 1 Pe 1.23). Os céus e a terra passarão (2 Pe 3.10), mas a Palavra de Deus permanecerá (Mt.24:35; Is 40.8).

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II - DEUS "Sendo Deus um ser infinito, é impossível que qualquer criatura o conheça exatamente como

ele é... Conhecer a Deus em sua plenitude seria tão difícil como encerrar o Oceano Atlântico numa xícara. Mas Ele se tem revelado a Si mesmo o suficiente para esgotar a nossa capacidade” (Myer Pearlman)

Ver Is 40.25-31: Tais expressões engrandecem e revelam o caráter de Deus. Mas esta não é senão apenas parte de um capítulo do Antigo Testamento. Somando-se todo o Antigo e o Novo Testamento, tem-se uma fonte rica e viva, pela qual entendemos as “propriedades” e “virtudes” do nosso Deus.

2.1 - DEFINIÇÕES DE DEUS: Do ponto de vista bíblico, geralmente se concorda que é impossível dar uma definição

rigorosa da idéia de Deus. Definir, que significa limitar, envolve a inclusão do objeto dentro de uma certa classe ou proposição universal conhecida e a indicação dos seus aspectos distintivos comparados com outros objetos daquela mesma classe. Visto que Deus é único e incomparável (Is 40.25), não há nenhuma categoria universal a que possa ser comparado ou classificado. Ao invés de uma definição geral de Deus, a Bíblia apresenta descrições de Deus, conforme Ele se tem revelado.

2.2 - O SER DE DEUS Quando falamos em essência ou natureza de Deus, queremos significar tudo o que é essencial

ao Seu Ser como Deus, isto é, substância e atributos.

2.1.1 - Substância de Deus - Há dois tipos de substâncias: matéria e espírito. - Deus é uma substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem mistura com a

matéria (Jo 4.24). Algumas verdades, segundo a descrição bíblica: * Deus é Espírito: Jesus afirmou expressamente: "Deus é Espírito" (Jo 4.24). Sendo

Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais e espaciais (Dt 4.15-19,23; Hb 12.9; Cl 1.15; 1 Tm 1.17; 2 Co 3.17). Quando as Escrituras falam do olho, do ouvido, da mão de Deus, etc., falam metaforicamente. A isto dá-se o nome de antropomorfismos. Igualmente quando se fala em sentimentos como tristeza, alegria, ira, etc., as Escrituras falam metaforicamente, sendo considerados como antropopatismos.

* Deus é Pessoa: Thiessen afirma que a autoconsciência e a autodeterminação são a essência da personalidade. Os escritores sacros atribuem tanto a autoconsciência (Ex 3.14; Is 45.5; 1 Co 2.10) quanto a autodeterminação (Jó 23.13; Rm 9.11; Hb 6.17) a Deus. A Bíblia também mostra Deus como tendo as características psicológicas da personalidade: Razão (intelecto = pensar; Ex 3.7; Is 14.24; 55:8); Volição (vontade = querer; Is 46.10; Ap 4.11); e Emoção (sensibilidade = sentir; Gn 6:6; I Rs 11:9; Pv 6:16; Jo 3.16).

* Deus é vida: Deus tem vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (Jo 10.10; 2 Cr 16.9; At 14.15; 1 Ts 1.9). Deus é vida (Jo 5:26; 11.25,26) e o princípio de vida (At 17.25,28).

2.2.2 - Atributos de Deus

Pode-se falar sobre os “atributos” de Deus, referindo-se às qualidades que se podem atribuir ao caráter divino. Embora não exista atributo que possa expressar adequadamente o Ser de Deus, muitos dos apresentados nas Escrituras servem ao propósito de transmitir uma digna impressão tanto de Sua transcendência como de Sua imanência.

Devemos ter cuidado para não confundir a substância do Ser com os seus atributos, porque são coisas diferentes. A substância constitui o ser; os atributos revelam o ser. Entretanto, os atributos são inerentes ao Ser (inseparavelmente ligados). Assim, "substância" e "atributos" são

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5distintos, porém, inerentes.

2.2.2.1 - Atributos Naturais: a) Auto-existência: b) Imutabilidade: c) Infinidade ou Imensidade: d) Eternidade: e) Onipresença: f) Onisciência: g) Onipotência: h) Unidade:

2.2.2.2 - Atributos Morais: a) Santidade: b) Justiça: c) Amor: d) Benevolência: e) Graça: f) Misericórdia: g) Verdade: Conclusão Ao final de tudo poderíamos dizer que a melhor definição ainda é que “Deus é Deus”. Ou

então usando Suas próprias palavras: “Eu SOU o que SOU” (Ex3.14). 2.3 - A TRINDADE DE DEUS

2.3.1 - Pressupostos para a Trindade

a) O Monoteísmo: Há um só Deus (Ex 20.2-3; Dt 4.35; 6.4; Is 43.10; 44.6; 45.22; Mc 12.37; Rm 16.27; 1 Co 8.4; 1 Tm 1.17; 2.5).

b) A Divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo: a Bíblia mostra a deidade absoluta do:

- Pai: Ef 1.2; 4.6 - Filho: Jo 1.1; Hb 1.8 - Espírito Santo: At 5.3-4

OBS: a Bíblia mostra que cada uma destas pessoas é distinta das outras em vontade, sentimentos, inteligência, etc. (Lc 22.42; 1 Co 12.11).

Como conciliar estas duas verdades?

* São 3 pessoas, mas não podemos separá-las:

* Há um só Deus em 3 eternas “pessoas”

I + I + I Adão + Eva + Sebastião

I I I

Pai Filho

Esp. Santo

São três centros de autoconsciência. Ao contrário do homem que tem um só.

Em Deus, são 3 pessoas distintas, com

a mesma essência e atributos.

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6Uma outra tentativa de compreensão da Trindade, é a água. Esta pode manifestar-se em três

formas diferentes: líquida, sólida e gasosa. Não obstante, continua sendo da mesma essência: H2O.

2.3.2 - Definição de Trindade “Deus é um só, mas em Si mesmo e desde a eternidade Ele é Pai, Filho e Espírito Santo, o

Deus Trino e Uno. Há em Deus três personalidades distintas e divinas, sendo cada uma igual à outra quanto à natureza. No entanto, não há três deuses: Deus é um só”.

2.3.3 - Manifestações da Trindade - No batismo de Jesus Cristo: Mt 3.16-17 - Na fórmula batismal: Mt 28.19 - Na bênção apostólica: 2 Co 13.13 Ver ainda: Ef 4.4-6; 2.18; Jo 14.26; 15.26; 1 Pe 1.2 * Uma prova contundente da Trindade: Is 6.1-13 Mt 13.14-17 At 28.25-27

A mesma profecia é relacionada, respectivamente, ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

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III - CRIAÇÃO 3.1 - A CRIAÇÃO DE DEUS O termo criar nas Escrituras é usado em dois sentidos: como criação imediata e criação

mediata. Criação Imediata: aquele ato livre do Deus Triúno pelo qual no princípio e para a sua

glória, sem usar materiais pré-existentes ou causas secundárias, Ele fez surgir, imediata e instantaneamente, todo o universo visível e invisível (Hb 11.1).

Criação Mediata: aqueles atos de Deus que são também denominados criação, mas que não dão origem ad nihilo às coisas; ao invés disso, eles moldam, adaptam, combinam ou transformam materiais já existentes.

Alguns aspectos podem ser observados: - A Criação é distinta de Deus, mas dele dependente: Quando dizemos que Deus não faz

parte da terra, a criou e a governa, dizemos que ele é transcendente. Quando dizemos que Ele está sobremaneira envolvido na criação, dizemos que Ele é imanente.

- Deus criou o universo para revelar a sua glória: a Criação mostra o poder e a sabedoria de Deus, bem acima de qualquer coisa que qualquer criatura possa imaginar. (Is 43.7; 60.21; Rm 9.17; 11.36).

- O universo que Deus criou era "muito bom": ao final de cada estágio da Criação, Deus via que o que fizera era "bom" (Gn 1.4,10,12,18,21,25). Ao final dos seis dias da criação, "viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom" (Gn1.31). Portanto, nada do que Deus criou é intrinsecamente mau.

3.2 - A PROVIDÊNCIA DE DEUS "Deus está continuamente envolvido com todas as coisas criadas de forma tal que (1) as

preserva como elementos existentes, que conservas as propriedades com que ele os criou; (2) coopera com as coisas criadas em cada ato, dirigindo as suas propriedades características a fim de fazê-las agir como agem; e (3) as orienta no cumprimento dos seus propósitos" (Wayne Grudem).

3.3 - A CRIAÇÃO CELESTE Os anjos foram criados por Deus (Cl 1.16) como seres santos (Mc 8.38), antes da criação da

terra (Jó 38.7), por um fiat divino (Sl 148.2,5). Os anjos foram criados com a capacidade de comunicar-se e com personalidade expressa por

intelecto (1 Pe 1.12), emoção (Jó 38.7) e vontade (Is 14.12-15), mas nunca se diz que possuem a imagem de Deus, como o ser humano. Eles são seres com localização definida (Dn 9.21-23), imortais (Lc 20.36) e têm um conhecimento limitado (Mt 24.36). São normalmente invisíveis (Cl 1.16), mas têm aparecido a pessoas na forma de seres masculinos (Gn 18.1-8), às vezes como homens muito incomuns (Dn 10.5-6) e por vezes com algum tipo de fulgor (Mt 28.3) ou como seres viventes extraordinários no céu (Ap 4.6-8). Geralmente sua aparência leva o ser humano envolvido a responder com temor e agitação (Lc 1.29).

Embora todos os anjos tenham sido criados bons, existem agora duas categorias morais: santos e eleitos (Mc 8.38; 1 Tm 5.21) e ímpios e imundos (Lc 8.2; 11,24-26). Eles estão aliados a Deus (Jo 1.51) ou a Satanás (Mt 25.41).

Aparecem organizados hierarquicamente nas seguintes ordens: - Querubins (Gn 3.24; Ez 1; Ap 4); - Serafins (Is 6.2,6); - Arcanjos (1 Ts 4.16; Dn 10.13,21); - Principados, potestades, tronos e domínios (Ef 3.10; Cl 1.16; Ef 1.21).

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IV - HOMEM 4.1 - A ORIGEM DO HOMEM A criação do homem é decretada em Gn 1.26 e declarada em Gn 1.27. Em Gn 2.4-8 é

detalhada a criação do homem e em Gn 2.18-25 a criação da mulher. Somos criaturas de Deus, feitos à imagem de Deus. Deve-se entender que a humanidade não

se originou de um processo evolutivo aleatório, mas de um ato consciente, proposital de Deus. Portanto, a existência humana tem um motivo, uma razão que repousa na intenção do Ser Supremo. A imagem de Deus é intrínseca à humanidade. Não seríamos humanos sem ela. De toda a criação, somente nós somos capazes de ter um relacionamento pessoal consciente com o Criador e de reagir a Ele.

Deus não precisava criar o homem, mas nos criou para a sua própria glória e essa é a nossa meta: glorificá-Lo (Is 43.7; Ef 1.11-12).

4.2 - A IMAGEM DE DEUS NO HOMEM A imagem consiste nas aptidões da personalidade que fazem com que cada ser humano seja,

como Deus, capaz de interagir com outras pessoas, pensar e refletir, e possuir livre arbítrio. (Millard Erickson). Thiessen define a "imagem e semelhança" como sendo: não física, mas mental, moral e social.

4.3 - A QUEDA DO HOMEM 4.3.1 - Sua condição original - Possuía a imagem de Deus (Gn 1.26-27); - Possuía livre arbítrio (Gn 2.19-20); - Possuía faculdades mentais (Gn 2.19-20); - Possuía uma natureza moral santa (Ec 7.29; Gn 2.15-17). 4.3.2 - Sua provação Por provação do homem referimo-nos ao período durante o qual ele foi sujeito a

determinada prova, que consistiu de um mandamento concernente à árvore do conhecimento do bem e do mal. Os resultados desta prova seriam: ou o favor continuado de Deus, por motivo de sua obediência; ou a imposição da penalidade da morte por motivo de sua desobediência (Gn 2.15-17).

4.3.3 - Sua queda - Satanás tentou fazer com que Eva duvidasse da bondade de Deus porque lhes vedara

acesso a uma árvore (Gn 3.1 - "toda"). - Satanás ofereceu a Eva um plano substituto, que permitia comer do fruto sem sofrer a

penalidade (vv. 4-5). - Eva justificou antecipadamente seu ato de comer do fruto (v.6). - Por fim, Eva comeu e Adão a seguiu. 4.3.4 - Seu resultado Para Adão e Eva: Evidente perda de aparência pessoal apropriada, acompanhada da

consciência de nudez e senso de vergonha. Medo de Deus. Expulsão do jardim.

Para a Humanidade: A terra foi amaldiçoada para não produzir apenas o que é bom, exigindo trabalho laborioso por parte do homem. Resultou em tristeza e dor para a mulher no parto, bem como sua sujeição ao homem. Todos os homens são pecadores e estão debaixo da condenação. Resultou na morte física e espiritual, dentro do tempo, e na penalidade ameaçada da morte eterna. A imagem de Deus no homem se distorce, mas não se perde. O homem não perdeu a liberdade de escolha (livre arbítrio - Gn 4.7).

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V - PECADO 5.1 - Definição de Pecado Pecado é deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em

natureza (Wayne Grudem) Pecado é transgressão da Lei, omissão da Lei de Deus, revolta ou rebelião contra o

Legislador, infidelidade ou traição a Deus, rompimento do relacionamento com Deus, inimizade contra Deus, troca da verdade de Deus pela mentira ou rejeição do conhecimento. Ver 1 Jo 3.4; Tg 2.8-12; 4.17; Gl 3.10-12; Rm 1.18-32; 4.15; 7.7-13; Ef 2.5; 2 Tm 2.16; Mt 6.12.

5.2 - Conseqüências do Pecado

a) Separação de Deus: Gn 3.23; 1 Ts 1.9. Chega ao ponto de que muitos têm perdido a consciência de Deus (1 Tm 4.1-2).

b) Degradação moral e espiritual: o pecado vem a ser o próprio castigo do pecado (Rm 1.18-32).

c) Sofrimento: o homem que peca sofre pelo seu pecado e também faz com que outros sofram pelo mesmo (Gn 3.16-19).

d) Morte: “é o salário do pecado” (Rm 6.23). Possui três aspectos: 1) Morte Física: Rm 5.12 atribui a morte física ao pecado original de Adão; 2) Morte Espiritual: é a separação da pessoa, em toda a sua natureza, de Deus; 3) Morte Eterna: é a extensão e a finalização da morte espiritual.

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VI - CRISTO 6.1 – PRÉ-EXISTÊNCIA DE CRISTO

A pré-existência de Cristo pode ser observada através de muitos modos: - Antigo Testamento: Mq 5.2; Is 9.6 (Pai da Eternidade); - Novo Testamento: Jo 1.1,14; Jo 8.58; Fl 2.6; Cl 1.15; - Pelas suas obras: algumas de suas obras exigem sua pré-existência (e.g. criação – Cl 1.16) - Por aparições: Gn 22.11; Nm 22.23-24; Jz 6.11; 13.3, etc. (Anjo do Senhor); => Uma observação lógica pode ser feita aqui. A Bíblia é clara ao afirmar a eternidade do

Pai (Sl 90.2). Para que alguém possa ser Pai é preciso que tenha um filho. Logo, se Deus é Pai eterno, é necessário que Ele tenha um Filho igualmente eterno.

Ladd afirma: “No próprio princípio do passado da eternidade a Palavra já existia”1.

6.2 - A HUMANIDADE DE CRISTO

A humanidade de Jesus é declarada na Bíblia, através de: a) Sua vida natural: Mt 1.25; Lc 2.52; Jo 4.6; Mc 14.33-36; Lc 10.21 b) Seu conhecimento limitado: Lc 8.45; Mc 6.38; 9.21; Mt 24.36 c) Sua tentação: Hb 4.15 - Jesus não é humano como nós; Ele é mais humano!

6.3 - A DIVINDADE DE CRISTO

Sua divindade é revelada através: a) Aspectos miraculosos (geração sobrenatural; milagres, ressurreição e ascensão). b) Consciência da divindade (Ele se iguala ao Pai; Jo 5.26; 10.30; 8.24; 14.6). c) Prerrogativas divinas: exerce atribuições que só cabem a Deus (Mc 2.10 - perdoar;

Mt 5.21 - alterar a Lei; Jo 8.34-36 - salvar os homens; etc). d) Testemunho dos apóstolos: para eles Jesus é Deus (Jo 1.1; 20.28).

6.4 - OS OFÍCIOS DE CRISTO

a) Profeta: Cristo foi verdadeiro profeta (Jo 6.14). Ele é a plenitude da revelação de Deus (Jo 1.18). Como profeta, sua função foi revelar as verdades espirituais.

b) Sacerdote: exerceu sacerdócio perfeito, único e de valor eterno (Hb 7.23-28). Como sacerdote, sua função é reconciliar o homem com Deus.

c) Rei: seu reinado total ainda não é visível, pois é espiritual (Hb 1.8; Fp 2.9-10). Hoje seu reinado é sobre a igreja, da qual é o cabeça (Cl 1.18). Como rei, sua função é governo.

6.5 - A OBRA DE CRISTO 6.5.1 - A Vida de Cristo - Seu nascimento: (Mt 1.18-25; Lc 2.1-7); - Sua infância: (Lc 2.52); - Seu batismo: (Mt 3.13-17; Lc 3.21-22); - Sua tentação: (Mt 4 e Lc 4); - Seu ministério: (Mt 9.35-36). 6.5.2 - A Morte de Cristo

A morte de Cristo foi: - Voluntária: por livre escolha (Jo 10.17-18); - Vicária: a favor de outros (1 Pe 3.18);

1 LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento, p.226.

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11 - Sacrificial: como holocausto pelo pecado (1 Co 5.7); - Propiciatória: tornando favorável; aplacando (apaziguando) a ira de Deus (1 Jo

4.10); - Redentora: resgatando por meio do pagamento (Mt 20.28); - Substitutiva: em lugar de outros (1 Pe 2.24); - Reconciliatória: para vencer a nossa separação de Deus (2 Co 5.18-19); - Expiatória: cobrir a culpa do verdadeiro criminoso (Sl 51.9; Gl 3.13). 6.5.3 - A Ressurreição de Cristo A ressurreição: - Foi uma ressurreição real: o túmulo vazio, as aparições, a mudança operada nos discípulos. - Foi uma ressurreição corporal: foi identificado como tal (Jo 20.20). - Foi uma ressurreição singular: ocorreram transformações e não estava mais sujeito a morte

(os outros casos foram ressuscitações). 6.5.4 - A Ascensão de Cristo Características: At 1.9-11 Significado: - Fim da limitação a que se sujeitou (Fp 2.6-11) - Sua exaltação (Ef 1.20-23); - Seu ministério sumo sacerdotal (Hb 4.14-16); - A preparação de um lugar para o seu povo (Jo 14.2). 6.5.5 - A Volta de Cristo Ver capítulo X, sobre últimas coisas.

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VII - SALVAÇÃO Salvação, numa definição breve, é a aplicação da obra de Cristo na vida do indivíduo. O

seguinte esquema pode facilitar a compreensão daquilo que está envolvido no processo de salvação.2

Antecedentes Início Continuação Consumação

a) Antecedentes * Chamada: O homem é um ser pecador e somente mediante a iluminação do Espírito

Santo, poderá compreender o significado do Evangelho (Jo 16.7-11). É transparente em toda a Bíblia a vontade divina de que todos sejam salvos: 2 Pe 3.9; Jo 3.16-18; Rm 2.11; Ez 18.23; 18.32; 33.11; 1 Tm 2.4; At 17.30-31; Mt 11.28-30; 2 Co 5.19-20; Ap 22.17; Rm 5.18; 1 Jo 2.2; Tt 2.11; Mt 28.18-20; Mc 16.15-16; Lc 24.46-47. Entretanto, da mesma forma a responsabilidade humana também é ressaltada: Jo 3.36; Ap 2.5; Lc 18.18-23; Mc 8.38; Lc 9.23-26;

b) Início * Conversão: É o ato de deixar o pecado em arrependimento (At 2.38; 3.19; Lc 13.2-5; At

26.20) e voltar-se para Cristo em fé (Ef 2.8; Tg 2.14-26; Mc 16.16; At 16.31). Em 1 Ts 1.9-10, vemos os dois lados da conversão: somos salvos de (ídolos, ira vindoura, etc) e salvos para (servir ao Deus vivo e verdadeiro e aguardar dos céus o seu Filho). Conversão é a resposta humana à iniciativa divina. É a mudança conforme vista da perspectiva humana.

* Regeneração: É a mudança radical na vida do indivíduo, vista da perspectiva de Deus. É um ato único, instantâneo e completo (Tt 3.5). Essa mudança é operada unicamente por Deus (Jo 1.13; 1 Jo 3.9; 4.7; 5.1,4,18). O homem não pode regenerar-se a si mesmo (Tt 3.4-5). Sem a regeneração o homem não pode ver o Reino de Deus e nem entrar no Reino de Deus (Jo 3.3,5).

* União com Cristo: Significa tornar-se um com Cristo (Jo 17.21-23). Conseqüentemente, o indivíduo irá compartilhar: sofrimentos (Rm 8.17), crucificação (Gl 2.20), morte (Cl 2.2); sepultamento (Rm 6.4), revitalização (Ef 2.5), ressurreição (Cl 3.1), glorificação e herança (Rm 8.17). O crente também tem a promessa de que irá reinar com Cristo (2 Tm 2.12; Lc 22.30).

* Justificação: É “declarar” justa a pessoa, como faz um juiz ao absolver um acusado, uma vez que a penalidade prescrita pela culpa foi paga. Não obstante, o homem ainda possa pecar. (Gl 2.16; At 13.39; Rm 8.33-34).

* Adoção: O indivíduo é restaurado a uma nova posição de favor em relação a Deus (Jo 1.12; Ef 1.5). Introduz um tipo de relacionamento bem diferente de que os homens em geral têm com Deus, cuja relação o mundo não consegue entender (1 Jo 3.1). Os resultados desta adoção são: perdão, reconciliação, liberdade, cuidado paterno e disciplina.

c) Continuação * Santificação: processo de transformação real do caráter e da condição da pessoa (2 Co

3.18). É estar separado das coisas do mundo, estando assim ligado a um novo caráter moral e espiritual. É uma busca da perfeição (Mt 5.48). O autor do livro de Hebreus exorta a que se deve

2 A idéia é emprestada de Millard Erickson (ERICKSON, M. Introdução à teologia sistemática, p. 377), embora com as devidas modificações.

Aspectos do processo da salvação

Glorificação Santificação - Perseverança

Conversão Regeneração

União com Cristo Justificação

Adoção

Chamada

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13seguir a santificação, pois sem a mesma o indivíduo não verá o Senhor (Hb 12.14). Em 1 Pe 1.15-16 a ordem do Senhor é clara: “sede santos porque eu sou santo”.

* Perseverança: É a preservação da fé do convertido. Em relação a isto, dois aspectos precisam ser mencionados: a) O poder de Deus: Jo 10.1ss; 1 Pe 1.5; Rm 8.37-39; b) A responsabilidade humana: Mc 13.13; Ap 2.10; 1 Pe 1.5. Em palavras simples poderia-se afirmar o seguinte: “no que depender de Deus, a salvação é eterna; no que depender do homem, é necessária a perseverança”.

d) Consumação * Glorificação: Olha para o mundo vindouro, quando será concluído o processo da salvação

(Fp 3.20-21). É quando a perfeição moral e espiritual é atingida (1 Jo 3.2; Fp 3.20-21).

ido por

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VIII – ESPÍRITO SANTO O Espírito Santo é o ponto em que a trindade torna-se pessoal para o que crê. 8.1 - A Divindade do Espírito Santo:

O Espírito Santo possui Nomes de Deus Atributos de Deus Obras de Deus

Espírito Santo (Ef. 1.13) Onisciência (1 Co 2.11) Criação (Gn 1.2,26) Espírito da verdade (Jo 16.13) Onipresença (Sl 139.7) Inspiração (2 Pe 1.21) Espírito de amor (2 Tm 1.7) Onipotência (Gn 1.2) Geração de Cristo (Lc 1.35) Espírito da graça (Hb 10.29) Verdade (1 Jo 5.7) Ressurreição (Rm 8.11) Espírito da vida (Rm 8.2) Santidade (Lc 11:13) Regeneração (Tt 3.5) Espírito Consolador (Jo 14.26) Eternidade (Hb 9.14) Distribuição de Dons (1 Co 12.11)

* Tudo isto é próprio de Deus. Sendo assim, o Espírito Santo é Deus.

8.2 - A Personalidade do Espírito Santo: O Espírito Santo é um ser pessoal, e não apenas uma mera influência ou um poder

impessoal. Algumas das evidências:

O Espírito Santo como pessoa Qualidades Ações Pode ser

É inteligente (1 Co 2.10-11) Fala (At 13.2.) Resistido (At 7.51) Tem emoções (Ef 4.30) Ensina (Jo 14.26) Ultrajado (Hb 10.29) Tem vontade (1 Co 12.11) Convence (Jo 16.8-11) Blasfemado (Mt 12.31-32) Tem consciência própria (Jo 1613) Guia os fiéis (At 8.26,29) Entristecido (Ef 4.30) Tem consciência moral (Gl 5.16-17) Comissiona (At 13.3) Tentado ao engano (At 5.3) Apagado (1 Ts 5.19)

8.3 - A Promessa do Espírito Santo: * No Antigo Testamento, o Espírito Santo agia de forma seletiva e temporária. * No Antigo Testamento: Jl 2.28-29; * Em João Batista: Mt 3.1-12; * Em Jesus Cristo: Jo 7.37-39; 14.16,26.

8.4 - O Derramamento do Espírito Santo: At 2 Pentecostes: Foi uma experiência histórica, única e universal. A partir do

Pentecostes, a experiência do Batismo no Espírito Santo passa a acontecer no momento da conversão (At 2.38). Ver ainda: 1 Co 12.13; Ef 1.13-14

8.5 - O Batismo com/no Espírito Santo: OBS: Se alguém estiver cheio de Jesus Cristo, isto significa que estará cheio do Espírito, e

vice-versa. Ninguém pode estar cheio de Cristo, sem estar cheio também do Espírito Santo. O Novo Testamento não faz distinção entre batizados ou não batizados no Espírito Santo; apenas entre salvos e não-salvos.

Conceito Errado Conceito Correto

Igreja

Batizados no Espírito Santo

Salvos, batizados no Esp. Santo

Não Salvos

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imperativo, presente (contínuo), passivo

8.6 - A Plenitude do Espírito Santo A mesma experiência, tida por alguns como batismo no Espírito Santo (segunda bênção), a

chamamos de “Plenitude do Espírito Santo”. Efésios 5.18 diz: Enchei-vos do Espírito

Plenitude do Espírito Santo significa o controle do fiel pela presença e poder do Espírito Santo,

para ser capaz de viver submisso a vontade de Deus (At 6.3; Gl 5.22-23). Exemplos de pessoas cheias do Espírito: At 2.4; 4.8,31; 6.3,5.

8.7 - A Obra do Espírito Santo: a) Convicção: Jo 16.8-11 e) Santificação: Gl 5.16-26 b) Regeneração: Tt 3.5 f) Consolo e direção: Rm 8.14-17 c) Habitação: Jo 14.16-17 g) Concessão de dons: 1 Co 12.11 d) Selo: Ef 1.13

8.8 - Os Dons do Espirito Santo: * Capacidade dada por Deus para desempenhar um serviço. * Não é um talento.

Alguns dos dons do Espírito: - Rm 12.6-8: profecia, ministério (serviço), ensino, exortação, contribuição, governo e

misericórdia; - 1 Co 12.8-10: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, cura, milagres, profecia,

discernimento de espíritos, línguas e interpretação de línguas; - Ef 4.11: apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre; - 1 Pe 4.11: falar e servir. * Quem dá o dom? 1 Co 12.11 = O Espírito Santo (como lhe apraz). * Quem recebe? 1 Pe 4.10 = todo cristão. * Com que propósito? 1 Pe 4.10-11 = servir e glorificar a Deus. * O dom é temporário ou permanente? Analisar At 19.11-12; 28.7-9; Fp 2.25-28; 1 Tm

5.23; 2 Co 12.7-8. Ver ainda 1 Pe 4.10 Conclusão sobre dons: 1 Co 12.31 = "Procurai com zelo os melhores dons" (ser zeloso,

buscar intensamente, querer, "invejar"). Procurai: é um imperativo presente. O crente pode desejar um dom. O Espírito Santo os dá como Ele quer.

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IX - IGREJA

9.1 Definição O conceito de igreja já existia no início do período neo-testamentário, pois Estevão aplica o

termo e)kklhsi/a a Israel (At 7.38). O próprio Senhor Jesus ao introduzir o termo também não o explica, apenas afirma “edificarei a minha igreja” (Mt 16.18). O termo e)kklhsi/a significa “assembléia, congregação, reunião”, ou então “chamados para fora”. A novidade em Jesus é que estava por edificar a “Sua” igreja (Mt 16.18), a qual Ele amou e se entregou por ela (Ef 5.25). O início desta igreja parece ter se dado no dia de Pentecostes quando 120 pessoas estavam reunidas (At 1.15) e receberam a presença permanente do Espírito Santo (At 2.1-4). Naquele mesmo dia, quase três mil foram acrescidas (At 2.41) e perseveravam na comunhão (At 2.42), tinham tudo em comum (At2.44) e dia a dia o Senhor lhes acrescentava os que iam sendo salvos (At 2.47).

Dentro do conceito de igreja, deve-se ainda fazer menção de Igreja Universal e Igreja Local. Igreja Universal é a reunião de todos os salvos de todos os tempos e em todos os lugares do

mundo, da qual Cristo é a cabeça, o chefe Supremo, a pedra angular (Mt 16.18; Cl 1.18; Hb 12.22-24; Ef 1.22-23; 3.8-11; 5.25-27; Jo 10.16; 1 Pe 2.4-8; At 9.31). Esta Igreja jamais será destruída (Mt 16.18).

Igreja local é a comunidade de pessoas regeneradas; é a manifestação da igreja ideal (o Corpo de Cristo) no tempo e no espaço. Como igreja local nem sempre tem cumprido seu papel de manifestação da igreja ideal (Rm 2.24). Na maioria das vezes em que o termo e)kklhsi/a é mencionado no Novo Testamento refere-se a esta manifestação local (1 Co 15.9; Gl 1.13; 2 Co 1.1; 1 Co 1.2,11,16, etc.)

Funções da Igreja: as funções da igreja são: - Adoração: exaltar e glorificar o nome de Deus (Lc 10.27a; At 2.46), que é a razão da

existência do próprio ser humano (Ef 1.6,12). - Evangelização: levar o evangelho a todas as criaturas, apresentando a oferta da salvação

(Mc 16.15), cujo resultado é o acréscimo daqueles vão sendo salvos (At 2.47). Para esta missão, a igreja é dotada de um poder especial (At 1.8).

- Discipulado: evangelizar é apenas um dos passos em relação as pessoas. Possibilitar um crescimento através da perseverança na sã doutrina (At 2.42) e da instrução (Mt 28.19-20) é a continuação deste trabalho.

- Comunhão: proporcionar um ambiente onde o convertido possa desenvolver sua vida cristã de uma forma sadia, junto com outros irmãos (At 2.44).

- Serviço: dar assistência aos irmãos na fé auxiliando-os nas dificuldades (At 2.45). Servir uns aos outros com o dom que cada um recebeu (1 Pe 4.10).

9.2 – Governo Como descrito acima, o cabeça da Igreja é Cristo (Cl 1.18), e isto deve se manifestar

também na igreja local. Entretanto, é necessário que a igreja local se organize a partir das pessoas que fazem parte da mesma. Conhece-se a partir da prática atual das diversas denominações, três formas de governo: episcopal, presbitério e congregacional.

Observando a prática eclesiástica neo-testamentária verifica-se que cada igreja elegia seus próprios oficiais (At 1.23,26; 6.1-6; 15.2-3), tinha poder para exercer sua própria disciplina (Mt 18.17,18; 1 Co 5.13; 2 Ts 3.6,14,15), tomava suas decisões (At 15.22), enviava representantes (2 Co 8.19) e missionários (At 13.2,3). Estas e outras observações parecem indicar que a igreja é autônoma e deve tomar suas decisões democraticamente. Assim sendo, o modelo congregacional reflete melhor a prática da igreja primitiva.

Dentro desta forma de organização existem duas classes de oficiais:

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17a) Pastores, bispos e presbíteros: estes três termos denotam um único cargo3. Seu dever é

supervisionar (1 Tm 3.1), presidir (1 Tm 5.17), defender a sã doutrina (Tt 1.9) e pastorear (1 Pe 5.2-4). Suas qualificações são descritas por Paulo em dois momentos: Tt 1.7-9 e 1 Tm 3.1-6.

b) Diáconos: esta função vem do termo “diakonia”, que significa servir. É exatamente para esta função que eles são escolhidos (At 6.1-6). Quanto as qualificações dos diáconos, Paulo também faz referência em sua carta a Timóteo (1 Tm 3.8-10,12-13).

9.3 - Disciplina 9.3.1 – Definição O Senhor da Igreja, que ordenou o amor ao próximo é o mesmo que ordenou o exercício da

disciplina eclesiástica. A disciplina apropriadamente executada é uma profunda exibição de amor cristão. Uma definição de disciplina pode ser: “Todos os meios e medidas pelas quais a igreja busca a sua santificação e boa ordem necessária para a edificação espiritual e eliminação de tudo que ameaça seu bem estar”.4 A disciplina bíblica deve favorecer o crescimento da igreja porque cria o clima e prepara o solo de tal maneira que o crescimento surge espontaneamente.

9.3.2 - Propósito Biblicamente a disciplina na igreja tem um triplo propósito: 1) restabelecer o pecador (Mt 18.15; 1 Co 5.5; Gl 6.1); 2) manter a pureza da igreja (1 co 5.6-8); 3) dissuadir outros (1 Tm 5.20). Este triplo propósito é que deve orientar a aplicação correta da disciplina eclesiástica. 9.3.3 - Procedimento Tendo sempre em mente os conceitos de disciplina eclesiástica, acima descritos, os quais

devem apontar para os passos a serem seguidos numa aplicação correta da mesma, podemos descrever assim o processo, baseado no ensino de Jesus em Mateus 18:15-18.

9.4 – Batismo O batismo e a ceia do Senhor dão duas ordenanças da igreja estabelecidas pelo próprio Jesus Cristo, sendo ambas de natureza simbólica (Mt 3.5,6,13-17; 26.26-30; 28.19; Jo 3.22, 23; 4.1,2; I Co 11.20, 23-30). O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal (At 2.41,42; 8.12,36-39; 10.47,48; 16.33; 18.8). Simboliza a morte e o sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma nova vida em identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo e também como prenúncio da ressurreição dos remidos (Rm 6.3-5; Gl 3.27; Cl 2.12; I Pe 3.21). O batismo, que é condição para ser membro de uma igreja, deve ser ministrado sob a invocação do nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19; At 2.38,41,42; 10.48).

9.5 – Ceia A ceia do Senhor é uma cerimônia da igreja reunida, comemorativa e proclamadora da

morte do Senhor Jesus Cristo, simbolizada por meio dos elementos utilizados: o pão e o vinho (Mt 26.26-29; I Co 10.16,17-21; 11.23-29). Nesse memorial o pão representa o seu corpo, dado por nós no Calvário, e o vinho simboliza o seu sangue derramado (Mt 26.29; I Co 11.26-28; At 2.42, 20.4-8). A ceia do Senhor deve ser celebrada pelas Igrejas até a volta de Cristo e sua celebração pressupõe o batismo bíblico e o cuidadoso exame íntimo dos participantes.

3 Alguns comentaristas, concordando com esta definição, atribuem assim mesmo diferentes ênfases a cada termo: a)

presbítero: líder da igreja; b) bispo: função de supervisor; c) pastor: dom de cuidar e alimentar o rebanho. (RYRIE, Charles. A Bíblia Anotada, p. 1641.)

4 In: SHEDD, R.P. Disciplina na igreja, pp.10-11.

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X - ESCATOLOGIA 10.1 Volta de Cristo A Volta de Cristo é a profecia mais enfatizada no NT: Jesus falou dela muitas vezes (Mt

24.30; 25.31; Jo 14.3), os anjos a anunciaram (At 1.10-11) e os apóstolos também ensinaram sobre ela (1 Co 15.51,52; 1 Ts 1.10; 4.16-17; Tt 2.13; Tg 5.7-8; 2 Pe 3.9-10).

A Volta de Cristo será pessoal, exterior, visível e gloriosa. Cristo voltará pessoalmente, e não apenas seu Espírito ou sua influência poderosa (Jo 14.3; At 1.10-11). Será uma vinda exterior, e não apenas subjetiva (Mt 24.30). Será visível a todos, e não de maneira oculta, espiritual ou invisível (Hb 9.28; Fl 3.20; Ap 1.7). Ele virá em resplendor de glória (Mt 16.27; 25.31) e de modo repentino (Mt 24.42; 25.13).

A Bíblia afirma que o tempo da Volta de Cristo é desconhecido, até mesmo por Cristo (Mt 24.36-39), de modo que a sua vinda será repentina (Mt 24.44-45; 25.13; Lc 12.45-46; 1 Ts 5.2-3; 2 Pe 3.10). Durante a história do cristianismo, algumas pessoas e alguns grupos calcularam a volta de Cristo, mas todos fracassaram. Jesus mesmo afirmou que “não nos compete conhecer tempos e épocas que o Pai reservou para a sua exclusiva autoridade” (At 1.7).

Diante da certeza da Sua volta e da incerteza quanto ao tempo da mesma, a atitude correta do cristão deve ser a vigilância (Mt 24.42,44,46; 25.13).

10.2 Grande Tribulação A Grande Tribulação (Ap 7.14) é um período específico, diferente daquilo que os cristãos

passam no decorrer das suas vidas (Mc 13.19). Serão dias de grandes agitações, caos, sofrimento, opressão econômica e perseguição religiosa (Mt 24.21-28). Esta tribulação envolverá toda a terra (Ap 3.10). Geralmente este período é considerado de 7 anos, devido às profecias de Daniel (Dn 12).

10.3 Ressurreição A ressurreição dos mortos deve ser distinguida das ressuscitações, ou restabelecimento da vida

humana normal. No AT há três casos de ressuscitações (1 Rs 17.17-23; 2 Rs 4.18-36; 2 Rs 13.20-21) e no NT cinco casos (Mc 5.35-42; Lc 7.11-15; Jo 11.1-44; At 9.36-42; At 20.9-12). Entretanto, ressuscitação é a restauração da vida que se deixou. Ressurreição é a entrada num novo estado de existência.

No AT há poucos indícios de uma ressurreição futura (Jó 14.13-15; Sl 49.15; 73,24; Is 26.14,19; Dn 12.2). Entretanto, Jesus ensinou claramente uma ressurreição geral de justos e injustos (Mt 22.23-33; Mc 12.18-27; Lc 20.27-38; Jo 5.28).

A ressurreição será literal e corpórea. É o corpo físico que ressuscita (1 Co 15.42). Assim como a ressurreição de Jesus foi literal e foi o seu corpo que ressuscitou, assim também será a nossa ressurreição, pois Ele é a primícia dos que dormem (1 Co 15.20).

10.4 Arrebatamento É a expressão usada para se referir à união da Igreja com Cristo na Sua segunda vinda. A

principal passagem bíblica na qual este ensinamento é baseado é 1 Ts 4.15-17: “15 Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. 16 Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; 17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.”

10.5 Juízo Final Toda a Escritura ensina que haverá um julgamento no final da história. O AT fala do “dia do

Senhor”, quando Deus julgará as pessoas (Am 5.18; Ml 4.1; etc.). No NT são muitas as referências a este respeito (Mt 25.31-46; Jo 5.27-29; At 17.31; Rm 2.5-11; Hb 9.27; 2 Pe 3.7; Ap 20.11-15). Este julgamento não pode ser equiparado aos julgamentos parciais e temporais de Deus sobre as pessoas e nações na história.

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19O julgamento final é obra da Trindade. Dentro dela, o poder de julgar é dado ao Filho (Mt

25.31,32; Jo 5.27; At 10.42; Fp 2.10; 2 Tm 4.1). A Bíblia ensina que todos serão julgados, justos e impios (Mt 25.31-46; 1 Co 3.12-15; 2 Pe 2.4-10; Ap 20.12-13). Quando Jesus declara que os justos não entram em juízo (Jo 5.24), certamente está dizendo que não entram em condenação.

No julgamento serão considerados alguns elementos: a) Responsabilidade individual: cada pessoa deverá prestar contas de seus atos diante de

Deus (Ez 18.2-4; Rm 14.12; Hb 4.13; 1 Pe 4.5). b) Conhecimento da revelação: no julgamento final será levado em conta o grau de

conhecimento que cada um recebeu de Deus (Rm 1.19-20; 2.18). c) Obras humanas: o julgamento levará em conta as obras de cada um (Mt 25.31ss; Jo 5.29;

1 Co 3.12-15; Ap 20.13). Não é a fé em si que será julgada, mas as obras como produto da fé. O Juízo final não será o momento de descobrir a verdade, mas, sim, de declarar toda a

verdade. Também será o momento de separação entre o bem e o mal (Mt 13.24-30; 25.31ss) e de retribuir a cada um conforme as suas obras (1 Co 3.12-16; 2 Co 5.10). O julgamento também significa glorificação a Deus.

10.6 Estado Eterno O juízo final decretará o estado eterno de cada ser humano. Assim, as duas possibilidades

são: a) Inferno: o inferno significa a ausência total do favor e da presença de Deus, o completo

domínio do pecado, sofrimentos sobre o corpo e a alma, e também os castigos no sentido de tormentos de consciência, angústia, desespero, choro e ranger de dentes. Este castigo é eterno.

b) Céu: a melhor definição de céu é que é a habitação de Deus (Mt 6.9). O céu significará: completo livramento do pecado, comunhão irrestrita com Deus, isenção do mal e serviço contínuo a Deus. Nós estaremos na plenitude do Reino de Deus, e ali viveremos para sempre.

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