APOSTILA DE PSICODRAMA

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APOSTILA DE PSICODRAMA O que o Psicodrama ? O psicodrama trabalha atravs da dramatizao de situaes do dia-a-dia, construo de histrias familiares etc, sendo possvel sentir como visto pelo meio social em que vive e tomar conscincia de como o individuo vem agindo nesse meio. Pode, ento, promover as mudanas desejadas de comportamentos, adquirindo maior confiana e segurana. A psicoterapia clareia e conscientiza o objeto de busca na medida em que norteia o individuo sobre as faltas externas; ajuda a conscientizar sobre o medo de mudar, de correr o risco do novo e desconhecido, entender as frustraes; possibilita a orientao adequada e acelerao sistematizada do processo de busca, recuperando a criatividade e espontaneidade. A dramatizao teraputica leva a algo mais do que a mera repetio de papis, tais como so desempenhados do cotidiano. A ao dramtica permite insights profundos por parte do paciente e/ou do grupo a respeito do significado dos papis assumidos durante a vida. Para o psicodrama, toda ao interao por meio de papis. Assume-se, no decorrer da vida, papis para cada situao enfrentada: Pai, Me, Filho, Chefe, Empregado, Marido, Esposa, Professora, Aluno, Amigo, Forte, Sensvel, etc. Uma das maneiras de compreender a si mesmo e ao outro procurar entender a forma de comportamento assumido em cada papel.

EMENTA: O Psicodrama vem ao longo de sua histria se tornando uma prtica constante dentro das mais diversas instituies. Portanto suas tcnicas devem ser um instrumento de apoio pedaggico e psicopedagogico, podendo assim auxiliar na compreenso e no desenvolvimento das relaes humanas. As atividades desenvolvidas pelo prprio grupo, so vivencias que fazem parte do processo de formao e auto conhecimento do psicopedagogo. OBJETIVOS: Subsidiar o psicopedagogo com a fundamentao terica e prtica do Psicodrama Pedaggico, para que este seja um instrumento de apoio em sua atuao; assim como tambm no auxilio do seu auto conhecimento. Explorar as mltiplas possibilidades de ao que oferece o psicodrama pedaggico; Identificar a funcionalidade e tcnicas bsicas do Psicodrama e suas possibilidades de uso no campo pedaggico e psicopedaggico; Exercer os papis de diretor, ego auxiliar, protagonista e auditrio na ao psicodramtica; Possibilitar aos profissionais o exerccio do reconhecimento das tramas vivenciais oriundas da vida cotidiana, desde o seio familiar, carregado de afetos e conflitos, at os ambientes institucionais com seus papeis e valores. Garantir a esses profissionais como descobrir os caminhos da leitura sciopsicodramtica nos contextos especficos das instituies.

CONTEDOS: Histrico do Psicodrama A viso Moreniana de homem: o homem como agente espontneo; espontaneidade e criatividade; o fator tele; tele e empatia. Teoria Socionmica: Sociodinmica, Sociometria, Sociatra. Teoria dos papis: A origen dos papis na Matriz de Identidade; Papis psicossomticos no psicodrama; Papeis psicodramticos no psicodrama. Teoria da ao: Ao no psicodrama: dramatizao; Tcnicas psicodramticas bsicas: Duplo, espelho, inverso de papis; Jornal dramatizado. TEORIA DO PSICODRAMA "Drama" significa "ao" em grego. Psicodrama pode ser definido como uma via de investigao da alma humana mediante a ao. um mtodo de pesquisa e interveno nas relaes interpessoais, nos grupos, entre grupos ou de uma pessoa consigo mesma. Na dcada de 1920, em Viena, o Psiquatra Jacob Levi Moreno cria o Psicodrama. O Psicodrama resultante da unio de seu trabalho clnico de consultrio com sua atividade como diretor do que ele mesmo denominou de Teatro Espontneo, que consiste na representao de peas teatrais sem texto prvio. Ou seja, a partir de um tema, ou de um ou mais personagens imaginados, os atores espontneos que emergem da platia vo escrevendo uma pea medida que a encenam. A partir dessa descoberta desenvolve um mtodo de psicoterapia que tem como ao central a dramatizao espontnea. Desenvolve tambm uma teoria psicolgica. De uma forma simples, dizemos que o psicodrama se baseia no jogo de faz de conta que surge naturalmente no ser humano. A natureza oferece espcie humana a capacidade de realizar aes simblicas. Normalmente a criana, a partir dos 4 ou 5 anos de idade, resolve muitas de suas dificuldades e correspondentes tenses emocionais realizando sesses de faz de conta. O professor quando trabalha os contos de fadas na sala de aula, possibilita que seus alunos resolvam suas possveis dificuldades. Atualmente as tcnicas do Psicodrama, tem sido amplamente utilizado na educao, nas empresas, nos hospitais, na clnica, nas comunidades. As pessoas usam o termo Psicodrama, se referindo Socionmia. Cincia das leis sociais e das relaes, a socionmia caracterizada fundamentalmente por seu foco na interseco do mundo subjetivo, psicolgico e do mundo objetivo, social, contextualizando o indivduo em relao s suas circunstncias. Divide-se em trs ramos: a Sociometria, a Sociodinmica e a Sociatria, que guardam em comum a ao dramtica como recurso para facilitar a expresso da realidade implcita nas relaes interpessoais ou para a investigao e reflexo sobre determinado tema. "O Psicodrama, ademais, uma tcnica de psicoterapia direta, isto , nela o processo teraputico se realiza no aqui e agora, com todos os elementos emocionais constitutivos da situao patolgica que se expressam atravs dos personagens e circunstncias concorrentes".

(J.G. RojasBermudez) O psicodrama e suas tcnicas tem por objetivo colocar o homem livre para criar espontaneamente, sem prejuzo e sem sofrimentos. A funo da terapia devolver ao indivduo sua espontaneidade; esta tem grande valor teraputico, logo a doena estaria numa insuficincia da espontaneidade. "Historicamente, o Psicodrama representa o ponto decisivo da passagem do tratamento do indivduo isolado para o tratamento do indivduo com mtodos verbais para o tratamento com mtodos de ao." (J.L. Moreno). Dividiu-se a atividade psicodramtica em duas reas: a rea psicoteraputica e a rea pedaggica. Na rea teraputica o Psicodrama demonstra "ser um valioso mtodo para evidenciar as defesas conscientes e inconscientes do paciente bem como suas condutas e quadros patolgicos" (J.G. Rojas-Bermudez). Ainda na rea da psicoterapia o Psicodrama tem as seguintes formas: grupo formado por clientes que procuram um psicoterapeuta (que normalmente deve ser um mdico psiquiatra ou um psiclogo clnico) que quem organiza o grupo, de acordo com certos critrios clnicos; grupo de pacientes de uma instituio tipo hospitalar-dia, ambulatrios etc; grupo familiar (sociodrama familiar); Psicodrama pblico, que se constitui de um grupo formado a partir de um convite pblico para participar de uma nica sesso. Na rea pedaggica o Psicodrama pode tomar as mais variadas formas, de acordo com a finalidade: ensino; orientao pedaggica e educacional; seleo e treinamento de pessoal. As dinmicas que surgem nos grupos permitem uma interveno adequada no desenvolvimento de determinado papel, dependendo do contexto organizacional: empresas, escolas ou qualquer outro tipo de instituio. O Psicodrama se iniciou no Brasil na cidade de So Paulo, na dcada de 60, atravs da psicloga clnica e sociloga Iris Soares de Azevedo. No ano de 1968 fundado o Grupo de Estudos de Psicodrama de So Paulo (GEPSP), que patrocinou cursos de formao de psicodramatistas, tanto na rea clnica quanto na rea pedaggica. Esses cursos foram ministrados por uma equipe de psicodramatistas de Buenos Aires, pertencentes Associacion Argentina de Psicodrama y Psicoterapia de Grupo, liderada pelo psiquiatra Jaime Guilhermo Rojas Bermudez. O aspecto racional do ser humano tem avanado celeremente, criando um universo altamente tecnolgico de rpidas transformaes. Somos colocados diariamente em contato com novas realidades, que nos exigem posturas novas, sendo que na maioria das vezes conseguimos assimil-las racionalmente, mas percebemos que nossas aes no caminham junto. Nosso aprendizado desde o incio feito atravs da tomada de papis, introjetando conceitos e normas sociais que passamos a viver, inconscientemente, como naturais. No aprendemos a questionar e tornamo-nos escravos de nossas "conservas culturais", de nossas prprias idias. Nossa educao no prioriza a espontaneidade.

Desta forma, estamos vivendo um momento de grandes conflitos: a mulher e o homem que a sociedade nos preparou para ser, j no so os mesmos que somos cobrados de ser; a relao que estabelecemos com nossos pais, e que a nica que conhecemos, j no nos serve como modelo para lidarmos com nossos filhos; o chefe que tivemos no serve para nosso funcionrio; os padres morais, sexuais transformaram-se. A nica forma de lidar com este universo em rpida e constante transformao a tomada de conscincia de nossos valores e sentimentos (reconhecimento de si mesmo) e o desenvolvimento da percepo da realidade, para que possamos notar as mudanas ocorridas e reformular nossos conceitos, rever as normas sociais introjetadas, recuperando a espontaneidade, transformandonos. A modalidade de Psicodrama Aplicado, por vencer as barreiras dos consultrios, pode chegar populao onde esta se encontra: nas empresas, nas escolas, nos hospitais, como agente transformador. Surge como concretizao da proposta Moreniana em seu projeto Socionmico: " Um processo teraputico no pode ter como meta final menos do que toda a humanidade." Seus instrumentos so Role Playing e o Sociodrama. O Role Playing utilizado no desenvolvimento de papis e o Sociodrama na construo e aprimoramento dos relacionamentos interpessoais e intergrupais, bem como na conscientizao de valores culturais subjacentes tanto ao grupo em questo, quanto ao contexto social mais amplo em que est inserido. Atravs do Role Playing, prope-se a trabalhar, com papis especficos e o seu objetivo, ao contrrio do treinamento, do adestramento, de rever as normas, os conceitos, enfim, os papis, tomados de forma acrtica e desenvolv-los, utilizando o potencial criativo dos indivduos. Na medida em que propicia o contato mais profundo dos seres consigo mesmos, seus valores, suas emoes, permite a identificao e elaborao dos conflitos papel-pessoa, bem como a viso crtica destes papis, identificando seus aspectos ultrapassados e inadequados. Oferece, enfim, um desenvolvimento de papel rico e compromissado com a realidade: o participante re-cria o papel dentro de si, enriquece-se e enriquece o papel. agente transformador, desenvolvendo a espontaneidade dos indivduos e da cultura. Atravs do Sociodrama e instrumentos sociomtricos, procura ressaltar a importncia da dimenso afetivo-relacional, propondo a formao de equipes de critrios sociomtricos, at sua construo, acompanhando seu processo de desenvolvimento: reconhecimento de si mesmo e do outro no papel, relao a dois, a trs, circularizao. Ainda atravs do Sociodrama, busca a conscientizao da cultura institucional, elaborando os possveis conflitos e necessidades de mudanas. O Psicodrama facilitador da manifestao das idias, dos conflitos sobre um tema, dos dilemas morais, impedimentos e possibilidades de expresso em determinada situao. Fundamentado na teoria do momento e no princpio da espontaneidade, promove a participao livre de todos e estimula a criatividade na produo dramtica e na catarse ativa. Algumas possibilidades de trabalho com a teoria do Psicodrama: A Espontaneidade a capacidade de agir de modo "adequado" diante de situaes novas, criando uma resposta indita ou renovadora ou, ainda, transformadora de situaes preestabelecidas. um fator que permite ao potencial criativo atualizar-se e manifestar-se.

O Teatro Espontneo a representao de histrias do cotidiano dos participantes. De forma teraputica, aprende-se compartilhando essas histrias, elaborando os conflitos, etc. Como : Os Participantes iniciam um movimento de aquecimento para comearem a fornecer temas, que podem ser momentos vividos ou observados. O grupo elege o primeiro tema para ser dramatizado. O script ou texto da cena, criado pelos participantes que tambm podem atuar na pea conforme forem surgindo os papis. Tele a capacidade de se perceber de forma objetiva o que ocorre nas situaes e o que se passa entre as pessoas. O Fator Tele influi decisivamente sobre a comunicao, pois s nos comunicamos a partir daquilo que somos capazes de perceber. tambm a percepo interna mtua entre dois indivduos. Empatia Tendncia para se sentir o que se sentiria caso se estivesse na situao e circunstncias experimentadas pela outra pessoa. Co-inconsciente so vivncias, sentimentos, desejos e at fantasias comuns a duas ou mais pessoas, e que se do em "estado inconsciente". Matriz de Identidade, o lugar do nascimento. Placenta social pois, maneira da placenta, estabelece a comunicao entre a criana e o sistema social da me, incluindo aos poucos os que dela so mais prximos. o local onde a criana se insere desde o nascimento, relacionando-se com objetos e pessoas dentro de um determinado clima. Ou seja, o lugar preexistente, modificado pelo nascimento do sujeito, o ponto de partida para o seu processo de definio como individuo. o conjunto de fatores materiais, sociais e psicolgicos que envolvem o ser humano desde o nascimento e vai o envolvendo num processo onde ser capaz de reconhecer a si semelhante aos demais e como ser nico. Nesta matriz a criana receber a herana cultural na qual ser preparada para a sociedade, o primeiro processo de aprendizado emocional da criana, onde desenvolver os papis que desempenhar na relao com o mundo. Moreno descreve cinco etapas da formao da Matriz, que depois resume em trs: 1. Fase da Indiferenciao: onde a criana, a me e o mundo so uma coisa s. (simbiose) 2. Fase onde a criana concentra a ateno no outro, esquecendo-se de si mesma. 3. Movimento Inverso: a criana est atenta a si mesma, ignorando o outro. (egocentrismo) 4. Fase onde a criana e o outro esto presentes de maneira concomitante, e ela j se arrisca a tomar o papel do outro, embora no suporte o outro no seu papel. (Inter-relao) 5. Fase na qual j se aceita a troca de papis, (inverso de papis). (Capacidade de se colocar no lugar do outro) Depois ele agrupou as fases, dividindo em apenas trs: 1. Fase do Duplo (Identidade do Eu=Tu) - Fase da indiferenciao e onde a criana precisa sempre de algum que faa por ela aquilo que no consegue fazer por si prpria, necessitando portanto de um ego-auxiliar (me), que agindo como se fosse seu duplo, uma vez que no h distino entre o Eu e o Tu, esto misturadas. A relao se d por suplementaridade.

2. Fase do Espelho (Reconhecimento do Tu) - onde existem dois movimentos que se mesclam: o de concentrar a ateno em si mesma esquecendo-se do outro e o de concentrar a ateno no outro ignorando a si mesma. (exemplo disso pode ser o de quando a criana olha a sua prpria imagem no espelho e no se identifica como ela mesma, ela s diz: olha o nen). Nesta fase tambm a criana descobre o prazer de brincar, particularmente do faz de conta. Atravs do brincar a criana prepara-se para a aquisio da capacidade de simbolizar e da capacidade da linguagem. 3. Fase de Inverso de papis - reconhecimento do Tu (Eu e Ele) - em primeiro lugar, existe a tomada do papel do outro para em seguida haver a inverso concomitante dos papis. A criana tem a capacidade de colocar-se no papel do outro, uma vez garantindo o reconhecimento de si mesmo. Assim sendo, verifica-se que a criana desenvolve seus papeis sociais de acordo com as suas relaes e vnculos, formando assim, sua identidade enquanto individuo. Papel a unidade de condutas interrelacionais observveis, resultante de elementos constitutivos da singularidade do agente e de sua insero na vida social. "O Papel a forma de funcionamento que o indivduo assume no momento especfico em que reage a uma situao especfica, na qual outras pessoas ou objetos esto envolvidos." Os Papis Psicodramticos correspondem dimenso mais individual da vida psquica, " dimenso psicolgica do eu", e os papis sociais, dimenso da interao social. Estes papis, tambm chamados "psicolgicos", e os papis sociais corresponde a conjuntos diferenciados de unidades de ao. Na fase da Brecha entre Fantasia e Realidade, adquiri-se tambm, portanto a capacidade de iniciar processos de aquecimento diferenciados, para o desempenho de um e de outro tipo de papel. S assim se exerce a espontaneidade com a adequao da ao do sujeito a seus prprios papis. Papis Psicodramticos so "personificaes de coisas imaginadas, tanto reais quanto irreais". Dramatizao o mtodo por excelncia para o auto conhecimento, o resgate da espontaneidade e a recuperao de condies para o inter-relacionamento. o caminho atravs do qual o indivduo pode entrar em contato com conflitos, que at ento permaneciam em estado inconsciente. Catarse de Integrao a mobilizao de afetos e emoes ocorridas na interelao, tlica ou transferencial, de dois ou mais participantes de um grupo teraputico, durante uma dramatizao. Sonho uma mensagem que o psiquismo envia para si mesmo. Vnculos Compensatrios so relaes especiais que o indivduo estabelece com as pessoas ou com as coisas, delegando para as outras pessoas ou coisas funes psicolgicas de cuidado, proteo e orientao que ele deveria ter tido nos seus primeiros dois anos de vida, mas no teve. Jogo Dramtico tem como objetivo permitir uma aproximao teraputica do conflito; atravs do jogo. A cena dramtica aquela que expressa algum conflito; sem conflito no h dramaticidade e a cena vazia, segundo o teatro. Propicia ao indivduo expressar livremente as criaes do seu mundo interno, realizando-as na forma de representao de um papel, pela produo mental de uma fantasia ou por uma determinada atividade corporal.

Diretor na realizao de cenas ou jogos, geralmente o terapeuta. quem dirige o grupo ou a cena, orientando ou sugerindo determinados jogos e papeis. O Psicodrama possui algumas modalidades: O Psicodrama Bipessoal, o atendimento do cliente somente pelo terapeuta, onde o processo psicoteraputico se desenvolve na relao dois-a-dois e as dramatizaes so feitas, freqentemente, utilizando-se de almofadas ou blocos de espuma no lugar do Egos Auxiliares. O Psicodrama Individual com Egos Auxiliares uma das modalidades de psicodrama em que pode se utilizar de pessoas para assumirem os lugares dos personagens que o cliente solicita. O Psicodrama Grupal das modalidades do psicodrama a mais eficiente, pois alm de possibilitar todas as vantagens do psicodrama individual com ego possibilita ao cliente lidar com sua intimidade frente a um pblico, numa relao mais prxima das relaes da vida real, diminuindo a distncia entre o vivenciar teraputico e o vivenciar real. Os Egos Auxiliares em princpio, todo indivduo que, ao contracenar com o cliente, joga o papel de pessoas de sua relao ou de figuras de seu mundo interno, figuras j existentes ou no, mas desejadas. A TEORIA DA ESPONTANEIDADE Moreno, ia aos jardins de Viena e criava jogos de improviso com as crianas, favorecendo-lhes a espontaneidade. Interessou-se pelo Teatro onde, segundo ele, "existiam possibilidades ilimitadas para a investigao da espontaneidade no plano experimental". A proposta do Teatro da Espontaneidade era de criar uma representao espontnea, sem texto pronto e decorado, com os atores criando no momento e assim relacionando-se com a platia. A partir da ele criou o "jornal vivo", em que dramatizava as notcias do jornal dirio junto com o grupo participante, lanando naquele momento as razes do Sociodrama. Esta Teoria est ligada dialeticamente criatividade, compreende uma fenomenologia, uma metapsicologia, uma psicotcnica, uma psicopatologia e uma psicologia gentica. As que possuem maiores riquezas so a Psicotcnica ou treinamento da espontaneidade que, ainda que parea parado, procura resgatar o espontneo perdido pelo homem ao logo da sua existncia e a Psicologia Gentica, que grossamente revisando: a criana, ao nascer, realiza seu primeiro ato criativo: o primeiro ato de catarse de integrao. Nasce com uma capacidade criadora prpria do ser humano que ir completando com a maturidade e com a ajuda dos outros. O primeiro eu-auxiliar a sua prpria me. Ao longo de sua infncia, medida que vai vivendo os diversos papis e em contato com os agentes sociais, desenvolve essa capacidade criadora e atrofia em maior ou menor medida, de acordo com o tipo de relaes e na medida em que as "tradies culturais" lhe sejam impostas pelos mais velhos. Esses agentes da sociedade lhe submetem, durante o desenvolvimento, condutas estereotipadas, repetitivas, ritualistas, muitas delas para ela e para os demais vazias de significado, assim como tambm ajudam o desenvolvimento da espontaneidade. Depende de cada caso e do meio em que vive a criana em um determinado momento histrico-social. O ato do espontneo est intimamente ligado ao instante, dali surge a noo do aqui e agora. A filosofia do momento ope-se durao, os benefcios do instante, do presente, em constante mudana. lugar (lcus) onde se d o crescimento. Segundo

Moreno, esta experincia primitiva da identidade configura o destino da criana. Em toda essa primeira etapa, os papis so psicossomticos. A segunda etapa a do reconhecimento do Eu. A criana observa o outro (me) como algo diferente dela. Integra as diferentes partes do seu corpo numa unidade e a partir dali que se diferencia. na segunda etapa que aparecem os papis psicodramticos. Moreno faz uma pormenorizada descrio da evoluo da imagem do mundo da criana, distinguindo: 1) Matriz de identidade total: primeiro universo: tudo um. As configuraes esto configuradas pelos atos. 2) Matriz de identidade total diferenciada: segundo tempo do primeiro universo diferenciam-se as unidades, porm tm o mesmo grau de realidade, os indivduos, os objetos imaginrios e os reais. 3) Matriz da lacuna entre fantasia e realidade: comeam a se organizar dois mundos, o da realidade e o da fantasia. Isto, na linguagem moreniana, marca o comeo do segundo universo. O ideal que o indivduo possa dominar a situao e que no desenvolva um mundo real em detrimento da fantasia, nem vice-versa. TEORIA DOS PAPIS O termo "papel" um conjunto das vrias possibilidades indentificatrias do ser humano. Os papis psicodramticos expressariam, as distintas dimenses psicolgicas do eu (self) e a versatilidade potencial de nossas representaes mentais. Nesta teoria, toma se os papis como ncleo do desenvolvimento egico, e medida que a criana cresce e se diferencia, vai podendo ampliar seu leque de papis. Alguns papis ficaro inibidos, necessitando, posteriormente, serem resgatados (funo do Psicodrama). A Teoria dos Papis abrange em seu conjunto, trs tipos de papis: os papis psicossomticos, os papis psicodramticos e os papis sociais. Os papis psicossomticos so papis "emergentes e espontneos", que existem desde o nascimento e que se apoiam nas funes fisiolgicas. Ao mesmo tempo em que representam funes orgnicas inatas, exigem a presena de um outro, de um papel complementar, para expressar-se e constituir-se num primeiro vnculo : o vnculo maternal. Nesse primeiro Universo, a merc da existncia insubstituvel de um vnculo que prov idealmente todas as necessidades bsicas de sobrevivncia, a criana vivencia os seus papis em suplementariedade, ou seja, sem que esteja consciente do seu papel e do papel do outro. Isto quer dizer, alm de outras coisas, que se o outro "falha" em seu papel, registra-se tambm uma "falha" no Eu. A PSICOTERAPIA GRUPAL Moreno assim a define a psicoterapia de grupo um mtodo para tratar, conscientemente, na fronteira de uma cincia emprica, as relaes interpessoais e os problemas psquicos dos indivduos de um grupo... na sua concepo, todos no grupo so agentes teraupticos, e todo o grupo tambm o pode ser em relao a outro grupo. Este mtodo aspira alcanar o melhor agrupamento de seus membros para os fins que persegue. No trata somente dos indivduos, mas de todo o grupo e dos indivduos que esto em relao com ele. Em sua relao sociolgica v a sociedade humana total como o verdadeiro paciente. O conceito de encontro est no centro da psicoterapia de grupo, comunicao mtua que no se esgota no intelectual, mas que abrange

a totalidade de seu ser. O encontro vive no "aqui e agora". Vai mais alm da empatia e da transferncia. Forma um "ns". Moreno enumera os mtodos a serem utilizados, entre os quais destacam-se: mtodo de clube ou associao, de assessoramento, de conferncia, de classes, psicanaltico, visuais, discusso livre, sociomtricos, de histrias clnicas, da bibliografia, magnetofnico (sesses gravadas), da msica e da dana, ocupacionais e laboratoriais e o que se destaca o mtodo psicodramtico. Mtodo psicodramtico O mtodo do Psicodrama usa a representao dramtica como um ncleo de abordagem e explorao do ser humano e seus vnculos. A ao, unida palavra, brinda o mais completo desdobramento do conflito, do drama que ocupa o protagonista no espao dramtico. Na cena, o indivduo pode representar seus conflitos passados e presentes, e tambm vomitar seus temores, expectativas, projetos e dvidas sobre o futuro, explorando suas relaes com o presente e o passado. Distinguem-se, no desenvolvimento da ao dramtica, trs momentos que possuem, cada um, uma importncia singular. A primeira fase, chamada aquecimento, onde se prepara o clima do grupo. Escolhem-se um tema e um protagonista e tenta-se penetrar no mesmo no maior nvel de espontaneidade possvel. O segundo momento ou fase a representao propriamente dita, a cena dramtica. Aqui ganham importncia os eu-auxiliares, que sero os encarregados de encarnar os personagens para os quais o protagonista os escolheu: os personagens reais ou fantasiosos, aspectos do paciente, smbolos do seu mundo. O terceiro momento ou fase o compartir, onde o grupo participa terapeuticamente. Nesta etapa o grupo devolve, compartilha seus sentimentos e vivncias, tudo o que lhes foi acontecendo durante a cena, as ressonncias que ele produziu. As diversas tcnicas dramticas utilizadas durante a representao foram pensadas por Moreno em relao com sua teoria da evoluo da criana. Cada uma delas cumpre uma funo que corresponde a uma etapa do desenvolvimento psquico. O diretor do Psicodrama instrumentar, em cada situao, aquelas que paream mais adequadas e correspondentes ao momento do drama, segundo o tipo de vinculao que nele se expressa. A primeira etapa de indiferenciao do Eu como o Tu corresponde tcnica da dupla. A segunda, do reconhecimento do Eu, a tcnica do espelho. A terceira etapa do reconhecimento do eu, a tcnica da inverso de papis. Mediante a tcnica da dupla, um eu-auxiliar desempenha o papel de protagonista. Verbal e gestualmente complementam aquilo que, a partir desse desempenho, entende e sente que o protagonista no pode expressar completamente por ser isto desconhecido ou oculto, por inibies. Coloca-se ao lado e idntica postura ao protagonista, fazendo seus movimentos, funcionando como a me e a criana na primeira etapa. Na tcnica do espelho, o protagonista sai do palco e pblico da representao que um eu-auxiliar faz dele. Busca-se, com isso, que o paciente se reconhea em determinada representao, assim como na sua infncia reconheceu sua imagem no espelho. O teraputico desta tcnica est em que se reconheam como prprios os comportamentos e aspectos que lhe so desconhecidos e que importam para o esclarecimento do conflito. Utilizando a tcnica da inverso de papis, a mudana de papis investiga na cena o sentir desses personagens do mundo do paciente. Esta a tcnica bsica do Psicodrama.

Existem outras tcnicas dramticas criadas por Moreno e posteriores a ele. Moreno, tomando do modelo teatral seus elementos, distinguem, para a cena psicodramtica, cinco elementos ou instrumentos: a) Cenrio: neste continente desdobra-se a produo e nele podem-se representar fatos simples da vida cotidiana, sonhos,delrios, alucinaes. b) Protagonista: o protagonista pode ser um indivduo, uma dupla ou um grupo. quem, em Psicodrama, protagoniza seu prprio drama. Representa a si mesmo e seus personagens so parte dele. Palavra e ao se integram, ampliando as vias de abordagem. c) Diretor: o psicoterapeuta do grupo tambm o diretor psicodramtico. O diretor do psicodrama est atento a toda informao ou dado que o protagonista de, para inclu-la na cena, guia e ajuda a chegar cena com espontaneidade. Uma vez comeada a cena, o diretor se retira do espao dramtico e somente intervm se necessrio incluir alguma tcnica, dando ordens ao protagonista ou ego-auxiliares. d) Pblico: o grupo teraputico Moreno distingue trs procedimento segundo o objeto de estudo para se abordar quando se dramatize: Psicodrama, tratamento dos conflitos individuais. Sociodrama, onde o objeto de estudo so os grupos sociais. Role Playing ou jogo de papis: quando o Psicodrama utilizado para a formao e treinamento de papis profissionais e tcnicos. O RolePlaying um recurso que funciona no como se, permite que a pessoa jogue todos os aspectos que seu papel profissional requeira e sua possibilidade criativa lhe permita, com isso sua espontaneidade vem com o ato de criao. Pode tambm ser utilizado para compreender as tenses e ansiedades provocadas pelo trabalho e ainda regular as diferenas entre o papel real e o papel idealizado pelo individuo. Psicodrama psicanaltico O psicodrama psicanaltico nasceu na Frana em 1944. Hoje, h uma corrente na qual define que a cena dramtica reconhecida na funo de concentrar o drama e permitir que apaream novos significantes. Dizem que ...o Psicodrama no a busca de um certo sentido nem tampouco de um significante fundamental. Por isso, deve-se evitar a interpretao que proporcione o sentido e a perda do sentido... Conforme Anzieu "...o psicodrama analtico favorece a expresso dos conflitos por intermdio de imagens simblicas..." caracteriza quatro aspectos importantes no Psicodrama: dramatizao dos conflitos, comunicao simblica, efeito catrtico e natureza ldica. Na Amrica Latina, a Argentina o pas pioneiro em Psicodrama. Atualmente , Brasil, Mxico e outros fizeram um importante desenvolvimento, sendo pertinente destacar o Psicodrama no Brasil que, inicialmente foi desenvolvido por docentes argentinos e, atualmente, por seus prprios docentes. Assim sendo, a Psicoterapia clareia e conscientiza o objeto de busca, na medida em que norteia o individuo sobre as faltas externas. Ajuda a conscientizar o medo de ser submetido e ao mesmo tempo a necessidade que se tem de algum que cobre determinados limites. um conjunto de

procedimentos inter-relacionais que possibilita a orientao adequada e acelerao sistematizada do processo de busca. Portanto um dos objetivos do Psicodrama, do Sociodrama e da Psicoterapia de Grupo descobrir, aprimorar e utilizar os meios que facilitem o predomnio de relaes tlicas sobre relaes transferenciais, no sentido moreniano. medida que as distores diminuem e que a comunicao flui, criam-se condies para a recuperao da criatividade e da espontaneidade. Moreno pretendia que a ao dramtica teraputica levasse a algo mais do que a mera repetio de papis tais como so desempenhados no quotidiano. A ao dramtica permite insights profundos por parte do protagonista e do grupo, a respeito do significado dos papis assumidos. Para Moreno, toda ao interao por meio de papis. Para agir em conjunto ou de forma combinada s pessoas precisam de um tempo de preparao. PSICODRAMA PARA CRIANAS Segundo a Psicopedagoga e Psicodramatista, Rosa Maria Silvestre Santos, a escola, precioso elemento de apoio, precisa rever continuamente a metodologia aplicada e investir na formao continuada de seus professores. Como afirma Alcia Fernndez para que a criana possa aprender, ns devemos deix-la ensinar, da mesma forma para que aquele que ensina (professor) possa ensinar, devemos deix-lo aprender. Dificuldades de aprendizagem, psicomotoras, separaes prolongadas, perdas traumticas e relaes conflitivas so alguns dos fatores que motivam cada vez mais pais e professores procura por atendimento psicolgico para suas crianas. Enquanto a criana est enfrentando algumas destas dificuldades os seus mecanismos de defesa so acionados e mesmo depois de aliviado por um momento, o sofrimento emocional no termina e uma das formas dele se manifestar ocorre atravs de alteraes no seu comportamento. Estas questes ultrapassam os limites do frgil psiquismo infantil, pois sua estrutura psquica ainda muito primitiva e dificilmente ela ir suportar esta fase sozinha. Atravs da ajuda de um terapeuta, juntamente com os pais, professores e outros profissionais da rea de sade, ela poder processar e elaborar conflitos conscientes e inconscientes, sem contradies com o que sente, pensa e age. O Psicodrama surge como uma teoria psicolgica e um mtodo teraputico, onde a criana compreendida como ser ativo, social e sujeito da sua histria, responsvel por seus atos. Tem como instrumento a dramatizao e a ao simblica que se busca objetivar, permitindo investigar os vnculos interpessoais e suas caractersticas. O espao da terapia uma oportunidade para a criana se expressar realmente no aqui - agora e ativar ainda mais sua espontaneidade e criatividade. Atravs de tcnicas especficas assim como Jogos Psicodramticos, a terapia possibilita a expresso de possveis angstias, pensamentos e percepes do que vivencia, alm de intervir na preveno de distrbios relacionais a longo prazo. Lo Buscaglia acredita que o professor precisa se transformar urgentemente em professor afetuoso, precisa colocar acar e afeto na sua prtica, despertar o aluno para o desejo de aprender, se interessar por ele, rir, chorar, tocar, abraar, olhar nos olhos e qualificar sua presena.

Afirma Alcia Fernndez que a libertao da inteligncia aprisionada dar-se- atravs do encontro com o perdido prazer de aprender. Muitas vezes, uma criana precisa ser encaminhada para um psicopedagogo para resgatar este prazer, envolvendo o profissional, a famlia e a escola. A Psicopedagogia aliada ao Psicodrama busca resgatar o saber que a criana tem e no se d conta que tem e propiciar autoria de pensamento, dar espao e voz para ouvir o que a criana tem a dizer. Atravs dos jogos e dramatizaes as crianas elaboram suas angstias e do novo significado aos sofrimentos, trabalhando, na fantasia, os sentimentos reprimidos e as cenas da vida real. A Psicopegagogia busca desenvolver os aspectos sadios da famlia e da criana e encontra no Psicodrama, uma fonte inesgotvel de recursos, porque investe no resgate da espontaneidade e da alegria e no prazer de sentir-se uma criana nica, original, interessante, recuperando a auto-estima perdida pelas cobranas diante de insucessos. REFERENCIAS BIBLIOGRFICASANZIEU, D.- Psicodrama Analtico, Campus, RJ,1981. BERMDEZ, R.J.- Introduo ao Psicodrama, Mestre Jou, SP,1970.

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