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    ECOVILAGuia de planejamento de ecovilas

    Marcelo [email protected]

    [email protected]

    ECOVILA

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    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    IntroduoEco vilas so agrupamentos humanos que buscam a auto sustentabilidade e o baixo impacto ambiental .

    A eco casa um elemento fundamental para construo de assentamentos mais sustentveis.

    .A descentralizao de nossas necessidades a soluo para atingirmos mais facilmente este objetivo.

    Por: Marcelo Bueno/[email protected]

    Estamos enfrentando um grande dilema mundial. O homem j percebeu que com seus hbitos consumistasest levando o planeta auma catstrofe ambiental.Quanto mais rico o pas, mais matria prima necessita para seu dia a dia, e deste consumo produz resduosque iro poluir o meio ambiente. um crculo vicioso sem fim, e se no acharmos uma soluo para esteproblema, nossas reservas naturais iro ficar cada vez menores e o mundo mais poludo.Como a populao est em crescimento e com o consumo em alta, em poucos anos vamos ter um grandeproblema que ir afetar a todos ns,.Todos somos responsveis pelo que est acontecendo hoje no planeta.Empresas retiram matria prima de um mesmo lugar para atender milhes de consumidores.Isso causa umgrande impacto ambiental, sem controle ou equilbrio.

    A centralizao de recursos de consumo bsico como a energia eltrica,a gua,o esgoto e os alimentos,est causando grandes impactos ambientais. O consumo sempre estar crescendo e nossas empresasestaro sempre precisando ampliar seu fornecimento o mais rpido possvel.Todos ns precisamos consumir gua, energia e alimentos, e deste consumo produzimos poluio em

    forma de esgoto e lixoTemos que ser mais auto sustentveis no que diz respeito a estes consumos bsicos, mais o grande

    desafio mudarmos nossos hbitos consumistas para sermos mais auto suficientes.A habitao popular ecolgica tem como princpios a auto sustentabilidadee baixo impacto ambiental.

    ndices De Degradao Ambiental no PlanetaO Programa das Naes Unidas para o meio ambiente ( PNUMA), em seu relatrio anual, demonstrou osseguintes ndices de degradao.

    800 milhes de pessoas sofrem de desnutrio; no ano 2020 prev se que este nmero chegar aum bilho e meio.

    Atualmente um tero da populao sofre de carncia de gua; dois teros da populao terodificuldades de obter gua em 2025. O desaparecimento das espcies de animais e vegetais avana hoje em dia a um ritmo entre mil e

    dez mil vezes maior que seu desaparecimento natural. Quatro quintos das florestas originrias na face da terra j foram extintas; 40% da vegetao que

    resta est ameaada pelos desmatamentos que chegam a 16 milhes de hectares anualmente..

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    Princpios de Desenvolvimento Sustentvel Definidos na Agenda 21Texto extrado da Agenda 21.

    Construdo com a participao de atores relevantes do governo e da sociedade, atravs de diferentesformas de consulta e debate, o documento Cidades Sustentveis , em elaborao pelo Consrcio Parceria21, tem por objetivo geral subsidiar a formulao da Agenda 21 brasileira com propostas que introduzam adimenso ambiental nas polticas urbanas, vigentes ou que venham a ser adotadas respeitando-se ascompetncias constitucionais, em todas as esferas de governo.Incorpora tambm os principais objetivos da Agenda 21 e da Agenda Habitat,considerando breve reviso da

    Agenda Habitat, o documento discrimina as principais estratgias de enfretamento das questes urbanasambientais, entre as quais se destacam as relacionadas com: integrao setorial e espacial; planejamentoestratgico; descentralizao; incentivo a inovao;verificao dos custos ambientais e sociais dos projetoseconmicos e de infra estrutura;novos padres de consumo dos servios urbanos e fortalecimento dasociedade civil e dos canais de participao.

    Premissas: A partir dos conceitos e indicaes do marco terico, foram definidas aspremissas que nortearam a realizao do trabalho:

    1. O desenvolvimento sustentvel das cidades implica ao mesmo tempo em crescimento dos fatores positivospara a sustentabilidade urbana e na diminuio dos impactos ambientais, social e econmicos indesejveis noespao urbano.

    2. A indissociabilidade da problemtica social urbana e da problemtica ambiental das cidades exige que secombinem dinmicas de promoo social com as dinmicas de reduo de impactos ambientais no espaourbano.

    3. A sustentabilidade urbana deve se inserir no contexto efetivo da conjuntura e das opes de desenvolvimento

    nacional.4. Reconhecendo a eficcia da ao local, deve-se promover a descentralizao da execuo das polticas

    urbanas e ambientais.

    5. Deve se equilibrar mitigao com inovao das prticas urbanas existentes que apresentem componentes desustentabilidade.

    Objetivos especficos

    Os objetivos especficos incorporam os principais objetivos definidos na Agenda 21 e Agenda Habitat.

    Da Agenda 21, dentre aqueles voltados para a promoo do desenvolvimento sustentvel dos assentamentos urbanos,destacam-se:

    Oferecer a todos habitao adequada; Aperfeioar o manejo dos assentamentos humanos; Promover o planejamento e o manejo sustentvel do uso da terra; Promover a existncia integrada de infra-estrutura ambiental: gua, esgotamento sanitrio,

    drenagem e manejo de resduos slidos; Promover sistema sustentveis de energia e transporte nos assentamentos humanos. Promover atividades sustentveis na industria da construo.

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    Princpios da Eco Habitao Minimizaro mximo possvel o impacto ambientalno local e fora dele.

    Quando compramos madeira, nem pensamos que estamos pagando para algum ir cortar arvoresna regio amaznica, estamos contribuindo com o desmatamento de uma das mais importantesreservas naturais do planeta.

    A regio sudeste do Brasil segundo uma pesquisa realizada em 1997 , consumiu mais madeira delei que a Frana, Inglaterra e Estados Unidos juntos no mesmo ano, e representou o consumo de85% a nvel nacional; toda esta madeira veio da regio amaznica

    . Utilizaro mximo possvel materiais que existe no prprio local da obra. No local da construo

    sempre temos material disponvel, em alguns lugares teremos pedras, em outros madeira masquase em todos teremos terra que um material muito usado a milhares de anos na construo.

    Utilizar o mnimo possvel materiais industrializados, dar preferncia a utilizarmaterial reciclado.O material industrializado consome muita matria prima da natureza para sua fabricao e destafabricao se produz muita poluio, se utilizarmos o mximo possvel material reciclado estaremosbarateando nossa construo ao mesmo tempo que diminumos nosso impacto ambiental.

    Sero mximo possvel auto-suficienteem energia , gua e alimentos .Hoje j estamos sentindo que o fornecimento de energia esta entrando em colapso e com istoficando mais caro, com a gua vai acontecer o mesmo, ns temos que descentralizar nossoconsumo e sermos o mximo possvel auto suficientes em energia, gua e alimentos.

    Reciclaro mximo possvelos resduos produzidos pela construo, guas servidas, e lixoproduzido no nosso dia a dia.

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    PERMACULTURA

    Por :Peter J Webb

    A Permacultura, baseada numa tica da terra, traz estmulos e solues sociais gerados dentro das prpriascomunidades. A sua filosofia e prticas simples, favorecem a reintegrao do ser humano no seu meioambiente de formas sustentveis.

    Criada na Austrlia ao finados dos anos 70, tem como princpio a observao das estratgias da natureza.Desenvolve-se num design inteligente, racionalizando a organizao de stios e fazendas ou at mesmo decidades, levando em considerao os aspectos tpicos de cada regio.

    Tendo claro as necessidades como : moradia, gua, acesso, jardim, animais, lazer, rea de produo,reserva florestal etc., podemos planejar tudo de forma integrado, com harmonia, eficincia e ecologicamentecorreta.Tem como princpio a agricultura orgnica para o manejo produtivo. O cooperativismo o caminho naturalpraticado e incentivado pela Permacultura no s entre as pessoas mas tambm entre todos os elos dapaisagem, formando redes de apoio mutuo (ecossistemas).Sem a permanncia de cultura, a sociedade perde a seus vnculos com a terra.

    A Mata Atlntica do litoral de So Paulo tem caractersticas prprias como se fosse um organismo.Geografia acentuada, florestas exuberantes, chuvas intensas, famlias de ndios, caiaras e pequenosagricultores e uma qualidade de vida muito particular. Com o crescimento sazonal da populao, alm dosbvios benefcios, um serie de problemas esto provocadas no meio ambiente. A expanso das reas demoradias favorece o desmatamento, a poluio das guas e um aumento na quantidade de lixo gerado,alm de provocar problemas sociais. Porm, os 'turistas', cada vez mais sensveis aos assuntos do meio

    ambiente, geram emprego e rendimento para os municpios. necessrio o desenvolvimento de estratgias e prticas para a recuperao e manuteno da qualidadede vida dentro de um plano regional de conservao:

    Trabalhos de educao ambiental, no s nas escolas, mas com os visitantes, paravalorizar e fortalecer a integrao das qualidades tpicas de cada regio.

    Incentivar o uso de tecnolgicas apropriadas para evitar a poluio e para trabalhar adespoluio. Reflorestamento e plantio de agroflorestas com o envolvimento das escolas ea sociedade.

    Incentivos aos pequenos agricultores no manejo orgnico e ajuda na venda local das suasculturas como maneira de aproximar e integrar os vrios partes da sociedade numambiente, socialmente mais saudvel.

    necessrio que juntos, zelamos para o Nosso meio ambiente, enquanto respeitamos aquilo queherdamos.

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    ECOVILA

    A Ecovila um assentamento que busca a sustentabilidade em vrios nveis, tanto energtico como social,

    espiritual e cultural , um planejamento de ocupao de uma rea onde iro morar vrias famlias com ummnimo de impacto possvel e com convivncia social e trabalhos comunitrios. A idia criarmos vilasauto-suficientes, gerando trabalho, conforto, vida social, sade , educao, e com o mnimo impactoambiental para isto.Habitaes auto sustentveis so um paradigma da arquitetura do novo milnio, onde os assentamentospopulares iro consumir menos energia eltrica, reciclar dejetos, economizar gua com reciclagens deesgoto e captao de gua de chuva.Estas ecovilas tero reas verdes em sistema agro florestais, que tanto servem para reflorestamento,preservao ambiental, para o lazer, como tambm para a produo de alimentos para os moradores.O desenvolvimento habitacional hoje em dia provoca uma grande impacto ambiental ao mesmo tempo quesobrecarrega o sistema de fornecimento de produtos bsicos municipais como o abastecimento de gua,emisso de esgoto, lixo e consumo eltrico.Se no adotarmos uma poltica de sustentabilidade em nossas cidades e ecovilas entraremos emconstantes colapsos.

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    Pontos guias para desenvolvimento de uma comunidade: Reconhecer que ser uma viajem, e desfrut-la! Desenvolver uma viso e mant-lo em crescimento. Construir relaes e laos afetivos. Fazer que o desafio do sistema em sua totalidade seja explcito. Aceitar ajuda para conseguir ser mais auto-suficientes. Desenvolver procedimentos claros. Manter uma sustentabilidade equilibrada. Ser abertos e honestos.

    Agora, vamos desenvolver cada um destes pontos em detalhe:

    RECONHECER QUE SER UMA VIAJEM, E DESFRUT-LA !!

    Uma das dificuldades mais comuns que os fundadores de comunidades se criam, o de centrar-se commuita fora nos desejos e nos resultados, conduzindo-se a si mesmos e aos outros a frustraes e

    desiluses quando descobrem que o processo do desenvolvimento comunitrio leva seu tempo, geralmentevrios anos. Joan Halifax, diretor da Fundao Ojai, conta a seguinte histria: o Dalai Lama me disse emuma entrevista que havia trs condies que poderiam me permitir de levar a cabo minha viso de umacomunidade: "Deve existir... Grande amor, Grande persistncia, Grande pacincia. A pacincia a mais

    difcil de todas!". Para evitar, ou ao menos reduzir essas dificuldades, ajuda o reconhecer desde o comeoque UMA COMUNIDADE EST SEMPRE EM PROCESSO, E QUE MELHOR HONRAR E DESFRUTAR

    DO PROCESSO. Esse processo levar o grupo fundador atravs de diversos estados de "incluso","controle", "afeto". O processo tambm leva a comunidade a vrias etapas ou fases: pesquisa/projeto,

    criao /implementao e manuteno, para os desafios das distintas reas: bio sistemas, bio construes,sistema econmico, sistema social e a coeso grupal. Entendendo as distintas fases e sendo capaz desaber onde est localizado cada um no processo, se pode incrementar o desfrute e a utilidade de cada

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    DESENVOLVER UMA VISO E MANT-LA EM CRESCIMENTO

    As bases para qualquer grupo, e o requisito necessrio para formar um grupo novo so a "coeso". Aspessoas que trabalham com o desenvolvimento grupal (em comunidades, negcios e outros lugares),concordam amplamente que um dos tipos de "coeso" mais importante que um grupo pode ter o de

    COMPARTILHAR VISES CLARAS. Para que uma viso atue como aglutinante, necessrio que sejaalgo mais que uma construo intelectual. Uma viso diz respeito a profundos valores e intuies. Tal visopode ser articulada por uma pessoa ou um pequeno grupo de pessoas, ou pode ser desenvolvida atravs eum processo que involucre ao grupo todo. Em qualquer caso, a viso ser mais efetiva se a cada membrodo grupo lhe ressoe um "sim" pessoal sobre a viso. Uma viso efetiva pode ser muito simples, porexemplo: uma Eco-vila pode crescer em volta da viso de ser um lugar demonstrativo de uma maneira deviver em harmonia com a natureza. Alguns grupos se beneficiam com uma viso simples, outros com umamais complexa. O que importante em qualquer caso, que a viso seja uma expresso honesta daessncia do profundo propsito do grupo. No estado formativo de um grupo, muito til trabalharexplicitamente no desenvolvimento e na explorao da declarao da viso. Ao desenvolver a viso, importante proceder de tal maneira que se deixe espao aos sentimentos e intuies. Uma boaaproximao fazer uma "tormenta de idias", de palavras e frases curtas que os membros do gruposintam de alguma maneira relacionada viso. Isso deve ser escrito sobre uma folha grande, assim todos

    podem ver o que vem surgindo. muito importante durante esse processo seguir as regras da tormenta deidias: no fazer comentrios nem crticas das sugestes de outros. Uma vez que o grupo sinta que temuma lista suficientemente cumprida, se detm a "chuva", e se inicia o debate. Procure simplificar agrupandoidias, mas no percam nenhum conceito significativo neste processo. Se houver pontos discordantes,vejam se so simples mal-entendidos que se podem resolver. Se no assim, reconhea-os, e procure noforar um acordo. Completem o processo fazendo um rascunho da declarao da viso. s vezes todo ogrupo inteiro pode faz-lo, mas se no resulta fcil, organizem um pequeno sub-grupo para que ordene asidias e apresente logo a declarao da viso. Se h desacordos sobre distintos pontos de vista, organizemtantos grupos quantos pontos de vista diferentes haja. Os grupos comunitrios em processo de formaoatraem certos membros iniciadores, que no permanecem por muito tempo. Um grande desafio para ogrupo inicial, ajudar cada um a descobrir sua prpria viso, e permitir a todos de ver qual viso estalinhada para servir s bases da viso grupal e que vises devem buscar expresses em outra parte. importante evitar a expectativa de que cada membro que comea deve continuar com o grupo, porque istopode supor para alguns suprimir sua prpria viso, ou ainda, forar a outros uma viso que verdadeiramenteno compartilham. HONREM A CONTRIBUIO DE CADA PESSOA E NO TEMAM EM DECIDIR QUEMSEGUIR OU NO NO GRUPO. Faam circular o rascunho no grupo e logo voltem a encontrar-se paramaiores refinamentos. O melhor resultado para o grupo chegar a um consenso entusiasta. Se hconsenso, mas alguns membros no esto entusiasmados, um sinal claro que tem alguns pontosimportantes que devem ser resolvidos. Pode ser bom seguir adiante de toda maneira, mas o grupo nodeve deixar estas questes no resolvidas por muito tempo. Se no h consenso, o grupo deve considerardividir-se ou reestruturar-se de alguma maneira para que cada ponto de vista seja livre para manter suaprpria viso. s vezes, possvel criar uma viso mais ampla que d um marco onde o que pareciaconflitual, possa ser parte complementaria do todo. Se isso funciona, melhor, mas no forcem um"matrimnio" que no surja naturalmente. Muitas experincias dolorosas pem em evidncia que no sbio intentar construir uma viso por compromisso. AS VISES EFETIVAS DEVEM SER AUTENTICAS,SENTIDAS PROFUNDAMENTE, E ELEGIDAS LIVREMENTE. Algumas semanas mais tarde que a visotenha sido definida, seria til revis-la (sem voltar a escrev-la) para explorar o significado para o grupo.

    Estimulem a cada pessoa do grupo para que descubra como se sente com respeito viso e como estapode ser expressa na prtica. Esse processo pode permitir a cada membro um melhor entendimento de suaprpria viso e da maneira como os outros entendem essa viso. Em grupos bem-sucedidos, uma vez quea viso inicial tenha sido esclarecida, a essncia dessa viso se mantm estvel por anos e dcadas.Durante este tempo, as palavras que expressam a viso necessitam variar para expressar novasaprendizagens do grupo e para manter o contato com a sociedade. Para manter a viso viva, regularmentetem que revis-la como grupo. Ainda isso fornece a possibilidade aos novos membros de entender melhor aviso inclusive contribuir para a mesma.

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    CONSTRUIR RELAES E LAOS

    O outro aspecto fundamental da coeso de um grupo provm do corao. vital construir relaesinterpessoais slidas, onde as experincias compartilhadas possam providenciar as bases de umentendimento mtuo e confiana. Estas relaes so claramente desejveis, mas constru-las no simples. Elas no podem ser manufaturadas ou impostas, mas podem ser facilitadas. Estas so algumassugestes:

    Encontrem espaos onde as pessoas possam contar histrias de suas vidas. Especialmente emestados formativos, isso lhe dar um maior sentido de profundidade a cada pessoa e permitir acada uma sentir-se mais plenamente reconhecida.

    Estimule interaes que focalizem sobre cada uma das sete inteligncias: intrapessoal,interpessoal, musical, espacial, kinestsica, verbal/lingstica e lgica/matemtica. Em outraspalavras, alm de falar e planejar juntos dancem, faam algum esporte em equipe, cantem juntos,etc. Especialmente, ao incio do processo, quando a tendncia principalmente at a interao

    verbal nas reunies, importante usar estas experincias mais diversas para ter um entendimentomais integral uns aos outros. importante tambm para o grupo, aprender rpido que aliderana natural no grupo se move de pessoa a pessoa dependendo da atividade.

    Viagem juntos. Desde um simples acampamento a uma longa viagem providenciar umaexperincia concentrada em viver e trabalhar juntos. Voltaro desta experincia com laosfortalecidos ou decididos a que cada um deve seguir seu prprio caminho separado. Para muitosgrupos resulta til reunir-se regularmente sem um motivo especifico. Pode-se compartilharregularmente uma comida, compartilhar uma meditao e/ou alguma atividade similar que coincidacom os valores dentro do grupo. Quando isso bem feito, uma boa maneira de simplesmenteestar bem juntos sem grandes expectativas.

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    FAZER QUE O DESAFIO DO SISTEMA EM SUA TOTALIDADE SEJA EXPLCITO

    Uma vez que o grupo comeou a esclarecer sua viso e construir relaes, o prximo passo implica orientarao grupo nas tarefas que necessitam ser realizadas. Neste ponto, muitos grupos encontram o desafio deacomodar dois estilos diferentes de personalidade. H quem prefira aproximar-se dessas tarefas

    comeando pelo planejamento. H outros que desejam mergulhar na experimentao. O desafio para ogrupo como totalidade levar essas duas tendncias at uma relao construtiva, assim podem contribuiruns aos outros. Lamentavelmente, o que de freqente ocorre que estas duas tendncias so vistas emoposio uma a outras e o resultado uma luta de poder. Durante as ltimas dcadas, como a maioria dasinstituies foi sobre-burocrticas, aqueles que se lanaram a realizar comunidades experimentais,desejaram escapar da estrutura e do planejamento. No processo muitas comunidades aprenderam duraslies por ir to rpido na direo da experimentao espontnea. Por outro lado, algumas comunidadescriam ainda mais complicaes quanto a planejamento e sistema de controle que o que se encontra nasociedade. Hoje, entre as comunidades que sobreviveram por vrios anos, h uma maior valorizao doplanejamento e da experimentao como elementos teis que necessitam estar em equilbrio e numarelao adequada.

    PLANEJAMENTO:Uma grande ajuda para conseguir esta relao adequada implica em alcanar um profundo entendimento

    do planejamento e da experimentao. Com relao ao planejamento, este abarca dois aspectos principais:

    Identificar e visualizar as etapas que so requeridas para realizar uma tarefa.

    Decidir quando cada etapa deveria ser completada e atravs de que meios.

    A fora do primeiro aspecto que, frente situaes complexas, identificar todas as etapas pode permitirmais facilmente a todos os integrantes do grupo pensar em termos de totalidade e usar sua prpria energiae recursos de uma maneira equilibrada. O risco o de ficar atolado na tentativa de detalhar excesivamentetodas as etapas necessrias e acreditar que tudo que foi colocado no plano uma ampla representao darealidade. A fora do segundo aspecto que permite ao grupo distribuir seus recursos e energia no tempo.

    Assim, por exemplo, se evita que o grupo gaste todos seus recursos no primeiro ano, para descobrirposteriormente que teria necessitado mais no segundo ano. A debilidade deste ponto que se fazimpossvel prever completamente quando ser preciso dar cada passo ou que recursos estaro disponveisquando chegue esse momento. Tomando em considerao essas foras e debilidades/perigos, os grupospodem na maioria das vezes, tomar o melhor do planejamento criando um grfico em forma de mapa dasatividades que lhe dizem respeito, incluindo suas expectativas em relao a quando estas atividades sedesenvolvero no tempo. Na criao deste mapa de grande valor combinar informao racional /factual eintuio. A boa intuio pode usualmente ver "alm do horizonte" e perceber futuras situaes que aindano aparecem, podendo ser importantes para o planejamento de hoje. Ao mesmo tempo, a informao

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    racional pode responder a muitas questes, cobrir muitos detalhes necessrios e ajudar a distinguir entreintuio genuna e imaginao. Estes mapas podem ser um bom colaborador mas um mestre pobre. Ogrupo poder aproveit-los ao mximo, utilizando-os como marco de referncia para discutir e coordenarentre vrias atividades, e estando bem dispostos a modific-los se as condies mudam. Desse mododecises sobre a melhor maneira de proceder podem ser tomadas na hora e, mesmo assim, mant-las nocontexto do melhor entendimento grupal sobre a totalidade de seu propsito e seu trabalho.

    EXPERIMENTAO:

    Para muita gente a oportunidade de ser espontnea e de "provar no caminho" uma das mais grandesalegrias da vida. O desenvolvimento de comunidades sustentveis implica muito esprito pioneiro e precisade gente que curta a experimentao. Certamente, o desenvolvimento de comunidades sustentveis temuma quantidade de processos que demandam muito tempo, energia e dinheiro. por isso que os resultados

    de qualquer tipo de experimentao podem levar um longo tempo para serem apreciados, e o custo dasexperimentaes sem resultado pode tornar-se bastante alto. A experimentao - sobre tudo a espontnea,no planejada e desestruturada - funciona melhor em situaes onde as conseqncias podem serrapidamente visveis e o custo dos fracassos seja baixo. Um bom "mapa" das atividades globais dacomunidade pode ajudar a identificar aquelas que apresentem estas caractersticas. C. Mc Laughlin eGordon Davidson assinalam ao respeito este debate:

    "Algumas comunidades resolveram este dilema ao planejar muito cuidadosamente algumas atividades,como os encontros, e deixar que outros eventos, como as celebraes, se faam espontaneamente".

    Que se deveria incluir dentro do "mapa" grupal? Um bom lugar para iniciar as reas de desafio: bio-sistema, construo ambiental, sistema econmico, sistema social e coeso grupal. O mapa ser maisefetivo se exposto visualmente em lugar comum de encontro para que possa ser modificado durante as

    reunies e na medida que as situaes mudem. Seria bom que o display seja o suficientemente flexvelcomo para adicionar o apagar novas reas especficas, indicar eventos por vir ou atividades necessrias nofuturo, e os sucessos que acontecem no presente. As futuras atividades e necessidades podem serredigidas em bilhetes separados e mveis para ser mais flexveis e comunicar graficamente a flexibilidade.

    Ao utilizar um mapa deste tipo importante prestar igual ateno s trs fases de desenvolvimento:

    Recursos /Projeto Criao /Implementao Manuteno

    Tambm til para o equilbrio grupal honrar conquistas que surgiam naturalmente, em particular, na reada coeso grupal. Por exemplo, quando as pessoas comeam a se dar conta que suas relaes seaprofundam ao trabalhar juntos, ser celebrado com uma nota no mapa. Uma vez que o grupo desenvolveseu prprio mapa, ser mais fcil estabelecer prioridades, decidir os prximos passos e criar as equipes detrabalho necessrias para alcanar esses objetivos.

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    ACEITAR AJUDA PARA ALCANAR UMA MAIOR AUTOSUFICINCIA

    H tanto conhecimento que podem beneficiar o desenvolvimento de comunidades sustentveis, e esteconhecimento est crescendo to rapidamente, que difcil que o grupo fundador possa saber sobre tudoque existe.

    Para alguns tpicos especficos, como detalhes de construo, pode ter sentido depender de umespecialista de fora. De toda maneira em outros tpicos melhor desenvolver ao menos um nvel mdio dehabilidade dentro do grupo. Valorizem esta possibilidade incluindo suficiente tempo e recursos nopressuposto, para uma slida aprendizagem dentro do grupo. H trs reas principais de habilidades quenecessitaria uma comunidade em sua "caixa de ferramentas":

    Habilidades em tarefas especficas: esta ampla categoria inclui TUDO, desde como desenhar umaestufa como armazenar alimentos; de como estabelecer legalmente um negocio cooperativo atcomo oferecer cuidados mdicos de emergncia.

    Habilidades de administrao: esta categoria inclui algo familiar no mundo dos negcios, mas quehistoricamente tem sido uma debilidade nas comunidades. Exemplos disso so: administrao doprojeto, planificao financeira e oramentria, manter livros contveis, etc.

    Processo grupal e habilidades interpessoais: esta categoria inclui trabalhar com as diferenasindividuais, etapas no desenvolvimento grupal, habilidades de comunicao, etc.

    H algumas comunidades que tem sido pioneiras em estas habilidades e na atualidade mantm grupos eempreendimentos em relao a esse desenvolvimento. De todo modo ainda muitas comunidades sopobres nesta rea. As necessidades e interesses de cada comunidade iro determinar quo profundamentedevem avanar seus membros nas distintas reas. Cada comunidade deveria desenvolver-se, mesmo que

    seja minimamente, na administrao e habilidades no processo grupal, j que a carncia destas habilidadestem sido historicamente motivo principal de fracasso em muitas comunidades.

    DESENVOLVER PROCEDIMENTOS CLAROS

    A comunidade deve ser uma AVENTURA ENTRE AMIGOS, NO UM EXERCICIO BUROCRTICO. Asexperincias dolorosas de muitos grupos fazem manifesto que para manter isso como uma aventura, umpouco de burocracia tambm necessrio. Especificamente, bom desenvolver procedimentos escritos

    claros para: Tomada de decises - Resoluo de conflitos - Finanas - Membros

    Talvez seja mais importante desenvolver "meta procedimentos" para mudar estes outros procedimentos. bom iniciar j com algo escrito, mesmo que seja simples. Isso pode ajudar a evitar dois grandes erros:

    1. Esperar tanto que ao final se chegue a uma confuso ou desacordo sobre os procedimentos.2. O problema oposto, que permanecer intentando escrever a seqncia perfeita de procedimentos,

    antes de ter ganhado mais experincia como grupo.

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    MANTER UMA SUSTENTABILIDADE EQUILIBRADA

    Os passos antes descritos do uma base necessria. Uma vez que esses esto em seu lugar ou pelomenos iniciados, o grupo pode focalizar-se nas tarefas especficas que se necessitam para desenvolver aEco-Vila ou comunidade sustentvel. Enquanto isso se faz, h certos equilbrios que se deve ter em conta:

    Entre o grupal e o privado: a maioria das comunidades observa que funcionam melhor ao combinarclaros espaos "comuns" e "privados", tanto no tempo, como nas atividades e finanas. Parece queas pessoas no s necessitam um pouco de cada coisa, mas que em diferentes momentos de suas

    vidas se movem at o grupal ou individual como necessidades que variam. Uma comunidade sabiapermite um amplo espectro de pontos de equilbrio e estimula seus membros para que sigam seusciclos naturais de "inalao" e "exalao".

    Entre hoje e amanh: alguns intentos de desenvolvimento comunitrio falham porque no estobem localizados no tempo. Procuram fazer as coisas rpido demais, esgotando-se emocionalmentee em seus recursos financeiros, ou ficam falando e adiando decises, convertendo-se em umasociedade que debate sem decidir-se a arriscar um compromisso real. Utilize o mapa de atividadespara decidir as prioridades e os passos a seguir at as necessidades do grupo.

    Entre trabalho concreto e sutil: muita gente atrada idia de Ecovilas por fortes imagens decasas solares e jardins de Permacultura. Outros esto mais interessados no sentimento decomunidade e num espao seguro ou desafiante para o crescimento pessoal. Todos essesaspectos jogam um papel na totalidade da comunidade bem-sucedida. O xito depende de seudesenvolvimento equilibrado e de uma apreciao compartilhada de cada aspecto. No

    desenvolvimento da comunidade s vezes ser necessrio enfatizar um aspecto sobre o outro porum perodo de tempo. Por exemplo: una estratgia que tem sentido para muitos grupos defocalizar-se primeiro em desenvolver trabalhos que possam funcionar logo na Ecovila. Uma vez queisso esteja em marcha o grupo comea a lidar com a terra e as construes. Alguns podem ver issocomo pospor o desenvolvimento da comunidade, mas desde uma perspectiva total do sistema,esses assuntos so uma componente to importante para a comunidade como a edificao,inclusive podem afetar significativamente um melhor desenho edilcio. s que os relacionamentosso uma forma "sutil" e no so to visveis como o "concreto" dos edifcios.

    Entre amor, luz e desejo: cada comunidade se pode beneficiar tendo as qualidades positivas docorao (cuidado, confiana, vinculo), da mente (claridade de entendimento, viso, integridade) e davontade (a habilidade de atuar com coragem eficincia). Estas qualidades integradas de umamaneira equilibrada fazem uma poderosa combinao. O desafio manter dito equilbrio. O simplesfato de afirmar a importncia deste equilbrio dentro da viso do grupo pode ser uma poderosa

    ajuda. Entre vrios estilos de aprendizagem e conhecimentos: Quero enfatizar a importncia dedesenvolver tantas formas de entendimento claro dentro do grupo quanta pessoas distintas existem.

    A maioria dos desacordos dentro dos grupos tem a ver com argumentos sobre distintos estilos deaprendizagem e conhecimento, no sobre problemas substanciais, por exemplo: alguns preferemfalar e logo fazer, outros preferem fazer e logo falar, enquanto outros s querem fazer e claro quetem aqueles que s querem falar. Trabalhando em boa relao entre uns e outros esses diferentesestilos podem complementar-se de maneira que seja libertador para cada pessoa. Em m relaopodem levar a lutas de poder sem fim. O ideal honrar cada estilo e estimular a cada pessoa acrescer mais confortavelmente com estilos diferentes ao seu estilo familiar, pelo menos com a

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    finalidade de entender os outros e para ampliar sua habilidade de abarcar a completa experinciade vida.

    Entre consumo corrente, investimento e servio: a sustentabilidade fundamentalmente entrejusteza e equilbrio atravs do tempo. Uma das maneiras mais concretas em que as pessoasexpressam isso, atravs do equilbrio entre seus gastos (de tempo e dinheiro) e consumos (desdecomida at lazer) com os investimentos (desde construes at educao) e o servio a outros (quepode involucrar tanto o consumo como o investimento). A relao entre o consumo e o investimento delicada: comer boa comida um investimento para a sade do amanh, enquanto que comerqualquer coisa se converte na mais grosseira forma de consumo.

    H valores para distinguir entre o grau em que um gasto ir dar futuros benefcios. Se os benefcios so

    altos um investimento, ao contrrio, se os benefcios esto principalmente aqui e agora consumocorrente. Uma vida saudvel requer um equilbrio entre ambos. Nas comunidades, isto pode desequilibrar-se de diversas maneiras. Quando a comunidade esta no meio de construes, esta envolvida num forteprocesso de investimento. Se a comunidade dedica muito tempo s relaes interpessoais e exerccios decrescimento interior, podem rapidamente envolver-se num excesso de consumo, pelo menos em relao aouso do tempo. O esprito de servio sustentvel pode dar um saudvel antdoto para estes desequilbrios. Oservio se focaliza mais alm de si mesmo e pode, de esta maneira levar a pessoa alm do consumocentrado em si mesmo. Isto se traduz em uma apropriada nutrio do que servido hoje para que possaservir amanh tambm.

    SER ABERTOS E HONESTOS

    Finalmente, resulta clara a evidncia de que para muitos assuntos comunitrios (inclusive os sempreprovocatrios temas de sexo, poder e dinheiro): O QUE VOC FAZ MENOS IMPORTANTE DE QUANTO

    ABERTA E HONESTAMENTE O FAA. Por exemplo: algumas comunidades bem-sucedidas se baseiam nocelibato, enquanto outras se baseiam em matrimnios grupais. Estas aproximaes aparentemente opostaspodem ambas funcionar. Aquilo que no funciona e coloca a comunidade em problemas quando a teoriano encaixa com o comportamento privado, especialmente quando os que quebram as regras so aquelesem posio de liderana. O assunto do poder oferece um bom exemplo. Muitas comunidades adotam oideal de completa igualdade de poder, mas de fato a aproximao mais sana no processo de grupo que sepossa reformular seus prprios ideais de maneira que honrem melhor seu significado profundo, porexemplo: justia igualitria para todos pode ser mais importante que igualdade de poder, e combine melhorcom a complexa verdade de suas experincias.

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    Comunidade sustentvel - um desafioTexto :Robert GimanTraduo ecolinkvillage

    Robert Gilman diretor do Context Institute. Recebeu o doutorado de astrofsica na Universidade dePrinceton. Foi docente da Universidade de Minnesota e fez investigaes no Observatrio AstrofsicoSmithsoniano de Harvard e na NASA. Desde 1975, quando decidiu que "as estrelas podem esperar, mas oplaneta no", estudou a sustentabilidade global, investigaes do futuro e estratgias para mudanasculturais positivas. Foi fundador e editor da revista INCONTEXT . Tem amplos antecedentes na historia dasculturas, teorias inovadoras, economias sustentveis, tecnologias apropriadas, e conservao de recursos.Com sua esposa Diane desenharam sua prpria casa solar. A Reportagem de Eco-vilas e Comunidades

    Sustentveis uma recopilao realizada pelos Gilman, a pedido do Gaia Trust da Dinamarca, em 1991.Essa seo est dedicada a todos aqueles que desejam ser ou j so participantes do desenvolvimento deEco-vilas, fundadores ou membros de uma comunidade, consultores e apoio no processo dedesenvolvimento de Eco-vilas. Ser mais til se esse material for lido por todos os membros do grupo dedesenvolvimento da comunidade, discutido e logo incorporado ao processo grupal. Poderiam pensar queum set de pontos de guia para o desenvolvimento de Eco-vilas, principalmente teria a ver com a parte eco,ou seja, como manejar o biosistema e a construo ambiental. Esses pontos so certamente importantes,mas o que temos aprendido ao estudar comunidades existentes e ao entrevistar as muitas pessoas comvasta experincia em comunidades, que esses sistemas fsicos so os aspectos mais fceis nodesenvolvimento de Eco-vilas. Tambm so os mais variveis, porque o detalhe de como manejar obiosistema ou a construo depende em grande parte da especificidade de cada comunidade. por issoque focalizaremos certos aspectos crticos do processo de desenvolvimento das Eco-vilas, onde anecessidade maior. Pode ser difcil ser pioneiro de comunidades sustentveis, mas no impossvel,ainda mais tem suas satisfaes e recompensas.

    De fato, numerosos grupos o intentaram por dcadas. Para ver as dificuldades que esses pioneirosenfrentaram, vamos dar uma olhada aos variados desafios que a viso de eco-vilas acarreta.Sem dvida, essas observaes podem ajudar-nos a enfrentar os desafios que nos toquem nodesenvolvimento de nossos projetos.

    Desafio do bio-sistema

    Para que a Eco-Vila esteja integrada harmonicamente ao ambiente natural, necessrio encontrar-semaneiras amigveis e ecolgicas de:- Preservar os habitat naturais da Eco-Vila.- Produzir alimentos, madeira y outros bio-recursos no lugar.- Processar os resduos orgnicos produzidos no lugar.- Despejar a menor quantidade possvel de resduo txico.- Processar resduos lquidos.- Evitar o impacto ambiental no lugar pelo uso e despejo de qualquer produto.

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    Desafio da construo ambiental

    - Construir com materiais ecolgicos.- Usar fontes de energia renovvel.

    - Manejar os resduos slidos, lquidos e gasosos dos edifcios de maneira ecolgica.- Ter a mnima necessidade de transporte motorizado.- Construir de maneira a criar menos impacto na terra e na ecologia local.Para que a Eco-Vila favorea um sano desenvolvimento humano, necessrio que as construes:- Tenham um bom equilbrio entre lugares pblicos e privados.- Estimulem a interao comunitria.- Ampare uma grande diversidade de atividades.

    Desafio do sistema econmico

    Para realizar o ideal da Eco-Vila favorecer um sano desenvolvimento humano e seja completa, precisa quehaja uma atividade econmica significativa. Para realizar o ideal de igualdade e no de explorao, que fazparte dos princpios de sustentabilidade, preciso que as atividades dos membros da Eco-Vila nodependam da explorao de outras pessoas ou lugares, nem da explorao do futuro no presente.

    Algumas das questes que a Eco-Vila ir enfrentar em relao ao sistema econmico, so:-Quais so as atividades econmicas sustentveis, no sentido de se sustentar aos membros da comunidadee so ecologicamente sustentveis?-Que partes da comunidade sero espaos em comum, que partes privadas?-Como podemos ser simultaneamente eficientes economicamente e ecologicamente, para reduzir tanto

    gastos como impacto ambiental?-Qual o modo mais apropriado de organizao do trabalho para os negcios associados de a Eco-Vila?-Existem alternativas teis, ou suplementos moeda, para facilitar o intercambio econmico dentro e entrediversas Eco-Vilas?

    Desafio do governo

    Como a economia, os ideais de igualdade e no exploraes so ponto essencial, mas no nos do umaidia clara de como levar isso pratica. Algumas perguntas teis so:-Como se tomaro as decises, que mtodos se utilizaro, para que tipo de decises?-Como se resolvero os conflitos?-Como se faro cumprir as decises da comunidade?-Quais sero as funes e as expectativas da liderana?-Como se relaciona a Eco-Vila com o governo da comunidade vizinha?

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    Desafio da coeso grupal

    Para poder manejar todos estes desafios, os membros da Eco-Vila necessitam algo que os mantenhaunidos, algumas bases de valores compartilhados e uma viso que lhe possa dar a coeso.Desenvolver e manter essa coeso so outro nvel de desafio, que ir despertar perguntas como:-Qual a relao apropriada entre unidade e diversidade?-Que expectativas se tem com relao a valores, comportamentos ou prticas compartilhados no grupo?-At que ponto se desenvolve melhor essa proximidade?-Como ir se relacionar o grupo com outros fora do grupo?

    Desafio do sistema total

    Se isto foi suficiente, ainda h um desafiomais profundo e imperceptvel, no

    sistema total.Um dos maiores desafios que enfrentam aqueles que intentam criar uma Eco-Vila talvez que senecessitam transformaes em tantas diferentes reas da vida. Quase sempre os fundadores decomunidades intentam ou se sentem forados a trabalhar todos os aspectos desta transformaosimultaneamente.Geralmente, todas estas transformaes levam mais tempo e so mais custosas do que se espera.

    Ainda mais, cada rea de transformao, interagir com as outras de maneira imprevisvel. Dentro doprocesso, os recursos financeiros, recursos emocionais e as relaes interpessoais podem ser postas sobuma grande presso. Quando os intentos de comunidade falharam, uma das razes foi geralmente porque o

    grupo intentou fazer demasiado e muito rpido com relao aos recursos sua disposio.O desafio do sistema total ento, de tomar um honesto sentido do alcance da empreitada, e logodesenvolver uma aproximao que permita comunidade desenvolver-se a um passo sustentvel.Em outras palavras, "sustentabilidade" no uma caracterstica da comunidade terminada, tem que serparte do pensamento e dos hbitos do grupo desde o comeo.Construir uma Eco-Vila bem-sucedida requer equilbrio de atividades entre trs principais fases:1) Recursos e desenho.2) Criao - implementao.3) Manuteno de cada uma das reas de DESAFIO.Tomar todos os desafios juntos pode resultar excessivo. No surpreendente que ainda no hajacomunidades que consigam completar o ideal de Eco-Vila. Se existem muitos projetos e grupos pioneirosque fizeram progressos considerveis em aproximar-se em forma bem-sucedida a cada um destes desafios.Inclusive, algumas comunidades poderiam em poucos anos considerar-se Eco-Vilas completas.

    Aqueles grupos que atualmente esto dirigindo seus esforos para estes objetivos, tanto ao iniciar umanova Eco-Vila ou ao intentar transformar uma comunidade intencional j existente, felizmente no devemcomear do nada.

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    Comunidade Campina

    A Comunidade Campina consta de 25 integrantes, entre adultos e crianas, e est localizada no Vale doCapo, vizinha do Parque Nacional da Chapada Diamantina, Municpio de Palmeiras, Bahia.

    Desde 1990 a Comunidade se empenha na produo orgnica de alimentos, implantando sistemaspermaculturais integrados desde Janeiro de 1998. A Comunidade hoje conta com horta orgnica, herbriomandala, e sistemas agroflorestais de frutas.

    A maioria dos integrantes mora em casas ecolgicas de adobe, e mantm isso como critrio para novasconstrues. A Comunidade conta com cozinha comunitria (todas as refeies so feitas conjuntamente),unidade de reciclagem de lixo, casa das crianas, uma grande oca para hospedagem de visitantes,biblioteca, apirio, oficina, bio-digestor, ainda recebendo por gravidade gua cristalina de uma nascente damontanha.

    Objetivos da Comunidade:

    alcanar a auto-sustentabilidade, no s em termos de alimentos mas tambm em termos desade, educao e produo de energias renovveis.

    funcionar como centro de pesquisas para aplicao de sistemas agroflorestais, bio-construo etecnologias alternativas como aproveitamento de recursos hdricos, produo de sementesorgnicas, energia, alimentao natural, apicultura, sistemas de moeda verde.

    dedicar-se a preservao do meio ambiente, combate aos incendios, restaurao da bio-diversidadena comunidade e no entorno do Parque Nacional.

    aperfeiar o processo de convivncia, coeso grupal e tomada de decises por consenso. educao ambiental, incentivando pessoas que queiram aproximar-se desse modelo de vida.

    Atualmente a Comunidade est se concentrando em quatro pontos de sustentao:

    1. apicultura,2. ervas medicinais,3. eco-turismo,4. cursos de permacultura e bio-construo,

    Desde de Janeiro de 99 j foram ministrados trs cursos de Permacultura em parceria com o Instituto dePermacultura da Bahia e, em Agosto de 2000, aconteceu o primeiro curso de Bio-construo com o apoio

    do Instituto TIB do Rio de Janeiro. O Vale do Capo, ponto de convergncia das trs comunidades locais(Campina, Rodas do Arco-ris e Lothlorien), foi escolhido como sede do 2ndo Congresso Latino-Americanode Permacultura, que acontecer em Setembro de 2001.

    Temos interesse na elaborao e realizao de novos cursos nas reas acima citadas e tambm outras,que visem a ampliao da conscincia ecolgica. Para tanto necessitamos de apoio financeiro, informaes,ferramentas, sementes e mudas orgnicas, implementos para produo de energia, etc.

    A Comunidade Campina est de portas abertas para visitas e intercambio, de preferncia com aviso prvio.Tambm admitimos novos moradores, depois de um periodo de experincia com o grupo

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    http://www.ecolinkvillage.net/portug/dadosP/brasilP/estabeleP/lothlorienP.htmhttp://www.ecolinkvillage.net/portug/dadosP/brasilP/estabeleP/lothlorienP.htm
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    Esclarecimentos bsicos

    Enquanto estiver na Comunidade voc dever se integrar nos seguintes trabalhos prticos:

    Horta, herbrio, roas, apicultura, construes, lenha, reciclagem do lixo, atividades para crianas, viveirode mudas, cuidados com os animais e cozinha.

    Informaes detalhadas sobre a Comunidade voc poder obter conversando com os moradores eparticipando do nosso cotidiano.

    Todos os servios so voluntrios e devem ser cumpridos com amor. No h especializao de trabalho, todos participam de tudo. Existem focalizaes temporrias Fazemos tambm uma partilha semanal, onde as decises so consensuais. Os horrios so bastante flexveis, mas importante observar e acompanhar o movimento do

    grupo. Nossos riachos e cachoeiras so sagrados. Deixe longe deles sabo, shampoo, coc, xixi ou

    qualquer outro poluente. Evite deixar este tipo de rastros ou trilhas nas margens e nos caminhos. Nossa regio sujeita queimadas. Muita ateno e cuidado, por favor. Em caso de incendio,

    somos todos combatentes voluntrios. Desejamos uma vida simples e saudvel. Nossa alimentao ovo-lacto-vegetariana. Trabalhos

    fsicos, intelectuais so bem-vindos. Alcool e drogas so dispensveis. As refeies so feitas comunitariamente. Ajudar na cozinha tarefa para qualquer momento de

    folga. S suje o que poder lavar. Todo lixo deve ser coletado selecionadamente: orgnico x inorgnico, seco x molhado, reciclvel x

    dispensvel. O saneamento bsico simples, porm rigoroso. Utilize sempre fossas secas. Se necessrio, abra

    uma. Procure dar bons exemplos em tudo o que diz e faz. Se voc est com algum problema de sade, comunique-se com algum residente. Talvez possamos

    ajud-lo.

    Maiores informaes: [email protected]

    O planejamento de uma Ecovila esta relacionado com os ideais dos moradores, disponibilidades demateriais, relevo, quantidade de pessoas ,tamanho da propriedade e mercado consumidor que queremos

    atingir.Devemos fazer sempre o planejamento de ocupao do solo, estudar as potencialidade, dificuldades eobjetivos que queremos atingir em curto e longo prazo. Comear pequeno e ir crescendo uma tticainteligente, mais se dever pensar sempre em vrias possibilidades e escolher as melhores solues.Sempre que escolhemos um caminho a seguir, vamos encontrar obstculos para ultrapassar, fazendouma anlise do custo e beneficio , com pesquisas e estudos poderemos chegar a boas estratgicas e

    planejamento.Utilizar Tcnicas alternativas que visam produo de alimentos e extrao que tenham baixo impactoambiental.

    Cooperativas, sistema de mutiro , vida comunitria , so excelentes alternativas para se atingirsustentabilidade

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    mailto:[email protected]:[email protected]
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    ECOVILA CLAREANDO

    Projeto em So Paulo

    "Eu quero uma casa no campo..."

    Existem pessoas que h muito tempo almejam viver mais perto da

    Natureza,

    da fraternidade e das dimenses superiores da existncia.

    O contato com a Natureza, seus ritmos e ciclos faz a vida mais plena de

    serenidade e alegria, visto que durante milnios nossos antepassados

    sempre estiveram muito ligados a ela.

    A Ecovila Clareando uma continuidade dos acampamentos Franciscando

    queh 17 anos vem regando as melhores sementes de centenas de jovens para

    um

    viver simples com nobres ideais.

    A proposta inicial era criar um condomnio rural com os ex-acampantes

    que

    cresceram e suas famlias, dando continuidade ao clima de fraternidade

    e

    amor incondicional que gerado nas semanas dos acampamentos. Muitos

    simpatizantes pediram para "abrir as porteiras" para todos aqueles que

    se

    afinassem com a proposta.

    COMO?

    A idia que nessa Ecovila, cada um ter sua Segunda casa, com hortacomunitria, pomar, mata, nascentes e todos os recursos que o entorno

    oferece. A represa da Cachoeira est apenas a um quilmetro da fazenda

    permitindo todo tipo de esporte aqutico, existem rampas para asa

    delta,

    cachoeira, montanhas para escalar e trilhas belssimas.

    No um retorno para um passado buclico, mas um passo ousado para o

    futuro, atendendo uma necessidade biolgica e espiritual do ser humano

    gregrio e fio da grande rede da vida. Uma Ecovila busca integrar as

    necessidades humanas com o respeito Natureza, compreendendo seus

    ciclos

    e ritmos, construindo sem destruir, plantando sem envenenar e morando

    sem

    poluir. Uma parceria de intercmbio tecnolgico com a USP, UNICAMP,

    Sabesp,Cetesb e municipalidade compe o que h de mais atual em ecologia

    profunda

    (vide agenda 21 em http://www.mma.org.br/).

    ONDE?

    A fazenda j existe, entre Piracaia e Joanpolis a uma hora e meia da

    capital paulista, abenoada com um dos melhores climas do planeta por

    estar

    entre os contrafortes da serra da Mantiqueira e serra do Mar.

    O Sistema Cantareira por ser bero das principais represas que

    abastecem So

    Paulo uma APA (rea de proteo ambiental) o que motivou uma rigorosa

    fiscalizao impedindo o desmatamento e a instalao de indstrias

    poluidoras.CONSTRUIR SEM DESTRUIR

    Os moradores devero optar por tcnicas construtivas que preservem o

    ambiente,

    ou seja, no rastro do material a ser utilizado, a agresso ambiental

    dever

    ser mnima. Os parceiros certamente tero tecnologias apropriadas para

    sugerir.

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    http://www.mma.org.br/http://www.mma.org.br/
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    MORAR SEM POLUIR

    Em pleno sculo da gua devemos separar as guas servidas das

    habitaes, dar

    preferncia para os vasos sanitrios com descarga mnima e optar por

    tratamento

    de esgotos que possa ser reciclvel, adubando rvores por exemplo.

    As guas pluviais devero ser coletadas pelos telhados, armazenadas em

    reservatrios subterrneos e utilizadas para irrigar jardim, lavar o

    cho e dar

    descarga. Cada residncia dever instalar aquecedor solar a afim de

    contribuir

    com o programa nacional de economia energtica.

    O PAISAGISMO PRODUTIVO

    A rea a ser destinada para as moradias um imenso pasto aberto, sendo

    conveniente implantar alamedas e um reflorestamento com rvores

    frutferas e

    florferas nativas para atrair a fauna e criar um microclima agradvel.

    Urbanizar nem sempre sinnimo de destruio.

    Contatos: [email protected]

    VALORES, VISO, MISSO e OBJETIVOS da ENA-BRASIL

    .Histrico da primeira reunio da Rede Brasileira de Ecovilas , realizada em Florianpolis 2003

    Lembra-nos que os valores e a viso so os elementos mais internos, a fundamentao tica daorganizao. Constituem o que no aparece, o fogo do centro do nosso crculo. A viso e um modelomental, uma imagem de um futuro desejvel que e exeqvel, apropriado. Ela e ampliada sem detalhes masbusca equilbrio entre idealismo e realismo.

    A misso e os objetivos so as dimenses da ENA/Brasil articuladas nomundo. A misso a afirmao da viso expressa em palavras para omundo. A definio da misso e o processo em que viso ganha uma

    direo, um norte. A traduo da viso em poucas frases.

    Os objetivos so os passos que ajudam a realizaro da misso. Eles soespecficos, exeqveis, realistas. Trazem clareza mental sobre os alvos ecriam pontos focais de ateno e ao.

    Ursula Aner nos leva a uma caminhada por entre os elementos de Gaia,em sua integridade, correlacionando VALORES, no centro, com oelemento GUA. Os valores esto ligados ao corao, tica, o quenos faz fluir. Banha e permeia o todo. A VISO relacionada ao AR, algomaior, que se amplia. A MISSO lembra o FOGO e os OBJETIVOS, oelemento TERRA, trazendo para o concreto. Prope que faamosum contato ntimo e efetivo com cada um dos quatro elementos, como

    uma forma de chegar aos VALORES, VISO, MISSO e aosOBJETIVOS.

    VALORES da ENA-BRASIL

    " Honrar , celebrar e respeitar a diversidade, fluindo com a fora da verdade. Vivificar a conexo profundacom todas as comunidades de vida, de forma a poder compartilhar, cooperar e perseverar comtransparncia, clareza de propsito e cuidado amoroso".

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    mailto:[email protected]:[email protected]
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    VISO da ENA-BRASIL

    ENA-BRASIL uma rede que interconecta aqueles e aquelas quebuscam uma reconeco com a Teia da Vida atravs da cooperao, docompartilhar e da troca em todos os nveis. Congrega pessoas, grupos,tribos, instituies e ecovilas que acreditam na possibilidade datransformao e em um modo de vida que suporte a evoluo do Planetae de todas as formas de vida, incluindo as que esto por vir e honrandoas que j se foram.

    MISSO da ENA-BRASIL

    ENA-BRASIL um catalisador de vontades e vises de sustentabilidade planetria.

    ENA-BRASIL promove e apia a experincia de assentamentos humanos sustentveis, atravs deEDUCAO, CONSULTORIA, TRANSFERNCIA DE TECNOLOGIAS, METODOLOGIAS e PROJETOSSOCIAIS.

    ENA-BRASIL honra, restaura e celebra, com criatividade, a abundncia da diversidade natural e das nossasrazes culturais. Que o som dos nossos TAMBORES, CORAES e VOZES ecoem no corao dahumanidade, para que possamos danar e cantar, juntos, a cano de GAIA

    DESISO POR CONSENSOENCONTRO DA ENA-BRASIL - 17 E 18 DE MAIO DE 2003 - FLORIANPOLIS

    Sabemos que uma das primeiras decises que um grupo deve tomar a deciso de como ir tomardecises.

    Neste contexto, a primeira sesso do encontro foi dedicada ao aprofundamento do nosso entendimento dos:

    Cinco Elemento Essenciais do Consenso Razes Histricas do Consenso Procedimentos

    baseado no texto "Introduo ao Consenso" por Beatrice Briggs circulado na rede antes do encontro.Orlando Balbs nos guiou neste aprofundamento.Craig Gibsone nos guiou num processo de reflexo a partir da seguinte colocao:"Queremos adotar o consenso como um processo de tomada de decises da ENA/BRASIL, at que sedecida o contrrio, por consenso?"Dos treze homens e dez mulheres presentes naquele momento, apenas uma pessoa escolheu ficar de ladopara observar. Por consenso decidiu-se que todas as decises tomadas e encaminhamentos realizadosneste encontro e em futuros encontros sejam feitos atravs do consenso.Nossos nomes so:Erna e Maye assim falamos.Hei

    PROPOSTA DE REGIONALIZAO DA ENA/BrasilFeita pela Maria Helena - assessora de Comunicao da ecovila Terra Mirim- Bahia

    Maria Helena props atravs de uma mensagem ao grupo que a ENA-BRASIL seja estruturada atravs de 5regionais, a saber: NORTE - SUL - SUDESTE - CENTRO-OESTE - NORDESTE.

    Essa diviso visa facilitar os trabalhos da rede. Os encontros e reunies promovidos pelas regionais estarosempre abertos aos membros de todo o pas.

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    Proposta 1 - Tendo em vista a imensido do nosso pas , da dificuldade ( valores muito altos) delocomoo ,dentre outras aspectos, seria interessante considerar a estrutura do ENA BRASIL formatadaem 5 Regies - Norte - Sul - Sudeste - Centro Oeste e Nordeste.

    Acredito que assim seria mais fcil (para todos ns) os trabalhos de fortalecimento da Rede, em todos ossentidos.

    A proposta foi aceita por consenso.

    ELEIES E REPRESENTAAO DA ENA/Brasil

    *Orlando explicou a forma de representao na ENA. "Existem 2 representantes, um titular e um suplente,sendo as reunies abertas a qualquer membro que queira participar. Quando houver disponibilidadefinanceira da organizao, o titular ter seus custos de viagem ao local da reunio, ressarcidos pela ENA. Osuplente ter que custear suas prprias despesas, a menos que o titular no possa comparecer."

    *May prope que ENA-BRASIL, bem como suas regionais, sejam representadas por uma dupla de gnerosdiferentes, ou seja, um homem e uma mulher. Essa forma de trabalhar j traz, em si, o convite a co-criaoe parceria.

    Proposta aceita por consenso.

    *Foi proposto que todas as regies promovam encontros para dar continuidade articulao das redes

    regionais e no tempo certo eleger/ indicar sua dupla de representantes.

    Proposta a ser discutida e avanada pelos encontros regionais.

    *Neste processo o Conselho da ENA/Brasil idealmente ser formado de 5 conselheiros e 5 conselheiras.Destes 10 integrantes sairo dois, um homem e uma mulher para nos representar no Conselho da ENA.

    Proposta a ser avanada e discutida nos encontros regionais.

    *Foi decidido por consenso que os VALORES, VISO, MISSO e OBJETIVOS da ENA-BRASIL, definidosneste encontro, sero considerados prontos, somente depois de terem sido submetidos, revisados eaprovados por todas as demais regies. (Em breve estaremos circulando este paper).

    * Foi decidido por consenso a criao de um documento, explicando o processo que est ocorrendo noMovimento de Ecovilas no Brasil. Esse documento, j incorporando as decises do encontro previsto parasetembro, no IPEC, deve estar pronto, para ser apresentado no encontro de redes GEN, ENA e Biorregionaldo PERU, em Machu Picchu, tambm em setembro, de 22 a 29.

    ** Comprometem-se com essa tarefa: Jos, Erna, Cludio, Naia e rsula.

    PRXIMOS PASSOS

    - Traduzir e publicar o livro "Living Ecovillage".- Agendar encontros regionais cuja pauta seja:- refletir sobre valores, viso, misso e objetivos da ENA-BRASIL;- escolha de representantes.

    Focos de ao de cada crculo (Educao, Projetos, Apoio e Comunicao) para os prximos 12meses:

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    EDUCAO:

    1- Editar o livro "Living Ecovillage" traduzido para o portugus e com a incluso de experincias no Brasil.2- Definir um programa para dar continuidade ao "Treinamento em Ecovilas" no Brasil.3- Produzir material didtico acessvel e de fcil entendimento, criado, a partir das apostilas existentes,coletando e compartilhando notas.

    4- Organizar um evento ou congresso.5- Estudar a criao de uma biblioteca.

    Marcelo Bueno, coordenador do circulo educao

    PROJETOS:

    1- Elaborar uma ferramenta de diagnstico: metodologia de contextualizao para cada solicitao de apoio.2- Publicar o "Questionrio de Avaliao da Sustentabilidade da Comunidade".3- Criar um banco de dados de iniciativas, dentro dos oito nveis desustentabilidade, para que sirvam de referncias aos projetos.4- Criar um banco de dados de talentos e habilidades.5- Apoiar iniciativas e projetos da ENA-BRASIL

    Esteban Papanicolau, coordenador do circulo projetos

    APOIO:

    1- Interconectar com seis comunidades nos prximos 12 meses, aplicando o questionrio do ASC(Avaliao da Sustentabilidade da Comunidade), trazendo os sonhos e talentos para os setores da ENA-BRASIL .2- Comunicar nossa disposio de apoio e interesse nos projetos aos grupos de Educao, Projetos eComunicao.

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    Rona Ribeiro, coordenadora do circulo apoio

    COMUNICAO:

    1- Pgina na Internet com mini-currculo e fotos de cada membro.2- Criar uma Central de Divulgao para:- indicaes de contatos - peridicos e publicaes;- disponibilizar um BANCO DE ARTIGOS a serem oferecidos pelos membros do Movimento de

    Ecovilas do Brasil;- solicitaes de artigos para peridicos;- cadastro de voluntrios para escrever artigos;- introduzir mecanismos de recepo de textos (arquivo de textos, nessa central, disponveis nosite);- dar suporte e orientao ao moderador quando necessrio;- criar um arquivo dos mails transitados, numa caixa postal da ENA-BRASIL, ou num grupoespecfico, coordenado por temas, acessvel aos membros;- link para as regras de etiqueta na Internet nas mensagens do grupo.3- Com relao ao Web-siteda ENA-BRASIL: Orlando se compromete a avaliar e iniciar a transferncia dos contedos do web-site da ENA para o Web-site da ENA-BRASIL, criando um banco de material a ser traduzido, comprioridade provisria, e atendendo a eventuais solicitaes.4- A pgina vai conter links para os demais grupos (crculos de Educao, Projetos e Apoio) para

    que possam enviar material a ser divulgado.

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    ECOVILLAGE NETWORK AMERICASwww.ecovillage.org

    NOSSA VISO

    Ns vemos um mundo com diversas culturas , todos vivendo unidos e criando comunidades em harmoniaentre si e com a Terra, enquanto satisfazem as necessidades das futuras geraes.

    NOSSA MISSO

    Engajar todas as pessoas das Amricas em comum trabalho e enfoque para juntos fazermos umatransformao global em assentamentos humanos em direo ecologicamente ,economicamente e

    culturalmente sustentvel.

    NOSSA PROPOSTA

    Dar suporte e criar integridade , sustentabilidade e evoluo de ecovilas nas Amrica .

    Facilitar a criao de novas ecovilasFavorecer e facilitar cooperao e diversas trocas entre ecovilas das Amrica com outras ecovilas de outras partes domundo.

    Dar suporte a participantes do movimento de ecovilas em seu crescimento pessoal e integridade profissional .

    Explorar e criar formas de organizaes inovadoras e sustentveis.

    Delegar representao de ecovilas nos fruns de discursos pblicos, perante governos de suas respectivas naes eem conselhos internacionais.

    Promover pesquisa , desenvolvimento e uso de tecnologia apropriada.

    Encorajar a experincia, a compreenso e o conhecimento de caminhos para se viver em harmonia com todos e com

    a Terra

    Para participar da REDE BRASIL DE ECOVILAS entre em contato:

    [email protected]

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    mailto:[email protected]:[email protected]
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    Quais so as necessidades e princpios

    gua:A gua uma de nossas necessidades mais importantes - se no tivermos gua no poderemos viver.Ns somos abastecidos por uma empresa que tem que fornecer grandes quantidades retiradas geralmentede um mesmo manancial ou rio. O que ocorre que com esta demanda ns estaremos desviando grandesquantidades de gua de um mesmo local, prejudicando todo um ecossistema. .Para agravar ainda mais estequadro, depois que a gua usada para atender nossas necessidades, ns despejamos nos leitos dos riosgrandes quantidades de gua poluda.Se descentralizarmos este fornecimento e despejo, o impacto ser bem menor.Uma eco vila tem que criar uma soluo local para o fornecimento da gua, reciclar e reutilizar as guasservidas.

    Energia:Tambm centralizamos o nosso fornecimento energtico.Para sermos considerados uma eco vila, temos que criar sistemas alternativos, no poluentes e renovveislpara nosso fornecimento de energia.Utilizar energia solar, elica e mini hidreltricas so solues a curto prazo eficientes.Podemos ter umacentral energtica comunitria ou individual.

    A eco vila utiliza energia no poluente e de baixo impacto .

    Lixo:Tambm pode ser descentralizado. Separado por habitao facilita e torna mais barata sua reciclagem.Uma ecovila recicla todo o lixo

    Alimentos:Uma eco vila busca a sustentabilidade tambm no fornecimento de alimentos sem agrotxicos.Poderemos ter uma grande quantidade de alimentos dentro das eco vilas ou incentivar agricultores daregio a se tornarem produtores orgnicos. Organizar feiras de produtos regionais para abastecimento dealimento, troca de produtos e informaes.A eco vila consome produtos naturais e que no causam grande impacto na sua produo.

    Construes:As construes devem ser feitas de materiais retirados do local da obra ou da regio, utilizarem o mnimopossvel de material industrializado, utilizarem energia renovvel e natural para aquecimento e refrigeraoEm uma eco vila as construes esto o mximo possvel integradas com o meio ambiente.

    Trabalho:

    Temos necessidade de criarmos condies de trabalho que estejam em harmonia com o meio ambiente eproduzirmos produtos ecologicamente corretos.

    Transporte:Uma ecovila visa minimizar o uso de transporte individual poluente e d prioridade a transportes coletivos.Utiliza o Maximo possvel transportes no poluentes. Cria caminhos exclusivos para pedestres e ciclovias.

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    Planejamento ocupacional:O projeto de uma eco vila visa ser o mais integrado possvel com o meio ambiente.Utiliza os vales para produo;declives para levar gua por gravidade s casas; preserva as reas verdes e

    o ecossistema; cria reas para um desenvolvimento futuro; reas para convvio social, reas de produocomunitria. Dimensiona os lotes de forma que as habitaes estejam rodeadas por reas verdes, criaacesso facilitado para pedestres e bicicletas alm de reas de lazer e infra estrutura bsica.Criamos zonas onde se concentram as atividades de trabalhos, reas residenciais, reas de lazerinterligadas por caminhos e rodeadas de cintures verdes.

    Convvio social.Criar espaos que incentivem o convvio social,.isto ir aproximar as pessoas que vivem nas eco vilas,criando relaes amigveis e comunitrias.Qualquer assentamento humano pode se transformar em uma ecovila, deste que sigam os princpiosbsicos de uma ecovila.Muitas vilas tradicionais podem se transformar muito rapidamente em eco vilas, ms grandes centrosurbanos j tero grande dificuldades devido ao grande numero de habitantes, ao grande consumo deenergia e matria prima. Se seus habitantes e dirigentes assim o desejarem podem chegar a ter sucesso.Para termos assentamentos ecolgicos temos que realizar esta mudana dentro de ns, em nossa casa, e partir desta transformao individual, que conseguiremos transformar nosso bairro, nossa cidade enosso pas. Depende de cada pessoa, e de cada cidado.Vamos encontrar a base tcnica para criarmos uma eco vila nos princpios da permacultura. Temos que

    resgatar antigas tcnicas que aliadas a novas tecnologias visam a auto sustentabilidade e o baixo impactoambiental para construirmos um mundo mais em harmonia com a natureza.

    Infra estrutura

    A Infra estrutura depende dos objetivos e caractersticas do local, mas abaixorelacionaremos vrios elementos que podemos ter em uma ecovila.

    HabitaesCozinha comunitria

    rea socialAtelier

    OficinaMarcenariaLavanderiaPadariaEscolaCreche

    AmbulatrioCemitrioLoja

    RecepoDepsito

    AgroflorestaCentro de reciclagem

    Piscina comunitriaPisciculturaHortaGalinheiroCaminhos para bicicletas

    rea verde reserva.Alojamento para visitantes

    Local de festasReservatrio de guaBibliotecaSala de vdeo

    Viveiro de mudasSala de computao

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    Elementos sustentveis da eco habitaoO Projeto da eco habitao popular utiliza o mximo possvel do potencial do local da obra, um projetoinovador para o Brasil, mas que j uma realidade em alguns paises.

    Posio das habitaes:Temos que tirar proveito de nossa maior fonte de energia natural e de graa que o sol.Por isto colocaremos as habitaes em posio onde possamos utilizar com maior eficincia a irradiaosolar para aquecimento de gua e da prpria residencia se esta se situar em uma regio de baixastemperaturas no inverno.

    De que material irei construir? Geralmente mais barato utilizar materiais que existem em abundncia naregio. Quanto mais matria prima se tira do terreno, melhor. Outra opo para se construir a custos maisbaixos o sistema de construo por mutiro.

    Tijolos de solo cimento:Podemos produzir grande quantidades de tijolos de solo cimento em nosso prprio canteiro de obra. Estematerial j amplamente usado em vrios lugares do pais com demonstrativos de boa eficincia e custobaixo.

    Telhado e esquadrias de madeira certificada e de reflorestamento.Temos algumas madeireiras que tem projeto de manejo florestal autorizado pelo Ibama e muita madeira dereflorestamento no mercado. Utilizar este material ajuda promover este tipo de empresa ao mesmo tempoque diminumos nosso impacto ambiental.

    Aquecedor solar:Ser construdo junto com o telhado, placas coletoras de energia solar para o aquecimento da gua doschuveiros, fazendo com isto uma economia de aproximadamente 40% de energia eltrica por residncia, ecom a construo das placas no local barateamos seu custo.Captao de gua de chuva

    A gua j e um problema mundial e em breve esta situao ser mais grave. Com a captao de gua de

    chuva teremos uma reserva de gua para ser utilizada na limpeza e descargas dos vasos sanitrios.

    Reciclagem das guas servidasCom alguns filtros simples e biolgicos conseguimos reciclar as guas servidas para serem usadas nalimpeza e irrigao de jardins.

    Reciclagem de Lixo:Construiremos locais apropriados para a separao do lixo caseiro.Com isto facilitaremos a reciclagem domesmo.

    S em So Paulo, cidade-exemplo do crescimento latino-americano, so produzidos mais de 20 miltoneladas de lixo por dia. Concluindo, ns s temos a ganhar com a reciclagem e por isso devemos nosesforar para torn-la uma realidade,. E para tanto, devemos nos conscientizar de que a sociedade formada pelos indivduos, ou seja, que cada um deve fazer um pouco, a sua parte

    rea verde produtiva e socialNo local da praa , construiremos uma rea de lazer entre arvores frutferas, nativas e hortalias, ochamado jardim comestvel. Com isto os moradores e crianas tero uma atividade comunitria e teroalimentos para ajudar na alimentao e complementao da cesta bsica.Estas reas verdes tero ciclovias e caminhos para pedestres, estaro no centro das quadras habitacionais.Todas as casas tero acesso a esta rea verde onde as crianas podero brincar, os moradores poderotrabalhar em suas hortas e pomares comunitrios.Estas reas sero o centro social de cada quadra, com isto aproximaremos as pessoas para um maiorconvvio comunitrio.

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    CONSTRUO ECOLGICA.

    H pouco tempo atrs no existiam casas feitas por materiais de construo, qualquer construo noincio do sculo era feita com os materiais disponveis no terreno e na regio.Construa-se muito com terra, pedras e madeira extrada localmente. Hoje em dia com as facilidades davida moderna podemos comprar tudo o que queremos para nossa construo, no comrcio local, mas

    estes materiais so geralmente extrados em grandes quantidades, de locais que podem estar a mais de4000 km de distncia da obra, causando grande impacto, muitas vezes sem controle.Imagine que sua obra pode estar ajudando a transformar em deserto uma floresta, afetando pessoasque no tem relao alguma com tais construes.Retirando-se materiais locais para um pequeno nmero de pessoas, poderemos controlar tal impacto.Este interesse surge, pois afetar diretamente os consumidores destas matrias primas.A construo ecolgica vem a resgatar antigas tcnicas utilizadas secularmente pelos nossosantepassados. Algumas inovaes tecnolgicas sero inseridas nestas antigas tcnicas para melhorar odesempenho dos materiais a serem utilizados.

    I. Planejamento de uma construo.

    Para obtermos bons resultados na construo da Eco-Casa, necessrio desenvolver seu projeto, levando em conta alguns aspectosimportantes, onde todas as necessidades sejam atendidas .

    a)Onde ser construda a obra?

    Qual o tamanho do terreno? Plano em declive? necessrio verificar em dias chuvosos por onde correa gua e se o terreno slido ou no. Olhar os entornos e ver se h alguma vista bonita ou algumedifcio prximo e se h movimento perto. O melhor fazer vrias visitas ao local antes de escolhe-lo,optando pelo mais apropriado construo.O relevo outro fator importante, se for inclinado use isto a favor da construo, fazendo nveis noterreno, fazendo com que a movimentao de terra seja utilizada somente em caso de extremanecessidade.

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    b)Qual a posio dos ventos fortes e chuvas?Chuvas e ventos fortes devem ser considerados para colocar a casa em posio de abrigo e evitargrandes aberturas nesta face.

    c) Qual a posio do sol?Onde ele nasce, onde o norte. Esta uma informao muito importante, pois a face norte destinadapara se colocar os cmodos em que se deseja ter boa insolao. O sol da tarde tambm pode serutilizado. A parte sul ser mais fria e mida podendo ser aproveitada para jardins e janelas que tenham

    funo de refrescar a casa .d) Para qual funo a obra ser destinada? Se for uma moradia, necessrio saber quantas pessoas vo usar a casa e com que freqncia, nospossibilitando projetar o nmero de cmodos necessrios, qual a quantidade de gua a ser utilizada, equal o volume de dejetos sanitrios ser produzido. Sabendo sobre estes fatores poderemos projetaradequadamente o tamanho da obra e sua funo.

    e) Ergonometria:O tamanho dos cmodos definido pelo tamanho dos objetos que estes iro conter, pelo espao para

    circulao e pela utilidade dos mesmos.

    f) Qual a verba destinada para a construo? importante saber qual a verba disponvel e enquanto tempo queremos ter a obra concluda. Pelosmetros quadrados de uma obra pode-se chegar a um valor estimado (o valor do metro quadrado daconstruo tradicional muito mais elevado que de uma Eco-Casa) . Com o projeto em mos, poderemosdetalhar os materiais e ver quanto custa a mo-de-obra ou poderemos at constru-la com ajuda deamigos...

    g) Com qual material irei construir?Geralmente mais barato utilizar materiais que existem em abundncia na regio. Quanto mais matria

    prima se retirar do prprio local, melhor. Outra opo para se construir a custos mais baixos osistema de construo por mutiro.

    Pode-se dividir as construes em 3 partes:

    1-FUNDAO e ESTRUTURAS2-VEDAO3-COBERTURA

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    1. Fundao e EstruturasA) Fundao

    O que uma fundao?

    A fundao tem como funo sustentar todas as cargas do edifcio, para se fazer uma boa fundao,temos que utilizar material resistente grandes cargas e apia-lo em solo firme.

    Melhores solos: pedregosos e arenosos porque suportam mais cargas

    Piores solos: argilosos e ricos em matria orgnicaEstratgias para solos ruins.Quando temos um solo muito ruim como os argilosos, a estratgica a ser usada aumentarmos asuperfcie de contato.Ex: se colocarmos uma tbua sobre a areia da praia e tentarmos afund-la, ser mais fcil seutilizarmos a parte de menor superfcie.

    Ex. Quanto a maior superfcie maior a resistncia, menor a superfcie menor a resistncia.

    Este exemplo serve para quando formos construir em terrenos com pouca resistncia compresso decargas.Utilizando-se fundaes mais largas, o solo suportar melhor as cargas.

    a.1. Fundao de pedra:

    um material de excelente qualidade, impermevel, com capacidade de suportar grandes cargas e delonga durabilidade. J o concreto nada mais que uma imitao da rocha. O concreto uma mistura deareia + brita e cimento. O cimento age como uma cola que junta os diversos gros no tamanho e formaque desejamos e que ainda necessita de aditivos para se tornar-se impermevel. Com a pedra noprecisamos fazer nada disso. A construo com pedra foi largamente utilizada na antigidade e utilizada at hoje em regies onde encontrada em abundncia.

    Emalgumas regies de altas montanhas no existe madeira, s pedra e gelo. Na regio do HIMALAIA,as paredes, os mveis e as telhas so feitos de pedras.

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    A pedra por ser um material totalmente impermevel, serve alm de suportar cargas, como excelente isolante de umidade que vemda terra para a construo, quando utilizamos terra ou madeiras em nossas construes ela serve de proteo contra gua.

    Um boa estratgia subir a fundao aproximadamente uns 50 cm acima do nvel do terreno quandoformos construir.Adotando tal procedimento estaremos ajudando na durabilidade de nossas paredes de terra.Podemos apoiar as estruturas de madeira tambm em cima de pedras para aumentar sua durabilidade.

    B) Estruturas:As estruturas servem para suportar as cargas do telhado, ficando as paredes somente com a funo de vedao, quando usamos umaestrutura ns conseguimos construir o telhado antes de colocarmos as paredes.

    Esta rapidez com que se coloca a cobertura outra vantagem, principalmente em regies que chovemuito, e com o uso desta estrutura as paredes no sofrem esforos, podendo-se ento utilizar qualquertipo de material para vedao. Em minhas obras utilizo postes de eucalipto comprados do ferro-velhodas companhias eltricas, esta estrutura usada para construo em terrenos com grandes declives,evitando-se assim que haja cortes no terreno e eliminando os muros de arrimo. A tcnica consiste emfazer um buraco no cho at encontrar solo mais resistente, coloca-se pedras no fundo para apoiar oposte e depois coloca-se areia ao redor junto com gua (quanto mais gua melhor), a gua compacta osgros de areia e com isto o poste fica firme. No utilizo concreto algum para a construo da

    fundao.As estruturas podem ser de madeira, bambus, pedras apoiadas, qualquer coisa que tenha boaresistncia a resistir cargas sem alterar sua forma inicial.

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    ALGUNS EXEMPLOS DO USO DE ESTRUTURA NACONSTRUO

    b.1. Estrutura de Madeira

    Como todo material retirado da natureza, temos que ter alguns critrios quando formos utilizar a madeira em nossaconstruo.

    b.1.1. Madeira de certificaoExiste o que se pode dizer de madeiras de menor impacto, uma delas so as chamadas madeirascom certificao.

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    Isto quer dizer que esta madeira foi cortada seguindo um programa onde a propriedadefornecedora foi dividida em lotes onde cada lote foi feito um levantamento sobre as rvores ea classificaram-nas pela idade, tamanho e espcie.Com este levantamento o proprietrio saber que madeiras poder cortar naquele lote e quaisvo estar, dali alguns anos, com o tamanho adequado para corte.Uma vez utilizando as espcies daquele lote, seguindo um controle de quantidade por espcie epoder de germinao de cada uma, este lote esquecido por cerca de 20 a 30 anos at que anatureza consiga repor a quantidade de madeira retirada.Com isto a propriedade vai estar sempre produzindo madeira com um equilbrio. Atualmente

    ainda so poucas as madeireiras que seguem este programa.

    b.1.2. Madeira de reflorestamento:No se pode dizer que a madeira de reflorestamento seja totalmente ecolgica, antigamente ogoverno dava incentivo para este tipo de plantio, mas o que acontecia era avesso do que sepropunha, grandes reas verdes eram derrubadas para o plantio de monoculturas de PinnusouEucalipto.Atualmente existem muitas reas degradadas, e este tipo de madeira vem a abastecer um mercado consumidor que antesutilizava madeira de lei retirada da regio Amaznica.

    Este tipo de plantio poderia ser melhor se fosse em sistema agroflorestal, onde se planta umagrande variedade de rvores nativas com frutferas, mantendo assim a biodiversidade.

    Mais este tipo de tcnica ainda esta comeando a ser difundida no Brasil.b.1.3. Madeira cada.Depois de um temporal, muitas rvores de lei caem na floresta, quando se tem uma rea grande podemos ter muitasmadeiras cadas, ao invs de pegarmos a rvore inteira, s pegamos o que precisamos, assim fica muito mais fcil deretirar a madeira da floresta como tambm de armazen-la.

    Podemos fazer um mapa de madeira cada indicando o local e a qual espcie pertence.

    b.1.4. Madeira reutilizadaAtualmente as companhias de fornecimento de energia vm substituindo os postes de eucalipto por postes de concreto.

    Este material de excelente qualidade, recebeu tratamento para durar no tempo por um prazode 30 anos, se utilizarmos na estrutura da casa e o protegermos das chuvas, ele vai durar

    muito mais, alm de custar muito mais barato que uma madeira de mesmas propores.

    TRATAMENTOS ECOLGICOS:Qualquer madeira como bambus podem ter o mesmo tratamento, o principal cuidado na horade cortar a madeira ou bambu.Deve-se cortar sempre na lua minguante quando a madeira tem menos gua.Outro tratamento voc colocar esta madeira verde ou bambu dentro dgua, em um pequenocrrego, rio ou mar.Um outro processo de grande eficincia defumar esta madeira em um processo simplestambm. Solda-se dois tambores de 200 litros, estes usados para armazenar leo, retira-se os

    fundos e com isto teremos um tubo de metal. A quantidade de tambores soldados estrelacionada com o comprimento da madeira a ser defumada.

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    Feito isto, colocamos a madeira ou bambu dentro, inclinamos este tubo, na parte mais baixafazemos uma fogueira. O ar quente e a fumaa iro passar atravs deste tubo onde secar amadeira ao mesmo tempo que defuma. O cheiro desta madeira vai afastar cupins.Podemos tambm queimar as partes que sero enterradas at deix-las com uma camada decarvo na superfcie.A ao dos microorganismos decompositores de madeira s atua em uma faixa de 15cm abaixoe acima da superfcie da terra, ento s precisamos proteger esta faixa.

    Sabendo que a madeira apodrece somente nesta faixa fica fcil verificar e dar manunteo aestrutura enterrada.

    b.3. Estrutura de Bambu: amplamente utilizada na SIA. Constroe-se at 3 pavimentos com estematerial. O bambu utilizado o gigante. Amarra-se 3 ou 4 uns aos outros para formar um pilar com boaresistncia. Para sua maior durabilidade, cort-los nos meses secos e na lua minguante e queim-loslevemente, este procedimento tambm ajuda a sec-los. Na parte que vai ficar enterrada, pode-se passaruma mo de leo queimado.Bambu: um material nobre que pode ser usado para quase tudo: construo de paredes, telhas, estrutura,calhas, cercas, cestos, substitui o ferro no concreto armado, para fazer mveis e andaimes.

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    2.VEDAO

    2.1. CONSTRUES COM TERRA.

    Argila o principal componente na preparao de adobe, cobe e pau a pique. Nos trs casos, aargila misturada com gua e terra; enquanto na preparao do cobe tambm se agrega palha, essa optativa nos casos de adobe e pau a pique. O que realmente diferencia as trs tcnicas o modo depreparar e secar a mistura.

    Temos diversos mtodos para reconhecer uma boa argila. O mtodo mais bsico sentir a suaconsistncia quando mida. Uma boa argila pegajosa e se adere a mo. Tambm elstica: se a estirarmoem forma de um lpis e a envolvermos num dedo e esta no quebrar, a argila pode ser usada. Quando secaargila no se quebra facilmente.

    til tambm saber reconhecer um solo argiloso. Esses podem ser das maisdiversascores.

    Pau a Pique: a mais tradicional das tcnicas brasileiras, amplamente utilizada pelas populaes rurais dEstado de So Paulo e Minas Gerais, um dos melhores sistemas de pr-construo. Consiste em fazer ummalha usando o bambu ou outro tipo de material (pode-se tambm utilizar sobras de madeiras) com 15cm x15 cm.

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    Feito isto, os espaos devem ser preenchidos com barro, deixando-se secar por alguns dias antes de rebocar. Para proteger as paredescontra a umidade e chuvas, fazer uma faixa nas paredes externas e no banheiro utilizando material impermevel. Nas paredes externasutilizar faixas de 50cm, e na cozinha e banheiros de 1,50m. Este material impermevel pode ser feito de cacos de ardsia, azulejos ou demassa de cimento com leo ou algum outro impermeabilizante. Muito importante fazer o beiral do telhado com no mnimo 80cm (oideal 1metro).

    As paredes devem ter apoio de 2m em 2metros.

    ADOBE

    Adobe: o tijolo de adobe ainda usado em vrias regies do Brasil e em alguns pases do mundo. Paraprepar-lo utilize solo argiloso. Faa um buraco perto do local da obra onde se encontre solo apropriado,colocamos gua e depois amassamos com os ps at sentir que tem boa liga. Necessitamos construiralgumas frmas de madeira com as dimenses de 40cm de comprimento, 20cm de largura e 15cm de alturaMolhe a frma antes de colocar a argila e deixe o tijolo secar por 10 dias, virando a cada 2 dias. Para testsua resistncia, coloque dois tijolos afastados entre si, mais ou menos 30cm, coloque um outro por cima, sno rachar porque de boa qualidade.

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    Fabricao de tijolos de adobe

    Solo Cimento

    Quando pensa-se hoje no uso da terra como alternativa, preciso considerar a possibilidade de adot-lacomo forma de evoluo tecnolgica, como algo novo, moderno e prtico, que se constitua em umaverdadeira tecnologia para o futuro.

    Adicionando uma pequena quantidade de cimento ou cal s qualidades plsticas da terra, tcnica utilizadadesde a antigidade at nossos dias, obtm-se um material surpreendente, tradicional e popular:

    O solo cimento ou solo cal.Este material, com eficincia comprovada h dcadas em vrios continentes, empregado na construo dconjuntos habitacionais, edifcios, muros de conteno, escolas, pavimentao de vias e estradas....O solo cimento uma mistura de 10 a 20 partes de terra para uma de cimento, esta mesma mistura podeser feita com cal virgem.Utilizando-se basicamente os recursos materiais locais, dispensando o uso de equipamentos sofisticados econsumo de energia, harmoniza-se com as caractersticas ambientais e culturais das regies brasileiras,

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    este material uma soluo simples, prtica e avanada que permite um considervel barateamento daconstruo.

    Os mtodos construtivos com solo cimento exigem mo-de-obra pouco especializada. Podendo ser adotadosistemas familiares e comunitrios, no esquema de mutiro.

    Um pouco de histria

    Quem no acredita na eficincia e durabilidade da terra, basta dar uma olhada em construes histricas

    que resistem aos sculos e sculos. Os antigos souberam utilizar muito bem esta matria prima. Exemplodisto a grande muralha da China feita em terra no ano 3000 A.c, a cidade bblica de Jeric erguida h10.000 anos, nossas igrejas colnias construdas h 500 anos, a cidade de Paraty, Ouro Preto, Diamantinatodas estas construes empregaram terra crua.Se a histria prova que a terra firme como rocha, quando usada tecnicamente de maneira correta,imagine adicionando-se outras matrias primas para lhe dar maior durabilidade e outros efeitos benficosO solo cimento (mistura da terra e cimento), produz aumento considervel na resistncia mecnica dasconstrues com terra, teve seu excelente desempenho comprovado pelas investigaes do engenheiroElbert Hubbel, Dakota-U.S.A, em 1941, quando foi convidado pela Boreau of Standards para estudar eanalisar as propriedades estruturais e trmicas de uma srie de materiais para construo.O aumento de pesquisa e publicaes sobre o solo cimento, comeava a conquistar vrias entidades, rgo

    pblicos e profissionais ligado ao setor. No Brasil, alguns trabalhos eram desenvolvidos pela AssociaoBrasileira de Cimento Portaland, que aps realizar estudos sobre dosagem e aplicaes, construiu seisresidncias em Petrpolis em 1941, e um hospital em Manaus em 1950 com uma rea de 10.800 metrosquadrados com capacidade para 432 leitos.

    Como escolher a terraMisturar terra, gua e um pouco de cimento ou cal, nas propores de dez ou vinte de terra (dependendo caso) para uma par