Apostila_-_Estabilidade_2006_Cap5
Click here to load reader
-
Upload
alexandre-cesar -
Category
Documents
-
view
16 -
download
2
Transcript of Apostila_-_Estabilidade_2006_Cap5
Prof. José Marcio Vasconcellos
69
Metacentro Transversal
INTRODUÇÃO____________________________________
No projeto do navio os fatores que influenciam a altura inicial do metacentro
transversal (KM) são de primeira importância. Segue que quanto maior o KM,
maior será o GM para qualquer KG. É importante observar que o KG sozinho
não é fator de influência na condição inicial de estabilidade do navio. Será
mostrado nesta seção que o KM muda com o calado/deslocamento, isso
significa que um valor particular de KG pode fornecer estabilidade inicial
adequada com respeito ao GM para um determinado calado, mas talvez não
para outro.
Nesta seção o leitor aprenderá a calcular o KM de um navio-caixa, e poderá
observar os fatores que influenciam o KM.
Também serão introduzidos diagramas Metacentricos, como forma de
representação gráfica da estabilidade inicial do navio.
5Capítulo
Prof. José Marcio Vasconcellos
70
LIVRO DE BORDO___________________________
Ao completar esta seção o leitor será capaz de:
1. Entender de forma compreensiva o termo Metacentro Transversal Inicial.
2. Calcular valores do KM de um navio-caixa, e desenvolver um diagrama metacentrico.
3. Usar um diagrama metacentrico para determinar a condição de estabilidade de um navio em vários calados, para um mesmo valor de KG.
4. Usar um diagrama metacentrico para determinar o KG final necessário que assegure que um navio completará o seu carregamento com o GM requerido.
5. Entender os fatores que afetam o KM.
Prof. José Marcio Vasconcellos
71
METACENTRO TRANSVERSAL INICIAL
O metacentro transversal inicial é o ponto de interseção das linhas de ação do empuxo quando o navio é inclinado transversalmente em pequenos ângulos.
Considere o navio da figura abaixo, inclinado transversalmente em pequenos ângulos.
Fig. 5.1
Pode ser visto que uma fatia de flutuação foi transferida do lado levantado para o lado afundado (bb1). O movimento resultante de B para B1 é paralelo e na mesma direção que a alteração do centróide do volume de flutuação transferido.
BB1 pode ser calculado usando a fórmula:
onde:
v é o volume da fatia transferida;
bb1 é a distância através da qual o centróide se moveu, e;
V é o volume de deslocamento do navio.
Prof. José Marcio Vasconcellos
72
(Note que está fórmula é similar a fórmula da movimentação de um peso simples!) Raio Metacentrico Se B for plotado para vários pequenos ângulos de inclinação, pode-se assumir que ele segue o arco de um círculo centrado em M.
Fig. 5.2
BM é denomidado Raio Metacentrico.
Calculando o KM de um navio-caixa
É conveniente considerar o KM para um navio-caixa porque a matemática aplicada ao problema é simples. No entanto, os mesmos princípios se aplicam a outras geometrias. O KM é calculado através da seguinte relação:
Para um navio-caixa com trim zero:
Prof. José Marcio Vasconcellos
73
Fig. 5.3
O BM é dado por:
onde I é o momento de inércia ( segundo momento de área ) da área do plano de flutuação ( APF / WPA ) em torno do eixo de rotação longitudinal que passa sobre o centróide de área do plano de flutuação. V é o volume deslocado pelo navio.
Momento de Inércia ( segundo momento de área ) da área do plano de flutuação
Considere a área do plano de flutuação do navio-caixa mostrado abaixo.
Fig. 5.4
C é o centróide de área do plano de flutuação e XX é o eixo longitudinal em torno do qual o plano de flutuação gira.
Prof. José Marcio Vasconcellos
74
(Na realidade, o navio gira em torno do eixo XX quando inclina transversalmente, no entanto é mais fácil imaginar o plano de flutuação girando em torno deste eixo!)
Para um navio-caixa:
onde L e B são respectivamente comprimento e boca do plano de flutuação. I está em metros4 (m4).
Neste ponto não é necessário entender o desenvolvimento desta fórmula, deixe isso para os doutores!
Como: BM = _I_ V
Segue que: BMBOX =LB3
12V
Então: BMBOX = LB3
12LBd
Assim:
Uma forma simples, porém conveniente, de considerar o momento de inércia do plano de flutuação, é considerar que ele representa a resistência do navio para inclinar.
Por isso, quanto maior a área do plano de flutuação, mais dificilmente um navio inclinará.
Se a relação para o BM for considerada:
é a largura da área do plano de flutuação que mais influencia a estabilidade transversal. É geralmente aceitável que quanto maior a boca de um navio, mais estável ele será.
Prof. José Marcio Vasconcellos
75
Para o navio-caixa:
DIAGRAMAS METACENTRICOS Um diagrama metacentrico é um gráfico que mostra como o valor do KM se altera com o calado.
Produzindo um diagrama metacentrico
Siga o procedimento do próximo exemplo.
Prof. José Marcio Vasconcellos
76
EXEMPLO 1______________________________________________
(a) Prove que o KM de um navio-caixa se altera com o calado como mostrado abaixo para uma faixa de calados de 1.00 m até 15.00 m, sendo que o navio tem 100 m de comprimento e 20 m de boca.
(b) Se o KG for 9.00 m determine:
(i) a faixa de calados na qual o navio ficará instável;
(ii) o momento restaurador quando o navio for inclinado em um ângulo de 5° sendo o calado equivalente igual a 3.00 m na água salgada ( =γ 1.025 t/m³).
SOLUÇÃO
Prof. José Marcio Vasconcellos
77
Determinado o KG final necessário para completar um carregamento com o GM requerido O navio-caixa para o qual foi desenhado o diagrama metacentrico tem comprimento de 100 m e boca de 20 m. Considere o próximo exemplo usando o mesmo diagrama metacentrico.
EXEMPLO 2______________________________________________
Considere um navio caixa com 100m de comprimento e 20m de boca. Pretende-se carregar o navio até o máximo calado permitido na água salgada 4.5m.
(a) Qual é o máximo deslocamento do navio?
(b) O GM requerido no término do carregamento é 1.20 m. Qual é o máximo KG permitido?
(c) O navio está carregado com um deslocamento de 8465 t e tem um KG de 8.40 m. Uma carga de 760 t é colocada a bordo. Qual é a posição vertical máxima dessa carga que irá manter o GM requerido de 1.20 m?
SOLUÇÃO
Prof. José Marcio Vasconcellos
78
FATORES QUE AFETAM O KM Boca
Considere os dois navios com bocas diferentes mostrados abaixo, inclinados transversalmente com o mesmo ângulo.
Fig. 5.6
No navio de menor boca uma pequena fatia de flutuação é transferida do bordo mais alto para o bordo mais baixo (bb1) fazendo B mover-se para B1. O metacentro transversal inicial está em M1.
No navio de maior boca, uma grande fatia de flutuação é transferida do bordo mais alto para o bordo mais baixo (bb1) fazendo com que B se desloque até B1. O metacentro transversal inicial está em M2.
Se a relação : BB1 = v × bb1 V
For considerada, pode-se dizer que quanto maior for o volume da fatia de flutuação transferida e quanto maior a distância percorrida pelo seu centróide, maior será o movimento transversal de B quando o navio for inclinado.
Assim, o KM aumenta quando a boca aumenta fazendo com que os navios de maior boca sejam mais estáveis.
Prof. José Marcio Vasconcellos
79
Calado
Fig. 5.7
Considere a relação : BB1 = v × bb1 V
No calado de projeto o volume da fatia de flutuação transferida (v) representa uma pequena parte do volume deslocado pelo navio ( V ). Já em um calado mais leve, o volume da fatia de flutuação transferida pode ser representativo.
Assim: o KM decresce quando o calado aumenta, considerando a faixa normal de calados de operação do navio.