Apostila Funasa Saneamento Ambiental Auxiliar (2)

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  • 7/22/2019 Apostila Funasa Saneamento Ambiental Auxiliar (2)

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    Curso Tcnico de Nvel Mdio Subseqente em Saneamento Ambiental CEFETRN/FUNASA

    Apresentao da Disciplina

    Saneamento Ambiental

    Caros estudantes.Bem vindos disciplina de Saneamento Ambiental. Esse tema tem sido muito explorada ultimamente, pois a falta de

    aes e obras de saneamento ambiental causa efeitos em toda sociedade. O saneamento ambiental um conjunto de aes queexerce um controle da preveno de doenas e da preservao do meio ambiente e da sade.

    Este controle se constitui, dentre outros aspectos, em proporcionar o abastecimento de gua de boa qualidade, adisposio e o tratamento de esgotos, o tratamento e disposio adequada dos resduos slidos, a drenagem de guas pluviais, ocontrole de roedores e artrpodes, a recreao, a educao ambiental dentre outros aspectos diversos tais como: cemitrios,monitoramento de rudos, planejamento territorial.

    As aes de saneamento bsico se caracterizam como requisitos de infra-estrutura indispensveis para alavancar odesenvolvimento econmico, social e para preservao ambiental das cidades ou de qualquer aglomerado urbano. A ausncia ouinadequao dos servios de saneamento constitui riscos sade pblica, com todos os seus reflexos na cadeia produtivahumana, alm de contribuir para a degradao do meio ambiente.Nessa disciplina sero abordados os aspectos tcnicos dos sistemas de abastecimento de gua, de esgotamento sanitrio, delimpeza urbana, do controle sanitrio de alimentos e de sistemas de drenagem que podem fazer a diferena da qualidade de vidadas comunidades de atuao de cada um de vocs.Utilize como texto bsico o Manual de Saneamento distribudo pela FUNASA e o contedo dessa apostila, para auxili-lo naelaborao das atividades relativas s disciplinas de Tcnicas de Saneamento Ambiental e de Projetos de Saneamento Ambiental.Essas sero trabalhadas distncia pelos seus professores tutores, que sero os mesmos do momento presencial.

    Desejamos sucesso e bons estudos a todos.

    EQUIPE DE ELABORAO:

    ProfessoresAndr Luis calado ArajoFrancimara Costa de Souza TavaresRgia Lcia Lopes

    Plano de Estudo

    SANEAMENTO AMBIENTALCarga horria de dedicao:20 horas aula.

    EMENTA:Sistema de Abastecimento e Tratamento de gua; Sistema de Esgotamento e Tratamento de Efluentes; Gerenciamento

    de Resduos Slidos; Drenagem Urbana; Controle de Artrpodes e Roedores; Higiene e Segurana de Alimentos.

    OBJETIVOS DA DISCIPLINAGeral:

    Conhecer as tcnicas de saneamento ambiental,visando soluo de problemas bsicos para a melhoria da qualidadeambiental.Especficos:a) Identificar as unidades constituintes e as formas de funcionamento dos sistemas de abastecimento de gua e

    esgotamento sanitrio.b) Identificar as etapas constituintes do sistema de limpeza urbana, relacionando-as com a necessidade de melhoria dos

    problemas causados pelos resduos slidos e suas interferncias na qualidade ambiental;c) Identificar as unidades constituintes de um sistema pblico de drenagem urbana;d) Aplicar os mtodos de controle sanitrio dos alimentos;e) Utilizar tecnologias apropriadas na rea de saneamento ambiental para melhoria da qualidade de vida da populao.

    AVALIAO DO MDULOAo final das atividades desenvolvidas durante momento presencial, haver uma avaliao, individual, escrita, versando

    sobre questes abordadas sobre os contedos estudados.

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    Sumrio

    1. SISTEMA DE ABASTECIMENTO PBLICO DE GUA.....................................................................................51.1. UNIDADES DO SISTEMA...............................................................................................................................51.2. IMPORTNCIA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE GUA........................................................61.3. CONSUMO E VAZES MDIAS DE GUA...............................................................................................61.4. MANANCIAIS DE GUA................................................................................................................................61.5. CAPTAO E TOMADA DE GUA SUBTERRNeA..............................................................................71.6. CAPTAO E TOMADA DE GUAS SUPERFICIAIS ............................................................................8

    1.6.1 Partes Constitudas de uma Captao e Tomada de gua Superficial .........................................................81.6.2 Tipos de Captao Superficial.......................................................................................................................8

    1.7. ADUO..........................................................................................................................................................101.7.1 Linhas Adutoras...........................................................................................................................................101.7.2 Sub-adutoras................................................................................................................................................101.7.3 Classificao das Adutoras..........................................................................................................................101.7.4 Materiais Utilizados em Adutoras...............................................................................................................101.7.5 Peas Especiais e rgos Especiais ............................................................................................................11

    1.8. ESTAO ELEVATRIA OU DE RECALQUE.......................................................................................121.8.1 Constituio Bsica......................................................................................................................................12

    1.9. RESERVAO................................................................................................................................................121.9.1 Tipos de reservatrios..................................................................................................................................12

    1.10. REDE DE DISTRIBUIAO.........................................................................................................................131.10.1 Tipos de Traados dos Condutos...............................................................................................................131.10.2 Classificao..............................................................................................................................................131.10.3 Ramais Prediais..........................................................................................................................................13

    1.11. ESTAO DE TRATAMENTO DE GUA..............................................................................................131.11.1 Processos de tratamento e suas Unidades..................................................................................................131.11.2 Aerao ou Arejamento.............................................................................................................................141.11.3 Coagulao.................................................................................................................................................141.11.4 Floculao..................................................................................................................................................151.11.5 Decantao ou Sedimentao ...................................................................................................................151.11.6 Filtrao.....................................................................................................................................................16

    1.11.7 Desinfeco ...............................................................................................................................................171.12. exerccios de reviso.......................................................................................................................................182. SITEMAS DE COLETA DE ESGOTOS SANITRIOS........................................................................................18

    2.1. INTRODUO................................................................................................................................................182.2. objetivo..............................................................................................................................................................192.3. TIPOS DE SISTEMAS DE COLETA DE ESGOTOS.................................................................................19

    2.3.1 Sistemas individuais.....................................................................................................................................192.3.2 Sistemas coletivos........................................................................................................................................192.3.3 PARTES CONSTRUTIVAS DE UM SISTEMA DE ESGOTOS..............................................................20

    2.4. CONCEPO DOS SISTEMAS DE ESGOTOS.........................................................................................222.4.1 Tipos de traado...........................................................................................................................................22

    2.5. CARACTERSTICAS DOS ESGOTOS .......................................................................................................232.5.1 CARACTERSTICAS FSICAS.................................................................................................................23

    2.5.2 CARACTERSTICAS QUMICAS............................................................................................................242.5.3 CARACTERSTICAS BIOLGICAS........................................................................................................242.6. CLASSIFICAO DOS PROCESSOS DE TRATAMENTO....................................................................24

    2.6.1 Em funo do processo................................................................................................................................242.6.2 Em funo da eficincia...............................................................................................................................25

    2.7. UNIDADES DO TRATAMENTO PRELIMINAR......................................................................................262.7.1 Grades..........................................................................................................................................................262.7.2 Caixas de Areia............................................................................................................................................27

    2.8. UNIDADES DE TRATAMENTO PRIMRIO............................................................................................272.8.1 Tanques Spticos (NBR 7229).....................................................................................................................272.8.2 Sumidouros..................................................................................................................................................302.8.3 Valas de infiltrao......................................................................................................................................312.8.4 Dimensionamento de Fossas e Sumidouros e Valas de infiltrao..............................................................31

    2.8.5 Decantadores................................................................................................................................................422.9. TRATAMENTO SECUNDRIO DE ESGOTOS........................................................................................432.9.1 Valos de Oxidao.......................................................................................................................................43

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    2.9.2 Lodos Ativados............................................................................................................................................432.9.3 Filtros biolgicos.........................................................................................................................................442.9.4 Reatores Anaerbios....................................................................................................................................45

    2.10. lagoas de estabilizao...................................................................................................................................451.1.1 A...................................................................................................................................................................452.10.1 Classificao das lagoas.............................................................................................................................45

    2.10.2 Vantagens e desvantagens..........................................................................................................................452.10.3 Dimensionamento bsico ..........................................................................................................................46a) Lagoas anaerbias............................................................................................................................................46b) Lagoas facultativas..........................................................................................................................................46

    c) Lagoas de maturao........................................................................................................................................472.11. Destino do lodo das ETE's ............................................................................................................................47

    2.11.1 Leitos de secagem .....................................................................................................................................472.11.2 Filtro Prensa...............................................................................................................................................492.11.3 Lagoas de lodo...........................................................................................................................................492.11.4 Fazendas de lodo (landfarming).................................................................................................................49

    2.12. OPERAO E MANUTENO DAS ETES...........................................................................................492.12.1 Controle e eficincias.................................................................................................................................492.12.2 Estimativas de cargas poluidoras...............................................................................................................50

    2.13. Exerccios de reviso......................................................................................................................................503. sistemas de drenagem urbana....................................................................................................................................513.1. INTRODUO................................................................................................................................................51

    3.1.1 Drenagem Urbana e Rede de Esgotamento Sanitrio..................................................................................553.2. PRINCIPAIS CONCEITOS E ELEMENTOS ASSOCIADOS DRENAGEM URBANA...................55

    3.2.1 Ciclo da gua................................................................................................................................................553.2.2 Efeitos da Urbanizao sobre o Ciclo Hidrolgico......................................................................................563.2.3 Inundaes naturais e Inundaes devido urbanizao.............................................................................573.2.4 Elementos de um sistema de drenagem urbana...........................................................................................57

    3.3. ESTGIOS DA DRENAGEM URBANA.....................................................................................................613.3.1 At 1970 Perodo Higienista.....................................................................................................................613.3.2 1970 a 1990 Perodo Corretivo.................................................................................................................613.3.3 Dias atuais Perodo Sustentvel................................................................................................................61

    3.4. SISTEMA DE CONTROLE DA DRENAGEM URBANA.........................................................................614. GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS...................................................................................................62

    4.1. Importncia......................................................................................................................................................624.2. Definio e Classificao ................................................................................................................................634.3. Caractersticas..................................................................................................................................................63

    4.3.1 Caractersticas fsicas...................................................................................................................................634.3.2 Caractersticas qumicas...............................................................................................................................644.3.3 Caractersticas biolgicas.............................................................................................................................644.3.4 Acondicionamento de resduos ...................................................................................................................724.3.5 Coleta e Transporte de Resduos .................................................................................................................724.3.6 Freqncia de coleta....................................................................................................................................734.3.7 Horrio de coleta..........................................................................................................................................73

    4.4. Limpeza de logradouros pblicos...................................................................................................................75

    4.4.1 Sistema de Varrio.....................................................................................................................................754.4.2 Sistema de Capinao..................................................................................................................................754.4.3 Limpeza de feiras.........................................................................................................................................764.4.4 Limpeza de praias .......................................................................................................................................764.4.5 Limpeza de bocas-de-lobo ou caixas de ralo...............................................................................................76

    4.5. Processamento e tratamento...........................................................................................................................764.5.1 Secregrao, Coleta Seletiva e Reciclagem.................................................................................................764.5.2 Usinas de Triagem e Compostagem de Resduos Slidos Domiciliares.....................................................784.5.3 Aterro Sanitrio............................................................................................................................................824.5.4 Incinerao...................................................................................................................................................864.5.5 Gerenciamento de resduos Especiais..........................................................................................................87

    4.6. Exerccios de reviso........................................................................................................................................875. CONTROLE SANITRIO DOS ALIMENTOS......................................................................................................88

    5.1. Introduo........................................................................................................................................................885.2. Importncia sanitria e econmica................................................................................................................88

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    5.3. Doenas Transmitidas por Alimentos (DTAs)..............................................................................................885.4. Controle da Qualidade dos Alimentos...........................................................................................................91

    5.4.1 Escolha da matria-prima............................................................................................................................915.4.2 Conservao dos alimentos:.........................................................................................................................925.4.3 Controle dos Manipuladores de Alimentos:................................................................................................95

    5.5. Controle das Instalaes e Edificaes em Estabelecimentos Alimentares................................................96

    5.5.1 Condies da edificao:.............................................................................................................................965.5.2 Instalaes hidrossanitrias..........................................................................................................................975.5.3 Equipamentos e utenslios............................................................................................................................97

    5.6. Controle da Armazenagem e Transporte de Alimentos...............................................................................985.6.1 Armazenamento...........................................................................................................................................985.6.2 Transporte....................................................................................................................................................99

    5.7. Medidas sanitrias para a proteo de matrias-primas e produtos alimentcios:...................................995.8. Consideraes Finais.....................................................................................................................................1005.9. Exerccios de reviso......................................................................................................................................100

    6. Referncias bibliogrficas.......................................................................................................................................101

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    1. SISTEMA DE ABASTECIMENTO PBLICO DE GUA

    Durante muito tempo a gua foi considerada como um recurso infinito. Apenas h algumas dcadas a humanidade despertou paraa dura realidade de que, diante de maus usos, os recursos naturais esto se tornando escassos e que preciso acabar com afalsa idia de que os recursos hdricos, ou seja, a gua, no inesgotvel. O mau uso, aliado crescente demanda pelo recurso,vem preocupando especialistas e autoridades no assunto, pelo evidente decrscimo da disponibilidade de gua limpa em todo oplaneta.

    De vrias maneiras a gua pode afetar a sade do homem: pela ingesto direta, na preparao de alimentos; na higiene pessoal,na agricultura, na higiene do ambiente, nos processos industriais ou nas atividades de lazer. Os riscos para a sade relacionadoscom a gua podem ser distribudos em duas categorias:

    Riscos relacionados com a ingesto de gua contaminada por agentes biolgicos (bactrias, vrus, e parasitos), pelocontato direto, ou por meio de insetos vetores que necessitam da gua em seu ciclo biolgico. Cairncross e Feachem(1993) e Hespanhol (2006) classificam essas doenas em quatro categorias bsicas:

    a) Com suporte na gua: ingesto (ex: clera, febre tifide);b) Associadas a higiene pessoal: falta de gua (ex: sarnas, tracoma);c) De contato com a gua: animal aqutico (ex: esquistossomose);d) Vetores desenvolvidos na gua (ex: dengue, malria);

    Riscos derivados de poluentes qumicos e radioativos, geralmente efluentes de esgotos industriais, ou causados poracidentes ambientais.

    Os sistemas de abastecimento de gua uma soluo coletiva para o abstecimento de gua de uma comunidade. Representa umconjunto de obras, equipamentos e servios destinados ao abastecimento de gua potvel de uma comunidade para fins deconsumo domstico, industrial, de servios pblicos, etc.

    O sistema de abastecimento de gua composto por vrias unidades desde a captao at a chegada ao usurio (Figura 1.1).

    Figura 1.1. Sistema de abastecimento de gua com suas unidades.Fonte: FUNASA (2004)

    1.1. UNIDADES DO SISTEMA

    a) Captao: Conjunto de equipamentos e instalaes utilizado para a tomada de gua do manancial. Deve ter condies deretirar a gua em quantidade capaz de atender ao consumo;

    b) Aduo: Destina-se a conduzir gua desde a captao at a comunidade abastecida;

    c) Tratamento: Visa eliminao de certas impurezas e/ou correo de algumas propriedades da gua, que tornam inadequadapara determinado fim;

    d) Reservao: Tem por finalidade, amenizar tanto o excesso de gua, nas horas em que a quantidade consumida menor que aaduzida, como a gua destinada a combater incndios ou a que vai garantir o suprimento nos perodos em que a aduo forinterrompida ou ainda garantir o a presso na rede de distribuio.

    e) Estao Elevatria ou estao de Recalque: Utilizada quando se faz necessrio transpor desnveis topogrficos ou parareforar a capacidade de aduo de adutoras.

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    f) Rede de Distribuio: So as canalizaes instaladas nas vias pblicas que fazem o abastecimento diretamente para os ramaisprediais.

    g) Ramais Prediais: So as tubulaes que interligam as tubulaes de rede aos pontos de consumo (casas, edifcios, etc.).

    1.2. IMPORTNCIA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE GUAa) Aspectos Sociais e sanitrios:

    Melhoria de sade e das condies de vida de uma comunidade; Diminuio da mortalidade em geral; Aumento da esperana de vida da populao; Diminuio de doenas relacionadas com a gua; Implantao de hbitos de higiene.

    b) Aspectos Econmicos: Aumento de vida da produtiva dos indivduos economicamente ativos; Facilidade para instalao de indstrias; Diminuio dos gastos pblicos com remdios e hospitais.

    1.3. CONSUMO E VAZES MDIAS DE GUA

    a) Consumo Mdio Per-capita (q): a relao entre a quantidade de gua distribuda (volume) e a populao abastecida, durante operodo de tempo observado. expresso geralmente em litros por habitante por dias (L/hab.dia). Assim:

    q=Volume Distribudo

    Tempo x Habi tan tes

    Na elaborao de projetos para cidades ainda no providas de sistema distribuidor, utilizam-se dados recomendados de consumomdio per-capita, para calcular a quantidade de gua necessria no decorrer de determinado perodo de tempo. Quando no hcondies de realizar-se um levantamento criterioso, poder ser feita uma suposio razovel dos diferentes destinos da gua.

    Fonte: FUNASA (2004)

    b) Vazo mdia (Q): Para o dimensionamento das diversas unidades de um sistema pblico de abastecimento de gua, hnecessidade de se definir a seguinte vazo:

    Q=P x q

    3600 x h

    Q = vazo mdia (L/s)

    P = populao abastecida a ser considerada no perodo.q = consumo mdio per-capita (L/hab.dia)h = nmero de horas de funcionamento do sistema ou da unidade considerada (h)

    1.4. MANANCIAIS DE GUA

    Os mananciais naturais de gua, passveis de aproveitamento para fins de abastecimento pblico, podem ser classificados em doisgrandes grupos:

    a) Manancial Subterrneo: todo aquele cuja gua provm do subsolo, podendo aflorar superfcie (nascentes, fontes, etc.), ouser elevada artificialmente atravs de obras de captao (poos rasos profundos, galerias de infiltrao). As reservas de guasubterrnea provm de dois tipos de lenol dgua ou aqferos (Figura 1.2).

    Lenol fretico: aquele em a gua se encontra livre, com a sua superfcie sobre a ao da presso atmosfrica. Lenol artesiano: aquele em que a gua encontra-se confinada por camadas impermeveis e sujeita a uma pressomaior que a atmosfera.

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    b) Manancial Superficial: constitudo pelos crregos, rios, lagos, represas, audes, barragens, etc., que tm o espelho de guana superfcie terrestre.

    1.5. CAPTAO E TOMADA DE GUA SUBTERRNEA

    Para o aproveitamento da gua subterrnea, importante o estudo prospectivo de avaliao das reservas existentes. Os tipos de

    captao so:

    a) Fontes ou de gua (gua aflorante) : Normalmente fornecem pouca vazo. As obras so basicamente constitudas de umacaixa de recepo e acumulao. Dessa caixa, a gua encaminhada estao de tratamento, para posterior distribuio. Ascaixas devem ser protegidas contra enxurradas e agentes poluidores, bem como do acesso de animais.

    b) Lenol Fretico ou Superficial: Seu aproveitamento feito normalmente nos fundos de vale ou nas proximidades. Esseaproveitamento pode ser feito na horizontal, atravs de um sistema de drenos coletores ou na vertical mediante perfurao depoos rasos. Normalmente fornecem pouca vazo. As obras de captao podem ser:

    Figura 1.2. Vista em corte dos aqferos fretico e artesiano.

    Fonte: FUNASA (2004)

    Sistema de drenos coletores: Compostos por tubos perfurados interligados, reunindo a gua coletada em um s ponto.Os drenos so envolvidos externamente, com camadas de areia e pedra britada ou pedregulho, a fim de evitar acolmatao dos furos e a queda do rendimento do sistema coletor;

    Poos rasos: Poo perfurado na vertical, com dimetro mnimo de 1m, podendo atingir dimetros maiores em funoda capacidade de fornecimento de gua do aqfero do processo de abertura e construo. Com relao profundidaderecomenda-se que os mesmos no ultrapassem 30 m, sendo comuns profundidades em torno de 7 m, dependendo daformao geolgica da camada aqfera e da posio do lenol. Normalmente, a gua do poo bombeada at o pontode reservao, para se proceder ao seu tratamento (se necessrio) e posterior distribuio.

    c) Lenol Profundo ou Artesiano: Aps o lenol fretico, geralmente se encontram camadas de terreno impermevel, quasesempre argilosas, que contm entre elas camadas aqferas, denominadas de lenol profundo ou artesiano. Esse lenol encontra-se, normalmente, entre duas camadas impermeveis do terreno, que o protegem contra a contaminao. A extrao de guadesse lenol se faz mediante a perfurao de poos tubulares, que devido grande variedade de tipos de terreno e de formaesaqferas, assim como a diversidade dos mtodos construdos empregados, apresentam-se com caractersticas construtivas quediferem bastante em cada caso. As obras de captao podem ser:

    Poos tubulares: So de um modo geral revestidos inteiramente com tubo de ao, a fim de evitar a entrada de guaindesejvel e no permitir o desenvolvimento de camadas instveis de terreno, que foram atravessados na perfurao. Odimetro til funo direta da vazo de aproveitamento do poo, variando de 150 a 300 mm. No extremo dorevestimento, so colocados dispositivos que permitem fcil passagem da gua a ser captada, para o interior do poo.So conhecidos com filtro, telas e crivos, sendo normalmente constitudos de peas metlicas tubulares com orifcios,grelhas ou fendas. Poos amazonas: So revestidos inteiramente com estruturas de concreto armado ou alvenaria de tijolo, a fim de evitar aentrada de gua indesejvel e no permitir o desmoronamento de camadas instveis de terreno, que foram atravessadasna perfurao. So poos de grande dimetro (acima de 500 mm). No extremo inferior do revestimento, so colocados

    tijolos cermicos espaados, para permitir a fcil passagem de gua a ser captada, para o interior do poo.

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    1.6. CAPTAO E TOMADA DE GUAS SUPERFICIAIS

    Para o projeto de captao de mananciais superficiais, devem ser examinados todos os dados e elementos relativos scaractersticas quantitativas dos mesmos. As captaes podem ser:

    a) Captao de Rios e Crregos: As obras devero ser implantadas, de preferncia em trechos retilneos, ou quando em curva,junto a sua curvatura externa (margem cncava), onde as velocidades da gua e as profundidades so maiores. Evitar os bancosde areia, que podem obstruir as entradas de gua.

    b) Captao de Reservatrios Artificiais (represas, audes, barragens, lagos, lagoas, etc.): importante levar em consideraoas variaes da qualidade da gua em funo da profundidade e as oscilaes de nvel. As guas represadas propiciam oaparecimento de algas, principalmente nas camadas superiores e excessivo teor de matria orgnica em decomposio, nascamadas inferiores.

    1.6.1 Partes Constitudas de uma Captao e Tomada de gua Superficial

    Barragens de acumulao, vertedores e enrocamentos: Obras executadas em rios ou crregos, a fim de elevar o nvel montante, bem como garantir a vazo requerida na poca de estiagem.

    Dispositivos de tomada de gua: Impedir a entrada de materiais estranhos presentes na gua tais como slidos descartveis,materiais flutuantes, peixes, rpteis e moluscos. So usadas as grades, crivos, telas de proteo e caixas de areia oudesarenadoras.

    Dispositivos para controlar a entrada de gua: Visa regular ou vedar a entrada de gua para o sistema, quando se deseja

    realizar servios de manuteno. So utilizados comportas, vlvulas ou registros e adufas. Tubulaes e rgos acessrios: Fazem a interligao entre as unidades fsicas da captao. So utilizados os canais abertos

    e as tubulaes. Poos de suco das bombas: Recebem as tubulaes e peas que compem o trecho de suco das bombas, bem como

    servem de reservatrio de suco. Casa de bomba: Para alojamento dos conjuntos elevatrios e seus dispositivos de partida.

    1.6.2 Tipos de Captao Superficial

    Captao flutuante: Consiste em uma plataforma flutuante onde so instalados os equipamentos e acessrios necessrios aobombeamento (Figura 1.3).

    Tomada de gua Direta (Figura 1.4) Sifo (Figura 1.5) Tubulaes em Barragem Torre de Tomada de gua (Figura 1.6)

    Figura 1.3. Vista da captao flutuante em Pendncias/RN.

    Foto: Andr L C Arajo

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    Figura 1.4. Captao direta.

    Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.html

    Figura 1.5. Captao por sifo.

    Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.html

    A B

    Figura 1.6. Captao atravs de torre de tomada (A) e vista da torre de tomada da Barragem Armando RibeiroGonalves/RN (B)

    Fonte A:http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.htmlFoto B: Andr L C Arajo

    http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.htmlhttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.htmlhttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.htmlhttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.htmlhttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.htmlhttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.htmlhttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Captac02.html
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    1.7. ADUO

    1.7.1 Linhas Adutoras

    Canalizaes principais, destinadas a conduzir gua entre as unidades do sistema pblico de abastecimento que antecedem arede de distribuio.

    1.7.2 Sub-adutoras

    Canalizaes secundrias, derivadas de uma linha adutora destinadas a conduzir gua at outros pontos fixos do sistema. Ambasno possuem derivaes para alimentar redes de distribuies ou ramais prediais. Para o traado das adutoras, levam-se emconsiderao vrios fatores, entre os quais a topografia, as caractersticas do solo e as facilidades de acesso. necessrio que seefetue um estudo detalhado para a escolha definitiva do caminhamento, levando-se em considerao fatores econmicos,segurana e ampliaes futuras.

    1.7.3 Classificao das Adutoras

    a) Quanto a Natureza da gua Transportada Adutora de gua bruta Adutora de gua tratada

    b) Quanto a Energia para a Movimentao da gua

    Adutora por gravidade Em conduto forado Em conduto livre ou aqueduto (Figura 1.7) Combinao de conduto forado x livre.

    Adutora por recalque nico recalque (Figura 1.7) Mltiplos recalques

    A B

    Figura 1.7. Vista do Canal do Pataxo/RN (A: adutora em conduto livre) e da Adutora Mdio Oeste/RN (B: adutora porrecalque).

    Foto A: Andr L C ArajoFonte B: http://www.semarh.rn.gov.br/

    1.7.4 Materiais Utilizados em Adutoras

    Devido as diferenas existentes entre os matrias e mtodos de fabricao de tubos e acessrios a aplicao de um tipo deverser estudada anteriormente em cada caso, tendo em vista principalmente as condies de funcionamento hidrulico da adutora, apresso interna e a durabilidade do material, face as caractersticas do solo, as cargas externas, a natureza da gua transportada eo custo. Os materiais mais empregados so; PVC, ferro fundido (cimentado internamente), ao soldado, concreto armado, fibra devidro impregnado em resinas de polister e polietileno (Tabela 1.1).

    Nas adutoras em conduto forado funcionando por gravidade, utilizam-se os tubos de ferro fundido, de ao, de cimento-amianto, de

    concreto simples ou armado e PVC. Nas adutoras de recalque devido maior ocorrncias de golpes de arete, tm sido usados ostubos de ferro fundido ou ao, em vista da maior resistncia a presso interna. Nas adutoras em conduto livre ou nos trechos emaqueduto de adutoras que combinam condutos livre e forados, tem sido comum o emprego de canalizaes a base de cimento.

    http://www.semarh.rn.gov.br/http://www.semarh.rn.gov.br/
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    1.7.5 Peas Especiais e rgos Especiais

    ) Vlvula ou Registro de Parada: Interrompem o fluxo de gua. Permitem tambm regular a vazo, na operao de enchimentoda linha de modo gradual e assim evita golpes de arete. aconselhvel instalar em pontos elevados, onde a presso menor,para facilitar a manobra.

    ) Vlvula ou Registro de Descarga: Promovem o esvaziamento da linha adutora. So colocadas nos pontos baixos datubulao, em derivao a linha, para permitir a sada de gua que necessrio.

    ) Ventosa: Destinam-se a permitir a expulso e admisso de ar conforme a linha esteja sendo cheia ou esvaziada. Soinstaladas nos pontos elevados da tubulao. Por outro lado deixam penetrar o ar na tubulao quando est sendo descarregada,sem isso, haver o aparecimento de presses internas negativas.

    ) VlvulasRedutoras de Presso: So dispositivos intercalados na linha para permitir uma diminuio permanente de pressointerna na linha a partir do ponto de instalao.

    ) Vlvula de Reteno: Impedem o retorno brusco de gua contra o conjunto motor-bomba, na sua paralisao por falta deenergia eltrica ou por outra causa qualquer. So instaladas no incio das adutoras por recalque, quase sempre, no trecho de sadade cada bomba.

    ) Vlvulas Aliviadoras de Presso ou vlvula Anti-golpe : So dispositivos que permitem reduzir a presso interna dastubulaes quando estas sofrem a ao de golpe de arete. So instaladas geralmente no incio das adutoras por recalque degrande dimetro, nas quais as vlvulas de reteno sofrem solicitaes maiores e podero no suportar aos esforos resultantesda sobre elevao de presso.

    Tabela 1.1. Materiais mais empregados na construo de adutoras

    Material Observaes Vantagens Desvantagens

    PVC

    Longa durabilidade (se no expostaao sol)

    Mais utilizado em pequenascomunidades (se atender ascondies hidrulicas e de presso)

    Baixo custo

    Facilidade de assentamentos econexes

    Mdia e baixa resistncia pressointerna

    Moderada resistncia a cargasexternas

    Baixa resistncia a choques

    FerroFundido

    Para dos os dimetros cimentadointernamente

    Elevada resistncia a pressesinternas

    Elevada resistncia a cargas externas

    Moderadas resistncias a choques

    Longa durabilidade

    Facilidade de assentamento econexes

    Aparecimento de incrustaes com oenvelhecimento

    Limitao do dimetro comercial

    Alto custo

    Peso elevado

    Ao

    Dimetro de 50 a 600mm junta elstica ecimentadointernamente

    Dimetros acima de600 mm so soldadoslocalmente

    Elevada resistncia a pressesinternas

    Para maiores dimetros o preose torna mais competitivo, pois aschapas so soldadas no local

    Baixa resistncia corroso Baixa resistncia a cargas externas

    Baixa resistncia a pressesinternas negativas

    Alto custo para pequenos dimetros

    Necessidade de maiores cuidadospara tubulaes aparentes (pinturaanti-corrosiva)

    ConcretoArmado

    Resiste a cargas externaselevadas

    Utilizado para adutoras emcanal com baixas presses

    Grande peso (manuseio difcil etransporte oneroso)

    Uso limitado devido a no resistir a

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    presses internas

    1.8. ESTAO ELEVATRIA OU DE RECALQUE

    a unidade do sistema de abastecimento de gua que abriga os equipamentos e os rgos acessrios destinados aobombeamento.

    1.8.1 Constituio Bsica

    Uma estao elevatria basicamente composta do seguinte (Azevedo Netto e Alvarez, 1988):

    ) Obras Civis: Constitudas pelo prdio de abrigo do equipamento (casa de bombas); poo de suco e dependnciascomplementares (escritrio, oficina, vestirio, sanitrios, etc.);

    ) Equipamentos Eletromecnicos: Conjunto moto bombas, equipamentos de comando e controle do funcionamento dosconjuntos elevatrios (chave de partida e proteo dos motores, ampermetro, voltmetro, hormetro), equipamentos para reparodos conjuntos (pontes rolantes ou talhas manuais, ferramentaria);

    ) Tubulaes, Peas Especiaise rgos acessrios: Constitudos de tubulao de suco e recalque, juntas de dilatao,vlvula de reteno, registros, manmetros, medidor de vazo medidor de nvel, etc.

    1.9. RESERVAO

    O reservatrio a unidade do sistema de abastecimento de gua destinada a armazenar a gua para atender as variaes deconsumo, as demandas de emergncia e melhorar as condies de presso nas redes (Viana, 1997).

    1.9.1 Tipos de reservatrios

    a) Quanto localizao no sistema:

    Reservatrios de montante: So aqueles situados antes da rede de distribuio. Caracterizam-se pelasseguintes peculiaridades:

    Por ela passa toda gua distribuda a jusante; Tem entrada por sobre o nvel mximo da gua e sada no nvel mnimo; So dimensionados para manterem a vazo e a altura manomtrica do sistema de aduo constante.

    Reservatrios de jusante: So aqueles que se situam aps a rede de distribuio. Tambm chamados de reservatriosde sobras. Caracterizam-se pelas seguintes particularidades:

    Armazena gua durante as horas de menor consumo e auxiliam o abastecimento da cidade durante as horas demaior pico;

    Reduzem a altura fsica e os dimetros iniciais de montante da rede; Tem uma s tubulao servindo como entrada e sada das vazes.

    b) Quanto localizao do terreno:

    Reservatrios enterrados;

    Reservatrios semi-enterrados; Reservatrios apoiados; Reservatrios elevados.

    c) Quanto aos materiais Empregados na sua Construo

    Alvenaria; Concreto armada; Concreto protendido; Chapa metlica; Madeira; Cimento amianto; Fibra de vidro.

    d) Quanto a Natureza da gua Armazenada

    Reservatrio de gua bruta Reservatria de gua tratada

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    1.10. REDE DE DISTRIBUIAO

    a unidade do sistema de abastecimento de gua constituda por um conjunto de condutos assentados nas vias pblicas, junto sedificaes, com a funo de conduzir a gua para os prdios e os pontos de consumo pblico. Esses condutos caracterizam-sepelas numerosas derivaes e uma distribuio em rede (Azevedo Netto e Alvarez, 1988).

    1.10.1 Tipos de Traados dos Condutos

    Na rede de distribuio distinguem-se dois tipos de condutos:

    a) Condutos Principais: Tambm chamados troncos ou mestres. So as canalizaes de maior dimetro, responsveis pelaalimentao dos condutos secundrios.

    b) Condutos Secundrios: So as canalizaes de menor dimetro, encarregados do abastecimento das localidades a serematendidas pelo sistema.

    1.10.2 Classificao

    ) Redes ramificadas: A disposio dos condutos principais e secundrios. No constituem um anel fechado.) Redes Malhadas: So redes que constituem anis fechados.

    1.10.3 Ramais Prediais

    So tubulaes, peas e conexes que interligam as instalaes prediais de gua do usurio rede de distribuio.

    a) Ramais Prediais com Medio: So aqueles dotados de hidrmetro*;b) Ramais Prediais sem Medio: No dispem de hidrmetro.

    *O hidrmetro o equipamento que mede o volume de gua consumido durante um intervalo de tempo.

    1.11. ESTAO DE TRATAMENTO DE GUA

    1.11.1 Processos de tratamento e suas Unidades

    O tratamento de gua consiste basicamente na remoo de material suspenso, coloidal, matria orgnica, e microrganismos. Nagrande maioria dos casos so utilizadas operaes unitrias fsicas e qumicas. Por exemplo, em uma estao de tratamento degua convencional, geralmente so utilizadas as seguintes unidades: mistura rpida e coagulao, floculao, decantao, filtraoe desinfeco (Di Bernardo e Dantas, 2005) (Figura 1.8).

    Dependendo, por exemplo, da qualidade da gua a ser tratada, dos custos de implantao, operao e manuteno, algumasdessas unidades podem ser suprimidas assim como outras unidades podem ser necessrias (Libnio, 2005).

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    Figura 1.8. Esquema de um sistema de abastecimento de gua com destaque para a estao de tratamento de gua.

    Fonte:http://www.copasa.com.br/media/tratamentoagua_img01.jpg

    1.11.2 Aerao ou Arejamento

    Consiste no processo pelo qual a gua e o ar so colocados em contato, com a finalidade de transferir substancias volteis dagua para o ar e substancias solveis do ar para a gua, de forma a obter-se o equilbrio satisfatrio entre os teores das mesmas.

    a) Objetivos da Aerao:

    Remoo de gases dissolvidos em excesso nas guas (gs carbono - CO2, gs sulfdrico H2S, gs metano - CH4 eexcesso de cloro).

    Remoo de substancias volteis e aromticas; Introduo de oxignio, para oxidao de compostos frricos e manganosos; Aumento dos teores de oxignio e nitrognio dissolvido na gua.

    b) Aplicao: Nos casos em que a gua apresenta carncia ou excessos de gases e substancias volteis. Exemplo: guassubterrneas (de poos); gua captada em galerias de infiltrao; gua de partes profundas de grandes represas.

    1.11.3 Coagulao

    A coagulao o processo unitrio que consiste na formao de cogulos, atravs da reao do coagulante solvel, disperso nagua.

    a) Coagulantes: Os produtos mais comuns utilizados com essa finalidade so:

    Coagulantes primrios: Compostos de alumnio e de ferro (sulfato de alumnio, sulfato ferroso, sulfato frrico clorado,sulfato frrico, cloreto frrico, etc.). O coagulante mais comumente empregado o sulfato de alumnio, pelo fato de serfacilmente obtido e de baixo custo.

    lcalis: Carbono de sdio - Na2CO3 (barrilha), bicarbonato de sdio - Na(CO3)2. hidrxido de clcio-Ca(OH)2 (calhidratada); xido de clcio Co (cal virgem).

    Auxiliares: slica ativada, argila preparada (bentonita); flocos pr-formadas; polmeros sintticos ou naturais(polieletrlitos).

    b) Mistura Rpida: Operao unitria que consiste em distribuir rpido e homogeneamente um coagulante ou outro reagentequmico na gua a ser tratada, utilizando-se energia hidrulica, mecnica ou outro meio.

    http://www.copasa.com.br/media/tratamentoagua_img01.jpghttp://www.copasa.com.br/media/tratamentoagua_img01.jpghttp://www.copasa.com.br/media/tratamentoagua_img01.jpg
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    Misturadores Mecnicos: So aqueles que utilizam energia produzida por dispositivos eletromecnicos, para produzir adisperso dos reagentes. Contam de duas partes: O tanque de mistura e o agitador.

    Misturadores Hidrulicos: So aqueles que utilizam a energia hidrulica para produzir a disperso dos reagentes. Aenergia gasta proveniente de salto (vertedor) ou de um ressalto hidrulico (calha parshall).

    Difusores: Dispositivo inserido numa seo transversal do fluido de gua com o objetivo de distribuir em regente de modouniforme em diversos pontos.

    1.11.4 Floculao

    o processo unitrio que se segue a coagulao, e que consiste no agrupamento das partculas eletricamente desestabilizadas(cogulos), de modo a forma outra maiores: chamadas flocos, suscetveis de serem removidas por decantao, flotaao(flutuao), e filtrao.

    a) Fatores que Afetam a Floculao: Natureza das partculas a serem removidas: tamanho das partculas; temperatura;concentrao da soluo do coagulante; alcalinidade; pH.

    b) Mistura Lenta: Operao unitria destinada a promover a agitao moderada para boa constituio dos flocos e agregao deimpurezas. Pode ser realizada usando-se a energia hidrulica, mecnica ou de outro tipo.

    No processo de floculao o tempo de agitao extremamente importante. necessrio manter-se a agitao durante certoperodo, que depende das caractersticas da gua, do tipo de coagulante, e da dosagem, permanecendo constantes outros fatorescomo pH e a alcalinidade.

    conveniente comear a floculao com velocidade elevada, diminuindo gradativamente, at atingir uma agitao mais suave.Gradiente de velocidade muitos autos podem romper flocos previamente formados, enquanto que valores baixos levam a umafloculao incompleta, prejudicando a decantao e a filtrao.

    A otimizao dos valores do tempo de permanncia e do gradiente deve ser conseguidas atravs de pesquisas em ensaios dejarros-JarTest, em laboratrio.

    c) Tipos de Floculadores:

    Floculadores Hidrulicos de Chicana: Utilizam energia hidrulica disponvel. So constitudos de cmaras comchicanas, nas quais a gua efetua um movimento sinuoso dentro da unidade, fazendo com que mude de direo emcada extremidade. Nas cmaras o fluxo pode ser na horizontal ou na vertical.

    Floculadores Mecnicos: Utilizam energia fornecida por agitadores acionados por sistemas eletromecnicos. H umagitador para cada cmara ou compartimento, sendo possvel regular a agitao fornecida a gua atravs de cada umdeles, usando o gradiente de velocidade da forma que se desejar.

    d) Classificao dos Floculadores:

    Quanto posio do lixo: Vertical e horizontal; Quanto ao tipo de agitador: de paletas, de hlice e de turbina.

    Obs.: Todas as combinaes do tipo de eixo com o tipo de agitador, so possveis.

    1.11.5 Decantao ou Sedimentao

    o processo pelo qual se verifica a deposio de matrias em suspenso, pela ao da gravidade.

    a) Tipos de Decantadores

    Em Funo do escoamento da gua:

    Decantador de Escoamento Horizontal: a gua entra em uma extremidade, move-se na direo longitudinal e sairpela outra extremidade.

    Decantador de Escoamento Vertical: a gua dirigida para a parte inferior, elevando-se a seguir em movimentoascendente at a superfcie do tanque.

    De acordo com as condies de funcionamento:

    Decantador do Tipo Clssico ou Convencional: Recebe a gua floculada, nos quais se processa apenas asedimentao, podem ter remoo mecanizada de lodo ou remoo simples.

    Decantador com Contato de Slidos, do Tipo Dinmico, Compacto ou Acelerado (floco-decantador): So unidademecanizadas que promovem simultaneamente a agitao, a floculao e a decantao.

    Decantador com Escoamento Laminar (Tubulares ou de Placas): So tipos mais recentes e com maior eficincia. Adecantao feita com o emprego de mdulos tubulares.

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    1.11.6 Filtrao

    A filtrao da gua consiste em faz-la atravessar camadas porosas, capazes de reter impurezas (Di Bernardo e Dantas, 2005;Libnio, 2005).

    Materiais Utilizados no leito Filtrante:

    Areia Classificada pela granulometria; Seixo ou pedregulho Como camada suporte; Carvo duro ou antracito; Granada, e ilmenita, magnetita.

    Fenmenos que Ocorrem no Processo da Filtrao:

    Ao Mecnica de coar; Sedimentao de partculas sobre a camada filtrante; Floculao de partculas que estejam em formao, pelo aumento de possibilidades de contato entre elas; Formao de uma pelcula gelatinosa sobre a camada filtrante, promovidas por microorganismos que ali se

    desenvolveram.

    Fundo dos Filtros:

    Fundo falso com bocais ou tubos distribuidores: consiste numa laje onde so instalados bocais distribuidores

    uniformemente espaados; Sistema de canalizaes perfuradas: consiste em um sistema de drenos coletores, distribudos no fundo do leito

    filtrante; Blocos Leopoldi: consiste em instalar sobre toda a laje de fundo, um conjunto de blocos cermicos com dutos

    perfurados.

    Fluxo de gua no filtro:

    Filtrao de fluxo descendente o tipo mais comumente encontrado, onde o deslocamento da gua, no interiordo meio filtrante, d-se de cima para baixo;

    Filtrao de fluxo ascendente Funcionam no sentido inverso (de baixo para cima).

    Lavagem dos filtros: Os filtros geralmente so lavados a contracorrente (porinverso do fluxo) com uma vazo capaz de assegurar uma expanso adequada do meio filtrante, at que os gros noestejam continuamente em contato com cada um dos outros. Agitando lado a lado e deslocando o material aderente de

    sua superfcie. Tempo de Lavagem: O tempo gasto na lavagem gira em torno de 5 a 7 min. A

    operao de lavagem deve ser mantida at que a gua que atravs do filtro se torne clara.

    Lavagem Auxiliar:

    Lavagem superficial com o sistema mvel (agitador palmer); Lavagem superficial com o sistema de bocais fixos (Baylis); Lavagem com ar e gua.

    a) Tipos de Filtros

    Filtros Lentos: So utilizados nos casos em que a gua bruta apresenta poucaturbidez e baixa cor, no exigindo tratamento qumico anterior. A camada filtrante constituda de areia mais fina e avelocidade com que a gua atravessa a camada filtrante relativamente baixa. A taxa de filtrao de 2 a 6 m3/ m2. dia;

    Filtros Rpidos: Recebem gua tratada quimicamente. So constitudos de sistemade autolavagem, atravs de inverso do fluxo normal de funcionamento. So constitudos em concreto armado, chapasmetlicas e fibras especiais. Podem se:

    Filtros Rpidos de Areia: Funcionam pela ao da gravidade. So os mais encontrados atualmente em operaonas ETAs. A taxa de filtrao cerca de 180 m3/ m2. dia.

    Filtro Rpido de Antracito (antrafiltros): So filtros que tem na parte superior das camadas filtrante o carvoantracito. O seu funcionamento idntico ao do filtro de areia. A taxa de filtrao cerca de 360 m3/ m2. dia.

    Filtros Russos (clarificadores de contato): So filtros de fluxo ascendente. Ascamadas filtrantes so de grande espessura para evitar a expanso da areia, durante a filtrao. A taxa de filtrao de150 m3/ m2. dia.

    Filtro de Presso Simples: essencialmente um leito filtrante, contido em umacarcaa cilndrica hermeticamente fechada. Os cilindros podem ser colocados na horizontal e vertical. So usados eminstalaes relativamente pequenas e para guas nas quais a quantidade de material em suspenso pequena. Soutilizados em piscinas.

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    Filtro de Presso de Dupla Ao: Tem as mesmas caractersticas do simples,porm a gua a ser filtrada entra por baixo e por cima e coletada aps a filtrao por tubos que esto no meio dacamada filtrante. Nos filtros de presso, a taxa de filtrao de cerca de 250 m3/ m2. dia.

    Figura 1.9. ETA do sistema adutor Gernimo Rosado/RN (vista dos clarificadores de contato).

    Foto: Andr L C Arajo

    1.11.7 Desinfeco

    o processo em que se usa um agente qumico ou no qumico, na qual se tem por objetivo a eliminao de microorganismospatognicos presentes na gua, incluindo bactrias, protozorios e vrus, alm de algas (Di Bernardo e Dantas, 2005; Libnio,2005).

    a) Agentes Desinfetantes

    Agentes Qumicos: cloro, bromo, iodo, oznio, pergamanato de potssio, perxido

    de hidrognio e os ons metlicos prata e cobre. O principal utilizado nas ETAs o cloro, sendo ento, a desinfecocomumente denominada de clorao. Agentes Fsicos: calor e radiao ultravioleta.

    b) Caractersticas dos Agentes Desinfetantes

    Devem destruir, em tempo razovel, os microorganismos patognicos em quantidade em que se apresentam e nascondies das guas;

    No deve ser txico ao ser humano e animais domsticos e, nas dosagens usuais, no devem causar cheiro egosto nas guas;

    Devem ser disponveis a custos razoveis e oferecer condies seguras de transporte, armazenamento, manuseioe aplicao na gua;

    Devem ter sua concentrao na gua determinada de forma rpida, atravs de mtodos simples; Devem produzir residuais persistentes na gua, assegurando desse modo a qualidade da mesma contra eventuais

    contaminaes nas diferentes partes do sistema.

    c) Mtodos de CloraoA clorao comumente realizada utilizando-se cloro gasoso ou liquido ou produtos especficos que contenham cloro. Osprincipais compostos com a quantidade percentual de cloro disponvel so:

    Cloro (Cl2) 100% Cal clorada 35 a 37% Hipoclorito de clcio (comercial) 70 a 74% Hipoclorito de sdio (comercial) 10 a 20% gua sanitria 2 a 4%

    d) Componentes Bsicos de um Sistema de Clorao:

    rea de armazenamento do produto em cilindros ou de carretas; Dispositivos de entrada e de controle da quantidade de cloro desejada; Equipamento de evaporao quando se tem retirada de cloro lquido de cilindro ou de carretas; Equipamento de dosagem de cloro gasoso;

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    Injetor e gua para obteno da soluo de cloro; Aplicao de soluo de cloro na gua.

    1.12. EXERCCIOS DE REVISO

    Aps a concluso do Captulo 1 voc pode responder as questes seguintes com base na realidade local de sua rea de atuao:

    1. Descrever o sistema de abastecimento pblico de gua.2. Descrever quais as operaes unitrias que compem o sistema de tratamento de gua.3. Existem fontes de poluio prximas ao manancial de gua? Quais?4. Qual a estimativa de populao total abastecida e vazo do sistema?5. Como o sistema operado e mantido?

    2. SITEMAS DE COLETA DE ESGOTOS SANITRIOS

    2.1. INTRODUO

    O que SANEAMENTO? "Saneamento um conjunto de medidas que visam PROMOVER, PROTEGER E PRESERVAR asade". So medidas de saneamento: Sistemas de Abastecimento D'gua, Sistemas de Esgotos Sanitrios, Coleta de Lixo,Controle da Poluio Ambiental, Controle de Vetores Biolgicos (ratos, moscas, baratas, etc.), Saneamento das Habitaes eLocais de Trabalho e Saneamento dos Alimentos.

    O esgotamento sanitrio se constitui no nico meio seguro para evitar as doenas transmitidas pelos excretas humanos. Suaimplantao to importante quanto o abastecimento d'gua. A experincia mostra que em algumas comunidades onde foiimplantado o abastecimento d'gua e no foram coletados os esgotos, as condies sanitrias do meio pioraram agravando-se osproblemas com os dejetos correndo a cu aberto. O uso inadequado do sistema de drenagem para transportar esgotos tambmpode gerar problemas. As tubulaes dimensionadas para o escoamento das guas pluviais ao receberem durante a estiagem aspequenas vazes dos esgotos geram em seu interior um ambiente bastante propcio para a proliferao de muriocas infestandoas reas vizinhas. Um indivduo doente abriga agentes patognicos no seu intestino onde o ambiente propcio para amultiplicao dos mesmos. Ao serem expelidos junto com as fezes e a urina, esses organismos contaminam o meio transmitindouma srie de doenas.A seguir so listadas as principais doenas transmitidas pelos excretas, todas controlveis atravs daadoo de medidas de saneamento adequadas: amebase, ancilostomose, ascardiase, clera, desinteria bacilar,esquistossomose, febre paratifide, febre tifide, salmonelose, tenase. A Figura 2.1 representa os principais vetores do transporte

    de transmisso das doenas. Contrapondo-se a esses vetores, o sanitarista deve criar barreiras de modo a quebrar a cadeia detransmisso de doenas (Figura 2.2).

    Figura 2.10. Principais vetores do transporte de transmisso das doenas.

    Figura 2.11. Barreiras Sanitrias.

    Excretas

    gua

    Mos

    InsetosAlimentos

    Solo

    HomemSo

    Morte

    Debilidade

    Excretas

    gua

    Solo

    Mos

    Insetos

    Alimentos

    Homemprotegido

    BarreirasSanitrias

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    O rpido desenvolvimento dos centros urbanos nas ltimas dcadas tm gerado um grande adensamento demogrfico nascidades. Essas concentraes criam srios problemas com a grande quantidade de guas residurias que precisam ser removidas.As solues individuais inicialmente viveis no so mais possveis face ao limite restrito dos lotes e a verticalidade dasconstrues. O lanamento de volumes de esgoto excedendo em muito a capacidade de auto depurao dos cursos d'guaterminam por transform-los em verdadeiros esgotos a cu aberto.

    Essa realidade passa a impor como soluo para o equacionamento dos esgotos a coleta, o tratamento e a disposio finallevando-se em conta as especificidades locais e a capacidade de absoro dos corpos receptores.

    2.2. OBJETIVO

    Com a construo do sistema de esgotos sanitrios em uma comunidade, procura-se atingir os seguintesobjetivos:

    coleta dos esgotos individual ou coletiva; afastamento rpido e seguro dos esgotos, seja atravs de fossas ou de sistemas de redes coletoras; tratamento e disposio sanitariamente adequada dos esgotos tratados.

    Como benefcios tem-se:

    Conservao dos recursos naturais tais como rios, lagos, lagoas crregos, etc.; Eliminao dos aspectos estticos e visuais desagradveis (odores agressivos); Melhoria das condies sanitrias locais de vida; Eliminao de focos depoluio e contaminao; Melhoria do potencial produtivo do ser humano; Reduo das doenas ocasionadas pela gua contaminada por dejetos; Diminuio dos recursos aplicados no tratamento de doenas.

    2.3. TIPOS DE SISTEMAS DE COLETA DE ESGOTOS

    Os principais sistemas de esgotamento sanitrio esto apresentados na Figura 2.3 e detalhados a seguir (FUNASA, 2004):

    Figura 2.12. Sistemas de coleta de esgoto.

    2.3.1 Sistemas individuais

    Sistemas adotados para o atendimento unifamiliar. Consiste no lanamento dos esgotos domsticos gerados por uma unidadehabitacional , geralmente em uma fossa sptica seguida de dispositivo de infiltrao no solo (sumidouro, valas de infiltrao, etc.).

    2.3.2 Sistemas coletivos

    A medida que as cidades crescem, as solues individuais tornam-se inadequadas, devido a crescente ocupao do solo,necessitando de uma soluo coletiva para as maiores populaes. Esses sistemas consistem em canalizaes que recebemlanamento dos esgotos, transportando-os ao seu destino final, de forma sanitariamente adequada. Eles podem ser:

    a) Sistema Unitrio: aquele onde a rede construda para coletar e conduzir as guas servidas juntamente com as guaspluviais. O sistema tambm conhecido como combinado. Esses sistemas apresenta os seguintes inconvenientes:

    grandes dimenses das canalizaes que ficam ociosas nas pocas de estiagens; custo iniciais elevados; riscos de refluxo do esgoto sanitrio para o interior das residncias, por ocasio de cheias; ocorrncia de mau cheiro proveniente das bocas de lobo; as estaes de tratamento no podem ser dimensionadas para tratar a vazo gerada no perodo de chuvas. Assim, uma

    parcela dos esgotos sanitrios no tratados que se encontram diludos nas guas pluviais ser extravasada no corporeceptor, sem receber tratamento.

    Esgotamentosanitrio

    Sistemaindividual

    Sistemacoletivo

    Sistemaunitrio

    Sistemaseparador

    Sistemaconvencional

    Sistemacondominial

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    b) Sistema Separador: Sistema concebido para receber exclusivamente guas residurias urbanas, fazendo-se o esgotamentodas guas pluviais em outro sistema prprio.

    Uma variante desse sistema o Sistema Separador Parcial ou Misto que o sistema que recebe esgotos sanitrios e apenasparte das guas de chuvas (guas dos telhados das casas). Esse sistema teve a vantagem de diminuir um pouco os dimetros dossistemas unitrios devido as contribuies serem menores, no entanto foi muito pouco utilizado, sendo praticamente inexistenteatualmente no mundo. As vantagens so do sistema separador absoluto so:

    canalizaes com dimenses menores; favorecimento de emprego de materiais mais simples (cermicas, PVC, etc.); reduo de custos e prazos de construo.

    2.3.3 PARTES CONSTRUTIVAS DE UM SISTEMA DE ESGOTOS

    As principais partes de um sistema de esgotamento sanitrio esto apresentadas na Figura 2.4.

    Figura 2.13. Partes de um sistema convencional de esgotamento sanitrio.

    Fonte: Adaptado FUNASA (2004)

    a) Ramal Domiciliar ou Ramal Predial Individual: Trecho compreendido entre o limite do terreno e o coletor pblico de esgotos(Figura 2.5);

    Redes coletoras

    Recalque

    Estaoelevatria

    Ramaisprediais

    Interceptor

    Interceptor

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    Figura 2.14. Vista dos ramais prediais em perfil.

    Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES07_02.html?submit=Continua

    b) Coletor de Esgoto: Tubulao que recebe as contribuies dos ramais domiciliares. Passam em todas as ruas. Obs.:ColetorTronco ou principal: Coletor de esgoto de maior extenso dentro de uma mesma bacia de esgotamento;

    c) Caixas de Passagem ou Poos de Visita: So caixas que servem para facilitar a inspeo e limpeza das redes esgotos

    (Figura 2.6). So usados em:

    mudanas de direo do coletor mudana de declividade da rede mudana de dimetro dos coletores reunies de dois ou mais trechos de coletores.

    A B

    Figura 2.15. Detalhe de poos de visita sem (A) e com (B) tubo de queda..

    Fonte:http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES07_02.html?submit=Continua

    d) Interceptores: So canalizaes que normalmente correm nos fundos dos vales, margeando os cursos dgua ou canais,recebendo contribuio da rede coletora situada na mesma sub-bacia, evitando que os mesmos sejam lanados nos corposdgua;

    e) Emissrios: Canalizaes que recebem esgoto exclusivamente na sua extremidade montante. Pode ser por gravidade ourecalque dependendo das condies topogrficas. destinado a conduzir o efluente ao seu destino final que pode ser uma ETE ouum lanamento em corpo receptor (Figura 2.7);

    http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES07_02.html?submit=Continuahttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES07_02.html?submit=Continuahttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES07_02.html?submit=Continuahttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES07_02.html?submit=Continuahttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES07_02.html?submit=Continuahttp://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES07_02.html?submit=Continua
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    Figura 2.16. Vista de um emissrio por recalque (Macau-RN).

    Foto: Andr L C Arajo

    f) Estaes Elevatrias: Conjunto de equipamentos destinados a transferir ao lquido esgotado, a energia potencial necessria aoseu deslocamento de um ponto de cota mais baixa para um ponto de cota mais alta;

    g) Estaes de Tratamento: Local onde o esgoto acondicionado de modo a reduzir a carga orgnica e microorganismospatognicos a nveis aceitveis pela legislao, para o seu lanamento em corpos receptores ou para outro tipo de utilizao.

    2.4. CONCEPO DOS SISTEMAS DE ESGOTOS

    A fase de concepo dos sistemas uma das mais importantes. Nela se faz um estudo amplo de todas as diretrizes bsicas,anlise do tipo de traado ideal, parmetros de projetos, etc.

    2.4.1 Tipos de traado

    a) Rede Convencional : So tambm chamadas de redes malhadas. So aquelas que passam em todas as ruas (logradouros).Os coletores devem ser assentados, de preferncia, do lado da rua no qual ficam os terrenos mais baixos. Quando houver outrascanalizaes de servios pblicos (drenagem, redes de distribuio de gua, adutoras, cabos eltricos ou telefnicos ), o coletorpoder ser deslocado para posies mais convenientes. Para vias pblicas com larguras muitos grandes (avenidas), convenientese executar dois coletores (um de cada lado).

    b) Sistema Condominial: O sistema condominial de esgotos tem sido apresentado como uma alternativa a mais no elenco deopes disponveis, ao alcance do projetista. um tipo de traado que utiliza o fundo dos lotes para o lanamento dos coletoressecundrios. O traado se compe de coletores independentes que recebem ligaes de um nico ponto da quadra. No SistemaCondominial aparece dois outros tipos de partes construtivas, que so (Figura 2.8):

    Ramal Condominial: a rede que disposta no interior dos lotes em sua direo transversal, passando pelos quintais,constituindo um ramal multifamiliar onde se conectam, atravs de caixas de passagem, as instalaes sanitriasprediais.

    Rede Bsica: a rede necessria apenas para coletar os ramais condominiais, tocando as quadras sem precisar passarem todas as ruas.

    Os fundamentos do sistema condominial so a democratizao dos servios e a universalidade do atendimento. So diretrizesdo sistema condominial:

    participao comunitria

    mudana dos padres adequao realidade integrao dos servios municipalizao

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    Figura 2.17. Traado condominial de rede de esgotos.

    Fonte: FUNASA (2004)

    2.5. CARACTERSTICAS DOS ESGOTOS

    Os esgotos contm aproximadamente 99,9% de gua, e apenas 0,1% de slidos. devido a essa frao de slidos que ocorremos problemas de poluio nas guas, trazendo a necessidade de se tratar dos esgotos. As caractersticas dos esgotos gerados poruma comunidade funo dos usos aos quais a gua foi submetida. Esses usos, e a forma com que so exercidos, variam com oclima, situao social e econmica, e hbitos da populao.

    2.5.1 CARACTERSTICAS FSICAS

    ) Teor de Matria SlidaA frao de slidos dos esgotos divide-se em matria slida voltil que a parcela que pode se estabilizar e a matria slida fixaque so os minerais inorgnicos que no se degradam. A matria slida tambm pode ser dividida em matria slida emsuspenso que d a turbidez caracterstica dos esgotos e matria slida dissolvida. A determinao dessas vrias formas dematria slida importante para a classificao dos esgotos quanto a sua composio e o seu grau de estabilizao. Acomposio bsica dos slidos vista na figura a seguir:

    Figura 2.18. Composio de slidos nos esgotos.

    Fonte: Jordo e Pessoa (1995)b) Temperatura: A temperatura dos esgotos geralmente mais quente que as das guas de abastecimento devido a adio degua quente nas atividades domsticas e industriais. A temperatura influencia nos processos de tratamento de natureza biolgica,pois a velocidade de decomposio dos esgotos proporcional ao aumento da temperatura.

    c) Cor:A cor bem como a turbidez nos esgotos so condicionados pela idade. Um esgoto fresco um esgoto novo. Com o passardo tempo ele fica velho entrando em decomposio passando a esgoto sptico de cor escura.

    d) Odor: Os odores so devidos aos gases produzidos pela decomposio da matria orgnica:

    esgoto fresco tem odor de mofo esgoto sptico tem odor de ovo podre

    Slidos totais(100 %)

    Slidos

    Dissolvidos(60 %)

    Slidos SuspensosVolteis (50 %)

    Slidos DissolvidosVolteis (20 %)

    SlidosSuspensos

    (60 %) Slidos SuspensosFixos (10 %)

    Slidos DissolvidosFixos (20 %)

    SlidosVolteis (70 %)

    SlidosFixos (30 %)

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    2.5.2 CARACTERSTICAS QUMICAS

    a) Matria Orgnica: A matria orgnica formada por compostos que combinam geralmente carbono, hidrognio e oxignio,

    juntamente com nitrognio e outros gases. Os principais grupos de substncias orgnicas nos esgotos so carboidratos, protenase gorduras. As formas mais utilizadas para a determinao da matria orgnica so (von Sperling, 1996):

    DBO5 (Demanda Bioqumica de Oxignio): a quantidade de oxignio necessria para decompor a matria orgnicapor via microbiolgica.

    DQO (Demanda Qumica de Oxignio): O ensaio de DQO se emprega para medir a quantidade de matria orgnicaque pode oxidar-se por via qumica em guas residurias industriais e domsticas que possam conter compostos txicosa vida biolgica. A grande vantagem da utilizao da DQO o tempo de ensaio que menor. Enquanto o resultado deuma DBO demora cinco dias a DQO se pode determinar em cerca de 3 horas.

    COT (Carbono Orgnico Total): mais utilizado para pequenas concentraes de matria orgnica .

    b) pH: Determina o potencial hidrogeninico do esgoto. importante o seu conhecimento devido sensibilidade dosmicroorganismos s suas variaes. O pH do esgoto domstico geralmente alcalino. O pH do esgoto industrial varia de acordocom a atividade fim.

    c) Alcalinidade: A alcalinidade nos esgotos devido a presena de carbonatos, bicarbonatos e hidrxidos. A alcalinidade importante quando se efetua um tratamento qumico.d) Nitrognio e Fsforo: So compostos importantes para o crescimento dos microrganismos e plantas. O excesso dessesnutrientes pode causar a eutrofizao devido ao lanamentos de esgotos em corpos d'gua.

    2.5.3 CARACTERSTICAS BIOLGICAS

    a) Microorganismos: Esto presentes nos esgotos bactrias, fungos, protozorios, vrus que so prejudiciais sade, havendo anecessidade de eliminao dos microorganismos nocivos.

    b) Bactrias ColiformesSo bactrias presentes nos esgotos oriundas de poluio atravs de excretas humanos. A presena de organismos coliformes interpretada como uma indicao de que organismos patgenos (organismos causadores de doenas) tambm podem estarpresentes e sua ausncia indica que a gua se encontra isenta de organismos produtores de enfermidades.

    2.6. CLASSIFICAO DOS PROCESSOS DE TRATAMENTO

    2.6.1 Em funo do processo

    a) Tratamento Fsico: Utilizam apenas operaes unitrias fsicas. Basicamente tem a finalidade de separar substncias em

    suspenso nos esgotos.

    Ex. Grades, caixas de areia, filtros, leitos de secagem, etc.

    b) Tratamento Qumico: So realizados em unidades que utilizam produtos qumicos (operaes unitrias qumicas).Normalmente em algumas etapas dos processos industriais quando se deseja eliminar elementos ou produtos qumicosnecessitando portanto da utilizao desse processo. S so utilizados quando os processos fsicos ou biolgicos no atuameficientemente.

    Ex. precipitadores eletrostticos, qumicos, tanques de neutralizao de pH, cloradores, etc.

    c) Tratamento Biolgico: So os que utilizam as operaes unitrias biolgicas. Dependem essencialmente de aes dosmicroorganismos presentes. Os processos biolgicos procuram reproduzir, em dispositivos racionalmente projetados, osfenmenos biolgicos observados na natureza.

    Ex. Oxidao biolgica em lodos ativados, digesto de lodos em digestores, etc.

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    2.6.2 Em funo da eficincia

    ) Tratamento Preliminar: Remove por ao fsica os slidos grosseiros, areias e uma parcela das partculas maiores emsuspenso no esgoto tais como gorduras. Esse tratamento geralmente realizados nas grades, caixas de areias e caixas degordura (Figura 2.10). No tratamento preliminar no se reduz coliformes e a reduo de DBO5 e slidos suspensos em torno de 5a 10% (Jordo e Pessoa, 1995).

    Figura 2.19. Fluxograma do tratamento preliminar.

    b) Tratamento Primrio: No tratamento primrio, alm do tratamento preliminar, pode-se incluir sedimentao simples(decantao primria), digesto de lodos, secagem e disposio no terreno, incinerao ou afastamento dos lodos resultantes, ouainda utilizao de filtros-prensa para secagem e tratamento dos lodos (Figura 2.11).

    Aps passarem pelas grades e caixas de areia, o efluente preliminar pode se dirigir para decantadores ou fossas spticasenquanto os lodos produzidos so encaminhados aos digestores ou leitos de secagem. O tratamento dito primrio porqueremove cerca de 30 a 40% de bactrias patgenas, de 30 a 40% de DBO e de 60 a 70% de slidos em suspenso atravs dedecantao, flotao, secagem ou digesto (Jordo e Pessoa, 1995).

    Figura 2.20. Fluxograma do tratamento primrio.

    c) Tratamento Secundrio: O tratamento secundrio ou convencional o termo utilizado para descrever os mtodos-padro detratamento de esgotos usados em climas temperados, onde predominam mecanismos biolgicos. A depender da modalidade podeatuar sobre efluente primrio, preliminar ou at mesmo esgoto bruto.

    As ETE's com tratamento biolgico diferenciam-se entre si somente pelas unidades que promovem o tratamento. O tratamentosecundrio reduz de 60 a 99% de bactrias e 90% de DBO (dependendo da unidade utilizada) (Jordo e Pessoa, 1995) (Figura2.12).

    d) Tratamento tercirio: O tratamento tercirio utilizado, aps o tratamento secundrio, quando se deseja obter um alto grau depolimento do efluente (Jordo e Pessoa, 1995). Esse tratamento mais utilizado quando se quer remover do efluente poluentesespecficos (usualmente txicos ou compostos no biodegradveis) ou ainda, a remoo complementar de poluentes nosuficiente removidos no tratamento secundrio.

    Os mtodos mais utilizados para o tratamento tercirio so lagoas de maturao tambm chamada aerao prolongada, irrigaono solo, filtrao atravs de peneiras, filtrao atravs de meios porosos (areia e cascalho) por meio de filtrao lenta ou rpida.

    Nos pases de clima tropical onde as temperaturas mdias so elevadas, os processos de tratamento de esgotos utilizados podemser mais simples e econmicos devido aos microorganismos se desenvolverem com mais rapidez em climas quentes. Atualmenteos mtodos mais utilizados so: Lagoas de estabilizao, lagoas aeradas mecanicamente, digestor anaerbio de fluxo ascendentee valos de oxidao.

    Esgotobruto

    Grade Caixa de areia

    Corporeceptor

    Esgotobruto

    Grade Caixa de areia

    Decantador

    Esgotobruto

    Grade Caixa de areia

    Corporeceptor

    Decantador

    DigestorLeito de secagem

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    Figura 2.21. Fluxograma do tratamento secundrio.

    2.7. UNIDADES DO TRATAMENTO PRELIMINAR

    2.7.1 GradesSo equipamentos simples constitudos por barras metlicas paralelas, igualmente espaadas, que tem por objetivo a reteno deslidos com dimenses superiores ao espaamento entre as barras.

    a) Tipos de grades

    Quanto limpeza

    o manual: Usadas antes de elevatrias e pequenas ETE's (Figura 2.13)o mecnica: Usadas antes de ETE's sofisticadas (Figura 2.14)

    Quanto ao espaamento: definido de acordo com o tipo de instalao

    o finas - ETE's sofisticadas (espaamento entre 1,0 a 2,0 cm)o mdias - ETE's simples (espaamento entre 2,0 a 4,0 cm)o grosseiras - Antes de elevatrias (espaamento > 4,0 cm)

    Quanto a inclinao

    o limpeza manual: 30 a 45o limpeza mecnica: 45 a 90

    Tratamento

    preliminar

    Tanque de

    aerao

    Decantador

    secundrio

    Lodo decantado vai p/ leito desecagem seguido de disposio final

    Efluente vai p/ ps tratamentoseguido de disposio final

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    A B

    Figura 2.22. Vistas de unidades de gradeamento de limpeza manual (A: ETE Ponta Negra/RN) e mecanizada (B: ETE LesteOeste/CE).

    Fotos A e B: Andr L C Arajo

    2.7.2 Caixas de Areia

    A caixa de areia (Figura 2.14), tambm denominada de desarenador, uma unidade de tratamento preliminar necessria para

    remover do esgoto partculas de areia com dimetro, via de regra, igual ou superior a 0,20 mm e peso especfico de 2,65 g/cm 3.

    Essa remoo tem por finalidade evitar a abraso nos equipamentos e nas tubulaes e as obstrues nas unidades de transporte.

    Alguns sintomas de perturbaes podem surgir devido a erros na operao da caixa de areia. Um dos exemplos freqentes oexcesso de matria orgnica no canal, o que indica que a velocidade est baixa ou o tempo de remoo do material estdemasiadamente longo. Quantidade excessiva de areia no efluente indica que a velocidade do fluxo est muito alta ou que o temporetirada de areia est longo.

    Figura 2.23. Vista de tratamento preliminar da ETE Ponta Negra/RN (caixa de areia).

    Foto: Andr L C Arajo

    2.8. UNIDADES DE TRATAMENTO PRIMRIO

    2.8.1 Tanques Spticos (NBR 7229)

    um tanque que separa e transforma a matria slida contida nas guas de esgotos atravs dos fenmenos de decantao,flotao e digesto (Figura 2.15).

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    a) Partes Constituintes

    Zona de Escuma: zona que fica na superfcie, constituda de materiais slidos leves e materiais graxos, que socarreados pelas bolhas de gs produzidas no processode digesto.

    Zona de Lodo: local onde ocorre a digesto da matria slida orgnica dos esgotos proveniente dos slidossedimentveis.

    Dispositivos de Entrada e Sada: So peas instaladas no interior da fossa sptica, destinadas a garantir a distribuiouniforme do lquido e impedir a sada dos slidos. So compostos por chicanas transversais ao fluxo ou por TES etubos.

    b) Uso de tanques spticos

    rea desprovida de rede pblica de esgoto; Para as edificaes providas de suprimento de guas; Sero encaminhadas s fossas spticas todos os despejos domsticos oriundos de cozinhas, lavanderias, chuveiros,

    lavatrios, bacias sanitrias, bids, banheiras e ralos; Os despejos de cozinhas devem passar antes por uma caixa de gordura; No devem ser lanadas guas de chuva nas fossas.

    Figura 2.24. Detalhe de um tanque sptico.

    Fonte: FUNASA (2004)

    c) Localizao dos tanques spticos:A localizao das fossas spticas e dos elementos destinados a disposio dos efluentes(sumidouros, valas, etc.) devem ter (Figura 2.16):

    Afastamento mnimo de 15,0 m de poos freticos e de corpos de gua de qualquer natureza; 1,50 m de construes, limites de terreno, sumidouro, valas de infiltrao e ramal predial de gua; 3,0 m de rvores e de qualquer ponto de rede pblica de gua Facilidade de acesso, devido a necessidade de remoo peridica do lodo.

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    Figura 2.25. Detalhe da localizao do tanque sptico e valas de infiltrao.

    Fonte: FUNASA (2004)

    d) Detalhes dos tanques spticos

    Figura 2.26. Detalhes de projetos de tanques spticos de cmara nica.

    EsgotoBruto

    EfluenteH h

    c

    bba

    Comprimento (C)

    Largura (L)

    a 5 cmb 5 cmc = 1/3 hh = profundidade tilH = altura totalC = comprimentoL = largura

    Relao C/L entre 2/1 e 4/1

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    Figura 2.27. Detalhes de projetos de tanques spticos de cmaras em srie.

    e) Disposio do efluente

    No solo

    o Atravs de Sumidouros;

    o Atravs de valas de Infiltrao

    Obs.: S podero ser feitas quando o solo for suficientemente permevel e quando as guas subterrneas no vierem a serpoludas por esse efluente. As valas so utilizadas quando se dispe de reas de dimenses grandes.

    Em guas de Superfcie

    o Com tratamento complementar por meio de valas de infiltrao;

    o Com tratamento complementar por meio de filtro anaerbios.

    2.8.2 Sumidouros

    So tambm conhecidos como poos absorventes. Os sumidouros devem ter paredes revestidas com alvenaria de tijolos furados,ou tijolos comuns assentes em juntas livres, ou com anis pr-moldados de concreto convenientemente furados (Figura 2.19).

    Devem ter no fundo, enchimento de cascalho, pedra britada, com pelo menos 50 cm de espessura. As dimenses do sumidouroso determinadas em funo da vazo do efluente da fossa e da capacidade de absoro do solo, devendo ser considerada comosuperfcie til de absoro o fundo e as paredes verticais at o nvel de entrada do efluente da fossa.

    Procura-se evitar sumidouros com altura total superior a 5,50 m e dimetros maiores que 3,50m. Quando houver a necessidadeso feitos mais de um sumidouro procurando diminuir as suas dimenses, no entanto a distncia entre eles deve ser igual a 3vezes o dimetro ou maior que 6 metros.

    EsgotoBruto

    efluente

    D

    Circular de cmara nica Circular de cmara mltipla Prismtica de cmara mltipla

    efluenteEsgotoBruto

    V/2

    V/4

    V/4

    2/3 V V/3

    efluenteEsgoto bruto

    L C

    D

    H

    D

    NAH

    h

    d

    g

    e

    f

    H

    L

    h f g

    d

    e

    D = dimetro interno ( 1,10 m)e 30 cmd = altura da abertura ( 3 cm)f = largura da abertura ( 3 cm)

    g = 0,5 h para limpeza de at 4 anosg = 2/3 h para limpeza acima de 5 anos

    n.d.f = 0,05 h.L (prismtica)n.d.f = 0,05 h.D (cilndrico cmara dupla)n.d.f = 0,025 h.D (cilndrico de 3 cmaras)

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    2.8.3 Valas de infiltrao

    O efluente da fossa sptica conduzido para uma caixa distribuidora sendo dividido igualmente por caixas de inspeo para asvalas. As valas so constitudas por tubulaes perfuradas com dimetro de 100 mm, declividades de 1:300 a 1:500 e extensomxima de 30 m. Os tubos so assentados em junta livre e terminam numa caixa de inspeo. A profundidade das valas varia de0,70 a 1,00 m, largura de 0,50 a 1,00 m e devem guardar a distncia mnima de 1,00 entre as paredes vizinhas. Odimensionamento da rea necessria para infiltrao igual ao dos sumidouros, sendo a rea til de infiltrao da vala.

    2.8.4 Dimensionamento de Fossas e Sumidouros e Valas de infiltrao

    ) Tanques spticos: As fossas devem ter a capacidade mnima para atender uma residncia com 5 pessoas e atender aosvolumes decorrente do tempo de deteno, do perodo de armazenamento do lodo digerido e ao volume correspondente ao lodoem digesto. Logo:

    V= 1.000 + N (C.T + K.Lf)

    Figura 2.28. Detalhe do sumidouro.

    Fonte: FUNASA (2004)

    Para o caso decmaras em srie:

    VT = 1,3 . VOnde:V= volume til (litros)N = Nmero de contribuintes (hab.)C = Contribuio de despejos (L/hab.dia) (Tab. 2.1)T = Perodo de deteno (dia) (Tab. 2.2 )K = Taxa de acumulao de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de acumulao de lodo fresco (Tab. 2.3)Lf = contribuio de lodo fresco (L/hab.dia) (Tab. 2.1)

    ) Sumidouros: A rea necessria para infiltrao de um sumidouro igual a razo entre a vazo e a taxa de infiltrao doterreno, que a quantidade de gua infiltrada na unidade de rea na unidade de tempo, ou seja:

    A = NC / taxa e A = . D. h + (.D2)/4Onde:A = rea necessria para o sumidouro (m2)N = Populao Contribuinte (hab.)C = Contribuio per-capita (L/hab.dia)

    taxa = taxa de infiltrao do terreno (L/m2.dia)D = Dimetro do sumidouro (m)h = Altura til do sumidouro (m)

    Obs. A capacidade do sumidouro deve ser no mnimo igual ao volume do tanque sptico.

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    Tabela 2.2. Contribuio diria de esgotos ( C ) e de Lodo fresco (Lf) por tipo de prdio.

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