Apostila Metodologia de Pesquisa

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  • Metodologia de Pesquisa

    Ncleo ComumCentro de Cincias Sociais Aplicadas Comunicao,

    Turismo e Lazer

    UNIVALI Virtual

    Egria Heller Borges Schaefer

  • Ncleo ComumCentro de Cincias Sociais Aplicadas Comunicao, Turismo e Lazer

    UNIVALI VirtualRua: Patrcio Antnio Teixeira, 317

    Jardim Caranda - Biguau/SCCep.: 88.160-000

    Telefone: 48 3279-9558

    S13m Schaefer, Egria Hoeller Borges Metodologia da pesquisa / Egria Hoeller Borges Schaefer. Itaja ; Biguau : Universidade do Vale do Itaja, [2011] 79 f. : il.

    O presente material didtico encontra-se dividido em quatro unidades.

    1. Metodologia. 2. Pesquisa - Metodologia. 3. Ensino distncia. 4. Cincia - Metodologia. 5. Normalizao. I. Universidade do Vale do Itaja. II. Ttulo.

    CDU: 001.8

    Mrio Csar dos SantosAmndia Maria de BorbaVilson Sandrini FilhoMercio JacobsenCssia FerriValdir Cechinel Filho

    UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJARua: Uruguai, 458Centro - Itaja/SCCep.: 88.302-202

    Telefone: 47 3341-7680

    Reitor: Vice-Reitora:

    Procurador Geral:Secretrio Executivo:

    Pr-Reitora de Ensino:Pr-Reitor de Pesquisa, Ps-Graduao, Extenso e Cultura:

    Carlos Alberto TomelinDiretor do Centro :

    MATERIAL DIDTICOCoordenadora de Educao a Distncia:

    Reviso Textual:

    Conteudista:

    Coordenao Geral do Projeto Grfico:

    Projeto Grfico e Reviso: Laboratrio de ProduoGrfica UNIVALI Unidade Florianpolis Ilha:

    Ilustraes:

    Diagramao:

    Jeane Cristina de Oliveira Cardoso Simone Regina Dias Egria Heller Borges Schaefer

    Renato Buchele Rodrigues

    Giorgio Gilwan da Silva

    Fernanda de AlbuquerqueFernanda Cogo Ferreira

    Dilsonir Jos Martins JuniorDiogo Mota DornelesFernanda de AlbuquerqueFernanda Cogo FerreiraFernando AndradeMateus Tell Erbs

  • MA

    PA D

    O C

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    objeTiVos

    iNiCiaNdo o Tema

    apreseNTaNdo a UNidade

    para siNTeTiZar

    reVisaNdo o VoCabULrio a b C

    eXerCCios de apreNdiZagem

    ComeNTrio dos eXerCCios

    saiba mais

    Na prXima UNidade

    referNCias

    Alvo: simboliza o foco do objetivo.

    Boto Executar: incio da unidade.

    Pessoa lendo: simboliza o incio do estudo.

    Pessoa com o brao levantado: simboliza o professor enfatizando o contedo.

    Boto Anterior: significa voltar, retroceder o que j foi visto. ABC, representando o vocabulrio.

    Lpis: simboliza o momento prtico da apostila.

    Bales de fala: mostra a posio dos professores em relao aos exerccios.

    Crebro humano: momento de buscar conhecimento fora da apostila.

    Livro: demonstra a bibliografia utilizada.

    Boto Avanar: simboliza o trmino da unidade corrente e a continuao do contedo.

    Cmera de Vdeo: simboliza a chamada para visualizao de vdeos na web.

    Chamada de Vdeos

  • BIO

    GR

    AFI

    A D

    O A

    UT

    OR

    EGRIA HELLER BORGES SCHAEFER

    Nasci em Lages (SC), cidade sede da Universidade do Planalto Catarinense. No ano de 1992, ingressei no curso de Administrao.

    Durante o curso trabalhei na profisso de costureira e fiz os dois estgios obrigatrios do curso (TCC), o primeiro em Marketing, e o segundo em Administrao de Produ-o, em uma empresa de confeco de uniformes; nesse perodo tive a oportunidade de conhecer um software especfico utilizado para aprimorar o setor de modelagem e corte da produo de vesturio.

    Formei-me em 1996, ingressando como instrutora de cursos na rea de modelagem e confeco na unidade local do SENAI, e logo em seguida em uma escola particular, parceira de uma revendedora de mquinas e componentes para indstria de confeco.

    Em 1998 cursei a Especializao em Moda: Criao e Produo, da UDESC Uni-versidade do Estado de Santa Catarina, e comecei a trabalhar como modelista no seg-mento private label. At 2002 trabalhei em empresas e tambm como free lancer na funo de modelista. Tive acesso a outros softwares utilizados na indstria de confeco, no somente para o setor de produo, mas tambm para o de criao e desenvolvimento de produtos na rea txtil.

    Em 2002 prestei concurso para as disciplinas de Modelagem e Processo Industrial do curso de Design de Moda da UNIVALI e desde ento atuo neste curso.

    Em 2004 tornei-me responsvel pelo Laboratrio de Modelagem e Vesturio, e em 2005 assumi a responsabilidade pelo setor de Estgios e TGI do curso de Design de Moda. No ano de 2005 ingressei no Programa de Mestrado em Turismo e Hotelaria com um projeto voltado ao estudo da esttica e da ergonomia das vestimentas profissionais do ramo hoteleiro. Tambm sou docente do Curso de Ps-Graduao em Moda e Empre-endedorismo nessa instituio.

    Conclu o mestrado em 2007 e, desde ento, venho participando de programas de pesquisas, avaliaes em concursos, bancas de graduao e atuando na disciplina de Me-todologia de Pesquisa, e a partir de 2010 em cursos da Plataforma Paulo Freire, vincu-lados ao Ncleo de Licenciaturas em Educao e para o Ncleo Comum do CECIESA Comunicao, Turismo e Lazer.

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    CIP

    LIN

    APrezado(a) acadmico(a):A disciplina de Metodologia Cientfica de fundamental importncia para todos os

    cursos de formao superior, independente do formato em que se apresente, pois ela discute e conceitua temas pertinentes pesquisa, sendo esta a base do conhecimento que leva profissionalizao.

    A necessidade de haver princpios metodizados e organizados para elaborao e apresentao de trabalhos acadmico-cientficos se d pelo cunho cientfico inserido na pesquisa que a univer-sidade prope. A pesquisa social requer comprometimento e fidelidade com a vida real.

    No ambiente acadmico, especialmente na graduao, h possibilidade de experi-mentao de novas prticas e da aquisio do conhecimento no somente a partir da coleta de dados tericos, mas tambm baseado na empiria, dados obtidos por meio da observao e da investigao no ambiente real em que ele acontece.

    Na elaborao de trabalhos acadmico-cientficos importante que as ati-vidades de pesquisa articuladas ao ensino, com vistas elevao do nvel de qualidade dos cursos superiores, requerem que as atividades referentes investigao, sistematizao e socializao do conhecimento deixem de ter no professor seu principal protagonista e passem a ser compartilhadas entre professores e alunos (FERRI; HOSTINS, 2003, p. 11).

    Na sociedade contempornea em que vivemos, consiste num desafio para estudantes e profissionais ser capaz de pensar e agir num contexto de alta complexidade como ana-lisar criticamente a realidade luz de conhecimentos tericos. Os grandes pensadores da histria e da atualidade contribuem no processo da formao do conhecimento, propor-cionando reflexes e comparaes ao contexto existente.

    Da mesma forma como atuar com competncia de modo autnomo e consequente, pois somente com dedicao, disciplina e empenho se obtm resultados satisfatrios no processo de investigao de uma pesquisa.

    A apropriao e uso do conhecimento tcnico-cientfico, nos dias de hoje, vem por uma diversidade de caminhos, sendo necessrio dominar novas mdias, devido atualiza-o em face aos rpidos avanos da cincia. Esta disciplina, no entanto, alm de tratar da pesquisa e suas articulaes, da cientificidade terica e dos instrumentos e tcnicas que possibilitaro o desenvolvimento desse processo da iniciao cientfica, tambm apresen-tar formatos apropriados ao uso e aplicao de trabalhos acadmicos de acordo com as normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT.

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    NSI

    NO CURSO

    Ncleo Comum

    Centro de Cincias Sociais Aplicadas Comunicao, Turismo e Lazer

    DISCIPLINA

    Metodologia de Pesquisa

    EMENTA

    Cincia, Pesquisa e Metodologia; Trabalho Acadmico-Cientfico: tipos e nor-mas; Projetos de Pesquisa e seus componentes; Pesquisa e Divulgao de Resultados.

    OBJETIVO GERAL

    Aplicar a metodologia de pesquisa e as normas tcnicas na elaborao de trabalhos acadmico-cientficos visando gerar conhecimento e produo textual na rea de conheci-mento proposta. Estudar a relao entre a pesquisa e os processos metodolgicos.

    CONTEDO PROGRAMTICO

    UNIDADE 1 Cincia, pesquisa e metodologia 1.1 Tipos de conhecimento: emprico, cientfico, filosfico, teolgico 1.1.1 Conhecimento popular, vulgar ou emprico: o senso comum 1.1.2 Conhecimento religioso ou teolgico 1.1.3 Conhecimento filosfico 1.1.4 Conhecimento cientfico 1.2 A pesquisa e suas classificaes: contribuies ao processo de produo 1.2.1 A origem da pesquisa 1.2.2 Classificando a pesquisa 1.3 Metodologia cientfica 1.3.1 Conceito e etapas da pesquisa

  • UNIDADE 2 Trabalho acadmico-cientfico: tipos e normas 2.1 Estrutura do trabalho acadmico cientfico 2.1.1 Elementos pr-textuais 2.1.2 Elementos textuais 2.1.3 Elementos ps-textuais 2.2 Normalizao Normas da ABNT 2.2.1 Apresentao grfica de trabalhos acadmico-cientficos 2.2.2 Citaes 2.2.3 Referncias 2.3 Elaborao de trabalhos acadmicos 2.3.1 Fichamento 2.3.2 Resenha crtica 2.3.3 Artigo cientfico

    UNIDADE 3 Projetos de pesquisa e seus componentes 3.1 Planejamento da pesquisa 3.1.1 Resumo e palavras chaves 3.1.2 Introduo 3.1.3 Objetivos 3.1.4 Justificativa 3.1.5 Fundamentao terica 3.1.6 Metodologia 3.1.7 Cronograma 3.1.8 Oramento 3.1.9 Referncias 3.2 Elaborao e validao de instrumentos para coleta de dados 3.2.1 Questionrio 3.2.2 Entrevista 3.2.3 Formulrio 3.2.4 Observao 3.3 tica na pesquisa

    UNIDADE 4 Pesquisa e divulgao de resultados 4.1 Pesquisa em desenvolvimento: coleta, anlise e discusso de dados 4.2 Redao de textos cientficos 4.3 Formas e meios de divulgao 4.3.1 Meios de divulgao cientfica 4.3.2 Formas de divulgao cientfica

  • SUM

    R

    IO

    UNIDADE 1

    Cincia, pesquisa e metodologia................................................................................11

    UNIDADE 2

    Trabalho acadmico-cientfico: tipos e normas.........................................................29

    UNIDADE 3

    Projetos de pesquisa e seus componentes..................................................................55

    UNIDADE 4

    Pesquisa e divulgao de resultados............................................................................69

  • Proporcionar ao aluno conhecimento e compreenso sobre a origem da cin-cia e do conhecimento cientfico.

    Apresentar a funo da pesquisa e suas classificaes atravs das etapas da metodologia de pesquisa.

    Ao apresentar essa unidade, proponho a reflexo sobre um tema que volta s nossas origens e questiona o surgimento do homem e dos seus saberes. A origem do homem ser representada a partir dos quatro nveis do conhecimento humano, classificados em emprico, teolgico, filosfico e o conhecimento cientfico. Neste ltimo se fundamentam as origens da cincia, discorrendo-se sobre seu importante papel no contexto social, pois o processo de pesquisa gera os resultados necessrios evoluo e aprimoramento do conhecimento humano.

    O conhecimento humano um tema que instiga o pensamento e nos faz sempre refletir de forma diferente diante da histria e dos acontecimentos contemporneos. impossvel estudar a metodologia de pesquisa sem antes entender as formas de investigar seu principal ator: o homem.

    A forma como se comporta e vive em sociedade induz ao aparecimento de tendn-cias de comportamento modificadas devido a sua prpria evoluo. Essa dinmica move a cincia a estudar e descobrir questionamentos que no podem ser explicados apenas pela presena dos fatos. Convidamos voc a mergulhar neste tema interessan-te e procurar descobrir suas prprias habilidades na arte de pesquisar. Vamos l!

  • 1Un

    idad

    e 1

    11Ncleo Comum: Ceciesa-CTL Univali Virtual

    Cincia, pesquisa e metodologia

    objeTiVos

    Proporcionar ao aluno conhecimento e compreenso sobre a origem da cin-cia e do conhecimento cientfico.

    Apresentar a funo da pesquisa e suas classificaes atravs das etapas da metodologia de pesquisa.

    apreseNTaNdo a UNidade

    Ao apresentar essa unidade, proponho a reflexo sobre um tema que volta s nossas origens e questiona o surgimento do homem e dos seus saberes. A origem do homem ser representada a partir dos quatro nveis do conhecimento humano, classificados em emprico, teolgico, filosfico e o conhecimento cientfico. Neste ltimo se fundamentam as origens da cincia, discorrendo-se sobre seu importante papel no contexto social, pois o processo de pesquisa gera os resultados necessrios evoluo e aprimoramento do conhecimento humano.

    iNiCiaNdo o Tema

    O conhecimento humano um tema que instiga o pensamento e nos faz sempre refletir de forma diferente diante da histria e dos acontecimentos contemporneos. impossvel estudar a metodologia de pesquisa sem antes entender as formas de investigar seu principal ator: o homem.

    A forma como se comporta e vive em sociedade induz ao aparecimento de tendn-cias de comportamento modificadas devido a sua prpria evoluo. Essa dinmica move a cincia a estudar e descobrir questionamentos que no podem ser explicados apenas pela presena dos fatos. Convidamos voc a mergulhar neste tema interessan-te e procurar descobrir suas prprias habilidades na arte de pesquisar. Vamos l!

  • 12 - Univali Virtual

    UNidade 1 - CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia

    Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    1.1 Tipos de conhecimento: popular, religioso, filosfico e cientfico

    Figura 1: Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?Fonte: .

    No de hoje que questes em torno da origem da vida intrigam e questionam o cotidiano das pessoas. Mas afinal, qual a origem do homem, da vida e do conhecimento?

    O conhecimento humano nos dias hoje est classificado em quatro nveis principais, os quais so nomi-nados em conhecimento popular, conhecimento religioso, conhecimento filosfico e por fim o conheci-mento cientfico. Cada um desses nveis apresenta seus argumentos para dar conta de explicar o surgimento do homem, do mundo e de toda forma de conhecimento que nele habita. Neste captulo, este assunto ser tratado de maneira conceitual e genrica, com exceo do conhecimento cientfico, que aprofundaremos mais, pois neste est a base desta disciplina.

    1.1.1 Conhecimento popular, vulgar ou emprico: o senso comum

    Um pescador vigilante do alto da encosta sabe identificar o momento exato em que um cardume entra na baa para sair com seu barco pesqueiro para o mar. Ele semianalfabeto, morador de uma vila isolada dos grandes centros e no dispe de recursos de informao e tecnologia. A sua sabedoria fundamenta-se na sua experincia cotidiana, herdada de seus antepassados ao observar o movimento das guas do mar e a direo do vento.

    Figura 2: Um pescador vigilanteFonte: .

  • Univali Virtual - 13

    CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia - UNidade 1

    Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    A cincia nada mais que o senso comum refinado e disciplinado G. Myrdal.

    Cientificamente o comportamento dos peixes e seu ciclo sazonal de vida podem ser explicados, barcos pesqueiros de ltima gerao possuem detectores eletrnicos e digitais para identificar os cardumes. No entanto, o conhecimen-to popular, como o prprio nome sugere, prprio da populao, so convenes estabelecidas pela grande massa, dedues obtidas do comportamento social vivenciado no dia a dia das pessoas e passado de gerao para gerao.

    D um peixe a um homem faminto. Quando o peixe acabar e a fome voltar, ele retornar para pedir mais. Ensine o homem a pescar. Ele no voltar mais. O mesmo verdade acerca do senso comum e da cincia. Pessoas que sabem as solues j dadas so mendigos permanentes. Pessoas que apren-dem a inventar solues novas so aquelas que abrem portas at ento fechadas e descobrem novas trilhas. A questo no saber uma soluo j dada, mas ser capaz de aprender maneiras novas de sobreviver (ALVES, 1991, p.15).

    O conhecimento popular dito vulgar por no passar por nenhum tipo de planejamento ou sistematizao para ser obtido, acontece de forma espontnea e forma um conjunto de crenas e opinies que fazem parte do contexto social em que os indivduos esto inseridos, fazendo relao direta com a bagagem cultural e intelec-tual que estes possuem, o que possibilita interiorizar as tradies da coletividade.

    Trata-se de um conhecimento casual, o qual no profundo, sistemtico ou infalvel, pois no possui fun-damentaes ou comprovao da sua origem ou do seu processo. Existem muitos mitos e enigmas nos ditos e crenas populares, porm certamente h tambm muitas verdades nos fatos em que as pessoas sabem sua causa, mas no podem explicar sua origem.

    1.1.2 Conhecimento religioso ou teolgico

    Uma das diferenas mais chamativas entre os crentes e os descrentes a sua posio em relao origem do uni-verso e da vida. Aqueles que acreditam na Bblia asseguram que a existncia do universo e da vida por causa de uma ao criativa de Deus, enquanto muitos descrentes acreditam em alguma teoria de evoluo (McCLISTER, 2004).

    H muito tempo existe um debate entre os crentes para compreender exatamente o relato da criao de Gnesis 1. Especificamente, eram os dias da semana da criao dias normais de 24 horas, ou poderiam estes dias ter sido perodos maiores de tempo? (McCLISTER, 2004).

    No princpio criou Deus os cus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Esprito de Deus se movia sobre a face das guas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. [...] E disse Deus: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos cus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o rptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem a sua imagem: imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abenoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos cus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. (BBLIA SAGRADA, Gnesis 1:1-3; 1:26-28).

  • 14 - Univali Virtual

    UNidade 1 - CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia

    Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    Figura 3: Lucas Cranach, Ado e Eva (1526), leo sobre madeira, LondresFonte: .

    O conhecimento teolgico fundamenta-se nas escrituras sagradas do evangelho para explicar a vida e o sur-gimento do homem. A teologia tratada como uma cincia e estuda as verdades religiosas contidas nos livros sagrados, porm seu alcance da busca por informaes est limitado ao mbito da revelao de Deus a seres iluminados, fazendo uma relao direta com conhecimentos msticos ou espirituais.

    O mstico cr num Deus desconhecido. O pensador e o cientista creem numa ordem desconhecida. difcil dizer qual deles sobrepuja o outro em sua devoo no racional.

    L.L. Whyte

    Usamos com frequncia o conhecimento religioso para dar explicaes e tentar entender a realidade. De acordo com Galiano (1986), quando falamos do conhecimento teolgico estamos nos referindo s explicaes que tm por base qualquer crena religiosa. Segundo o autor,

    de modo geral, o conhecimento teolgico apresenta respostas para questes que o homem no pode responder com os conhecimentos vulgar, cientfico ou filosfico. Assim as revelaes feitas pelos deu-ses ou em seu nome so consideradas satisfatrias e aceitas como expresses de verdade. Tal aceitao, porm racional ou no, tem necessariamente de resultar da f que o aceitante deposita na existncia de uma divindade (GALIANO, 1986, p. 20).

  • Univali Virtual - 15

    CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia - UNidade 1

    Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    O conhecimento religioso tambm analisa o comportamento humano frente realidade, mas est num compartimento fechado, e estudado separadamente dos demais conhecimentos humanos, pois no consi-derado uma pseudocincia (paranormalidade, astrologia ou quiromancia), mas parte da aceitao do dogma como verdade e se funda no princpio incontestvel f: crer, sem ver.

    1.1.3 Conhecimento filosfico

    A palavra filosofia tem origem no grego, e sua traduo literal amor sabedoria. A filosofia se prope ao estudo de problemas fundamentais relacionados existncia, ao conhecimento, verdade, aos valores morais e estticos, mente e linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religio por sua nfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas cientficas por geralmente no recorrer a procedimentos empricos em suas investigaes. Entre seus mtodos esto a anlise conceitual, as experincias de pensamento e a argumentao lgica entre outros mtodos (CHAU, 2000, p. 19).

    A filosofia considerada a cincia-me, origem das indagaes e inquietaes humanas. Desde os tempos mais remotos pensadores filosofam sobre as teorias da humanidade. A produo textual e intelectual que resul-ta desse tipo de conhecimento procede de maneira altamente racional e est voltada plenamente reflexo.

    Plato, um dos pais fundadores da filosofia ocidental, afirmava que o sentimento de assombro ou admirao est na origem do pensamento filosfico: A admirao a verdadeira caracterstica do filsofo. No tem outra origem a filosofia.Na mesma linha, afirmava Aristteles: Os homens comeam e sempre comearam a filosofar movidos pela admirao.

    Figura 4: O pensadorFonte: .

  • 16 - Univali Virtual

    UNidade 1 - CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia

    Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    O conhecimento filosfico trabalha com lgicas nem sempre reais, e no possui a necessidade de aplicao e questiona a cincia sobre verdades ou inverdades.

    Ao contrrio da religio, que se estabelece entre outras coisas sobre textos sagrados e sobre a tradio, a filosofia recorre apenas razo para estabelecer certas teses e refutar outras. Como j mencionado a filosofia no admite dogmas. No h, em princpio, crenas que no estejam sujeitas ao exame crtico da filosofia. Disso no decorre um conflito irreconcilivel entre a filosofia e a religio (BEZIAU, 2004).

    A filosofia possui um raciocnio abstrato e valorativo, pois este permanece tanto no campo da subjetividade como no da objetividade, e suas analogias esto centradas no comportamento e julgamento humanos.

    1.1.4 Conhecimento cientfico

    De onde viemos? A pergunta que no quer calar...

    H muito tempo, indagamos sobre a origem dos seres vivos, incluindo ns mesmos, e durante todo esse tempo sempre tivemos nossas respostas a partir do conhecimento popular, na forma de folclore e histrias fantsticas e alegricas, que foram transmitidas de gerao em gerao. O ser humano habita a Terra h apro-ximadamente 250 mil anos e a maior parte deste tempo foi dominado pelo pensamento mitolgico de suas lendas. H cerca de 2500 anos surgiu a filosofia, e a razo tentou buscar essa resposta abrindo caminho para algo alm dos mitos e crenas (VALERIO, 2004). Porm, o perodo de lucidez racional seria obscurecido por cerca de 1000 anos pelas sombras da Idade Mdia e seus dogmas de f baseados na antiga mitologia judaico-crist. Segundo Valerio (2004), no Oriente Mdio, boa parte desta cultura racional sobreviveu disputando lugar com a crena na similar mitologia islmica, e no Extremo Oriente, tambm desde h 25 sculos, outro tipo de filosofia, mais mstica, se espalhava, baseada no Hindusmo, Taosmo e Budismo. E somente h pouco mais de 250 anos, outra rea do potencial humano amadureceu e se consolidou a cincia, fundida entre a razo e a experimentao, o pensamento e o empirismo, sendo to eficiente que seus resultados prticos e materiais em menos de meio sculo foram muito mais marcantes do que as dezenas de milhares de anos de misticismo e magia (VALERIO, 2004).

    A cincia pode no ter as respostas para nossas indagaes interiores, mas ningum pode negar que ela muito eficaz em entender, explicar e controlar a natureza. A cincia tambm nos deu sua resposta para a grande pergunta sobre a origem da vida, e esta veio sob a forma da teoria da evoluo. Essa explicao surgiu h apenas pouco tempo, visto que no se muda rapidamente centenas de milhares de anos de pensamento mitolgico com 2500 anos de filosofia ou 250 anos de cincia e tambm por esta no ser uma questo fcil de ser respondida.

    uma pergunta sobre algo que h muito aconteceu e que ningum presenciou, sobre eventos e processos que se deram muito antes de qualquer tentativa de resposta, mesmo mitolgica. Algo que acontece na verdade h muitos milhes de anos. Com nosso quadro histrico, podemos considerar normal que por volta de 1600 d.C., aps o surgimento da imprensa, a cincia tenha tido dificuldades para se estabelecer enfrentando toda uma estrutura de represso religiosa que ainda hoje no foi totalmente vencida.

  • Univali Virtual - 17

    CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia - UNidade 1

    Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    Foi nesse quadro de resistncia que um processo de elaborao de pensamento foi tomando corpo, o evolucionismo, que tinha uma resposta diferente daquela referncia que dominou toda a Idade M-dia, a Bblia. A ideia de que a Terra era o centro fsico do universo j fora derrubada, mas o impacto sobre a religio no fora to grande pois a doutrina crist no se apoia no geocentrismo, ainda que ele esteja presente na Bblia (VALERIO, 2004).

    Mas enfrentar o mito da criao no foi fcil, algo do qual depende boa parte da teologia crist e suas diretrizes de comportamento. O trabalho rduo de vrios pesquisadores, cientistas e filsofos levou a uma mudana de pensamento, e o hoje a teoria da evoluo de Darwin est mais do que estabelecida como a mais precisa explicao para a origem da vida.

    Charles Robert Darwin foi um naturalista britnico, viveu no sculo 19, alcanou fama ao conven-cer a comunidade cientfica da ocorrncia da evoluo propondo uma teoria para explicar como ela se d por meio da seleo natural e sexual. Esta teoria se desenvolveu no que agora considerado o paradigma central para explicao de diversos fenmenos na Biologia.

    Darwin estudava a transmutao das espcies, sua teoria versava sobre a origem das espcies por meio de seleo natural. Naquela poca, o termo evolucionismo implicava criao sem interveno divina e, por isso, Darwin evitou usar as palavras evoluo ou evoluir. O livro s mencionava brevemente a ideia de que seres humanos tambm deveriam evoluir tal qual outros organismos. Darwin escreveu de forma propositadamente atenuada que a luz ser lanada no tocante origem do homem e sua histria.

    A teoria de Darwin de que evoluo ocorreu por meio de seleo natural mudou a forma de pensar em inmeros campos de estudo, da biologia antropologia. Seu trabalho estabeleceu que a evoluo havia ocorrido: no necessariamente por meio das selees natural e sexual (isto, em particular, s foi comu-mente reconhecido aps a redescoberta do trabalho de Gregor Mendel no incio do sculo 20).Outros antes dele j haviam esboado a ideia de seleo natural: em sua vida, Darwin reconheceu como tal os trabalhos de outros pesquisadores que ele (e praticamente todos os outros naturalistas da poca) desconhecia ao publicar sua teoria. Contudo, claramente reconhecido que Darwin foi o primeiro a desenvolver e publicar uma teoria cientfica de seleo natural e que trabalhos anteriores ao seu no con-triburam para o desenvolvimento ou sucesso da seleo natural como uma teoria testvel.

    Figura 5: O homem ainda traz em sua estrutura fsica a marca indelvel de sua origem primitiva (Darwin).

    Fonte: .

  • 18 - Univali Virtual

    UNidade 1 - CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia

    Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    A cincia somente trabalha com dados reais que podem ser explicados, consideraes subjetivas no so consideradas cincia. A objetividade e clareza textual so caractersticas do conhecimento cientfico, itens importantes no processo de formao do conhecimento.

    [...] o mundo humano se organiza em torno de desejos. E aqui temos o ponto central de nossa grandeza e de nossa misria. Porque do desejo que surge a msica, a literatura, a pintura, a religio, a cincia e tudo o que poderia se denominar criatividade. Mas tambm do desejo que surgem as iluses e os preconceitos. Esta a razo porque a cincia, desde os seus primrdios, tratou de inventar mtodos para impedir que os desejos corrompessem o conhecimento objetivo da realidade (ALVES, 1981, p. 29).

    O conhecimento formado a partir da seleo cognitiva de um conjunto de informaes recebidas, estas passam pelos nveis hierrquicos de aprendizagem para serem absorvidas. H necessidade de primeiramente conhecer e compreender o tema, para posteriormente sintetiz-lo, analis-lo e ento aplicar seus valores.

    As verdades somente so cientficas, relativas ou no, quando comprovadas. O processo cientfico levanta questes de pesquisa e hipteses para serem investigadas, as quais podero ser atestadas ou falseadas por meio de tcnicas e instrumentos apropriados para coleta e tratamento de dados.

    O conhecimento cientfico obtido atravs de procedimentos que permitem investigar a realidade de forma organizada, como classificar, comparar, aplicar mtodos, snteses e anlises. O pesquisador extrai do contexto social, ou do universo, princpios e leis que reestruturam um conhecimento vlido e universal.

    importante ressaltar que este conhecimento procura alcanar a verdade dos fatos, independentemente da escala de valores dos cientistas, pois resulta de pesquisa metdica e sistemtica da realidade.

    Hoje a cincia entendida como uma busca constante de explicaes e de solues, de reviso e de rea-valiao de seus resultados, apesar dos limites da sua execuo. Nesta busca, sempre mais rigorosa, a cincia pretende se aproximar cada vez mais da verdade, por meio de mtodos que proporcionem controle sistemtico, acompanhamento e reviso dos saberes detectados.

    A cincia um processo em construo, de explicao da realidade, que procura renovar-se e reavaliar-se cons-tantemente. Para exemplificar esse tipo de conhecimento, e continuando na mesma linha de pensamento inicial, pode-se citar a pesca atual, na qual vemos os pesquisadores dedicarem anos de estudo para chegar identificao de um novo procedimento capaz de detectar cardumes, captur-los e armazen-los de forma inovadora.

    1.2 A pesquisa e suas classificaes: a cincia e suas contribuies ao processo de produo cientfica

    interessante que voc saiba que a palavra cincia origina-se do latim e refere-se ao conhecimento ou a um sistema de adquirir conhecimento baseado em mtodos, que a aplicao da pesquisa a necessidades humanas especficas. A cincia o esforo para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como a realidade fun-ciona; refere-se investigao direcionada descoberta da verdade, normalmente metodizada a partir de um fazer cientfico, e est inserida num processo de avaliao do conhecimento emprico.

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    A cincia tem um corpo terico e um corpo metodolgico, o corpo terico busca referncias bibliogrficas e textuais para compor a fundamentao das bases da pesquisa, e o corpo metodolgico norteia o caminho da pesquisa, tornando-a vivel e passvel de desenvolvimento e concluso.

    At os anos 1970 e 1980, o mundo era mais simples, conhecia-se pouco sobre outros pases, pelos prprios meios de informao mais lentos. A cincia era mais imparcial, as pesquisas levavam mais tempo para serem concludas, por conta da limitao dos recursos e das fontes por vezes mais distantes. A evoluo dos campos de estudo ocasionou subdivises na cincia, e quanto mais se subdivide, mais se aprofundam os estudos a era ps-moderna, marcada pela especificidade em todos os ramos da cincia.

    A cincia tem suas limitaes. Percebeu-se que a histria, por si s, no consegue explicar um fato, precisa da geografia, da antropologia, etc. Nos ltimos trinta anos, entramos na era da multidisciplinaridade tratan-do disciplina como cincia (ramificaes da Idade Moderna).

    A cincia mais recente a ecologia ramo da biologia , mas possui vieses sociais e, portanto, no se trata de uma disciplina fechada. necessrio tratar da origem, no h como falar de cincia sem falar de histria. Da mesma forma, a filosofia associada metodologia da cincia resulta no processo denominado epistemologia. Somente se nega uma cincia quando se conhece profundamente suas origens, suas causas e suas variveis.

    Os estudos cientficos se baseiam no processo cognitivo. A cognio a capacidade que possumos de ab-sorver o conhecimento. No processo de pesquisa devemos estar conscientes das nossas escolhas, desenvolvendo um pensamento crtico e epistemolgico.

    2.1.1 A origem da pesquisa

    Em um determinado momento da histria da cincia, foram estabelecidos parmetros e limites para delimi-tar o que pesquisa, que se constitui num fenmeno de ao que estuda as realidades humanas, e que necessita de uma metodologia para ser colocada em prtica.

    O sentido da palavra metodologia tem variado ao longo dos anos. Mais importante, tem variado o status atribudo a ela no contexto da pesquisa [...] mais importante, porm que as conotaes que possam ser atribudas ao termo, foram as transformaes que sofreu o seu status dentro do cenrio da cincia. [...] O reconhecimento do poder relativo da metodologia tem por trs outra decorrncia da evoluo do pensamento epistemolgico: a substituio da busca da verdade pela tentativa de aumentar o poder explicativo das teorias. Neste contexto o papel do pesquisador passa a ser um intrprete da realidade pesquisada, segundo instrumentos conferidos pela sua postura terico-episte-molgica (LUNA, 2002, p. 13).

    No entanto, pesquisar procurar respostas para indagaes propostas, e de acordo com Luna (2002, p. 15), essencialmente, pesquisa visa produo de conhecimento novo, relevante terica e socialmente fidedigno. Entende-se por novidade em termos de conhecimento, a produo da comunidade de pesquisadores que estu-dam determinada rea do conhecimento.

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    Segundo Luna (2002, p. 16), a pesquisa no compreende uma abordagem particular ou especfica, mas se refere a todas as reas do conhecimento e para tal exemplifica alguns objetivos a serem atingidos por uma pesquisa:

    demonstrao da existncia (ou ausncia) de relaes entre diferentes fenmenos;estabelecimento da consistncia interna entre conceitos dentro de uma dada teoria;desenvolvimento de novas tecnologias ou demonstrao de novas aplicaes de tecnologias conhecidas;aumento da generalidade do conhecimento;descrio das condies sob as quais um fenmeno ocorre.

    1.2.2 Classificando a pesquisa

    O universo da pesquisa cientfica deve ser analisado sob diversos mbitos no que diz respeito a sua classifi-cao. Num contexto mais abrangente, pode-se dizer a pesquisa est classificada, de acordo com Gil (1991, p. 39) em quatro aspectos principais, sendo eles: em relao a sua natureza, em relao abordagem do problema, em relao aos objetivos, em relao aos procedimentos tcnicos.

    Em relao a sua natureza

    Pesquisa bsica: diz respeito s questes amplas de interesse universal, nas quais um grande nmero de pessoas ou comunidades se interessam ou se beneficiam com a pesquisa. Possui um carter mais assistencial e procura resolver problemas sociais. Ex.: aquecimento global.

    Pesquisa aplicada: est relacionada a um objeto de estudo mais focado de uma rea especfica, procu-rando resolver um problema especfico daquele segmento. Possui caractersticas de inovao e descober-ta e procura resolver problemas fenomenolgicos. Ex.: Desenvolvimento de um novo produto.

    Em relao abordagem do problema

    Pesquisa quantitativa: traduzir em nmeros informaes e opinies para classific-los. Requer uso de tcnicas estatsticas.

    Pesquisa qualitativa: a subjetividade no pode ser traduzida em nmeros, mas sim a interpretao dos fenmenos e atribuio de significados. O ambiente natural a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador o ponto chave.

    Em relao aos objetivos

    sabido que toda e qualquer classificao se faz mediante algum critrio. Com relao s pesquisas usual a classificao com base em seus objetivos gerais. Assim, possvel classific-las em trs grandes grupos: explo-ratrias, descritivas e explicativas (GIL, 1991, p. 41). Vejamos o significado de cada uma delas.

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    Pesquisa exploratria: a caracterstica principal deste tipo de pesquisa a inovao, tem como obje-tivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuies, visando proporcionar maior familiaridade com o problema a fim de torn-lo mais explcito. Embora o planejamento da pesquisa exploratria seja bastante flexvel, na maioria dos casos assume forma de pesquisa bibliogrfica ou de estudo de caso, podendo envolver entrevistas com pessoas que tiveram experincias prticas com o problema pesquisado e/ou anlise de exemplos que estimulem a compreenso (SELLTIZ et al., 1967, p. 63 apud GIL, 1991, p. 41).

    Pesquisa descritiva: muitos so os estudos que se enquadram nesse tipo de pesquisa, buscando pri-mordialmente a descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno, bem como esta-belecer relaes entre variveis. Uma caracterstica significativa desta classificao consiste na utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados. Como exemplos, podem ser citadas pesquisas censitrias, eleitorais, educacionais e comerciais.

    Pesquisa explicativa: este o tipo de pesquisa mais complexo e delicado, pois o risco de cometer erros aumenta consideravelmente; tem como preocupao central identificar fatores que determinam ou contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. A pesquisa explicativa a que mais aprofunda o conhe-cimento da realidade, porque explica a razo, o porqu das coisas. A maioria das pesquisas deste grupo utiliza-se de mtodo experimental, tanto nas cincias naturais quanto nas cincias sociais, no entanto a cincia social lana mo de mtodos observacionais para alcanar resultados, pois varia o nvel de controle que se tem sobre determinada realizao de pesquisa.

    Em relao aos procedimentos tcnicos

    Para analisar fatos do ponto de vista emprico, para confrontar a viso terica com os dados da realidade, torna-se necessrio traar um modelo conceitual e operativo da pesquisa (GIL, 1991, p. 43), ou seja, o deli-neamento da pesquisa que se refere ao planejamento em sua dimenso mais ampla, envolvendo diagramao, previso de anlise e interpretao de coleta de dados. Sendo assim, os procedimentos adotados para coleta e anlise de dados torna-se a mais importante identificao de uma pesquisa cientfica.

    Pesquisa bibliogrfica: consiste na consulta e desenvolvimento a partir de material j elaborado, prin-cipalmente livros e artigos cientficos. Praticamente todos os estudos exigem este tipo de pesquisa. H tambm aqueles estudos que so desenvolvidos exclusivamente a partir de consultas bibliogrficas. Peridicos impressos e virtuais de boa procedncia tambm so considerados fontes relevantes nesse processo, e dicionrios, enciclopdias, anurios e almanaques devem ser utilizados como livros de refe-rncia remissiva, ou seja, que remetem a outras fontes.

    Pesquisa documental: esta bem semelhante pesquisa bibliogrfica, a grande diferena entre as duas est na natureza das informaes. Enquanto a pesquisa bibliogrfica se mantm em bases cientficas pu-blicadas, a pesquisa documental de vale de informaes que ainda no receberam tratamento analtico e podem ser de ordem institucional (empresas, departamentos pblicos ou privados) ou pessoal (cartas, dirios, fotografias, gravaes, boletins entre outros).

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    Pesquisa experimental: embora represente o melhor exemplo de pesquisa cientfica, a pesquisa expe-rimental mostra-se adequada apenas a um reduzido nmero de situaes. Ao contrrio do que nor-malmente se pensa que somente feita em laboratrio , ela pode ser realizada em qualquer lugar, desde que apresente as seguintes propriedades: manipulao (o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das caractersticas dos elementos estudados); controle (o pesquisador precisa introduzir um ou mais controles na situao experimental, sobre tudo criando um grupo de controle); distribuio aleatria (a designao dos elementos para participar dos grupos experimentais e de controle deve ser feita aleatoriamente).

    Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogao direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Parte da coleta e investigao de dados obtidos a partir de um grupo signifi-cativo de pessoas envolvidas acerca do problema estudado, para posteriormente dar tratamento analtico qualitativo e/ou quantitativo, a fim de obterem-se as concluses correspondentes. Uma caracterstica importante deste procedimento a seleo de uma amostra significativa de todo o universo que foi tomado como objeto a ser pesquisado. Este procedimento apresenta vantagens e limitaes como os demais, sendo mais adequado aos estudos descritivos e explicativos, e muito til para o estudo de opinies e atitudes, porm pouco indicado no estudo de problemas referentes a relaes e estruturas sociais mais complexas (GIL, 1991).

    Estudo de caso: muito utilizado nas cincias sociais, consiste num estudo profundo de um objeto, ou poucos objetos, caracterizando-se como um estudo de multicaso. estudado de maneira que possa ser percebido ampla e detalhadamente seu conhecimento. O estudo de caso encarado como o delinea-mento mais adequado para investigao de um fenmeno contemporneo dentro de seu contexto real, onde os limites entre o fenmeno e o contexto no so claramente percebidos (YIN, 2001).

    1.3 Metodologia cientfica

    Metodologia cientfica a cincia que estuda os mtodos de investigao. Culmina na apresentao de seus resultados por meio das metodologias adotadas.

    Para que serve estudar a metodologia cientfica? Uma boa parte dos cientistas responder que para nada, pois eles se dedicam a fazer cincia e no a sua metodologia. Est claro que no basta dominar uma metodologia para garantir o sucesso de uma pesquisa. No entanto, vrios cientistas importantes, como Einstein, Poincar, Feynman refletiram sobre como se d o conhecimento em suas reas, mostrando que essa reflexo tinha, sim, muito a ver com seu trabalho. Mais ainda: explicitar e discutir mtodos podem ser uma via para descobrir novos caminhos e resultados, ampliando o conhecimento, alm de ajudar a decidir que um caminho deve ser excludo se no estiver levando aos resultados procurados resumidamente, o mtodo pode fazer parte da epistemologia (MAGALHES, 2005, p. 230).

    Consiste num processo de alguma complexidade para muitos compreenderem a relao da metodologia de pesquisa, da cincia e de seu papel no mbito universitrio, contudo poucos procuraremos demonstrar sua importncia, abrir espaos e motivao suficientes para seu bom desenvolvimento. No entanto, essa disciplina contemporaneamente est consolidada nos cursos de formao superior para reforar a aquisio do conheci-mento por meio da pesquisa (BARROS; LEHFELD, 2007).

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    O termo metodologia vem do grego Meta = ao largo

    Odos = Caminho

    Logos = discurso, estudo

    (BARROS; LEHFELD, 2007).

    A metodologia entendida como uma disciplina que se relaciona com a epistemologia. Consiste em estu-dar e avaliar os vrios mtodos disponveis, identificando suas limitaes.

    Epistemologia estuda a origem, a estrutura, os mtodos e a validade do conhecimento, motivo pelo qual tambm tipicamente conhecida por filosofia do conhecimento. Relaciona-se com a metafsica, a lgica e o empirismo, uma vez que avalia a consistncia lgica da teoria e a sua coeso factual.

    Assim, o mtodo o caminho ordenado e sistemtico par se chegar a um fim. Pode ser estudado como processo intelectual e como processo operacional. Nesse sentido, a metodologia cientfica a disciplina que confere os caminhos necessrios para o autoaprendizado, em que o aluno sujeito do processo, aprendendo a pesquisar e difundir o conhecimento obtido.

    1.3.1 Conceito e etapas da pesquisa

    Muitos so os fatores que determinam o sucesso de uma pesquisa, dentre eles esto as caractersticas do pesquisador e a utilizao de um roteiro ideal de trabalho.

    Os atributos que mais chamam a ateno em um pesquisador so criatividade, conhecimento, esprito investigativo, perseverana, conhecimento de metodologias, tcnicas e de recursos (diversas naturezas), e, prin-cipalmente, desenvolver a capacidade de implementao da metodologia.

    Para proceder com a pesquisa de maneira organizada e produtiva, necessrio seguir um roteiro ideal. A seguir, expe-se uma sugesto de acordo com Gil (1991):

    Escolha do tema: dar preferncia a assuntos que sejam familiares ao pesquisador e que preferencial-mente disponham de fontes acessveis de pesquisa.

    Reviso de literatura: levantamento terico acerca do assunto, estado da arte. Esgotar todas as infor-maes possveis sobre o tema.

    Justificativa: delimitar a importncia do tema para a sociedade e a relevncia junto comunidade acadmico-cientfica.

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    Formulao do problema: determinar o problema de ordem social ou mercadolgica do que se pre-tende investigar.

    Determinao de objetivos: traar os limites da pesquisa definindo a partir de verbos no infinitivo as aes que se deseja alcanar.

    Metodologia: definir como, onde e com quem ser realizada a pesquisa. determinada a tipologia da pesquisa.

    Coleta de dados: a partir da populao definida (universo de pesquisa), podero ser traados outros parmetros como amostragem e quais instrumentos de coleta de dados sero utilizados na pesquisa.

    Tabulao de dados: dar tratamento estatstico aos dados.

    Redao e discusso dos resultados coletados: escrita dos textos e explanao analtica qualitativa e quantitativa das abordagens obtidas.

    Concluso: consideraes finais e anlise dos resultados concludos.

    Apresentao do trabalho cientfico baseado nas normas da ABNT.

    para siNTeTiZar

    Chegamos ao final da primeira unidade, que teve como intuito mostrar a origem dos caminhos da cincia e da pesquisa cientfica, ressaltando a sua importncia no contexto atual em que vivemos.

    reVisaNdo o VoCabULrio a b C

    Cincia: soma dos conhecimentos prticos e tericos que servem a determinado fim relacionados ao conhe-cimento humano, considerados no seu todo, segundo a sua natureza e progresso.

    Epistemologia: teoria ou cincia da origem, natureza e limites do conhecimento.

    Empiria: doutrina com base na experincia exclusivamente.

    Quiromancia: pretensa arte de adivinhar o futuro das pessoas pelo exame das linhas da mo.

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    eXerCCios de apreNdiZagem

    1) Assinale (V) para as opes abaixo que so verdadeiras em se tratando de tipologia de pesquisa, e (F) para as falsas:

    a) ( ) A pesquisa pode ser classificada quanto a sua natureza, que poder ser bsica quando foca interesses universais e aplicadas quando foca interesses locais.

    b) ( ) A pesquisa pode ser classificada com relao aos seus objetivos de investigao, e estes podem se apre-sentar com caractersticas descritivas quando relatam a realidade, exploratrias quando abordam um assunto novo e explicativas quando relatam experimentao.

    c) ( ) A pesquisa pode ser classificada quanto abordagem do problema de pesquisa, em que variveis e hipteses vo determinar se ela ser qualitativa, quantitativa ou os dois os casos.

    d) ( ) Com relao aos procedimentos tcnicos para realizao da pesquisa, estes so opcionais, caso o pesquisador no queira ele pode dispensar essa parte do processo metodolgico.

    2) Cite e descreva brevemente os nveis do conhecimento humano.

    3) O que a cincia? Qual sua origem? Quais suas limitaes? E diante da realidade contempornea, como julga que ser seu futuro?

    ComeNTrio dos eXerCCios

    Questo 1 A resposta verdadeira para as sentenas a), b) e c), conforme estudado no texto apresentado. No entanto, a sentena d) falsa, pois os procedimentos tcnicos so imprescindveis no aspecto metodolgico para nortear o tipo do estudo e tambm servir na escolha de instrumento para coleta de dados que posterior-mente sero compilados e analisados pelo pesquisador.

    Questo 2 Conhecimento popular, vulgar ou emprico: senso comum espontneo, conjunto de crenas e opinies; no profundo, sistemtico ou infalvel; interioriza as tradies da coletividade, conhecimento ca-sual. Conhecimento religioso ou teolgico: crer sem ver: a f, verdades religiosas livros sagrados, revelao por deuses a seres iluminados, conhecimentos msticos ou espirituais, no pseudocincia (paranormalidade, astrologia ou quiromancia), aceitao do dogma como verdade inconteste. Conhecimento filosfico: alta-mente racional, voltado reflexo, trabalha com lgicas nem sempre reais, no tem a necessidade de aplicao, questiona a cincia sobre verdades ou inverdades, raciocnio abstrato e valorativo, cincia-me. Conhecimento cientfico: a cincia s trabalha com dados reais que podem ser explicados, consideraes subjetivas no cons-tituem cincia, verdades somente so cientficas, relativas ou no, se comprovadas. A cincia possui um corpo terico e um corpo metodolgico.

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    UNidade 1 - CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia

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    Questo 3 A cincia o esforo para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como a realidade funciona. Refere-se investigao direcionada descoberta da verdade. Na atual sociedade, quanto mais se subdividir a cincia, mais se aprofundam os estudos o futuro a era da especificidade. Mas a cincia tem suas limitaes. Percebeu-se que a histria por si s no consegue explicar um fato, precisa da geografia, da an-tropologia, etc. Nos ltimos trinta anos entramos na era da multidisciplinaridade tratando disciplina como cincia (ramificaes da Idade Moderna). necessrio tratar da origem, no h como falar da cincia sem falar de histria e de filosofia, somente se nega uma cincia quando se a conhece profundamente.

    saiba mais

    A classificao de pesquisa aqui apresentada bastante sucinta e genrica, no contemplando na sua to-talidade a dimenso deste assunto, sendo que este um tema bastante amplo e complexo. Se voc deseja se aprofundar neste tema ainda mais, recomenda-se a leitura de obras de outros autores da rea, a fim de ampliar seu entendimento sobre o tema. E como sugesto, apresentamos:

    1) LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia cientfica. 5. ed. So Paulo: Atlas, 2003.

    referNCias

    ALVES, R. Filosofia da cincia: introduo ao jogo e suas regras. So Paulo: Brasiliense, 1981.

    BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia cientfica. 3. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

    BEZIAU, J. Tendncias atuais da filosofia. Desterro: Nefelibata, 2004.

    BBLIA. Portugus. Bblia sagrada. Trad. Joo Ferreira de Almeida. Disponvel em: . Acesso em: 14 ago. 2010.

    CHAU, M. Convite filosofia. 7. ed. 2. reimp. So Paulo: tica, 2000.

    FERRI C.; HOSTINS R.C.L. Elaborao de trabalhos cientficos. Itaja: Univali, 2003.

    GALIANO, A. C. Mtodos e tcnicas de pesquisa social: teoria e prtica. So Paulo: Harbra, 1986.

    GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. So Paulo: Atlas, 1991.

    LUNA, S. V. Planejamento de pesquisa: uma introduo. So Paulo: Educ, 2002.

    MAGALHES, G. Introduo metodologia da pesquisa: caminhos da cincia e tecnologia. So Paulo: tica, 2005.

  • Univali Virtual - 27

    CiNCia, pesqUisa e meTodoLogia - UNidade 1

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    WEISZFLOG, W. Michaelis moderno dicionrio da lngua portuguesa. Disponvel em: . Acesso em: 14 jan. 2011.

    McCLISTER, D. Estudos da Bblia. 2004. Disponvel em: . Acesso em: 20 nov. 2010.

    VALERIO, Marcos, A teoria da evoluo. 2004. Disponvel em: . Acesso em: 20 nov. 2010.

    YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e mtodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

    Na prXima UNidade

    Na segunda unidade, veremos a estrutura de um trabalho acadmico-cientfico, bem como as devidas formataes, os elementos de pesquisa, as normas da ABNT que so imprescindveis para uma apresenta-o ideal de um trabalho acadmico-cientfico. Tambm sero apresentadas as principais modalidades de pesquisa necessrias graduao.

  • 28 - Univali Virtual Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    Utilizar corretamente as normas de referncia, citao e formatao grfica dos trabalhos acadmicos.

    Elaborar e apresentar adequadamente trabalhos acadmicocientficos, tais como fichamentos, resenhas crticas e artigos cientficos.

    Nesta unidade veremos quais so as normas que ditam o formato ideal para ela-borar e apresentar os trabalhos cientficos, especialmente no ambiente acadmico. Os trs itens considerados cruciais nesse processo so as citaes, as referncias e apresentao grfica dos trabalhos.

    Tambm sero apresentadas algumas modalidades de pesquisa cientfica, que so o fichamento, a resenha crtica e o artigo cientfico, considerados muito importantes no processo de iniciao cientfica.

    A apresentao de trabalhos acadmico-cientficos orientada pela NBR 4724:2005 da ABNT, que define os princpios gerais para elaborao de teses, dis-sertaes, trabalhos de concluso de cursos de graduao TCC, trabalhos de gra-duao interdisciplinares TGI, trabalhos de aperfeioamento e/ou especializao e outros. Suas orientaes tambm se aplicam, no que couber, a trabalhos de gradua-o intra e extraclasse.

    2.1 Estrutura do trabalho acadmico-cientfico

    A estrutura de trabalhos acadmicos compreende elementos pr-textuais, textuais e ps-textuais. Em caso de trabalhos relacionados s disciplinas de graduao, tais como fichamentos, resenhas, papers, artigos cientficos e relatrios. Esses elementos podem ser adaptados ou at mesmo desconsiderados, uma vez que tais trabalhos tm estru-tura prpria, muitas vezes proposta pela instituio (geralmente adaptada da prpria ABNT), ou ainda seguir uma formatao indicada pelo professor. Por outro lado, para

  • 2Un

    idad

    e 2

    Trabalho acadmico-cientfico: tipos e normas

    Univali Virtual 29Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    objeTiVos

    Utilizar corretamente as normas de referncia, citao e formatao grfica dos trabalhos acadmicos.

    Elaborar e apresentar adequadamente trabalhos acadmicocientficos, tais como fichamentos, resenhas crticas e artigos cientficos.

    apreseNTaNdo a UNidade

    Nesta unidade veremos quais so as normas que ditam o formato ideal para ela-borar e apresentar os trabalhos cientficos, especialmente no ambiente acadmico. Os trs itens considerados cruciais nesse processo so as citaes, as referncias e apresentao grfica dos trabalhos.

    Tambm sero apresentadas algumas modalidades de pesquisa cientfica, que so o fichamento, a resenha crtica e o artigo cientfico, considerados muito importantes no processo de iniciao cientfica.

    iNiCiaNdo o Tema

    A apresentao de trabalhos acadmico-cientficos orientada pela NBR 4724:2005 da ABNT, que define os princpios gerais para elaborao de teses, dis-sertaes, trabalhos de concluso de cursos de graduao TCC, trabalhos de gra-duao interdisciplinares TGI, trabalhos de aperfeioamento e/ou especializao e outros. Suas orientaes tambm se aplicam, no que couber, a trabalhos de gradua-o intra e extraclasse.

    2.1 Estrutura do trabalho acadmico-cientfico

    A estrutura de trabalhos acadmicos compreende elementos pr-textuais, textuais e ps-textuais. Em caso de trabalhos relacionados s disciplinas de graduao, tais como fichamentos, resenhas, papers, artigos cientficos e relatrios. Esses elementos podem ser adaptados ou at mesmo desconsiderados, uma vez que tais trabalhos tm estru-tura prpria, muitas vezes proposta pela instituio (geralmente adaptada da prpria ABNT), ou ainda seguir uma formatao indicada pelo professor. Por outro lado, para

  • UNidade 2 - TrabaLho aCadmiCo-CieNTfiCo: Tipos e Normas

    30 - Univali Virtual Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    elaborao de teses, dissertaes e trabalhos de concluso de curso obrigatrio seguir a orientao da norma.

    Todo trabalho cientfico com fins de publicao interna (bancas de defesa pblica de TCC) ou externa (revistas, eventos, etc.) obedece a uma norma de apresentao, quer seja artigo cientfico, relatrio de pes-quisa ou estgio, monografia, dissertao ou tese. As orientaes e normas para apresentao de trabalhos acadmico-cientficos so regidas pela ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas, que possui comits tcnicos direcionados a diversas reas, como alimentos, produtos txteis e muitas outras, gerindo a apresentao dos trabalhos acadmicos.

    As normas da ABNT recebem atualizaes peridicas, sendo que a ltima atualizao da norma para a es-truturao e formatao de trabalhos acadmico-cientficos a NBR 14724:2005, a qual define os princpios gerais para elaborao destes trabalhos e sua correta apresentao. Esta normalizao tem por objetivo padro-nizar o modelo dos trabalhos, a fim de terem um carter universal em mbito do territrio nacional.

    Os elementos que sero descritos a seguir seguem a orientao da norma brasileira NBR 14724:2005 para formatao da estrutura de trabalhos acadmico-cientficos, segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT, auxiliada pelo texto do Caderno n. 4, da srie Cadernos de Ensino: Formao Continua-da, intitulado Elaborao de trabalhos acadmico-cientficos, coordenado pelas professoras Cssia Ferri e Regina C. L. Hostins, em 2003.

    2.1.1 Elementos pr-textuais

    Capa (obrigatrio) a cobertura externa poder ser em capa dura que abrange as folhas que consti-tuem o trabalho. Deve conter, sequencialmente, as seguintes informaes:

    a) nome da instituio (opcional);b) nome do autor;c) ttulo;d) subttulo (se houver);e) nmero de volumes (se houver mais de um, deve ser especificado o respectivo volume em cada capa);f ) local (cidade) da instituio onde ser apresentado;g) ano da entrega (quatro dgitos).

    Lombada (opcional e somente para trabalhos em capa dura) a parte lateral da capa que rene as folhas do trabalho. Deve constar:

    a) nome do autor, impresso longitudinalmente, do alto ao p da lombada;b) ttulo do trabalho, impresso da mesma forma que o do autor;c) identificao de nmeros (volume, se for o caso: v. 2)

    Folha de rosto (obrigatrio) no anverso (pgina da frente da folha), devem ser apresentados, em sequ-ncia, os seguintes elementos:

  • TrabaLho aCadmiCo-CieNTfiCo: Tipos e Normas - UNidade 2

    Univali Virtual - 31Ncleo Comum: Ceciesa-CTL

    a) nome do autor do trabalho;

    b) ttulo principal do trabalho (claro, preciso, com a identificao do contedo que permita a indexao);

    c) subttulo (se houver; sua subordinao ao ttulo principal demonstrada pelos dois pontos que o precedem);

    d) nmero de volumes, se houver mais de um;

    e) nota contendo a natureza do trabalho (tese, dissertao, trabalho de concluso de curso etc.) e o seu ob-jetivo (por exemplo: para aprovao em disciplina, obteno de determinado grau, etc.); nome da instituio a que submetido; rea de concentrao;

    f ) nome do orientador e do co-orientador (se houver);

    g) local (cidade) da instituio;

    h) ano de entrega (4 dgitos).

    Folha de aprovao (obrigatrio em trabalhos de concluso de curso) apresentada logo aps a folha de rosto e deve conter as seguintes informaes, centralizadas na pgina:

    a) nome do autor trabalho;b) ttulo do trabalho e subttulo (se houver);c) texto contendo a natureza, objetivo e nome da instituio a que submetido;d) rea de concentrao;e) data de aprovao;f ) nome, titulao e assinatura dos componentes da banca examinadora e instituies a que pertencem. A

    data de aprovao e as assinaturas so colocadas aps a aprovao do trabalho.

    Dedicatria (opcional) o autor dedica sua obra ou presta homenagens a pessoa(s); a dedicatria deve ser localizada na parte inferior direita da folha.

    Agradecimentos (opcional) meno a pessoas e/ou instituies que contriburam de forma relevante para o desenvolvimento do trabalho. Aparecem em folha separada, aps a dedicatria e devem se limitar ao estritamente necessrio.

    Epgrafe (opcional) aparece aps os agradecimentos. Consiste na transcrio de uma frase, pensamento, ditado ou parte de um texto que o autor deseja destacar, por considerar significativo e inspirador em relao ao seu trabalho. Apesar de ser escrita por outra pessoa, no deve vir entre aspas. A autoria da mensagem deve ser apresentada do lado direito, abaixo do texto, fora de parnteses. Epgrafes tambm podem ser colocadas na abertura das divises do texto (captulos).

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    Resumo na lngua verncula (obrigatrio em trabalhos de concluso de curso e artigos cientficos) con-siste na apresentao concisa do texto por meio de uma sequncia de frases objetivas e seguidas de palavras-chave. Trabalhos acadmico-cientficos tais como teses, dissertaes, projetos de pesquisa e artigos destinados publicao em revistas acadmicas exigem a incluso de um resumo de seu contedo.

    Resumo, de acordo com Frana (2000, p. 69), a apresentao concisa e seletiva de um texto, ressal-tando de forma clara e sinttica a natureza do trabalho, seus resultados e concluses mais importantes, seu valor e originalidade.

    Quanto ao estilo da redao e contedo, o resumo, segundo Frana (2000), deve constituir-se num texto redigido de forma cursiva, concisa e objetiva, respeitando a estrutura do original e reproduzindo apenas as infor-maes mais significativas, como: objetivos, tcnicas de abordagem, descobertas, valores numricos e concluses. Limita-se a um pargrafo, devendo incluir palavras representativas do assunto (FRANA, 2000, p. 69).

    No resumo deve ser evitado o uso de abreviaturas, frmulas, smbolos, a menos que sejam absoluta-mente necessrios. A redao deve ser concisa, sem expresses suprfluas. Deve ressaltar o objetivo, o mtodo, os resultados e as concluses do trabalho, sendo formado de um nico pargrafo.

    Resumo em lngua estrangeira (obrigatrio em trabalhos de concluso de curso e artigos cientficos) deve ser apresentado em folha separada do resumo anterior, exceto em caso de artigo cientficos. a traduo, em lngua estrangeira, do resumo anterior.

    Lista de ilustraes (opcional) identifica as ilustraes (quadros, grficos, fluxogramas, organogramas, desenhos, esquemas, mapas, etc.) na ordem em que aparecem no texto, com os respectivos nomes e nmeros de pgina. Se necessrio, recomenda-se a elaborao de lista prpria para cada tipo de ilustrao.

    Lista de tabelas (opcional) identifica as tabelas, na ordem em que se apresentam no texto, com os respec-tivos nomes e nmeros de pgina.

    Lista de abreviaturas e siglas (opcional) a relao alfabtica de abreviaturas e siglas contidas no texto, seguidas do seu significado (expresses ou palavras correspondentes) redigido por extenso.

    Lista de smbolos (opcional) apresenta o conjunto de smbolos utilizados no texto, na ordem em que aparecem, com o respectivo significado.

    Sumrio (obrigatrio) a relao enumerada das divises, sees (ou tpicos) e outras partes de uma publicao (ou trabalho), na mesma ordem e grafia em que se sucedem no texto. Indica a pgina inicial em que se localiza a parte correspondente.

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    O sumrio no deve ser confundido com o ndice, que uma lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critrio, que localiza e remete para as informaes contidas no texto (por exem-plo, ndice de ilustraes, ndice de abreviaturas, etc.).

    Na elaborao do sumrio, deve-se observar os seguintes aspectos:

    a) o sumrio tem o ttulo centralizado, grafado com o mesmo tipo de fonte utilizado para os captulos (ou divises principais do texto, tambm denominadas sees primrias);

    b) a subordinao dos itens do sumrio destacada usando-se os mesmos tipos de fonte utilizados no texto;

    c) os elementos pr-textuais no devem aparecer no sumrio;

    d) os indicativos das sees que compem o sumrio, se houver, devem ser alinhados esquerda;

    e) os ttulos e subttulos (se houver), que seguem os indicativos das sees, so alinhados pela margem do ttulo correspondente ao indicativo mais extenso;

    f ) para a paginao pode-se utilizar o nmero da primeira pgina (ex.: 32); ou os nmeros das pginas inicial e final, separados por hfen (ex.: 32-49).

    O sumrio o ltimo dos elementos pr-textuais; est localizado, portanto, na(s) pgina(s) que antecede(m) imediatamente o texto. Se o trabalho compreender mais de um volume, o sumrio de toda a obra deve ser includo em todos os volumes, de modo que a consulta a qualquer dos volumes permita o conhecimento do contedo todo.

    2.1.2 Elementos textuais

    Os elementos textuais, assim como os pr-textuais, excetuados os elementos obrigatrios, constituem-se com base no tipo e nos objetivos do trabalho acadmico-cientfico. Conforme o tipo de trabalho, rea de conhecimento ou metodologia adotada, h distintos modos de organizar o texto. No entanto, de um modo geral, o texto acadmico-cientfico se inicia com uma introduo, qual se segue o desenvolvimento, finali-zando com uma concluso. Isso no significa dizer que essas partes sejam necessariamente assim intituladas ou subdivididas, apenas que esta a sequncia usual de qualquer texto acadmico.

    Introduo consiste na apresentao geral do trabalho; fornece uma viso global do assunto tratado (contextualizao), com uma definio clara, concisa e objetiva do tema. Trata-se da parte inicial do texto em que o autor aponta os seus propsitos e as linhas gerais que orientaram seu pensamento, ou seja, apresenta o

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    problema ou tema central do estudo ou da pesquisa, contextualiza-o, destaca sua importncia e seus limites quanto extenso e profundidade. a delimitao precisa das fronteiras do estudo em relao ao campo selecionado e ao problema a ser estudado.

    Desenvolvimento a parte mais extensa e consistente do trabalho. Nela so descritos os conceitos, teo-rias e principais ideias sobre o tema focalizado, alm de aspectos metodolgicos, resultados e interpretao do estudo quando se tratar de um relatrio de pesquisa.

    Da mesma forma que na introduo, os elementos que integram o desenvolvimento do trabalho podero variar nas suas divises e subdivises, em funo da sua natureza e da rea de conhecimento a que pertencem. No caso de relatrios de pesquisa cientfica, os elementos essenciais que integram esta parte do trabalho so: fundamentao terica (reviso bibliogrfica), metodologia, apresentao, anlise e interpretao dos resultados.

    Concluso como parte final do texto, consiste na reviso sinttica dos resultados e da discusso do estudo realizado. Tem como objetivo destacar as principais questes tratadas no trabalho a respeito do estudo desen-volvido. A concluso deve apresentar dedues lgicas correspondentes aos propsitos previamente estabeleci-dos do trabalho, apontando-se o alcance e o significado de suas contribuies. Pode tambm indicar questes dignas de novos estudos, alm de sugestes para outros trabalhos.

    2.1.3 Elementos ps-textuais

    Referncias (obrigatrio) constitui o conjunto padronizado de elementos descritivos, extrados de um documento, possibilitando sua identificao individual. Nos trabalhos acadmico-cientficos a listagem de referncias deve identificar as fontes/documentos mencionados (referidos) no texto.

    Glossrio (opcional) lista em ordem alfabtica de expresses ou termos tcnicos especficos de uma de-terminada rea, utilizados no trabalho, seguidos de suas respectivas definies.

    Apndice(s) (opcional) texto ou documento elaborado pelo autor, complementar ao seu trabalho. Os apndices so identificados por letras maisculas consecutivas, seguidas de travesso e respectivo ttulo.

    Anexo(s) (opcional) texto ou documento no elaborado pelo autor do trabalho, que complementa, com-prova ou ilustra o seu contedo. Os anexos so identificados por letras maisculas consecutivas, seguidas de travesso e respectivo ttulo.

    ndice (opcional) listagem detalhada de palavras ou expresses ordenadas a partir de critrios especficos (nomes de pessoas, nomes geogrficos, assuntos, dentre outros), com a indicao de sua localizao no texto.

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    2.2 Normalizao Normas da ABNT

    Embora a ltima atualizao da norma para a estruturao, formatao e apresentao grfica de tra-balhos acadmico-cientficos tenha sido a NBR 14724:2005, no que se refere s citaes deve-se seguir ainda as orientaes da norma NBR 10520:2002, e relativo s referncias, sua elaborao deve seguir as orientaes da NBR 6023:2002. Veremos a seguir as normas consideradas mais relevantes para os itens supracitados e que se encontram em destaque neste pargrafo.

    2.2.1 Apresentao grfica de trabalhos acadmico-cientficos

    O projeto grfico de um trabalho acadmico de responsabilidade do seu autor. Entretanto, algumas nor-mas gerais devem ser seguidas, como prescreve a NBR 14724:2005 da ABNT.

    Formato os trabalhos acadmico-cientficos devem ser apresentados em papel branco, sem brilho, com formato A4 (21 cm x 29,7 cm), digitados na cor preta (excetuando-se as ilustraes). O texto digitado no anverso da folha (frente), com exceo da folha de rosto, em cujo verso impressa a ficha catalogrfica, no caso de dissertaes e teses. Para digitao recomenda-se a utilizao de fonte tamanho 12 para todo o texto e tamanho menor (11 ou 10) e uniforme para citaes longas (mais de trs linhas), notas de rodap, paginao e legendas de ilustraes e tabelas. Quanto ao tipo da fonte, recomendam-se Times New Roman ou Arial.

    Margens e espacejamento as pginas devem ser configuradas nas seguintes dimenses: margens esquerda e superior: 3 cm; margens direita e inferior: 2cm. O texto deve ser digitado com espao 1,5 entre linhas, com exceo das citaes longas (com mais de trs linhas), notas de rodap, referncias, legendas de ilustraes e de tabelas, ficha catalogrfica e nota de identificao do trabalho apresentada na folha de rosto (indicando a natureza do trabalho, objetivo, nome da instituio a que submetido e rea de concentrao) que devem ser digitadas em espao simples. As referncias apresentadas ao final do trabalho devem ser separadas entre si por dois espaos simples. Os ttulos das sees devem comear na parte superior da folha e ser separados do texto que os sucede por dois espaos de 1,5. Tambm os ttulos das subsees so separados do texto que os precede e que os sucede por dois espaos de 1,5. Na folha de rosto, a nota de identificao do trabalho deve ser alinhada do meio da pgina para a margem direita. J na folha de aprovao (quando necessria), as informaes sobre o trabalho, data de aprovao e identificao da banca examinadora devem ser centralizadas.

    Paginao todas as folhas do trabalho so contadas sequencialmente, a partir da folha de rosto, embora as pginas preliminares (pr-texto) no sejam numeradas. A numerao colocada a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arbicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior. Havendo apndice(s) e anexo(s), suas folhas so numeradas de maneira contnua e sua paginao deve dar seguimento do texto principal.

    Ttulos e indicativos numricos so denominadas sees as partes em que dividido o texto de um documento, contendo a exposio ordenada do assunto. A principal diviso do texto de um documento de-nominada seo primria, a qual, por sua vez, pode se dividir em seo secundria, terciria, quaternria e quinria (no so permitidas subdivises a partir da seo quinria). Empregam-se algarismos arbicos para numerar as sees de um texto. Esse indicativo numrico deve ser alinhado margem esquerda, precede o ttulo da seo, sendo dele separado por um espao. O indicativo de uma seo secundria constitudo pelo

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    indicativo da seo primria a que pertence, seguido do nmero que lhe for atribudo na sequncia do assunto e separado por ponto. Repete-se o mesmo processo em relao s demais sees.

    Exemplo:Seo primria: 1 TTULOdestacada em negrito, caixa alta e alinhados margem esquerda.Seo secundria: 1.1 Ttulodestacada em negrito, caixa baixa e alinhados margem esquerdaSeo terciria: 1.1.1 Ttulodestacada sem negrito, caixa baixa e alinhados margem esquerdaSeo quaternria: 1.1.1.1 Ttulodestacada sem negrito, caixa baixa e alinhados margem esquerdaSeo quinria: 1.1.1.1.1 Ttulodestacada sem negrito, caixa baixa e alinhados margem esquerda

    Ponto, hfen ou travesso no so usados aps o indicativo da seo ou de seu ttulo. O ttulo das sees colocado aps seu indicativo numrico, dele separado por um espao. O texto, que obrigato-riamente corresponde ao ttulo da seo, se inicia em outra linha.

    Havendo necessidade de enumerar diversos assuntos ou itens no interior de uma seo sem que haja ne-cessidade de intitul-los, usam-se alneas. As alneas, com exceo da ltima, terminam em ponto-e-vrgula. Dispem-se as alneas na sequncia de um texto (que termina em dois pontos) do seguinte modo:

    a) ordenam-se as alneas alfabeticamente;

    b) as letras indicativas das alneas so reentradas em relao margem esquerda;

    c) o texto de cada alnea inicia com letra minscula e termina com ponto e vrgula, exceto a ltima que termina em ponto;

    d) a segunda e demais linhas do texto da alnea comeam abaixo da primeira letra da primeira linha. Quan-do for necessrio dividir a alnea em sub-alneas, estas devem comear com um hfen, colocado sob a primeira letra do texto da alnea e dele separadas por um espao; as demais linhas da sub-alnea iniciam igualmente abaixo da primeira letra.

    Pargrafo modernamente a forma de pargrafo recuado est sendo abolida, adotando-se, nesse caso, o espaamento duplo entre os pargrafos. Muitos autores, porm, preferem adotar o pargrafo tradicional e formal nos textos tcnicos (com recuo de 1,27 cm). No entanto, qualquer que seja a forma adotada, deve ser mantida em todo o trabalho.

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    Ilustraes as ilustraes abrangem: desenhos, grficos, esquemas, quadros, organogramas, fluxogramas, mapas, fotos, dentre outros. Tm por objetivo possibilitar a transmisso de dados e informaes de modo mais atraente, porm devem estar diretamente relacionadas com o contedo da informao, pois do contrrio no contribuiro para a anlise. A identificao de ilustraes deve aparecer na parte inferior, precedida da palavra designativa seguida de seu nmero de ordem de ocorrncia no texto em algarismos arbicos (Exemplo: Grfico 1; Figura 3; Quadro 5), do respectivo ttulo e/ou legenda explicativa, breve e clara que dispense consulta ao texto, e da fonte. As ilustraes devem ser inseridas o mais prximo possvel do trecho do texto a que se referem.

    Tabelas as tabelas servem para descrever dados e informaes relevantes para o estudo ou ilustrar o con-tedo em desenvolvimento. As tabelas apresentam informaes tratadas estatisticamente e seguem as orien-taes da Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE (1993). As tabelas tm numerao independente e consecutiva e a sua identificao (ttulo) colocada na parte superior (topo), precedida da palavra Tabela e de seu nmero de ordem em algarismos arbicos. O ttulo indica a natureza e as abrangncias geogrfica e temporal dos dados numricos; tais indicaes devem ser feitas sem abreviaes, por extenso, de forma clara e concisa. O cabealho da tabela indica o contedo das colunas com palavras ou notaes claras e concisas, preferencialmente sem abreviaes. A indicao da(s) fonte(s) das informaes contidas em uma tabela e notas eventuais aparecem em seu rodap, aps o fio de fechamento.

    A tabela, quanto sua localizao e apresentao grfica, deve:

    a) estar inserida o mais prximo possvel do trecho do texto a que se refere;

    b) ter moldura para estruturar os dados numricos e termos necessrios a sua compreenso. A moldura compreende, no mnimo, trs traos horizontais paralelos: o primeiro separa o topo, o segundo, o espao do cabealho e o terceiro, o rodap. A tabela no deve ter traos verticais delimitadores direita e esquerda.

    Quanto disposio das informaes, tambm preciso seguir alguns critrios:

    a) no se deve deixar casas vazias em uma tabela; para tanto existem smbolos estabelecidos por conveno internacional;

    b) a fonte da tabela indica a origem ou a instituio responsvel pelo fornecimento ou elaborao dos dados e informaes nela contidos; a palavra fonte deve ser colocada aps o trao inferior da tabela, alinhando-se margem esquerda da primeira coluna; quando os dados se originarem de diversas fontes, pode ser informado apenas que se trata de uma compilao de dados, elaborados ou no pelo autor;

    c) ocupar, preferencialmente, uma nica pgina. Quando no couber em uma folha, a tabela deve ser apre-sentada em duas ou mais partes.

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    Em relao ao itlico, ressalta-se que este recurso deve ser usado somente para grafar palavras estrangeiras.

    Equaes e frmulas devem aparecer destacadas no texto para facilitar a leitura e, caso seja necessrio, numeradas com algarismos arbicos entre parnteses, alinhados direita. Na sequncia normal do texto per-mitido o uso de uma entrelinha maior que comporte seus elementos (expoentes, ndices e outros).

    Exemplo:

    x2 + y2 = z2 (1)

    (x2 + y2)/5 = n (2)

    2.2.2 Citaes

    So as descries ou menes (contedos ou informaes) contidas em um texto, extradas de outra fonte. So utilizadas para sustentar, terica e empiricamente, o trabalho apresentado. As citaes podem ser diretas, indiretas ou citao de citao; sua elaborao deve seguir as orientaes da norma NBR 10520:2002 In-formao e Documentao; Citaes em Documentos; Apresentao, da ABNT. Usam-se citaes quando se transcrevem trechos de alguma obra ou se utilizam informaes j publicadas, com o propsito de esclarecer ou complementar as ideias que esto sendo expostas.

    Assim, as citaes tanto podem ser usadas com o objetivo de reforar argumentos como para expor posies contrrias quelas que esto sendo defendidas. Em trabalhos tcnico-cientficos exige-se rigor na aplicao das praxes de citao, diferentemente de textos literrios, nos quais permitida uma apresentao mais livre. As informaes sobre a obra mencionada podem aparecer no corpo do texto ou em nota de rodap (sistema numrico).

    Recomenda-se o uso no corpo do texto (sistema autor/data), deixando para o rodap outras informa-es, tais como: esclarecimentos pontuais do texto, traduo de palavras estrangeiras, significado de expresses tpicas, etc. Para identificao de fonte da citao apresenta-se o nome do autor, seguido pela data de publicao da obra e nmero da pgina.

    Citao direta, textual ou literal aquela em que se reproduz no texto a ideia original da obra que est sendo consultada. Quando se trata de citaes curtas (at 3 linhas), so inseridas no texto, entre aspas. As cita-

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    es diretas longas (aquelas com mais de trs linhas) devem constituir um pargrafo independente, com recuo de 4 cm da margem esquerda, fonte e espaamento interlinear menores, sem emprego de aspas.

    Citao indireta parfrase e condensao: Consiste em se reproduzir o pensamento do autor (ideias alheias, portanto) utilizando-se de palavras prprias. geralmente empregada quando se pretende apresentar, de modo reduzido ou abreviado, as ideias de um autor sem recorrer citao direta. Como se trata de ideias alheias, a referncia fonte obrigatria, pois, se ela no for feita, tem-se um caso de plgio. Nas citaes indiretas, a indicao da(s) pgina(s) consultada(s) opcional, conforme a NBR 10520:2002. A parfrase a forma de citao indireta que, normalmente, no altera, em tamanho e contedo, a escrita do texto original, caracterizando-se pela substituio de algumas de suas palavras ou expresses. Ao parafrasear, restaura-se total ou parcialmente o texto fonte, processo que exige sua interpretao para reconstruo de um novo texto.

    Outro modo de escrever a citao indireta a condensao, em que se faz uma sntese do texto que se quer citar, sem alterar o seu significado, porm apresentando apenas as principais ideias do autor. Esta forma de uso de citao interessante, pois pressupe maior articulao de leitura por parte do autor do trabalho, j que, para que este consiga sintetizar as ideias do texto original, dever desenvolver uma leitura significativa.

    A citao da citao consiste na reproduo de informao j citada por outro autor. A indicao da fonte de uma citao de citao pode ser apresentada na forma textual ou aps a descrio da ideia. Esta ideia, por sua vez, pode ser expressa como citao direta ou indireta.

    Para explicar que o autor da ideia original citado por outro autor/obra que se est consultando, usa-se a expresso latina apud (por se tratar de palavra de outra lngua latim usa-se o itlico). Nas referncias, apenas o autor da obra consultada deve ser mencionado.

    A citao de citao, tambm chamada de segunda mo, deve ser usada de modo bastante restrito, pois pre-ferencialmente se deve consultar a obra ou documento original. No entanto, muitas vezes determinados textos no esto acessveis, por se tratar de obra rara ou, ento, somente disponvel em lngua que se desconhece. Nesses casos, admissvel o uso da citao da citao.

    Muitas vezes necessrio fazer alteraes na citao, seja para torn-la mais curta pela supresso de alguma parte que no interessa ao que se est expondo, seja para destacar algum de seus termos ou expresses, ou ainda para adapt-la s exigncias da sintaxe do perodo ou da orao em que ser inse-rida. Em qualquer desses casos, no entanto, obrigatrio indicar a alterao feita.

    a) Em citao com supresso de uma parte inicial ou final, usam-se reticncias entre colchetes;

    b) em citao com supresso de parte intermediria, usam-se tambm as reticncias entre colchetes;

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    c) na citao com destaque (grifo, negrito ou itlico) de termos ou expresses, ou quando o destaque j faz parte da obra consultada, deve-se indicar a autoria do mesmo;

    d) quando so feitas adaptaes na citao para adequ-la sintaxe do perodo, ou ento, quando algo acrescentado para esclarecer o leitor, os acrscimos devem ser colocados entre colchetes;

    e) quando a citao for um trecho traduzido pelo autor do trabalho, aps a chamada da citao deve-se incluir a expresso traduo livre, entre parnteses;

    f ) quando os dados a serem citados so obtidos por informao verbal, em palestras e debates, deve-se indicar a expresso informao verbal entre parnteses, apresentando as explicaes disponveis em nota de rodap;

    g) quando houver citaes de diversos documentos de um mesmo autor, publicados em um mesmo ano, faz-se o acrscimo de letras minsculas, em ordem alfabtica, aps a data e sem espacejamento, conforme a lista de referncias;

    h) em caso de citaes indiretas de vrios documentos de um mesmo autor, publicados em anos diferentes e mencionados simultaneamente, apresentam-se as datas separadas por vrgula;

    i) quando houver citaes indiretas de documentos diferentes de vrios autores, mencionados simultanea-mente, esses so separados por ponto-e-vrgula, em ordem alfabtica.

    2.2.3 Referncias

    As referncias de um trabalho acadmico-cientfico consistem na listagem com as informaes sobre todas as fontes/autores mencionados no texto; so obrigatrias nesse tipo de trabalho e sua elaborao deve seguir as orientaes da NBR 6023:2002, da ABNT.

    As fontes das informaes contidas em um texto so diversificadas, conforme a natureza do trabalho; con-sistem em obras como livros, artigos de publicaes cientficas ou especializadas (peridicos), jornais, enciclo-pdias, dicionrio, teses, dissertaes ou monografias, manuais, dentre outros documentos oficiais, relatrios tcnicos e legislao. Alm disso, os trabalhos tambm podem apresentar informaes cuja fonte so documen-tos eletrnicos (DVD, CD-rom, homepage, e-mail, publicaes peridicas on line) ou eventos tcnico-cientfi-cos como congressos, seminrios, jornadas, etc. Independentemente do tipo de fonte ou autoria mencionada no trabalho, obrigatria a sua identificao na lista das referncias.

    A elaborao das referncias deve seguir a sequncia dos elementos do documento a ser referenciado, conforme os modelos prescritos na norma (NBR 6023:2002). As referncias so alinhadas margem esquerda do texto, digitadas em espao simples e separadas entre si por dois espaos simples (NBR 14724:2005).

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    As referncias de uma lista devem seguir sempre os mesmos princpios. Por exemplo, ao optar pela utili-zao abreviada do prenome do autor, isso deve ser adotado em todas as referncias daquela lista. Quanto pontuao, tambm deve ser uniforme em todas as referncias. As referncias, sendo elas bibliogrficas ou no, devero estar todas em ordem alfabtica rigorosa, ou seja, at a terceira letra seguindo o padro da ABNT e alinhadas margem esquerda. Obras digitais ou virtuais no precisam ser mostradas separadamente na seo de Referncias; devem seguir a mesma fonte de letra que est sendo usada no corpo do texto, sem recuo, espa-cejamento simples, mantendo espao de 1,5 cm entre cada referncia.

    A seguir, algumas regras gerais para elaborao de referncias e alguns exemplos, os enunciados servem apenas para mostrar como a maneira correta para referenciar em cada um dos casos:

    a) quando h dois ou trs autores, mencionam-se todos eles na ordem em que aparecem na obra, separados por ponto-e-vrgula, seguido de espao:

    Ex.: KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Introduo ao marketing. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

    b) quando h mais de trs autores, menciona-se apenas o primeiro autor, acrescentando-se a expresso latina et al. (e outros):

    Ex.: FREIRE, Paulo et al. Vivendo e aprendendo. 10. ed. So Paulo: Brasiliense, 1986.

    c) quando houver indicao explcita de responsabilidade pelo conjunto da obra (Organizador, Editor, Co-ordenador etc.) em coletneas de vrios autores, a entrada da referncia feita pelo nome do responsvel (ou dos responsveis, se for o caso), seguido da abreviao, no singular, do tipo de participao, entre parnteses.

    Ex.: PAIVA, Vanilda (Org.). Perspectivas e dilemas da educao popular. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

    FLEURY, M. T. L.; FISCHER, R. M. (Coord.). Cultura e poder nas organizaes. So Paulo: Atlas, 1989.

    d) em caso de publicao assinada por entidade (rgos governamentais, associaes, empresas, congressos, instituies), esta deve ser indicada como autor, em letras maisculas. Quando a entidade tem uma denominao genrica, seu nome precedido pelo rgo superior ou pelo nome da jurisdio geogrfica qual pertence.

    Ex.: SESC; MUSEU UNIVESITRIO UFSC. O universo bruxlico de Franklin Cascaes. Catlogo de Exposio. SESC/ Museu Universitrio (UFSC), [s.d].

    e) quando a autoria for desconhecida (por exemplo: artigos de jornal sem autoria explcita, editoriais etc.), a entrada feita pelo ttulo. O termo annimo no deve ser usado para substituir o nome do autor desconhecido.

    Ex.: PROCURA-SE um amigo. In: SILVA, Lenilson Naveira. Gerncia da vida: reflexes filosficas. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1990. p. 212-213.

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    f ) quando se referenciam vrias obras do mesmo autor em uma mesma pgina, substitui-se o nome do autor das referncias subsequentes por um trao sublinear equivalente a seis espaos, seguido de ponto.

    Ex.: RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e espao: rumo a um conhecimento interdisciplinar. So Paulo: Hucitec, 1997a.

    ______. Turismo, modernidade e globalizao. So Paulo: Hucitec, 1997b.

    g) o ttulo e o subttulo (se for usado) devem ser apresentados tal como figuram no documento, separados por dois pontos. Em caso do uso do subttulo, apenas o ttulo principal grifado (negrito ou itlico), sem chegar aos dois pontos.

    Ex.: ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O mtodo nas cincias naturais e sociais: pesquisa qualitativa e quantitat