Apostila Ramatis - 05 A Lei do Carma

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5. A Lei do Carma 1 GETER – Grupo de Estudos e Trabalhos Espiritualistas Ramatís INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS OBRAS DE RAMATÍS A LEI DO CARMA A palavra “carma” é originária do sânscrito, antigo idioma hindu consagrado nos templos iniciáticos, e procede da raiz “kar” ou “kri”, ou seja, “fazer ou agir”, e do sufixo “ma”, que significa “o efeito de uma ação”. Os hindus são os que mais a empregam, considerando-a como o vocábulo técnico mais apropriado para designar a ação e o seu efeito correspondente nas encarnações sucessivas dos espíritos na Terra. Para eles, toda ação é Carma; qualquer trabalho ou pensamento que produzir algum efeito posterior é Carma. Assim, o Carma significa a lei em que toda causa gera efeito semelhante, que abrange o próprio destino dos homens, quando todos os atos e todas as causas vividas pelos espíritos em existências físicas anteriores ficam posterior e hermeticamente vinculados aos seus efeitos semelhantes no futuro! Carma é essencialmente a “causa” e o “efeito”, enfim, a vinculação dos acontecimentos originais aos seus resultados posteriores. Sob o mecanismo cármico ocorre a retificação que equilibra, esclarece, segrega, mas fortifica, pois obriga o credor à liquidação mais breve de sua dívida pregressa, mas também o libera para decidir quanto ao seu futuro. A Lei do Carma não é uma lei especificamente punitiva, pois, se disciplina rigorosamente, também premia generosamente o bom pagador, comprovando que será dado “a cada um conforme as suas obras!” O Carma, que deriva da Lei Divina, ou da pulsação da própria Lei Cósmica, também regula o “livre arbítrio”, pois concede maior liberdade de ação e poder ao homem tanto quanto ele adquire mais sabedoria e se torna espiritualmente mais responsável. Assim como os pais afrouxam a liberdade dos filhos à medida que estes se tornam mais cuidadosos, experientes e adultos, a Lei do Carma amplia o campo da ação e responsabilidade do espírito, tanto quanto ele se emancipa e se conscientiza, no curso educativo da Vida! . GETER - Introdução ao estudo das obras de Ramatís

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5. A Lei do Carma 1

GETER – Grupo de Estudos e Trabalhos Espiritualistas Ramatís

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS OBRAS DE RAMATÍS

A LEI DO CARMA

A palavra “carma” é originária do sânscrito, antigo idioma hindu consagrado nos templos iniciáticos, e procede da raiz “kar” ou “kri”, ou seja, “fazer ou agir”, e do sufixo “ma”, que significa “o efeito de uma ação”. Os hindus são os que mais a empregam, considerando-a como o vocábulo técnico mais apropriado para designar a ação e o seu efeito correspondente nas encarnações sucessivas dos espíritos na Terra. Para eles, toda ação é Carma; qualquer trabalho ou pensamento que produzir algum efeito posterior é Carma.

Assim, o Carma significa a lei em que toda causa gera efeito semelhante, que abrange o próprio destino dos homens, quando todos os atos e todas as causas vividas pelos espíritos em existências físicas anteriores ficam posterior e hermeticamente vinculados aos seus efeitos semelhantes no futuro!

Carma é essencialmente a “causa” e o “efeito”, enfim, a vinculação dos acontecimentos originais aos seus resultados posteriores.

Sob o mecanismo cármico ocorre a retificação que equilibra, esclarece, segrega, mas fortifica, pois obriga o credor à liquidação mais breve de sua dívida pregressa, mas também o libera para decidir quanto ao seu futuro. A Lei do Carma não é uma lei especificamente punitiva, pois, se disciplina rigorosamente, também premia generosamente o bom pagador, comprovando que será dado “a cada um conforme as suas obras!”

O Carma, que deriva da Lei Divina, ou da pulsação da própria Lei Cósmica, também regula o “livre arbítrio”, pois concede maior liberdade de ação e poder ao homem tanto quanto ele adquire mais sabedoria e se torna espiritualmente mais responsável.

Assim como os pais afrouxam a liberdade dos filhos à medida que estes se tornam mais cuidadosos, experientes e adultos, a Lei do Carma amplia o campo da ação e responsabilidade do espírito, tanto quanto ele se emancipa e se conscientiza, no curso educativo da Vida!

Carma é a lei de Causa e Efeito, com saldo credor ou devedor para com o espírito encarnado.

Os atos praticados por pensamentos, palavras ou obras nas vidas anteriores, ou seja, em vidas subseqüentes, devem trazer venturas ou acarretar desgraças aos seus próprios autores, na proporção entre o bem e o mal que deles resultou. Os seus efeitos, portanto, atuam posteriormente sobre a felicidade, a vontade, o caráter e os desejos do homem em suas vidas futuras. Embora pareçam anular o livre arbítrio, são forças que resultam sempre dos próprios atos individuais do pretérito. É o efeito agindo e dominando a própria vontade do ser, mas reagindo exatamente de acordo com as próprias causas que ele engendrou.

1. LEI DO CARMA x LEI DE CAUSA E EFEITO

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A lei de Causa e Efeito registra as ações boas ou más; a lei do Carma procede ao balanço das ações registradas e dá a cada espírito o “saldo” que lhe cabe em resultados bons ou maus.

Metafisicamente, a palavra “Carma” se refere ao destino traçado e imponderável, que atua tanto nas coisas animadas como nas inanimadas, pois rege e disciplina todos os ciclos da vida, que vão desde o finito ao infinito, do átomo à estrela e do homem ao Universo! Há, pois o Carma do homem, o da família, o da nação, o do continente e da humanidade.

Assim como se engendram destinos futuros, fundamentados nos atos ou pensamentos do homem, que serão regidos e disciplinados pelo seu Carma, também os orbes que balançam no espaço obedecem a um determinismo cósmico, de reajustamento de sua massa planetária, em concomitância com o efeito das causas coletivas de suas próprias humanidades.

Há que considerar, portanto, desde o Carma atômico, que rege o princípio da vida microscópica no Cosmo para a formação da matéria, até o Carma do Universo, que então já é a Lei Cósmica manifestada fora do tempo e do espaço. Com referência ao Carma do homem, convém lembrar que Jesus muitas vezes advertiu sobre a existência de uma lei disciplinadora do mecanismo de relações entre os seres, e que liga as causas aos seus efeitos correspondentes, quando afirmou:

“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”;

“Cada um há de colher conforme for a semeadura”.

Esses conceitos de Jesus não deixam dúvida de que o espírito há de sempre enfrentar os efeitos na esteira das reencarnações físicas, submetido implacavelmente ao determinismo das causas que gerou.

Tais conceitos vêm a ser os mesmos da Lei de Causa e Efeito, isto é, de que todas as causas engendram efeitos futuros de igual intensidade e responsabilidade, com a diferença, porém, de que é lei imutável e severa, que tanto disciplina os fenômenos da vida planetária, o amor entre os seres e a afinidade entre as substâncias, como governa a coesão entre os astros dispersos pelo Cosmo.

Nenhum acaso rege o destino das coisas! É a Lei do Carma que tudo coordena, ajusta e opera, intervindo tanto nos fenômenos sutis do mundo microscópico como na vastidão imensurável do macrocosmo.

Ela tem por único objetivo dirigir o aperfeiçoamento incessante de todas as coisas e seres, de há muito já previsto nos Grandes Planos que fundamentam a harmonia da Criação.

As condições psíquicas ou físicas das criaturas na Terra decorrem exatamente do engendramento das causas cármicas que elas já efetuaram noutras vidas. Se alguém atualmente usufrui alegria, paz e ventura, apenas goza o efeito cármico das boas sementes lançadas alhures; se lhe dominam a dor, a amargura e as vicissitudes repontam em sua existência, não deve culpar a Deus, nem a qualquer “destino” injusto e fatídico inventado por outrem, pois, de qualquer modo, só estará ceifando o resultado do plantio descuidado do passado!

As regras inflexíveis de que “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória” e a de que “a cada um será dado conforme as suas obras”, não abrem exceções a quem quer que seja, mas ajustam todas as criaturas à disciplina coletiva, tão necessária ao equilíbrio e harmonia da humanidade do orbe terráqueo.

O Carma, como lei imutável, aliada à de lei de Causa e Efeito, rege todo o processo de vida cósmica. É a própria pulsação harmônica do Criador manifestando-se tanto na composição dos astros como no

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aglomerado dos elétrons constituintes dos átomos. Cada orbe e cada elétron ajusta-se perfeitamente a esse ritmo eterno e de aperfeiçoamento sideral, conjugando-se para a harmonia do Cosmo.

Há um entrosamento cósmico de ação e reação em todo o Cosmo!

Assim é que a Terra, movendo-se e consolidando-se sob a regência disciplinadora do seu Carma, só se aperfeiçoa em harmonia com o Carma da Constelação Solar a que pertence; mas esta, por sua vez, liga-se ao Carma de sua Galáxia, a Via Láctea, que também se submete ao Carma das demais Galáxias, dependentes do Carma dos Hemisférios Cósmicos.

O globo terrestre está submetido ao metabolismo cármico de todo o sistema visível ou invisível do Cosmo; há uma rota definida e um ritmo ascensional, que o impulsionam para condições cada vez mais progressistas no cortejo planetário do seu sistema solar.

Justamente devido à regência dessa Lei Cármica, que atua no sistema solar a que pertence a Terra, é que em certas épocas determinadas para a consolidação de sua massa planetária e o reajustamento de sua humanidade, se registram as seqüências dos “juízos finais” corretivos, conforme atualmente já está sucedendo como o planeta.

Realmente a Terra já suportou muitos “juízos” parciais, sofrendo efeitos cármicos que reajustaram a sua massa e modificaram certas regiões e zonas geográficas, em perfeita concomitância com a necessária retificação de uma parte de sua humanidade, que, como viajeira da nave terrestre, também se encontra sujeita ao seu Carma planetário.

Como a humanidade terrena ainda é composta de espíritos necessitados de experimentações em planetas primários, eles tendem a se ajustar ao campo magnético da substância terráquea, assim como o barro se ajusta à vontade do oleiro diligente.

A Terra, como divina escola de educação espiritual, não se revolta contra o aluno que tenta reparar o curso perdido, embora, para isso, tenha que repetir novamente as lições atrasadas. A Terra, além de ajudar a sua humanidade a desenvolver o sentido direcional da consciência, contribui para que seus habitantes se livrem definitivamente das algemas das encarnações físicas.

O orbe terráqueo, com as suas seduções transitórias, simboliza o mundo de César, onde a alma, quanto mais se apega mais se enleia sob a disciplina implacável do seu próprio Carma.

Em vez de lamentar o rigor e a inflexibilidade da lei Cármica, que opera no campo letárgico das formas terráqueas, o espírito diligente e sábio deve entregar-se a uma vida de renúncia a todos os tesouros transitórios da matéria e devotar-se incondicionalmente ao culto do amor ao próximo, a fim de mais cedo se transladar para o mundo angélico, que será sua definitiva morada.

A lei do Carma não pune, mas reajusta!

Malgrado a ação inflexível da lei do Carma sobre as almas em trânsito pelos mundos materiais pareça uma lei draconiana ou processo corretivo severo demais, como a da implacável lei do “olho por olho e dente por dente”, em que a causa equívoca mais diminuta também gera um efeito milimetricamente responsável, tudo isto se sucede sempre objetivando a felicidade do espírito e o mais breve desenvolvimento de sua consciência angélica.

O Carma é, portanto, a lei benfeitora que indica o caminho certo ao viajante despreocupado ou teimoso, corrigindo-lhe os passos titubeantes e os desvios perigosos, a fim de ajustá-lo mais depressa à sua ventura

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imortal. A humanidade terrena já se encontra suficientemente esclarecida para compreender que o seu sofrimento decorre, em particular, das suas infrações contra a Lei que justamente opera em seu favor!

Uma vez que Jesus já deixou elevados ensinamentos, que marcam o roteiro para o homem viver em perfeita harmonia com a Lei Cármica e que regulam o equilíbrio da vida e da ascensão angélica, jamais se justificam as reclamações humanas sob o pretexto de qualquer injustiça divina! Mesmo entre a humanidade terrena, a ignorância da Lei não é motivo para o infrator se eximir de sua responsabilidade.

Deus não é um cérebro atento e implacável que intervem punitivamente a cada momento em que alguém se equivoca. O pagamento do “ceitil por ceitil” é efetuado automaticamente pelo próprio espírito faltoso e, se a isso ele se sujeita, é porque costuma entrar em conflito com as regras que dirigem a sua própria ascensão espiritual.

Então, ele há de sofrer a ação contrária, da Lei, assim como a criança que queima a mão no fogo, não porque este seja vingativo e a castigue, mas apenas porque é um elemento comburente.

Deus não cataloga ofensas praticadas por seus filhos, assim como não concede condecorações àqueles que o lisonjeiam constantemente.

Ele apenas estabeleceu leis equânimes e sábias, que agem sob a égide do próprio homem e arrebatam os retardatários, os rebeldes e os teimosos que ainda estacionam à margem dos caminhos da vida ilusória da forma, ajustando-os novamente ao curso exato de sua ventura espiritual.

A própria criatura é que se coloca diante de sua obra, devendo auferir-lhe os benefícios ou sofrer os prejuízos conforme disponha de sua vontade no sentido do bem e do mal.

Mesmo considerando-se como severa e condenável a lei do “olho por olho, dente por dente”, convém notar que o sentido exato dessa sentença punitiva só se entende como a responsabilidade da própria alma para consigo mesma pois, se o conceito é draconiano, nada mais estabelece senão que qualquer ação boa ou má, praticada pela alma, há de produzir-lhe uma reação ou efeito perfeitamente correspondente à sua causa!

Todo aquele que pratica somente ações benéficas terá como inócua para si essa lei tão severa que, semelhante à de que “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, também só diz respeito ao cuidado da alma para consigo mesma, e não para com o próximo.

3. ATUAÇÃO DO CARMA SOBRE AS CRIATURAS

A Lei de Moisés, lei vingativa em que era lícita a desforra do “dente por dente, e olho por olho”, não significa um princípio ou regra cármica, pois era apenas uma regra humana modelada para se conter um povo cujo temperamento e entendimento espiritual ainda eram rudimentares, e nada mais concebiam do que o mesmo pagamento igual delito!

A fim de controlar o primarismo brutal da época, em que as paixões e as violências humanas não podiam ser disciplinadas pelas exortações religiosas de acenos do Paraíso, Moisés estabeleceu e decretou a lei do “olho por olho e dente por dente”, procurando diminuir crimes e pilhagens ante o direito da vítima de também punir o seu algoz ou desafeto, tanto quanto tenha sido o mal praticado.

Mas entre o princípio e o direito do homem ser o próprio justiceiro dos prejuízos sofridos, capaz de exorbitar dessa concessão e punir um delito menor com outro crime mais cruel, justifica-se a Lei do Carma, implacável, justa e impessoal, que, além de indenizar a vítima, corrige e redime o criminoso.

Sob a lei pessoal de “olho por olho e dente por dente”, o homem agraciado pelo direito de punir, pode abusar da desforra ultrapassando sadicamente o montante do débito da cobrança; mas sob a Lei do Carma, em sua função técnica e impessoal, a liquidação da dívida pregressa ainda proporciona investimentos benfeitores para o futuro do próprio culpado! .

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A Lei do Carma não é bem a lei do “olho por olho e dente por dente”, como geralmente se entende, pela qual um fato delituoso terá que gerar outro fato idêntico e pagável pelo culpado.

A solução do problema moral de cada alma é para consigo mesma e não para com a Lei, pois esta não cria acontecimentos iguais aos anteriores para, através deles, se cumprir a punição!

Não seria justo que o delito de um homem em certa existência obrigasse a Lei a criar um acontecimento criminoso no futuro, para que o culpado se ajustasse ao mesmo na próxima encarnação.

A Lei Cármica não promove, por exemplo, a reencarnação de um assassino do passado de modo a que venha a morrer de propósito nas mãos de outro impiedoso assassino, pois isso faria supor, sem dúvida, que alguém se transformaria fatalmente em homicida para que fosse cumprido o seu destino trágico!

Na verdade, a Lei Cármica o situa num meio onde haja maiores probabilidades de ele ser vítima de violências, quer por se encontrar entre maior número de homicidas em potencial, quer por se achar ligado a adversários vingativos, que tenham sido suas vítimas no pretérito.

Nesse exemplo, o assassino do passado não se defronta com um destino implacável a confeccionar novos homicidas para que se tornem instrumentos cármicos punitivos das infrações do passado. A Lei apenas aproxima adversários que se unem dentro de suas próprias afinidades e tendências espirituais, por cujo motivo terminam punindo-se entre si, ainda sob a lei de que “os semelhantes curam os semelhantes”.

4. OS ENSINAMENTOS DE JESUS SOBRE A LEI DO CARMA

Jesus, em suas advertências e admoestações evangélicas, também se referiu a essa “causa” e “efeito”, que é a engrenagem do Carma. O Divino Mestre, como abalizado instrutor espiritual, conhecia perfeitamente o mecanismo e a razão da Lei do Carma, que preside e disciplina o destino dos espíritos encarnados.

Sem dúvida, ele não podia expor claramente o mecanismo cármico ao povo de sua época, em face do primarismo dos seus conterrâneos e, sobretudo, para não contrariar os dogmas do Judaísmo, que não tardaria em protestar contra tal ensino inusitado. Mas esse conhecimento pode ser identificado em sua obra através de símbolos e parábolas, bastando examinar a sua conceituação evangélica. Os conceitos evangélicos de:

“quem com ferro fere, com ferro será ferido”;

“a cada um será dado segundo as suas obras”;

“o homem pagará até o último ceitil”.

... são princípios insofismáveis da Lei do Carma, tanto quanto os aforismos e ditos populares, neste particular, que advertem: “quem semeia ventos, colhe tempestades”, ou, “o mal que se planta à noite, colhe-se de dia!”

Assim, quando Jesus aconselhava que o maior dos mandamentos é o “ama ao próximo como a ti mesmo”, e também “faze aos outros o que queres que te façam”, a sua intenção era realmente orientar o homem para evitar um “mau futuro”, libertando-se da severidade do Carma inflexível e da imantação às superfícies dos orbes físicos.

Malgrado a sua expressão de ensino moral ou de advertência espiritual, o conceito expresso por Jesus de “cada um colhe o que semeia” é uma lei científica. Além da conceituação moral dos ensinamentos do Mestre Jesus, há também o fundamento derivado das próprias leis do Universo!

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Jesus não foi apenas um instrutor espiritual, sociólogo ou expositor de um “Código Moral”, mas, acima de tudo, um avançado espírito que já tinha sintetizado num único conceito, os demais conceitos de filosofia, ciência e religião.

Sem dúvida, o conceito de Jesus de “cada um colhe o que semeia”, em equivalência com outras máximas, como “a cada um será dado segundo as suas obras”, “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, ou ainda “pagarás até o último ceitil”, evidenciam a presença de um princípio legislativo de “causa e efeito”, que decorre da própria Lei Única de “ação e reação” do Cosmo.

5. MECANISMO DA AÇÃO DO CARMA SOBRE O HOMEM

O conceito de que se deve “colher conforme a semeadura” demonstra a existência de leis disciplinadoras e coordenadoras, que devem proporcionar o resultado efetual conforme a natureza e intensidade da causa fundamental.

Evidentemente, quem semeia “cactos” jamais há de colher “morangos”, assim como quem movimenta uma causa funesta também há de lhe suceder um resultado igualmente funesto! O efeito destrutivo de um projétil depende exatamente do tipo e da intensidade da força que o impeliu.

Todas as causas ocorridas no mundo material agrupam, atritam e movimentam elétrons, átomos e moléculas de substância física. Da mesma forma, quando o homem mobiliza e gasta combustível espesso, lodoso e quase físico do mundo astralino, para então vitalizar as suas atividades mentais inferiores, ele se torna o centro da eclosão de tais acontecimentos negativos e censuráveis, porque deve sofrer em si mesmo o efeito nocivo e danoso da carga patológica acionada imprudentemente.

Mas, se ele eleva o seu campo mental e emotivo vibratório à freqüência mais sutil, a fim de utilizar energia superior para nutrir bons pensamentos e sentimentos, esse combustível sublimado então se metaboliza no perispírito sem deixar resíduos enfermiços.

Após a desencarnação, o espírito densificado pelo fluido espesso é atraído pela sua compacidade astrofísica e cai nas regiões astralinas purificadoras, vitimado pela própria atuação danosa aos outros, e, sobretudo, a si mesmo.

O homem movimenta forças em todos os planos da vida, desde a mais sutil vibração de onda do reino espiritual, até atingir a compacidade do mundo físico. Assim, o mínimo pensamento e a mais sutil emoção do espírito encarnado, pela sua conexão ao corpo físico, exige o gasto energético proporcional à intensidade e natureza das emissões mentais e ações emotivas, que repercutem plano por plano, até atingir o campo da vida material.

De um modo geral, este conceito tem o seu equivalente nas conhecidas leis de reflexão da luz, do som, cujo nome transcendental é a Lei do Retorno, bastante conhecida no processo cármico e atuação no ciclo das encarnações!

Quando o artista pensa em pintar um quadro de rosas na sua mais bela florescência, essa ideação é real em sua mente porque a tela florida em projeto só se delineia mentalmente graças à rapidíssima aglutinação de elétrons e átomos específicos, para comporem os polipeptídios básicos da memória do cérebro físico, com transformações energéticas para o espírito modelar o pensamento.

O certo é que na mente física há modificações, com perda e ganho de energia, para sustentar e evoluir a idéia fundamental da futura pintura física, que então será visível aos sentidos humanos. Em verdade, a tela reproduz tão somente a “materialização”, à luz do dia, daquilo que já existia vivo no campo mental do pintor.

No mundo das idéias tudo é real e possível num plano superior, graças ao eletromagnetismo dos átomos e das moléculas, que, apesar de sua elasticidade e instabilidade, aglutinam-se nas substâncias mais variadas sob o comando do espírito, assim como se fixam as tintas na tela física!

Em conseqüência, é a manifestação ideal do espírito, superior e mais real do que a do corpo carnal, que é transitório, porquanto tudo o que é pensado registra-se no campo etérico do Universo por toda a eternidade, através dos assim chamados “registros akáshicos“.

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Desde que todos os pensamentos, atos e fatos são gravados na superfície do tempo e do espaço, o indivíduo pode, através da meditação, desenvolver a arte de sintonizar esses registros akáshicos, quase da mesma maneira como se pode reproduzir velhas fitas magnéticas gravadas.

Considerando-se que a vida espiritual é a original e definitiva, obviamente são mais definidos, vitais e positivos os planos intermediários, que vinculam a entidade sideral à matéria, no chamado “descenso vibratório”.Assim, o plano espiritual é o mais real e importante e, em seguida, o plano mental, onde o espírito corporifica primeiramente o seu pensamento e, sucessivamente, os planos astral da emoção e sentimento, o etérico da vitalidade e usina da vida física, e o carnal, que é justamente o mais inferior e transitório!

Quanto o homem pratica um ato pacífico ou produtivo em favorecimento do próximo, ele apenas revela em público e através das diversas fases ou escalas descendentes que separam o espírito da matéria, o que realmente se sucedeu de modo positivo no seu mundo mental, e conseqüente repercussão na esfera do sentimento.

Não é o ato puramente físico que lhe retrata a boa obra ou bondade interior, mas tal sentimento foi acionado primeiramente no campo definitivo da mente, isto é, da principal instrumentação do espírito imortal.

Assim, a seqüência é perfeitamente científica e disciplinada num prosseguimento matemático, que opera gradativamente em cada plano da manifestação do espírito. A prática da mais singela virtude no mundo físico movimenta cientificamente leis de controle criativo em todos os planos ou campos da vida etérea, astral, mental, e mesmo espiritual.

Tal processo lembra rudimentarmente a nuvem invisível de vapor d’água, que pouco a pouco se condensa sob condições adequadas de temperatura e pressão que regem os princípios da Física. Isso acontece desde o plano imponderável até formar a mesma nuvem que, em suspenso e pejada de líquido, daí por diante e pelo aumento de peso, sofre mais intensamente os efeitos gravitacionais do mundo físico, até se transformar na nuvem benfeitora!

Sob o sol mais rutilante e o céu mais límpido e mais azul, a tempestade gera-se gradativamente, até eclodir impressionando os sentidos físicos do homem! Mas isso só acontece depois de obedecer às leis e aos princípios imperceptíveis aos sentidos humanos!

O carma do homem funciona também sob seqüências científicas e específicas a cada caso, que abrangem desde a sua natureza espiritual e moral até a sua atividade física.

Deus não patrocina nem administra propositadamente nenhuma instituição punitiva ou departamento específico de correção espiritual. Em verdade, toda conseqüência ou efeito desagradável, trágico, doloroso e infeliz do homem é sempre fruto do seu descaso aos ensinamentos e às advertências dos Instrutores Espirituais. A sua violência ou rebeldia aos princípios salutares e evolutivos decorrentes da Lei Maior, que regula o equilíbrio, harmonia e coesão do Cosmo, é que então produzem as conseqüências indesejáveis futuras.

Ninguém é castigado porque “peca”, assim como ninguém é premiado porque é “virtuoso”, mas todo desvio do ritmo eletivo e da ascensão do ser espiritual resulta em atrito e reação retificadora da entidade imortal existente em cada ser.

O estado de erro é vitalizado pelo consumo de energias de baixa vibração, porque são forças oriundas do reino animal primário e que sustentam o campo instintivo inferior! Após o gasto do combustível primário, então resta a fuligem aderida ao perispírito, que é resultante da movimentação dos desejos inferiores ou da violência mental e astral do homem!

Quando o homem enxerga um terno de linho branco, convêm-lhe distanciar-se da proximidade de ambientes graxosos, a fim de evitar uma possível poluição; no entanto, a mesma graxa, que pode ser um

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“pecado” ou nódoa no terno de linho branco do turista, é louvável “virtude” como um símbolo de labor no macacão do mecânico diligente!

A virtude e o pecado refletem apenas cada coisa no seu lugar certo, e cada ação visando um efeito útil no seu devido tempo e necessidade circunstancial.

O que já foi virtude, como glória e consagração para a tribo de antropófagos, que devorava a carne do guerreiro vencido e valente para herdar-lhe o heroísmo, hoje é um pecado ignominioso e crime à luz da civilização!A virtude de ontem pode ser reprovada hoje, assim como o fato do homem do presente século ainda devorar um frango assado, em virtude das famigeradas proteínas, há de ser um fato censurável se ocorrer no seio de humanidades evoluídas de outros planetas, que se alimentam exclusivamente de frutas e legumes.

Em face dos acontecimentos dolorosos e indesejáveis que ocorrem na vida humana, os reencarnacionistas afirmam que as criaturas em sofrimento físico ou moral estão “pagando dívidas”, ou “sofrendo o seu carma” passado.

Na realidade, o espírito sofre em si mesmo o efeito censurável que movimentou no passado, quando contrariou, violentou ou desprezou o ritmo disciplinado e criativo em que as leis menores, derivadas da Lei Única, governam a vida em todos os planos e campos da sua manifestação.

Eis o motivo por que o Evangelho do Cristo, com seus princípios e conceitos de aperfeiçoamento do deusinho em miniatura que é o homem, também é a síntese “micro-organograma” da Lei Suprema do Macrocosmo!

A Lei do Carma, que controla a “ação” e a “reação” do Cosmo, diversifica-se em leis e princípios menores, que determinam e disciplinam o movimento e a função das galáxias, constelações e orbes, de modo a existir o perfeito equilíbrio e harmonia universal.

Em rude analogia, caso o planeta Marte se revelasse contra essa Lei, pretendendo mudar a sua trajetória ou decidir-se por uma vivência planetária isolada, ele sofreria de imediato o impacto vigoroso e um efeito catastrófico corretivo, resultante da ação da Lei Única agindo através das leis menores.

Seria penas uma correção técnica sideral, jamais uma punição divina, em que a legislação cósmica apenas evitaria maior catástrofe, repondo no rumo certo o orbe desgarrado do equilíbrio planetário.

Em sua natureza disciplinadora, a Lei do Carma evita prejuízos indevidos e deformações no progresso incessante nas coisas e seres, adotando, de imediato, as providências que se fazem carentes no sentido de permanecer a harmonia da manifestação criativa da vida.

É de advertência cármica que quem se isola será isolado, quem destrói sofrerá a destruição, quem calunia será caluniado, quem menospreza será menosprezado, “quem com ferro fere com ferro será ferido”, “quem semeia ventos colhe tempestades”!

É o perfeito entrosamento funcional da ação e reação equivalentes, como lei que regula o efeito à causa em qualquer condição de vida ou latitude do Universo. Em suma, é assim que atua o processo do “Carma” nessa motivação científica e independente de castigo, mas que constrange os espíritos faltosos à retificação compulsória.

Desde que a legislação cármica é educativa, e não propriamente uma resolução punitiva, mas apenas uma decorrência de ações científicas, esse dispositivo científico pode produzir efeitos morais corretivos, provenientes de causas morais censuráveis!

Por exemplo, o homem que se compromete conscientemente a sustentar e amparar a esposa e seus filhos, pratica uma crueldade ou ato moral censurável quando os abandona, obcecado por outra paixão irregular, ou mergulha no vício, transformando-se num marginal improdutivo.

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Mas sob o cientificismo das leis criativas e disciplinadoras de cada plano de vida em ação nos diferentes estados energéticos, cada vez mais densos, o homem, para concretizar o ato imoral de abandonar a esposa e filhos, gasta energia mental, astral e etérea, consumidas nos diversos planos equivalentes, até se materializar no fato físico do “abandono” à família.

É evidente que, antes, gera-se no espírito do homem a vontade ou decisão dele abandonar a família e, secundariamente, isso adquire forma e força pelo revestimento energético no corpo mental, incorporando-se na condição de prazer ou alívio no corpo astral dos desejos e sentimentos, para depois ser vitalizado no campo do duplo etérico, que é o intermediário entre o perispírito e o organismo carnal.

Conseqüentemente, para que se efetue o simples ato de fuga do homem aos deveres conjugais e paternos, movimenta-se um processo científico e gradativo, desde a matriz do seu Espírito, sediado no plano espiritual, cuja idéia “imoral” impregna-se de energia mental, e, no seu prosseguimento subdinâmico para baixo, deve revestir-se da energia astralina e revestir-se no campo das emoções!

Finalmente, já no limiar do mundo físico, a idéia do abandono censurável projetado pelo Espírito, dinamizada mental e astralmente, então se vitaliza pela energia “etéreo-física” do plano intermediário que liga o mundo oculto e o físico, até se reproduzir “materialmente” num ato censurável, sob as leis e a moral do mundo físico.

Em tal caso, o homem faltoso incorreu num ato “pecaminoso” porque se serviu maldosamente das forças criativas da vida correta e vinculada pelo amor, como são as energias mentais, astralinas e etéricas, para vivificar, sob a supervisão divina, a sua união a outros seres, traindo depois os vínculos de amparo e responsabilidade. Usou energias de todos esses planos para cometer um ato irregular ao trair os votos conjugais; a fim de praticar um ato “imoral”, mobilizou científica e tecnicamente as forças criativas do próprio Cosmo!

Em conseqüência, ficou culpado, sob a Lei Cármica, de todos esses planos, cabendo-lhe corrigir o desvio praticado no mau uso das forças arregimentadas num ato irregular no mundo físico, e que fará num processo retroativo de compensação energética.

As causas perturbadoras, geradas pelo homem imoral nos diversos planos da vida oculta que vinculam o espírito à matéria, também hão de gerar-lhe efeitos idênticos e perturbadores no momento de sua retificação cármica.

Sob o julgamento humano e os preconceitos sociais do mundo, o abandono da família é tachado como ato censurável ou acontecimento exclusivamente punível na esfera da ética humana. É apenas a atitude censurável e comum de um pai de família que abandona o lar por vício, vagabundagem ou aventuras ilícitas pecaminosas, onerando o equilíbrio social e agravando a economia coletiva.

Mas para a Lei do Carma humano, que se deriva intimamente da Lei Cármica do Cosmo, sob o mesmo ritmo e a pulsação energética de que “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”, ela abrange toda escala da perturbação, que decorre desde o mundo oculto, e altera a estabilidade do ritmo, equilíbrio e harmonia, em todos os planos subseqüentes.

Há uma correção científica desde a atividade espiritual até a atividade física, que gera um efeito disciplinador moral, partindo de uma causa científica.

A intenção fundamental da Lei perturbada é indenizar vibratoriamente todas as deformações ocorridas, e ajustar o equilíbrio e a harmonia, que são violentadas nos vários setores de sua ação e reação.

E sob a própria lei do bom senso, serve-se do próprio autor nocivo para ele próprio reajustar o ritmo perturbado na seqüência da reação, e equilibra a ação que foi alterada!

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5. A Lei do Carma 10

6. O CARMA FUNDAMENTAL DO ESPÍRITO

Carma fundamental de um espírito é a condição a que ele fica subjugado, inapelavelmente, sob um destino determinado pela natureza do próprio planeta, ou meio onde deve efetuar a sua nova experiência espiritual.

Embora o espírito reencarnante possa ser de alto gabarito espiritual, ou então apenas um tipo primário, pouco importa se ele merece ou não renascer em tal ambiente, pois ficará inapelavelmente sujeito às injunções naturais e próprias do orbe onde tiver de habitar.Assim, por exemplo, um campeão de natação, nem por isso fica livre das más conseqüências de nadar num rio infestado de jacarés, bem como um espírito santificado terá de sofrer as injunções do clima, da pressão, da instabilidade geológica e do solo geográfico do planeta onde ele tiver de se encarnar.

Seria bastante absurda a exigência de se modificar de imediato a composição geofísica de certo orbe só porque lá se encarnou determinado espírito, cuja graduação espiritual não aprova tal ambiente onde deve viver!

Assim, há muita diferença entre o “carma fundamental” do espírito que se encarna em Marte, cujo planeta agradável, tranqüilo e saudável, devido ao fácil controle climático e topográfico conseguido pelos marcianos, então proporciona existência física venturosa, quando comparado à natureza hostil e instável da Terra!

O Planeta Terra, devido à sua instabilidade geológica, natureza agressiva e rude, moradia de humanidade primária, daninha, violenta, cruel, vingativa e destruidora, qualquer que seja o grau evolutivo e a sensibilidade do espírito superior ali encarnado, jamais poderá fugir das conseqüências “naturais” e próprias do meio primário onde precisa ou decidiu-se por habitar.

Em conseqüência, quer o espírito seja mau ou bom, sadio ou enfermo, ignorante ou sábio, o seu “carma fundamental” deriva-se intrinsecamente da natureza e reação de cenário físico que lhe emoldura a vivência humana.

Daí o motivo por que um espírito do quilate de um Francisco de Assis, que era absoluta renúncia, ou mesmo de Jesus, sacrificado até a última gota de sangue pelo seu amor aos homens, ainda sofrem mais do que o homem comum terrícola, porque este se defende com unhas e dentes pela melhor sobrevivência e não alimenta os escrúpulos e a tolerância das almas sublimes.

Malgrado o seu elevado gabarito sideral, os santos não podem se livrar da agressividade da natureza primária de um planeta como é a Terra, nem da ferocidade dos seus habitantes, recém-saídos das cavernas da idade da pedra e que só entendem as especulações do mundo de César, mas descrêem da fantasiosa e duvidosa felicidade do “Reino de Deus”!

Obviamente, Jesus não deve ter padecido na Terra efeito cármico de ter promovido uma crucificação no pretérito, mas, para ele ministrar o “Código Moral” do Evangelho aos alunos terrícolas, obrigou-se, conscientemente, a sofrer as injunções da escola primária em que viera lecionar, cujos alunos primários e rebeldes, daninhos, desrespeitosos e cruéis, então o crucificaram, dominados pela sua irresponsabilidade espiritual.

Num mundo de natureza agressiva, próprio dos seres ferozes e impiedosos, tanto quanto mais delicado for o homem, mais facilmente ele será ferido pelo impacto violento e destruidor do meio.

Há o carma do indivíduo, e depois o carma da família, que se constitui na soma do ativo e do passivo de todos os espíritos ali congregados para compor o grupo doméstico. Igualmente, há o carma de uma cidade, que compreende o carma dos membros de todas as famílias aí residentes.

A soma do carma das cidades então é a do país, e a soma do carma de todos os países é o resultante do continente, e finalmente a soma de todos os continentes é a do próprio orbe!

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Considerando-se os vários tipos de planetas do sistema solar e as suas funções como orbes educativos primários, ginasiais, secundários ou acadêmicos, a Terra é um mundo de carma bem mais rude do que Marte, que lhe é um grau sideral superior.

A base fundamental do tipo de carma de cada espírito reside especificamente nas condições mesológicas do próprio planeta onde é chamado a residir ou renascer.

Só pelo fato de qualquer espírito reencarnar-se na Terra, ele só fica condicionado a um carma mais doloroso, por ser um orbe de natureza hostil e primária, portanto mais desventurado do que outro espírito que renasce em Marte, cujo planeta é mais sublimado do que o mundo terreno!Em relação aos valores cármicos escalonados em cada planeta, a Terra é considerada um planeta mais inóspito e carmicamente inferior porque é uma escola de educação espiritual ainda primária, portanto um planeta de carma sobretudo corretivo, ou seja, de finalidade purificadora.

É um orbe de natureza física instável, sujeito às inundações, tufões, secas, frio e calor extremos; suas florestas são povoadas de insetos, répteis de toda sorte, de animais perigosos e selvagens, enquanto todo o meio ainda é poluído de germes patogênicos nas imensas regiões pantanosas, ou de depósitos de detritos humanos, provocando o envenenamento químico do próprio ar na evasão de gases nauseabundos.

Em conseqüência, geram-se epidemias mortais ou de efeitos deformantes, com proliferação de vírus e ultravírus, além dos intempestivos acidentes geográficos, que não permitem uma vivência de absoluta tranqüilidade.

Na sua composição primária, e para efeito de polimento espiritual, os vulcões são verdadeiras válvulas de pressão da massa ígnea interna, e geram tragédias lamentáveis entre os povos, cujos espíritos muito endividados situam-se justamente nas áreas vulcânicas ou de instabilidade geológica.

Assim como as escolas primárias do mundo são destinadas aos alunos incipientes, analfabetos e rudes, o planeta Terra é o lar físico de espíritos primários, defeituosos e rebeldes, cujo conteúdo psíquico, ainda bruto como o diamante extraído do solo, principia o ser desbastado para a louvável escultura do futuro brilhante espiritual!

O Alto seria bastante incoerente, caso povoasse a Terra, que é um curso primário espiritual, com entidades de alto gabarito e de melhor freqüência sideral.

Assim como a lixa amacia a madeira do tampo da mesa rústica, o ácido limpa a vidraça gordurosa, ou o calor apura o ferro até a condição louvável de aço mais resistente, um planeta como a Terra serve para desbastar as arestas grosseiras dos espíritos aí encarnados e prepara-los para outras vivências mais sublimes!

Um planeta primário, como a Terra, cuja estrutura geológica instável oferece pouco conforto no seu ambiente físico, só pode servir de palco ou moradia educativa para espíritos de características psíquicas primárias ou deficientes, ainda necessitados de corretivos redentores, como as intempéries, as mudanças climáticas e os cataclismos geológicos.

Entretanto, ao aluno diligente, estudioso e responsável, que verifica em nada poder contribuir para modificar a escola primária e elevar a conduta dos seus colegas, só lhe resta uma decisão: devotar-se, paciente e integralmente ao estudo libertador, e promover-se o mais cedo e eficientemente possível em seus exames, a fim de se desligar da escola tão rude e tão eletiva apenas aos alunos daninhos, irresponsáveis e rebeldes.

O mesmo cabe ao espírito encarnado na Terra, cumprir disciplinada e devotadamente as lições para a sua mais breve libertação do jugo desconfortável da matéria, atendendo ao convite do Cristo, que assim

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adverte: “a cada um será dado segundo as suas obras”, mas acrescenta: “quem quiser alcançar o reino dos céus, apanhe a sua cruz e siga-me”.

7. O CARMA COLETIVO DA FAMÍLIA

Considerando-se que o conceito de “cada um colhe o que semeia” é um princípio da Lei do Carma, constata-se que não é uma aberração os espíritos se encarnarem na Terra já estigmatizados por destinos fatalistas, que lhes cerceiam o livre arbítrio.

Embora cada espírito deva renascer na vida física com o seu programa previamente esquematizado pela Administração Sideral da Terra, isso também se conjuga ao carma da raça e ao carma do próprio planeta de provas.

Há o carma individual do espírito reencarnante, que se conjuga ao carma da família em que ele ingressa, e inclusive ao carma do povo ou da raça de que ele vai participar.

É uma conjugação perfeita de valores positivos e negativos, que não podem exorbitar das regras e dos princípios disciplinadores da Lei do Cosmo, no esquema corretivo e indenizador das coletividades e dos indivíduos em suas inter-relações pessoais.

A família terrena é constituída por espíritos dos mais variados tipos e graus evolutivos, os quais se digladiam há milênios no curso das vidas humanas, sujeitos ao carma coletivo do próprio conjunto familiar espiritual, povo, raça e da própria humanidade na sua eleição planetária.

Sob a vestimenta carnal dos mesmos ascendentes biológicos, disfarçam-se espíritos amigos e inimigos, vítimas e algozes, credores e devedores, que ali se aproximam e se ajustam, sob a condição contemporizadora e convencional do lar humano!

No seio da mesma família terrena, tanto vivem os espíritos amigos e unidos pelo amor, assim como as almas inimigas e adversas imantadas pelo próprio ódio que geraram no passado!

Durante o treino afetivo e os interesses em comum que unem os membros da mesma família, amainam-se ódios pregressos e cessam os impulsos irascíveis, e que ainda ficam mais fortalecidos pelo sentimento da partida para o Além!

Afora de sua retificação individual, cada espírito encarnado ainda fica na dependência da correção do conjunto dos espíritos afins, cuja família é também uma espécie de membro de cada povo e raça, e, conseqüentemente da própria humanidade terrícola, compondo a síntese do Carma da próprio orbe onde vivem!

Sob dores, sofrimentos, necessidades econômicas, vicissitudes morais e dramas de família, os espíritos reunidos pelo mesmo tipo de delitos, culpas e dívidas cármicas então precisam amparar-se contra a agressividade do mundo exterior enquanto isso os ameniza em suas próprias mágoas e ressentimentos recíprocos do passado!

Ademais, as alegrias e os sucessos dos membros da mesma família, quando se projetam nas esferas artística, política, social, intelectual ou mesmo desportiva, carreiam louvores e exaltações que lembram indenizações dos maus entendimentos pregressos.

A euforia do conjunto, uma vez que a ventura de um familiar também se reflete no todo da parentela, aumenta a satisfação recíproca e extingue de forma mais breve as animosidades cármicas pregressas.

Em face de cada família terrena se compor pela afinidade espiritual, atração e simpatia pelo afeto recíproco do passado, ou então sob a injunção cármica de dívidas e culpas, existem famílias tradicionalmente felizes,

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as quais passam pelo mundo deixando um rastro de júbilo, sucesso e venturas por parte de todos os seus componentes.

No entanto, outras famílias carregam certo estigma doloroso, uma atmosfera trágica desde a sua formação, que surpreende a própria história.

Há famílias totalmente agressivas, egocêntricas, degeneradas, inescrupulosas, vingativas, perversas, trágicas ou desventuradas, cujos membros e descendentes findam suas vidas sob o mesmo tipo de carma que os estigmatiza em conseqüência de vidas anteriores.

Aliás, verifica-se, também que, em certas famílias, os seus membros extinguem-se sob um mesmo tipo de enfermidade, desde a tuberculose, lepra, cânceres ou forma de aleijamento, surdez, perturbações mentais, que surpreendem os próprios médicos, uma vez que há falecimento da maioria por moléstia idêntica e não contagiosa, ou mesmo hereditária, cuja explicação científica induz alguma predisposição atávica, mas na realidade é carma coletivo!

A Lei Cármica reúne sob a mesma vestimenta carnal e influenciados pelos mesmos ascendentes biológicos, espíritos afins, por força de culpas, deslizes, dívidas e mazelas semelhantes, compondo estigmas trágicos sob a dependência da mesma indenização espiritual pretérita.

São exemplos de agrupamentos de espíritos afins às provas semelhantes na mesma família, quanto à natureza das culpas ou pecados de vidas anteriores:

EXEMPLO DA SITUAÇÃO CÁRMICA: CAUSA PRETÉRITA:

Família cujos membros sofrem acidentes ou se extinguem sob armas de fogo, às vezes de modo surpreendente, morrendo aparentemente sem culpa, atingidas por uma bala sem rumo ou ao examinar uma pistola ou fuzil.

Trata-se de um conjunto de espíritos em prova semelhante, provavelmente de ex-caçadores que no passado se divertiam em acabar com os animais nas florestas.

Vários componentes de um agrupamento familiar coincidem em morrer de câncer; isso constitui um enigma para a ciência profana.

Geralmente são comparsas que operaram em desfavor do próximo por ações negativas de magia, maledicência, calúnias, prejuízos ou extrema inveja.

Descendentes de uma certa família desencarnam por afogamento.

Cumpriram o carma de pirataria, quando lançavam ao mar os tripulantes dos barcos apreendidos.

Pais infelizes curtem a desdita angustiosa de só gerarem filhos retardados, mongólicos, hidrocéfalos ou esquizofrênicos.

Foram responsáveis por induzir ao vício da cocaína, morfina ou ópio os espíritos dos seus próprios descendentes atuais.

8. A AÇÃO CÁRMICA PLANETÁRIA: DETERMINISMO x LIVRE ARBÍTRIO

Enquanto a humanidade ignorar o conceito evangélico de que “a cada um será dado segundo suas obras”, jamais o homem alcançará a ventura de uma existência tranqüila.

Sob a regência do “livre arbítrio”, que permite ao espírito organizar a sua vivência nos mundos físicos, ele ainda fica enquadrado no esquema retificador do seu carma, o qual, sem dúvida, foi também uma causa que termina por reduzir a própria ação desse livre arbítrio.

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O espírito deve sempre pesar e balancear quais serão os prejuízos que poderá causar ao próximo toda vez que se movimentar para atender a satisfação das próprias necessidades e prazeres.

Sob o conceito de senso comum, em que “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”, o homem deve medir rigorosamente o efeito dos seus passos na senda humana, porquanto “há de pagar até o último ceitil”, toda culpa ou prejuízo causado a outrem.

Apesar do terrícola sofrer as limitações impostas pelo determinismo cármico do planeta Terra, o exercício do livre arbítrio vai muito além do que se pensa, porquanto ele já é uma vontade espiritual definida e superior ao próprio orbe que habita!

A diferença principal entre a ação do determinismo cármico planetário e o exercício do livre arbítrio individual está em que o terrícola deve assumir a responsabilidade de todos os seus atos, sejam bons ou maus!

O corpo material do planeta Terra representa a vestimenta exterior do seu Arcanjo Planetário, que em espírito o alimenta desde a sua intimidade mental e astral. A sua vontade poderosa significa a própria Lei atuando em harmonia com o carma dos demais planetas do sistema e agindo de comum acordo com o Arcanjo Constelatório, que é o responsável pelo progresso de toda a constelação solar.

Aquilo que se poderia ser considerado um determinismo implacável, a tolher o livre arbítrio individual, é apenas o conjunto de leis que emanam do Espírito Planetário como o crescimento harmonioso de sua humanidade.

Quando o homem se ajustar a essas leis evolutivas e só souber operar em seu próprio benefício espiritual, sem entrar em conflito com a coletividade, ser-lhe-á facultado o exercício do livre arbítrio de modo ilimitado.

Por enquanto, o homem terrícola não pode usufruir o direito de exercer a sua vontade absoluta, pois até nas suas próprias relações genésicas ainda se mostra inferior aos animais, que as respeitam e praticam só nas épocas adequadas e exclusivamente com a finalidade de procriar.

Em face do extremo egoísmo, cupidez e crueldade do atual cidadão terreno, a sua vida seria de contínua desordem e conflito se os poderes humanos pudessem gozar impunemente do seu livre arbítrio!

Uma vez que é a irresponsabilidade do ser humano que lhe reduz o uso do livre arbítrio, este só poderá aumentar e ser exercido de modo mais amplo à medida que o homem se libertar da escravidão das formas e viver mais devotado ao mundo espiritual, onde a sua vontade pode ser exercida de modo ilimitado.

O determinismo cármico da Terra, limitado pelo determinismo cármico de sua constelação solar, reduz também o livre arbítrio e a plena ação da vontade humana.

O mundo material, com sua substância letárgica, significa o ergástulo que aprisiona o espírito, cuja natureza essencial é a liberdade no Além. Em conseqüência, esse livre arbítrio só pode ser exercido mais amplamente desde que a criatura também se liberte cada vez mais da substância material com compõe e limita o corpo exterior do planeta.

À medida que o terrícola se integrar ao Cristo Planetário, que é o espírito excelso que nutre o orbe terreno, sem dúvida também crescerá o seu livre arbítrio em relação aos demais seres e coisas, pois, angelizando-se, o homem também será mais consciente da Verdade Eterna.

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A fim de que desperte a consciência de sua individualidade, Deus lança as almas virgens na corrente da evolução planetária dos mundos físicos; então, curtindo as lições da vida humana e sofrendo as injunções da própria morada material, elas terminam consolidando as suas linhas demarcativas de “ser” e “existir” no seio da própria Consciência Cósmica.

O Carma da Terra impõe à humanidade um determinismo resultante de suas próprias modificações cármicas, decorrentes dos demais orbes do sistema solar.

Assim, os homens ficam também sujeitos às movimentações e às alterações cármicas terráqueas, e os seus ideais, projetos e interesses individuais só podem ser realizados ou satisfeitos até onde não colidam com os proveitos da coletividade.

A Lei Cármica, pois, na sua função de ativar o progresso do Cosmo, tanto regula e limita o movimento do indivíduo para harmoniza-lo com a sua comunidade, como também as modificações e a estabilidade do próprio campo planetário.

9. A AÇÃO EDUCATIVA DA LEI CÁRMICA

A criatura humana é sempre beneficiada, mesmo quando submetida à mais terrível prova cármica. Suponha-se, por exemplo, um espírito encarnado num corpo físico com paralisia total dos seus membros inferiores. Isso para ele é um mal porque, devido ao efeito cármico que lhe tolhe os movimentos das pernas, deixa de participar a contento do curso da vida transitória do mundo material.

No entanto, em tal caso, a ação restritiva da Lei não tem por objetivo fazê-lo expiar de modo doloroso os seus erros do pretérito, mas apenas desenvolver-lhe um melhor senso diretivo dos seus passos futuros.

Se, por um lado, o impede de participar ativamente das movimentações comuns da vida física e o manieta pela paralisia, assim o faz para obriga-lo a uma existência mais introspectiva e ao constante esforço reflexivo, que também lhe apura o psiquismo.

A paralisia ou deformidade, que o cinge a uma cadeira de rodas ou leito de sofrimento, não só o obriga a uma vida mais psíquica, como o afasta das paixões perigosas e das ilusões que vicejam nos caminhos do trânsito fácil da matéria.

O paralítico, então, pode melhor desenvolver os bens do espírito e instruir-se mais facilmente, pois bem menores são as suas necessidades materiais e também lhe sobeja maior cota de tempo para compensar os prejuízos do pretérito.

O que pode parecer punição ou expiação espiritual para as criaturas ignorantes do sentido criador e da recuperação cármica da alma, nesse caso não passa de retificação da onda de vida, que estava desarmonizada com a consciência do ser.

Da mesma forma, quando se represa o curso dos rios, não se faz para castiga-los, mas apenas para que, do acumulo de suas águas resulte maior força para a usina benfeitora.

Assim, quando muitas vezes a Lei do Carma, ajustando o efeito à causa correspondente, represa a liberdade do espírito e o paralisa no ergástulo de carne retificador, não o faz com o fito de qualquer desforra divina, mas apenas para corrigir o desvio psíquico perigoso e reconduzir novamente a alma ao seu curso venturoso.

A enfermidade física é apenas um efeito contensivo e transitório, que tanto ajusta o energismo espiritual negligenciado no passado, como também se torna o meio pelo qual o espírito expurga os venenos psíquicos que lhe impedem a diafanização do perispírito.

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A Lei Cármica tem relação íntima com os padecimentos de certas criaturas submetidas a tratamentos dolorosos através de cirurgia ou da terapêutica médica convencional.

Atualmente, devido ao estado moral e espiritual do cidadão terreno, a Lei Cármica ainda lhe preconiza um tratamento doloroso, à base de seringas hipodérmicas, tubagens de órgãos combalidos, aplicações e ingestão de medicamentos repulsivos, tóxicos e lesivos, que funcionam como efeitos das causas culposas do passado.

Em face de haverem evoluído os métodos punitivos das leis humanas, com a abolição das torturas medievais, os médicos (muitas vezes sem que o saibam) acabam por funcionar como instrumentos de retificações cármicas nos seus pacientes.

Aqui, o usurpador cruel do passado, que oprimia os seus adversários políticos, sofre atrozmente devido à chaga infecciosa e rebelde que surge num órgão que foi operado precipitadamente. Ali, é o velho inquisidor do “Santo Ofício” que, estirado no leito de luxuoso hospital, mostra-se completamente perfurado por agulhas hipodérmicas, com as carnes maceradas pelas seringas dos soros e transfusões de sangue, que pingam através de tubos suspensos de aparelhos especiais, como se fossem instrumentos de tortura.

Acolá, a feroz fazendeira, que se servia do fogo para supliciar os seus infelizes escravos, encontra-se transformada noutra figura humana submetida a terríveis cautérios e intervenções cruciantes, enquanto o seu coração combalido não permite a menor intervenção da anestesia para faze-la esquecer o sofrimento!

As criaturas que ainda precisam percorrer a “via crucis” dos consultórios médicos, submetem-se a exames radiográficos, experimentações dolorosas, tratamentos espartanos e hospitalizações urgentes, enquanto os seus males se agravam dia-a-dia, sem dúvida ainda gemem sob um carma penoso!

A Lei não se vale dos acontecimentos cármicos para punir as criaturas, o que seria incompatível com a bondade de Deus; mas transforma-os em recursos terapêuticos para as suas almas, efetuando-se a cura através do processo homeopático, em que “semelhante cura semelhante! (“similia similibus curantur”).

A equanimidade da Lei do Carma é que marca o resgate do “último ceitil” de que falou Jesus.

A Lei do Carma exige que se pague “ceitil por ceitil”, ou seja, o total de todas as perturbações que o homem ocasionar aos outros com a sua natureza animal inferior. Mas a bondade divina permite que ele diminua a quantidade ou a intensidade do mal praticado, desde que ele trabalhe em favor dos miseráveis, ou então se sacrifique heroicamente para a melhoria do mesmo mundo em que tenha contribuído para a sua perturbação.

O homem tanto tem oportunidade de pagamento contínuo de sua dívida cármica, quanto incessante crédito provindo dos serviços espontâneos de abnegação e amor desinteressados.

Nesse sentido, há mil recursos oferecidos pela vida humana, que permitem à alma laboriosa e decidida reparar os seus delitos do pretérito. Daí se infere que a Lei é rigorosa, mas é justa; que o Pai é fundamentalmente Amor, e não simplesmente Justiça!

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Não há júri punitivo no Espaço, ou instituição penal com a finalidade exclusiva de julgar e acertar as contas dos desencarnados sob o conceito de “olho por olho, dente por dente!”

As leis cármicas, traduzidas pelos aforismos de “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”, ou ainda, “terás de pagar até o último ceitil”, são muito suavizadas pelo conceito de auto-responsabilidade, que assim diz: “a cada um será dado segundo as suas obras”. Não se trata de sentenças ou leis punitivas determinando castigos aos pecadores; trata-se simplesmente de conseqüências técnicas, em que os efeitos resultantes derivam de causas semelhantes.

Assim, o homem rico, que consome sua fortuna em seu exclusivo bem e disso resultam prejuízos alheios, estabelece uma “causa” culposa pelo abuso do livre-arbítrio, devendo corrigi-la ao sofrer os seus efeitos danosos noutra vida, quando então enfrentará a prova da miséria como a terapêutica para o seu reequilíbrio espiritual. Da mesma forma, a mulher que se nega a ter filhos, fugindo ao sagrado imperativo do “crescei e multiplicai-vos”, numa existência futura poderão nascer-lhe gêmeos, trigêmeos e quíntuplos, constituindo uma prole numerosa, para a compensação da negligência pregressa.

Os pais que abandoam os filhos nas vidas anteriores, como péssimos zeladores dos seus próprios descendentes, a Lei do Carma os torna estéreis nas encarnações futuras, a fim de que se adestrem e desenvolvam o sentimento paterno criando filhos adotivos!10. OS SENHORES DO CARMA

Raros espiritualistas mostram-se esclarecidos quanto ao verdadeiro sentido da recuperação cármica, pois mesmo entre os espíritas ainda se confunde o programa técnico de limpeza perispiritual com a concepção de castigos, sofrimentos ou resgates de culpas pregressas.

Não existem departamentos corretivos nos planos superiores para punir as faltas dos filhos de Deus.

Afora alguns arremedos de tribunais de justiça, sediados nas regiões do astral inferior sob o comando de entidades malévolas do submundo espiritual, a dor, desdita, desgraça, tragédia ou infelicidade são apenas fases de um processo técnico benfeitor, traçado inteligentemente pelos “Senhores do Carma”, com o objetivo exclusivo de proporcionar a felicidade breve aos espíritos ignorantes.

Os Senhores do Carma, assim conhecidos pela filosofia oriental, são espíritos encarregados de esquematizarem os programas redentores dos encarnados no processo de retificação espiritual.

Conhecidos por “Senhores do Carma” na escolástica hindu, ou por “Mentores Cármicos” na sinalética oriental, eles controlam cada espírito desde os primeiros bruxuleios de sua consciência, através das fichas cármicas, com o prefixo sideral da família espiritual a que pertencem, acrescidas dos dados da sua graduação sempre atualizados.

O número sideral é a identificação definitiva do “espírito-indivíduo”, em todas as suas encarnações e ascese sideral. É evidente que, se determinado espírito se chama na Terra, João, Rafael, Júlio César ou Sócrates, isso se refere apenas à sua existência transitória na carne, não propriamente à sua verdadeira identifica espiritual, que é um número sideral permanente.

11. LEI CÁRMICA x JULGAMENTO ALHEIO

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5. A Lei do Carma 18

Também o conceito evangélico de “não julgueis par anão serdes julgados”, ou “não condeneis e não sereis condenados”, amplia-se no seu sentido moral, abrangendo já algo no processo cármico e no julgamento das relações e conseqüências entre os espíritos nas suas encarnações sucessivas.

Esses conceitos de Jesus são importantes advertências de que toda ação negativa do espírito redunda sempre em seu próprio prejuízo, pois julgar o alheio é “medir-se” a si próprio; nada mais é que um mecanismo de defesa do “ego”, em que, para ressaltar-se ou elevar-se, o homem julga o próximo e o diminui por uma conclusão inferior!

Muito além da simplicidade de um julgamento pessoal de homem para homem, essa sentença do Cristo abrange a vivência do espírito através de suas encarnações. Ela é extensível à continuidade da vida espiritual, abrangendo os maus e bons juízos que o espírito pronuncia no decurso de todo o processo de sua angelização!

Isso se refere ao fato da criatura julgar os equívocos, as imprudências e os pecados dos seus irmãos, e depois verificar a frustração de já ter procedido assim em vidas anteriores, ou aperceber-se de que ainda poderá pratica-los no futuro.

Essa conceituação de Jesus é mais propriamente uma lei do que um aforismo, que além de funcionar fora do tempo e do espaço, adverte e disciplina as atividades cármicas dos espíritos na sua ascese angélica. Ela refere-se precipuamente à essência da vida espiritual do homem, pois abrange as causas e os efeitos fundamentais de suas vidas sucessivas, sob o processo implacável e justo da Lei do Carma!Daí certa semelhança entre os vários conceitos evangélicos sob a mesma concepção aforística, em que o Mestre Divino assim disse:

“com a mesma medida com que medirdes, ser-vos-á medido”;

“aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra”;

“a cada um será dado segundo as suas obras”;

“quem com ferro fere, com ferro será ferido”.

... ou mesma síntese significativa, que assim adverte:

A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória!

Sob o invólucro dessas sentenças e aforismo cristãos, permanece sempre o inalterável conteúdo evangélico, que então esclarece quanto à mesma lei cármica de ação e reação, atuando em todos esses casos algo semelhantes.

Não se trata apenas de advertência, censura ou sentença moral, porém é referência indiscutível a uma lei ou princípio específico, que age num determinado ângulo do Cosmo, visando sempre a harmonia e o equilíbrio criativo da Vida!

O carma é lei que corrige e cerceia a causa a fim de eliminar o defeito, mas proporciona um resultado educativo!

No âmago desses ensinamentos, o Mestre Jesus adverte e esclarece quanto aos prejuízos e à leviandade do espírito que, julgando-se santificado diante de algum delinqüente, muitas vezes condena os mesmos pecados que já cometeu alhures, ou que ainda poderá comete-los na atual e em existências futuras!

Quanto mais o espírito se integra no conceito de justiça suprema e desenvolve o Amor, ele deixa de julgar os seus irmãos menos credenciados, livrando-se mais cedo da implacabilidade justa da Lei do Carma, que atua na sua função impessoal e exclusivamente para a retificação espiritual.

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5. A Lei do Carma 19

12. A “QUEIMA” DO CARMA

Todos os pensamentos, sentimentos e ações do espírito encarnado geram um tipo de carma para o futuro, ou seja, produzem uma soma de efeitos bons ou maus, perfeitamente vinculados aos atos praticados pelo espírito em vidas anteriores.

Chama-se “queimar” o Carma, conforme é tão familiar nos ensinamentos orientais, quando os seus próprios autores resgatam as dívidas ou “efeitos” assumidos pelas causas culposas do passado.

Mas, em face de cada “causa” ou ação boa ou má de hoje também produzir um efeito bom ou mau nas vidas futuras, o espírito encarnado reduz as duas dívidas pregressas e, ao mesmo tempo, gera um novo carma, bom ou mau, através dos atos atuais, e cujos efeitos devem ser vividos na próxima existência.

Satisfeita a Lei de Causa e Efeito em relação a algum débito em particular, cessa a sua ação em relação a esse aspecto sobre a criatura endividada, cumprindo-se então aquilo de que avisou Jesus, ao prevenir: “o que desligares na Terra, também será desligado no céu”!O Cristo deve servir de barômetro, a fim de se poder conhecer qual a “pressão” do espírito da criatura em todos os seus atos, à semelhança de uma agulha bussolar, que a guia sempre para o norte da bem-aventurança eterna!

Só existe um caminho para a definitiva libertação das algemas cármicas nos mundos físicos: a renúncia e o sacrifício absoluto para com os próprios algozes e detratores! E “se o teu adversário obrigar-te a andar uma milha, vai mais uma com ele e, se te tirar a capa, larga-lhe também a túnica”, é o conceito que melhor indica a solução desses problemas adversos do passado.

Todos os espíritos bem intencionados, que progridem tomados de novos ideais e propósitos superiores, reconhecem que a sua libertação definitiva da carne lhe será mais breve se também se dedicarem a proteger os seus próprios algozes do passado. Não se trata de sentimentalismos de almas privilegiadas entre a humanidade sideral; são apenas condições naturais e comprovadas por aqueles mais experimentados na vida espiritual.

Na verdade, muda o diapasão da ventura do ser, quando também ele se torna criador de venturas alheias.

É a exata comprovação do ensinamento divino de Jesus, quando aconselha que “se caminhe mais uma milha a favor do adversário” ou que, depois de “exigido o manto, também se dê a túnica”. Quando isso lhe acontece em sua divina espontaneidade, sem quaisquer laivos de vaidade ou interesse mesmo espiritual, é porque então Deus já flui por intermédio dele, e porque ele já reflete parte do Seu Amor Incondicional!

13. LEI CÁRMICA x EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

Dentre os meios mais indicados para o indivíduo modificar para melhor o seu carma, o principal é o controle de seus pensamentos, palavras e obras, pois à medida que ele reduz ou modifica para melhor o seu Carma do passado, é certo que também cria um novo Carma para o futuro, e este ser-lhe-á tão amargo ou venturoso de conformidade com o Carma restante, das encarnações passadas e as causas que criar no presente.

O Carma, em seu sentido específico, registra as ações da alma desde o momento em que ela principia a sentir-se “algo” existente dentro do seio da Divindade e, embora sem poder desprender-se do Espírito Criador da Vida Cósmica donde proveio, já se distingue como uma consciência individual existente à parte. .

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5. A Lei do Carma 20

A mesma Lei sábia que rege o mecanismo do Universo também se amolda e se ramifica gradativamente para regular o movimento dos elétrons no seio dos átomos.

Os astrônomos conhecem a infalibilidade de certas leis que disciplinam o curso dos astros; os químicos sabem quais são os fatores reagentes, exatos e indiscutíveis, que orientam a afinidade de suas combinações costumeiras; os matemáticos reconhecem a precisão dos cálculos que geometrizam o Universo, enquanto a humanidade já principia a compreender que o homem também é o plano matemático do futuro anjo!

Há uma lei indesviável, uma lei cármica reguladora da causa e do efeito, que tanto transforma a bolota em carvalho, a lagarta em libélula, como o celerado no ungido do Pai! Na verdade, uma Vontade Diretora espraia-se por tudo e sobre todos, como um imperativo de segurança e harmonia cósmica, tendo por único fim a Beleza e a Perfeição.

O Carma, como um ritmo submisso da Vontade Superior, é a própria pulsação do Criador atuando em ciclos disciplinadores, desde as órbitas dos elétrons até as órbitas dos sistemas solares.

É por isso que, em face do equilíbrio e da ordem absoluta na manifestação criadora do Universo, o conhecimento iniciático desde os tempos pré-históricos afiança que “o que está em cima também está embaixo”, e “o que está no átomo também está no Universo”.

O Carma, para um sentido de compreensão geral, é a própria Lei do Progresso Espiritual, pois embora seja implacável na sua ação disciplinadora, é lei que só se aplica sob a decorrência da própria vontade do homem. Tanto apressa como imobiliza temporariamente a sua ventura espiritual, mas sempre o faz de acordo com o seu entendimento e grau de consciência desperta.

A finalidade precípua do Carma é a de promover o progresso e a retificação dos orbes e suas humanidades, ajustando as causas boas ou más aos seus efeitos correspondentes.

Eis porque o próximo acontecimento profético do “Juízo Final” ou “Fim dos Tempos”, que já se desenrola à superfície do orbe terráqueo, ainda é um efeito de ação irredutível da Lei Cármica, que tanto procura reajustar a massa planetária para melhores condições astrofísicas, no tráfego sideral, como encaminhar as almas rebeldes para objetivos superiores.

O Carma, como lei atuando ininterruptamente nos eventos progressistas entre seres e orbes, age tanto no macro como no microcosmo, mas tem por único fim impelir todas as formas de vida para expressões cada vez mais altas e requintadas.

Fontes bibliográficas:

1. O Evangelho à luz do Cosmo – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 3ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. Freitas Bastos, 1987. p. 195, 201, 206.

2. Mensagens do Grande Coração – Marques, América Paolielo. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 5ª ed. São Paulo, SP. Ed. Freitas Bastos, 1995. p. 117-126.

3. A missão do Espiritismo – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 5ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. Freitas Bastos, 1988. p. 22, 23, 27.

4. A vida humana e o Espírito imortal – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 5ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. Freitas Bastos, 1987. p. 177.

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5. A Lei do Carma 21

5. A vida além da sepultura – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 6ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. Freitas Bastos, 1991. p. 27-31, 189, 191, 247, 250, 254, 261.

6. A sobrevivência do Espírito – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 5ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. Freitas Bastos, 1989. p. 240.

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