Aprendendo a Ser Psicoterapeuta-Elizabeth Amelio Faleiros

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Psicologia

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    Resumo: Este estudo investiga, na perspectiva de Jacob Levy Moreno, a concepo que alunos de Psicologiatm sobre o que ser psicoterapeuta, quais elementos so necessrios para o desenvolvimento dessa tarefae os fatores impeditivos para realiz-la. Prope formas de solues para o desempenho daquela funo,favorecendo a reflexo sobre a importncia dessa tarefa e a responsabilidade do profissional junto aopaciente. A metodologia utilizada a qualitativa, pois esta permite abordar dimenses da subjetividade dossujeitos. Os resultados revelam que os alunos possuem em sua concepo os alicerces bsicos, cujosindicadores so apontados por Moreno e por outros autores, percebem os requisitos bsicos que constituema essncia do papel de terapeuta, evidenciam crticas realistas sobre os fatores limitadores e sugerem aespedaggicas para minimiz-los.Palavras-Chave: Psicoterapeuta, psicoterapia e a relao terapeuta-paciente, psicodrama.

    Abstract: This study aims at investigating, according to Jacob Levy Morenos perspective, the conception ofPsychology students about what a psychotherapist is, what elements, as basic requirements, are neededfor the development of this task and the factors that may hinder the performance of this activity. The studyproposes different solutions for the fulfillment of this task, providing reflection about its importance and theresponsibility given to the psychotherapist when dealing with the patient. The methodology used is thequalitative approach as it allows working with different dimensions of the patients subjectivity. The resultsshow that students have, as their own concepts, the basic foundations according to the indicators mentionedby Moreno and other authors. They also notice the basic requirements that compose the role of apsychotherapist, highlight realistic criticism about the limiting factors and suggest pedagogical actions inorder to reduce them.Key Words: Psychotherapist, psychotherapy and the relationship therapist patient, psychodrama.

    Aprendendo a Ser Psicoterapeuta1Learning to be a psychotherapist

    ElizabethAmelio Faleiros

    Psicloga,psicodramatista,supervisora pela

    Federao Brasileira dePsicodrama (FEBRAP),

    professora de Teoria eTcnica

    FenomenolgicaExistncial e supervisora

    na rea de clnica naUniversidade Catlica

    de Pelotas, RS. Mestreem Sade Mental pela

    Universidade Catlicade Pelotas (UCPel). L

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    inci

    PSICOLOGIA CINCIA E PROFISSO, 2004, 24 (1), 14-27

    Jupi

    terim

    ages

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    Desde Freud, criador do sistema psicanaltico comsua idia pautada na conservao da energia dalibido, mantendo-se constante no psiquismo ecaminhando por diferentes tendncias at a decunho existencial, vamos encontrar estudosrelacionados difcil tarefa de tornar-sepsicoterapeuta, de acompanhar o crescimento deoutro ser humano, dificuldade essa independentedas mais variadas abordagens psicoterpicas.

    Neste estudo, o enfoque ser o de Jacob LevyMoreno, para quem a criatividade no papel depsicoterapeuta dever estar presente,enriquecendo-o e transformando-o.

    A cristalizao no papel a conserva cultural, aestagnao, a permanncia no igual, na repetio.Supomos que alunos em formao, em sua maioriaem fase final de adolescncia ainda afirmando suaidentidade, estariam enfrentando um processo decrescimento no papel de terapeuta, podendoexperienci-lo com maior ou menorespontaneidade

    2.

    Ao constatar as naturais e esperadas dificuldadesdessa populao de futuros profissionais noconvvio que vimos tendo como supervisoradaqueles, mostrou ser de relevncia aprofundareste tema.

    A responsabilidade e complexidade da tarefa deresponder terapeuticamente ao pedido de ajudade outro ser humano justifica a necessidade demaior conscincia do futuro profissional sobre aconcepo a respeito do que ser psicoterapeutae sua implicao de ordem prtica na qualidadeda sua formao profissional.

    Os objetivos foram: identificar a concepo dosestagirios de Psicologia Clnica sobre o que serpsicoterapeuta, esclarecer fatores impeditivos noexerccio desse papel e propor formas de possveissolues, proporcionar aos estagiriosoportunidade de reflexo sobre a importncia desua tarefa e responsabilidade junto ao paciente,investigar as categorias espontaneidade-criatividade, na concepo daqueles, sobre o que ser psicoterapeuta enquanto papel social a serdesempenhado por eles no contexto teraputico.

    Aproximaes de um Olhar Sobreum Mar de Pensamentos

    Ser psicoterapeuta algo de profundo, demisterioso, de sagrado. Ajudar algum a se ver, a se

    Aprendendo a Ser Psicoterapeuta

    conhecer, a tomar posse de si mesmo algo quesem uma profunda humildade dificilmente poderacontecer Ribeiro (1986: 240).

    Cresce consideravelmente o nmero de pessoasque busca a psicoterapia na tentativa de resolverdificuldades e alargar possibilidades de viver nomundo atual, j que h um estado permanente demudanas fazendo com que se sintam inseguras,amedrontadas e sozinhas.

    nesse palco de turbulncia que se insere apsicoterapia como mais uma possibilidade capazde transformao individual, social e poltica.Assim, faz-se necessria uma reflexo sobre adimenso do que ser psicoterapeuta, j que esterepresenta um forte instrumento de mudana.

    Autores de renome concordam com a afirmaode Gomes (1995, p. 83) que diz:

    A prtica psicoteraputica tradicionalmenteconhecida como sendo o exerccio de uma arte.O terapeuta, no contexto da singularidade de umcaso, combina convices tericas e sensibilidadepessoal para aliviar o sofrimento psicolgico dealgum.

    Independentemente do mtodo adotado, a figurado terapeuta sempre de grande importncia, nos pelo papel que desempenha, mas tambm pelosimbolismo de que sua funo se reveste. Porchat(1982,pp.124-125) faz referncia a essa idiafalando de um dos aspectos da situaopsicoterpica, o vnculo teraputico.

    ...o terapeuta parece ser, no incio, um smbolopara o paciente; ele representa ajuda, no importao modo como espera ser ajudado.

    Essa relao dual que se esboa no mundo internodo paciente desde que ele se props iniciar umapsicoterapia j nos conduz aos dois aspectosfundamentais presentes no fenmeno vnculoteraputico. Por um lado essa relao estarenraizada na realidade: o terapeuta uma figurafsica, que se expressa, uma pessoa real. Por outro,antes mesmo de o paciente conhec-lo, ele existeenquanto expectativa, enquanto ansiedade,esperana, no mundo interno do paciente. Ento,antes mesmo de o paciente ter um terapeutareal,ele o tem em seu mundo de fantasia, a seuprprio modo, de acordo com suas necessidadesemocionais, de acordo com suas fantasias.

    E Moreno (1974, p. 84) acrescenta:

    A esperana de um heri-terapeuta ,freqentemente, a causa estimulante que marca oincio do tratamento do paciente. Essa esperanase origina de sua necessidade de auxlio e libertao

    1 Esta pesquisa faz parte daDissertao de Mestradoapresentada em novembro de1999, como requisito paraobteno do ttulo de Mestre emSade Mental da UniversidadeCatlica de Pelotas, RS.

    2 Espontaneidade: do latimSponte- de livre vontade. Nosentido moreniano, acapacidade de o indivduoadaptar-se adequadamente anovas situaes ou darrespostas novas a situaes jvividas.

    Ser psicoterapeuta algo de profundo, demisterioso, desagrado. Ajudaralgum a se ver, a seconhecer, a tomarposse de si mesmo algo que sem umaprofunda humildadedificilmente poderacontecer

    Ribeiro

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    e nem sempre pode ser satisfeita pelo terapeuta. Oterapeuta no um mgico, um curador divino,mas sim um homem.

    Assim, como condio preliminar para um bomdesempenho psicoterapeutico, necessrio quetenha conscincia de seus problemas, evitandodanos ao paciente. Tal conscincia pode ajud-lo na sua relao com o cliente, pois mais fcilperceber situaes de conflito nos outros quandose viveu situaes semelhantes, desde que o perigode identificao com o cliente no seja bemacentuado e possa estar sob controle Ribeiro(1986, p. 209).

    Outra condio bsica que seja capaz de lidarcom as fantasias do prprio poder. Muitos clientespem-nos prova, com desafio verbal ou entregatotal nossa ao teraputica. Ainda segundo oreferido autor:

    ento que se invadido pelo desejo desesperadode curar, de desafiar a enfermidade, talvez paraprovar a si mesmo a sua capacidade. intil dizerque tal atitude entrava a dinmica do tratamento.Tal atitude, baseada na vaidade pessoal eprofissional, alm de ser uma contra-transfernciaintil, leva a uma predeterminao de metas, auma diretividade que impede uma normal enatural ecloso da psicodinmica das vivnciasneurticas do cliente.

    O psicoterapeuta deve estar preparado para reagirpositivamente ante as prprias frustraes, sejaquando percebe a dificuldade em que se encontraante um cliente difcil, seja quando esse cliente lherevela aspectos negativos da prpriapersonalidade(1986,p.210).

    A segurana emocional deve estar presente, j quea percepo de sua instabilidade pode dificultar oprocesso psicoteraputico. O cliente acredita queo psicoterapeuta seja equilibrado, com condiesde clareza, de perceb-lo sem interfernciaspessoais e, assim, ajud-lo. Porm, importantetambm perceber que ningum tem condies deser absolutamente seguro emocionalmente. Emalgum momento, essas limitaes dopsicoterapeuta so um fator positivo, pois ajudamo cliente a construir uma imagem mais real dasprprias exigncias e, ao mesmo tempo, vislumbraro mundo de maneira no to perfeccionista eacabada.

    Quanto aos valores do terapeuta, a neutralidadeno deixa de ser um mito; a posturapsicoteraputica no anula sentimentos, vontades,mas exige que o mundo interior do psicoterapeutano influencie ou oriente o mundo do cliente.Vem da a importncia de o terapeuta ter passadopelo seu prprio processo para estar com o cliente

    em uma relao fluida, espontnea, semcontaminao pela sua realidade interna.

    DAndrea (1971) confirma essa idia quando dizque, para ser um bom psicoterapeuta, necessriopassar previamente pela experincia comopaciente, como medida profiltica doenvolvimento emocional.

    Especificando-se um pouco mais, quanto atitudedo psicoterapeuta, esta depender de seu estilopessoal, de seu modo de estar no mundo,podendo variar de pessoa para pessoa, de tcnicapara tcnica.

    Diante das diferentes orientaes de tratamento,vamos restringir-nos ao comportamento dopsicoterapeuta de base analtica, j que esta umadas tendncias desenvolvidas no currculo docurso, ao lado da orientao existencial.

    Enquanto Freud prope ao cliente associarlivremente, sugere ao analista a regra da atenouniformemente suspensa, deixando a mente livrepara receber toda estimulao advinda do cliente.Freud destaca trs atitudes fundamentais assumidaspelo analista no processo psicoteraputico:

    l ateno uniformemente suspensa, com oobjetivo de facilitar a compreenso doinconsciente do cliente pelo terapeuta.

    l comportamento de cirurgio: o psicoterapeutano est imune a sentimentos e afetos pelo cliente. importante estar atento a eles para no se impedirde fazer e dizer o que for preciso.

    l comportamento de espelho: assim como umafigura nebulosa ou ambivalente, permanece opsicoterapeuta analtico diante do cliente com ofim de intensificar a fantasia deste e, ao mesmotempo, penetrar nas intenes do psicoterapeuta.

    Nas psicoterapias mais recentes, o psicoterapeutavai-se tornando cada vez mais pessoal; coloca-secom sentimentos de amor, de raiva, cansao, deinteresse, debatendo com o cliente suas atitudes.

    Daqui em diante, veremos qualidades e atitudesgerais esperadas do terapeuta em qualquer tipo depsicoterapia; podemos citar: moderao,originalidade, capacidade de percepo interior,flexibilidade, viso ampla e aberta do mundo,humildade e fluidez.

    Quanto s qualidades especficas e reconhecidasde um psicoterapeuta, encontramos, na maioriados estudos:

    l empatia, como a capacidade de pensar opensamento do outro, sentir o seu sentimento, vere sentir como o cliente v a partir do seu referencial.

    Elizabeth Amelio Faleiros

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    l comunicao autntica e calorosa, ao invs deagir como se estivesse sentindo amor,compreenso. preciso perceber se o momentode o cliente receber uma comunicao total.

    l concepo positiva da pessoa humana,relacionada com a nfase no homem, no equilbriosaudvel deste. Essa finalizao para a harmonia eunidade poder estar perturbada, mas nuncadestruda, uma vez que ela prpria da naturezahumana.

    A partir desses princpios, faz-se necessrio que opsicoterapeuta se apresente como pessoa real,como gente que sente, que ama, no se colocandoto somente como um foco nebuloso,ambivalente.

    Sobre esse aspecto, Fiorini escreve que o papeldo terapeuta no se exerce apenas atravs do quepermite ao paciente ver de seu mundo, mastambm atravs do papel que desempenha nessemundo (1976: 113).

    l maturidade das emoes, o que implica terconscincia da prpria capacidade emocional eafetiva, perceber as limitaes e poder lidarconscientemente com os prprios afetos eemoes para no ultrapassar a finalidade doslaos afetivos propostos no tratamento.

    l espontnea flexibilidade. onde se manifesta acriatividade. A espontaneidade aparece atravs daparticipao do terapeuta como ser, capaz de sorrir,sentir, mostrar entusiasmo ou cansao. Aflexibilidade seria escutar, perceber, sentir etransformar tudo isso em um gestopsicoteraputico, voltado para a necessidade docliente.

    Por Via de Jacob Levy Moreno

    Como j dissemos neste estudo, priorizamos aabordagem moreniana como base defundamentao e pretendemos investigar ascategorias espontaneidade-criatividade, naconcepo dos alunos, sobre o que serpsicoterapeuta enquanto papel a ser desempenhadopor eles no contexto teraputico. Esperamos tornarclara a relao dos mesmos com o papel de terapeuta,indagando se o fazem de maneira espontnea-criativa ou apoiados simplesmente na reproduode conservas culturais.

    Na perspectiva de Moreno, uma das dimensesda existncia humana que define o homem seriao inventrio de papis que o mesmo desempenhana sua vida. O indivduo sente, pensa e age emfuno de uma multiplicidade de papisfisiolgicos, psicodramticos e sociais que o

    definem. Assim, o papel tido como a menorunidade observvel de conduta.

    Entre algumas de suas definies, Moreno (1975)conceitua o papel como:

    Os papis so os embries, os precursores do eu,e esforam-se por se agrupar e unificar. Distinguos papis fisiolgicos ou psicossomticos como osdo indivduo que come, dorme e exerce atividadesexual; os papis psicolgicos ou psicodramticos,como os de fantasmas, fadas e papis alucinados,e, finalmente, os papis sociais, como os de pai,policial, mdico etc [...] os papis psicossomticos,no decurso de suas transaes, ajudam a crianapequena a experimentar aquilo a que chamamoso corpo; que os papis psicodramticos a ajudama experimentar o que designamos por psique; eque os papis sociais contribuem para se produziro que denominamos sociedade. Corpo, psique esociedade so, portanto, as partes intermediriasdo eu total (pp. 25-26).

    O papel a forma de funcionamento que oindivduo assume no momento especfico em quereage a uma situao especfica, na qual outraspessoas ou objetos esto envolvidos. O papel aunidade de cultura; ego e papel esto em contnuainterao.

    O papel a formade funcionamentoque o indivduoassume no momentoespecfico em quereage a umasituao especfica,na qual outraspessoas ou objetosesto envolvidos. Opapel a unidadede cultura; ego epapel esto emcontnua interao.

    Aprendendo a Ser Psicoterapeuta

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    Espera-se que todo o indivduo esteja altura doseu papel oficial na vida, que um professor atuecomo professor, um aluno como aluno e assimpor diante (pp. 27-29).

    Tornando um pouco mais claras essas idias, oaparecimento do eu ocorreria a partir dos papis. Noso os papis que emergem do eu, mas, ao contrrio,o eu quem surge dos papis. Rubini afirma: Morenoentende o papel como a primeira unidade ordenadorae estruturante do eu (1995, p. 51).

    O desenvolvimento dos papis psicodramticos esociais vai coincidir com o estabelecimento daseparao entre fantasia e realidade. Sendo assim,Rubini aprofunda um pouco mais esse aspecto aodestacar:

    Com a brecha entre a fantasia e a realidade, o indivduoadquire a capacidade de iniciar processos deaquecimento

    3 diferenciados, tanto para o desempenho

    de um ou de outro tipo de papel. E o fator que vaigarantir essa passagem do mundo da fantasia para o darealidade e vice-versa a espontaneidade comoprincpio da adequao da ao do indivduo a seusprprios papis (1995, p. 53).

    Podemos notar, nas vrias definies, que os papispossuem algo em comum: so fenmenosobservveis, aparecem nas aes, so atuados,representam aspectos tangveis do eu.

    Assim, o conceito de papel extensivo a todas asdimenses da vida. empregado para abordar asituao do nascimento, perpassando toda aexistncia no que se refere experincia individuale tambm participao do indivduo nasociedade. A teoria dos papis situa-se no conjuntoda teoria moreniana que sempre se refere aohomem em situao, imerso no social, buscandotransform-lo atravs da ao.

    Ao prestarmos ateno em nosso comportamento,ou seja, no nosso encontro com as pessoas,percebemos que a fala e os gestos constituem aface externa da personalidade, compondo ospapis utilizados no dia-a-dia de nossa vidarelacional. Assim, tudo que feito e pode ser vistoe se relaciona com alguma coisa fora da pessoa papel.

    Nessa viso, os indivduos tm participao narealidade social atravs dos papissociopsicodramticos os quais, por sua vez, sodeterminados por fatores genticos e ambientais.Pode-se dizer que o papel a menor unidadeobservvel e mensurvel da expressosociorrelacional da personalidade, aceita,proposta e estimulada pelo grupo social.Originariamente, o papel nasceu da interao me-filho, baseado na complementariedade dos dois;somente existe em funo de seu complementar,

    o contra-papel. Temos, ento, que a inter-relaode ambos constitui os vnculos.

    Viver os papis do cotidiano no viver um faz-de-conta, uma farsa, mas trazer a fora daautenticidade e da verdade de cada um para serdigna de ser vivida e para que o indivduo possadesenvolver sua espontaneidade e criatividade,para no correr o risco de cair na rigidez,impessoalidade, repetindo a conserva cultural quemassifica a criao.

    Porm, para exercer essa espontaneidade e criarno papel, o indivduo precisa revelar seuverdadeiro eu, que se d na relao com o outro.Para melhor compreenso, antes de darcontinuidade a esse aspecto, traremos algunsesclarecimentos da teoria moreniana para,posteriormente, retomar a criatividade especifi-camente no papel de psicoterapeutapsicodramtico.

    Para Moreno, o homem nasce com recursos deespontaneidade, sensibilidade e criatividade comofatores que favorecem o adequadodesenvolvimento da vida fsica, psquica erelacional. Ao nascer, apresenta, pela primeira vez,sua capacidade de responder adequadamente auma situao nova. Tal capacidade, fruto de forashereditrias e ambientais, recebe o nome deespontaneidade e vai permitir o reconhecimentoda sensibilidade e da criatividade.

    Assim, Moreno a define, operacionalmente, comouma resposta adequada a uma nova situao ouresposta nova a uma situao antiga; nopsicodrama, a espontaneidade manifesta-se nos na dimenso das palavras, mas tambm emoutras dimenses de expresso, como a atuao,a interao, a fala, a dana, o canto etc.( Blatner eBlatner, 1996).

    Podemos entender o estudo da espontaneidadecomo uma entidade psicolgica independente.No surge automaticamente e tampouco pr-existentemente, mas produzida por um ato devontade, surgindo naturalmente.

    importante deixar claro que o veculo daoperao do fator espontaneidade, na criana,desde a situao do nascimento em diante, aporo de dispositivos fsicos de arranque doprocesso de aquecimento preparatrio para umato. Sendo assim, os estados espontneos sogerados por vrios dispositivos de arranque pormeio de tcnicas de aquecimento. O corpo e amente so colocados em movimento, usandoatitudes corporais e imagens mentais que levam aoalcance do aquecimento para desencadear umaao organizada.

    Com a brecha entrea fantasia e a

    realidade, o indivduoadquire a

    capacidade deiniciar processos de

    aquecimento3diferenciados, tanto

    para o desempenhode um ou de outrotipo de papel. E o

    fator que vai garantiressa passagem domundo da fantasia

    para o da realidadee vice-versa a

    espontaneidadecomo princpio da

    adequao daao do indivduo aseus prprios papis

    Rubini

    Elizabeth Amelio Faleiros

    3 Aquecimento: conjunto deprocedimentos utilizados napreparao de um organismopara que esteja em condiespropiciadoras para a ao. Napsicoterapia, com o uso detcnicas apropriadas, osindivduos so ajudados a entrarem uma rea de investigaopsicolgica.

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    Moreno bem claro sobre as condies favorveise desfavorveis para o surgimento daespontaneidade:

    Um tipo de universo aberto, ou seja, um universoem que continuamente possvel um certo grau denovidade - e esse evidentemente, o tipo de universoem que surgiu a conscincia humana - umacondio favorvel para que o fator e surja e sedesenvolva. No poderia existir num universofechado novidade, isto , determinado por leisabsolutas. Se a espontaneidade fosse, por acaso,colocada em tal universo, deteriorar-se-iarapidamente em virtude da impossibilidade do seudesenvolvimento e ao desuso de sua funo...Quanto maior for a probabilidade de repetio decertos eventos, menor ser a probabilidade de quesurja a espontaneidade... (1975, pp. 137-138).

    Na mesma linha, esclarece Rubini (1995, p. 48):O homem um ser que, a partir do impulso daespontaneidade, poder desenvolver a centelhadivina criadora que traz em si mesmo.

    Com isto, vemos que a espontaneidade componente essencial da criatividade. Refere-semais a uma qualidade sutil da mente do que auma categoria identificvel de comportamento.

    Mais especificamente, as qualidades essenciais deum ato espontneo so: mente aberta,originalidade de abordagem, vontade de tomariniciativa e integrao das realidades exteriores edas intuies interiores, das emoes e das funesracionais. No mera impulsividade oucomportamento ao acaso; preciso haver certaintencionalidade rumo a um resultadoconstrutivo, seja ele esttico, social ou prtico.

    de se notar a tendncia para um elemento deentrega na espontaneidade, como tambm deinocncia, resultando em uma expanso daconscincia. Permitir-se esse momento implicaabandonar a excessiva censura no funcionamentoda mente e a abertura correspondente aosimpulsos interiores, s intuies e inspiraes.No dizer de Blatner e Blatner (1996, p.76),

    Aumentar a espontaneidade e a criatividadedecorre de um relacionamento bsico com oinconsciente, que de respeito, abertura ecuriosidade prazerosa. O inconsciente deixa deser visto apenas como fonte de impulsos anti-sociais, mas sim como um manancial de insights,pistas, imagens e intuies, em suma, o reservatrioda criatividade. A grande contribuio dopsicodrama permitir o acesso e utilizao dessepotencial criativo inato. E ele o faz favorecendo ascondies que provocam a espontaneidade,criando um contexto protegido contra as falhas,

    introduzindo um certo desafio e novidade paracriar uma certa ansiedade, um deflagrador deenergia para fazer com que as coisas andem emantendo uma profunda preocupao e respeitopelo problema em pauta. Com o termoaquecimento, Moreno designava osprocedimentos usados para aumentar aespontaneidade dos participantes...

    Os mesmos autores levam em conta a dimensofilosfica no pensamento de Moreno eacrescentam:

    ... espontaneidade a expresso ativa de suafilosofia existencialista. ser receptivo s realidadestal como elas se apresentam no momento presente,no obscurecidas por pressuposies na medidado possvel. Embora a cada momento tenhamosexpectativas e crenas, podemos mudar nossaatitude passando do dogma para aexperimentao, para uma prontido com afinalidade de modificar e corrigir nossas teorias nosadaptando s percepes atuais. Essa modificaoir catalisar nossa espontaneidade.

    A maneira de nos relacionarmos com nossosenganos elemento-chave na espontaneidade. Aidia continuar a improvisar como umaexperincia que prossegue e, em vez de congelar,fazer de um engano uma retomada que mantm ofoco na tarefa. O estado mental desenvolvido porum guerreiro Samurai no Japo d uma pista: noespere nada, esteja preparado para tudo. A pessoaespontnea lida com a interfernciarecentralizando e reassumindo uma presena commente clara no aqui e agora(1996, p.77).

    Vemos, ento, que a espontaneidade se dar namedida em que o indivduo exercitar suahabilidade de abrir-se ao universo, dando-setempo e a devida receptividade ao inconsciente.

    Tal concepo entende que o existir humano um viver em coletividade onde o indivduo serealiza pelo desempenho de papis na sociedade. assim que o ambiente afetivo-emocionalestabelecido entre a criana e o mundo, atravsda famlia, pode agir positivamente, ou, aocontrrio, dificultar seu pleno desenvolvimento.Os fatores espontaneidade, sensibilidade ecriatividade podem ainda ser perturbados porsistemas sociais constrangedores. A propostafundamental dos psicoterapeutas psicodramatistas a de trabalhar no sentido de favorecer arecuperao desses recursos vitais atravs derelaes afetivas transformadoras.

    A espontaneidade, a sensibilidade e a criatividadeso potencialidades indissociveis docomportamento humano. Temos todos uma boareserva de criatividade, mas, para que esse potencial

    Aprendendo a Ser Psicoterapeuta

    Aumentar aespontaneidade e acriatividade decorrede umrelacionamentobsico com oinconsciente, que de respeito, aberturae curiosidadeprazerosa.

    Blatner e Blatner

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    se manifeste e se explicite, torna-se necessrio haverespao para a espontaneidade. O que une earticula a espontaneidade e a criatividade asensibilidade, no s como percepo feita atravsdos rgos dos sentidos, mas tambm como fatorinato, de ordem afetivo-emocional. Dizendo deoutra forma, a sensibilidade a capacidade decaptar as mensagens ocultas nos vrios movimentosda vida.

    sensibilidade ou percepo afetivo-emocionalque permeia as inter-relaes humanas chamamosfator Tele.

    Tele radical grego que significa distncia. utilizado para designar as percepes que ocorremno plano afetivo-emocional entre duas pessoas,tornando-as capazes de se perceberemmutuamente. Permite intuir, com sua sensibilidade,o que ocorre na subjetividade uma da outra. acontrapartida cientfica do encontro,acontecimento crucial na existncia. no encontrode duas ou mais pessoas que se d o momentotransformador. No apenas reunio, vivnciaintensa, com elementos amorosos e tambm hostis.

    No entanto, em funo de ambiente adverso, oselementos saudveis da espontaneidade-criatividade vo sendo prejudicados e o indivduopassa a ter comportamento escravo da rotina, darepetio montona, com dificuldade em darrespostas adequadas s situaes novas do dia-a-dia. Como diz Almeida (1990,p. 40), As criaes eaquisies vo-se tornando repetitivas, de formargida, dominadas pela inrcia conservadora erecebem o nome de conserva cultural. o atocriativo cristalizado.

    Apesar disso, a conserva cultural fato correnteno processo de civilizao, dando parmetrosnecessrios para as pessoas no mergulharem nadesorganizao pessoal.

    Do ponto de vista de Moreno, o homem sempreconsiderado em relao com o seu prximo:existir coexistir, existir com o outro, mastambm considerado na perspectiva do tempovivido, intimamente vinculado inter-relao e criao. O tempo um momento transformador(criador) das pessoas envolvidas na relao.

    Esse momento caracteriza o encontro e impulsionaa revoluo criadora

    4. Na interao humana,

    passado e futuro podem realizar-se afetivamenteno tempo presente, como se fosse possvel umaparada especial, com identidade prpria,diferente do fluxo contnuo do tempo. As correntesafetivas: amor, saudade, raiva, inveja e o modocomo so transmitidas e captadas enriquecem avivncia das pessoas no aqui e agora da experinciarelacional. Dessa forma, estamos sempre falandoem inter-relao.

    Na prtica, o psicodrama prope resgatar erecuperar o homem psicodramtico que existe emns, com sua sensibilidade, genialidade edisposio para continuar criando.

    No contexto teraputico, lana-se mo das tcnicasde trabalho para realizar essa tarefa. Para isso, opsicoterapeuta, atravs do seu papel, tendo porbase a proposta da relao tlica, intervm comsua personalidade total, j que considera que, emum sentido profundo, os valores vitais dopsicoterapeuta esto sempre presentes ou influirono tipo de interveno que faa, nos aspectos dacomunicao que estruture, nos sentimentos quelhe despertem as mensagens de seu paciente.Aceita a relao teraputica em termos de um novovnculo, que ter toda a intensidade presente queambos podem criar. A correta instrumentao detodos esses elementos faz a riqueza da relaoteraputica.

    Isso tudo leva-nos a falar da relao teraputica eno da relao transferencial. No primeiro termo,incluem-se todos os aspectos da relao e nosomente aspectos das distores que na ortodoxiapsicanaltica foram to apregoados. Assim, narelao teraputica, entram em jogo ambos osaspectos da tele, empatia e transferncia, podendoos mesmos nela ocorrer.

    No entanto, capacidade transferencial algopotencial em todo o ser humano.O terapeuta podeperceber transferncias prprias estimuladas pelarelao com seu paciente. A diferena est emque poder instrumentaliz-las para compreender,partindo da, os aspectos profundos de seupaciente, que seriam inacessveis por outrosmtodos.

    Assim, como ambos so capazes de transferncia,so tambm capazes de tele (relao de percepocorreta e recproca). Sobre essa estrutura que seedifica fundamentalmente a relao teraputica.Nessa medida, a cura vai-se dando, pois, ondedominava a transferncia, vai-se aos poucos seincrementando o aspecto tele. Bustos (1978, p.11) contribui para esse aspecto ao destacar:

    importante esclarecer que tele-transfernciasesto presentes em toda relao humana. A tele responsvel pelas relaes com xito e podem-seatribuir transferncia os freqentes desencontrosentre os seres humanos. tambm um critrio desade; quanto maior a tele, maior capacidade seter de realizar vnculos positivos. Tudo o quefazemos em terapia instrumentar tecnicamenteum processo natural.

    Elizabeth Amelio Faleiros

    4 Revoluo Criadora: propostamoreniana de recuperao daespontaneidade e dacriatividade a partir dorompimento com padres decomportamento estereotipadoque levam automatizao dohomem.

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    Se, para Moreno, a psicoterapia tem comoobjetivo o encontro, a espontnea e verdadeirarelao entre o eu e o tu, cabe ento aopsicoterapeuta favorecer, incrementar relaesverdadeiras, tlicas, objetivas, entre as pessoasFerrari (1984, p.55).

    A todo momento, v-se presente a preocupaode Moreno com a interao, com o compartilhar,com o estar junto para crescer. Dessa forma, tomarpara si a postura psicodramtica implicainternalizar o modelo teraputico que objetiva atransformao de relaes transferenciais emrelaes tlicas.

    Diante do pedido de ajuda teraputica, quandoalgum est em conflito estar com suaespontaneidade comprometida, comrelacionamentos pouco tlicos;conseqentemente, haver um exerccio de papisempobrecido pela repetio e cristalizao.

    Quanto ao papel do psicoterapeuta, serpsicodramatista, antes de mais nada, uma posturaideolgica e filosfica que deve permear toda aatividade profissional. Essa situao, na prtica, vivida como nova para ambos os lados que nosabem o qu e como vai acontecer, deflagrando aquantidade de espontaneidade e a possibilidadede criatividade nos dois lados da situao.

    Dessa forma, quanto mais espontneo e criativofor o psicodramatista, expressando sua inspiraomomentnea com originalidade em suas aes,mais facilitar ao cliente mostrar-se emprofundidade. Espera-se, ento, que crie um climapropcio situao desde o primeiro encontro,de tal maneira que ela se torne um locusnascendi da espontaneidade do cliente.

    Enquanto interao que est ocorrendo, o fatortele estar mais ou menos presente, podendofacilitar ou dificultar a relao. No decorrer dessadinmica, as pessoas jogaro no processoteraputico os papis que vm desempenhandono decorrer de suas vidas, colorindopsicodramaticamente os papis sociais de cliente-terapeuta que comeam a se expressar.

    Podemos dizer que esse jogo de papis vai dar aopsicodramatista condies de perceber a situaoem que se encontra o paciente quanto aos fatorestele-transferncia e espontaneidade.

    Por fim, nessa viso, psicoterapeuta um modo deser e estar no mundo, um modo de se expressardiante da vida como uma totalidade, em umarelao de encontro com a existncia, sem separaro pensar do agir. O que ento legitimaria serpsicoterapeuta o ser do psicoterapeuta,

    transformando-se este no mais importanteelemento do processo.

    Sendo assim, se ao trmino do processo deformao o formando estiver bem consigo, com ooutro, o contato com o cliente ser feito com maiorprofundidade, ou seja, ser um contato-encontro.

    Um Caminho MetodolgicoQualitativo

    Nossa opo recaiu na metodologia de pesquisa eavaliao qualitativa por abranger a amplitude eglobalidade do tema.

    A interveno, na realidade, comeou pelaaproximao para o estabelecimento dosprimeiros contatos e, posteriormente, para aaplicao dos questionrios do tipo semi-estruturado.

    As categorias espontaneidade e criatividadetenderam a emergir da descrio elaborada pelosparticipantes sobre o que ser psicoterapeuta.Tivemos presente, tambm, que outras categoriaspoderiam surgir com base na experincia daquelese de suas respostas abertas s questes.

    Procedimentos de pesquisa

    O movimento de investigao foi composto portrs momentos.

    l contato pessoal com os sujeitos para queconhecessem o objetivo deste estudo e dessemaquiescncia para participar dele;

    l entrega dos questionrios com questes semi-abertas para que individualmente fossemrespondidas por eles;

    l encontro para a devoluo dos resultados eabertura de outras possveis categorias quepudessem ter surgido. Esse encontro permitiu

    Aprendendo a Ser Psicoterapeuta

  • tambm uma reflexo e entendimento de suaslimitaes e possibilidades de realizar seu papelcom criatividade.

    Para a elaborao dos questionrios, baseamo-nosna pesquisa bibliogrfica que fundamentou oprojeto. Aps a aplicao daqueles em seispsicoterapeutas experientes, chegou-se frmulamais apropriada, com seis questes

    5.

    Na anlise dos resultados, a procura das categoriasde anlise puderam vir do elaborado (escrito),momento precioso em que os sujeitos recriaram oprprio trabalho no papel de psicoterapeutas. Aescrita foi o meio de captar essas evidncias.

    Essas categorias foram evidentemente confrontadas luz do referencial terico escolhido, em ummovimento que estabelece as convergncias e asdivergncias possveis de acontecer.

    Participantes

    Responderam ao questionrio dezoito alunos, comidade variando entre 23 e 42 anos, de ambos ossexos, de nvel socioeconmico mdio, o quecorrespondeu totalidade de matriculados nadisciplina de Estgio em Psicologia Clnica II doCurso de Psicologia da UCPEL.

    Tratamento dos dados

    A anlise dos resultados foi feita sob a tica daanlise de contedo categorial, segundo Bardin(1977).

    O contedo das respostas pergunta sobre o que ser psicoterapeuta foi lido e relido vrias vezes eorganizado do geral para o particular.

    Por meio da livre ateno, buscou-se estabeleceros critrios de classificao em categorias analticasou segundo reagrupamento analgico, que seoriginaram tanto das variveis tericas determinadaspela pesquisadora como tambm de categoriasempricas que puderam ser construdas a partir dogrupo estudado.

    Para o tratamento dos resultados, foramconsiderados aspectos importantes do que seesperou encontrar, assim como diferenciados,presena ou ausncia deles, os quais puderamsugerir o realar de um sentido que se encontraem segundo plano, como valores, crenas,costumes e maneiras de atuar, entre outros.

    Os dados referentes s outras questes norteadorasda pesquisa foram tambm considerados para otratamento dos resultados.No entanto, na tentativa de superar o formalismo

    da anlise de contedo e possivelmentecomplementar a interpretao dos dados, osmesmos puderam ser tratados segundo algunsprocedimentos da tcnica hermenutico

    6-

    dialtica7, principalmente no que tange anlise

    final, utilizada por essa metodologia.

    Para Macnaughton (1996), os resultados poderoajudar outros pesquisadores a reconhecerem-seem situaes similares a essas, nas suas prpriascircunstncias.

    Com este estudo, esperamos alcanar os objetivospropostos e trazer contribuies concepo dossujeitos no sentido de chegar a uma conceituaomais clara acerca dessa tarefa e, possivelmente, apartir dos resultados, encaminhar aes voltadaspara a realidade acadmica do Curso de Psicologiada UCPEL, no sentido de uma formao que valm do informar didtico-cientfico, atingindo opreparo de profissionais criativos nessa arte-cinciaque a psicoterapia.

    Resultados

    Ao tomarmos todo o material para a anlise, emum movimento do todo para as partes e, depois,reagrupando as partes por semelhanas, voltandoa todos unitrios, chegamos s categorias deanlise, que se vo desdobrando em subcategoriasou indicadores mais freqentes.

    O quadro geral dessas significncias pode serorganizado por duas grandes vertentes de anlise,que so:

    l relatos convergentes e que reforam aperspectiva de Moreno, bem como de outrosautores de semelhante viso.

    l relatos no-convergentes.

    A primeira vertente desdobrou-se em subcategoriasque emergiram com maior freqncia e vigor deexpresso escrita sobre o papel do psicoterapeuta,abrangendo:

    l proporcionar momentos de reflexo e deentendimento a partir do estabelecimento de laoscom o paciente, vislumbrando assim novoscaminhos;l ser continente para as angstias e sentimentosdaquele;l ter flexibilidade, desejo de crescimentoconstante, responsabilidade e dedicaoprofissional associadas ao prazer;l ter conscincia de suas limitaes;l desafio constante exigindo tempo e dedicaono preparo profissional;l ter capacidade de relacionamento e ticaprofissional;

    22

    Elizabeth Amelio Faleiros

    5 Questionrio:I-Identificao: no hnecessidade de se identificar pelonome. Idade ( ) Sexo ( )II-Descreve com tuas prpriaspalavras o que serpsicoterapeuta. (No mnimo 15linhas)III-Quais as qualidades/requisitos esperados de umpsicoterapeuta que te parecemimportantes?IV-Quais as dificuldadesencontradas por ti noatendimento junto ao paciente?V-J tiveste, ou ests tendoexperincia de tratamentopsicoterpico como paciente? Sim ( ) No ( )Em caso afirmativo :

    Qual o perodo de durao?_________ Sob qualabordagem ?__________VI-O que sugeres para que possamelhorar a qualidade dotreinamento do papel dopsicoterapeuta no curso e naprtica de estgio ?

    6 Hermenutica: refere-se explicao e interpretao de umpensamento, sendo empregadana interpretao de textos;penetra no seu tempo e, pelacompreenso, busca o sentidodo mesmo ( Minayo, 1993).

    7 Dialtica: refere-se arte deraciocinar, enfatizando adiferena, o contraste e a rupturado sentido (Minayo, 1993).

  • l respeitar o paciente como pessoa desejante,no apenas como doente;l envolver inter-relao, manter uma postura, tercompreenso dinmica da situao-conflito;l aceitar o paciente com suas dificuldades semcritic-lo ou rejeit-lo, tentando ser continente;l descobrir dentro de cada um a grandeza do serhumano;l colocar-se no lugar do outro, ser homem queri, chora, cria, que se emociona e amarintensamente a vida;l fazer uso de tcnicas de acordo com anecessidade do paciente, auxiliando no processode encontro;l entender a linguagem corporal do paciente;no idealizar o paciente conforme seu juzo de valor.

    A segunda vertente desdobrou-se em outrassubcategorias no convergentes que emergiam commenor freqncia, como o papel dopsicoterapeuta, restrito :

    laplicao de tcnicas diversificadas eespecializadas ao tratamento de distrbios mentais;

    l importncia do uso de tcnicas que ajudaroas pessoas a serem mais felizes.

    Poderamos dizer que aqui est a base estruturaldo fenmeno estudado ou a base do contedopara a concepo do que ser psicoterapeutaque o mundo desses alunos em treinamento pdesugerir.

    Parece que essa base estrutural deva obedecer auma certa consistncia conceitual, revelandoque os indicadores que aparecem com maiorfreqncia so apontados por Moreno e outrosautores aqui referidos.

    Outros indicadores parecem revelar ainda maisevidncias referidas no item Aproximaes de umolhar sobre um mar de pensamentos, quando,em seu desenvolvimento, a maioria dos autoresremete-nos a temas ligados grande importnciaatribuda pelo paciente figura do terapeuta.

    Preliminarmente, uma das condies para seubom desempenho seria ter resolvido os prpriosproblemas, tendo conscincia deles, a fim de noprovocar maior sofrimento no paciente.

    Lidar com as fantasias do prprio poder tambm uma das condies bsicas, e no entrar no jogopara provar para si mesmo a sua capacidade decurar o paciente faz parte de no incrementar umacontra-transferncia intil que poderia ser nocivaao tratamento.

    Apesar de ser importante a presena da seguranaemocional no psicoterapeuta, tambm necessrio o cliente perceber que ningum temcondies de ser absolutamente seguro o tempotodo, notando que aquele poder estar sujeito aeventuais momentos de instabilidade emocional.

    Ainda, ligada s qualidades especficas ereconhecidas de um psicoterapeuta, encontramosa concepo positiva de a pessoa humana servoltada para a normalidade e o equilbrio. Deposse dessa nfase, o terapeuta auxiliar noreaparecimento dessas foras adormecidas nopaciente, podendo este redimensionar sua vidano sentido de retomar seu prprio poder, para oprprio equilbrio e harmonia.

    Nas palavras dos estagirios, podemos encontraralguma sintonia com o que foi acima apontado:

    l dedicar-se ao paciente, sem deixar que seuscontedos interfiram na relao transferencial;l ter os conflitos internos resovidos para terflexibilidade e manter comunicao eficiente;conscincia de suas limitaes;l descobrir dentro de cada um a grandeza do serhumano;l saber ouvir imparcialmente, compreender econfortar acreditando no potencial de sade dopaciente.

    Ainda, alguns dos muitos indicadores que maisconvergem para Moreno parecem estar maisprximos do item Por via de Jacob Levy Moreno.Assim, como revelado em suas escritas, osestagirios sinalizaram:

    l respeitar o paciente como pessoa desejante,no apenas como doente;

    l estabelecer boa relao terapeuta-paciente, jque a via do desenvolvimento do tratamento oafeto, ter amor pelo que faz;

    l estabelecer inter-relao, manter uma postura,ter compreenso dinmica da situao- conflito;

    l colocar-se no lugar do outro, ser homem queri, chora, cria, que se emociona e amarintensamente a vida;

    l proporcionar momentos de reflexo e deentendimento a partir do estabelecimento de laoscom o paciente, vislumbrando, assim, novoscaminhos;

    l ter flexibilidade, desejo de crescimentoconstante, responsabilidade e dedicaoprofissional associados ao prazer;

    l aperfeioamento tcnico e sobretudo humano;fazer uso de tcnicas de acordo com a necessidadedo paciente, auxiliando no processo de encontro.

    Aprendendo a Ser Psicoterapeuta

    23

  • Verificamos que essas respostas refletem dimensesde atitudes, comportamentos propostos porMoreno na relao do homem com seus papis.A valorizao desses aspectos trazida por elequando ressalta a importncia da interaohumana, pois, nessa viso, existir co-existir. existircom o outro. Moreno costuma dizer que adimenso do homem vai alm do ser psicolgico,bio-lgico e natural. Para ele, o homem um sercsmico, e, sendo assim, co-responsvel pelocrescimento do outro, da humanidade.

    Dessa forma, ao enfatizar a importncia da relaointerpessoal, mostra que justamente nessainterao de reciprocidade que o encontromoreniano poder existir, revitalizando aidentidade das pessoas presentes. Quando Morenoafirma que o eu s existe na relao com o tu, faz-nos lembrar, antes de mais nada, da importnciado vnculo com o paciente para o desenvolvimentocriativo deste em seus vrios papis. Em outraspalavras, seria estar com o outro trazendo a forada autenticidade e da verdade de cada um narelao, onde cada qual intui com suasensibilidade o que ocorre na subjetividade dooutro, para no cair na rigidez e impessoalidadeque levaria conserva cultural, podendomassificar a criao.Assim, ao revelar o verdadeiroeu, que se d na relao com o outro, estariaexercendo sua espontaneidade e criando nopapel, com respostas adequadas para o momento.Ainda, permitir-se momentos de espontaneidadeimplica tambm abandonar a excessiva censurano funcionamento da mente e promover aabertura correspondente aos impulsos interiores,s intuies e inspiraes. Mais uma vez, vemosessas tendncias acompanharem aquelasrevelaes dos estagirios.

    Vemos assim que, fundamentalmente, a propostade Moreno trabalhar com o homem no sentidode favorecer a recuperao de seus recursos vitais(espontaneidade, sensibilidade e criatividade)atravs de relaes afetivas transformadoras.

    Mais uma vez, a marca do calor humano estsempre presente na proposta moreniana com oobjetivo de transformar relaes transferenciaisem relaes tlicas, ou seja, relaes verdadeiras,objetivas, entre as pessoas.

    Os eixos que servem de apoio ao pensamento deMoreno, a espontaneidade em sua dimensoindividual e o fator tele em sua projeo social,conjugando-se ambos no papel, so tambmrevelados de maneira implcita pelos estagirios aofalarem de suas tarefas enquanto psicoterapeutas,pontuadas em suas escritas.

    De outro lado, a tendncia de o indivduo apoiar-se na conserva cultural, na relao do trabalhocom seu papel, tambm apontada por Moreno,como as aes de forma repetitiva e cristalizadaque, em alguns momentos, podem ser teis paradar incio organizao de uma ao.

    Na segunda vertente, vemos indcios da reproduodaconserva cultural, apesar de esta se manifestarem menor freqncia, quando os estagiriosrevelam:

    aplicao de tcnicas diversificadas especializadasao tratamento de distrbios mentais;

    com o uso de tcnicas ajudar as pessoas a seremmais felizes.

    pertinente considerar que os procedimentosmorenianos para o desempenho do papel depsicoterapeuta so, antes de tudo, uma posturaideolgica e filosfica a permear toda a atividadeprofissional e que, na prtica, essa situao servivida como nova para o terapeuta e o paciente,que no sabem a priori o qu e como vaiacontecer, desencadeando, assim, aespontaneidade necessria e a possibilidade, emambos, de criar.

    O trabalho teraputico est sempre voltado para oprocesso, o vir-a-ser com nfase nodesenvolvimento da criatividade, como dimensesvalorizadas da experincia e comportamento.

    A partir desta anlise, consideramos que osindicadores apresentados revelam uma rede deaspectos que, entrelaados, vo dar suporte paraque o papel de psicoterapeuta possa emergir comespontaneidade e criatividade.

    Os resultados analisados at aqui referem-se scategorias propostas neste estudo.

    A seguir, sero apresentados agrupamentos deoutros resultados relevantes:

    Sobre as qualidades/requisitos esperados de umpsicoterapeuta:

    l Amar o ser humano sem discriminao epreconceitos.

    l Ter responsabilidade e conhecimentos de outraslinhas de trabalho, alm da prpria.

    l Ter tica profissional e discrio.Empatia e flexibilidade.

    l Ter humildade, conhecimento terico edisponibilidade.

    Elizabeth Amelio Faleiros

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  • Manejar com prprias resistncias, trabalhar dentrode um enquadre tcnico

    l Ter autocrtica e estudo constantes.

    l Ser sigiloso, reconhecer os prprios erros,manejar com a contratransferncia.

    l Ter experincia de tratamento.

    l Suportar frustraes, ser espontneo, tersimplicidade, criatividade.

    Esses achados parecem apontar para caractersticasbsicas essenciais, sugeridas pela maioria dosautores tanto de orientao ortodoxa quanto detendncias mais atuais que tratam do tema.

    Sobre dificuldades encontradas no atendimentojunto ao paciente:

    l No ter experincia do prprio tratamento.

    l Abandono do tratamento pelos pacientes.

    l Insegurana quanto a como proceder.

    l Inexperincia e falta de bom preparo.

    l Mobilizao a partir do que ouvia do paciente.

    l Grande ansiedade.

    l Local inadequado do atendimento.

    l No basta querer ajudar o paciente, precisoter e buscar conhecimentos, entendimento ecompreenso.

    l No soltar-me durante a sesso, faltandoespontaneidade.

    l Tranferncia ertica do paciente, entender adinmica.

    l Pouco conhecimento de tcnicas, no saberfazer compreenso dinmica.

    Sobre sugestes para melhorar a qualidade dotreinamento do papel de psicoterapeuta no cursoe na prtica de estgio:

    l trabalhar, nas disciplinas, situaes que maistarde encontraremos com o paciente.

    l vinculao da teoria e prtica desde o incio docurso, no sentido de se trabalhar o papel dopsiclogo antes de se chegar aos estgios.

    l realizar vivncias em sala de aula enquantosesses fictcias.

    l propiciar o curso d possibilidade para quetodo aluno possa ter experincia psicoterpicaenquanto paciente, mediante convnios da UCPELcom clnicas de psicoterapia.

    l apresentar, desde o nicio do curso, discussode casos clnicos, maior treinamento parapsicodiagnstico, maior carga horria para o estgiode clnica, bem como realizar estgios em hospitalpsiquitrico.

    l apresentar a diversidade de teoriaspsicoterpicas no curriculum.

    l Trabalhar situaes prticas, o papel de terapeutaem disciplina como tica profissional.

    De modo geral, afirmaram que preciso umtreinamento maior para atuarem com naturalidadee eficcia.

    Dos dezoito entrevistados, doze tiveramexperincia de tratamento psicoterpico, comdurao que variou de seis meses a quatro anos.As abordagens de tratamento foram: psicoterapiapsicanaltica, psicodrama e Onto-psicologia.

    Palavras Conclusivas

    As categorias espontaneidade e criatividadereceberam atravs da pesquisa junto aosentrevistados confirmao significativa.

    Surgiram enquanto subcategorias ou indicadoresde maior freqncia e revelaram uma baseestrutural que obedecia a certa consistnciaconceitual.

    Outras ainda surgiram enquanto categoriasempricas e no-convergentes na qualidade deconserva cultural, porm, manifestando-se commenor freqncia.

    Quanto aos elementos que constituem a essnciado papel, foram apontados pelos entrevistadoscomo requisitos bsicos e essenciais para oexerccio da funo de psicoterapeuta,coincidindo com as recomendaes de autoresde destaque aqui citados.

    Na medida em que os expressaram pela escrita,parece que j os incorporaram como principaisvalores norteadores, sugerindo que, em nvelperceptual-cognitivo, ocupam um espao no mapade referncia dos sujeitos pesquisados.

    Fizeram crticas realistas, propondo aespedaggicas para minimizar dificuldades esugeriram voltar o processo da aprendizagem para

    Aprendendo a Ser Psicoterapeuta

    25

  • viver na prxis a interao terapeuta-paciente, comsituaes experienciais, processuais e no tantoconceituais, passivas e de memorizao, ondetomam para si um produto final dado peloprofessor.

    Feitas essas consideraes, pde ser constatado queos principais alicerces norteadores que do basepara a estruturao do papel de psicoterapeutaemergiram na escrita dos estagirios.

    Vimos que os resultados apresentaram coernciaentre suas descries e aspectos levantados naliteratura; revelaram, tambm, maturidade eentendimento de suas limitaes e possibilidadesde realizar o papel de psicoterapeuta na realidade,com elementos potencializadores para odesenvolvimento da espontaneidade-criatividade,j que os valores bsicos para a sua realizao estopresentes. Com isso, o fato de alguns se encontraremem processo final de adolescncia aparentementeno demonstrou ser um obstculo para odesenvolvimento do papel de terapeuta.

    De um modo geral,os participantes da pesquisaperceberam a necessidade de crescimento pessoale treinamento especializado contnuo como partedo processo da construo do papel de terapeuta,sugerindo ser este no um produto final, mas, sim,um processo sempre em construo.

    A Aprendizagem ou Treinamentodo Papel de Terapeuta

    Detectados esses aspectos da realidade e noesquecendo a solicitao dos estagirios,propomos, nos moldes dos princpios do mtododialgico-existencial com base na relao tlica, odesenvolvimento do trabalho em superviso comopossibilidade de respostas a dificuldades, odespertar e a liberao da espontaneidade-criatividade no papel em desenvolvimento deterapeuta.

    Sendo assim, o supervisionando, no ato de exerceros papis, redescobre sua espontaneidade,tomando conscincia de sua capacidade de recriaro papel.

    Considerando o fazer do supervisor junto aosupervisionando, o treinamento de papel umatcnica bastante utilizada por ser facilitadora, poisfaz com que o supervisionando desenvolva o papelde terapeuta com criatividade ao exerc-lo e trein-lo, porm em uma situao mais protegida,podendo ser apontados pelo supervisor e/ou grupoos acertos ou falhas no seu desempenho, demaneira que essas pontuaes possam contribuirpara o crescimento profissional.

    Enfim, nessa abordagem, a dinmica da supervisobipessoal e/ou grupal tem a inteno de dar aoestagirio as oportunidades de compreender adinmica interna de seus pacientes e a anlise darelao tlico-transferencial, contando com matrizacolhedora, que serve de continente e proporcionauma busca pela formao da identidadeprofissional, que reflete e deixa fluirquestionamentos e incertezas a fim de nopermanecer na armadilha da vaidade eonipotncia, pois, se no, quantas vezes nosacharamos os donos da verdade?

    Na medida em que os estagirios estivessemaprendendo em contato com o problema, iriamadquirir maior flexibilidade no ato dodesenvolvimento de descobertas para possveissolues. No podemos esquecer que o mundoest cada vez mais a pedir um profissional criativo,flexvel, com capacidade de adaptar-se comrapidez s mudanas configuradas pelo novosculo.

    claro que toda essa disponibilidade para o novodever ser mediada, modulada por padres decomportamento tico, levando o profissional aautodefinir seu limite de competncia.

    E, assim, conclumos com Moreno, ao enaltecer opotencial da criatura humana:

    Como poderei Eu, o criador,no fazer com que cada instantefosse mais perfeitoe mais intenso do que o ltimo?

    Cada novo momento mais perfeitodo que aqueleque Eu acabei de viverCada ser que eu crio mais perfeitodo que aqueleque acabei de criar

    E Meu momento mais perfeitoMeu momento mais intensodeve ser meu ltimo momento!(1992, p. 92)

    Elizabeth Amelio Faleiros

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