APRESENTAÇÃO No ano de 2011 o ESTADO DE GOIÁS, por meio ...

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APRESENTAÇÃO No ano de 2011 o ESTADO DE GOIÁS, por meio do Decreto nº 7.334, do dia 13 de maio, autorizou a execução dos estudos e projetos necessários ao aparelhamento de manifestação de interesse empresarial em implantar, manter e operar, sob a forma de uma parceria público-privada, um modo metro-ferroviário de transporte público coletivo de passageiros no Eixo Anhanguera, em substituição ao modo de transporte rápido por ônibus (BRT) hoje existente, e que interliga, com passagem longitudinal pelo centro histórico da cidade, os extremos leste e oeste de Goiânia. Motivado por aquela autorização do Governo do Estado, e inspirado no revelado desejo de propiciar um salto de qualidade e de modernidade no processo de desenvolvimento urbano e econômico-social da Capital do Estado, o CONSÓRCIO DA REDE METROPOLITANA DE TRANSPORTES COLETIVOS DA GRANDE GOIÂNIA e a ODEBRECHT TRANSPORT PARTICIPAÇÕES S.A. (o “Grupo Empreendedor”), realizaram os estudos e projetos técnicos, econômico-financeiros e jurídicos necessários à modelagem da parceria público-privada para a estruturação e implantação do PROJETO VLT ANHANGUERA. Os referidos estudos e projetos estão agrupados no produto final ora apresentado, materializado na presente encadernação. Congrega esta documentação conjuntos de alternativas cuidadosamente examinadas para viabilizar uma estrutura que, a um só tempo, permita ao Estado de Goiás (i) solucionar a limitação da capacidade do atual modal de transportes em utilização no Eixo Anhanguera, por meio do uso da tecnologia de designada Veículo Leve sobre Trilho (“VLT ”); (ii) requalificar os espaços urbanos, viabilizar a implantação de eventuais projetos associados e incentivar o segmento imobiliário para a construção de empreendimentos novos ao longo e no entorno do Eixo Anhanguera e (iii) viabilizar a implantação de um Projeto compatível com a sua capacidade de financiamento e de oferta de garantias, assentado sobre um modelo jurídico-institucional hígido, de base metropolitana, preexistente há mais de 10 anos e que pode e deve ser preservado. No contexto dos estudos e projetos ora apresentados foram exauridas as alternativas possíveis de elaboração e oferta da melhor modelagem possível para o Projeto, assim disponibilizando uma opção viável para a implantação do VLT. Com o mesmo nível de acuidade, foram colacionadas também alternativas para a operação dos serviços no Eixo Anhanguera, no período de execução de obras e transição dos modais. Diante disso, a entrega deste produto “Procedimento de Manifestação de Interesse – PMI” ao ESTADO DE GOIÁS transfere a este a responsabilidade pelo exame dos estudos e projetos apresentados pelo Grupo Empreendedor, e, principalmente, caso o Governo decida pela implantação do PROJETO VLT ANHANGUERA, transfere ao Estado de Goiás a oportunidade de fazer a escolha das alternativas técnicas e econômico-financeiras a serem consideradas no Termo de Referência para o edital e para o contrato de concessão, bem como a oportunidade de fixar o cronograma para a realização do certame licitatório do empreendimento. A leitura e compreensão do documento ora apresentado simboliza uma viagem entre um sonho antigo e uma realidade possível. Boa viagem!

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  • APRESENTAO

    No ano de 2011 o ESTADO DE GOIS, por meio do Decreto n 7.334, do dia 13 de maio, autorizou a execuo dos estudos e projetos necessrios ao aparelhamento de manifestao de interesse

    empresarial em implantar, manter e operar, sob a forma de uma parceria pblico-privada, um modo metro-ferrovirio de transporte pblico coletivo de passageiros no Eixo Anhanguera, em

    substituio ao modo de transporte rpido por nibus (BRT) hoje existente, e que interliga, com passagem longitudinal pelo centro histrico da cidade, os extremos leste e oeste de Goinia.

    Motivado por aquela autorizao do Governo do Estado, e inspirado no revelado desejo de propiciar um salto de qualidade e de modernidade no processo de desenvolvimento urbano e

    econmico-social da Capital do Estado, o CONSRCIO DA REDE METROPOLITANA DE TRANSPORTES COLETIVOS DA GRANDE GOINIA e a ODEBRECHT TRANSPORT PARTICIPAES S.A. (o Grupo Empreendedor),

    realizaram os estudos e projetos tcnicos, econmico-financeiros e jurdicos necessrios modelagem da parceria pblico-privada para a estruturao e implantao do PROJETO VLT ANHANGUERA.

    Os referidos estudos e projetos esto agrupados no produto final ora apresentado, materializado na presente encadernao.

    Congrega esta documentao conjuntos de alternativas cuidadosamente examinadas para viabilizar uma estrutura que, a um s tempo, permita ao Estado de Gois (i) solucionar a limitao da

    capacidade do atual modal de transportes em utilizao no Eixo Anhanguera, por meio do uso da tecnologia de designada Veculo Leve sobre Trilho (VLT); (ii) requalificar os espaos urbanos,

    viabilizar a implantao de eventuais projetos associados e incentivar o segmento imobilirio para a construo de empreendimentos novos ao longo e no entorno do Eixo Anhanguera e (iii)

    viabilizar a implantao de um Projeto compatvel com a sua capacidade de financiamento e de oferta de garantias, assentado sobre um modelo jurdico-institucional hgido, de base

    metropolitana, preexistente h mais de 10 anos e que pode e deve ser preservado.

    No contexto dos estudos e projetos ora apresentados foram exauridas as alternativas possveis de elaborao e oferta da melhor modelagem possvel para o Projeto, assim disponibilizando uma

    opo vivel para a implantao do VLT. Com o mesmo nvel de acuidade, foram colacionadas tambm alternativas para a operao dos servios no Eixo Anhanguera, no perodo de execuo de

    obras e transio dos modais.

    Diante disso, a entrega deste produto Procedimento de Manifestao de Interesse PMI ao ESTADO DE GOIS transfere a este a responsabilidade pelo exame dos estudos e projetos

    apresentados pelo Grupo Empreendedor, e, principalmente, caso o Governo decida pela implantao do PROJETO VLT ANHANGUERA, transfere ao Estado de Gois a oportunidade de fazer a escolha

    das alternativas tcnicas e econmico-financeiras a serem consideradas no Termo de Referncia para o edital e para o contrato de concesso, bem como a oportunidade de fixar o cronograma

    para a realizao do certame licitatrio do empreendimento.

    A leitura e compreenso do documento ora apresentado simboliza uma viagem entre um sonho antigo e uma realidade possvel. Boa viagem!

  • O Grupo de Trabalho

    Para atender ao chamamento pblico, associaram-se o Consrcio da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos de Goinia com sua experincia em operaes de transportes coletivos e a

    Odebrecht Transport com sua expertise em estruturao e gesto de projetos de infraestrutura de logstica e transportes metro-ferrovirios. Juntos, buscaram o estado da arte em tecnologia e

    operao de sistemas de Veculo Leve sobre Trilhos - VLT.

    Para a formao de modelo institucional, jurdico, tcnico, econmico e financeiro, o grupo recorreu a instituies profissionais consideradas referncias de mercado em suas reas de atuao,

    que proporcionaram embasamento consistente e seguro at o fechamento do projeto aqui apresentado.

    Com isto, o Grupo Empreendedor, assim representado, orgulha-se por entregar ao Governo do Estado de Gois um projeto de inquestionvel consistncia tcnica realizado a partir do

    envolvimento das seguintes equipes das empresas:

    Athiva Engenharia

    Carlos Campos Consultoria e Construes

    Copavel Consultoria de Engenharia

    Egis Rail

    Extenso Consultoria Empresarial

    Ideias Projetos

    Ita BBA

    Manesco, Ramires, Perez e Azevedo Marques Advogados Associados

    Oficina Engenheiros Consultores Associados

    Piatti Rebello

    Planservi Engenharia

    Sntese Consultoria

    SWO Engenharia

    Takna Servios de Engenharia Civil

    Transamo (Grupo Veolia Transdev)

  • SSuummrriioo

    1. INTRODUO ..................................................................................................................... 1

    1.1 Os objetivos, os proponentes, o processo e o produto apresentado ......................................... 2

    1.2 Uma breve sntese do Corredor Anhanguera ........................................................................... 6

    1.3 A escolha do modo VLT ......................................................................................................... 8

    1.4 O sistema de VLT proposto Breve sntese .......................................................................... 11

    2. ESTUDO DE DEMANDA E OFERTA ..................................................................................... 13

    2.1 Estudo de demanda ............................................................................................................ 14

    2.2 Projees de demanda para o horizonte futuro de projeto ..................................................... 23

    2.3 Estimativas de demanda ...................................................................................................... 40

    2.4 Estudos de oferta ................................................................................................................ 46

    2.5 Ofertas projetada ................................................................................................................ 53

    3. INVESTIMENTOS .............................................................................................................. 59

    3.1 Implantao do VLT Anhanguera ......................................................................................... 60

    3.2 Construo civil................................................................................................................... 98

    3.3 Reurbanizao do Eixo Anhanguera .................................................................................... 143

    3.4 Circulao viria a partir da implantao do VLT ................................................................. 168

    3.5 Material rodante e sistemas ............................................................................................... 199

    4. OPERAO E MANUTENO .......................................................................................... 221

    4.1 Definies e terminologias .................................................................................................. 222

    4.2 Operao .......................................................................................................................... 228

    4.3 Diretrizes ........................................................................................................................... 240

    4.4 Manuteno ....................................................................................................................... 246

    4.5 Estrutura organizacional ..................................................................................................... 254

    46.Sistema de gesto da qualidade ........................................................................................... 258

    5. IMPLANTAO DO PROJETO ......................................................................................... 263

    5.1 Plano de transio ............................................................................................................. 264

    5.2 Diretrizes para o licenciamento ambiental ............................................................................ 269

    6. ANLISE DE VIABILIDADE ECONMICO-FINANCEIRA ................................................. 271

    6.1 Glossrio ........................................................................................................................... 272

    6.2 Estudo de viabilidade econmico-financeira ......................................................................... 272

    6.3 Estrutura de garantias ao pblico e ao privado .................................................................... 277

    7. MODELO INSTITUCIONAL E JURDICO ......................................................................... 289

    7.1 Introduo: aspectos gerias do Projeto ............................................................................... 290

    7.2 Marco Regulatrio das parcerias pblico-privadas ................................................................ 290

    7.3 O modelo sugerido ............................................................................................................. 295

    7.4 Concluses ........................................................................................................................ 316

    ANEXO I VALUE FOR MONEY

    ANEXO II MATRIZ DE RISCO

    ANEXO III - REAJUSTE

    ANEXO IV MINUTA DE DELIBERAO DA CDTC

    ANEXO V MINUTA DO CONVNIO DELIBERATIVO DA CDTC

  • 11 IINNTTRROODDUUOO

  • 1 INTRODUO

    1.1 Os objetivos, os proponentes, o processo e o

    produto apresentado

    Este documento apresenta o relatrio do Procedimento de Manifestao de Interesse PMI

    do Projeto VLT Anhanguera.

    O relatrio foi produzido em observncia do disposto na Manifestao de Interesse do

    Consrcio Empreendedor, de 22 de maro de 2011, e do Decreto de n 7334, do Governo do

    Estado de Gois, de 13 de maio de 2011.

    Todo seu desenvolvimento se deu a partir da demonstrao de viabilidade operacional,

    econmica, financeira, tcnica e jurdica, apresentada em estudos iniciais protocolados junto

    Secretaria de Desenvolvimento da Regio Metropolitana, o que ensejou autorizao formal

    para seu prosseguimento.

    Sua lgica trouxe luz, para embasamento ao Estado de Gois, sobre sua deciso de

    investimento dos recursos pbicos, clara demonstrao sobre a alternativa da PPP - Parceria

    Pblico Privada, como o caminho mais recomendado para a observncia da eficincia e da

    eficcia na aplicao das receitas e ativos pblicos.

    Sua adoo aponta para consistentes vantagens scio-econmicas advindas dos

    investimentos e esforos em parceria com o setor privado, frente ao que seria despendido

    pelo Estado, em recursos tangveis e intangveis, para disponibilizar o mesmo servio

    pretendido com o projeto. (ver ANEXO I VALUE FOR MONEY)

    1.1.1 Os proponentes

    O Grupo Empreendedor, que assina este documento, formado pelo Consrcio RMTC e pela

    Odebrecht Transport Participaes SA OTP.

    O Consrcio RMTC formado por todas as concessionrias privadas responsveis pela

    execuo dos servios pblicos de transporte coletivo de passageiros na RMG:

    Rpido Araguaia Ltda;

    HP Transportes Coletivos Ltda;

    Viao Reunidas Ltda; e

    Cooperativa de Transporte do Estado de Gois COOTEGO

    Todas elas so pessoas jurdicas com ampla experincia no setor de transporte coletivo,

    nascidas e criadas em Goinia, com forte compromisso com o transporte da Metrpole.

    A participao, em conjunto, de todas as empresas privadas, atesta o compromisso com a

    parceria com o Governo do Estado de Gois, com o futuro da Rede Metropolitana de

    Transporte Coletivo e da cidade de Goinia, e com um empreendimento de transporte

    coletivo, que, de fato, marcar a histria da regio.

    A Odebrecht Transport Participaes SA OTP integra o Grupo Odebrecht. Fundada no ano

    de 2010, para atuar no segmento de Transporte e Logstica, com foco nos setores rodovirio,

    de transporte urbano metroferrovirio, de infraestrutura de logstica, e aeroporturio, aporta,

    ao projeto, toda experincia do Grupo Odebrecht na viabilizao de grandes

    empreendimentos, construo e operao de sistemas de transporte.

    Ainda que jovem, a empresa j possui um amplo portflio de operaes, com destaque no

    segmento de transporte coletivo. Opera, atravs da SuperVia, a malha ferroviria de 225 km

    que cobre a Regio Metropolitana do Rio de Janeiro atendendo a 12 municpios, e, por meio

    da Via Quatro, opera a Linha 4 do Metr de So Paulo. Alm destas operaes, a empresa

    atua em outras concesses no segmento de estradas e de portos.

  • Sua participao no Grupo Empreendedor, alm de oferecer a experincia na operao

    ferroviria, traz consigo, toda a experincia de uma das maiores empresas do setor de

    construo civil do pas a Odebrecht Infraestrutura.

    Para a realizao dos estudos, as proponentes organizaram uma ampla e diversa equipe de

    empresas e profissionais nas diversas reas de conhecimento requeridas.

    1.1.2 Os estudos realizados preliminarmente

    Durante a Fase I do Procedimento de Manifestao de Interesse, encerrada formalmente em

    novembro de 2011 quando foi encaminhado ao Governo do Estado de Gois o relatrio do

    Projeto Funcional, foram produzidos estudos que buscaram atender tanto s exigncias

    formais, consignadas nos documentos acima apontados, como necessidade, mpar, de

    oferecer ao Governo do Estado de Gois um arcabouo tcnico, econmico e jurdico, que lhe

    permita orientar, de forma segura, uma futura licitao no modelo de Parceria Pblico Privada

    para este empreendimento.

    No campo tcnico, os estudos enfocaram um amplo conjunto de anlises e definies:

    i. Em relao demanda de transporte, com projees para o ano-horizonte de 2040 e

    anos intermedirios, baseado em um profundo estudo de cenrios urbanos, demogrficos e

    econmicos, que j levaram em conta as expectativas de desenvolvimento urbano ao longo

    do novo Eixo Anhanguera, renovado pelo novo modo de transporte.

    ii. Quanto oferta, o estudo analisou a rede integrada e props alteraes pontuais,

    dado que o Eixo Anhanguera j , hoje, um eixo de transporte plenamente consolidado na

    Rede Metropolitana de Transportes RMTC. No obstante, os estudos j incorporam a

    fundamental e necessria articulao com o projeto do BRT Norte e Sul, em desenvolvimento

    pela Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos CMTC. Combinando os dados de

    demanda e oferta, as anlises de planejamento de transporte levaram produo dos

    carregamentos esperados, definidores da oferta de viagens a serem ofertadas no VLT.

    iii. A partir da demanda e da oferta, e, ainda, considerando as tecnologias disponveis, os

    estudos definiram um modelo padro de veculo de VLT e, por consequncia, as suas

    caractersticas em termos de dimenses e capacidade.

    iv. No aspecto tecnolgico e funcional da implantao do VLT, os estudos percorreram um

    longo e proveitoso caminho.

    Foram estudadas vrias solues de implantao, com diferentes graus de segregao; foram

    analisadas as suas consequncias em relao s expectativas tanto de transporte como

    urbansticas, tendo sido adotada uma soluo clssica, preferencialmente em superfcie, que

    atende o espectro de objetivos associados com o empreendimento.

    Definido um modelo de soluo, foram detalhados, no nvel funcional, vrios elementos do

    projeto de infraestrutura e sistemas. Na sequncia, em nvel de projeto bsico, as solues

    adotadas foram desenvolvidas, detalhadas e, eventualmente, modificadas em funo de um

    maior conjunto de informaes disponveis.

    Foi definido um lanamento para o traado do VLT, com o seu alinhamento horizontal e

    vertical; foi realizado um estudo de circulao viria, inclusive com pesquisas de trfego;

    foram estudadas e projetadas as solues de tipologia das estaes, posteriormente aplicadas

    a cada local previsto, gerando as implantaes de todas as estaes.

    No campo dos terminais de integrao, aspecto chave de todo o projeto de transporte do

    VLT, foram desenvolvidos vrios estudos e projetos visando conceber solues que atendam

    tambm a vrias necessidades: do VLT, da rede de nibus e da insero urbana.

    Considerando todas as caractersticas fsicas do traado e aquelas decorrentes dos veculos,

    foram executadas as anlises de marcha, isto , de simulao da velocidade esperada. Com

    base neste dado, e nos de oferta, foi definida a quantidade de veculos exigida para ofertar

    um servio adequado demanda calculada.

  • Estabelecida a frota de trens e as caractersticas do traado, foi proposta a localizao do

    ptio de estacionamento e da base de operao e manuteno, bem como, definidas as

    especificaes bsicas dos sistemas e componentes, tambm em um nvel funcional.

    Por fim, considerando as definies tecnolgicas e operacionais, estabeleceu-se as

    caractersticas dos sistemas de alimentao eltrica, de comunicao, de sinalizao e de

    controle operacional, fundamentais para o provimento dos servios com segurana aos

    passageiros e ao meio urbano.

    No campo urbano, urbanstico e ambiental, os estudos dedicaram especial ateno, e no

    poderia ser diferente, afinal este no um empreendimento apenas de transporte, um

    empreendimento de cidade, aliando solues de mobilidade a solues urbanas.

    Um amplo diagnstico foi conduzido, que abrangeu com detalhes a Avenida Anhanguera e

    seus arredores, mapeando as caractersticas da cidade: o seu uso do solo, o seu grau de

    ocupao, o estado das edificaes, as suas vias, a paisagem urbana, entre tantos outros

    elementos.

    A partir destas anlises, foram desenvolvidos estudos para propostas de tratamento

    urbanstico da via, que procuraram definir tipologias aplicveis reconfigurao das

    caladas, dos canteiros, do paisagismo e mobilirio, bem como, do tratamento do

    revestimento do piso da via do VLT. Todos estes elementos, combinados, que no exterior

    conhecido como uma interveno fachada-a-fachada, sero a expresso urbanstica do

    empreendimento, conferindo avenida uma renovada e qualificada imagem.

    Mas no s nestes aspectos, cuidou a anlise. Um estudo de desenvolvimento urbano foi

    realizado visando identificar vocaes, potencialidades de transformao, oportunidades

    econmicas e elementos de transformao do espao urbano ao longo da rea de influncia

    da avenida.

    Deste trabalho, resultou uma proposta de diretrizes urbanas, que o ponto de partida para

    uma profcua discusso com as autoridades do Municpio de Goinia, que, sem dvida,

    levaro ao desdobramento em aes capazes, de fato, a levar ao ambiente urbano, em toda

    a sua expresso, as qualidades do projeto.

    Nos aspectos econmicos e jurdicos se assentam as bases para a viabilidade da iniciativa.

    No , portanto, diferente, que aliado a todo o desenvolvimento tcnico, estes assuntos

    tenham dominado parte significativa da pauta dos trabalhos.

    Contando com uma equipe de experincia reconhecida, em ambas as disciplinas, as anlises

    buscaram avaliar as condies necessrias para que o Estado de Gois possa, com

    segurana, apresentar Sociedade a promoo de uma concesso de servios mediante PPP.

    Os investimentos e os custos operacionais; as demandas e as receitas, todas egressas dos

    estudos tcnicos foram objeto de modelagem de negcios, buscando avaliar a capacidade do

    setor privado arcar com o negcio e a parcela requerida de aporte pblico.

    No campo jurdico, os estudos oferecem uma abordagem do estado da arte desta questo no

    pas, problematizando os aspectos que o Estado de Gois dever considerar na modelagem

    institucional e da concesso futura, bem como, apontando alternativas de solues para

    vrias destas questes.

    1.1.3 Os novos estudos

    Desde o encerramento da Fase I da PMI at esta data, foram produzidos novos estudos que

    introduziram novos e importantes elementos alm daqueles anteriormente, quando foi

    encaminhado ao Governo do Estado de Gois o relatrio do Projeto Funcional.

    De fato, nesta fase de preparao do PMI (Procedimento de Manifestao de Interesse),

    houve um avano em relao etapa anterior de projeto funcional.

  • Os estudos e a verificao das condies estruturais das pontes ao longo do traado

    contriburam de maneira significativa para o afinamento das opes de projeto, permitindo

    escolhas mais econmicas e mais eficientes. Ao mesmo tempo, o maior detalhamento nos

    cenrios de oferta e demanda contribuiu para a maior preciso da definio de cenrios

    futuros, at 2040.

    A circulao veicular na rea de influncia do Eixo Anhanguera e a interface com o futuro VLT

    foram tambm objeto de maior anlise e refinamento das propostas, subsidiado por uma

    ampla bateria de pesquisas de trfego que resultaram em um conhecimento detalhado dos

    fluxos atuais em todas as intersees da avenida e de pontos importantes da malha viria

    prxima.

    No projeto de infraestrutura, avanou-se no detalhamento das solues aplicveis, em

    relao via permanente, s estaes, aos terminais e ao ptio. A produo dos elementos

    do projeto bsico ofereceram condies para um melhor refinamento e preciso dos custos

    de investimentos.

    Em relao aos sistemas tecnolgicos, material rodante e operao, tambm houve uma

    evoluo, com melhores definies.

    Por tudo isso, este relatrio do PMI constitui uma evoluo dos estudos e, como tal, deve ser

    considerado como a expresso mais atualizada de dados e anlises, em substituio ao que j

    foi apresentado no Projeto Funcional.

    O documento, como aqui apresentado, coroa este longo processo, no qual uma grande

    equipe de profissionais esteve envolvida, com o intuito de oferecer o melhor projeto para a

    cidade de Goinia, para a RMTC, para o Poder Pblico e para a Iniciativa Privada.

    Vale constar, o agradecimento a todos aqueles que, no Governo do Estado de Gois, na

    Prefeitura de Goinia, na CMTC, entre outros, contriburam com informaes para o projeto.

    Em destaque, agradece-se ao Governador do Estado de Gois, aos Secretrios de Estado,

    Presidentes de Agncias, Assessores e ao Presidente da Metrobus, que sempre franquearam

    as oportunidades necessrias para o aprimoramento da concepo e para o entendimento

    sobre o projeto.

  • 1.2 Uma breve sntese do Corredor Anhanguera

    A operao atual do Eixo Anhanguera e as perspectivas de sua alterao, com a implantao

    de uma soluo em tecnologia ferroviria do tipo VLT, precisa ser analisada sob a tica da

    importncia deste eixo de mobilidade como elemento estruturador do transporte coletivo de

    Goinia e de sua regio metropolitana como um todo.

    Implantado na dcada de 70, com operao restrita ao trecho entre os terminais DERGO e

    Praa da Bblia, o pano de fundo que norteou sua concepo foi o de promover a

    racionalizao da rede de linhas radiais convencionais que existiam poca, integrando-as

    em terminais em um modelo que, naquele momento, comeou a ser difundido nas grandes

    cidades brasileiras, conhecido como tronco-alimentado. Modelos como esse visam o

    aumento da produtividade do sistema sobre pneus, eliminando sobreposies de oferta,

    permitindo o uso de veculos de maior capacidade, e, quando associado a um corredor

    exclusivo, proporcionando uma maior velocidade comercial, logo, menores frotas

    operacionais.

    Naquela ocasio, o modelo tronco-alimentado justificava-se mais ainda pelo fator da cidade

    apresentar um elevado crescimento populacional, caracterstico dos anos 1970, poca na

    qual, a busca pela racionalidade da circulao era imperiosa, haja vista a forte crise do

    petrleo que marcou o perodo.

    No decorrer dos anos, o modelo tronco-alimentado ganhou mais abrangncia e

    complexidade, atendendo toda a Regio Metropolitana de Goinia, inclusive no prprio Eixo

    Anhanguera, que foi estendido ao Leste, at ao Terminal Parque Novo Mundo, e a Oeste, at

    ao Terminal Padre Pelgio.

    Associado ao modelo de rede integrada de transporte, o Eixo Anhanguera foi implantado

    como um corredor segregado para a circulao dos nibus no eixo da via, separado, portanto

    do trfego geral. Tal medida proporcionou dois atributos: a garantia de maior velocidade para

    os nibus e a reserva de um espao virio exclusivo para o transporte coletivo, algo que,

    hoje, se mostra bastante importante para facilitar a implantao do VLT.

    No final dos anos 1990 o Corredor Anhanguera adquiriu as feies atuais, que maximizaram

    sua capacidade, destacando as seguintes alteraes:

    Incio da operao de nibus articulados;

    Implantao do pr-pagamento nas paradas;

    Implantao de plataformas centrais com embarque no lado esquerdo do veculo e

    com nivelamento do seu piso com o do piso dos veculos.

    Estas medidas favoreceram o embarque e desembarque de passageiros, melhorando ainda

    mais a velocidade comercial. Vale dizer que essas medidas acompanharam solues

    implantadas em So Paulo (corredores com porta a esquerda) e Curitiba (Ligeirinho), todas

    na direo do que hoje se conhece como BRT.

    Tambm com a reformulao do Eixo Anhanguera foram promovidas alteraes no plano

    geral de circulao, com o fechamento de vrias intersees, principalmente no setor

    Campinas, o que tambm contribuiu para a melhoria da velocidade. Com o tempo,

    entretanto, o crescimento da frota de automveis e as presses pela ampliao dos pontos de

    travessia do Corredor levaram abertura de vrias intersees e a mudanas no plano

    semafrico, com consequncias negativas para os tempos de viagem.

    Assim, o que na origem era uma vantagem inquestionvel do Eixo Anhanguera a sua

    velocidade comercial hoje j no o . De fato, a velocidade atual de 17 km/h no

    compatvel com um sistema de transporte integrado e com a presena de um corredor de

    transporte coletivo exclusivo, ainda que hoje haja corredores virios que no dispem de

    privilgios de circulao com velocidades inferiores a esse valor. A discusso sobre a questo

    da velocidade no Eixo Anhanguera ainda se insere em outro contexto, que o da funo dele

    no atendimento das viagens de transporte em uma rede integrada.

  • Com efeito, o Eixo um elo de uma rede plenamente integrada que atende a bairros

    perifricos em um extremo, mediante linhas alimentadoras, e a regies do Centro Expandido,

    que so servidas por linhas troncais que se integram nos terminais mais centrais,

    notadamente Praa A e Praa da Bblia.

    Bem mais recentemente, a partir do final de 2010, a Metrobus, operadora pblica do

    Corredor, adquiriu 90 novos veculos, renovando a frota que j se encontrava altamente

    degradada, com mais de 10 anos de uso. Do total da frota, 60 so veculos articulados e 30

    biarticulados.

    Atualmente, 70% das viagens que usam o Eixo Anhanguera so integradas, logo, o Eixo

    corresponde a uma parcela de um trajeto da viagem completa do passageiro que j padece

    de conflitos com o trfego e menores velocidades nas linhas alimentadoras e troncais, bem

    como so afetadas pelos tempos de transferncia nos terminais (tempos de caminhada e

    tempos de espera). Ofertar uma viagem mais rpida no Eixo Anhanguera, que pela sua

    caracterstica de concentrao de demanda propcio para tal, uma condio para a

    reduo do tempo total da viagem por transporte coletivo.

    Se por um lado, conforme comentado acima, a sequncia de medidas implantadas no Eixo

    Anhanguera configurou uma referncia nacional em transportes sobre pneus, por outro

    preciso lembrar que a criao do Eixo no foi acompanhada pela constituio de um processo

    mais atencioso de gesto do uso do solo ao longo da Av. Anhanguera, como fizera Curitiba,

    por exemplo. Ao longo dos anos, o Eixo tem sido responsabilizado pela segregao do tecido

    urbano de Goinia e pelo grau de degradao das atividades comerciais e de servios da rea

    do centro histrico da cidade.

    A Avenida Anhanguera, suporte fsico onde se assenta o corredor de nibus, parte do

    traado original da cidade de Goinia. H algumas dcadas foi uma das avenidas comerciais

    mais importantes da cidade, tendo em seu trajeto algumas das melhores lojas da regio e

    constituindo-se em um local de encontro e consumo da populao.

    Hoje, a Avenida Anhanguera continua a ser um ponto comercial importante da cidade de

    Goinia, uma vez que a atividade econmica com maior predominncia em todo seu trajeto

    ainda o comrcio. Porm, com o decorrer dos anos, o padro do comrcio e dos servios

    oferecidos na extenso da avenida passou a ser predominantemente popular com raras

    excees em alguns de seus trechos.

    Ao longo de seu percurso e no seu entorno situam-se a zona mais relevante de comrcio

    popular da cidade, as duas universidades mais importantes do Estado, secretariais estaduais,

    um hospital regional, dois shoppings centers (um em planejamento), alm de um rico

    patrimnio edificado da arquitetura estilo Art Deco, nico no Brasil por sua escala e

    concentrao, e segundo algumas fontes o 2 no mundo.

    Apesar de todo este patrimnio, notvel o processo de degradao ambiental que avana

    sobre a avenida, em especial nas extremidades leste e oeste do Eixo Anhanguera. Se esta

    situao apresenta um panorama desolador em certo sentido, por outro se constitui em uma

    possibilidade inigualvel de renovao urbana, propiciando a proposio de novos parmetros

    de ocupao, adensamento e de padres de qualidade do espao urbano.

  • 1.3 A escolha do modo VLT

    A escolha de uma nova soluo modal para o transporte coletivo em situaes com a de

    Goinia tem sido objeto de grande discusso, tanto no meio tcnico como tambm no

    conjunto da sociedade. Recentemente, no pas, este tema ganhou destaque em razo de

    inmeros planos de sistemas de transporte de mdia capacidade para capitais que sediaro a

    Copa do Mundo - FIFA 2014 e os Jogos Olmpicos de 2016. Na capital de So Paulo, a

    discusso mais evidente aquela relativa aos impactos urbanos e ambientais do sistema de

    monotrilho que j se encontra em construo (Linha 2 Verde do Metr), alm de outras trs

    linhas em projeto.

    A literatura tcnica e os maiores especialistas na rea so praticamente unnimes ao

    afirmarem que no existe a soluo ideal para sistemas de mdia capacidade, com

    demandas entre 10 e 30 mil passageiros/hora em cada sentido, como o do Eixo

    Anhanguera. No entanto, a famlia de solues modais disponveis nestes casos bem

    conhecida: BRT, VLT e monotrilhos. Eduardo Vasconcelos, doutor em Polticas Pblicas pela

    USP Universidade de So Paulo e ps-doutorado em Planejamento de Transportes na

    Cornell University, atualmente consultor em transporte pblico e assessor da Associao

    Nacional de Transportes Pblicos ANTP, por exemplo, em entrevista recente ao site

    www.mobilize.org.br, ressalta ainda que demandas desta natureza tero campo frtil no

    futuro, graas tendncia de estabilizao de crescimento das cidades, em especial as mais

    desenvolvidas.

    Neste sentido, a observao de Laurent Dauby diretor de conhecimento e servios associados

    da UITP - Associao Internacional de Transporte Pblico, em artigo para revista da UITP de

    2009 define de forma exata esta tarefa: selecionar um modo de transporte requer uma

    analise multidisciplinar complexa e no pode ser resumido nos termos de slogans simplistas.

    A anlise e escolha modal, conforme o mesmo autor deve considerar fatores como

    capacidade de transporte, custo, insero urbana, expectativas da populao quanto

    qualidade do servio, impactos ambientais e disponibilidade de conhecimento tecnolgico.

    A questo da definio da natureza tecnolgica do sistema agrega ainda o desafio de

    organizar as escolhas possveis em um quadro de indefinies quanto denominao dos

    diferentes modos. Neste sentido, til esclarecer os termos empregados neste texto. A

    denominao VLT Veculo Leve sobre Trilho utilizada nos trabalhos desta PMI, a partir da

    definio pela opo de um sistema sobre trilhos, entendida aqui como a soluo modal que

    envolve um sistema sobre trilhos, no necessariamente segregado fisicamente (em tnel ou

    elevado) ao longo de todo o traado, com capacidade de atendimento para demandas

    situadas ao redor de 15 mil passageiros por hora em cada sentido, considerando o ano

    horizonte de 2040. Neste caso, no se deve confundir a denominao VLT Veculo Leve

    sobre Trilho com Ligth Rail Transit (LRT), utilizada pela literatura internacional para

    designar sistemas ferrovirios totalmente segregados, com capacidades para patamares de

    demanda entre 25 e 50 mil passageiros por hora em cada sentido.

    No caso do Eixo Anhanguera, com demanda de mximo carregamento estimada em 15 mil

    passageiros por hora em cada sentido em 2040, considerando o cenrio de maior gerao de

    viagens de transporte coletivo, as opes tecnolgicas consideradas neste trabalho seguiram

    as seguintes premissas:

    SISTEMAS BUS RAPID TRANSIT (BRT)

    Sistema sobre pneus em nvel prioritariamente, mas segregado do trfego geral. As

    capacidades de atendimento podem variar de 4 mil a 40 mil pass/h sentido, dependendo de

    medidas de projeto associadas, como paradas intercaladas, faixas de ultrapassagem,

    tamanho dos veculos; ou ainda medidas operacionais como a adoo de servios expressos.

    file:///C:/Users/transito.ENG-TRANSITO3.000/Desktop/VLT_GOIANIA_PMI/www.mobilize.org.br

  • MONOTRILHO

    Sistema sobre pneus, com caractersticas tecnolgicas dos sistemas sobre trilhos, operando

    totalmente segregado (elevado). A capacidade de transporte deste sistema nos casos de

    projetos para a cidade de So Paulo chega ao patamar de 40 mil passageiros por hora e por

    sentido.

    VECULO LEVE SOBRE TRILHOS (VLT)

    Sistema sobre trilhos, prioritariamente operando em nvel, mas com segregao. A

    capacidade de mximo carregamento esperada nestes casos situa-se na faixa de 15 mil

    passageiros por hora e por sentido, dependendo de medidas de segregao, priorizao nas

    intersees e arranjos operacionais associados ao plano de via que permita a reduo do

    tempo de manobra nas extremidades da linha, entre outras medidas.

    As premissas acima demonstram que, tecnicamente, pelo vis do atendimento da demanda

    (capacidade do sistema), qualquer uma das trs tecnologias poderia ser adotada como

    soluo para o caso de Goinia. No entanto, as solues se distinguem em muito sob o

    aspecto da sua insero urbana.

    Sobre o assunto a literatura de planejamento de transportes e de urbanismo tem

    historicamente reservado muita ateno para a relao indissocivel entre os sistemas de

    transporte e o tecido urbano do entorno, estabelecendo-se entre elas uma relao de causa e

    efeito.

    De fato, se por um lado a vitalidade de determinadas reas da cidade, o adensamento

    urbano, a diversidade, entre outras qualidades reconhecidas, esto intimamente vinculadas

    aos sistemas de transporte, por outro a capacidade de transporte destes mesmos sistemas

    dependem invariavelmente do seu nvel de proteo contra as interferncias prprias dos

    centros mais adensados. Em outras palavras: os nveis de segregao destes meios de

    transporte so condicionantes das suas capacidades de deslocamento de passageiros.

    No caso concreto do Eixo Anhanguera, poderia haver uma srie de intervenes de ampliao

    da sua capacidade com o modo nibus, com a implantao de faixas para ultrapassagem. No

    entanto, estas intervenes de adaptao do corredor a novos patamares de demanda

    exigiriam mais espao virio. A obteno deste maior espao levaria em determinadas sees

    virias ao comprometimento das caladas, ou desapropriaes extensivas.

    Caso a opo fosse por um sistema de monotrilho, evidentemente no haveria o

    comprometimento virio, e at haveria uma liberao da rea ocupada atualmente em

    superfcie para melhorias urbansticas. No entanto, um sistema como este apresenta, nas

    condies locais, uma elevada intruso visual, dada a proximidade com as edificaes

    lindeiras, em face da relativa pequena caixa viria. De fato, com aproximadamente 28m de

    caixa viria, um sistema de monotrilho, caso implantado, levaria a uma distncia de apenas

    8m da viga do Monotrilho para as fachadas dos edifcios na posio das estaes.

    Sistemas de VLT, em contrapartida, tm sido largamente utilizados como elemento promotor

    de melhorias urbansticas e recuperao de reas degradadas, como reconhecidamente nos

    d prova a experincia europeia, em particular. Essa capacidade est intimamente

    relacionada com um conjunto de elementos de projeto do sistema.

    De um lado, h o veculo (e seu design); de outro a possibilidade de implantao de solues

    de revestimento da via com outros materiais que no o concreto ou asfalto, que geram uma

    harmonia paisagstica e um conforto visual, onde a soluo em grama a expresso mxima

    dessa potencialidade; e o tratamento integrado da via de trfego veicular, da ciclovia, quando

    existente, da calada e da prpria via permanente que do ao conjunto uma soluo integral

    para o tratamento da mobilidade ao longo do eixo projetado.

  • certo que mesmo em BRT ou Monotrilhos h a possibilidade de bons projetos de tratamento

    da via, mas, indiscutivelmente, nos projetos de VLT que essa capacidade se torna mais

    evidente.

    Associada a esta questo h o aspecto da imagem de modernidade que marcam as

    solues de transporte do tipo VLT ou monotrilho. Embora este fator seja intangvel, a

    comunidade tcnica reconhece que estas solues significam um elemento de atratividade

    bastante superior para os usurios do transporte individual motorizado, que no veem, no

    transporte por nibus, atributos suficientes para uma substituio de modo de transporte.

    Outras questes, tambm se fazem presentes. Entre elas, os custos de implantao e

    operao.

    As opinies de consultores e pesquisadores variam discretamente, sendo o ponto de

    concordncia o fato deste fator de avaliao apresentar o risco de comparar situaes

    completamente distintas. Por exemplo, pases com altos valores de remunerao de mo de

    obra, como na Europa, tendero a considerar muito mais atraentes sistemas que envolvam

    veculos maiores e, portanto, menor nmero de condutores ou mesmo tecnologias do tipo

    driveless.

    Os mesmos profissionais lembram ainda que os custos mais altos de um sistema VLT,

    observados em um primeiro momento, no revelam os benefcios econmicos que estes

    sistemas podem acarretar por conta da renovao urbana associada sua implantao.

    Em geral, admite-se que os trs sistemas tenham custos de implantao que variam segundo

    uma progresso. Os BRT tm custos de implantao menores dos que os de VLT, e

    monotrilhos apresentem custos de implantao superiores. No aspecto operacional h uma

    equivalncia entre eles.

    Outro aspecto bastante relevante o ambiental. consenso que sistemas de trao eltrica

    so mais desejveis. No caso brasileiro, onde esta energia provm de fontes renovveis, mais

    ainda. Alm disso, sistemas eletrificados no poluem e oferecem uma condio de conforto

    ao passageiro, bastante superior, seja pelo menor nvel de rudo, seja pela acelerao

    constante, no viabilizada em motores a exploso.

    A anlise combinada destes aspectos permitiu traar um quadro comparativo das solues

    aplicveis ao Eixo Anhanguera, que mostrado na Tabela 1-1.

    Tabela 1-1: Comparativo das solues aplicveis ao Eixo Anhanguera

  • A escolha do VLT para o Eixo Anhanguera representou um compromisso de equilbrio entre

    todos estes elementos, e bastante direcionado pela capacidade de transporte, a manuteno

    do modelo de rede integrada e a valorizao urbanstica e urbana.

    Nesse sentido, o projeto incorporou o desafio de ajustar o equilbrio entre capacidade de

    transporte e a convivncia harmoniosa com o tecido urbano. Da a assuno de uma soluo

    prioritariamente em superfcie, como parte de uma estratgia ampla de recuperao e

    revalorizao do espao urbano ao longo do Eixo.

    Ressalta-se que a soluo adotada no altera o papel do Eixo Anhanguera em relao ao

    sistema de transporte da RMTC. Ou seja, embora alterada a tecnologia, a funcionalidade do

    corredor na rede no se altera neste projeto.

    Vale dizer que essa uma situao que o distingue em relao a outras localidades no

    exterior. De fato, a experincia europeia no se caracteriza por casos de emprego desta

    tecnologia como parte de uma rede integrada, como se v no Eixo Anhanguera, com a

    dimenso que ele possui.

    Em resumo, a proposta para o VLT Anhanguera no se restringe substituio da tecnologia

    de um meio de transporte, mas, sobretudo procura associar ganhos na qualidade de

    transporte, eficincia ambiental e renovao e dinamizao urbana. Assim, a proposta aqui

    apresentada incorpora o tratamento urbanstico de toda faixa de via da Avenida Anhanguera,

    envolvendo mobilirio urbano, iluminao, pavimentao, paisagismo e demais elementos

    responsveis por uma nova paisagem urbana.

    Tudo isso faz com que o projeto do VLT do Eixo Anhanguera se torne um case internacional

    de um ousado projeto de transporte coletivo com esta tecnologia, algo, que motivo de

    orgulho ao Estado e aos empreendedores.

    1.4 O sistema de VLT proposto Breve sntese

    O novo sistema de transporte operar com a tecnologia de Veculo Leve sobre Trilhos (VLT)

    utilizando o mesmo espao do corredor de nibus atual. Sua operao ser quase que

    integralmente em nvel. Em 13,5 km de extenso, est previsto um trecho cerca de 800

    metros de via rebaixada e em subterrneo e outro de 450 metros em elevado, ambos nas

    imediaes do cruzamento da Av. Anhanguera com a Rodovia BR 153.

    A proposta desenvolvida considera 12 estaes comuns e mantm os mesmos cinco terminais

    de integrao, totalizando 17 pontos de paradas ao longo do Eixo Anhanguera. Excetuando-

    se uma estao implantada em subterrneo, todas as demais estaes do VLT Anhanguera

    sero em superfcie, com acesso dos passageiros em nvel, por travessias de pedestres na via.

    Esta estratgia, que integra transporte e urbanismo, prev um novo padro de

    compartilhamento dos espaos da cidade em relao mobilidade urbana, implicando na

    prioridade de modos normalmente relegados a segundo plano: transporte pblico, pedestres

    e ciclistas. neste sentido que se prope a transformao de um trecho de aproximadamente

    1400 metros da Avenida Anhanguera em espao destinado exclusivamente aos trs modos

    mencionados. A zona pedestrianizada situa-se justamente no segmento de maior valor

    simblico da Av. Anhanguera: da Rua Onze a Rua Vinte e Quatro, trecho que compreende as

    avenidas Araguaia e Tocantins.

    Alm desta interveno, h de se destacar a implantao de um tratamento urbanstico que

    abranger toda a via, de fachada-a-fachada, renovando e qualificando os espaos pblicos,

    com novo piso, mobilirio, iluminao, pavimento da via, sinalizao de trfego e paisagismo.

    Todas as estaes do VLT Anhanguera operaro em regime de controle de acesso

    plataforma, sendo que, no caso dos terminais, este controle se d no prprio acesso ao

    terminal. Isso significa que, para entrar na estao, o passageiro dever ter passado em uma

    linha de bloqueios, composta por catracas e leitor de carto/bilhete do SITPASS. As

  • plataformas de embarque esto situadas abaixo dos 90cm das plataformas atuais. Isto

    implica em rampas de acesso mais suaves e menor intruso visual.

    O VLT ser conduzido manualmente com base na amplitude do campo de viso do condutor.

    A velocidade mxima estabelecida para os trechos compartilhados com veculos e pedestres

    de 60 km/h, enquanto na zona pedestrianizada se reduz para 35 km/h, garantindo uma

    segurana adequada.

    O futuro VLT ser operado por trens com cerca de 60 metros de comprimento e 2,65 metros

    de largura. Tais composies sero necessariamente eltricas, alimentadas por rede area

    (catenria) em corrente contnua de 750V ou 1500V, retificada por cerca de 10 subestaes.

    O intervalo entre trens est estimado em cerca de 3 minutos nas horas de pico, que atender

    s demandas simuladas, no ano horizonte de 2040.

    Para viabilizao fsica das obras do futuro VLT sero necessrios pouco mais de 90 mil

    metros quadrados em desapropriaes. Este montante pode ser considerado modesto, j que

    60 mil metros quadrados correspondem ao Ptio de Manuteno de Estacionamento, a ser

    implantado prximo a Estao Novo Mundo.

    relevante observar que os passageiros tero ganhos expressivos com a implantao do

    projeto.

    O investimento neste conjunto de intervenes de transporte e urbansticas ao longo do Eixo

    Anhanguera est avaliado em 1,3 bilhes de reais. Este investimento ser responsvel por

    benefcios como melhoria do tempo total de viagem consumido na hora pico pelos

    passageiros do Eixo Anhanguera. Esta economia de tempo, quando projetada no horizonte de

    um ano significa 5,2 milhes de horas. Ao mesmo tempo, estima-se que a velocidade mdia

    do deslocamento do passageiro apresente uma melhora de 26,5%, quando se compara a

    situao com e sem o empreendimento em 2040.

  • 22 EESSTTUUDDOOSS DDEE DDEEMMAANNDDAA EE OOFFEERRTTAA

  • 2 ESTUDOS DE DEMANDA E OFERTA

    2.1 Estudo de demanda

    2.1.1 Demanda atual

    A demanda atual do eixo Anhanguera nos dias teis de 230.770 passageiros. Nesta

    demanda esto includos os passageiros com embarque nas plataformas do corredor e os que

    integram nos terminais. A quantidade de passageiros com embarque nas plataformas e que

    registrada nas suas catracas corresponde mdia de dias teis dos meses de agosto a

    novembro de 2011; j a quantidade de passageiros com embarque nos terminais foi obtida

    de pesquisa realizada em agosto de 2011.

    Os dois perodos de pico, manh e tarde, representam 37% dos embarques dirios, com

    aproximadamente 87 mil passageiros, como pode ser visto no Grfico 2-1 e na Tabela 2-1.

    O Grfico 2-2 apresenta os valores relativos mxima ocupao da linha, isso , ao maior

    carregamento, que portanto define a necessidade da oferta do servio, por sentido, ao longo

    do dia.

    Grfico 2-1: Embarques de passageiros por faixa horria e sentido nos dias teis

    Grfico 2-2: Mximo carregamento por faixa horria e por sentido em dias teis

    Tabela 2-1: Embarques dirio de passageiros do Eixo Anhanguera

  • A hora pico da manh, conforme a pesquisa, se d das 6:30h s 7:30h com 14.172

    passageiros embarques. Os embarques e desembarques deste perodo esto apresentados na

    Tabela 2-2: Embarque e Desembarque na hora pico manh (6:30 s 7:30h) do Eixo

    Anhanguera:. O mximo carregamento de 9.579 passageiros no sentido Padre Pelgio/

    Novo Mundo entre o Terminal Dergo e a Estao Cascavel e 6.952 passageiros no sentido

    contrrio entre a Estao Bandeirante e Terminal Praa da Bblia.

    Tabela 2-2: Embarque e Desembarque na hora pico manh (6:30 s 7:30h) do Eixo Anhanguera:

    Grfico 2-3: Ocupao na hora pico manh por sentido

    *TPP: Terminal Padre Pelgio

    TNM: Terminal Novo Mundo

    A seguir so apresentados os grficos da ocupao do Eixo Anhanguera por estao nos

    demais perodos dirios.

  • Grfico 2-4: Ocupao na hora mdia no entre pico da manh por sentido

    Grfico 2-5: Ocupao na hora pico almoo (12:00 s 13:59h) por sentido

    Grfico 2-6: Ocupao na hora mdia no entre pico da tarde por sentido

    Grfico 2-7: Ocupao na hora pico tarde por sentido

  • 2.2 Projees de demanda para o horizonte futuro de

    projeto

    2.2.1 Uma breve anlise do processo de crescimento e

    consolidao da rea urbana em Goinia

    Goinia uma cidade jovem consolidada no perodo de franca urbanizao da populao

    brasileira. O processo de parcelamento da Capital de Gois se acelerou nas dcadas de 1950

    e 1960, perodo no qual o municpio viveu os maiores ndices de crescimento populacional,

    passando de 53.389 habitantes em 1950 para aproximadamente 260.000 habitantes em

    1964, com mais de 90% da populao na zona urbana.

    A ocupao que nos primrdios da cidade se estabeleceu no bairro de Campinas e Centro,

    crescendo no entorno dessas reas e ao longo da via que ligava estes dois ncleos, avanou

    para outras regies. No final do ano de 1950 o estoque de lotes da capital passou de 9.271

    para 127.829 unidades1. Nas duas dcadas seguintes, Goinia j possua 180.297 unidades e

    em 1990, 269.553 unidades, chegando a um total de 352.411 lotes em 2000, dos quais

    aproximadamente 120 mil ainda encontravam-se vagos na ocasio.

    Nas dcadas de 1950 e 1960, alm do acelerado processo de parcelamento do solo urbano,

    Goinia viveu tambm um movimento expressivo de ocupaes irregulares. As consequncias

    deste perodo se manifestaram em bairros com pouca ou nenhuma infraestrutura, algumas

    ocupaes descontnuas e na falta de controle pblico sobre o processo de ocupao urbana

    no municpio.

    No final da dcada de 1960 o poder pblico municipal, buscando conter o crescimento

    desordenado da capital, contratou o urbanista Jorge Wilheim para a elaborao do Plano

    1 Plano Diretor de Goinia - SEPLAM

    Diretor Local Integrado de Goinia. O Plano definiu a expanso urbana para Oeste e Sudoeste

    da cidade valendo-se para isso de alguns instrumentos de induo dessa ocupao, como a

    estruturao do sistema virio e a criao de conjuntos habitacionais na extremidade das

    denominadas Vias Preferenciais de Expanso, no plano, desenhadas sempre no sentido Leste-

    Oeste.

    Nesta poca se fortalece o papel do Eixo Virio da Av. Anhanguera, que sempre esteve ligado

    ao processo de formao e desenvolvimento da cidade.

    A implantao do Corredor de Transporte Coletivo Anhanguera, em 1976, o marco inicial da

    histria moderna do transporte coletivo na Grande Goinia. Implantado em uma poca que a

    cidade de Goinia contava com pouco mais de 550 mil habitantes e, ainda, com uma

    incipiente aglomerao urbana com outros municpios, o Corredor Anhanguera introduziu

    novos conceitos de organizao espacial da rede de transporte, de circulao e operao e de

    organizao institucional.

    Na organizao espacial, o Corredor Anhanguera implementa o conceito de integrao,

    estabelecendo um novo arranjo operacional para as linhas, tecnicamente conhecido como

    sistema tronco-alimentado, que h poca comeava a se viabilizar no pas. Goinia, junto

    com Curitiba, Aracaju e Porto Alegre, foi pioneira neste tipo de soluo que posteriormente

    difundiu-se como uma alternativa para a estruturao de redes de transporte coletivo urbano

    com menores investimentos.

    Neste mesmo perodo, explode a ocupao dos bairros do Municpio de Aparecida de Goinia,

    nas reas limtrofes com a Capital, que por sua vez v as atividades econmicas e as

    ocupaes habitacionais, antes concentradas na regio central irem avanando para sul,

    principalmente no polgono formado pelas Avenidas T-7, T-2, T-63 e 85.

    A medida em que as Avenidas 84, 90, 85, T-9 e T-7 so estruturadas como corredores de

    Transporte Coletivo e a Prefeitura de Goinia promove o alargamento e a extenso da Av. T-

    63, esta regio, potencializada pela Lei de Uso do Solo da poca, se consolida como a regio

  • de maior densidade demogrfica da Capital, com eixos de comrcio e servio e uma franca

    verticalizao com edifcios residenciais nas vias secundrias. Em pouco tempo as cidades de

    Goinia e Aparecida de Goinia j estavam conurbadas.

    Outro aspecto importante na configurao do espao e do uso urbano de Goinia e Aparecida

    de Goinia, a partir da dcada de 1980, foi a construo de equipamentos de atendimento

    regional como o Shopping Center Flamboyant, Hipermercado Carrefour, Shopping Center

    Bouganville, Buriti Shopping e Goinia Shopping. Estes equipamentos agregam valor a terra e

    movimentam o mercado imobilirio, provocando novas dinmicas de circulao e uso na

    cidade.

    A partir do crescimento populacional que ocorre a partir dos anos 80 no vetor Sul e Sudoeste,

    expande-se o modelo de rede integrada, atendendo a ligao metropolitana entre os

    municpios de Goinia e de Aparecida de Goinia, mesmo no havendo previso no Plano

    Diretor de Transporte Urbano (PDTU). Desta maneira reproduzido o modelo operacional

    (linhas de bairro integradas e linhas troncais na ligao entre o terminal e as principais

    regies de destino das viagens) que havia sido implantado no Eixo Anhanguera na dcada

    anterior. Porm, se no caso deste sistema houve a implantao de um tratamento virio que

    o configurou como um sistema de transporte especfico um eixo estrutural por excelncia

    nas novas implantaes isto no esteve presente. Salvo o eixo da Rua 84 / Rua 90 / Av. Gois

    que contou com um tratamento virio de exclusividade circulao dos nibus, os demais

    eixos se organizam apenas operacionalmente, sem uma infraestrutura de corredores.

    desta poca a instalao dos terminais Isidria, Vila Braslia, Cruzeiro do Sul e Bandeiras,

    todos na franja urbana limtrofe dos municpios de Goinia e de Aparecida de Goinia.

    Nos anos 90 o intenso crescimento populacional da regio, ocorrido em dcadas anteriores,

    persiste, ainda que com menores taxas. No ano 2000 os quatro municpios conurbados

    totalizam 1,5 milho de habitantes, 30% superior populao de 1991. O municpio de

    Goinia atinge pouco mais de um milho de habitantes, crescendo a uma taxa de 1,9% ao

    ano, enquanto os demais municpios crescem de forma expressiva: Aparecida de Goinia

    cresce a mais de 7% ao ano; Trindade a 4,66% e Senador Canedo, recentemente

    emancipado, cresce 9,27% ao ano.

    No final do sculo e nos primeiros anos do novo milnio Goinia j contava com uma

    populao de 1.093.007 habitantes (IBGE 2000), distribudos em 310.702 domiclios, em

    205.037 lotes e em 631 bairros.

    No censo de 2.010, a regio metropolitana de Goinia obteve um crescimento populacional

    acima da mdia do estado de Gois e do Brasil. A taxa geomtrica de crescimento

    populacional da metrpole goiana no perodo foi 2,23% ao ano, ante a 1,84% do estado e

    1,17 da mdia nacional.

    2.2.2 Anlises e projees da populao

    2.2.2.1 Dados da srie histrica

    A Tabela 2-3 apresenta a populao residente por municpio para os anos de 1970, 1980,

    1991, 2000 e 2010, com base nos dados levantados pela FIBGE (Fundao Instituto Brasileiro

    de Geografia e Estatstica).

  • Tabela 2-3: Evoluo da Populao na Regio Metropolitana de Goinia

    Como se observa na Tabela 2-3, a taxa anual de crescimento da RMG vem se reduzindo nas

    ltimas dcadas, algo que tambm ocorre em grande parte dos aglomerados urbanos

    brasileiros. De fato, partindo de uma taxa de 6,76% ao ano, observada na dcada de 70, a

    RMG apresenta uma taxa de crescimento de 2,27% ao ano no perodo de 2000 a 2010.

    Na dcada de 70 a taxa para Goinia era superior a mdia da RMG, com valor de 6,6% ao

    ano, enquanto a taxa para os demais municpios era inferior a mdia, com valor de 5,9% ao

    ano. J em 2010 a taxa de Goinia inferior a mdia da RMG, com valor de 1,7%aa,

    enquanto a taxa dos demais municpios conurbados (Aparecida de Goinia, Trindade, Senador

    Canedo e Goianira) encontra-se na faixa de 3,3% ao ano.

    Esse fenmeno de maior crescimento dos municpios do entorno do ncleo principal da regio

    metropolitana algo comum. Justificado pelo valor da terra e das habitaes menores nos

    municpios perifricos ou pelo prprio desenvolvimento econmico, esse movimento de

    fato acelerado pela disponibilidade de mais e melhores condies de acesso e mobilidade.

    Grfico 2-8: Comparao das taxas de crescimento populacional dos municpios conturbados e no conurbados

    2.2.2.2 Critrios usados nas projees

    As projees de populao foram realizadas para um perodo de 30 (trinta) anos, de 2010 a

    2040. O estabelecimento deste perodo se deu por ser um prazo comumente aplicado a

    anlise de investimentos que envolvem obras de infraestrutura de elevado porte, como o

    caso do VLT. A fixao do ano de 2010 como marco de incio do perodo se deu por ser este

    um ano recente, para o qual se dispem de dados do ltimo censo populacional no pas.

    As projees foram realizadas para o ano horizonte de 2040 e para os anos intermedirios de

    2020 e 2030.

  • Para a projeo da populao para estes anos foi realizada inicialmente a projeo para o

    total da populao dos 18 municpios da Regio Metropolitana de Goinia, considerando a

    curva de tendncia observada na taxa de crescimento nas ltimas dcadas obtidas pelo IBGE,

    bem como aquela derivada dos estudos do Plano Diretor de Transporte Coletivo Urbano da

    Grande Goinia, realizado em 2006. Posteriormente, utilizou-se o mesmo critrio para a

    projeo das taxas de crescimento de cada municpio, promovendo-se o ajuste2 pelo total da

    Grande Goinia de forma a se conservar o valor originalmente previsto.

    Para as zonas de trfego de cada municpio foram consideradas as dinmicas urbanas e os

    indicativos dos Planos Diretores e Planos de Urbanizao, realizando-se o ajuste pelo total do

    municpio usando-se o mesmo procedimento de normalizao.

    2.2.2.3 Informaes das projees de populao

    A projeo para Goinia indica que nos prximos 30 anos haver uma reduo da taxa de

    crescimento populacional, que passar dos 1,77% ao ano, registrados entre 2010 e 2000,

    para 1,20% no perodo de 2030 a 2020 e de 0,72% ao ano na dcada seguinte (2030

    2040).

    O Grfico 2-9 mostra a curva histrica e a projetada para Goinia e para a Regio

    Metropolitana de Goinia, atendida pela RMTC.

    Grfico 2-9: Evoluo das taxas de crescimento populacional: histricas e projetadas

    2 Este ajuste, conhecido como normalizao um procedimento matemtico pelo qual, aps realizadas as projees individuais, por municpio, os valores so somados, resultando um valor ligeiramente diferente do total projeado para o conjunto. Com base no valor da soma dos municpios, obtm-se a participao de cada um que multiplicado pelo valor projetado para o conjunto de municpios, resultando no valor final a ser considerado.

    Considerando estas taxas, as projees populacionais indicam que Goinia contar em 2040

    com 1.829.665 habitantes e a totalidade da regio atendida pela RMTC, com 3.257.053

    habitantes.

    Assim, em um perodo de 30 anos haver um acrscimo de aproximadamente 530 mil

    habitantes em Goinia, e de 1,15 milhes de habitantes para a totalidade da RMG.

    O ritmo de maior crescimento dos municpios perifricos a Goinia ser mantido, prevendo-se

    uma tendncia para a estabilidade da populao da Capital. Projeta-se para 2040 um quadro

    no qual a populao de Goinia representar 56% do total da regio metropolitana sendo que

    em 2010 este percentual era de 62%.

  • Grfico 2-10: Evoluo da populao histrica e projetada dos municpios de Goinia e Aparecida de Goinia

    Os dados indicam que a perda de participao relativa de Goinia se dar principalmente em

    relao aos municpios conurbados.

    Grfico 2-11: Comparao do crescimento populacional histrico e projetado para a RMG e RDI, considerando a separao entre municpios conturbados e no conturbados.

    Tabela 2-4: Populao projetada para os municpios atendidos pela RMTC

    Cabe destacar o expressivo crescimento projetado para Senador Canedo, que atingir em

    2040 uma populao de 236 mil habitantes, significando um crescimento de 180% em

    relao a 2010.

    O municpio de Trindade alcanar 174 mil habitantes no mesmo perodo, e Goianira, ter

    uma populao projetada de 68 mil habitantes.

    Somados, os municpios conurbados tero uma populao de 2.965.106 habitantes em 2040,

    com um crescimento de 50% em relao a 2010.

    Os demais municpios no conurbados mantero um crescimento proporcionalmente maior do

    que o ncleo da metrpole. De fato, estes municpios passaro a contar com 291 mil

    habitantes, contra 136 mil atualmente, o que resulta uma taxa de crescimento mdio anual

    de 1,98%.

  • Grfico 2-12: Evoluo da populao histrica e projetada dos municpios de Trindade, Senador Canedo e Goianira

    Tabela 2-5: Populao projetada para os municpios atendidos pela RMTC

    2.2.3 Espacializao da populao projetada

    2.2.3.1 Critrios empregados

    Definida a populao projetada para o horizonte por municpio, foi realizada a sua

    espacializao, ou seja, a distribuio em cada setor da cidade e suas divises, conforme o

    zoneamento empregado no estudo.

    Como base das projees por zona, utilizou-se a metodologia do Plano Diretor de Transporte

    Coletivo Urbano da Grande Goinia de 2006, em que urbanistas locais fizeram uma anlise

    das tendncias de desenvolvimento urbano por zona de trfego, permitindo a previso de

    padres distintos de crescimento populacional. Este trabalho foi realizado especialmente para

    os municpios de Goinia e Aparecida de Goinia, considerando as caractersticas dos planos

    diretores urbanos e as tendncias recentes de crescimento urbano. Para Goinia j foram

    consideradas as diretrizes de adensamento dos eixos estruturadores de transporte previsto no

    Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Municpio de Goinia.

    Tambm foram considerados os resultados dos estudos de desenvolvimento urbano (Plano

    Urbanstico) realizados no mbito do estudo do VLT Anhanguera os quais preveem o

    crescimento da populao ao longo do eixo virio da Av. Anhanguera, motivado pela

    implantao do novo modo de transporte.

    Foram analisados vrios cenrios urbanos, o escolhido considera que os efeitos do cenrio

    urbanstico traado para o Eixo Anhanguera se dar de forma moderada.

    2.2.3.2 Distribuio da populao ao longo do Eixo Anhanguera

    O incremento de populao nas zonas de trfego sob influncia direta da Av. Anhanguera

    ser de 52.905 habitantes para o cenrio urbano escolhido.

  • O incremento populacional foi admitido como ocorrendo de forma gradativa no perodo dos

    prximos 30 anos e adicionado populao atual. Admitiu-se, entretanto, que no perodo dos

    primeiros 10 anos no devero ocorrer alteraes significativas, dada a consolidao dos

    projetos de transporte e urbano. A Tabela 2-6 apresenta os dados de populao previstos

    para a rea de Influncia Direta do projeto.

    Tabela 2-6: Populao na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera

    As figuras apresentadas a seguir trazem a distribuio da populao, em termos de densidade

    populacional, para o Municpio de Goinia e parte dos municpios conurbados.

    Figura 2-1: Densidade populacional em Goinia e reas conurbadas em 2010 por zona de trfego

    Figura 2-2: Detalhe da densidade populacional na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2010

  • Figura 2-3: Densidade populacional em Goinia e reas conurbadas em 2020 por zona de trfego

    Figura 2-4: Detalhe da densidade populacional na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2020

    Figura 2-5: Densidade populacional em Goinia e reas conurbadas em 2030 por zona de trfego

    Figura 2-6: Detalhe da densidade populacional na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2030

  • Figura 2-7: Densidade populacional em Goinia e reas conurbadas em 2040 por zona de trfego

    Figura 2-8: Detalhe da densidade populacional na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2020

    A figura a seguir mostra a comparao da populao entre os anos de referncia de 2010 e

    2040 expressa atravs da variao relativa em percentual do crescimento esperado. As cores

    mais escuras indicam maiores crescimentos.

    Figura 2-9: Variao da populao entre 2040 e 2010 em Goinia e reas conurbadas

  • 2.2.4 Anlise e projees de emprego

    2.2.4.1 Dinmica do emprego na RMG

    No ano 2000, por ocasio da realizao da Pesquisa de Origem e de Destino, foi obtido o total

    de empregos da Grande Goinia que era de 530.289 postos de trabalho.

    O Plano Diretor de Transporte Coletivo Urbano da Grande Goinia, por sua vez, fez as

    estimativas de emprego para os anos de 2006 e 2010 a partir da anlise de dados

    secundrios, em especial aqueles disponveis no IBGE e de organizaes empresariais. A

    Tabela 2-7 mostra os resultados para a Regio Metropolitana separando os municpios

    conurbados e no conurbados, incluindo as estimativas da taxa de emprego por habitante. Os

    municpios no conurbados so apresentados de forma agregada tendo em vista a pequena

    participao (apenas 2%) no total de empregos em 2010.

    Tabela 2-7: Dados de empregos em Goinia e municpios conurbados em 2000, 2006 e 2010

    As projees indicam uma variao de 0,31 para 0,35 empregos/habitante na ltima dcada.

    Ainda que no estejam disponveis os dados detalhados da pesquisa amostral de domiclios,

    realizada simultaneamente ao Censo de 2010, que permitiria melhor avaliar essa hiptese,

    possvel justificar-se tal evoluo com base no crescimento econmico observado no pas e,

    em especial, na regio.

    Grfico 2-13: Comparao da taxa de emprego/habitante em Goinia e nos municpios conurbados em 2000, 2006 e 2010

    O Grfico 2-13 mostra a evoluo do empregos/habitantes nos municpios conurbados entre

    2000 e 2010. Observa-se um crescimento real mais acentuado em Aparecida de Goinia, algo

    condizente com a maior autonomia econmica que este municpio, gradativamente, passa a

    ter nas relaes da metrpole. Em Senador Canedo a expanso populacional ainda no foi

    acompanhada do crescimento dos postos de trabalho no mesmo ritmo, ainda que, nos

    prximos 30 anos haver mudanas em razo do desenvolvimento econmico do municpio.

    Para Goinia, os dados mostram um crescimento da relao empregos/habitantes entre 2000

    e 2006 mantendo-se a taxa no perodo 2006 a 2010.

  • Historicamente, a concentrao das atividades comerciais e de prestao de servios em

    Goinia ficou adstrita rea central e ao Setor Campinas. No caso deste setor, a rea

    comercial, incluindo pequenas indstrias, que se concentravam nas Avenidas 24 de Outubro,

    Anhanguera e Castelo Branco, foi se estendendo ao longo da Av. Bernardo Sayo at o Setor

    Marechal Rondon, envolvendo alm das vias da rea histrica de Campinas, os setores

    Centro-Oeste e dos Funcionrios.

    Na rea central, as atividades econmicas foram se estendendo, principalmente para o Sul,

    tendo como eixo principal a Av. 85 e imediaes. Em especial, os setores Oeste, Marista e Sul

    passaram por uma mudana de uso residencial para comercial ou misto refletindo a influncia

    da proximidade da rea central e a sua posio geogrfica na rota de passagem dos fluxos de

    viagens metropolitanas. Vale lembrar que estes fluxos foram intensificados com o

    desenvolvimento populacional no vetor Sul e Sudoeste ocorrido nos anos 80, por sua vez

    impulsionados pelas diretrizes urbanas definidas no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

    daquela poca.

    Atualmente, a grelha formada pelas avenidas T7, T8, T9 e T63 no sentido Leste Oeste e

    as avenidas 90, 85, T1 e T2 no sentido Sul Norte caracterizam uma rede urbana bastante

    consolidada em termos de localizao de unidades econmicas e de emprego.

    A Figura 2-10 e a Figura 2-11 a seguir mostram a densidade de empregos em Goinia e reas

    conturbadas com municpios vizinhos e em destaque a rea de Influncia Direta da Avenida

    Anhanguera.

    Figura 2-10: Densidade de empregos em Goinia e reas conurbadas em 2010

    Figura 2-11: Densidade de empregos na rea de Influncia Direta da Av. Anhanguera em 2010

  • 2.2.4.2 Projees de emprego na RMG

    A projeo dos empregos para o ano horizonte do projeto foi realizada admitindo-se a

    hiptese de manuteno da expanso recente da relao emprego por habitante, em funo

    dos cenrios macroeconmicos do pas, em especial do Centro-Oeste, para mdio e longo

    prazo.

    Admitiu-se um crescimento real de 8,57% para um perodo de 30 anos, o que significa uma

    taxa anual de 0,27%. Considerando que a taxa mdia de crescimento populacional para o

    mesmo perodo (ver Erro! Fonte de referncia no encontrada.) de 1,47% ao ano, o

    crescimento mdio anual dos empregos de 1,75% ao ano.

    Assim, a taxa de empregos por habitante passar de 0,35 empregos/habitante em 2010 para

    0,38 empregos/habitante em 2040, de acordo com o grfico a seguir. Ou seja, admite-se que

    o ritmo de crescimento no perodo de 2010 a 2040 ser mais modesto que o verificado no

    perodo de 2000 a 2010. De fato, nesta ltima dcada houve um cenrio altamente favorvel,

    com o crescimento da produo do agronegcio e o fortalecimento do mercado de consumo

    interno (Grfico 2-14).

    Grfico 2-14: Evoluo da relao emprego/habitante projetada para a RMG

    Naturalmente, as taxas de emprego/habitante variam de acordo com as caractersticas

    econmicas de cada municpio. Para as projees, trabalhou-se com a evoluo tendencial e

    com as perspectivas de maior descentralizao da economia da regio, com maior

    crescimento relativo dos municpios conurbados em relao capital. Desta forma, manteve-

    se constante a relao atual de Goinia, que j espelha uma situao de pleno emprego

    (ocupao da totalidade da populao economicamente ativa) e variou-se as taxas de outros

    municpios, exceto Goinia, que, em funo de suas caractersticas foi mantida tambm

    constante.

    Considerando estas taxas adotadas realizou-se a distribuio dos empregos dos municpios a

    partir da evoluo da populao, cujo resultado apresentado na Tabela 2-8.

    Tabela 2-8: Projeo dos empregos para Goinia e municpios conurbados no perodo de 2010 a 2040

    O total de empregos passar de 733 mil postos de trabalho em 2010 para 1,23 milho em

    2040 representando um aumento de 68% neste perodo, lembrando que a populao destes

    mesmos municpios crescer 49,7%.

    O municpio de Goinia passar de 558 mil empregos para 786 mil empregos representando

    um aumento de 41%, menor, portanto que o da mdia da RMG, porm com uma melhor

    relao emprego/habitante.

  • O

    Grfico 2-15 e o Grfico 2-16 ilustram as evolues projetadas.

    Grfico 2-15: Evoluo projetada dos empregos em Goinia, Aparecida de Goinia e total da RMG para o perodo de 2010 e 2040

    Grfico 2-16: Evoluo projetada dos empregos em Trindade, Senador Canedo e Goianira para o perodo de 2010 e 2040

    2.2.4.3 Espacializao dos empregos

    Definidos os valores dos empregos nos municpios, foram produzidas as projees por zonas

    de trfego valendo-se das informaes da distribuio atual, e suas tendncias; das projees

    existentes no Plano Diretor de Transporte Coletivo Urbano da Grande Goinia; dos indicativos

    do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Goinia e dos estudos de impacto urbano do

    VLT Anhanguera.

    A expectativa em Goinia que haja um aumento das atividades econmicas na regio, entre

    a rea central e a Av. Mutiro/Castelo Branco, apresentando um deslocamento da oferta de

    empregos em direo ao Sudoeste, beneficiado pela expanso das opes de transporte de

    mdia capacidade e pelos indicativos de adensamento e verticalizao previstos no Plano

    Diretor. Alm desta regio, o prprio entorno do eixo Norte Sul apresenta tendncia de

    ampliao dos empregos, em funo, tambm, da implantao de solues estruturais de

    transporte coletivo. No que diz respeito ao Eixo Anhanguera, as projees existentes foram

    modificadas de modo a incorporar os estudos desenvolvidos no mbito deste projeto.

    Em Aparecida de Goinia, mais de 50% da populao ativa est empregada na capital,

    gerando um significativo movimento pendular entre as duas cidades. Este cenrio dever se

    alterar no mdio prazo, na medida em que a estratgia desenhada pelo Plano Diretor prev o

    incentivo ocupao da rea ao longo do eixo de ligao com o municpio de Goinia,

    prevendo-se um aumento da densidade de atividade econmica e habitao.

    Nas projees de distribuio do emprego em Aparecida de Goinia foram considerados alm

    das dinmicas espontneas da cidade, os indicativos do Plano Diretor Urbano do Municpio e

    as polticas pblicas voltadas para o desenvolvimento econmico, para a gerao de emprego

    e de renda. Alm dos distritos e polos empresariais e industriais e da BR 153 como eixo de

  • atividades econmicas no permetro urbano foram consideradas como reas de concentrao

    de emprego:

    Sub-centros de abrangncia local: Centro Histrico, Garavelo e Vila Braslia;

    Sub-centros de abrangncia urbana: Eixo da Av. So Joo/Diamante e Eixo da Av.

    Independncia;

    Sub-centro de abrangncia regional: Av. Rio Verde.

    No caso de Senador Canedo foi considerado, alm da tendncia natural de crescimento dos

    empregos na regio central, a implantao do Distrito Industrial.

    Para Trindade, considerou-se o crescimento nas reas j consolidadas, especialmente no

    centro da cidade e ao longo da Rodovia GO 060.

    Nas projees da distribuio dos empregos no nvel das zonas de trfego de Goinia foram

    consideradas as dinmicas espontneas, os indicativos dos Planos Diretores Urbanos e as

    informaes colhidas sobre o estabelecimento de novos empreendimentos privados e a oferta

    de novas reas para a implantao de indstrias.

    Em especial, foi considerado o resultado do estudo de impacto urbano do futuro VLT

    Anhanguera.

    Do mesmo modo que na projeo da populao, foram analisados vrios cenrios urbanos

    baseados no Plano Urbanstico.

    Da mesma forma como em relao populao, admitiu-se, por hiptese, que a consolidao

    do projeto urbano ter efeitos na gerao adicional de empregos a partir de 2020.

    Tabela 2-9: Empregos na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera todos cenrios

    As figuras apresentadas a seguir trazem a distribuio do emprego, em termos de

    emprego/hectare, para o Municpio de Goinia e parte dos municpios conurbados.

    Figura 2-12: Densidade de empregos em Goinia e reas conturbadas em 2020 por zona de trfego

  • Figura 2-13: Detalhe da densidade populacional na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2020

    Figura 2-14: Densidade de empregos em Goinia e reas conturbadas em 2030 por zona de trfego

    Figura 2-15: Detalhe da densidade de emprego na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2030

    Figura 2-16: Densidade de empregos em Goinia e reas conturbadas em 2040 por zona de trfego

  • Figura 2-17: Detalhe da densidade de emprego na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2040

    A Figura 2-18 abaixo mostra a variao relativa prevista entre os anos de 2010 e 2040.

    Figura 2-18: Variao dos empregos entre 2040 e 2010 em Goinia e reas conurbadas

    2.2.5 Anlises e projees das matrculas escolares

    2.2.5.1 Projees das matrculas escolares

    As matrculas escolares esto vinculadas populao em idade escolar, ou seja, h uma

    correlao bastante estreita com o crescimento populacional, sendo natural a manuteno da

    taxa de matrcula por habitante ao longo dos anos. Esta foi a hiptese assumida no estudo,

    salvo algumas consideraes a respeito da pirmide etria, ou seja, do envelhecimento da

    populao. Assim, admitiu-se uma ligeira queda na taxa de matrcula por habitante de 0,38

    em 2010 para 0,36 em 2040.

  • A Tabela 2-10 mostra as projees de matrculas para os municpios conurbados e, de forma

    global para os municpios no conurbados.

    Tabela 2-10: Projeo das matrculas escolares para o perodo de 2010 a 2040

    2.2.5.2 Espacializao das matrculas escolares

    A distribuio das matrculas escolares acompanha em grande medida a distribuio da

    populao no territrio. Isso ocorre em razo de que as escolas, particularmente do ensino

    fundamental, esto localizadas prximas moradia. Desta forma, pode-se supor com uma

    preciso razovel que as matrculas crescem na proporo em que cresce a populao de

    uma determinada rea, no caso, a regio, o municpio e por fim a zona de trfego.

    A distribuio espacial por zona de trfego apresentada nas figuras a seguir onde se pode

    observar uma semelhana com a distribuio da populao devido considerao anterior.

    Figura 2-19: Distribuio das matrculas escolares em 2010

    Figura 2-20: Distribuio das matrculas escolares em 2020

  • Figura 2-21: Distribuio das matrculas escolares em 2030

    Figura 2-22: Distribuio das matrculas escolares em 2040

    2.3 Estimativas de demanda

    2.3.1 Metodologia

    A estimativa de demanda foi baseada em um modelo de demanda desenvolvido para este

    estudo, considerando os dados da matriz de origem e destino atualizada a partir da base de

    dados de 2000. A atualizao do modelo consistiu em uma nova calibrao da rede de

    simulao com as contagens volumtricas e de visual de carregamento efetuados em 2011.

    Os pontos onde foram realizadas as pesquisas so apresentados na figura ao lado.

    O modelo de produo baseado em anlise de categorias consiste em determinar a taxa de

    produo de viagens de uma famlia classificada dentro de uma das combinaes de grupos

    acima apresentadas, calculado com os dados obtidos na Pesquisa Origem e Destino

    Domiciliar.

    CLASSES DE RENDA

    Renda mdia familiar de 1 a 5 representando um agrupamento de faixas de renda definida na

    Pesquisa Origem e Destino de 2000:

    Classe 1............ faixas de renda 1 e 2 salrios mnimos;

    Classe 2............ faixas de renda 3 a 5 salrios mnimos;

    Classe 3............ faixas de renda 6 a 8 salrios mnimos;

    Classe 4............ faixas de renda 9 a 11 salrios mnimos;

    Classe 5............ faixas de renda acima de 11 salrios mnimos.

    TAMANHO DE FAMLIA

    Quantidade de membros da famlia agrupados em 1, 2 e 3 ou mais moradores;

  • POSSE DE AUTOMVEL

    Se a famlia possui ou no posse de automvel.

    Figura 2-23: Localizao dos postos de pesquisa de linha de controle usados para o ajuste do modelo de demanda

    A Tabela 2-11 mostra os resultados obtidos por cada categoria de famlia

    Tabela 2-11: Taxa de produo de viagens de transporte coletivo por categoria de famlia

  • A Tabela 2-11 indica, por exemplo, que uma famlia de classe de renda 1, com apenas 1

    morador e que no possua automvel gera, em mdia, 0,42 viagens de transporte coletivo

    por dia. Se a famlia possui automvel, a mdia cai para 0,07 viagens por dia.

    Os resultados indicam que as taxas de produo de viagens de transporte coletivo em geral

    aumentam com a renda mdia e com o tamanho da famlia e decrescem com a posse de

    automvel.

    A estimativa de produo de viagens para os anos-horizonte consiste, portanto, em projetar o

    crescimento da quantidade de famlias, obtida atravs das projees de crescimento da

    populao, e estimar a mobilidade social quanto renda e posse de automvel.

    No presente estudo foi levada em considerao apenas a posse de automvel entendendo

    que esta varivel reflete tambm a renda da populao. Nesse sentido, fez-se uma anlise da

    evoluo da frota de veculos nos municpios conurbados da Regio Metropolitana de Goinia

    verificando-se que nos ltimos 10 anos ela tem crescido significativamente a uma taxa anual

    mdia de 6%. A frota que em 2001 representava 5,4 hab./veculo passa a ser de 3,9

    hab./veculo em 2010.

    Tabela 2-12: - Evoluo da frota de automveis na Regio Metropolitana

    Fonte: Frota, DENATRAN e Populao, IBGE

    Admitindo-se um cenrio de crescimento da frota de tal maneira que se atinja uma taxa em

    2040 de 2 habitantes/veculo, ou 500 veculos para cada 1.000 habitantes, como observado

    nos pases de maior desenvolvimento, gerou-se uma equao para obter os valores dos anos

    intermedirios conforme mostra a tabela e grfico a seguir.

    O Grfico 2-17 a seguir mostra a equao correspondente variao da taxa de hab./veculo

    conforme as hipteses acima mencionadas.

    Grfico 2-17: Evoluo da taxa de habitantes/veculo

    Com base na equao acima, obteve-se as taxas de habitante/veculo para os anos horizonte

    intermedirios do estudo e, consequentemente, a frota de automveis estimada.

    A partir desses resultados foram geradas as taxas de migrao de famlias sem posse, para

    com posse de automvel. Observa-se que o aumento estimado da taxa de motorizao por

    habitante no diretamente proporcional ao aumento de famlias com posse de automvel,

    pois pode representar na realidade a posse de um automvel adicional.

    De fato, analisando-se dados da algumas pesquisas, em particular, a Pesquisa Domiciliar de

    Origem e Destino de 1997 e 2007 da Regio Metropolitana de So Paulo, identifica-se que o

    aumento na taxa de habitante/veculo em uma unidade representa o aumento de 2% de

    famlias com posse de automvel.

    Assim, adotado esta hiptese chegou-se aos valores apresentados na Tabela 2-12 a seguir.

  • Tabela 2-13: Evoluo da frota e famlia com posse de automveis nos anos horizonte

    A atrao de viagens foi estimada de acordo com o mtodo de regresso linear simples

    aplicada s viagens de transporte coletivo com os dados da Pesquisa Origem e Destino

    Domiciliar.

    Aps testes realizados com a combinao de diversas variveis o modelo de atrao obtido

    representado pela equao abaixo:

    A equao indica que para cada habitante de uma determinada zona j atrada 0,0447389

    viagens de transporte coletivo, para cada emprego 0,88969801,e para cada matrcula

    0,2988376. Isto , em termos de atrao de viagens o peso relativo maior no que se refere

    varivel emprego.

    A estimativa de viagens atradas feita, portanto, com as projees de populao, empregos

    e matrculas em cada ano horizonte do projeto, conforme os cenrios scio-econmicos

    apresentados nos itens anteriores deste captulo.

    2.3.2 Produo e atrao de viagens

    A aplicao dos modelos de gerao para os cenrios scio-econmicos dos anos horizonte

    resulta nos vetores de produo e atrao de viagens por zonas de trfego.

    Vale ressaltar que no modelo de produo de viagens foi feita uma considerao

    complementar relativa mobilidade do transporte coletivo, ou taxa de produo de viagens

    por categoria de famlia.

    Historicamente, tem-se observado na Regio Metropolitana de Goinia um contnuo

    decrscimo da mobilidade dos habitantes com relao ao transporte coletivo que, frise-se,

    tem sido um fenmeno observado tambm em outras localidades do pas nos ltimos anos.

    A RMG apresentou em 2010 a metade da taxa de viagens/habitante/dia em relao a 1980,

    ou seja, o crescimento das viagens por transporte coletivo no vem acompanhando a

    evoluo da populao, indicando que parcela cada vez maior de viagens est migrando para

    o transporte individual.

    No clculo dos vetores foram adotadas duas hipteses: uma tendencial e outra otimista, que

    geraram dois cenrios: M1 e M2.

    M1 DENOMINADO DE CENRIO DE MOBILIDADE TENDENCIAL

    A mobilidade de transporte coletivo segue a tendncia atual, porm com um ritmo menor de

    queda da participao deste modo. A taxa de mobilidade continuar a tendncia de queda,

    porm em ritmo menor. A mobilidade que em 2010 de 0,27 viagens/habitante/dia foi

    estimada para 2040 em 0,24 viagens/habitante/dia.

  • M2 DENOMINADO DE CENRIO DE MOBILIDADE OTIMISTA

    Considera que a mobilidade do transporte coletivo em 2040 atingir 0,29

    viagens/habitante/dia

    Escolheu-se um cenrio misto, combinando-se ambos os cenrios em funo do tipo de

    ligao, o que, se aproxima da mdia das mobilidades obtidas, algo prximo a 0,27

    viagens/habitante/dia.

    O total das viagens calculadas para o cenrio de mobilidade foi de 170.381 viagens na hora

    pico manh, em 2040. Os resultados para os outros anos esto descritos na Tabela 2-14 a

    seguir.

    Tabela 2-14: Populao, mobilidade e viagens projetadas

    Grfico 2-18: Evoluo da populao, empregos e viagens de transporte coletivo nos cenrios de mobilidade tendencial e otimista

    2.3.3 Distribuio de viagens

    O modelo de distribuio de viagens empregado o modelo gravitacional, o qual considerou,

    como matriz semente, a matriz de viagens calibrada para o ano-base.

    A Tabela 2-15 apresenta a quantidade de viagens produzidas e atradas, considerando

    separadamente os distritos que contm zonas lindeiras ao Eixo Anhanguera e os demais

    distritos. Os dados so os relativos hora pico manh no ano de 2040.

    Tabela 2-15: Produo e Atrao de viagens na hora pico manh para o ano de 2040

    As figuras a seguir mostram a produo e a atrao de viagens no ano horizonte do estudo

    espacializados por zona de trfego.

  • Figura 2-24: Produo de Viagens em Goinia e reas conturbadas em 2040 por zona de trfego U3M1M2

    Figura 2-25: Detalhe da Produo de Viagens na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2040 U3M2

    Figura 2-26: Atrao de Viagens em Goinia e reas conturbadas em 2040 por zona de trfego U3M1M2

    1 Figura 2-27: Detalhe da Atrao de Viagens na rea de Influncia Direta do Eixo Anhanguera em 2040 U3M2

  • 2.4 Estudo de oferta

    2.4.1 Oferta atual

    2.4.1.1 A rede de transporte RMTC e o Eixo Anhanguera

    O sistema de transporte coletivo da Regio Metropolitana de Goinia est estruturado em um

    modelo de plena integrao entre linhas e servios, fundamentado no uso de uma ampla rede

    de terminais de integrao que permite ao cidado um amplo acesso aos polos de atrao de

    viagens.

    A rede de transporte, em quase sua totalidade, estrutura-se em um modelo operacional do

    tipo tronco-alimentado. Neste modelo, h um conjunto de linhas que fazem a ligao dos

    bairros com os locais de integrao, denominadas linhas alimentadoras, e outro conjunto de

    linhas, troncais, ou como tambm so conhecidas em Goinia, linhas de Eixo, que realizam a

    distribuio das viagens nas reas mais centrais, corredores e nos polos de atrao. A

    integrao nos terminais se d de forma livre sem acrscimo ou pagamento de outra tarifa,

    alm daquela paga na 1 viagem.

    Esta rede, conhecida como Sistema Integrado de Transporte SIT-RMTC formada por 291

    linhas.

    Nesta rede, o Eixo Anhanguera possui uma funo bastante relevante. Na verdade, foi este

    eixo o precursor de toda a rede integrada que h na RMG e sua histria se mescla com a da

    RMTC.

    O eixo, no seu