Apresentação · Os 2 sons fisiologicamente auscultados no coração são produzidos pelo estalido...

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gra e Questões Comentadas R3 Clínica Cirúrgica, SIC Provas na Íntegra e

Questões Comentadas R3 Pediatria, SIC Resumão R3 Clínica Médica, SIC

Resumão R3 Clínica Cirúrgica e SIC Resumão R3 Pediatria.

Apresentação

Índice

CARDIOLOGIA

1. Anatomia e fisiologia cardíaca básica .....15

2. Hipertensão arterial sistêmica - conceitos fundamentais ..............................19

3. Hipertensão arterial sistêmica - tratamento ..................................................... 22

4. Emergências hipertensivas ........................ 24

5. Dislipidemia e fatores de risco para doença cardiovascular ................................ 28

6. Eletrofisiologia ...............................................31

7. Arritmias cardíacas ...................................... 33

8. Síncope ............................................................ 39

9. Avaliação e abordagem perioperatória ... 43

10. Angina estável ............................................... 45

11. Diagnóstico diferencial da dor torácica ...48

12. Síndromes miocárdicas isquêmicas instáveis .......................................................... 52

13. Parada cardiorrespiratória ........................60

14. Insuficiência cardíaca ..................................64

15. Edema agudo pulmonar ............................. 69

16. Valvulopatias ................................................ 70

17. Miocardites .....................................................73

18. Doenças do pericárdio ................................ 78

MEDICINA INTENSIVA

19. Via aérea ......................................................... 83

20. Insuficiência respiratória ........................... 85

21. Ventilação mecânica e desmame venti-latório ..............................................................88

22. Distúrbio do equilíbrio acidobásico .........94

23. Manejo da hipotermia ................................. 97

24. Choque ............................................................98

25. Drogas vasoativas .......................................101

26. Marcadores inflamatórios ........................ 102

27. Abordagem inicial das intoxicações exógenas agudas ........................................ 103

28. Tratamento específico das intoxicações exógenas agudas ........................................ 105

29. Nutrição ........................................................ 106

30. Cuidados com o paciente neurológico na UTI .............................................................108

PNEUMOLOGIA

31. Bases anatômicas da respiração ............. 115

32. Sinais e sintomas respiratórios ............... 117

33. Fisiologia respiratória e provas de função pulmonar ........................................ 120

34. Radiografia de tórax ...................................123

35. Asma ...............................................................127

36. Doença pulmonar obstrutiva crônica..... 131

37. Tabagismo .....................................................136

38. Bronquiectasias ...........................................139

39. Derrame pleural ........................................... 141

40. Pneumonia adquirida na comunidade .. 144

41. Tuberculose ................................................... 151

42. Gripe ................................................................155

43. Doenças pulmonares parenquimatosas difusas ........................................................... 158

44. Pneumoconioses ......................................... 160

45. Tromboembolismo pulmonar .................. 162

46. Hipertensão pulmonar ...............................165

47. Neoplasias pulmonares ............................ 168

ENDOCRINOLOGIA

48. Diabetes mellitus - fisiopatologia e classificação ..................................................175

49. Diabetes mellitus - diagnóstico ...............177

50. Diabetes mellitus - tratamento ...............178

51. Complicações agudas do diabetes mellitus .......................................................... 184

52. Complicações crônicas do diabetes mellitus .......................................................... 188

53. Síndrome metabólica ................................. 191

54. Obesidade ......................................................193

55. Hipotireoidismo .......................................... 198

56. Hipertireoidismo ......................................... 201

57. Tireoidites .....................................................205

58. Nódulos e câncer de tireoide .................. 208

59. Doenças da hipófise ....................................213

60. Doenças das adrenais ...............................220

61. Doenças das paratireoides ......................226

INFECTOLOGIA

62. Imunologia - noções gerais e aplicações em Infectologia ........................................... 233

63. Patogênese do HIV e AIDS .......................236

64. Infecção pelo HIV e AIDS ..........................239

65. Manifestações oportunistas na AIDS ....245

66. Tratamento do HIV e AIDS ........................251

67. Doenças sexualmente transmissíveis ...254

68. Meningite e outras infecções do sistema nervoso central ............................261

69. Sepse .............................................................270

70. Síndrome da mononucleose infecciosa ....275

71. Toxoplasmose .............................................. 277

72. Citomegalovírus .......................................... 279

73. Principais antimicrobianos ...................... 281

74. Imunizações e terapia pós-exposição ...287

75. Hanseníase ................................................... 297

76. Dengue ..........................................................303

77. Febre amarela ............................................ 308

78. Hepatites virais ............................................ 311

79. Leptospirose ................................................320

80. Malária........................................................... 323

81. Febre tifoide .................................................329

82. Ebola ...............................................................331

83. Febre maculosa brasileira (riquetsioses) .....................................................334

84. Febre no adulto ........................................... 337

85. Hepatoesplenomegalias crônicas ......... 340

86. Endocardite infecciosa ..............................345

87. Neutropenia febril .......................................351

88. Infecção hospitalar ..................................... 357

89. Gangrena de Fournier ...............................365

90. Parasitoses intestinais .............................. 367

91. Doença de Chagas .......................................371

92. Paracoccidioidomicose .............................. 374

93. Outras doenças infectocontagiosas ......378

94. Acidentes por animais peçonhentos ..... 379

HEMATOLOGIA

95. Interpretação do hemograma .................385

96. Visão global das anemias .........................388

97. Anemias hipoproliferativas .....................392

98. Anemias hiperproliferativas ................... 402

99. Pancitopenias .............................................. 413

100. Hemocromatose ...................................... 416

101. Distúrbios da hemostasia ......................417

102. Distúrbios da hemostasia primária .... 419

103. Distúrbios das hemostasias secundária e terciária ............................422

104. Trombofilias ..............................................424

105. Visão geral das neoplasias hematológicas ..........................................428

106. Leucemias agudas .................................. 430

107. Leucemias crônicas .................................434

108. Neoplasias mieloproliferativas (não LMC) ..................................................438

109. Linfomas ................................................... 440

110. Mieloma múltiplo ....................................446

111. Hemoterapia ........................................... 450

112. Transplante de células-tronco hematopoéticas ......................................458

REUMATOLOGIA

113. Osteoartrite ..............................................463

114. Artrite reumatoide .................................466

115. Artrite idiopática juvenil ........................471

116. Artrites sépticas .....................................475

117. Espondiloartrites soronegativas ........478

118. Febre reumática ..................................... 486

Índice

119. Gota ........................................................... 489

120. Síndromes reumáticas dolorosas regionais ....................................................493

121. Fibromialgia ............................................. 498

122. Osteoporose ............................................. 501

123. Vasculites ................................................ 508

124. Síndrome de Sjögren...............................515

125. Lúpus eritematoso sistêmico ............... 518

126. Esclerose sistêmica ................................524

127. Dermatomiosite e polimiosite .............528

128. Doença mista do tecido conjuntivo .....531

129. Síndrome antifosfolípide ...................... 533

130. Principais características laboratoriais e autoanticorpos das doenças autoimunes ............................................... 535

NEFROLOGIA

131. Anatomia e fisiologia renal ...................539

132. Métodos complementares diagnósticos em Nefrologia ................ 540

133. Distúrbios do potássio ...........................545

134. Distúrbios do sódio .................................549

135. Distúrbios do cálcio ................................ 552

136. Injúria renal aguda - classificação e diagnóstico ................... 557

137. Injúria renal aguda - tratamento e complicações ...................561

138. Doença renal crônica - fisiopatologia e classificação................ 567

139. Doença renal crônica - aspectos clínicos e tratamento não dialítico ......................................................569

140. Doença renal crônica - terapia de substituição renal ................571

141. Introdução às doenças glomerulares ... 573

142. Síndrome nefrótica ................................. 575

143. Síndrome nefrítica ................................. 580

144. Glomerulonefrite rapidamente progressiva ............................................... 581

145. Hematúria e proteinúria isoladas .......583

146. Envolvimento glomerular em doenças sistêmicas ..................................................586

147. Doenças tubulointersticiais ..................590

148. Doença renovascular isquêmica .........594

149. Transplante renal .................................... 597

NEUROLOGIA

150. Neuroanatomia ........................................603

151. Semiologia e propedêutica neurológica ...............................................607

152. Dor ...............................................................612

153. Cefaleias .................................................... 616

154. Doenças cerebrovasculares ................. 621

155. Coma e alteração do estado de consciência ................................................625

156. Epilepsia ....................................................629

157. Demências .................................................633

158. Doença de Parkinson ............................ 637

159. Doenças neuromusculares e mielopatias ...............................................642

160. Esclerose múltipla ...................................645

161. Insônia e outros distúrbios do sono...649

162. Tumores do sistema nervoso ...............653

PSIQUIATRIA

163. Psicologia médica....................................659

164. Introdução à Psiquiatria ........................659

165. Transtornos mentais orgânicos ........... 661

166. Transtornos mentais decorrentes de substâncias psicoativas .........................662

167. Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos ...................................................668

168. Transtornos do humor ...........................670

169. Transtornos de ansiedade .................... 672

170. Transtornos alimentares ....................... 675

171. Transtornos de personalidade .............676

172. Transtornos somatoformes, dissociativos e factícios .........................678

173. Psiquiatria infantil ..................................679

174. Emergências em Psiquiatria ............... 680

175. Psicofarmacologia e outros tratamentos em Psiquiatria .................682

Índice

GERIATRIA

176. Epidemiologia do envelhecimento ..... 691

177. Aspectos biológicos do envelhecimento ....................................... 691

178. Fisiologia do envelhecimento ..............692

179. Avaliação funcional ................................693

180. Promoção à saúde e vacinação ...........694

181. Demências .................................................696

182. Delirium .....................................................698

183. Fragilidade ................................................ 701

184. Polifarmácia ............................................. 701

185. Quedas .......................................................703

186. Nutrição .....................................................706

187. Imobilismo ................................................708

188. Violência e maus-tratos contra os idosos .........................................................709

189. Cuidados paliativos ................................ 710

DERMATOLOGIA

190. Dermatologia normal ..............................717

191. Doenças infectocontagiosas virais ......719

192. Doenças infectocontagiosas bacterianas agudas ................................720

193. Doenças infectocontagiosas bacterianas crônicas ...............................721

194. Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses superficiais ............................... 723

195. Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses profundas..................................724

196. Doenças infectocontagiosas – protozoárias e parasitárias .................. 725

197. Doenças eczematosas ........................... 726

198. Doenças eritematodescamativas .......730

199. Doenças inflamatórias ........................... 733

200. Reações alérgicas e farmacodermias – lato sensu .................................................. 735

201. Medicina interna .....................................740

202. Tumores malignos ................................... 743

Índice

CARD

IOLO

GIA

15SIC RESUMÃO CARDIOLOGIA

1 Anatomia e fisiologia cardíaca básica

1. Coração

A - Visão geralO coração é uma bomba dupla, de sucção e pressão, cujas porções trabalham conjuntamente para impulsio-

nar o sangue para todos os órgãos e tecidos. Os 2 sons fisiologicamente auscultados no coração são produzidos pelo estalido de fechamento das válvulas que normalmente impedem o refluxo de sangue durante as contrações cardíacas. O 1º som dá-se com o fechamento das válvulas atrioventriculares (mitral e tricúspide), sendo grave e de-nominado de 1ª bulha cardíaca (B1) e caracteriza o início da sístole. O 2º som é gerado com o fechamento das válvu-las semilunares (pulmonar e aórtica), sendo denominado de 2ª bulha cardíaca (B2), e caracteriza o início da diástole. Em indivíduos normais, podemos auscultar, muitas vezes, o chamado desdobramento fisiológico de B2 durante a inspiração, quando os componentes de fechamento valvar aórtico e pulmonar podem ser distinguidos. Isso ocorre porque, na inspiração, temos uma redução da pressão intratorácica com consequente aumento do retorno venoso para o Ventrículo Direito (VD) e prolongamento do seu enchimento, com atraso no surgimento do componente pul-monar da B2. Além da B1 e da B2, há outros sons cardíacos durante os ciclos, possíveis em situações fisiológicas ou patológicas. A 3ª bulha (B3) ocorre durante a fase de enchimento rápido ventricular e pode ser mais perceptível em situações que aumentem o fluxo através das válvulas atrioventriculares, como febre, anemia, insuficiência mitral ou em casos de alterações estruturais cardíacas que modifiquem a sua complacência, como na insuficiência cardíaca. A 4ª bulha (B4), por sua vez, ocorre durante a sístole atrial, pelo impacto de sangue na parede ventricular.

B - Morfologia a) Ápice

Situa-se no 5º espaço intercostal esquerdo, a aproximadamente 9cm do plano mediano.

b) Base Recebe as veias pulmonares nos lados direito e esquerdo da sua porção atrial esquerda e a Veia Cava Superior

(VCS) e a Veia Cava Inferior (VCI) nas extremidades superior e inferior da sua porção atrial direita.

c) Faces

Faces do coraçãoEsternocostal (anterior) É formada principalmente pelo VD.Diafragmática (inferior) É formada principalmente pelo Ventrículo Esquerdo (VE) e parte do VD.Pulmonar direita É formada principalmente pelo AD.Pulmonar esquerda É formada principalmente pelo VE; forma a impressão cardíaca do pulmão esquerdo.

d) Margens

Margens do coraçãoDireita Ligeiramente convexa e formada pelo Átrio Direito (AD), estende-se entre a VCS e a VCI.Inferior Oblíqua, quase vertical, é formada principalmente pelo VD.Esquerda É quase horizontal e formada principalmente pelo VE e por uma pequena parte da aurícula esquerda.

SuperiorFormada pelos átrios e aurículas direitos e esquerdos em vista anterior; a aorta ascendente e o tronco pul-monar emergem dessa margem, e a VCS entra no seu lado direito. Posterior à aorta e ao tronco pulmonar e anterior à VCS, essa margem forma o limite inferior ao seio transverso do pericárdio.

2. Revestimento e parede cardíacaHá uma membrana fibrosserosa que envolve todo o coração e o início dos seus grandes vasos chamada peri-

cárdio. Já a parede do coração é formada por 3 camadas (Figura 1):

16 INTENSIVO

Formação da parede cardíaca

EndocárdioCamada interna, de fina espessura (endotélio e teci-do conjuntivo subendotelial), que atua como reves-timento íntimo do coração, inclusive de suas valvas

A endocardite é caracterizada pela infecção desse componente do tecido cardíaco, principalmente nas áreas em que recobre as válvulas cardíacas.

Miocárdio Camada intermediária, helicoidal e espessa, forma-da por músculo cardíaco

A miocardite aguda é a inflamação desse tecido muscular, geralmente associada à perda de força contrátil.

Epicárdio Camada externa, de fina espessura (mesotélio) e formada pela lâmina visceral do pericárdio seroso

As pericardites são caracterizadas pela inflama-ção dessas lâminas, podendo cursar com derra-me pericárdico.

Figura 1 - Pericárdio e parede cardíaca

A - Câmaras cardíacas

AD Recebe o sangue venoso da VCS, da VCI e do seio coronariano. No AD há 2 estruturas muito importantes que serão tratadas mais à frente: o nó sinusal e o nó atrioventricular.

VD Responsável pelo bombeamento do sangue na circulação pulmonar, recebe o sangue venoso do AD e deságua no tronco da artéria pulmonar.

AE Recebe o sangue arterial, proveniente das veias pulmonares direita e esquerda, e deságua no VE.VE Responsável pelo bombeamento do sangue para o corpo, recebe o sangue arterial do AE e deságua na aorta.

Figura 2 - Estruturas cardíacas

17SIC RESUMÃO CARDIOLOGIA

B - Valvas cardíacasAs valvas são formadas basicamente de tecido conjuntivo e têm a função de garantir o sentido unidirecional do

sangue, ou seja, impedem o refluxo sanguíneo nas 4 cavidades cardíacas.

Figura 3 - Focos de ausculta cardíaca

Valvas cardíacas e exame clínicoFocos de ausculta

Valvas cardíacas Localizações Observações

Mitral Valva mitral5º espaço intercostal esquerdo, na linha hemiclavicular, correspondendo ao ictus cordis ou ponta do coração

Trata-se da área em que são mais bem percebidos os fenômenos estetoacústicos como bulhas, estali-dos e sopros relacionados a valva mitral estenótica ou insuficiente.

Tricúspide Valva tricúspideBase do apêndice xifoide, ligeiramen-te à esquerda

Algumas vezes os acometimentos da valva tricúspide são mais bem ouvidos no foco mitral, porém a inspiração pro-funda intensifica o sopro se ele for de origem tricúspide.

Aórtico Valva aórtica2º espaço intercostal direito, junto ao esterno

Trata-se de local de maior intensidade de ausculta de B2, juntamente com o foco pulmonar.

PulmonarValva pulmonar

2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno

É o foco em que se têm condições ideais para análise de desdobramentos, patológico ou fisiológico, da 2ª bulha pulmonar.

Aórtico acessório

Valva aórticaEntre o 3º e o 4º espaços intercostais esquerdos, próximo ao esterno

Trata-se do melhor local para perceber fenôme-nos acústicos de origem aórtica.

C - Coronárias

Figura 4 - Artérias coronárias

18 INTENSIVO

3. Sistema elétrico O sistema de condução do coração é

constituído basicamente de fibras mus-culares especializadas para a transmis-são de impulsos elétricos. Os estímulos são gerados ritmicamente, resultando na contração coordenada dos átrios e dos ventrículos. A frequência de geração e a velocidade de condução são aumen-tadas pelo sistema simpático e inibidas pelo parassimpático. Figura 5 - Sistema elétrico do coração

4. Grandes vasos- Aorta;- Tronco braquiocefálico;- Artéria carótida comum esquerda;- Artéria subclávia esquerda;- Porção distal do tronco pulmonar; - Veia braquiocefálica direita; - Veia braquiocefálica esquerda; - Parte da VCS.

5. Ciclo cardíacoO ciclo cardíaco pode ser dividido em 2 fases: sístole e diástole. A alternância entre elas é que determina o

esvaziamento e o enchimento subsequente do coração. O ciclo inicia-se no nó sinoatrial com uma despolarização que leva à contração do átrio. Durante esse tempo, o fluxo sanguíneo no interior dos ventrículos é passivo, mas a contração atrial aumenta o enchimento ventricular ao final da diástole. A sístole ventricular ocasiona o fechamento das valvas atrioventriculares (B1), ocorrendo uma contração isométrica até que as pressões intraventriculares se tornem suficientes para abrir as valvas pulmonar e aórtica, quando se inicia a fase de ejeção. O volume de sangue ejetado é conhecido como volume sistólico. Ao final dessa fase ocorrem o relaxamento ventricular e o fechamento das valvas pulmonar e aórtica (B2). Após o relaxamento isovolumétrico, as pressões ventriculares diminuem mais do que as pressões atriais, o que leva à abertura das valvas atrioventriculares e ao início do enchimento ventricular diastólico. Todo o ciclo, então, se repete na sequência de outro impulso a partir do nó sinoatrial.

Figura 6 - Relação entre eventos elétricos e mecânicos do ciclo cardíaco

REU

MAT

OLO

GIA

463SIC RESUMÃO REUMATOLOGIA

113 Osteoartrite

1. Introdução e epidemiologiaA osteoartrite (OA) é uma doença causada por insuficiência da cartilagem articular, levando ao comprometi-

mento global da articulação (osso subcondral, ligamentos, cápsula articular, membrana sinovial) e estruturas pe-riarticulares devido a um desequilíbrio entre degradação e reparação tecidual. É a doença articular mais comum na população, com prevalência estimada, em países em desenvolvimento, entre 3,1 a 11,8% da população. Inicia-se entre a 4ª e a 5ª décadas de vida. A distribuição da OA assemelha-se entre os sexos até os 40 anos de idade. A partir de então, o sexo feminino tende a manifestar mais OA de mãos, quadris e joelhos. A incidência aumenta com a idade e é uma importante causa de incapacidade entre os idosos. Tem caráter crônico, evolução lenta e é importante cau-sa de morbidade. Afeta articulações periféricas e axiais, sem comprometimento sistêmico.

2. EtiopatogeniaA OA é o resultado da interação de fatores genéticos, metabólicos, hormonais, bioquímicos e mecânicos, afetan-

do simultaneamente a cartilagem hialina e o osso subcondral.

A - Fatores de riscoHormonais Maior frequência em mulheres com mais de 50 anos

Genéticos Influência genética em torno de 60%, particularmente para OA de mãos, joelhos e quadris. Relacionados com características clínicas, anormalidades do colágeno, alterações do metabolismo ósseo e da cartilagem

Excesso de peso Maior risco de OA de joelhos e mãosOcupação e ativi-dades esportivas

Envolvimento de sobrecarga sobre a articulação e danos repetitivos ao longo do tempo: causas co-muns de OA secundária

Deformidades e injúria prévia

Joelho varo e joelho valgo para OA de joelhos, displasia do acetábulo para OA de quadris; trauma, lesões de ligamentos e meniscos como causas comuns de OA secundária de joelho

Idade crescente Prevalência de 80% de OA acima dos 55 anos

Outros Fraqueza da musculatura do quadríceps, defeitos de propriocepção, condições metabólicas como dia-betes, acromegalia, doença por cristais etc.

Osteoporose e tabagismo reduzem risco de AO.

B - Tipos ͳ Quanto à etiologia

Primária- Idiopática:

· Localizada;· Generalizada (3 ou mais sítios de acometimento);· Mais frequente.

SecundáriaRelacionada a processos traumáticos e/ou inflamatórios aos quais sobreveio a OA (exemplos: OA pós-trau-ma, artrite infecciosa, doença reumatoide, necrose asséptica, pós-cirurgia de meniscos ou ligamentos de joelhos etc.). Localização variável a depender de onde houve o processo inicial.

C - PatologiaAs alterações patológicas, em ordem de gravidade, são: ͳ Sinovite crônica: na maioria das vezes, branda; ͳ Alterações na cartilagem: irregularidades articulares (fibrilação)

que evolui para erosão articular (eburnação); ͳ Alterações do osso subcondral: esclerose óssea (fibrose), cistos

subcondrais (necrose) e osteófitos (neoformação óssea).

464 INTENSIVO

3. Achados clínicos e radiológicos

A - Clínicos ͳ Dor articular, mecânica: dor desencadeada pela atividade com melhora ao repouso; a dor é o principal sin-

toma; ͳ Rigidez de curta duração (<30 minutos); ͳ Deformidade e limitação de movimento em fases avançadas; ͳ Crepitação articular; ͳ Articulação de volume aumentado, firme; ͳ Articulações mais acometidas: apofisárias da coluna vertebral, interfalangianas distais, joelhos e quadril; ͳ Sensação de insegurança/instabilidade articular.

A OA tipicamente poupa as metacarpofalangianas e não poupa as interfalangianas distais (IFDs). Este padrão é o oposto ao da artrite reumatoide, que poupa as IFDs e acomete as metacarpofalangianas.

Membros superiores

- Nódulos de Bouchard: interfalangianas proximais (IFPs) das mãos- Nódulos de Heberden: IFDs das mãos;- Rizartrose: articulação trapézio-metacarpo na base do polegar;- Articulação acromioclavicular.

Membros inferiores

- Coxartrose (quadris);- Gonartrose (joelhos);- Primeiras metatarsofalangianas (hálux valgo);- Subtalar.

OA axial Acometimento das articulações interapofisárias (principalmente cervical e lombar)OA generalizada 3 ou mais sítios acometidos (considera-se IFDs e IFPs grupos distintos)

Figura 1 - Nódulos de Bouchard (interfalangianas proximais) e Heberden (interfalangianas distais)

B - Achados radiológicosPrincipais achados

- Redução assimétrica do espaço articular;- Esclerose do osso subcondral; - Presença de osteófitos (proliferação óssea nas margens articulares); - Cistos subcondrais;- Colapso do osso subcondral.

ͳ Erosões não são típicas da doença, mas alguns pacientes podem desenvolvê-las, principalmente em IFPs e IFDs de mãos (OA erosiva);

ͳ Dissociação clínico-radiológica: a presença de alterações radiológicas nem sempre se correlaciona com os sintomas (80% das pessoas a partir de 40 anos apresentam características radiológicas, mas só 30% delas apresentam dor). Sendo assim, apenas alterações radiológicas na ausência de quadro clínico não configuram diagnóstico de OA.

465SIC RESUMÃO REUMATOLOGIA

Figura 2 - Alterações radiológicas na osteoartrite – (A) osteoartrite de joelho (gonartrose): redução assimétrica do espaço arti-cular, pior no compartimento medial, esclerose subcondral e osteófitos; e (B) osteoartrite avançada de coxofemoral: anquilose, esclerose e cistos subcondrais

C - Achados laboratoriais ͳ Provas de atividade inflamatória (VHS e PCR): normais ou discretamente elevadas; ͳ FAN e fator reumatoide negativos (lembrar que estes podem ser achados laboratoriais positivos sem corre-

lação clínica, o que constitui um fator de confusão diagnóstica); ͳ Líquido sinovial não inflamatório (<2.000 células/mm3), com viscosidade normal. Quando ocorre derrame

articular, pode haver líquido sinovial levemente inflamatório, com pequenos aumentos na celularidade e dis-creta diminuição da viscosidade.

4. DiagnósticoPistas diagnósticas

Considerar OA- Curso crônico e insidioso;- Articulações tipicamente envolvidas com suas deformidades clássicas;- Idade do paciente (>50 anos);- Dor mecânica e protocinética;- Rigidez matinal curta (<30 minutos);- Comprometimento assimétrico dentro da articulação (ao raio x);- Provas de atividade inflamatória normais.

Considerar outros diagnósticos- Curso agudo;- Articulações não classicamente acometidas;- Idade precoce (<30 anos);- Artrite franca ou em surtos;- Dor inflamatória com rigidez matinal prolongada (>30 minutos);- Comprometimento simétrico dentro de cada articulação;- Alteração nas provas de atividade inflamatória.

5. TratamentoO tratamento tem como objetivos a redução dos sintomas e a prevenção de incapacidade.

Não farmacológico Conscientização do paciente Caráter crônico e irreversível, curso benigno e necessidade de tratamento contínuo

Orientação dietética Redução de peso em pacientes com OA de joelhos (redução de 4kg reduz significativa-mente a dor)

Fisioterapia individualizada Fortalecimento muscular para recuperação da atrofia muscular e alívio da dor

Terapia ocupacional - Órteses na correção de desvios do alinhamento articular;- Medidas de proteção articular e recuperação funcional.

DER

MAT

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GIA

DER

MAT

OLO

GIA

717SIC RESUMÃO DERMATOLOGIA

1. Anatomia e fisiologia As camadas da pele têm origens embrionárias diferentes: 1 - epiderme = ectodérmica e 2 - derme + subcutâneo

= mesodérmica.

O epitélio é do tipo escamoso pluriestratificado e é dividido (internamente para externamente) em camadas basal, espinhosa ou malpighiana, granulosa e córnea. O tempo médio do turnover celular é de 63 dias.

Na epiderme, a camada córnea é composta de queratina; na granulosa e na espinhosa, a aderência dos querati-nócitos entre si é dada pelos desmossomos, e, entre estes e a camada basal, pelos hemidesmossomos; o glicocálice é considerado o “cimento intercelular”. Uma importante função da epiderme é a conversão da vitamina D pela exposição solar.

A derme é um tecido conjuntivo denso e é composta, principalmente, por glicosaminoglicanos, proteoglicanos, ácido hialurônico, colágeno e elastina; divide-se em dermes papilar e reticular (mais profunda).

Componentes celulares da peleEstruturas Localizações Funções Origens embrionárias

Queratinócito Epiderme Barreira EctodérmicaMelanócito Basal Proteção EctodérmicaCélulas de Langerhans Basal/móvel Imunológica Migração do tecido linfoideCélulas de Merkel Basal Neurossensorial EctodérmicaCorpúsculos de Meissner Derme Sensorial tátil MesodérmicaCorpúsculos de Vater-Pacini Derme Sensorial de pressão MesodérmicaCorpúsculos de Ruffini Derme Sensorial térmica (calor) Mesodérmica

Figura 1 - Principais estruturas da pele

As principais funções da hipoderme/subcutâneo são armazenamento energético/de gordura, isolamento tér-mico e proteção mecânica, além de abrigar importante plexo vascular para nutrição da pele.

2. Lesões elementaresLesões elementares são importantes para a propedêutica dermatológica:

Lesões elementares Características Exemplos de doenças

Mácula ou manchaLesão plana, sem alteração de relevo ou textura, apenas cor, po-dendo ser eritematosa, acastanhada, arroxeada, acrômica etc.

Vitiligo, equimose

190 Dermatologia normal

718 INTENSIVO

Lesões elementares Características Exemplos de doençasPápula Lesão elevada, nodular, circunscrita, com até 1cm Verruga

Placa Lesão nodular, circunscrita com diâmetro >1cm e com alteração do relevo e textura Psoríase

Nódulo Uma lesão elevada entre 1 e 3cm NeurofibromaTumor Lesão circunscrita elevada >3cm CarcinomasVesícula Lesão bolhosa com menos de 1cm e conteúdo límpido HerpesBolha Lesão com conteúdo líquido claro com mais de 1cm PênfigoPústula Vesícula com conteúdo purulento AcneExulceração Perda da epiderme (ulceração superficial) EscoriaçãoÚlcera Perda da epiderme e da derme Pioderma gangrenosoFissura Úlcera cujo comprimento é maior do que o diâmetro EczemaLiquenificação Áreas de espessamento da epiderme sulcadas e onduladas Líquen planoVegetação Tumoração de aspecto vegetante Condiloma gigante

3. CicatrizaçãoAs perdas teciduais influenciam o tempo de cicatrização e são classificadas em: ͳ Superficial: epiderme e parte da derme papilar; ͳ Média: toda a derme; ͳ Profunda: parte do subcutâneo, comprometendo os anexos cutâneos. Quanto mais profunda, maior a proba-

bilidade de cicatrizes permanentes inestéticas.

As fases que se sucedem na cicatrização são: contração vascular/aumento da permeabilidade vascular; chegada de leucócitos e plaquetas; neoangiogênese; fibroplasia com formação do colágeno; reepitelização; contração da ferida; e remodelação do colágeno.

Fases da cicatrização

Inflamatória Subdividida nas fases vascular (hemostasia e recrutamento de leucócitos) e celular (organização de neutrófilos, mastócitos e monócitos)

Proliferativa Marcada, principalmente, por neoangiogênese, neocolagênese e fibroplasia (tecido de granulação) e migração dos queratinócitos

Remodelação Amadurecimento da matriz por mudança dos seus componentes, como colágeno

Figura 2 - Fases da cicatrização

719SIC RESUMÃO DERMATOLOGIA

191 Doenças infectocontagiosas virais

1. HPV Trata-se do causador das conhecidas verrugas e condiloma. Alguns subtipos de papilomavírus humano (HPV)

são oncogênicos, podendo estar associados aos carcinomas. A associação dá-se com os subtipos virais, no total mais de 100, e a manifestação corresponde a:

HPV 16 e 18 Malignização no colo do útero

HPV 6 e 11- Papilomatose respiratória;- Lesões anogenitais;- Carcinoma de pulmão.

- HPV não exclusivos 2, 3 e 10;- HPV exclusivos 5a, 5b, 14 e 50.

Epidermodisplasia verruciforme – doença herdada geneticamente que predispõe indivíduos a infecções crônicas pelo HPV e a carcinoma espinocelular precoce

ͳ A papulose bowenoide é uma manifestação genital da infecção pelo HPV e pode ser considerada uma lesão pré-maligna pelo risco de evolução para carcinoma;

ͳ As verrugas são tratadas com métodos destrutivos e com medicações que estimulam o sistema imunológico. Existem vacinas para os subtipos oncogênicos 6, 11, 16 e 18; a mais indicada é a tetravalente, que é indicada para meninas e meninos (desde 2017) a partir de 9 anos, com disponibilidade no Sistema Único de Saúde (SUS).

2. HerpesA família do herpes-vírus é grande, e suas manifestações são diversas (Figura 1).

Figura 1 - Família do herpes-vírus

Muitos vírus da família herpes permanecem em estado de latência e se aproveitam de falhas do sistema imuno-lógico para provocar infecções recorrentes.

A - Herpes-simples – subtipos 1 e 2Uma característica do vírus é o neurotropismo, sendo que pode ficar quiescente nesses tecidos por anos e,

posteriormente, provocar reinfecções. Alguns pacientes com herpes-simples podem evoluir para quadros graves de encefalites, com acometimento dos lobos temporais. A primoinfecção na criança é a estomatite herpética.

ͳ Mães assintomáticas portadoras de herpes genital podem apresentar o quadro de herpes neonatal, sendo esta uma infecção grave que se assemelha à varicela, podendo levar a óbito do recém-nascido;

ͳ A erupção variceliforme de Kaposi é uma complicação pela disseminação do herpes em pacientes com doen-ças dermatológicas crônicas, como dermatite atópica e pênfigos;

ͳ É possível chegar rapidamente ao diagnóstico, por intermédio de um teste simples de raspagem da lesão e análise citológica – teste de Tzanck – que mostra células gigantes multinucleadas.

Observar que há diferenças de dosagens, duração e posologia nos tratamentos de recidivas versus primoinfecções.

720 INTENSIVO

B - Herpes-zóster – subtipo 3A primoinfecção pelo HSV 3 manifesta-se como varicela (catapora), e sua reativação é o acometimento loca-

lizado em dermátomos conhecido como zóster. A principal característica da varicela é o polimorfismo das lesões.

A complicação mais temida do zóster é a neuralgia pós-herpética, muito mais comum entre idosos.

Zoster sine herpete é o quadro doloroso em que não há lesões na pele e que é confundido com outras dores torácicas e abdominais nos prontos-socorros.

3. Molusco contagioso – poxvírusO molusco contagioso é causado por um poxvírus – infecção frequente e benigna em crianças e uma das Doen-

ças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) nos adultos. A lesão típica é a pápula umbilicada (elevações da pele com depressão central). Nos pacientes HIV positivo, as lesões são maiores (nódulos) e disseminadas.

4. Exantemas viraisAs doenças exantemáticas são quadros sistêmicos com manifestação cutânea caracterizada por erupção macu-

lar eritematosa, cada qual com algumas particularidades (Tabela a seguir).

Doenças Agentes Períodos de incubação Clínicas

Sarampo Paramixovírus 10 a 14 dias- Quadro gripal;- Erupção craniocaudal;- Manchas de Köplik (cavidade oral).

Rubéola Togavírus 15 dias- Exantema centrífugo;- Adenomegalia cervical e geral;- Mancha de Forchheimer (palato mole).

Exantema súbito Herpes-vírus 6 5 a 15 dias

- Febre alta e efêmera;- Podem ocorrer coriza, tosse, cefaleias, oro-

faringe hiperemiada sem exsudato, vômitos, diarreia e adenomegalias cervicais;

- Manchas de Nagayama.

Eritema infeccioso Parvovírus B19 4 a 21 dias

- Artralgia marcante;- “Cara esbofeteada”;- Eritema rendilhado nas extremidades.

Mão–pé–boca Coxsackie A e enterovírus 71 5 a 7 dias Lesões na cavidade oral e extremidades

A dengue pode apresentar-se como uma doença exantemática. O exantema é mais comum nas extremidades, e o prurido maior se dá na fase de remissão.

Zika e chikungunya cursam com exantema maculopapular disseminado, sendo que ele tende a ser mais precoce no caso da zika. Já o prurido é mais frequente na chikungunya.

192 Doenças infectocontagiosas bacterianas agudas

1. ImpetigoOs impetigos são causados por cepas de estafilococos e estreptococos, podendo ser bolhosos ou crostosos;

quando há bolhas associadas, a probabilidade de ser S. aureus é maior, pois este produz toxinas tipo A e B que levam à clivagem da pele. Uma complicação frequente dos impetigos por estreptococos do grupo A é a glomerulo-nefrite difusa aguda (GNDA).

721SIC RESUMÃO DERMATOLOGIA

Muitos pacientes com infecções recorrentes são portadores sãos e devem ser tratados profilaticamente com antibióticos tópicos nasais e sabonetes antissépticos. Os casos bolhosos requerem cobertura para estafilococos penicilinorresistentes como as cefalosporinas de 1ª geração.

Impetigos e relação agente x terapiaImpetigos Impetigo crostoso Impetigo bolhosoAgente Mais Streptococcus do que Staphylococcus Sempre StaphylococcusAntibiótico Penicilina ou derivados orais Cefalosporinas

2. Abscessos cutâneosFurúnculos, carbúnculos e abscessos fazem parte de um mesmo espectro patológico e evoluem da seguinte maneira:

Figura 1 - Evolução da infecção por cocos Gram positivos: no tratamento, é primordial a drenagem simples da lesão

Em caso de furúnculos perineais, predominam Gram negativos em vez de Staphylococcus e Streptococcus.

No tratamento, tais lesões demandam drenagem por punção simples ou cirúrgica.

3. Infecções profundasA Tabela a seguir descreve as diferenças:

Erisipela CeluliteNível: epiderme/derme Nível: até o subcutâneoBordas bem delimitadas Bordas mal definidasNormalmente com porta de entrada Frequentemente associada a traumaEm geral com lesões bolhosas Bolhas raras

O agente mais frequente nas erisipelas e na celulite é o Streptococcus beta-hemolítico grupo A (Streptococcus pyogenes). S. aureus seria o segundo.

A angina de Ludwig é um quadro de celulite cervical/submandibular que pode cursar com obstrução de vias aéreas. A síndrome da pele escaldada estafilocócica (SSSS) é provocada pela ação de exotoxinas produzidas por

193 Doenças infectocontagiosas bacterianas crônicas

1. HanseníaseO agente causador da hanseníase é o Mycobacterium leprae, sendo BAAR (Bacilos Álcool-Ácido-Resistentes)

positivo quando corado pelo Ziehl-Neelsen (variante de Fite-Faraco). É uma doença de alta contagiosidade e baixa patogenicidade, tendo longo período de incubação – 5 a 20 anos. Só é contraída com contato íntimo prolongado e é doença de notificação compulsória.