Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 97-98

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Transcript of Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 97-98

Subordinante | Subordinada substantiva completiva

A porteira disse-me | que o vizinho do sétimo andar tem um gato.

| complemento direto

[nota que a oração é substituível pelo pronome «o»: ‘A porteira disse-mo’.]

 

Todos sabemos que os animais não são permitidos neste prédio.

complemento direto 

Não quer que eu ponha o gatinho na rua...

complemento direto

Acho que é em Ermesinde.

complemento direto

Perguntou-lhe se vira uma gaja ou um homem em Ermesinde.

complemento direto

É um escândalo que me falem em gritos.

[ = Isso é um escândalo. ] sujeito predicativo do sujeito

sujeito

Conjunções subordinativas completivas

Todos sabemos que os animais não são permitidos neste prédio.

Não quer que eu ponha o gatinho na rua...

Acho que é em Ermesinde.

Perguntou-lhe se vira uma gaja ou um homem em Ermesinde.

As subordinadas substantivas completivas FINITAS são introduzidas pelas conjunções completivas que ou se.

Mas também há subordinadas substantivas completivas NÃO FINITAS, com o verbo no infinitivo, e essas não precisam de conjunção.

Formas não finitas do verbo

•Gerúndio

•Particípio Passado

•Infinitivo

Subordinante | Subordinada substantiva completiva não finita

[Infinitivo pessoal]

Todos sabemos não serem os animais permitidos neste prédio.

É um escândalo que me falem em gritos.

falarem-me em gritos.

Subordinante | Subordinada substantiva relativa sem antecedente

Sabes onde há gajas boas?

complemento direto

Fugiam-lhe quantas velhas ou crianças

acorrentasse à parede.

[ = Elas fugiam-lhe ] sujeito

sujeito

Quem sobe pela escada fica com as cabeças dos

cadáveres todas moídas.

Sujeito

Subordinante | Subordinada substantiva relativa sem antecedente não finita

Sabes onde encontrar gajas boas?

Sabes onde há gajas boas? advérbio relativo

quantificador relativo

Fugiam-lhe quantas velhas ou crianças

acorrentasse à parede.

pronome relativo

Quem sobe pela escada fica com as cabeças dos cadáveres todas moídas.

Só lhe digo isto: «animais dentro de casa é nojento»!

Só lhe digo que animais dentro de casa é nojento. Subordinante | Subordinada substantiva completiva finita

Só lhe digo ser um nojo os animais dentro de casa. Subordinante | Subordinada substantiva completiva não finita

 

Subordinante | Subordinada adjetiva relativa restritiva

É um cheiro que se entranha nas rendas.

modificador restritivo do nome

Subordinante | Subordinada substantiva completiva não finita

Eu preciso | de dormir.

complemento oblíquo

Põe na ordem correta os dezasseis versos do poema (em quatro estrofes: 4 + 4 + 4 + 4) de Cesário Verde dentro do sobrescrito.

Desenho dos fragmentos de papel não é indicativo (versos já estavam misturados quando os recortei).

Ao contrário, as rimas são úteis.

 

DE TARDE

 

Naquele pic-nic de burguesas,

Houve uma coisa simplesmente bela,

E que, sem ter história nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aguarela.

 

Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão-de-bico

Um ramalhete rubro de papoulas.

 

Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão-de-ló molhado em malvasia.

 

Mas, todo púrpuro a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas!

Logo o título, «De tarde», que é um modificador temporal, remete para um momento, uma coisa «simplesmente bela», que merecia ser registado numa «aguarela», apesar de aparentemente irrelevante.

Poderíamos dizer que o momento em causa era susceptível de ser fixado numa polaroid (se no século XX) ou numa imagem em instagram (atualmente), mas a pintura coaduna-se bem com as várias referências cromáticas: o «granzoal azul», o «ramalhete rubro» ou, quando sai da renda, «púrpuro».

Quanto ao sol a pôr-se («inda o sol se via»), é uma notação de ordem visual e mais um elemento que aproxima o poema das pinturas impressionistas (vem à lembrança, por exemplo, o quadro «Déjeuner sur l’herbe», de Edouard Manet).

Além das cores, há pormenores figurativos: o rendilhado do decote por onde saem «duas rolas» (com que se comparam os «teus dois seios»).

Nem só o sentido da visão é convocado, outros sentidos estão presentes: o olfato e o gosto, a propósito das «talhadas de melão», dos «damascos», do «pão-de-ló» embebido em vinho doce; e não será forçado vermos algo de táctil na alusão às «duas rolas» que saem do decote da rapariga.

Muito característica do poema (e de Cesário Verde) é a sua narratividade. O poeta parece ser um observador que faz parte do grupo (vejam-se os deíticos pessoais «tu», «nós», o demonstrativo «[n]aquele» e o possessivo «teus»).

Relata um episódio cuja protagonista é uma rapariga (uma burguesa?) capaz de colher ramalhetes de papoulas «sem imposturas tolas». As ações estão demarcadas em função dos espaços («a um granzoal», «em cima duns penhascos») e do tempo («foi quando tu», «pouco depois»).

A última quadra (não, não é um soneto: são quatro quartetos) apresenta-nos o sujeito poético (o «narrador») embevecido com o supremo encanto do «pic-nic» (e não é interessante o uso do estrangeirismo?).

Esse primeiro plano da câmara termina com o verso «O ramalhete rubro das papoulas!», que quase repete o v. 8 («Um ramalhete rubro de papoulas»).

Os artigos definidos no último verso do poema («O», em vez do indefinido «Um», que estava no v. 8; e «[d]as», em vez da preposição simples «de») mostram que a observação se foi aproximando e que o ramalhete de que se fala já é inconfundível. A outra diferença entre os versos é o v. 16 terminar com um ponto de exclamação.

E, se atentarmos no som, perceberemos que há nesse verso uma aliteração, conseguida pela repetição da consoante «r». (Já na segunda estrofe havia uma figura fónica idêntica, entre a assonância e a literação, no verso «A um granzoal azul de grão-de bico», em que predominam as nasais e a consoante z.)

Acerca da quadra final é ainda preciso referir que a alteração da ordem natural da frase, um hipérbato, faz que o último verso seja o sintagma nominal que se pretende destacar («o ramalhete rubro das papoulas»). Por outro lado, por marcar uma oposição, uma reorientação, a conjunção adversativa «mas» valoriza o que depois será o foco da quadra.

Também o tempo verbal usado nesta quarta estrofe, o imperfeito do indicativo («era»), marca a perenidade daquela visão singular, por contraste com o incidente, efémero, que era a merenda de burguesas (a que convinha o perfeito do indicativo: «houve», «foi», «foste», «acampámos», «houve»).

Escreve, em prosa, sobre um momento que devesse ficar fixado (realçado dentro de um incidente que tudo destinasse ao esquecimento). Só as partes que dou seguem o modelo de Cesário. No resto, apenas aconselho que a descrição seja bastante sensorial.

___________________________________ {sintagma preposicional, como é De tarde}

Naquele/a __________________________________ ______, houve uma coisa simplesmente bela. Foi quando _________________________________________________

sensação principal (que torna o momento memorável) pode ser visual, de olfacto, de gosto, auditiva, táctil.

dar o enquadramento (os momentos que precedem) até ao exacto momento de êxtase

TPC — Conclui texto agora começado.