Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 78-79

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Baltasar e Blimunda constituem, ao longo do romance, o símbolo do amor verdadeiro, incondicional e eterno.

Amam-se mal se conhecem, unem-se por um ritual não canónico («cerimónia» da colher), não escondem nada um do outro (atitude de que o amarem-se nus é o símbolo), não necessitam de procriar para provar o seu amor, desejam-se mesmo quando os sinais do tempo (rugas e cabelos brancos) já os marcam, e vivem, em conjunto, o mesmo sonho: voar.

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Este amor, que se opõe à relação convencional do rei e da rainha, atinge o clímax na morte de Baltasar, na fogueira, num auto-de-fé. Aí, Blimunda aprisiona a «vontade» do seu homem, não a deixando subir ao céu e prendendo-o, para sempre, dentro de si.

(120 palavras)

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  Ao contrário do que aconteceu com os príncipes reais e com os seus progenitores, o relacionamento de Baltasar e de Blimunda surge repleto de autenticidade.

Com efeito, do encontro ocasional do par amoroso pertencente ao povo surge uma relação pura, autêntica e emotiva, que o fará viver um para o outro até ao dia em que o destino fatídico fez desaparecer Baltasar. Contudo, assiste-se, depois, à

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incessante procura por parte de Blimunda que, durante nove anos, calcorreou o país, procurando-o e reencontrando-o no auto de fé onde recolheu a sua vontade para que a sua união se eternizasse.

Por isso, o amor deste casal perdurou na vida e na morte, transformando-se num amor espiritual, numa união eterna, que se opõe à de D. João V e D. Maria Ana.

(129 palavras) 

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Comente a opinião, a seguir transcrita, sobre a teoria do fingimento poético em Pessoa ortónimo, referindo-se a poemas relevantes para o tema em análise. Escreva um texto de oitenta a cento e vinte palavras.

«É na poesia ortónima que o Pessoa ‘restante’, o que não cabe nos heterónimos laboriosamente inventados, se afirma e ‘normaliza’: é então que ele ‘faz’ de si e os seus poemas são ‘chaves’ para compreender o seu extraordinário universo literário.»

António Mega Ferreira, Visão do Século — As Grandes Figuras do Mundo nos Últimos Cem Anos, Linda-a-Velha, Visão, 1999

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A criação poética de Pessoa é, como aponta Mega Ferreira, um «extraordinário universo literário», composto por uma diversidade de eus que não passam de simulações na procura de uma verdadeira identidade.

«Fingir é conhecer-se» diz o poeta dos poetas. E, então, na base da criação de uma nova teoria artística, assume que «o poeta é um fingidor» («Autopsicogra-fia»), é aquele que racionaliza «a dor que deveras sente» para a dar aos outros.

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Assim, um poema é um produto intelectual, cujo processo implica uma distanciação do real, como o refere Pessoa em «Isto»: «Por isso escrevo em meio / Do que não está ao pé, / Livre do meu enleio, / Sério do que não é. / Sentir? Sinta quem lê!».

(120 palavras)

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Mensagem

Ortónimo

• eu fragmentado• fingimento poético

• dor de pensar

• nostalgia da infância

Heterónimos

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a.

O poeta observa-se atentamente / e reconhece a sua multiplicação em «pessoas diversas».

O poeta não só se observa atentamente / mas também reconhece a sua multiplicação em «pessoas diversas».

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b.

O sujeito poético recorre à repetição expressiva dos adjetivos «disperso / dispersas» e «diverso / diversas» / a fim de que [para que] reforce a ideia de fragmentação do «eu».

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c.

A personalidade do eu lírico divide-se em «pedaços», / que o transformam num ser «impreciso e diverso», / como o universo se dispersa por vários elementos.

Assim como o universo se dispersa por vários elementos, / também a personalidade do eu lírico se divide em «pedaços», / que o transformam num ser «impreciso e diverso».

 

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Como o universo se dispersa por vários elementos, / [assim] a personalidade do eu lírico se divide em «pedaços», / que o transformam num ser «impreciso e diverso».

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Cerca de metade deste poema é uma série de declarações da estranheza do poeta por si mesmo («Não sei quantas almas tenho»; «Continuamente me estranho»; «Nunca me vi nem achei»; «Diverso, móbil e só, não sei sentir-me onde estou»).

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Entretanto, os versos «Sou minha própria paisagem» e «vou lendo / como páginas meu ser» servem de metáfora da necessidade que o poeta tem de se auto-analisar. Também remetem para a fragmentação do eu, na medida em que parecem supor uma consciência exterior ao próprio poeta (que o pudesse observar de fora).

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Podemos encontrar no poema dois momentos significativos.

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No primeiro momento (as duas primeiras estrofes), o sujeito poético reconhece-se como um ser multifacetado, que continuamente se vai revelando, resultando daí uma espécie de desencanto consigo mesmo («Nunca me vi nem achei»). Este ser excessivo vai criar uma grande inquietação no sujeito poético («Quem tem alma não tem calma», «Não sei sentir-me onde estou») e, ao mesmo tempo, uma distanciação, responsável por uma postura passiva em relação ao desfile dos outros eus.

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O segundo momento (última estrofe), introduzido pelo conector «por isso», constitui uma sequência relativamente ao primeiro, tentativa de conhecimento de si próprio como se de um livro se tratasse: «vou lendo / Como páginas, meu ser». O resultado é, porém, um estranhamento, acabando por responsabilizar Deus pelo acto de escrita, que lhe pertence. Numa atitude de humildade, o sujeito poético não atribui a si próprio o mérito do ato de criação. Saliente-se ainda a atitude de alheamento do poeta, responsável pelo sentimento de solidão.

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Os sentimentos que dominam o sujeito poético são a angústia e a inquietação, provocados pela incapacidade de controlar as várias manifestações do seu eu. As expressões que melhor documentam este estado de espírito são «Quem tem alma não tem calma» e «Assisto à minha passagem / Diverso, móbil e só». O verso que melhor sintetiza o conteúdo do poema é «Continuamente me estranho».

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A nível formal verifica-se uma certa regularidade estrófica (três oitavas), métrica (redondilha maior) e rimática (rima cruzada e emparelhada), a qual nos pode remeter para a ideia de regulari-dade de fragmentação do eu poético. Esta regularidade a nível formal pode justificar-se ainda por uma necessidade de busca de unidade.

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a. Com a introdução do conector «por isso» (v. 17),

1. o enunciador estabelece um nexo de causalidade.

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b. Com a utilização do adjetivo «alheio» (v. 17),

7. o enunciador contribui com informação não essencial para a sua caracterização.

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c. Com o uso do complexo verbal «vou lendo» (v. 17),

2. o enunciador confere à ação uma ideia de continuidade.

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d. Com o recurso a «como» (v. 18),

4. o enunciador estabelece uma relação de comparação.

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e. Com o uso de aspas em «Fui eu?» (v. 23),

5. o enunciador isola uma passagem discursiva em discurso direto.

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a = 1; b = 7; c = 2; d = 4; e = 5.

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(Fernando Pessoa / Ana Lains, Paulo Loureiro)

Não sei quantas almas tenho.

Cada momento mudei.

Continuamente me estranho.

Nunca me vi nem achei.

De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.

Quem vê é só o que vê.

Quem sente não é quem é.

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Atento ao que sou e vejo,

Torno-me eles e não eu.

Cada meu sonho ou desejo

É do que nasce, e não meu.

Sou minha própria paisagem,

Assisto à minha passagem,

Diverso, móbil e só,

Não sei sentir-me onde estou.

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Por isso, alheio, vou lendo

Como páginas, meu ser.

O que segue não prevendo,

O que passou a esquecer.

Noto à margem do que li

O que julguei que senti.

Releio e digo, «Fui eu?»

Deus sabe, porque o escreveu.

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(Mário de Sá-Carneiro / Adriana Calcanhoto)

Eu não sou eu nem sou o outro,

Sou qualquer coisa de intermédio:

Pilar da ponte de tédio

Que vai de mim para o Outro.

Fevereiro de 1914

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Resolve o ponto 1.2.1 da p. 55 (nas linhas que sobram na folha).

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TPC — A ficha 1 (de modelos de grupo II de exame) nas pp. 25-26 do Caderno de atividades é a continuação da citação B, de Maria Luísa Couto Soares, na p. 65 do manual. Ensaia resolvê-la (tens as soluções no final do Caderno; porei reprodução desta ficha e das soluções em Gaveta de Nuvens, para aqueles que não têm o caderno de atividades). No manual, lê o texto expositivo «A poesia de Fernando Pessoa ortónimo» (p. 63).

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