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    Catecismo da Igreja Catlica

    PRIMEIRA PARTE SEGUNDA SEO: A PROFISSO DAF CRIST

    OS SMBOLOS DA F

    PARGRAFO 7 A QUEDA385 Deus infinitamente bom e todas as suas obras

    so boas. Todavia, ningum escapa experincia dosofrimento, dos males existentes na natureza queaparecem ligados s limitaes prprias das criaturase, sobretudo, questo do mal moral. De onde vem o

    mal? Eu perguntava de onde vem o mal e no en-contrava sada, diz Santo Agostinho[a], e sua prpria

    busca sofrida no encontrar sada, a no ser em suaconverso ao Deus vivo. Pois o mistrio dainiquidade (2Ts 2,7) s se explica luz do Mistrioda piedade[b]. A revelao do amor divino em Cristo

    manifestou ao mesmo tempo a extenso do mal e asuperabundncia da graa[c]. Precisamos, pois, abordara questo da origem do mal fixando o olhar de nossaf naquele que, e s Ele, o Vencedor do mal.[d] ||

    [a] Santo Agostinho Confissiones 7,7,11 CCL 27,99

    [b] 1Tm 3,

    16

    De fato, como grande o mistrio da piedade: ele se ma-nifestou na carne, foi justificado no esprito, apareceu aos anjos,foi anunciado aos pagos, foi acreditado no mundo e exaltado naglria.

    [c] Rm 5, 20A Lei sobreveio para dar plena conscincia da falta; mas,onde foi grande o pecado, foi bem maior a graa,

    [d] Lc 11,21Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa,os bens dele esto em segurana. 22Mas, quando chega um homem

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    309, 457, 1848, 539

    I. Onde o pecado abundou, a graa superabundou

    A REALIDADE DO PECADO386 O pecado est presente na histria do homem:

    seria intil tentar ignor-lo ou dar a esta realidadeobscura outros nomes. Para tentarmos compreender oque o pecado, preciso antes de tudo reconhecer a

    ligao profunda do homem com Deus, pois fora destarelao o mal do pecado no desmascarado em suaverdadeira identidade de recusa e de oposio a Deus,embora continue a pesar sobre a vida do homem esobre a histria. || 1847

    387 A realidade do pecado, e mais particularmente

    a do pecado das origens, s se entende luz daRevelao divina. Sem o conhecimento de Deus queela nos d no se pode reconhecer com clareza o

    pecado, e somos tentados a explic-lo unicamentecomo uma falta de crescimento, como uma fraqueza

    psicolgica, um erro a consequncia necessria de

    uma estrutura social inadequada etc. Somente luz do

    mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual eleconfiava, e reparte o que roubou.1Jo3,8Aquele que pratica o pecado do diabo, porque o diabo

    pecador desde o princpio. Para isto que o Filho de Deus se ma-nifestou: para destruir as obras do diabo.

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    desgnio de Deus sobre o homem compreende-se queo pecado um abuso da liberdade que Deus d s

    pessoas criadas para que possam am-lo e amar-se

    mutuamente. || 1848, 1739

    O PECADO ORIGINAL UMA VERDADE ESSENCIAL DA F388 Com o progresso da Revelao, esclarecida

    tambm a realidade do pecado. Embora o Povo deDeus do Antigo Testamento tenha conhecido a dor da

    condio humana luz da histria da queda narradano Gnesis, no era capaz de entender o significa doltimo desta histria, que s se manifesta plenamente luz da Morte e Ressurreio de Jesus Cristo [e].

    preciso conhecer a Cristo como fonte da graa paraconhecer Ado como fonte do pecado. E Esprito-

    Parclito, enviado por Cristo ressuscitado que veioestabelecer a culpabilidade do mundo a respeito dopecado (Jo 16,8), ao revelar Aquele que o Redentordo mundo.|| 431, 208, 359, 729

    389 A doutrina do pecado original , por assimdizer, o reverso da Boa Notcia de que Jesus o

    Salvador de todos os homens, de que todos tmnecessidade da salvao e de que a salvao oferecida a todos graas a Cristo. A Igreja, que tem osenso de Cristo[f], sabe perfeitamente que no se pode

    [e] cf. Rm 5,12-21

    [f] cf. 1Cor 2,16

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    atentar contra a revelao do pecado original sematentar contra o mistrio de Cristo. || 22

    PARA LER O RELATO DA QUEDA390 O relato da queda (Gn 3) utiliza umalinguagem feita de imagens, mas afirma umacontecimento primordial, um fato que ocorreu noincio da histria do homem[g]. A Revelao d-nos acerteza de f de que toda a histria humana est

    marcada pelo pecado original cometido livremente pornossos primeiros pais[h]. || 289

    II. A queda dos anjos

    391 Por trs da opo de desobedincia de nossosprimeiros pais h uma voz sedutora que se ope a

    Deus[i]

    e que, por inveja, os faz cair na morte[j]

    . AEscritura e a Tradio da Igreja veem neste ser umanjo destronado, chamado Satans ou Diabo[k]. A

    [g] Conforme Constituio Pastoral do Conclio Vaticano II Gau-dium et spes 13, 1

    [h] Conforme Conclio de Trento: DS 1513; Pio XII, Humani Gene-ris: DS 3897; Paulo VI, discurso de 11 de julho de 1966.[i] Gn 3,1-5

    [j] Sb 2, 24foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo, e ex-perimentam-na os que so do seu partido.

    [k] cf. Jo 8, 44O vosso pai o diabo, e quereis cumprir o desejo dovosso pai. Ele era assassino desde o comeo e no se manteve naverdade, porque nele no h verdade. Quando ele fala mentira,

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    Igreja ensina que ele tinha sido anteriormente um anjo bom, criado por Deus. Diabolus enim et aliidaemones a Deo quidem natura creati sunt boni, sed

    ipsi per se facti sunt mali Com efeito, o Diabo eoutros demnios foram por Deus criados bons em(sua) natureza, mas se tornaram maus por sua prpriainiciativa[l]. || 2538

    392 A Escritura fala de um pecado desses anjos [m].Esta queda consiste na opo livre desses espritos

    criados, que rejeitaram radical e irrevogavelmente aDeus e seu Reino. Temos um reflexo desta rebelionas palavras do Tentador ditas a nossos primeiros

    pais: E vs sereis como deuses (Gn 3,5). O Diabo pecador desde o princpio (1Jo 3,8), pai da mentira(Jo 8,44). || 1850, 2482

    393 o carter irrevogvel de sua opo, e nouma deficincia da infinita misericrdia divina, quefaz com que o pecado dos anjos no possa ser

    perdoado. No existe arrependimento para eles

    fala o que prprio dele, pois ele mentiroso e pai da mentira.Ap 12, 9Por isso, alegra-te, cu, e todos os que nele habitais. Masai da terra e do mar, porque o Diabo desceu para o meio de vs eest cheio de grande furor; pois sabe que lhe resta pouco tempo.

    [l] IV Conclio de Latro em 1215: DS 800[m] cf. 2Pd 2,4Pois Deus no poupou os anjos pecadores, mas os pre-

    cipitou no lugar do castigo e os entregou aos abismos das trevas,onde esto guardados at o juzo.

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    depois da queda, como no existe para os homensaps a morte[n].|| 1033,1037,1022

    394 A Escritura atesta a influncia nefasta daquele

    que Jesus chama de o homicida desde o princpio(Jo 8,44) e que at chegou a tentar desviar Jesus damisso recebida do Pai[o]. Para isto que o Filho deDeus se manifestou: para destruir as obras do Diabo(1Jo 3,9). A mais grave dessas obras, devido s suasconsequncias, foi a seduo mentirosa que induziu o

    homem a desobedecer a Deus. || 538, 540, 550,2846, 2849

    395 Contudo, o poder de Satans no infinito. Eleno passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser

    puro esprito, mas sempre criatura: no capaz deimpedir a edificao do Reino de Deus. Embora

    Satans atue no mundo por dio contra Deus e seuReino em Jesus Cristo, e embora a sua ao causegraves danos de natureza espiritual e, indiretamente,at de natureza fsica para cada homem e para asociedade, esta ao permitida pela DivinaProvidncia, que com vigor e doura dirige a histria

    do homem e do mundo. A permisso divina daatividade diablica um grande mistrio, mas nssabemos que Deus coopera em tudo para o bem

    [n] S. Joo Damasceno, fide ortodoxa. 2, 4 : PG 94, 877C.[o] cf. Mt 4, 1-11

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    daqueles que o amam (Rm 8,28). || 309, 1673, 412,2850-2854

    III. O pecado originalA LIBERDADE POSTA PROVA

    396 Deus criou o homem sua imagem e oconstituiu em sua amizade. Criatura espiritual, ohomem s pode viver esta amizade como livresubmisso a Deus. E o que exprime a proibio, feita

    ao homem, de comer da rvore do conhecimento dobem e do mal, pois, no dia em que dela comeres,ters de morrer (Gn 2,17). A rvore do conhecimentodo bem e do mal (Gn 2,l7) evoca simbolicamente olimite intransponvel que o homem, como criatura,deve livremente reconhecer e respeitar com confiana.

    O homem depende do Criador, est submetido s leisda criao e s normas morais que regem o uso daliberdade. || 1730, 311, 301

    O PRIMEIRO PECADO DO HOMEM397 O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer

    em seu corao a confiana em seu Criador[p]

    e,abusando de sua liberdade, desobedeceu aomandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o

    primeiro pecado do homem[q]. Todo pecado, da em

    [p] cf. Gn 3, 1-11

    [q] cf. Rm 5, 19

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    diante, ser uma desobedincia a Deus e uma falta deconfiana em sua bondade. || 1707, 2541, 1850,215

    398 Neste pecado, o homem preferiu a si mesmo aDeus, e com isso menosprezou a Deus: optou por simesmo contra Deus, contrariando as exigncias de seuestado de criatura e consequentemente de seu prprio

    bem. Constitudo em um estado de santidade, ohomem estava destinado a ser plenamente divini-

    zado por Deus na glria. Pela seduo do Diabo, quisser como Deus[r], mas sem Deus, e antepondo-se aDeus, e no segundo Deus[s]. || 2084, 2113

    399 A Escritura mostra as consequnciasdramticas desta primeira desobedincia. Ado e Eva

    perdem de imediato a graa da santidade original[t].

    Tm medo deste Deus[u], do qual fizeram uma falsaimagem, a de um Deus enciumado de suas prer-rogativas[v].

    400 A harmonia na qual estavam, estabelecidagraas justia original, est destruda; o domnio dasfaculdades espirituais da alma sobre o corpo

    [r] cf. Gn 3, 5

    [s] S. Mximo o Confessor, ambiguorum liber : PG 91, 1156C[t] cf. Rm 3, 23

    [u] cf. Gn 3, 9-10

    [v] cf. Gn 3, 5

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    rompido[w]; a unio entre o homem e a mulher submetida a tenses[x]; suas relaes sero marcadas

    pela cupidez e pela dominao (cf. Gn 3, 16). A

    harmonia com a criao est rompida: a criaovisvel tornou-se para o homem estranha e hostil [y].Por causa do homem, a criao est submetida servido da corrupo[z]. Finalmente, vai realizar-se aconsequncia explicitamente anunciada para o caso dedesobedincia[aa]: o homem voltar ao p do qual

    formado[ab] A morte entra na histria dahumanidade[ac]. || 1607, 2514, 602, 1008

    401 A partir do primeiro pecado, uma verdadeirainvaso do pecado inunda o mundo: o fratricdiocometido por Caim contra Abel[ad]; a corrupouniversal em decorrncia do pecado[ae]; na histria de

    Israel, o pecado se manifesta frequentemente esobretudo como uma infidelidade ao Deus da Alianae como transgresso da Lei de Moiss; e mesmo apsa Redeno de Cristo, entre os cristos, o pecado se

    [w] cf. Gn 3, 7

    [x] cf. Gn 3,

    11-13

    [y] cf. Gn 3, 17. 19

    [z] Rm 8, 20

    [aa] cf. Gn 2, 17

    [ab] Gn 3, 19

    [ac] cf. Rm 5, 12

    [ad] cf. Gn 4, 3-15

    [ae] cf. Gn 6, 5.12; Rm 1, 18-32

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    manifesta de muitas maneiras[af]. A Escritura e aTradio da Igreja no cessam de recordar a presenae a universalidade do pecado na histria do homem: ||

    1865, 2259, 1739O que nos manifestado pela Revelao divinaconcorda com a prpria experincia. Pois ohomem, olhando para seu corao, descobre-setambm inclinado ao mal e mergulhado emmltiplos males que no podem provir de seu

    Criador, que bom. Recusando-se muitas vezes areconhecer Deus como seu princpio, o homemdestruiu a devida ordem em relao ao fim ltimoe, ao mesmo tempo, toda a sua harmonia consigomesmo, com os outros homens e com as coisascriadas[ag].

    CONSEQUNCIAS DO PECADO DE ADO PARA AHUMANIDADE

    402 Todos os homens esto implicados no pecadode Ado. So Paulo o afirma: Pela desobedincia deum s homem, todos se tornaram pecadores (Rm

    5,19

    ). Como por meio de um s homem o pecadoentrou no mundo e, pelo pecado, a morte, assim amorte passou para todos os homens, porque todos

    [af] cf. 1Cor 1-6 ; Ap 2-3[ag] Conforme Constituio Pastoral do Conclio Vaticano II Gau-

    dium et spes 13, 1

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    pecaram... (Rm 5,12). A universalidade do pecado eda morte o Apstolo ope a universalidade dasalvao em Cristo: Assim como da falta de um s

    resultou a condenao de todos os homens, do mesmomodo, da obra de justia de um s (a de Cristo), resul-tou para todos os homens justificao que traz a vida(Rm 5,18). || 430, 605

    403 Na linha de So Paulo, a Igreja sempreensinou que a imensa misria que oprime os homens e

    sua inclinao para o mal e para a morte soincompreensveis, a no ser referindo-se ao pecado deAdo e sem o fato de que este nos transmitiu um

    pecado que por nascena nos afeta a todos e morteda alma[ah]. Em razo desta certeza de f, a Igrejaministra o batismo para a remisso dos pecados

    mesmo s crianas que no cometeram pecadopessoal[ai]. || 2606, 1250

    404 De que maneira o pecado de Ado se tornou o pecado de todos os seus descendentes? O gnerohumano inteiro em Ado sicut unum corpus uniushominis como um s corpo de um s homem[aj] Em

    virtude desta unidade do gnero humano, todos oshomens esto implicados no pecado de Ado, comotodos esto implicados na justia de Cristo. Contudo,

    [ah] Conforme Conclio de Trento : DS 1512[ai] Conforme Conclio de Trento : DS 1514[aj] So Toms de Aquino, Quaestiones disputate de malo. 4, 1

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    a transmisso do pecado original um mistrio queno somos capazes de compreender plenamente.Sabemos, porm, pela Revelao, que Ado havia

    recebido a santidade e a justia originais noexclusivamente para si, mas para toda a natureza hu-mana: ao ceder ao Tentador, Ado e Eva cometem um

    pecado pessoal, mas este pecado afeta a Naturezahumana, que vo transmitir em um estado decado [ak]. um pecado que ser transmitido por propagao

    humanidade inteira, isto , pela transmisso de umanatureza humana privada da santidade e da justiaoriginais. E por isso que o pecado original denomi-nado pecado de maneira analgica: um pecadocontrado e no cometido, um estado e no umato. || 360, 50

    405 Embora prprio a cada um[al], o pecadooriginal no tem, em nenhum descendente de Ado,um carter de falta pessoal. a privao da santidadee da justia originais, mas a natureza humana no totalmente corrompida: ela lesada em suas prpriasforas naturais, submetida ignorncia, ao sofrimento

    e ao imprio da morte, e inclinada ao pecado (estapropenso ao mal chamada concupiscncia). OBatismo, ao conferir a vida da graa de Cristo, apaga

    [ak] Conforme Conclio de Trento: DS 1511-1512[al] Conforme Conclio de Trento: DS 1513

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    o pecado original e faz o homem voltar para Deus.Porm, as consequncias de tal pecado sobre anatureza, enfraquecida e inclinada ao mal,

    permanecem no homem e o incitam ao combateespiritual. || 2515, 1264406 A doutrina da Igreja sobre a transmisso do

    pecado original adquiriu preciso sobretudo no sculoV, em especial sob o impulso da reflexo de SantoAgostinho contra o pelagianismo, e no sculo XVI,

    em oposio Reforma protestante. Pelgiosustentava que o homem podia, pela fora natural desua vontade livre, sem a ajuda necessria da graa deDeus, levar uma vida moralmente boa; limitava assima influncia da falta de Ado de um mau exemplo.Os primeiros Reformadores protestantes, ao contrrio,

    ensinavam que o homem estava radicalmente pervertido e sua liberdade anulada pelo pecadooriginal: identificavam o pecado herdado por cada ho-mem com a tendncia ao mal (concupiscentia), queseria insupervel. A Igreja pronunciou-seespecialmente sobre o sentido do dado revelado no to-

    cante ao pecado original no segundo Conclio deOranges, em 529[am], e no Conclio de Trento em1546[an].

    [am] cf. DS 371-372[an] cf. DS 1510-1516

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    UM DURO COMBATE...407 A doutrina sobre o pecado original ligada

    doutrina da Redeno por meio de Cristo propicia umolhar de discernimento lcido sobre a situao dohomem e de sua ao no mundo. Pelo pecado dos

    primeiros pais, o Diabo adquiriu certa dominaosobre o homem, embora este ltimo permanea livre.O pecado original acarreta a 'servido debaixo do

    poder daquele que tinha o imprio da morte, isto , doDiabo[ao]. Ignorar que o homem tem uma naturezalesada, inclinada ao mal, d lugar a graves erros nocampo da educao, da poltica, da ao social e [ap],dos costumes. || 2015, 2852, 1888

    408 As consequncias do pecado original e de

    todos os pecados pessoais dos homens conferem aomundo em seu conjunto uma condio pecadora, quepode ser designada com a expresso de So Joo: Opecado do mundo (Jo 1,29). Com esta expresso quer-se exprimir tambm a influncia negativa queexercem sobre as pessoas as situaes comunitrias e

    as estruturas sociais, que so o fruto dos pecados doshomens[aq]. || 1865

    409 Esta situao dramtica do mundo, que

    [ao] Conforme Conclio de Trento: DS 1511. cf. Hb 2, 14.[ap] Conforme Centesimus annus 25[aq] Conforme Reconciliatio et poenitentia 16

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    inteiro est sob o poder do Maligno (1Jo 5,19)[ar], fazda vida do homem um combate: || 2516

    Uma luta rdua contra o poder das trevas perpassa

    a histria universal da humanidade. Iniciada desdea origem do mundo, vai durar at o ltimo dia,segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta

    batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; no consegue alcanar a unidade interiorseno com grandes labutas e o auxlio da graa de

    Deus[as].

    IV. No o abandonaste ao poder da morte

    410 Depois da queda, o homem no foiabandonado por Deus. Ao contrrio, Deus o chama [at]

    e lhe anuncia de modo misterioso a vitria sobre o mal

    e o soerguimento da queda[au]. Esta passagem doGnesis foi chamada de protoevangelho, por ser o

    primeiro anncio do Messias redentor, a do combateentre a serpente e a Mulher e a vitria final de umdescendente desta ltima. || 55, 705, 1609, 2568,675

    411 A tradio crist v nesta passagem um

    [ar] Conforme 1Pd 5,8

    [as] Conforme Constituio Pastoral do Conclio Vaticano II Gau-dium et spes 37,2

    [at] Conforme Gn 3,9

    [au] Gn 3,15

    15

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    anncio do novo Ado[av], que, por sua obedinciaat a morte de Cruz (Fl 2,8), repara comsuperabundncia a desobedincia de Ado[aw]. De

    resto, numerosos Padres e Doutores da Igreja veem namulher anunciada no protoevangelho a me deCristo, Maria, como nova Eva. Foi ela que, primeiroe de uma forma nica, se beneficiou da vitria sobre o

    pecado conquistada por Cristo: ela foi preservada detoda mancha do pecado original[ax] e durante toda a

    vida terrestre, por uma graa especial de Deus, nocometeu nenhuma espcie de pecado[ay]. || 359, 615,491

    412 Mas por que Deus no impediu o primeirohomem de pecar? So Leo Magno responde:A graainefvel de Cristo deu-nos bens melhores do que

    aqueles que a inveja do Demnio nos haviasubtrado[az]. E Santo Toms de Aquino: "Nada obsta'a que a natureza humana tenha sido destinada a umfim mais elevado aps o pecado. Com efeito, Deus

    permite que os males aconteam para tirar deles umbem maior. Donde a palavra de So Paulo: 'Onde

    abundou o pecado superabundou a graa (Rm 5,20). E

    [av] cf. 1Cor 15, 21-22. 45

    [aw] Rm 5,19-20

    [ax] Conforme Pio IX Inffabilis Deus: DS 2803[ay] Conforme Conclio de Trento: DS 1573[az] So Leo Magno serm. 73, 4 : PL 54, 396

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    o canto do Exultet: feliz culpa, que mereceu tal eto grande Redentor[ba]. || 310, 395, 272, 1994

    RESUMINDO413 Deus no fez a morte, nem tem prazer emdestruir os viventes... Foi pela inveja do Diabo que amorte entrou no mundo (Sb 1,13; 2,24).

    414 Satans ou o Diabo, bem como os demaisdemnios, so anjos decados por terem se recusado

    livremente a servir a Deus a seu desgnio. Sua opocontra Deus definitiva. Eles tentam associar ohomem sua revolta contra Deus.

    415 Constitudo por Deus em estado de justia, ohomem, instigado pelo Maligno, desde o incio dahistria, abusou da prpria liberdade. Levantou-se

    contra Deus, desejando atingir seu objetivo foradele[bb].416 Por seu pecado, Ado, na qualidade de

    primeiro homem, perdeu a santidade e a justiaoriginais que havia recebido de Deus no somente

    para si, mas para todos os seres humanos.

    417 sua descendncia, Ado e Eva transmitirama natureza humana ferida por seu primeiro pecado,

    [ba] So Toms de Aquino, s. th. 3, 1, 3, ad 3 ; lExsultet canta estaspalavras de So Toms.

    [bb] Conforme Constituio Pastoral do Conclio Vaticano II Gau-dium et spes 13,1

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    portanto privada da santidade e da justia originais.Esta privao denominada pecado original.

    418 Em consequncia do pecado original, a

    natureza humana est enfraquecida em suas foras,submetida ignorncia, sofrimento e dominao damorte, e inclinada ao pecado (inclinao chamada deconcupiscncia).

    419 Afirmamos, portanto, com o Conclio deTrento, que o pecado original transmitido com a

    natureza humana, 'no por imitao, mas por propagao', e que ele , portanto, prprio de cadaum[bc].

    420 A vitria sobre o pecado, conseguida porCristo, deu-nos bens melhores do que aqueles que o

    pecado nos havia tirado: Onde avultou o pecado, a

    graa superabundou (Rm 5,20).421 Segundo a f dos cristos, este mundo foi

    criado e conservado pelo amor do Criador; naverdade, este mundo foi reduzido servido do

    pecado, mas Cristo crucificado e ressuscitado quebrouo poder do Maligno e libertou o mundo.[bd]

    TERCEIRA PARTEA VIDA EM CRISTO

    Captulo I ARTIGO 8

    [bc] Credo do Povo de Deus: profisso de f solene 16.[bd] Conforme Constituio Pastoral do Conclio Vaticano II Gau-

    dium et spes 2,2.

    18

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    O PECADO

    II. A definio do pecado

    1849 O pecado uma falta contra a razo, averdade, a conscincia reta; uma falta ao amorverdadeiro para com Deus e para com o prximo, porcausa de um apego perverso a certos bens. Fere anatureza do homem e ofende a solidariedade humana.Foi definido como uma palavra, um ato ou um desejo

    contrrios lei eterna.[be]

    1850 O pecado ofensa a Deus: Pequei contra ti,contra ti somente; pratiquei o que mau aos teusolhos (Sl 51,6). O pecado ergue-se contra o amor deDeus por ns e desvia dele os nossos coraes. Comoo primeiro pecado, uma desobedincia, uma revolta

    contra Deus, por vontade de tornar-se como deuses,conhecendo e determinando o bem e o mal (Gn 3,5). Opecado , portanto, amor de si mesmo at o desprezode Deus.[bf] Por essa exaltao orgulhosa de si, o

    pecado diametralmente contrrio obedincia de

    [be] Santo Agostinho, Contra Faustum manichaeum, 22, 27: CSEL 25,621 (PL 42, 418); cf. So Toms de Aquino, Summa theologiae, I-II, q. 71, a. 6: Ed. Leon. 7, 8-9

    [bf] Santo Agostinho, Contra Faustum manichaeum, 22, 27: CSEL 25,621 (PL 42, 418); cf. So Toms de Aquino, Summa theologiae, I-II, q. 71, a. 6: Ed. Leon. 7, 8-9

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    Jesus, que realiza a salvao.[bg]1851 justamente na paixo, em que a

    misericrdia de Cristo vai venc-lo, que o pecado

    manifesta o grau mais alto de sua violncia e de suamultiplicidade: incredulidade, dio assassino, rejeioe zombarias da parte dos chefes e do povo, covardiade Pilatos e crueldade dos soldados, traio de Judas,to dura para Jesus, negao de Pedro e abandono da

    parte dos discpulos. Mas, na prpria hora das trevas e

    do prncipe deste mundo,[bh] o sacrifcio de Cristo setoma secretamente a fonte de onde brotarinesgotavelmente o perdo de nossos pecados.

    III. A diversidade dos pecados

    1852 A variedade dos pecados grande. As

    Escrituras nos fornecem vrias listas. A Carta aosglatas ope as obras da carne ao fruto do Esprito:As obras da carne so manifestas: fornicao,impureza, libertinagem, idolatria, feitiaria, dio,

    [bg] Cf Fl 2,6Sendo ele de condio divina, no se prevaleceu de sua

    igualdade com Deus,

    7

    mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo acondio de escravo e assemelhando-se aos homens. 8E, sendo ex-teriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais,tornando-se obediente at a morte, e morte de cruz. 9Por isso Deuso exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que est acima detodos os nomes, 10para que ao nome de Jesus se dobre todo joelhono cu, na terra e nos infernos.

    [bh] Cf Jo 14,30

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    rixas, cimes, ira, discusses, discrdia, divises,invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes aestas, a respeito das quais eu vos previno, como j vos

    preveni: os que tais coisas praticam no herdaro oReino de Deus. (Gl 5,19-21)1853 Pode-se distinguir os pecados segundo seu

    objeto, como em todo ato humano, ou segundo asvirtudes a que se opem, por excesso ou por defeito,ou segundo os mandamentos que eles contrariam.

    Pode-se tambm classific-los conforme dizemrespeito a Deus, ao prximo ou a si mesmo; pode-sedividi-los em pecados espirituais e carnais, ou aindaem pecados por pensamento, palavra, ao ouomisso. A raiz do pecado est no corao do homem,em sua livre vontade, segundo o ensinamento do

    Senhor: Com efeito, do corao que procedem msinclinaes, assassnios, adultrios, prostituies,roubos, falsos testemunhos e difamaes. So estas ascoisas que tomam o homem impuro (Mt 15,19-20). Nocorao reside tambm a caridade, princpio das obras

    boas e puras, que o pecado fere.

    IV. A gravidade do pecado: pecado mortal e venial

    1854 Convm avaliar os pecados segundo suagravidade. Perceptvel j na Escritura[a98] , adistino entre pecado mortal e pecado venial seimps na tradio da Igreja. A experincia humana a

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    corrobora.1855 O pecado mortal destri a caridade no

    corao do homem por uma infrao grave da lei de

    Deus; desvia o homem de Deus, que seu fim ltimoe sua bem-aventurana, preferindo um bem inferior.O pecado venial deixa subsistir a caridade, embora

    a ofenda e fira.1856 O pecado mortal, atacando em ns o

    princpio vital, que a caridade, exige uma nova

    iniciativa da misericrdia de Deus e uma converso docorao, que se realiza normalmente no sacramento daReconciliao:

    Quando a vontade se volta para uma coisacontrria caridade pela qual estamos ordenados aofim ltimo, h no pecado, por seu prprio objeto,

    matria para ser mortal... quer seja contra o amor aDeus, como a blasfmia, o perjrio etc., quer sejacontra o amor ao prximo, como o homicdio, oadultrio etc. Por outro lado, quando a vontade do

    pecador se dirige s vezes a um objeto que contm emsi uma desordem, mas no contrrio ao amor a Deus

    e ao prximo, como por exemplo palavra ociosa, risosuprfluo etc., tais pecados so veniais'. [bi]

    1857 Para que um pecado, seja mortal requerem-se

    [bi] So Toms de Aquino, Summa theologiae, I-II, q. 88, a. 2, c: Ed.Leon. 7, 135.

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    trs condies ao mesmo tempo: E pecado mortaltodo pecado que tem como objeto uma matria grave,e que cometido com plena conscincia e

    deliberadamente.[bj]

    1858 A matria grave precisada pelos Dezmandamentos, segundo a resposta de Jesus ao jovemrico: No mates, no cometas adultrio, no roubes,no levantes falso testemunho, no d fraudesningum, honra teu pai e tua me (Mc 10,19). A

    gravidade dos pecados maior ou menor: umassassinato mais grave que um roubo. A qualidadedas pessoas lesadas levada tambm emconsiderao. A Violncia exercida contra os pais em mais grave que contra um estranho.

    1859 O pecado mortal requer pleno conhecimento

    e pleno consentimento. Pressupe o conhecimento docarter pecaminoso do ato, de sua oposio lei deDeus. Envolve tambm um consentimentosuficientemente deliberado para ser uma escolha

    pessoal. A ignorncia afetada e o endurecimento docorao[bk] no diminuem, antes aumentam, o carter

    voluntrio do pecado.1860 A ignorncia involuntria pode diminuir ou

    at escusar a imputabilidade de uma falta grave, mas

    [bj] Joo Paulo II, Exortao apostlica Reconciliatio et paenitentia,17: AAS 77 (1985) 221

    [bk] Cf Mc 3,5-6; Lc 16,19-31

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    supe-se que ningum ignora os princpios da leimoral inscritos na conscincia de todo ser humano. Osimpulsos da sensibilidade, as paixes podem

    igualmente reduzir o carter voluntrio e livre da falta,como tambm presses exteriores e perturbaes patolgicas. O pecado por malcia, por opodeliberada do mal, o mais grave.

    1861 O pecado mortal uma possibilidade radicalda liberdade humana, como o prprio amor. Acarreta a

    perda da caridade e a privao da graa santificante,isto , do estado de graa. Se este estado no forrecuperado mediante o arrependimento e o perdo deDeus, causa a excluso do Reino de Cristo e a morteeterna no inferno, j que nossa liberdade tem o poderde fazer opes para sempre, sem regresso. No

    entanto, mesmo podendo julgar que um ato em sifalta grave, devemos confiar o julgamento sobre as

    pessoas justia e misericrdia de Deus.1862 Comete-se um pecado venial quando no se

    observa, em matria leve, a medida prescrita pela leimoral, ou ento quando se desobedece lei moral em

    matria grave, mas sem pleno conhecimento ou sempleno consentimento.

    1863 O pecado venial enfraquece a caridade;traduz uma afeio desordenada pelos bens criados;impede o progresso da alma no exerccio das virtudese a prtica do bem moral; merece penas temporais. O

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    pecado venial deliberado e que fica semarrependimento dispe-nos pouco a pouco a cometer o

    pecado mortal. Mas o pecado venial no quebra a

    aliana com Deus. humanamente reparvel com agraa de Deus. No priva da graa santificante, daamizade com Deus, da caridade nem, por conseguinte,da bem-aventurana eterna.[bl]

    O homem no pode, enquanto est na carne, evitartodos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas

    esses pecados que chamamos leves, no os considerasinsignificantes: se os consideras insignificantes ao

    pes-los, treme ao cont-los. Um grande nmero deobjetos leves faz uma grande massa; um grandenmero de gotas enche um rio; um grande nmero degros faz um monto. Qual ento nossa esperana?

    Antes de tudo, a confisso... [bm]1864 Todo pecado, toda blasfmia ser perdoada

    aos homens, mas a blasfmia contra o Esprito noser perdoada. (Mt 12,31)[bn] Pelo contrrio, quem a

    profere culpado de um pecado eterno. Amisericrdia de Deus no tem limites, mas quem se

    recusa deliberadamente a acolher a misericrdia de

    [bl] Joo Paulo II, Exortao apostlica Reconciliatio et paeni-tentia, 17: AAS 77 (1985) 221.

    [bm] Santo Agostinho, In epistulam Iohannis ad Parthos tractatus, 1,6: PL 35, 1982

    [bn] Cf Mc 3,29; Lc 12,10

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    Deus pelo arrependimento rejeita o perdo de seuspecados e a salvao oferecida pelo Esprito Santo.[bo]

    Semelhante endurecimento pode levar impenitncia

    final e perdio eterna.

    V. A proliferao do pecado

    1865 O pecado cria uma propenso ao pecado;gera o vcio pela repetio dos mesmos atos. Dissoresultam inclinaes perversas que obscurecem a

    conscincia e corrompem a avaliao concreta do beme do mal. Assim, o pecado tende a reproduzir-se e areforar-se, mas no consegue destruir o senso moralat a raiz.

    1866 Os vcios podem ser classificados segundo asvirtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados

    capitais que a experincia crist distinguiu seguindo S.Joo Cassiano [bp] e S. Gregrio Magno.[bq] Sochamados capitais porque geram outros pecados,outros vcios. So o orgulho, a avareza, inveja, a ira, aimpureza, a gula, a preguia ou acdia.

    1867 A tradio catequtica lembra tambm que

    existem pecados que bradam ao cu. Bradam ao cu

    [bo] Cf Joo Paulo II, Carta encclica Dominum et vivifican-tem, 46: AAS 78 (1986) 864-865

    [bp] Cf So Joo Cassiano, Conlatio, 5, 2: CSEL 13, 121 (PL 49, 611)[bq] Cf So Gregrio Magno, Moralia in Iob, 31, 45, 87: CCL 143B,

    1610 (PL 76, 621)

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    o sangue de Abel,[br] o pecado dos sodomitas;[bs] oclamor do povo oprimido no Egito;[bt] ; a queixa doestrangeiro, da viva e do rfo;[bu] ; a injustia contra

    o assalariado.[bv]

    .1868 O pecado um ato pessoal. Alm disso,temos responsabilidade nos pecados cometidos poroutros, quando neles cooperamos: participando neles direta e voluntariamente; mandando, aconselhando, louvando ou aprovando

    esses pecados; no os revelando ou no os impedindo, quando a

    somos obrigados; protegendo os que fazem o mal.

    1869 Assim, o pecado toma os homens cmplicesuns dos outros, faz reinar entre eles a concupiscncia,a violncia e a injustia. Os pecados provocamsituaes sociais e instituies contrrias bondadedivina. As "estruturas de pecado" so a expresso e oefeito dos pecados pessoais. Induzem suas vtimas acometer, por sua vez, o mal. Em sentido analgico,

    constituem um pecado social.

    [bw]

    ".

    [br] Cf Gn 4,10

    [bs] Cf Gn 18,20; 19,13

    [bt] Cf Ex 3,7-10

    [bu] Cf Ex 22,20-22

    [bv] Cf Dt 24,14-15; Tg 5,4

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    RESUMINDO1870 Deus encerrou todos na desobedincia, para

    a todos fazer misericrdia (Rm 11,32

    ).1871 O pecado uma palavra, um ato ou umdesejo contrrio lei eterna.[bx] uma ofensa a Deus.Insurge-se contra Deus numa desobedincia contrria obedincia de Cristo.

    1872 O pecado um ato contrrio razo. Fere a

    natureza do homem e ofende a solidariedade humana.1873 A raiz de todos os pecados est no corao do

    homem. As espcies e a gravidade dos mesmosmedem-se principalmente segundo seu objeto.

    1874 Escolher deliberadamente, isto , sabendo equerendo, uma coisa gravemente contrria lei divina

    e ao fim ltimo do homem cometer pecado mortal.Este destri em ns a caridade, sem a qual impossvel a bem-aventurana eterna. Caso no hajaarrependimento, o pecado mortal acarreta a morteeterna.

    1875 O pecado venial constitui uma desordem

    moral reparvel pela caridade, que ele deixa subsistirem ns.

    [bw] Cf Joo Paulo II, Exortao apostlica Reconciliatio et paeniten-tia, 16: AAS 77 (1985) 216.

    [bx] Santo Agostinho, Contra Faustum manichaeum, 22, 27: CSEL 25,621 (PL 42, 418).

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    1876 A repetio dos pecados, mesmo veniais,produz os vcios, entre os quais avultam os pecadoscapitais.

    SalvaoI. A misericrdia e o pecado

    1846 O Evangelho a revelao, em Jesus Cristo,da misericrdia de Deus para com os pecadores. [by] Oanjo anuncia a Jos: Tu chamars com o nome deJesus, pois ele salvar seu povo de seus pecados (Mt

    1,21). O mesmo se d com a Eucaristia, sacramento daredeno: Isto o meu sangue, o sangue da aliana,que derramado por muitos, para remisso dos

    pecados (Mt 26,28).1847 Deus nos criou sem ns, mas no quis

    salvar-nos sem ns.[bz] Acolher sua misericrdia exige

    de nossa parte a confisso de nossas faltas. Se

    [by] Cf Lc 15,1Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se deJesus para o escutar. 2Os fariseus e os escribas, porm, murmura-vam contra ele. Este homem acolhe os pecadores e come comeles. 3Ento ele contou-lhes esta parbola: 4Quem de vs que

    tem cem ovelhas e perde uma, no deixa as noventa e nove no de-serto e vai atrs daquela que se perdeu, at encontr-la? 5E quandoa encontra, alegre a pe nos ombros 6e, chegando em casa, re-ne os amigos e vizinhos, e diz: Alegrai-vos comigo! Encontrei aminha ovelha que estava perdida! 7Eu vos digo: assim haver nocu alegria por um s pecador que se converte, mais do que pornoventa e nove justos que no precisam de converso.

    [bz] Santo Agostinho, Sermo 169, 11, 13: PL 38, 923

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    dissermos: 'No temos pecado', enganamo-nos a nsmesmos, e a verdade no est em ns. Seconfessarmos nossos pecados, Ele, que fiel e justo,

    perdoar nossos pecados e nos purificar de todainjustia (1Jo 1,8-9).1848 Como afirma S. Paulo: Onde avultou o

    pecado, a graa superabundou (Rm 5,20). Mas, pararealizar seu trabalho, deve a graa descobrir o pecado,a fim de converter nosso corao e nos conferir a

    justia para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo,nosso Senhor (Rm 5,21). Como o mdico queexamina a ferida antes de cur-la, assim Deus, por sua

    palavra e por seu Esprito, projeta uma luz viva sobreo pecado.

    A converso requer que se lance luz sobre o

    pecado; ela contm em si mesma o julgamento interiorda conscincia. Pode-se ver nisso a prova da ao doEsprito de verdade no mais ntimo do homem, e issose torna ao mesmo tempo o incio de um novo dom dagraa e do amor: Recebei o Esprito Santo. Assim,nesta ao de lanar luz sobre o pecado

    descobrimos um duplo dom: o dom da verdade daconscincia e o dom da certeza da redeno. OEsprito de verdade o Consolador.[ca]

    [ca] Joo Paulo II, Carta encclica Dominum et vivificantem,31: AAS 78 (1986) 843

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    RESUMINDO619 Cristo morreu por nossos pecados, segundo

    as Escrituras (1Cor 15,3

    ).620 Nossa salvao deriva da iniciativa de amor deDeus para conosco, pois foi Ele quem nos amou eenviou seu Filho como vtima de expiao por nossos

    pecados(1Jo 4,10). Foi Deus que em Cristoreconciliou o mundo consigo. (2Cor 5,19)

    621 Jesus ofereceu-se livremente por nossasalvao. Este, dom, ele o significa e o realiza porantecipao durante a ltima Ceia: Isto meu corpo,que ser dado por vs. (Lc 22,19)

    622 Nisto consiste a redeno de Cristo: ele veiodar a sua vida em resgate por muitos, (Mt 20,28) isto

    , amar os seus at o fim (Jo 13,1), para que sejaislibertados da vida ftil que herdastes de vossos pais.[cb]

    623 Por sua obedincia de amor ao Pai, at amorte de cruz,(Fl 2,8) Jesus realizou sua misso

    [cb] 1Pd 1,18Porque vs sabeis que no por bens perecveis, como aprata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa v maneira deviver, recebida por tradio de vossos pais, mas pelo precioso san-gue de Cristo, 19o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aqueleque foi predestinado antes da criao do mundo 20e que nos lti-mos tempos foi manifestado por amor de vs.

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    expiadora[cc] do Servo Sofredor que justificar amuitos e levar sobre si as suas transgresses.[cd]

    Rm 13,11

    Isso tanto mais importante porquesabeis em que tempo vivemos. J hora dedespertardes do sono. A salvao est mais perto doque quando abraamos a f. 12A noite vai adiantada, eo dia vem chegando. Despojemo-nos das obras dastrevas e vistamo-nos das armas da luz. 13Comportemo-

    nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias,nada de bebedeira; nada de desonestidades nemdissolues; nada de contendas, nada de cimes. 14Aocontrrio, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nofaais caso da carne nem lhe satisfaais aos apetites.

    [cc] ]cf. Is 53,10Mas aprouve ao Senhor esmag-lo pelo sofrimento; seele oferecer sua vida em sacrifcio expiatrio, ter uma posterida-de duradoura, prolongar seus dias, e a vontade do Senhor ser porele realizada.

    [cd] Is 53,11Aps suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se- de

    conhec-lo at o enlevo. O Justo, meu Servo, justificar muitoshomens, e tomar sobre si suas iniquidades. cf. Rm 5, 19Assimcomo pela desobedincia de um s homem foram todos constitu-dos pecadores, assim pela obedincia de um s todos se tornaro

    justos. 20Sobreveio a lei para que abundasse o pecado. Mas ondeabundou o pecado, superabundou a graa. 21Assim como o pecadoreinou para a morte, assim tambm a graa reinaria pela justia

    para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.