Arcabouço faciológico de um ambiente lagunar costeiro A...
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
Trabalho de Graduação
Arcabouço faciológico de um ambiente lagunar costeiro – A Lagoa Brejo dos Espinhos e o
registro de colônias microbianas
Aluno
Jeferson de Andrade Santos 200604014 – 4
Orientador
M.sc. Marcelo Fagundes de Rezende (PETROBRAS/CENPES)
Co-Orientador
Prof. Dr. Rubem Porto Junior (DG/IA/UFRuralRJ)
Dezembro de 2010
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Resumo
O presente trabalho visa o entendimento do registro deposicional encontrado
na Lagoa Brejo dos Espinhos (22º56’ e 42º14’) que é um corpo aquático
costeiro, situado na Região dos Lagos, a 108 km da cidade do Rio de Janeiro
no Sistema Lagunar de Araruama. Foram retirados 6 testemunhos da lagoa,
onde foi possível identificar os ciclos de deposição de sedimentos e
estromatólitos e tapetes microbianos em formação, e a partir destes foram
feitas testes de raios gama. Com base nesses dados, foi possível caracterizar e
identificar o início e o fim dos ciclos, períodos de seca e de cheia na lagoa. O
Brejo dos espinhos tem como característica o desenvolvimento sazonal de
espessos tapetes microbianos de 2-4 cm de espessura.
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Agradecimentos Primeiramente a Deus por ter me dado a vida e por enchê-la de pessoas boas e especiais.
Agradeço muito aos meus pais, que nunca me deixaram faltar nada, apesar de
alguns momentos difíceis e sempre me apoiaram nas decisões a serem
tomadas.
Ao meu irmão, que indiretamente me fez querer ser um exemplo para ele.
Aos meus amigos ruralinos, pela convivência e amizade, tornando essa difícil
jornada, prazerosa e inesquecível.
Ao meu Orientador Marcelo, que sempre se mostrou disposto a ajudar e se fez
presente em todos os momentos difíceis.
Ao meu Co-orientador Rubem, pelas palavras sábias nos momentos corretos e
todo o suporte necessário para a elaboração deste trabalho.
A toda equipe do Cenpes que tornou esse trabalho possível pela atenção e
profissionalismo.
Aos meus amigos da República Rancabaço, Pedro Henrique (Bussa) e Daniel
(Shark), pelas festas, risadas, companheirismo, diversão, futebol (era difícil
ganhar de nós três juntos) e jogos do Fluzão no Maracanã ou em casa.
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ÍNDICE
Índice de Figuras Índice de Tabelas Capítulo I - Introdução
I.1 - Objetivos I.2 - Localização da Área de Estudo, Acessos e Aspectos
Climáticos e Ambientais Capítulo II – Materiais e Métodos
II.1 Metodologia
II.1.2 – Revisão Bibliográfica
II.1.3 – Testemunhagem
II.1.4 – Gamaespectrometria
II.1.5 - Sedimentologia
Capítulo III – Geologia regional III.1 Costa Brasileira
III.2 Costa Sudeste III.3 Costa de Cabo Frio
Capítulo IV – Geomicrobiologia
II.1 – Introdução II.2 - Tapetes Microbianos II.3 - Estromatólitos
Capítulo V – Resultados Capítulo VI - Conclusão Capítulo VII - Referências Bibliográficas
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ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 (Mapa de localização da área estudada) Figura 2 (Imagem de satélite indicando os pontos: P3, P4 e P5) Figura 3 (Imagem de satélite indicando os pontos: P0, P1, P2 e P3) Figura 4 (Vista panorâmica da Lagoa Brejo dos Espinhos) Figura 5 (Testemunho recém retirado da lagoa) Figura 6 (Estromatólito da Lagoa Salgada – Vista frontal) Figura 7 (Estromatólito da Lagoa Salgada – Vista em corte transversal) Figura 8 (Foto do caminho percorrido) Figura 9 (Imagem do testemunho T0 dividida em níveis deposicionais) Figura 10 (Imagem do testemunho T1 dividida em níveis deposicionais) Figura 11(Imagem do testemunho T2 dividida em níveis deposicionais) Figura 12 (Imagem do testemunho T3 dividida em níveis deposicionais) Figura 13 (Imagem do testemunho T4 dividida em níveis deposicionais) Figura 14 (Imagem do testemunho T5 dividida em níveis deposicionais) Figura 15 (Perfil faciológico e curvas de raios gama do testemunho T0) Figura 16 (Perfil faciológico e curvas de raios gama do testemunho T1) Figura 17 (Perfil faciológico e curvas de raios gama do testemunho T2) Figura 18 (Perfil faciológico e curvas de raios gama do testemunho T3) Figura 19 (Perfil faciológico e curvas de raios gama do testemunho T4)
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Figura 20 (Perfil faciológico e curvas de raios gama do testemunho T5)
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 (Tabela de latitude e longitude dos pontos de onde foram retirados os testemunhos)...................................................................................................
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
O Estado do Rio de Janeiro se destaca nacional e mundialmente como
uma das poucas localidades onde ainda são observadas estruturas
estromatolíticas em crescimento, sendo a Lagoa Salgada e a Lagoa Vermelha
áreas reconhecidas pelo desenvolvimento de estromatólitos modernos
(Srivastava, 2002; Silva e Silva, 2002; Silva e Silva & Carvalhal, 2005;
Vasconcelos et al., 2006). Essas estruturas são conhecidas desde o arqueano
até o recente e são resultantes de ação biológica (Srivastava, 2004). As
esteiras microbianas representam o primeiro estágio de desenvolvimento das
estruturas estromatolíticas (Silva &Silva, 2002)
Além destas áreas, o Estado do Rio de Janeiro conta ainda com
ecossistemas, na restinga de Massambaba, no sistema lagunar de Araruama,
que por suas peculiaridades ambientais (elevada salinidade, águas quentes e
abundância de carbonato de cálcio) propiciam o florescimento de esteiras
microbianas, estando o Brejo dos Espinhos inserido neste contexto (Delfino,
2009). No Brejo dos espinhos também são encontrados registros sedimentares
destas esteiras microbianas e estromatólitos, intercalados com outros
sedimentos da lagoa, os quais, em conjunto permitem tecer comentários sobre
variações ambientais ocorridas durante a deposição destes sedimentos.
A história evolutiva da restinga da Massambaba iniciou-se a mais de
123.000 anos A.P., com o afogamento dos antigos vales fluviais da região que
avançavam em direção à atual plataforma e pode ser resumida da seguinte
forma: Durante a última transgressão pleistocênica houve a formação de um
sistema de ilhas-barreira na região, limitando baías e originando uma série de
grandes lagunas, dentre elas a Lagoa de Araruama. Uma posterior queda no
nível do mar resultou no ressecamento das lagunas assim formadas e uma
progradação da linha de costa. Contudo, a aproximadamente 7.000 anos A.P.
a parte externa da barreira foi parcialmente erodida por uma nova
elevação do nível do mar, ocorrendo a reocupação da área por lagunas; e a
cerca de 6.000 anos A.P., uma nova barreira arenosa foi formada paralela à
barreira anterior isolando outra área lagunar. Os dois sistemas lagunares
mantiveram comunicação, até que uma queda do nível marinho depois de
5.100 anos A.P. promoveu sua separação. A queda progressiva do nível do
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mar desde então, deixou na retaguarda do cordão externo um sistema de
lagunas intercordões, que tenderiam, dependendo da combinação de
diversos fatores, a secar ou apresentar-se residualmente ou sazonalmente
como brejos, dentre elas o Brejo do Espinho (Turcq et al. 1999). Neste
contexto, ocorrem nestas lagunas diversos tipos de sedimentos carbonáticos e
siliciclásticos, associados a sistemas deposicionais costeiros.
As rochas carbonáticas resultam da produção por organismos de
uma variedade de partículas esqueléticas de diferentes tamanhos e
formas, de minerais carbonáticos de diferentes composições e estabilidade
termodinâmica; e carbonatos gerados por precipitação inorgânica e/ou
induzida microbialmente em mares e lagos sobre condições ambientais
especiais. Essas rochas são fortemente influenciadas pela evolução de seus
organismos produtores e das suas associações através da história geológica
(Martínez, 2007), sendo os microorganismos, ao invés dos macrofósseis e seus
esqueletos carbonáticos, os responsáveis pela formação da maioria das rochas
carbonáticas na Terra (Krumbein, 2008). No caso do Brejo dos espinhos são
encontrados depósitos carbonáticos associados a macrofósseis de moluscos e
induzidos microbialmente.
I.1- Objetivo Este trabalho tem como objetivo reconhecer no registro sedimentar da
lagoa Brejo dos Espinhos a interação entre sedimentos carbonáticos,
estromatolitos/tapetes microbianos e sedimentos siliciclásticos, bem como,
identificar a distribuição vertical e lateral de fácies a partir de dados de campo
e de laboratório.
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I.2 - Localização da Área de Estudo, Acessos e Aspectos
Climáticos e Ambientais
A área estudada localiza-se no município de Arraial do Cabo, na Região dos
Lagos, a 108 km da cidade do Rio de Janeiro. O Brejo do Espinho é acessível
pela rodovia RJ-102, próximo ao Vilarejo Figueira, localizado em uma faixa de
restinga entre a Lagoa de Araruama e o Oceano Atlântico.
Figura 1: Localização da lagoa – imagens do Google (2005)
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Figura 2
Figura 3
Figuras 2 e 3: Imagem de satélite identificando os pontos (Borda norte, P0, P1,
P2, P3, P4, P5 e Borda Sul) de onde foram retirados os testemunhos (T0, T1,
T2, T3, T4, T5) (Google Earth) – Detalhamento na Tabela 1
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Tabela 1 – Tabela de distribuição dos pontos onde foram retiradas as amostras
Ponto Borda Norte P0 P1 P2
Latitude -2293384 -2293402 -2293392 -2293412
Longitude -4223854 -4223865 -4223854 -4223869
Ponto Borda Sul P3 P4 P5
Latitude -2293647 -2293423 -2293488 -2293581
Longitude -4224006 -4223888 -4223939 -4223981
Figura 4: Vista da lagoa.
O micro-clima na região é semi-árido em resposta à intermitência de
uma ressurgência costeira em Cabo Frio, governada pelo regime de alísios
nordestes. Durante o outono e o inverno as advencções polares de setor
sul/sudoeste perturbam os alísios e permitem o regresso de condições úmidas
(Laslandes et al., 2004 in Laslandes, 2007), com uma pluviosidade anual em
torno de 830 mm e uma evaporação média anual ao redor de 1400 mm.
Ambientes deposicionais evaporíticos subaéreos e subaquosos são
encontrados do Brejo do Espinho. Atualmente são observados dois tipos de
sistemas em suas bordas. Um deles é de natureza evaporítica e ocupa a
porção supramaré, exposta subaereamente em momentos de descida da
coluna d’água, sendo, caracteristicamente formado por crostas colunares de
halita estratiformes, e com grãos acessórios de quartzo, sobre lama
carbonática e esteira microbiana. O segundo tipo de depósito ocupa a porção
intermaré, sendo composto por lama carbonática e cristais de halita. (Barbosa,
1997 in Delfino, 2009).
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Estudos paleoambientais e paleoclimáticos indicam que o Brejo dos
Espinhos iniciou sua formação entre 7.200 e 6.000 anos A.P. mantendo
comunicação com o sistema lagunar interno até 4.100 anos A.P., sendo sua
sedimentação neste período essencialmente organodetrítica. Com seu
isolamento entre 4.100 e 3.900 anos A.P. em decorrência de um rebaixamento
do nível do mar, a sedimentação mudou para essencialmente carbonática
(Ortega, 1996 in Delfino, 2009).
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CAPÍTULO II – Materiais e Métodos
II.1 – Metodologia
Foram realizadas duas visitas de campo a área de estudo, uma no
período de cheia, em junho, e outra no período mais seco, em setembro, foram
retirados seis testemunhos, nos quais foram realizadas análises de
sedimentologia, gamaespectrometria e isótopos de Carbono (C13) e Oxigênio
(O18) com equipamentos do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez
de Mello (CENPES) da PETROBRAS. A pesquisa foi realizada a partir das
seguintes etapas:
II.1.2 – Revisão Bibliográfica
Nesta etapa foi realizado um levantamento de trabalhos científicos com
ênfase em ambientes lagunares com colônias microbianas, a fim de se obter
informações, principalmente, sobre sua formação e desenvolvimento, após o
qual, foi feita uma busca sobre publicações específicas da Lagoa Brejo dos
Espinhos. Com base nessa revisão foi possível ter uma base sólida de
informações necessárias para o desenvolvimento da pesquisa acadêmica.
II.1.3 – Testemunhagem
Os testemunhos foram retirados da lagoa por meio de um tubo de PVC,
e posteriormente o material amostrado foi congelado em um freezer industrial
para preservação dos sedimentos e eventuais estruturas sedimentares durante
a serragem. Após o congelamento os testemunhos foram retirados do tubo de
PVC, imersos em nitrogênio líquido para aumentar o grau de congelamento,
serrado em duas metades e fotografado.
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II.1.4 – Gamaespectrometria
A Gamaespectrometria mede a radioatividade natural das rochas com
base na leitura de emissões de partículas gama oriundas de isótopos
radioativos, como o K40, o Th232 e o U238. Em geral são utilizados para
caracterizar a argilosidade das rochas, fases detríticas ricas em argilas
potássicas e minerais pesados e na definição de ciclos sedimentares.
Os testemunhos obtidos foram submetidos à espectrometria de raios
Gama, utilizando o equipamento SGL 300 - CORELAB, e os resultados foram
expressos em curvas profundidade versus valor, a partir dessas curvas, foi
realizada a interpretação das variações radiométricas ao longo dos
testemunhos amostrados.
II.1.5 –Sedimentologia.
Como base conceitual para a descrição dos testemunhos foi utilizado a
definição de fácies de Della Fávera (2001), que diz que “Fácies” é um conjunto
de feições que caracteriza uma rocha sedimentar, como a coloração,
granulação, estruturas internas, geometria deposicional, espessura, fósseis ou
paleocorrentes. As fácies são originadas a partir de algum processo
sedimentar, normalmente de caráter episódico.
As Fácies sedimentares são definidas por:
Elementos litológicos, como arenito, folhelho, calcário etc.
Estruturas sedimentares – são chamadas de estruturas internas que são
produzidas a partir de vários processos sedimentares, como correntes
aquosoas ou fluxos gravitacionais subaquosos (estrutura hidrodinâmica),
correntes eólicas ou fluxos gravitacionais subaéreos (estrutura aerodinâmica).
Também foi utilizada a classificação de rochas carbonáticas definida por
Dunham (1962), que se baseia no arcabouço das rochas. É uma classifiação
importante para rochas que preservam a textura deposicional. As rochas
podem ser suportadas por matriz ou por grãos.
Os carbonatos com arcabouço suportados pela matriz são os
MUDSTONES (menos de 10% de grãos) e os WACKESTONES (mais de 10%
de grãos). Os carbonatos com arcabouço suportado por grãos são os
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Capítulo III – Geologia Regional
Neste Capítulo estudaremos a região e o contexto geológico em que ela
está inserida.
III.1 – Costa Brasileira
A Costa Brasileira estende-se entre as latitudes 4° N e 33° S,
apresentando cerca de 5.900 km de perímetro envolvente e mais de 9.200 km
de linha real (Silveira, 1964 in Suguio et al. 2005). Ao longo de toda essa
extensão a costa brasileira é submetida a diferentes condições geológicas e
climáticas, gerando uma grande diversidade de aspectos geomorfológicos.
Em geral, observa-se uma sucessão de planícies costeiras alternando-
se com falésias e costões rochosos, compostos por rochas de complexos
ígneos e polimetamórficos pré-cambrianos, onde assentam sequências
sedimentares e vulcânicas acumuladas em bacias paleozóicas, mesozóicas e
cenozóicas. (Suguio, 2005)
As planícies costeiras, que são a base deste estudo, são constituídas
por sedimentos terciários e quaternários acumulados em ambientes
continentais, transicionais e marinhos.
Falésias e costões rochosos aparecem ao longo de vários setores da
costa, onde os agentes de erosão dominam sobre os de deposição. As falésias
aparecem quando os pacotes sedimentares mais antigos são expostos à ação
direta do mar enquanto os costões rochosos resultam dessa ação sobre os
complexos cristalinos, tanto ígneos como metamórficos (Suguio, 2005)
Dividindo a Costa Brasileira em diversas partes como propôs Silveira
(1964) e posteriormente modificado por Cruz et al. (1985), o Brejo dos
Espinhos encontra-se na costa sudeste.
III.2 – Costa Sudeste
A costa sudeste, que vai de Cabo frio até o Cabo de Santa Marta, é
marcada pela presença da Serra do Mar, um conjunto de terras altas
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constituído pelo embasamento cristalino granito-gnáissico, cujas escarpas que
chegam até o mar constituem promontórios rochosos de costões que se
alternam com reentrâncias quase sempre tectonicamente controladas. Nelas
ocorrem planícies costeiras compostas por sistemas de laguna e barreira,
simples ou múltiplos, ou por sistemas de cordões litorâneos regressivos,
pleistocênicos e holocênicos, ou somente holocênicos, parcialmente
retrabalhados pelo vento (Suguio et al. 2005).
III.3 – Costa de Cabo Frio
A zona de Cabo Frio, ao contrário do restante da costa, é caracterizada
pela existência de um micro-clima de tipo semi-árido. Essa anomalia climática
está ligada à presença de uma ressurgência intermitente de águas profundas
(frias). O sistema lagunar de Cabo Frio, constituído por uma grande laguna
(Araruama) com comunicação, com o mar e por várias pequenas lagunas
totalmente isoladas no meio de formações arenosas, apresenta características
de hipersalinidade. O funcionamento da ressurgência é controlado pelo regime
dos ventos, a ressurgência é ativada pelos ventos de NE e desaparece com
ventos do setor sul, ligados a passagem das frentes frias. Os ventos de NE são
mais frequentes na primavera (Martin et al. 1996).
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Capítulo IV – Geomicrobiologia
IV.1 Introdução
O estudo da interação entre microbiologia e sedimentologia, atualmente,
é um assunto muito importante no meio científico, por estar relacionada na
formação de depósitos sedimentares e por influenciar na diagênese.
Este capítulo pretende introduzir os conceitos sobre o registro
sedimentar de colônias bacterianas, na forma de estromatólitos e tapetes
microbianos. Para isso foi feito um levantamento bibliográfico, sobre a Lagoa
Brejo dos Espinhos, e lagoas com condições ou ambientes sedimentares
análogos com a intenção de se ter uma base para o entendimento da pesquisa.
Hoje em dia sabemos que econtram-se estromatólitos recentes em
várias partes do mundo, onde os mais famosos são os de Sharkbay (ainda
vivos) na Austrália e Lagoa Salgada (não estão mais vivos hoje) na cidade de
Campos – RJ.
A Diferença básica de estromatólito e tapetes microbianos é que o
primeiro representa uma construção tridimensional, com arcabouço rígido
originada a partir de um momento no qual proliferaram tapetes microbianos. Os
tapetes microbianos por sua vez são a representação ambiental de uma
colônia microbiana vivente. A construção de um estromatólito se faz pela ação
de tapetes microbianos, embora, não necessariamente, estes tapetes sempre
desenvolvam-se como estromatólitos, podendo, em alguns casos formarem
laminitos, trombólitos, dentre outras construções menos freqüentes.
II.2 – Tapetes Microbianos
Também podem ser chamados de laminitos microbiais, esteiras
microbiais ou microbianas. São depósitos microbiais caracterizados por
laminação contínua formados geralmente em lâmina d’água muito rasa, mas
podem aparecer em posições relativamente mais profundas, em geral em
condições de supra-maré ou inter-maré superior.
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Os tapetes microbianos representam o primeiro estágio de
desenvolvimento das estruturas estromatolíticas (Silva e Silva, 2002). São
ecossistemas dinâmicos e complexos constituídos por densas comunidades de
microorganismos que se dispõem seguindo um padrão de estratificação vertical
(Delfino, 2009). As cianobactérias (organismos fotossintéticos unicelulares
pertencentes ao Reino Eubactéria) são os principais agentes biológicos
componentes dos tapetes microbianos e arranjam-se de forma peculiar, sendo
responsáveis pela retenção e aprisionamento dos sedimentos que as compõem
Em condições de moderada à elevada alcalinidade, a atividade
cianobacteriana na produção de EPS é de vital importância na precipitação do
CaCO3, uma vez que o exopolimerosacarídeo (EPS) age como um tampão
(buffer) de Ca+2, atraindo cátions bivalentes e inibindo a precipitação em um
primeiro momento. Desta forma, bainhas polissacarídicas primariamente
produzidas por cianobactérias são sítios não suscetíveis à nucleação de
minerais de carbonato de cálcio. Porém, a capacidade de ligação de íons
Ca+2 do EPS pode ser excedida pelo contínuo suplemento e/ou por
liberação secundária de Ca+2 durante a sua degradação exoenzimática.
Este processo é responsável pela precipitação próxima dos grupos ácidos no
EPS e pela distribuição aleatória dos precipitados microcristalinos de carbonato
nas esteiras microbianas (Arp et al., 1999 in Delfino, 2009).
As laminações refletem o modo de crescimento da biocenose das
cianobactérias, a forma como ocorre a captação e a precipitação do carbonato
de cálcio. A variação na espessura das laminações demonstra uma relação
direta com os períodos de cheia e vazante da lagoa, caracterizando, assim,
períodos mais secos ou mais úmidos (Silva e Silva et al, 2004).
II.3 – Estromatólitos
Os estromatólitos são a mais antiga evidência de vida macroscópica na
Terra e são encontrados em todos os continentes, principalmente em rochas do
Pré-Cambriano, período considerado como a “Era dos Estromatólitos”.
Atualmente são definidos como construções organosedimentares produzidas
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pelo aprisionamento ou pela captura e precipitação de sedimentos, resultando
fundamentalmente da atividade metabólica de microorganismos principalmente
as cianobactérias (Silva e Silva, 2002). Ocorrem predominantemente em
ambientes carbonáticos, (Srivastava, 2000).
No Brasil, os estromatólitos recentes desenvolvem-se em ambientes que
apresentam evaporação intensa, índice pluviométrico baixo, taxa elevada de
carbonato de cálcio, com águas mornas, pouco profundas e com salinidade
acentuada, os quais são inóspitos a maioria dos seres pastadores e
perfurantes (seres que predam as cianobactérias), permitindo o franco
desenvolvimento das cianobactérias, que compõem estas estruturas. Tais
condições deveriam prevalecer em tempos pretéritos onde são encontradas
construções estromatolíticas semelhantes às atuais (Silva e Silva et al, 2004).
Uns dos melhores exemplos de estromatólitos recentes são os da Lagoa
Salgada no município de Campos - RJ (figuras 6 e 7)
Figura 6: Vista frontal de estromatólito retirado da Lagoa Salgada (Castro & Santos, 2010)
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Capítulo V – Resultados V.1 - Arcabouço Faciológico da Lagoa Brejo dos Espinhos
Para esse estudo foram coletados um total de 6 testemunhos em
diferentes pontos da lagoa, traçando-se um perfil faciológico da área em linha
reta com a ajuda de um GPS utilizando o Datum Córrego Alegre.
Esses testemunhos foram chamados de T0, T1, T2, T3, T4 e T5 e foram
retirados dos pontos Equivalentes (P0, P1, P2, P3, P4,P5).
Figura 8: Foto do caminho percorrido
Descrição dos Testemunhos retirados dos pontos percorridos:
T0 - Figura 9
1° nível: Calcarenito preto, Argiloso médio a fino, bem selecionado. Constituído
por grão se quartzo arredondados, feldspatos e bioclastos (bivalves).
2° nível : Laminito com laminação composicional, plano-paralela bem definida.
Carbonático, muito argiloso.
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Camadas de 0,5 cm constituídas por arenito quartzoso médio a fino com
feldspatos e raros bioclastos.
3° nível: Laminito com laminação crenulada. Cor castanha. Presença de níveis
com cor creme intercalados (argilo minerais). Carbonático. Ocorrem grãos
detríticos dispersos.
4° nível: começa com uma camada grossa de carbonato que inicia uma
laminação crenulada e conturbada por carga do nível superior. Após a
laminação crenulada temos um arenito fino intraclástico. Constituído por
quartzo feldspato e intraclastos carbonáticos.
5° nível: Estromatólito estratiforme com intercalação de níveis carbonáticos
maciços e níveis de constituição mais lamosa. Brechação intensa e ruptura das
camadas.Feições assemelhadas a teepes ocorrem localmente.
6° nível: Calcarenito fino a médio com laminação plano-paralela pouco definido.
Constituído por quartzo, feldspatos e intraclastos carbonáticos.
7° nível: Coquina com presença de conchas fora da posição hidrodinâmica e
conchas fechadas. possivelmente depósito de tempestade.
Tapete Microbiano: EPS de laminito microbial recente. Nível sulfato redutor
(avermelhado) e nível fotossintético (esverdeado).
T1 – Figura 10
O 1° nível é um arenito médio a grosso dominado por conhchas e grãos
carbonáticos. 2° nível - Logo acima vemos um maciço de lama carbonática com
presença de intraclastos carbonáticos e bioclastos – 10 cm.
O 3° nível é uma Esteira microbial de 3cm.
T2 – Figura 11
Testemunho de 23 cm.
1° nível - É dominado por um maciço carbonático com presença de intraclastos
carbonáticos e bioclástos.
2° nível - Fina esteira microbial de 0,5 cm. Marrom avermelhada.
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T3 – Figura 12
1° nível - pequeno testemunho com presença de um maciço carbonático de
aproximadamente 15 cm. Pequenos bioclastos ocorrem durante toda a seção
porém pouco abundante.
No 2° nível temos tapetes microbianos: verde(em cima) e marrom (logo
abaixo). 2 cm.
T4 – Figura 13
1° nível – Temos um arenito médio a grosso com presença de bioclastos.
2° nível – arenito médio a grosso com grande presença de bioclastos – 10 cm.
O intervalo do 1° para o 2° nível é marcado pelo aparecimento de tapete
microbiano preservado de cor marrom avermelhada.
3° nível - arenito fino a médio com pequenos intraclastos carbonáticos. 8 cm.
Possui um bolsão de água de 6 cm( análise química )
4° nível – presença maciça de coquinas durante seção de 10 cm. Conchas fora
de posição hidrodinâmica e presentes em matriz de arenito médio a grosso.
Após essa seção de coquinas temos uma diminuição da quantidade e do
tamanho dos bioclastos até chegarmos ao nível seguinte. Essa zona de
transição possui 4 cm.
5° nível – um maciço carbonático (aparentemente não deveria estar aí), que
interrompe a sequência de coquinas. 3 cm
6° nível – Arenito médio a grosso muito mal selecionado com grande presença
de bioclastos e intraclastos carbonáticos. 5 cm
7° nível – Tapete microbiano marrom avermelhado. 5 cm.
T5 – Figura 14
1° nível – Presença de conchas fora de posição hidrodinâmica dentro de uma
matriz arenítica carbonática com sedimentos bastante escurecidos. 7 cm.
2° nível – É um arenito fino, bem selecionado carbonático formado por
sedimentos escuros com alguns bioclastos espalhados pela seção. 13 cm.
3° nível – É uma intercalação entre carbonato, tapetes microbiano e arenito fino
escuro bem selecionado. Possui laminação plano-paralela a deformada. 15
cm.
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4° nível - .É um maciço carbonático, arigiloso, com laminação plano paralela a
deformada
5° nível – É um arenito médio, bem selecionado, com presença de alguns
bioclastos disperos após esse nível há um ligeiro escurecimento e passagem
para o próximo nível. 30 cm
6° nível ,que é uma esteira microbial de cor marrom avermelhada. 6 cm.
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1° Nível
2° Nível
3° Nível
4° Nível
5° Nível
6° Nível
7° Nível
Figura 9: Testemunho - T0 dividido em níveis deposicionais.
Tapete Microbiano
32
Figura 13: Testemunho T4 - Divisão do testemunho em níveis deposicionais.
Bolsão D’água
2° Nível
1° Nível
Tapete microbiano preservado
35
Figura 14: Testemunho T5 - Divisão do testemunho em níveis deposicionais.
1° Nível
2° Nível
3° Nível
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V.2 – Raios Gama
Neste tópico serão expostos os dados da gamaespectrometria e a
interpretação dos mesmos. Principalmente a razão Th/U que é indicativa de
variações do nível do mar.
P0 Neste ponto vemos uma grande variação na curva do Coregama total.
Analisando de baixo para cima, vemos que de 30 até 28 cm temos um grande
aumento no nível de raio gama, o que nos indica um aumento na concentração
de matéria orgânica, após isso vemos um recuo na curva até os 24 cm, ou
seja, diminuição de matéria orgânica; de 24 até 15 cm temos um zigue-zague
mas sempre com um aumento para direita. Quando chegamos nos 15 cm,
começa um recuo que vai até o fim do testemunho.
A Razão Th/U começa baixíssima e vai aumentando até se equivalerem aos 25
cm, após isso temos um aumento brusco na razão com um pico em 25 cm, e
depois uma brusca diminuição na razão até os 15 cm, e aí a a razão se
equivale e praticamente se mantém constante até o fim do testemunho.
P1
Observamos, uma maior uniformidade na curva de Coregama total. Começa
com um nível altíssimo de raios gama e diminui gradativamente até os 50 cm,
que é onde também diminui a presença de bioclastos. Após isso até temos um
leve aumento contínuo até o fim do testemunho.
A razão Th/U neste ponto começa baixíssima e vai aumentando
gradativamente, com 70 cm vemos a razão se equivaler, e após isso a razão
aumenta até 68 cm, depois vemos uma variação na razão até os 50 cm, após
isso há um aumento até 39 cm e a razão praticamente se mantém estável até
16 cm, quando começa a diminuir e volta a aumentar apenas nos 3 cm finais.
37
P2
A Curva do Coregama total começa baixa e aumenta pouco, quase
imperceptivelmente até o fim do testemunho.
A razão Th/U começa muito alta depois cai bastante e se mantém constante
mas ainda alta, durante toda a seção.
P3
O Coregama total mostra uma continuidade durante toda a seção com um
pequeno aumento no meio da curva.
A razão Th/U começa muito baixa e depois ela aumenta bastante, até um pico
de tório aos 14 cm e a partir daí ela começa diminuir, até os 8 cm, quando se
estabiliza e se mantém constante e praticamente equivalente até o final do
testemunho.
P4
A curva do Coregama total é praticamente constante durante toda a seção,
tendo o seu maior valor no início do testemunho.
A razão Th/U começa baixíssima com um valor altíssimo de urânio e a partir
dos 55 cm a razão aumenta e se mantém alta durante toda a seção.
Observamos os maiores picos da razão em 53 e 7 cm.
P5
O Coregama total começa alto tendo um pico, provavelmente devido a coquina
e depois cai bastante e se mantém baixo e estável até o fim da seção
A Razão Th/U sempre se mantém alta com um pico de Tório ainda no início do
testemunho, após isso se mantém praticamente estável.
44
Capítulo VI – Conclusões
Neste capítulo serão expostas as conclusões a que chegamos a partir
dos dados coletados e interpretações feitas a partir dos mesmos. Para essas
interpretações, vale ser ressaltado que todas as leituras são feitas de baixo
para cima, respeitando a ordem deposicional.
No ponto 0, vemos uma grande variação na litologia em uma seção de
30 cm e também nas curvas do Coregama, o que indica uma evidência da
variação do nível da lagoa. As coquinas fora da posição hidrodinâmica indicam
um depósito de tempestade. O Coregama total fornece informação importante
para sabermos o nível de deposição e preservação de matéria orgânica da
lagoa. Até os 23 cm, com o aumento da curva, podemos dizer que a
preservação foi boa, um outro indicador que pode ser destacado é a coloração
escura dos sedimentos nesta parte do testemunho, típicos de matéria orgânica
preservada. Neste ponto identificamos 4 ciclos deposicionais. O 1° ciclo é
representado pelo nível 1 e é rico em matéria orgânica, gerado em um
ambiente bastante aquoso e sem muita atividade climática de influência na
lagoa. O 2° ciclo é representado pelos níveis 2 e 3 alternância de sedimentos
indica eventos esporádicos e cíclicos de deposição. Onde o carbonato
representa um nível baixo de água da lagoa e matéria orgânica um nível mais
alto. O 3° Ciclo é representado pelos níveis 4,5 e 6. E representa um nível de
seca da lagoa devido a grande presença de maciços carbonáticos. Ou seja
uma deposição mais carbonática da lagoa. O 4° ciclo é representado pelo nível
7 da lagoa e é um depósito de tempestade com reconhecido pelas conchas
fora de posição hidrodinâmica.
No ponto 1, não há muita variação na litologia em uma seção de 20 cm,
porém podemos ver que entre 20 e 13 cm a quantidade de bioclastos é bem
maior do que de 13 cm até o fim do testemunho. A diminuição da curva de
coregama total, que ocorre no início do testemunho indica uma diminuição na
matéria orgânica e argilosidade dos sedimentos, essa diminuição vai até os 4
cm e após isso a curva começa aumentar para a direita, indicando uma maior
concentração de matéria orgânica. São identificados 2 ciclos deposicionais , o
45
1° ciclo é representado pelo 1° nível, é um período seco, porém com intensa
atividade climática, o que justifica a forte presença de bioclastos. O 2° ciclo é
representado pelo 2° nível e é um período seco, porém sem grande atividade
climática, gerando um depósito homogêneo.
No ponto 2, a litologia permanece praticamente inalterada até o fim do
testemunho, e a curva do Coregama indica uma aumento de matéria orgânica
e argilosidade, quanto mais perto do topo do testemunho. É reconhecido
apenas um ciclo deposicional neste testemunho com a presença de um arenito
carbonático e bioclastos, indica um período seco da lagoa.
No ponto 3, temos o testemunho mais monótono da pesquisa, pois a
litologia não se altera e tem pouquíssimos bioclastos visíveis olho nu, além de
uma monotonia também na curva do coregama total indicando que não há
muita variação de matéria orgânica. Neste testemunho foi possível identificar
apenas um ciclo deposicional que é o representado pelo 1° nível, onde temos
um ambiente seco, porém com sedimentação contínua e homogêneo dando
origem ao arenito presente no nível.
No ponto 4 temos um grande testemunho de 60 cm, com grande
variedade litológica. Assim como no ponto 0 vemos conchas fora de posição
hidrodinâmica indicando também um depósito de tempestade. Antes do
depósito de tempestade, vemos um carbonato maciço (mudstone) que
interrompe a sequência de conchas, indicando que houve um ressecamento
entre as tempestades e que a segunda foi muito mais forte, devido a presença
maior de bioclastos e também pela espessura da camada. A Curva do
Coregama total não indica grande variância de matéria orgânica, apesar de
vermos sedimentos escuros em alguns pontos,isso é um indício de baixa
argilosidade apesar de a matéria orgânica estar presente. Nós conseguimos
caracterizar 6 ciclos deposicionais. O primeiro representado pelo 1° nível, onde
se destacam os bioclastos e a coloração cinza, ou seja, não há tanta presença
de matéria orgânica, porém foram depositados alguns restos de seres vivos
que provavelmente foram trazidos outro lugar e por algum evento climático. No
2° ciclo destaca-se a uniformidade da deposição, sedimentação fina a média,
representado pelo 2° nível, a presença de clastos carbonáticos indica períodos
de ressecamento da lagoa. O 3° ciclo é representado pelo nível 3 e apresenta
uma forte presença de matéria orgânica, isso indica um aumento no nível
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d’água da lagoa , pois temos poucos bioclastos dispersos. O 4° ciclo é
representado pela zona de transição entre os níveis 3 e 4 e o nível 4. Este ciclo
sofreu bastante com a ação de tempestades e aparentemente a lagoa estava
bastante seca para conseguir depositar tantas conchas e tão pouco sedimento
em um período longo. O 5° ciclo é um curto período de seca da lagoa com a
presença de um pequeno carbonato maciço que interrompe a sequência de
conchas. No 6° ciclo temos a volta de conchas, porém com uma maior
presença de sedimentos entre elas, o que indica um aumento no nível de água
da lagoa.
No ponto 5, também temos coquinas fora de posição hidrodinâmica,
indicando depósito de tempestade, e também temos uma grande presença de
matéria orgânica antes do carbonato maciço. Esse carbonato (mudstone)
possui estratificação angular que sobrepõe uma camada em outra em ângulos
irregulares, indicando que houve uma influência fora da lagoa, provavelmente
os ventos que mudam sua rota durante o ano frequentemente. A curva do
Coregama total não varia muito durante a seção, mostrando uma uniformidade
na matéria orgânica, principalmente a partir do mudstone.
Podemos definir 4 ciclos deposicionais nesse testemunho, o primeiro
representado pelo nível 1, que seria um depósito gerado por tempestade, o
segundo representado pelos níveis 2 e 3 que é um depósito rico em matéria
orgânica, formado em um ambiente com bastante água e bastante
movimentação orgânica, ao fim deste temos uma sedimentação intensamente
carbonática, representando o 3° ciclo. O ambiente dessa sedimentação era
bastante seco.
Analisando as conclusões a respeito de cada ponto analisado, podemos
concluir que a lagoa sofreu com fortes tempestade que podem ter mudado
algumas sequências e levado sedimentos de outros lugares alheios a lagoa.
Devemos levar em consideração que os Testemunhos T4 e T5 foram retirados
em partes mais profundas da lagoa e os demais em partes mais rasas, com
essa informação podemos dizer que há mais matéria orgânica em regiões mais
profundas da lagoa, além dos sedimentos serem mais finos. Nas partes rasas
os sedimentos são mais grossos e as sequências são mais homogêneas.
47
Essa homogeneidade ocorre devido a pequena lâmina d’água próxima a
borda, pois em períodos de seca, quase não há atividade que gere uma
sedimentação diferente da que foi constatada aqui, apenas se ocorrer uma
forte tempestade trazendo sedimentos de outros lugares e misturando-os aos
já alocados naquele ambiente.
48
Capítulo VII – Referências Bibliográficas Damazio, C.M. & Silva e Silva, L.H. 2006. Cianobactérias em esteiras
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