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4 Outras das preocupações de Arno Stern é o consumo que “… quer dizer fazer o que fazem os outros, ser parecido com toda gente; vestir-se segundo o mesmo modelo, habitar, comer, desenfadar-se como qualquer. O consumo despersonaliza, cria modelos, modas, uma maneira de se comportar.” e “O indivíduo já não ousa agir; porque tem a preocupação constante de se integrar na equipa. Como um rebanho, a massa dos consumidores segue o bode publicitário.” Propõe a possibilidade da expressão várias vezes testada no Atelier, a expressão que Arno Stern fala “…é aquela que, em captação directa, as sensações imprimem ao gesto antes que a domesticação das aprendizagens gráficas não afaste dessa função…” e ” também quando o homem (a criança de qualquer idade) encontra neste lugar o uso primitivo das suas faculdades.” e aos que trabalham com ele no Atelier (crianças) pode-se perguntar “o que vêm fazer aqui? – gozar – diriam. E aqueles que a experiência tornou mais conscientes saberiam responder: captar a escrita selvagem dos nossos corpos! Porque nas imagens que elaboram compõem-se fórmulas nascidas do fluxo, dos impulsos, das tensões, dos desvarios do organismo e das suas funções, desde que é formado e memoriza sensações, desde que acumula desejos.” O atelier “… tenho o privilégio de me incluir no seu grupo. Sou uma testemunha: assisto, sem me cansar, às suas convulsões criadoras.” “Estou misturado ao acto criador, ao uníssono da criação. À minha volta há uma germinação incessante. Eu vejo – eu vivo – uma obra permanente em que cada instante é uma parcela e que nunca se esgota.” Com este excelente texto eu aprendo, juntamente com outras referências, a minha prática docente e um certo sentido que deverá seguir essa prática. “O educador não vê as pessoas segundo um modelo; não tem nenhum ideal do belo. Cria um meio onde as aparências já não têm peso. Porque a face interna dos seres não é feia, nem bonita, nem simpática, nem exasperante; é apenas verdadeira.” no entanto é necessário “uma educação que fala de criatividade onde outros pensam na cultura e que coloca esta criatividade acima do conhecimento.” [fonte: https://geometricasnet.wordpress.com/2008/04/06/arno-stern-a-expressao/] Francisco Diniz, Hugo F. Matos, Sandra Gradíssimo

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Outras das preocupações de Arno Stern é o consumo que “… quer dizer fazer o que fazem os outros, ser parecido com toda gente; vestir-se segundo o mesmo modelo, habitar, comer, desenfadar-se como qualquer. O consumo despersonaliza, cria modelos, modas, uma maneira de se comportar.” e “O indivíduo já não ousa agir; porque tem a preocupação constante de se integrar na equipa. Como um rebanho, a massa dos consumidores segue o bode publicitário.”

Propõe a possibilidade da expressão várias vezes testada no Atelier, a expressão que Arno Stern fala “…é aquela que, em captação directa, as sensações imprimem ao gesto antes que a domesticação das aprendizagens gráficas não afaste dessa função…” e ” também quando o homem (a criança de qualquer idade) encontra neste lugar o uso primitivo das suas faculdades.” e aos que trabalham com ele no Atelier (crianças) pode-se perguntar “o que vêm fazer aqui? – gozar – diriam. E aqueles que a experiência tornou mais conscientes saberiam responder: captar a escrita selvagem dos nossos corpos! Porque nas imagens que elaboram compõem-se fórmulas nascidas do fluxo, dos impulsos, das tensões, dos desvarios do organismo e das suas funções, desde que é formado e memoriza sensações, desde que acumula desejos.” O atelier “… tenho o privilégio de me incluir no seu grupo. Sou uma testemunha: assisto, sem me cansar, às suas convulsões criadoras.” “Estou misturado ao acto criador, ao uníssono da criação. À minha volta há uma germinação incessante. Eu vejo – eu vivo – uma obra permanente em que cada instante é uma parcela e que nunca se esgota.”

Com este excelente texto eu aprendo, juntamente com outras referências, a minha prática docente e um certo sentido que deverá seguir essa prática. “O educador não vê as pessoas segundo um modelo; não tem nenhum ideal do belo. Cria um meio onde as aparências já não têm peso. Porque a face interna dos seres não é feia, nem bonita, nem simpática, nem exasperante; é apenas verdadeira.” no entanto é necessário “uma educação que fala de criatividade onde outros pensam na cultura e que coloca esta criatividade acima do conhecimento.”

[fonte: https://geometricasnet.wordpress.com/2008/04/06/arno-stern-a-expressao/]

Francisco Diniz, Hugo F. Matos, Sandra Gradíssimo

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Paradigma expressivo no ensino das Artes Visuais

Arno Stern

Didática das Artes Plástica I . 06 Junho 2015

Universidade de Lisboa . Faculdade de Belas Artes

Mestrado em Ensino das Artes Visuais

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Arno Stern, um dos primeiros defensores da expressão livre da criança, desenvolveu, desde o início

dos Anos 50, uma notável actividade de pedagogo mas à margem do ensino oficial da altura. No seu atelier, crianças a partir dos quatro anos de idade pintavam a guache sobre papel.

Chamava-se Académie du Jeudi (Academia da Quinta-feira) o local de trabalho – um atelier - deste artista plástico-pedagogo francês que dedicou toda a sua vida a ensinar crianças, defendendo a sua livre expressão.

Sobre o seu método, Coisas de Criança falou com Eurico Gonçalves, professor, pintor e crítico de arte e um dos primeiros a defender a expressão livre em Portugal. No seu livro “A Arte Descobre a Criança” destaca-se uma entrevista feita em 1980 ao próprio Arno Stern, na qual explica o que significa para si Expressão: “... é algo que vem do interior, das entranhas, do mais profundo do ser... é expulsar, exteriorizar sensações, sentimentos, um conjunto de factos emotivos. Como educador, crio condições para que este acto se realize o mais espontaneamente possível.”

No seu atelier as crianças pintavam de pé, já que considerava a verticalidade muito importante para o gesto. “De pé, diante do papel afixado na parede, o braço pode movimentar-se livremente”, dizia. Nasciam assim desenhos autónomos. Não havia receptores, nem juízos nem interpretações, o que permitia a cada criança afirmar-se. Contra as cópias e os estereótipos, para ele, o mais tosco e autêntico dos desenhos era mais valioso do que a mais hábil e inteligente das cópias.

Os materiais por ele utilizados eram muito simples: papel e guache de boa qualidade em 18 cores por ele criadas. Eram dispostas numa mesa-paleta, alongada, com dois metros de comprimento e vinte centímetros de largura, colocada no meio do atelier. A tinta tinha de estar sempre líquida, pronta para ser usada, havendo dois pincéis para cada cor.

No seu livro “A Infância da Arte, a Arte da Infância”, Dalila D’Alte Rodrigues, professora e formadora na área da Educação Visual e da Expressão Plástica, chama a atenção para a importância da expressão livre da criança e a sua correlação com a criatividade: “A criatividade pode cultivar-se individualmente ou em grupo, através de experiências que estimulam o pensamento divergente (intuitivo e subjectivo) que, ao contrário do pensamento convergente (lógico e objectivo), em vez de uma única solução aceita várias soluções possíveis, vários modos de resolver um problema... É o pensamento divergente que caracteriza o espírito de aventura e fantasia do artista inovador”.

Segundo esta autora, a escola deve criar condições que favoreçam o desenvolvimento de uma relação de equilíbrio entre o pensamento convergente ou lógico e o pensamento divergente ou intuitivo que, sendo complementares, fazem parte da formação integral do indivíduo.

A técnica de pintura de Arno Stern ajuda a desenvolver a estabilidade, a criatividade, a autoconfiança e a capacidade de iniciativa, permitindo um bom desenvolvimento da personalidade e a harmonização das relações com os outros.

Segundo Arno Stern, nunca começar a ensinar através da teoria mas sim da prática, pois é através dos próprios erros que a criança vai aprender.

Para saber mais sobre este artista-pedagogo, consultar o seu site oficial em http://www.arnostern.com

[fonte: http://www.coisasdecrianca.com/artigos/?idArtigo=182]

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Arno Stern “A Expressão”

Arno Stern apresenta-nos no livro “A expressão” uma série de considerações fundamentais. Primeiro queria salientar aquelas que dizem respeito à escola (a escola em França dos anos 60 não é muito diferente da escola em Portugal em 2008): A escola “… coloca as pessoas em classes, categorias, espécies que supõe incompatíveis, que cria classes.” depois afirma que ” Uma classe é uma colectividade que reduz os indivíduos a fazer a mesma coisa, num tempo igualmente distribuído; o excepcional está excluído e, com a mesma finalidade, é forçado a moldar-se segundo o mesmo modelo do aluno em estado de aprendizagem forçada.” e completando uma ideia que está no cerne desta problemática “Mede-se o grau de desenvolvimento dos povos pelo número das suas escolas, das suas fábricas, que devem, fatalmente, assemelhar-se e impor um modo de vida idêntico.” e vejam como são idênticos os princípios de funcionamento de uma fábrica de produção em série e uma escola com as turmas, os horários, os toques, as disciplinas, etc.

Considera que a escola afasta por completo a criatividade e a expressão “A expressão está ameaçada por uma espécie de erosão contínua. Uma imaginação viciosa inspira aos professores de arte a práticas que não se poderão considerar de um modo saudável.” dando exemplos desse estado de esterilidade “… Destroem-na em nome de um saber-desenhar que só é justificado por um princípio decadente e erróneo estabelecido desde há muito para provocar a admiração.”